Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Aspectos Psiciológicos do Envelhecimento – Aula 2 DEFINIÇÃO Contexto do envelhecimento como um desafio mundial. Conceito de envelhecimento saudável. Orientações sobre envelhecimento saudável da Organização Mundial da Saúde. Políticas públicas brasileiras para a saúde de pessoas idosas. PROPÓSITO Apresentar e discutir políticas públicas brasileiras voltadas para as pessoas idosas, dando ênfase à abordagem das questões psicológicas e sociais, visando a construção de possibilidades para a promoção de um envelhecimento saudável no Brasil. OBJETIVOS MÓDULO 1 Compreender o conceito de envelhecimento saudável e seus desdobramentos MÓDULO 2 Identificar as políticas públicas brasileiras voltadas para a saúde emocional dos idosos MÓDULO 3 Analisar o Estatuto do Idoso e suas principais previsões no que tange a aspectos socioemocionais INTRODUÇÃO A partir da década de 1980, é possível observar expressivo aumento da população idosa no Brasil e no mundo. Em 2017, de acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2017), existiam mais de 30 milhões de idosos no Brasil (14% da população). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS, 2005), a proporção de pessoas com mais de 60 anos cresce mais rapidamente do que qualquer outra faixa etária no mundo. O gráfico a seguir mostra o crescimento da população idosa no Brasil de 2010 a 2017: Fonte: IBGE Observe a fatia referente ao número de idosos na população brasileira nesses anos. População brasileira em 2010 (10%) Idosos Outros População brasileira em 2012 (13%) Idosos Outros População brasileira em 2017 (14%) Idosos Outros Fonte: IBGE Com base nesses crescentes números, podemos chegar a uma conclusão muito simples: atualmente, existem muito mais idosos do que há dez, vinte ou trinta anos, e a tendência é que sejam cada vez mais numerosos e presentes na sociedade. Essa conclusão também nos mostra que não é mais possível encarar a questão da velhice ou o processo de envelhecimento como uma questão individual ou familiar. Precisamos de leis que regulem o tratamento e os cuidados específicos desse grupo. A NECESSIDADE DE ESTUDAR A VELHICE A defesa do estudo da velhice é um fenômeno que deve ser compreendido como uma questão coletiva – um dos fatores que justifica o surgimento de políticas públicas voltadas para atender as necessidades dessa população. Ao longo das últimas quatro décadas, fica cada vez mais claro que os idosos deixaram de ser uma questão familiar, tornando-se uma questão pública. Vejamos a seguinte situação: Jornal do Commercio de 1960. Fonte: Gazeta do Bairro “ONIBUS ENTROU NA CASA HUMILDE E FOI APANHAR A VELHINHA DE 42 ANOS” (SIC). VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR UMA REPORTAGEM COMO ESSA NOS DIAS DE HOJE? ALIÁS, VOCÊ SE CONSIDERARIA VELHO COM 42 ANOS? A reportagem é de 1960. Logo, não faz tanto tempo assim. A questão dos idosos era entendida como um problema pessoal, de características familiares, em que cada um criava a sua rede de proteção. A única ação do governo – fundamental, mas única – em termos de política pública foi a aposentadoria com a CLT e a previdência social – o objetivo era garantir uma velhice “tranquila” financeiramente, dando um descanso antes da morte. No entanto, essa realidade mudou. VOCÊ PODE ESTAR IMAGINANDO: IDOSA EM 1960 50 ANOS IDOSA EM 2020 66 ANOS MAS NÃO DUVIDE QUE A REALIDADE POSSA SER OUTRA: IDOSA EM 1960 50 ANOS IDOSA EM 2020 66 ANOS PROBLEMAS E SOLUÇÕES Os idosos vivem cada vez mais, sobrecarregam previdências, consomem, sustentam famílias, estão no meio social. Além disso, muitas vezes, eles são vistos como um problema. Criam netos, bisnetos, vivem em choque contínuo com a tecnologia e têm bastante dificuldade para lidar com a troca de gerações. Alguns, inclusive, são abandonados. A saúde pública precisa lidar de forma intensa com sua presença, a sociedade trabalha e experimenta cada vez mais suas demandas. Logo, uma coisa é certa: É IMPOSSÍVEL TRATAR OS IDOSOS COMO SE NÃO FOSSEM PARTE IMPORTANTE DA SOCIEDADE. Observando esses fenômenos, grupos de trabalho, pesquisadores da saúde, educação, Sociologia, Psicologia, entre muitos outros, passaram a se dedicar ao estudo da velhice a fim de sensibilizar a sociedade para as condições específicas dos idosos. Neste sentido, ao pensar em políticas públicas para idosos, precisamos levar todos esses fatores, e as mais diversas necessidades derivadas deles, em consideração. Significa dizer que a velhice, enquanto um fenômeno complexo e multifacetado, traz mudanças que podem afetar a saúde mental e as relações que o idoso estabelece consigo e com o mundo ao seu redor. Fonte: Shutterstock PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL SEGUNDO A ONU Neste bojo, estão também os aspectos psicoemocionais, que podem ser contemplados através de ações de educação, cultura, esporte, lazer, dentre outros. Antes de tratarmos como as políticas brasileiras de saúde para os idosos se desenvolveram, é necessário abordar o conceito de envelhecimento saudável, criado pela Organização Mundial da Saúde, a partir das resoluções tiradas da II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento (MADRI, 2002). Nesta conferência, foi confirmado o compromisso de que os entes envolvidos deveriam promover condições para que as pessoas idosas pudessem envelhecer em segurança e com dignidade. Evitar a exclusão e criar condições para que continuem incluídos socialmente como cidadãos plenos de direitos. Proteger os idosos e fazer com que envelheçam bem tornou-se uma questão internacional tão importante quanto os cuidados com as crianças, os direitos humanos e as questões climáticas. Fonte: un.org Fonte: Shutterstock O QUE É ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL? O QUE PODE SER CONSIDERADO UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL OU UM BOM ENVELHECIMENTO? JÁ PAROU PARA PENSAR NISSO? Momentos de entretenimento? Vida em família? Prática de exercícios? Certamente, pessoas diferentes apresentarão respostas variadas para essa pergunta. Ao perguntar a um grupo de idosos frequentadores de um centro de convivência da cidade do Rio de Janeiro o que significava para eles envelhecer bem, a pesquisadora Limoeiro (2014) obteve respostas que falavam sobre: SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, FAMÍLIA, AMIZADE, FELICIDADE, PAZ, RESPEITO, QUESTÃO FINANCEIRA, CONVIVÊNCIA ENTRE GERAÇÕES, CONFORMAÇÃO, SENTIR-SE BEM CONSIGO MESMO, TER UMA RELIGIÃO, PASSEAR, NÃO SE PREOCUPAR, FAZER O BEM, SE DAR BEM COM TODOS, LEITURA, VESTUÁRIO E HIGIENE. Limoeiro (2014, p. 135) Portanto, os idosos entrevistados elaboraram elementos que vão além da questão da saúde física para dar sentido a um processo de envelhecimento que consideram positivo. Segundo Kalache & Kickbush, (1997), para especialistas sobre a velhice, um envelhecimento considerado bem-sucedido pode ser entendido a partir de três elementos: - Menor probabilidade de doença - Alta capacidade funcional física e mental - Engajamento social ativo com a vida OMS E A CONSTRUÇÃO DA FORMA IDEAL DE ENVELHECER Segundo a definição estipulada pela OMS, envelhecimento saudável é: envelhecer mantendo a capacidade funcional e a autonomia, com reconhecimento dos direitos das pessoas idosas e dos princípios de independência, participação e integração na sociedade, dignidade, assistência social e autorrealização. ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL PODE SER ENTENDIDO COMO UM CONJUNTO DE PRÁTICAS RECOMENDADAS POR ESPECIALISTAS SOBRE ALIMENTAÇÃO, PRÁTICA DE EXERCÍCIOS, ENGAJAMENTO SOCIAL E ESTILO DE VIDA, TENDO COMO OBJETIVO O DESENVOLVIMENTO BIOLÓGICO, PSICOLÓGICO E SOCIAL DAS PESSOAS IDOSAS. Podemos considerar que envelhecimento saudável não pressupõe apenas saúde e bem-estar físicos, mas também psicológicos, emocionais e sociais. ATENÇÃO Embora o envelhecimento seja uma questão social, istoé, uma questão que diz respeito a uma parcela considerável da população, não significa que todos o vivenciam da mesma maneira. Cada envelhecimento tem suas próprias características e necessidades. Envelhecer não é um fenômeno homogêneo, sendo influenciado por fatores como gênero, raça, condição social, dentre outros. Não existe uma única fórmula ou receita que seja aplicável a todos os idosos para que obtenham um bom envelhecimento. Cada realidade é singular; portanto, as necessidades de cada idoso também serão. O profissional que lidará com idosos precisa ter em mente o seguinte: cada idoso vive uma realidade e precisa de atendimento individualizado. É primordial que o especialista esteja habilitado para compreender e aplicar o conceito de envelhecimento saudável, mas que também entenda as necessidades do idoso atendido. APROXIMANDO-SE DA QUESTÃO – CRIANDO UMA SITUAÇÃO-PROBLEMA Fonte: Shutterstock Amanda é fisioterapeuta, com pós-graduação em Gerontologia, e trabalha em um Centro Dia para idosos. Nesse programa em que atua, são atendidas pessoas com mais de 60 anos, que passam o dia no local e recebem os mais diversos cuidados e serviços de saúde. Amanda observa e se aproxima de cada idoso para compreender qual a sua necessidade. Fonte: Shutterstock Uma idosa chamada Ivone tem 83 anos e precisa melhorar suas habilidades motoras. Amanda recomenda que ela faça sessões de fisioterapia, pois acredita que o tratamento possa melhorar sua qualidade de vida. Porém, Ivone se recusa, alegando não gostar dessa prática, pois se trata de uma atividade enfadonha. Fonte: Shutterstock Em um primeiro momento, Amanda se aborreceu com a recusa de Ivone, pois, enquanto profissional de saúde, desejava incentivar um estilo de vida mais ativo e saudável para Ivone e os idosos com quem trabalha. Além disso, ela entendia que as sessões de fisioterapia poderiam ser uma importante ferramenta para essa melhoria. Fonte: Shutterstock Depois de um tempo, Amanda percebeu que, talvez, aquela não fosse a estratégia mais adequada para o caso de Ivone e começou a imaginar outras possibilidades. Lembrou-se, então, da oficina de dança sênior do Centro Dia e resolveu instigar a idosa a participar. Ivone se identificou e se adaptou com essa atividade, que, além de melhorar suas habilidades motoras, tornou-se uma oportunidade para ela conversar, trocar dicas sobre o Estatuto do Idoso e fazer novas amizades. DICA! No próximo módulo, veremos o que são os Centros Dia. EM BUSCA DE SOLUÇÕES Muitas vezes, a expectativa do profissional de saúde ou do especialista da área do envelhecimento – com toda sua formação e expertise – pode ser diferente daquilo que o idoso busca ao procurar o serviço de cuidado e atenção à saúde. É preciso levar em consideração a necessidade de otimizar as capacidades físicas e biológicas do usuário dos serviços, mas é também necessário considerar suas vontades, direcionando-o a atividades que lhe tragam um sentimento de autorrealização – conforme citado na definição de envelhecimento saudável da OMS. Fonte: Shutterstock A IMPOSIÇÃO DE DETERMINADO RECURSO PARA O IDOSO PODE RESULTAR EM ABANDONO DO SERVIÇO E EM RETROCESSO DO SEU PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO BIOPSICOSSOCIAL. O governo, as organizações internacionais e a sociedade civil devem implementar políticas e programas que melhorem a saúde, a participação e a segurança da pessoa idosa. Os serviços de atenção à saúde integral das pessoas idosas precisam existir, estar disponíveis, para que elas possam acessá-lo de acordo com as suas demandas e preferências. Fonte: Shutterstock VOCÊ SABIA? Em 2015, a OMS publicou o Relatório Mundial de Envelhecimento e Saúde, documento norteador para a saúde e o cuidado dos idosos. Você poderá acessar o relatório pelo link disponível no Explore +, ao final do tema. VEJA ESSA PASSAGEM DO RELATÓRIO MUNDIAL DE ENVELHECIMENTO E SAÚDE: AS TRAJETÓRIAS DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E O QUE PODE SER FEITO PARA MELHORÁ-LAS. A PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL EXIGIRÁ UMA COMPREENSÃO MUITO MELHOR DE TRAJETÓRIAS COMUNS DA CAPACIDADE INTRÍNSECA E DA CAPACIDADE FUNCIONAL, SEUS DETERMINANTES E A EFICÁCIA DAS INTERVENÇÕES PARA MODIFICÁ-LAS. OMS (2015) Quando falamos em melhorias biopsicossociais, não se trata apenas de usar uma palavra bonita; fazemos isso porque não existe possibilidade de separar esses elementos biológicos, psicológicos e sociais quando olhamos para um sujeito de forma integral. Então, faça a correta relação a seguir, entre a medida proposta pela OMS e as possíveis ações que poderiam ser demandadas. Observação: você pode marcar mais de uma opção. IDENTIFICAR O ALCANCE E OS TIPOS DE TRAJETÓRIAS DA CAPACIDADE INTRÍNSECA E DA CAPACIDADE FUNCIONAL E SEUS DETERMINANTES EM DIFERENTES POPULAÇÕES. Estudo de grau de dependência familiar da renda dos idosos. Verificar e promover centros de educação e saúde física voltados aos idosos. Verificação das tradições culturais relacionadas aos idosos. Mapear a existência de alcoolismo e dependência em diversos níveis do consumo de álcool. Levantar casos de violência e abandono de idosos – sem familiar que o possa auxiliar. Disponibilizar apoio psicológico e serviço social associado ao programa Saúde da Família. QUANTIFICAR O IMPACTO DOS CUIDADOS COM A SAÚDE, CUIDADO DE LONGO PRAZO E INTERVENÇÕES AMBIENTAIS NAS TRAJETÓRIAS DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E IDENTIFICAR OS CAMINHOS PELOS QUAIS OPERAM. Estudo de grau de dependência familiar da renda dos idosos. Verificar e promover centros de educação e saúde física voltados aos idosos. Verificação das tradições culturais relacionadas aos idosos. Mapear a existência de alcoolismo e dependência em diversos níveis do consumo de álcool. Levantar casos de violência e abandono de idosos – sem familiar que o possa auxiliar. Disponibilizar apoio psicológico e serviço social associado ao programa Saúde da Família. ATENÇÃO ! O feedback para essa atividade é baseado no conjunto de suas respostas, dessa forma, só pode ser visualizado na versão online. Fonte: Shutterstock FORMAÇÃO DE REDE DE CUIDADO PARA OS IDOSOS De acordo com as definições previstas pela OMS, explorando possibilidades para a construção de um caminho mais satisfatório e um desenvolvimento biopsicossocial, segundo a realidade e individualidade de cada pessoa idosa. No Brasil, estão previstos e são ofertados alguns serviços que têm por objetivo promover um envelhecimento saudável, formando uma rede de cuidados. Cada serviço – e também os profissionais que o compõem – oferece uma abordagem que pode ser adequada para a construção de uma velhice satisfatória para cada pessoa idosa. Ao longo deste tema, conheceremos alguns destes profissionais e serviços. Conhecer alguns serviços de cuidado e suporte psicológico para idosos no Brasil é primordial para analisar aqueles que já existem – se cumprem o seu papel, se são dão conta das demandas das pessoas idosas – e construir possibilidades para novas alternativas de atividades. É papel do profissional que trabalha com esse grupo desenvolver e atualizar constantemente as alternativas de cuidado e suporte às necessidades psicológicas, sociais, emocionais e de saúde global do idoso. ATENÇÃO! Qual é o papel da educação nesse processo? Compreender que as limitações não eliminam a possibilidade do desenvolvimento de funções motoras e cerebrais. As atividades de cunho educacional têm se mostrado um eficiente processo de integração e de manutenção da motivação dos idosos. APROXIMANDO-SE DO PROBLEMA Luís trabalhou em muitos empregos ao longo de sua vida. Foi estivador, motorista e tipógrafo. Em todas as profissões, aprendeu com a vida e com a demanda de seus empregadores e das necessidades diárias. Aos 71 anos, havia acumulado conhecimentos e tinha a expectativade curtir; porém, depois de sua aposentadoria, com as dificuldades motoras aparecendo, faltava-lhe motivação. Viúvo e com os filhos morando em outras casas, ele se sentia só e desmotivado. Certo dia, viu em um anúncio a possibilidade de voltar a estudar, de se formar, de fazer o curso de História. Nos primeiros dias, o sentimento era de inadequação. Tinha receio de que os mais jovens indicassem que ali não era o seu lugar. A dúvida era se ainda conseguiria aprender algo novo. Ao procurar o coordenador, sujeito ligado às questões legislativas e ao suporte, Luís foi encaminhado para o Núcleo de Apoio Pedagógico da instituição. Depois desse encontro, os profissionais que o atenderam explicaram aos professores de Luís quais eram suas limitações e quais estratégias eles poderiam usar para facilitar a aprendizagem do maduro aluno. Ele não poderia ser entendido como um caso a ser ignorado. Fonte: Shutterstock Aos 76, Luís se formou em História e, em seus depoimentos, sinalizou que tal feito, atribuído a uma grande força de vontade, foi possível graças a uma rede de apoio, que lhe permitiu alcançar seus objetivos e o manteve estimulado e desafiado a ser criativo na resolução de problemas. A VOZ DA EXPERIÊNCIA Não poderíamos encerrar esse módulo sem ouvir o depoimento de quem experimenta os impactos socioemocionais da velhice: os próprios idosos. Neste vídeo, idosos falam sobre suas experiências acerca desses impactos. VAMOS REVER NOSSO CAMINHO ATÉ AQUI? Neste módulo, falamos sobre o conceito de envelhecimento saudável, segundo as orientações da OMS. Foi possível compreender que a definição desse conceito se estende para além da questão da saúde física, embora contemple outros aspectos do processo de envelhecimento, como vida e participação social, acesso a direitos, bem-estar e autorrealização, formando um conjunto de desenvolvimento biopsicossocial. Mesmo existindo uma série de recomendações que podem orientar a construção de um envelhecimento saudável, é necessário que o profissional identifique as estratégias mais adequadas para a realidade de cada idoso e respeite sua vontade e autonomia, para, então, decidir como traçar essa trajetória rumo a uma velhice satisfatória. Foi possível conhecer e localizar alguns serviços de atenção aos idosos. Cada serviço com sua abordagem e seu público-alvo específicos, de acordo com a necessidade de cada pessoa idosa. Um detalhe a ser observado na descrição desses serviços são os profissionais de diferentes áreas que atuam nos espaços tratados ao longo deste módulo. Perceba que as equipes são normalmente multidisciplinares, proporcionando múltiplas perspectivas sobre as possibilidades de ação e cuidado com os idosos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. MARQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA A DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL SEGUNDO A OMS. A) Manutenção da capacidade funcional e da autonomia, com reconhecimento de direitos, dos princípios de independência, participação e integração na sociedade, dignidade, assistência social e autorrealização. B) Incorporação universal de determinados hábitos saudáveis, como alimentação balanceada e uma hora de exercícios físicos diários. C) Atenção prioritária à ausência de doenças, frequência constante aos serviços médicos e exames periódicos para averiguação da manutenção da saúde. D) Contratação de serviços especializados de cuidados intensivos, restritos ao ambiente residencial. 2. MARQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA AFIRMATIVA CORRETA SOBRE OS SERVIÇOS DE CUIDADO ÀS PESSOAS IDOSAS. A) Devem se pautar apenas no atendimento de questões urgentes, como de vulnerabilidade social. B) Devem apresentar abordagens diversificadas que sejam adequadas para a construção de uma velhice satisfatória para as pessoas idosas, considerando suas necessidades e vontades. C) Devem ser pensadas e construídas a partir das decisões de gestores estatais, que possuem conhecimento sobre o que é melhor para os idosos. D) Não se justificam como necessárias, já que a responsabilidade pelo cuidado do idoso deve ser exclusiva da família, que deve arcar com os custos privados desse tipo de serviço. GABARITO 1. Marque a alternativa que apresenta a definição de envelhecimento saudável segundo a OMS. A alternativa "A " está correta. Na opção A, encontra-se a descrição correta das diretrizes da OMS. Essa proposição vem acompanhada de uma mudança de paradigma, pois não falamos mais dos idosos como vulneráveis a serem protegidos – ainda que essas questões permaneçam vivas –, mas do processo. Envelhecer deve ser posto como forma de um processo, por isso precisa de uma leitura multidisciplinar para a efetiva compreensão. 2. Marque a alternativa que apresenta uma afirmativa correta sobre os serviços de cuidado às pessoas idosas. A alternativa "B " está correta. A percepção da conferência da ONU e do documento da OMS construíram um padrão de abordagem diverso para os idosos. Quando vemos os exemplos expostos no módulo, percebemos que, sem o estudo das condições sociais, as referências de saúde, o desenvolvimento da assistência e os cuidados psicológicos necessários devem ser entendidos como parte de um todo que deve ser compreendido. POLÍTICAS PARA A SAÚDE DO IDOSO Um aspecto que deve ser considerado quando se pensa em direitos e políticas públicas para idosos diz respeito à questão da saúde. Afinal, a saúde está relacionada ao direito mais fundamental de todo ser humano, que é o direito à vida. Neste segundo módulo, compreenderemos quais são e como se apresentam as políticas de saúde para os idosos, localizando as questões sociais, psicológicas e emocionais. VELHICE E DIREITO À SAÚDE O envelhecimento é um processo natural, que ocorre para toda pessoa que vive o suficiente para perceber esse fenômeno. Podemos dizer que viver significa experimentar constantemente o envelhecimento e as transformações decorrentes desse desenvolvimento, ou, segundo a filósofa Simone de Beauvoir (1970): "VIVER É ENVELHECER, NADA MAIS." Existe uma associação muito presente no senso comum entre velhice e declínio das capacidades físicas. No entanto, muitos outros fatores podem ser considerados para compreensão da velhice, como sociais e psicológicos, por exemplo. A velhice também pode ser um momento de muitas mudanças para um indivíduo, que precisará de atenção específica à sua saúde mental e emocional, dependendo do impacto que essas transições possam causar. Alguns exemplos dessas mudanças podem ser: aposentadoria, viuvez, saída dos filhos de casa e mudanças de status social. PORTANTO, O FENÔMENO DA VELHICE ESTÁ RELACIONADO A MUITOS FATORES, E NÃO APENAS AOS BIOLÓGICOS. O conceito de saúde pode ser entendido em um sentido mais amplo, que vai além da ausência de doenças físicas. Neste sentido, saúde possui também aspectos como: as relações que uma pessoa estabelece com os outros e consigo mesma. A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria Nº 2.528 de 19 de outubro de 2006) define que: A PRÁTICA DE CUIDADOS ÀS PESSOAS IDOSAS EXIGE ABORDAGEM GLOBAL, INTERDISCIPLINAR E MULTIDIMENSIONAL, QUE LEVE EM CONTA A GRANDE INTERAÇÃO ENTRE OS FATORES FÍSICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS QUE INFLUENCIAM A SAÚDE DOS IDOSOS E A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE NO QUAL ESTÁ INSERIDO. ATENÇÃO! Para pensarmos em uma saúde integral, precisamos levar em consideração as necessidades psicológicas, sociais e emocionais dos idosos. Portanto, quando falamos de saúde psicoemocional, estamos pensando em abordagens multidimensionais, que incluem aspectos como: saúde, assistência social, trabalho, cultura, esporte e lazer, por exemplo. São estratégias que podem melhorar o nível de bem-estar das pessoas idosas. VIVENCIANDO A LOCALIZAÇÃO DA QUESTÃO Joana tem 74 anos e mora sozinha desde o ano passado, quando ficou viúva. Ela tem dois filhos, e eles a visitam com certa frequência; porém, no seu cotidiano,ela não interage com ninguém. Como consequência dessa configuração familiar e de sua recente viuvez, Joana foi sentindo crescer dentro de si uma solidão cada vez mais constante. Conversando com sua vizinha, ela ficou sabendo de um serviço público, que ficava próximo à sua casa, chamado “Casa de Convivência”. Neste lugar, eram oferecidas atividades culturais e de lazer para idosos, com atendimento de profissionais de diversas áreas, como: psicólogo, terapeuta ocupacional e educadores. Joana decidiu conhecer esse programa e começou a frequentar as atividades no local. Em menos de um ano, ela já fazia parte do coral da casa e começou a participar das dinâmicas e terapias propostas, o que permitiu que Joana fizesse novas amizades, além de melhorar sua saúde mental, fazendo com que aquele sentimento de solidão estivesse cada vez menos presente em sua vida. SISTEMA DE APOIO AO IDOSO NO BRASIL Vamos conhecer algumas iniciativas que compõem o sistema de apoio ao idoso no Brasil. CRAS E CREAS Os Centros de Referência de Assistência Social (CRAS) e Centros de Referência Especializados em Assistência Social (CREAS) são unidades públicas de referência que organizam e ofertam serviços, programas e benefícios socioassistenciais por meio do Sistema Único de Assistência Social (SUAS), que, geralmente, estão localizados em áreas consideradas de risco ou de vulnerabilidade social. Os CRAS e CREAS não são serviços exclusivos para idosos, mas também são responsáveis por essa população. Através da atuação de uma equipe de profissionais que oferecem orientação para fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e acessibilidade a direitos, os centros cumprem um importante papel, garantindo que idosos possam receber suporte de acordo com suas demandas. Alguns dos profissionais que atuam nesses centros podem ser: assistentes sociais, psicólogos e pedagogos, por exemplo. UNIVERSIDADES DA TERCEIRA IDADE (UNATI) As Universidades da Terceira Idade são programas de extensão de universidades brasileiras que oferecem cursos e atividades voltadas para pessoas idosas. As atividades podem variar de acordo com o corpo docente da instituição e dos interesses dos idosos que frequentam o local. Podem estar relacionadas ao aprendizado, à interação, ao desenvolvimento de habilidades, à discussão de direitos, música, dança e ao lazer. Uma das mais conhecidas UNATIs pertence à Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ) e existe desde 1993. HOSPITAIS ESPECIALIZADOS EM ATENDIMENTO GERIÁTRICO São unidades hospitalares que oferecem serviços exclusivos ou possuem uma divisão especializada no atendimento médico de pessoas idosas. No Brasil, existem unidades públicas e privadas que oferecem essa abordagem específica. CENTROS DIA Os Centros Dia são programas públicos e privados de atendimento integral e cuidados para idosos que apresentam dificuldade em realizar com autonomia atividades da vida diária. É uma alternativa para as pessoas idosas que não podem permanecer sozinhas em casa e para famílias que não podem oferecer essa atenção intensiva durante o período do dia. Os Centros Dia são locais que os idosos frequentam diariamente, passam uma parte do dia (manhã e tarde) e retornam para suas residências ao entardecer. Além de cuidados de saúde, esses programas oferecem serviços que visam a prevenção e promoção da saúde, contando com profissionais como: cuidadores, enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, terapeutas ocupacionais, fisioterapeutas e pedagogos. CASAS OU CENTROS DE CONVIVÊNCIA As Casas ou Centros de Convivência são locais – que podem ser públicos ou privados – que oferecem atividades de cultura, lazer, integração e promoção e prevenção de saúde para idosos autônomos. Como o nome já indica, o objetivo do programa é ser um local de encontro e trocas para pessoas idosas. Exemplos de atividades ofertadas podem ser: oficinas de música, dança, exercícios físicos, exercícios para memória, terapias coletivas, dinâmicas de grupo. Tudo é feito através do trabalho de equipes multidisciplinares de terapeutas ocupacionais, pedagogos, gerontólogos, educadores físicos, dentre outros. ACADEMIAS DA TERCEIRA IDADE As Academias da Terceira Idade (ATI) se tornaram populares e presentes nas praças públicas brasileiras. Fruto de iniciativas municipais, o programa consiste na instalação de aparelhagens específicas para o desenvolvimento motor dos idosos e, em alguns casos, conta com aulas de Educação Física e acompanhamento de auxiliares de enfermagem. É também uma interessante alternativa para a construção de uma rotina e vínculos de amizade. INSTITUIÇÕES DE LONGA PERMANÊNCIA Instituições de Longa Permanência são locais de moradia permanente e cuidados intensivos para pessoas idosas. Podem ser públicas ou privadas e levar o nome de abrigo ou asilo. São alternativas para pessoas idosas dependentes e sem vínculos familiares. Normalmente, trata-se do último recurso ou o menos recomendado pelos especialistas sobre envelhecimento e profissionais da Assistência Social, que, na maior parte dos casos, recomendam a manutenção dos vínculos familiares. Nestas instituições atuam profissionais de diversas áreas, como: médicos, enfermeiros, educadores, terapeutas, fisioterapeutas, dentre outros. CONSELHOS DE IDOSOS Os conselhos de defesa dos direitos da pessoa idosa estão presentes nas esferas nacional, estadual e municipal. São espaços de composição paritária entre Poder Público e sociedade civil, responsáveis por debater, promover e fiscalizar o cumprimento dos direitos aos idosos. Podem ser locais de encontro, debate e formação cidadã. Além disso, são também importantes aliados nos processos de denúncia de violação às garantias das políticas públicas brasileiras para pessoas com mais de 60 anos. CONHECER ESSAS REDES DE ATENDIMENTO É FUNDAMENTAL PARA O PROFISSIONAL QUE DESEJA BUSCAR ALTERNATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL. NESTE VÍDEO, CONHECEREMOS MAIS DETALHES SOBRE ESSES ESPAÇOS DE ACOLHIMENTO AO IDOSO. POLÍTICAS PÚBLICAS PREVISTAS PARA A SAÚDE PSICOEMOCIONAL DOS IDOSOS Para conhecer algumas das políticas públicas previstas para a saúde psicoemocional dos idosos, veremos a seguir trechos da Política Nacional do Idoso (Lei 8.842/94), do Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003) e da Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria Nº 2.528 de 19 de outubro de 2006). POLÍTICA NACIONAL DO IDOSO (LEI 8.842/94) Em suas diretrizes, a PNI estipula o “estabelecimento de mecanismos que favoreçam a divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento”, levando em consideração a existência de questões biológicas, psicológicas e sociais no processo. Neste sentido, algumas ações são propostas como ações governamentais (Artigo 10). Veja, a seguir, algumas delas: NA ÁREA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL Prestar serviços e desenvolver ações voltadas para o atendimento das necessidades básicas do idoso, mediante a participação das famílias, da sociedade e de entidades governamentais e não governamentais; Estimular a criação de incentivos e de alternativas de atendimento ao idoso, como centros de convivência, centros de cuidados diurnos, casas-lares, oficinas abrigadas de trabalho, atendimentos domiciliares e outros. javascript:void(0) NA ÁREA DE SAÚDE Criar serviços alternativos de saúde para o idoso. NA ÁREA DO TRABALHO E DA PREVIDÊNCIA SOCIAL Criar e estimular a manutenção de programas de preparação para a aposentadoria nos setores público e privado, pelo menos dois anos antes do afastamento. NA ÁREA DE CULTURA, ESPORTE E LAZER Garantir ao idoso a participação no processo de produção, reelaboração e fruição dos bens culturais; Propiciar ao idoso o acesso aos locais e eventos culturais, mediante preços reduzidos, em âmbito nacional; Incentivar os movimentos de idosos a desenvolverematividades culturais; Valorizar o registro da memória e a transmissão de informações e habilidades do idoso aos mais jovens, como meio de garantir a continuidade e a identidade cultural; Incentivar e criar programas de lazer, esporte e atividades físicas que proporcionem a melhoria da qualidade de vida do idoso e estimulem sua participação na comunidade. ESTATUTO DO IDOSO (LEI 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003) O Estatuto do Idoso possui como disposição preliminar a preocupação com a “preservação da saúde física e mental e aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social” do idoso, conforme vimos no Módulo 1. O estatuto amplia e reforça as determinações da PNI. Podemos destacar alguns artigos relacionados aos aspectos psicoemocionais: DO DIREITO À VIDA O Estado é o garantidor da proteção à vida e à saúde. Ele deve criar políticas sociais públicas que permitam um envelhecimento saudável e com dignidade. DO DIREITO À LIBERDADE Liberdade para ser. Parece algo simples, mas a tentativa é garantir a valorização de sua participação – sempre que possível – no seio familiar e que as crenças e os cultos sejam protegidos, e as práticas, estimuladas. javascript:void(0) DA EDUCAÇÃO, CULTURA, DO ESPORTE E LAZER Direito à educação, cultura, ao esporte, ao lazer, às diversões, aos espetáculos, produtos e serviços que respeitem a sua condição. Esse ponto é o exercício da diversidade pela consecução etária e, por isso, importante. O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados. Os idosos terão direito a 50% de desconto em eventos culturais – como cinemas, jogos esportivos, shows etc., para que tenham condições de participar ativamente dessas atividades. As instituições de Ensino Superior ofertarão às pessoas idosas, na perspectiva da educação ao longo da vida, cursos e programas de extensão, presenciais ou a distância, constituídos por atividades formais e não formais. (Redação dada pela Lei nº 13.535, de 2017) ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS IDOSAS E FORTALECIMENTO DO CONTROLE SOCIAL O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitando-se suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA (PORTARIA Nº 2.528 DE 19 DE OUTUBRO DE 2006) A Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa é uma versão revisada e atualizada da Portaria n° 1.395/GM, de 10 de dezembro de 1999, e tem como finalidade “recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e as diretrizes do Sistema Único de Saúde (SUS).” A portaria considera que a “saúde para a população idosa não se restringe ao controle e à prevenção de agravos de doenças crônicas não transmissíveis. Saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, a saúde mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social.” Vale destacar algumas diretrizes do documento: PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO ATIVO E SAUDÁVEL Seguindo as orientações da II Assembleia Mundial sobre o Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde – OMS (MADRI, 2002). ATENÇÃO INTEGRAL E INTEGRADA À SAÚDE DA PESSOA IDOSA Com abordagem adaptável à realidade de cada usuário do serviço e baseada nos direitos, nas necessidades e preferências de cada idoso. ESTÍMULO ÀS AÇÕES INTERSETORIAIS Visando a integralidade da atenção, pressupondo parcerias entre órgãos governamentais e não governamentais que promovem iniciativas voltadas para o público idoso, na área de educação, previdência social, assistência social, trabalho, desenvolvimento urbano, transporte, justiça, esporte e lazer e ciência e tecnologia. ESTÍMULO À PARTICIPAÇÃO SOCIAL DAS PESSOAS IDOSAS E FORTALECIMENTO DO CONTROLE SOCIAL Neste caso, controle social refere-se à necessidade de manutenção de dados atualizados a respeito da saúde e de aspectos socioeconômicos da população idosa. A partir do contato com partes destes documentos, foi possível identificar onde aparecem as ações que visam contemplar os aspectos psicoemocionais da saúde dos idosos? ATENÇÃO Para oferecer um atendimento que considere a integralidade da saúde do idoso, são previstas estratégias sobre educação, cultura, lazer, esporte, assistência social, dentre outras. REVISITANDO ALGUNS PONTOS Ao longo do Módulo 2, discutimos o conceito dos direitos dos idosos à saúde, refletindo também sobre os múltiplos aspectos que estão envolvidos durante o processo de apoio no envelhecimento. Assim como a velhice, a saúde dos idosos não pode ser considerada apenas através do declínio físico ou do surgimento de doenças, mas deve ser pensada em termos de prevenção e promoção que deem conta das múltiplas dimensões da vida da pessoa idosa, como a participação e as relações sociais e o cuidado com a saúde mental, emocional. Não é simples promover esse bem-estar integral da pessoa idosa. Isso demanda o estímulo de criação de políticas, programas e serviços em diversas áreas, conforme observamos nos destaques dados aos trechos de documentos oficiais – como PNI, Estatuto do Idoso e Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa – no decorrer deste módulo. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PARA LOCALIZAR UMA QUESTÃO, PRECISAMOS RECONHECER O SEU “ESTADO DA ARTE” E SUAS RELAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS. QUAL OPÇÃO EXPLICA O CONCEITO DE SAÚDE PARA OS IDOSOS SEGUNDO A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA (PORTARIA Nº 2.528, DE 19 DE OUTUBRO DE 2006)? A) Para a pessoa idosa estar saudável, ela não deve possuir doenças eventuais, crônicas ou congênitas. B) Para promoção da saúde dos idosos, é suficiente que sejam criados programas direcionados ao lazer, como bailes da terceira idade, por exemplo. C) A velhice está sempre associada ao aparecimento de doenças, portanto não é possível criar medidas para prevenir e promover a saúde desta população. D) Saúde da pessoa idosa é a interação entre a saúde física, a saúde mental, a independência financeira, a capacidade funcional e o suporte social. 2. QUE OPÇÃO APRESENTA A EXPLICAÇÃO MAIS ADEQUADA SOBRE A LOCALIZAÇÃO DE MÚLTIPLOS ASPECTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE PSICOEMOCIONAL DA POPULAÇÃO IDOSA? A) Oferecimento de atendimento psicológico especializado aos idosos. B) Incentivos a serviços e programas variados voltados para saúde física e mental, assistência social, trabalho, cultura, esporte, lazer e integração social das pessoas idosas. C) Implantação de Academias da Terceira Idade nas praças públicas, para estimular a prática de exercícios físicos entre idosos. D) Criação de hospitais especializados em atendimento geriátrico, com equipes de especialistas da área biomédica e os mais sofisticados recursos tecnológicos. GABARITO 1. Para localizar uma questão, precisamos reconhecer o seu “estado da arte” e suas relações políticas e sociais. Qual opção explica o conceito de saúde para os idosos segundo a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa (Portaria Nº 2.528, de 19 de outubro de 2006)? A alternativa "D " está correta. A resposta correta é a D, já que é a única opção que considera aspectos diversificados sobre a saúde dos idosos, como: saúde física, mental, questão econômica e relações sociais. Neste módulo, falamos de saúde e identificamos o papel das práticas relacionadas aos idosos no que tange a ações. Desde centros até o corpus legislativo, a preocupação é a manutenção do papel do idoso como cidadão. 2. Que opção apresenta a explicação mais adequada sobre a localização de múltiplos aspectos que devem ser levados em consideração para a promoção da saúde psicoemocional da população idosa? A alternativa "B " está correta. A opção B é a única possível. É importante sublinharuma vez mais esse aspecto: o conjunto de leis é mais complexo e lida com muitos aspectos. O que presenciamos é a lei entendendo que precisa dar um passo além ao perceber que, para garantir a condição de cidadania e saúde, precisa legislar e atuar para além da construção genérica de cuidados do idoso doente. A QUESTÃO DOS ASPECTOS SOCIOEMOCIONAIS Os estudos sobre a questão do envelhecimento no Brasil são históricos e múltiplos. Como já dito, a CLT é um marco por proporcionar para os sujeitos que tivessem cumprido um tempo de trabalho receber proventos – proporcionais à sua contribuição –, garantindo sustento e sua velhice. Na Constituição, é apontada de forma clara que é função do Estado assegurar os direitos fundamentais a todos os seres humanos, em uma proposta de isonomia, e não de igualdade. Ela fortalece a população idosa como tendo deferência jurídica, uma vez que, no artigo 203, é assegurado o direito de o idoso receber um salário mínimo caso prove não ter meios de se manter. CLT Consolidação das Leis Trabalhistas, criada durante o governo Vargas, é, ainda hoje, apesar das alterações, uma defesa dos trabalhadores brasileiros assalariados e contribuintes individuais. Desde então, foram formuladas leis que versavam sobre a questão do idoso e as formas de sua assistência; inclusive, já apresentamos algumas, como a Lei Orgânica da Assistência Social, precursora de um grande trajeto legislativo com os documentos de 1994 e 1998. No entanto, se esses movimentos foram fundamentais, o documento ainda hoje entendido como aquele que repensou a questão do idoso para além de seu sustento, percebendo a questão como um todo, só foi redigido em outubro de 2003. É este documento que efetivamente estrutura o idoso como um todo, pensando em uma política pública específica, reunindo as diversas propostas, leituras de pesquisadores e as leis em curso. AGORA, NÓS NOS DEDICAREMOS A CONHECER O ESTATUTO DO IDOSO. LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL “A Lei n. 8.742, de 7 de dezembro de 1993, dispõe sobre a organização da Assistência Social - LOAS, regulando o art. 203, V, da Constituição Federal Assegura a assistência social à velhice e, como ponto alto, por suas consequências econômicas, regula o benefício de prestação continuada (BBC), que consiste na garantia de um salário mínimo mensal à pessoa portadora de deficiência e ao idoso com 70 anos ou mais,que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção e nem de tê-la provida por sua família (art. 20).” (DH Mundo) javascript:void(0) javascript:void(0) ATENÇÃO! Não se trata de um exercício de ciência jurídica – fundamental para compreensão –, mas, sim, de perceber a lei de uma forma diferente. Leis, geralmente, tratam de demandas sociais, regras, regulações, punições, entre outros fins. No que tange ao debate sobre os idosos, o Estatuto apresenta uma maturidade atípica, ao relacionar questões da individualidade do sujeito, dos desafios sociais estruturados. Enfim, é um documento que é efetivamente a melhor base para tratarmos de aspectos socioemocionais. Fonte: Shutterstock ESTATUTO DO IDOSO (LEI FEDERAL Nº 10.741, DE 1º DE OUTUBRO DE 2003) Nos módulos anteriores, iniciamos estudos sobre o envelhecimento, suas características e necessidades, e as políticas públicas brasileiras voltadas para esta população. Dentre as determinações legais citadas anteriormente, estava o Estatuto do Idoso. As políticas nacionais de saúde dos idosos nos apontam para um caminho: o envelhecimento é uma demanda social e é preciso lidar com isso urgentemente. As leis decorrentes, ao determinar a necessidade de uma atenção multidisciplinar às pessoas idosas, apontam que estão envolvidas nesse processo as múltiplas e diversas dimensões, como, por exemplo: física, psicológica, social, econômica, política, dentre outras (ALVES; LINS DE BARROS, 2012). No Brasil, possuímos nosso próprio conjunto de políticas públicas voltadas aos idosos. Veja, a seguir, alguns marcos significativos: 1988 Na Constituição de 1988, dá-se a introdução do direito à seguridade social, consolidando o papel do Estado como um dos responsáveis pela população idosa. 1994 A Política Nacional do Idoso – PNI (Lei 8.842/94) considera como idosos pessoas com mais de 60 anos e estabelece que “o idoso é um sujeito de direitos e deve ser atendido de maneira diferenciada em cada uma das suas necessidades: físicas, sociais, econômicas e políticas”. 2003 O Estatuto do Idoso (Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003) – busca assegurar direitos, garantias fundamentais e proteção aos idosos. 2006 A Política Nacional de Saúde do Idoso (Portaria nº 2.528 de 19 de outubro de 2006) busca promover um envelhecimento ativo e saudável, através da noção de atendimento integral à saúde e atendimento multidisciplinar. SE TEMOS TANTAS POLÍTICAS PÚBLICAS, POR QUE NOS CONCENTRAMOS NO ESTATUTO DO IDOSO? Acontece que todos os outros documentos visam dar alguma resposta. A Constituição propicia um adendo explicativo, a PNI visa regulamentar o previsto na Constituição de 1988, e a PNSI é a integração ao Brasil no Compromisso de Madrid, que determinou que todos os participantes criassem um Plano de Ação sobre o Envelhecimento. Por outro lado, o Estatuto do Idoso é um estudo complexo e muito bem-feito sobre o entendimento do idoso em seus múltiplos aspectos. MÚLTIPLOS ASPECTOS “O Estatuto do Idoso, aprovado em 1º de outubro de 2003 pela Lei n. 10.741, contempla os mais diferentes aspectos da vida cotidiana: destaca os papéis da família, reforçando e enfatizando sua obrigação, da sociedade e do Poder Público, assegurando direito à saúde, à alimentação, à cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à convivência familiar da população idosa. O Estatuto tornou-se ferramenta que precisa ser divulgada e conhecida pelas comunidades, como mecanismo de regulamentação de direitos. Contudo, há muito a ser feito para colocá-lo em prática. A grande questão trazida no novo texto de lei é tentar modificar a visão da sociedade em relação ao idoso e frutificar a ideia de que ele também é cidadão.” (DH Mundo) javascript:void(0) O QUE É O ESTATUTO DO IDOSO? O Estatuto do Idoso foi construído por representantes do Congresso Nacional Brasileiro, seguindo a orientação das duas Assembleias Mundiais sobre o Envelhecimento da Organização Mundial da Saúde (1982 e 2002), que elaboraram planos de ação sobre o envelhecimento global, determinando medidas para as nações darem seus primeiros passos na construção das políticas públicas para idosos. Além do trabalho dos parlamentares brasileiros, o estatuto contou também com a participação de movimentos de aposentados e de idosos, que expressaram as necessidades e demandas da população idosa brasileira para o desenvolvimento do documento. Em 1º de outubro de 2003, foi sancionado o projeto de lei, consolidando nas esferas federal, estaduais e municipais direitos que versam sobre saúde, educação, esporte, lazer, trabalho, previdência social, assistência social, habitação, transporte, medidas de proteção, políticas de atendimento aos idosos, fiscalização de instituições, acesso à justiça e tipificação de crimes contra a pessoa idosa. A PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NESSE PROCESSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA E A CONFORMIDADE COM AS ORIENTAÇÕES DA OMS FIZERAM COM QUE O ESTATUTO PASSASSE A SER RECONHECIDO COMO A PRINCIPAL E MAIS IMPORTANTE LEI BRASILEIRA DE GARANTIA DOS DIREITOS AOS IDOSOS. ASPECTOS SOCIAIS E EMOCIONAIS VOCÊ COMPREENDEU O QUE É UM ASPECTO SOCIOEMOCIONAL? VAMOS ENTENDER MELHOR. Ramiro é português. Ele trabalhava na roça e, até os 18 anos, nunca estudou mais do que o suficiente para aprender a ler e a escrever. Na iminência de ser convocado para uma guerra, seus pais decidiram vir para o Brasil. Aqui, pobres, com poucas condições, Ramiro comeu pouco e trabalhou muito.Ocupando o cargo de encarregado em uma fábrica de tecidos e já casado, abriu um pequeno botequim perto da fábrica em que trabalhava. De dia, ficava na fábrica, enquanto a esposa cuidava do bar. À noite, ele trabalhava até tarde no bar para deixar tudo pronto para o dia seguinte. Criou seus filhos, que estudaram e seguiram a vida, dessa forma. O mais novo voltou para Portugal; já o mais velho trabalhava muito, era executivo e mal via o pai. Ramiro conseguiu guardar um pouco de dinheiro, tinha casa própria, aposentadoria, mas, infelizmente, ficou viúvo. SERÁ QUE O ESTATUTO DO IDOSO NOS DÁ ALGUMA PISTA DO QUE O ESTADO, A FAMÍLIA E O PRÓPRIO RAMIRO PODEM FAZER POR ELE? Repare: um homem idoso, que, apesar de boa condição financeira, encontra-se em abandono emocional. Ele pode até não reconhecer isso, mas sua qualidade de vida e sua saúde se deterioram. Ele não é uma pessoa doente, não vai ao hospital, mas, cada vez mais, entrega-se à bebida e se isola. Não é fácil lidar com aspectos socioemocionais. ASPECTOS SOCIOEMOCIONAIS: ASPECTOS SOCIAIS Realidades do mundo do trabalho; Materiais; Interações; Divertimento. ASPECTOS EMOCIONAIS Depressão; Sensação de abandono; Falta de suporte físico; VOCÊ SABE QUAIS SÃO AS PRINCIPAIS DETERMINAÇÕES DO ESTATUTO DO IDOSO? Dentre os 118 artigos, podemos destacar as principais determinações do Estatuto do Idoso. São elas: DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 1 Regular os direitos das pessoas com mais de 60 (sessenta) anos. 2 Garantir aos idosos direitos fundamentais, inerentes à pessoa humana, para preservação de sua saúde física e mental, e seu aperfeiçoamento moral, intelectual, espiritual e social, em condições de liberdade e dignidade. 3 Determinar a obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público em assegurar aos idosos prioridade no acesso de serviços e seus direitos; incluindo a preferência na formulação e execução de políticas públicas, divulgação de informações de caráter educativo sobre os aspectos biopsicossociais do envelhecimento e acesso à rede de serviços e de assistências locais. 4 Punir na forma de lei qualquer negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão aos idosos. 5 Fiscalizar o cumprimento desses direitos através dos Conselhos Nacional, Estaduais e Municipais do Idoso. DIREITOS FUNDAMENTAIS 1 Obrigar o Estado a garantir proteção à vida e à saúde da pessoa idosa, através de políticas públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade. 2 Assegurar liberdade, respeito e dignidade aos idosos; incluindo o direito à inviolabilidade de sua integridade física, psíquica, moral, preservação de sua imagem, identidade, autonomia, valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais. 3 Assegurar a atenção integral à saúde do idoso, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), para prevenção, promoção e proteção à sua saúde. 4 Garantir o direito do idoso que esteja no domínio de suas faculdades mentais de optar pelo tratamento de saúde que julgar mais favorável. 5 Promover treinamento e capacitação dos profissionais de saúde e cuidadores, atendendo às necessidades dos idosos. 6 Garantir acesso à educação, cultura, ao esporte, lazer, às diversões, aos espetáculos, produtos e serviços. 7 Inserir nos currículos de ensino formal conteúdos sobre o processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, combatendo o preconceito contra os idosos. 8 Manter espaços nos meios de comunicação, com finalidade informativa e educativa, artística e cultural, sobre o processo de envelhecimento. 9 Prestar assistência social aos idosos de forma articulada com a Lei Orgânica de Assistência Social, a Política Nacional do Idoso e o SUS. 10 Garantir o direito à moradia digna do idoso, com a família ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou em instituição pública ou privada. 11 Assegurar a gratuidade nos transportes coletivos públicos aos maiores de 65 (sessenta e cinco anos). Fonte: Shutterstock RETORNANDO AO CASO DE RAMIRO Hoje, Ramiro está com 78 anos e não tem plano de saúde, por considerá-lo caro demais. Sofre em virtude das varizes, que inflamam e doem. À noite, ele passa uma mistura de álcool e cânfora no local e se lamenta, mas não procura um especialista. A partir de agora veremos como as determinações do Estatuto do Idoso que acabamos de ver se relacionaram com a história de vida de Ramiro. DISPOSIÇÃO PRELIMINAR - 5 / DIREITOS FUNDAMENTAIS 6, 7, 8 O conselho local de idosos divulgou que uma instituição perto da casa de Ramiro estava oferecendo um curso, e ele até estranhou quando vieram falar com ele – disseram que era parte de sua função. Ele sempre gostou de pintura, mas tinha receio de participar. A possibilidade de se aprofundar no assunto lhe agradou, e ele começou a pensar em ir. O cartão do transporte público, que ele achou que nunca fosse usar, havia chegado, e ele resolveu pegar um ônibus e tentar se inscrever. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES 1 E 3 / DIREITO FUNDAMENTAL 3 E 9 Quando as pessoas do conselho descobriram seu estado de saúde, resolveram ajudá-lo a fazer o cadastro na Clínica da Família, além de exigir algum telefone para contatar os filhos. Mesmo resistente, Ramiro cedeu, e, na ligação, os profissionais informaram que a família não é responsável somente pela parte material, mas também pela emocional. A ausência de contato pode ser entendida como negligência ou até mesmo abandono. DISPOSIÇÕES PRELIMINARES – 2, 4 E 5 / DIREITO FUNDAMENTAL 2 Ao receber o suporte do médico da família, Ramiro passou a receber remédios – alguns ele comprava com gosto –, e passou a caminhar pelo bairro mais disposto. Além da aula de pintura, começou a fazer aula de dança. Fonte: Shutterstock ATENÇÃO O Estatuto do Idoso é um documento extenso e que busca assegurar direitos às pessoas idosas em diversos aspectos da vida delas. Para conhecê-lo em profundidade, é necessário estudar seus artigos, discuti-los com profissionais que trabalham ou estudam sobre envelhecimento e observar a sua aplicabilidade. NA PRÁTICA, QUAL O SIGNIFICADO DO ESTATUTO DO IDOSO? Responderemos as questões a seguir a partir do relato de um caso real. COMO PROCEDER DIANTE DE UMA SITUAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DOS IDOSOS? Um funcionário de um abrigo para idosos observou que o atendimento aos asilados estava se dando de maneira incorreta: alimentação insuficiente e inadequada, falta de higienização do local e das roupas de cama, funcionários despreparados e escassos, além de muitas outras irregularidades. O QUE FAZER DIANTE DE UMA SITUAÇÃO COMO ESSA? A QUEM RECORRER? COMO DENUNCIAR A NEGLIGÊNCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA? O funcionário em questão entrou em contato com membros de um Conselho Estadual de Idosos; os conselheiros, por sua vez, encaminharam uma denúncia ao Ministério Público, que iniciou uma investigação sobre o abrigo citado. Cabe, nesse caso, ao Ministério Público iniciar um inquérito para aplicação de punições previstas em lei para os dirigentes da instituição. As punições previstas no Art. 55 do Estatuto do Idoso para negligência de instituição de longa permanência contra idosos podem ser as seguintes: PARA AS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS a. Advertência; b. Afastamento provisório de seus dirigentes; c. Afastamento definitivo de seus dirigentes; d. Fechamento de unidade ou interdição de programa. PARA AS ENTIDADES NÃO GOVERNAMENTAIS a. Advertência; b. Multa; c. Suspensão parcial ou total do repasse de verbas públicas; d. Interdição de unidade ou suspensão de programa; e. Proibição de atendimento a idosos a bem do interesse público. NESTE VÍDEO, VEREMOS MAIS DETALHES SOBRE O ESTATUTO DO IDOSO E OS PONTOS QUE ABORDAM OS ASPECTOS SOCIOEMOCIONAIS. REVISITANDO O MÓDULO Neste módulo, aprendemos o que é o Estatuto do Idoso ealgumas de suas principais determinações, que buscam assegurar garantias e direitos fundamentais às pessoas idosas, levando em consideração suas realidades, condições e necessidades. Ao lidar com o público idoso, é fundamental conhecer o estatuto e suas definições e, quando necessário, localizar e acessar os artigos previstos nessa lei, que é um marco nas políticas públicas para idosos no Brasil. Fonte: Shutterstock VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAL DAS OPÇÕES MELHOR DESCREVE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO? A) A existência do estatuto se deve exclusivamente à preocupação de alguns políticos brasileiros, que se sensibilizaram com a causa dos idosos e resolveram dar direitos a essa população. B) O estatuto foi criado devido a uma imposição da ONU, que determinou quais deveriam ser os direitos e as garantias dos idosos no Brasil. C) O estatuto foi criado devido a uma imposição da ONU, que determinou quais deveriam ser os direitos e as garantias dos idosos no Brasil. D) Profissionais da área dos estudos sobre o envelhecimento foram os únicos responsáveis pela construção dos artigos do Estatuto do Idoso, bem como pela determinação das necessidades da população idosa no Brasil. 2. QUAL OPÇÃO CORRESPONDE AOS OBJETIVOS DAS DETERMINAÇÕES CONTIDAS NO ESTATUTO DO IDOSO? A) Responsabilizar exclusivamente a família pela condição de saúde das pessoas idosas. B) Regular e garantir os direitos inerentes à pessoa humana aos idosos. C) Conceder privilégios e tratamento diferenciado aos idosos que cumprem seus deveres civis. D) Incentivar denúncias, investigações e perseguição massiva aos serviços de saúde voltados aos idosos. GABARITO 1. Qual das opções melhor descreve o processo de construção do Estatuto do Idoso? A alternativa "C " está correta. A discussão passa por perceber como é criado o estatuto, diferente de outras leis. Sem lidar com aspectos específicos, mas com o entendimento do idoso pelo todo, valeu-se das opções propostas pela OMS, pela organização de congressos, pelo estudo de especialistas de pontos diversos do país, criando uma estrutura de política fundamental. 2. Qual opção corresponde aos objetivos das determinações contidas no Estatuto do Idoso? A alternativa "B " está correta. “Se os direitos humanos são para todos, para que precisamos de um estatuto específico para os idosos? Não basta realizar o que é regra para todos?”. Não! As excepcionalidades, diferenças, devem ser levadas em consideração. Direitos humanos são uma conquista histórica da humanidade, mas são um direcionador; precisam ser aplicados, adequados. O Estatuto do Idoso é, sim, um instrumento para fazer cumprir os direitos humanos, mas o foco está na especificidade do público. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Uma questão perpassou todo este tema: a noção de que a velhice é um fenômeno multifacetado e heterogêneo e que, quando pensamos em medidas que devem promover uma velhice saudável, é preciso considerar uma diversidade de aspectos físicos, sociais, emocionais e econômicos. Cada velhice tem sua própria trajetória, cada idoso terá necessidades específicas. Cabe ao profissional que trabalhará com pessoas idosas compreender que demandas são essas e direcionar o idoso para as possíveis alternativas que o levem ao desenvolvimento biopsicossocial de uma velhice satisfatória. Para que esse profissional tenha condições de realizar esse trabalho, é necessário conhecer as políticas públicas previstas e a rede de cuidado existente para idosos no Brasil. Aspectos Psiciológicos do Envelhecimento – Aula 2 MÓDULO 1 Compreender o conceito de envelhecimento saudável e seus desdobramentos MÓDULO 2 Identificar as políticas públicas brasileiras voltadas para a saúde emocional dos idosos MÓDULO 3 Analisar o Estatuto do Idoso e suas principais previsões no que tange a aspectos socioemocionais INTRODUÇÃO “ONIBUS ENTROU NA CASA HUMILDE E FOI APANHAR A VELHINHA DE 42 ANOS” (SIC). VOCÊ CONSEGUE IMAGINAR UMA REPORTAGEM COMO ESSA NOS DIAS DE HOJE? ALIÁS, VOCÊ SE CONSIDERARIA VELHO COM 42 ANOS? PROBLEMAS E SOLUÇÕES É IMPOSSÍVEL TRATAR OS IDOSOS COMO SE NÃO FOSSEM PARTE IMPORTANTE DA SOCIEDADE. PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL SEGUNDO A ONU O QUE PODE SER CONSIDERADO UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL OU UM BOM ENVELHECIMENTO? JÁ PAROU PARA PENSAR NISSO? SAÚDE, ALIMENTAÇÃO, FAMÍLIA, AMIZADE, FELICIDADE, PAZ, RESPEITO, QUESTÃO FINANCEIRA, CONVIVÊNCIA ENTRE GERAÇÕES, CONFORMAÇÃO, SENTIR-SE BEM CONSIGO MESMO, TER UMA RELIGIÃO, PASSEAR, NÃO SE PREOCUPAR, FAZER O BEM, SE DAR BEM COM TODOS, LEITURA, VESTUÁR... ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL PODE SER ENTENDIDO COMO UM CONJUNTO DE PRÁTICAS RECOMENDADAS POR ESPECIALISTAS SOBRE ALIMENTAÇÃO, PRÁTICA DE EXERCÍCIOS, ENGAJAMENTO SOCIAL E ESTILO DE VIDA, TENDO COMO OBJETIVO O DESENVOLVIMENTO BIOLÓGICO, PSICOLÓGICO E SOCIAL... ATENÇÃO APROXIMANDO-SE DA QUESTÃO – CRIANDO UMA SITUAÇÃO-PROBLEMA DICA! A IMPOSIÇÃO DE DETERMINADO RECURSO PARA O IDOSO PODE RESULTAR EM ABANDONO DO SERVIÇO E EM RETROCESSO DO SEU PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO BIOPSICOSSOCIAL. VOCÊ SABIA? AS TRAJETÓRIAS DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E O QUE PODE SER FEITO PARA MELHORÁ-LAS. A PROMOÇÃO DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL EXIGIRÁ UMA COMPREENSÃO MUITO MELHOR DE TRAJETÓRIAS COMUNS DA CAPACIDADE INTRÍNSECA E DA CAPACIDADE FUNCIONAL, SEUS DETERMINANTES ... IDENTIFICAR O ALCANCE E OS TIPOS DE TRAJETÓRIAS DA CAPACIDADE INTRÍNSECA E DA CAPACIDADE FUNCIONAL E SEUS DETERMINANTES EM DIFERENTES POPULAÇÕES. QUANTIFICAR O IMPACTO DOS CUIDADOS COM A SAÚDE, CUIDADO DE LONGO PRAZO E INTERVENÇÕES AMBIENTAIS NAS TRAJETÓRIAS DO ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL E IDENTIFICAR OS CAMINHOS PELOS QUAIS OPERAM. ATENÇÃO ! FORMAÇÃO DE REDE DE CUIDADO PARA OS IDOSOS ATENÇÃO! VAMOS REVER NOSSO CAMINHO ATÉ AQUI? 1. MARQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA A DEFINIÇÃO DE ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL SEGUNDO A OMS. 2. MARQUE A ALTERNATIVA QUE APRESENTA UMA AFIRMATIVA CORRETA SOBRE OS SERVIÇOS DE CUIDADO ÀS PESSOAS IDOSAS. "VIVER É ENVELHECER, NADA MAIS." PORTANTO, O FENÔMENO DA VELHICE ESTÁ RELACIONADO A MUITOS FATORES, E NÃO APENAS AOS BIOLÓGICOS. A PRÁTICA DE CUIDADOS ÀS PESSOAS IDOSAS EXIGE ABORDAGEM GLOBAL, INTERDISCIPLINAR E MULTIDIMENSIONAL, QUE LEVE EM CONTA A GRANDE INTERAÇÃO ENTRE OS FATORES FÍSICOS, PSICOLÓGICOS E SOCIAIS QUE INFLUENCIAM A SAÚDE DOS IDOSOS E A IMPORTÂNCIA DO AMBIENTE N... ATENÇÃO! CONHECER ESSAS REDES DE ATENDIMENTO É FUNDAMENTAL PARA O PROFISSIONAL QUE DESEJA BUSCAR ALTERNATIVAS PARA A CONSTRUÇÃO DE UM ENVELHECIMENTO SAUDÁVEL. NESTE VÍDEO, CONHECEREMOS MAIS DETALHES SOBRE ESSES ESPAÇOS DE ACOLHIMENTO AO IDOSO. DA EDUCAÇÃO, CULTURA, DO ESPORTE E LAZER ATENÇÃO VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. PARA LOCALIZAR UMA QUESTÃO, PRECISAMOS RECONHECER O SEU “ESTADO DA ARTE” E SUAS RELAÇÕES POLÍTICAS E SOCIAIS. QUAL OPÇÃO EXPLICA O CONCEITO DE SAÚDE PARA OS IDOSOS SEGUNDO A POLÍTICA NACIONAL DE SAÚDE DA PESSOA IDOSA (PORTARIA Nº 2.528, DE 19 DE OU... 2. QUE OPÇÃO APRESENTA A EXPLICAÇÃO MAIS ADEQUADA SOBRE A LOCALIZAÇÃO DE MÚLTIPLOS ASPECTOS QUE DEVEM SER LEVADOS EM CONSIDERAÇÃO PARA A PROMOÇÃO DA SAÚDE PSICOEMOCIONAL DA POPULAÇÃO IDOSA? AGORA, NÓS NOS DEDICAREMOS A CONHECER O ESTATUTO DO IDOSO. LEI ORGÂNICA DA ASSISTÊNCIA SOCIAL ATENÇÃO! A PARTICIPAÇÃO DA SOCIEDADE NESSE PROCESSO DE CONSTRUÇÃO COLETIVA E A CONFORMIDADE COM AS ORIENTAÇÕES DA OMS FIZERAM COM QUE O ESTATUTO PASSASSE A SER RECONHECIDO COMO A PRINCIPAL E MAIS IMPORTANTE LEI BRASILEIRA DE GARANTIA DOS DIREITOS AOS IDOSOS. ASPECTOS SOCIAIS E EMOCIONAIS ASPECTOS SOCIOEMOCIONAIS: ASPECTOS SOCIAIS ASPECTOS EMOCIONAIS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES DIREITOS FUNDAMENTAIS 1 Obrigar o Estado a garantir proteção à vida e à saúde da pessoa idosa, através de políticas públicas que permitam um envelhecimento saudável e em condições de dignidade. 2 Assegurar liberdade, respeito e dignidade aos idosos; incluindo o direito à inviolabilidade de sua integridade física, psíquica, moral, preservaçãode sua imagem, identidade, autonomia, valores, ideias, crenças, espaços e objetos pessoais. 3 Assegurar a atenção integral à saúde do idoso, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), para prevenção, promoção e proteção à sua saúde. 5 Promover treinamento e capacitação dos profissionais de saúde e cuidadores, atendendo às necessidades dos idosos. 6 Garantir acesso à educação, cultura, ao esporte, lazer, às diversões, aos espetáculos, produtos e serviços. 7 Inserir nos currículos de ensino formal conteúdos sobre o processo de envelhecimento, respeito e valorização do idoso, combatendo o preconceito contra os idosos. 8 Manter espaços nos meios de comunicação, com finalidade informativa e educativa, artística e cultural, sobre o processo de envelhecimento. 9 Prestar assistência social aos idosos de forma articulada com a Lei Orgânica de Assistência Social, a Política Nacional do Idoso e o SUS. 10 Garantir o direito à moradia digna do idoso, com a família ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou em instituição pública ou privada. 11 Assegurar a gratuidade nos transportes coletivos públicos aos maiores de 65 (sessenta e cinco anos). ATENÇÃO COMO PROCEDER DIANTE DE UMA SITUAÇÃO DE VIOLAÇÃO AOS DIREITOS DOS IDOSOS? O QUE FAZER DIANTE DE UMA SITUAÇÃO COMO ESSA? A QUEM RECORRER? COMO DENUNCIAR A NEGLIGÊNCIA DE UMA INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA? PARA AS ENTIDADES GOVERNAMENTAIS PARA AS ENTIDADES NÃO GOVERNAMENTAIS 1. QUAL DAS OPÇÕES MELHOR DESCREVE O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DO ESTATUTO DO IDOSO? 2. QUAL OPÇÃO CORRESPONDE AOS OBJETIVOS DAS DETERMINAÇÕES CONTIDAS NO ESTATUTO DO IDOSO?
Compartilhar