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Fisioterapia em Traumatoortopedia - Tema 2 - Lesões de tecidos moles

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DESCRIÇÃO
As lesões de estruturas do tecido conjuntivo musculoesquelético e sua interpretação
diagnóstica para o processo de reabilitação funcional.
PROPÓSITO
Conhecer os mecanismos de lesões que levam a entidades patológicas dos tecidos moles,
suas consequências e agravos, auxiliando na avaliação e no tratamento de desordens que
frequentemente estão presentes na prática clínica, norteando os profissionais de saúde afins,
para a realização de uma terapêutica mais eficaz.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever as principais lesões que afetam os tecidos moles
MÓDULO 2
Identificar os mecanismos mais comuns de lesões dos tecidos moles
MÓDULO 3
Formular um plano de tratamento fisioterapêutico para as lesões que mais acometem os
tecidos moles
INTRODUÇÃO
Os tecidos moles constituem aproximadamente metade do peso corporal nos seres humanos
adultos. Diversas estruturas histológicas compõem esses tecidos, por exemplo: os ligamentos,
as cartilagens, as cápsulas articulares, os meniscos, as bursas e as fáscias. Lesões dessas
estruturas são bastante frequentes na prática clínica, oriundas de traumas, doenças
reumáticas, e síndromes específicas e inespecíficas. Os mecanismos de lesão e os processos
fisiopatológicos ocorridos no acometimento das estruturas supracitadas são variáveis, estando
comumente presentes em situações que envolvem a prática desportiva, as atividades
profissionais e as atividades de vida diária em geral.
A importância do conhecimento das estruturas anátomo-histológicas e das circunstâncias que
envolvem o momento de instalação do dano tecidual são de enorme valia para o entendimento
do curso da lesão e para a criação de um programa de tratamento específico e eficaz. Durante
a leitura a seguir, você perceberá a diferença dos diversos tipos de lesão dos tecidos moles, a
partir do seu conceito e descrição, entendendo os diferentes mecanismos de lesão que
ocorrem em processos patológicos relacionados às estruturas envolvidas. De posse desse
conhecimento, você saberá estruturar um programa de tratamento fisioterapêutico diferenciado
e eficaz. Vamos lá!
MÓDULO 1
 Descrever as principais lesões que afetam os tecidos moles
CONCEITO DE LESÃO DOS TECIDOS
MOLES
As estruturas que estabilizam estaticamente uma articulação são:
Ligamentos
Cápsulas articulares
As cartilagens articulares têm principalmente a função de sustentação e proteção
articular, sendo que esta última propriedade também é dada pelos meniscos e pelas
bursas (bolsas sinoviais) nas regiões onde se fazem presentes. As fáscias apresentam
um papel diferenciado nas ações musculares.
Veremos a seguir as características dos principais processos patológicos que ocorrem nessas
estruturas, enfatizando alguns detalhes em sua descrição.
LESÕES LIGAMENTARES
Os ligamentos são estruturas que estabilizam estaticamente as articulações, enquanto os
músculos são os estabilizadores dinâmicos. Por conseguinte, desequilíbrios musculares podem
levar a lesões ligamentares. Comumente, as lesões ligamentares são de origem traumática,
embora nem todas possam ser classificadas dessa maneira. Os mecanismos ligados às lesões
de ligamentos são variáveis. As lesões ligamentares mais observadas clinicamente e
normalmente descritas na literatura acometem:
Articulação do joelho
Articulação do tornozelo
Articulação do ombro
Articulação do cotovelo
Nas imagens abaixo, estão os ligamentos mais acometidos nas lesões destas articulações.
Ligamentos e outras estruturas da articulação do joelho.
Ligamentos da articulação do tornozelo.
Anatomia dos ligamentos do ombro.
Ligamentos da Articulação do cotovelo.
ARTICULAÇÕES LIGAMENTOS
JOELHO Ligamento cruzado anterior, ligamento cruzado posterior,
ligamento colateral lateral e ligamento colateral medial
TORNOZELO
Ligamento talofibular anterior, ligamento calcaneofibular,
ligamento talofibular posterior, ligamento deltoide
OMBRO
Ligamentos glenoumerais (superior, médio e inferior e
anteroinferior) ligamento coracoumeral, Ligamentos
acromioclaviculares (superior, inferior, anterior e posterior),
ligamentos coracoclaviculares (conoide e trapezoide) e o
ligamento coracoacromial
COTOVELO
O complexo ligamentar colateral medial (banda anterior, banda
posterior e banda transversal) e complexo ligamentar colateral
lateral (ligamento colateral radial, ligamento anular e ligamento
lateral colateral ulnar)
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LESÕES CAPSULARES
A cápsula articular é uma dupla membrana que envolve e limita a articulação. Firmemente
aderida ao periósteo (tecido conjuntivo que envolve o osso), a cápsula é composta por tecido
fibroso em sua camada externa, sendo sua camada interna a membrana sinovial.
Ilustração de uma articulação mostrando algumas estruturas, incluindo a cápsula articular.
 Ilustração de uma articulação mostrando algumas estruturas, incluindo a cápsula articular.
As cápsulas articulares têm distribuição generalizada por todo o corpo (nas articulações
sinoviais). Porém, as lesões dessa estrutura são mais observadas na prática clínica nas
articulações:
Ombro
Quadril
Joelho
Cotovelo
Tornozelo
Punho
Embora nossa abordagem seja as lesões traumato-ortopédicas, as cápsulas articulares podem
estar envolvidas patologicamente nos distúrbios reumatológicos que afetam as
interfalangeanas distais e a coluna vertebral. Além das possíveis lesões por luxação e fraturas,
anormalidades da cápsula articular podem afetar a função articular e predispor a sequelas e
outros transtornos.
A lassidão capsular pode ser citada como exemplo, sendo uma das causas de luxação
congênita do quadril, instabilidades rotacionais da articulação do joelho e luxação recidivante
de ombro.
Podemos citar ainda a amplamente descrita síndrome do ombro congelado em razão da
também conhecida capsulite adesiva. O processo patológico ocorre após impacto traumático
ou imobilização articular. Com a evolução, pode haver espessamento capsular e aderência da
cápsula aos tecidos adjacentes, limitando os movimentos normais da articulação glenoumeral.
A capsulite adesiva, embora seja principalmente descrita nas lesões do ombro, também é
comum após lesão nas articulações do tornozelo, punho e quadril (RALPHS; BENJAMIM,
1994).
LESÕES CARTILAGINOSAS
As cartilagens estão localizadas nas superfícies articulares. Além de proporcionarem suporte
as articulações, conferem proteção e auxílio para os movimentos articulares. Por serem um
tecido que minimiza os atritos entre as superfícies ósseas, as cartilagens estão constantemente
sofrendo impactações e pressões sobre sua estrutura. Além de poderem estar lesadas nas
doenças reumatológicas, direta ou indiretamente, são motivos de lesões cartilaginosas,
traumas agudos e crônicos de intensidade variável. Vamos nos focar apenas nesta última
característica lesiva.
 ATENÇÃO
As lesões cartilaginosas comumente ocorrem por impactação aguda ou repetitiva, por entorses
ou luxações. Não raramente, a evolução é o desgaste cartilaginoso.
Três formas de lesões condrais e osteocondrais são identificadas a partir do dano tecidual e de
sua resposta regenerativa:
A lesão da superfície articular, sem ruptura mecânica, mas com danos condrais e do osso
subcondral (a cartilagem apresenta imagem semelhante à cartilagem normal).
A ruptura mecânica da superfície articular atingindo apenas a cartilagem articular.
A ruptura mecânica da cartilagem articular e do osso subcondral.
De acordo com esses danos cartilaginosos, foi proposta uma classificação baseada nas
características macroscópicas, graduando a lesão das cartilagens articulares em 4 graus
(OUTERBRIDGE, 1961). Na tabela abaixo, podemos conferir essa graduação.
CARACTERÍSTICAS DA
CARTILAGEM
GRAU CARACTERÍSTICA DA LESÃO
NORMAL 0 -
QUASE NORMAL
1a
1b
Lesões superficiais/amolecimento
1a e/ou fissuras ou fendas superficiais
ANORMAL 2 Extensão < 50% de espessura
LESÃO GRAVE
3a
3b
3c
3d
Extensão > 50%
Até a camada calcificada
Até a superfície do osso subcondral (sem
penetração)
Inclui abaulamento da cartilagem ao redor
da lesão
LESÃO MUITO GRAVE
4a
4b
Penetração do osso subcondral, mas não
no diâmetro total do defeito
Penetração em todo o diâmetro do defeito
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LESÕES MENISCAIS
É muito comum nos ambulatórios de serviços traumato-ortopédicos a entrada de pacientes
com lesões traumáticas de joelho. O joelho é uma articulação relativamente desprotegida ao
trauma, que é constantemente submetida a esforços excessivos. Por suportar o peso corporal
e ser localizado entre duas articulações móveis, o tornozelo e o quadril, o joelho é submetido a
forças de torsão, que sobrecarregam os ligamentos e, principalmente, os meniscos, podendo
levar a lesões extremamente incapacitantes.
O joelho é um “servo” relativamente estático, entre duas articulações dinâmicas.
As lesões meniscais podem ser tratadas de forma conservadora, mas quando a lesão tem um
certo caráter de gravidade, o tratamento é cirúrgico. Os meniscos são estruturas
fibrocartilaginosas, que recobrem as porções periféricas do platô tibial interno e externo.
 Meniscos: medial e lateral, normais.
Os mecanismos de lesão, em quase toda a sua totalidade, são as entorses de joelho (ver
módulo 2, entorse de joelho). As lesões de meniscos possuem as seguintes classificações:
 Tipos de Lesão Meniscal: A – Transversa B – Horizontal C – Longitudinal D – Oblíqua.
No quadro abaixo, identificaremos o tipo de lesão meniscal e algumas de suas características.
TIPO DE LESÃO
DO MENISCO
PRINCIPAL CARACTERÍSTICA DA LESÃO
TRANSVERSA
Mais comum no 1/3 médio dos meniscos. Predomina no
menisco externo e comumente não causa bloqueios articulares.
HORIZONTAL
Divide o menisco em duas camadas. Frequentemente,
ocasiona uma “aba” que se interpõe entre a tíbia e o fêmur.
Pode ou não ocorrer bloqueio articulares.
LONGITUDINAL
Produz fragmentos que podem alcançar toda a extensão do
menisco. Esses fragmentos podem ficar presos ou se
deslocarem para a região central do joelho, causando bloqueios
articulares.
OBLÍQUA
É a lesão meniscal mais comum. Ocorre, geralmente, na junção
do 1/3 médio com o posterior do menisco. Devido às extensões
e flexões realizadas com o joelho, ocorre evolução progressiva
da lesão culminando em um bloqueio articular da extensão
dessa articulação.
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Em todas as situações descritas acima, o paciente apresentará dor, derrame articular,
inflamação do líquido sinovial e sensação de falseios (o joelho “falha” em manter a extensão
durante a deambulação).
LESÕES DAS FÁSCIAS MUSCULARES
As fáscias têm sido definidas como uma camada de tecido conjuntivo, organizada em forma de
rede tridimensional que recobre, oferece suporte, suspende, oferece proteção, conecta e
separa componentes viscerais, esqueléticos e musculares do corpo humano.
 Sistema Miofascial – A imagem mostra as fáscias (estrutura esbranquiçada) em regiões
distintas do corpo.
 ATENÇÃO
Essa estrutura é composta de fibras colágenas que interagem com os músculos e com
elementos teciduais de nosso interesse neste estudo, como: cápsulas articulares, tecido
conjuntivo intramuscular, ligamentos e tendões.
Em adicional às suas funções, ela também oferece lubrificação e nutrição, permitindo o
deslizamento dos músculos. Com respeito a essas funções e observando a sua arquitetura
(atente para a imagem acima), o sistema miofascial, quando lesado, é uma das causas mais
comuns de dor musculoesquelética, gerando inúmeras incapacidades funcionais, a bem
conhecida síndrome miofascial. Sobretudo, as lesões das fáscias musculares advêm,
principalmente, de esforços repetitivos e variáveis eventos traumáticos musculares.
Destacaremos aqui as lesões inflamatórias de fáscias com maior importância clínica:
Fascite plantar
Contratura de Dupuytren (que acomete a fáscia palmar)
Síndrome da banda iliotibial
FASCITE PLANTAR
A fascite plantar é uma afecção comum nos atendimentos em ambulatórios e clínicas traumato-
ortopédicas. Trata-se de uma síndrome degenerativa oriunda de traumas repetitivos, de
pequena intensidade, com origem na tuberosidade medial do calcâneo (a etiologia pode advir a
partir da lesão da fáscia plantar por osteófito localizado no calcâneo, conhecido vulgarmente
como esporão de calcâneo) ou diretamente na fáscia plantar.
 Fáscia plantar mostrando em vermelho o local de possíveis lesões por microtraumatismos.
Normalmente, os microtraumatismos repetitivos levam à tração da fáscia plantar, no local onde
ela se insere no calcâneo. Depois de seguidos traumas por algum tempo, ocorre a ruptura
parcial da aponeurose plantar. Esses transtornos levam à dor localizada nas estruturas
acometidas que comumente surgem pela manhã, quando o paciente coloca os pés no chão, e
se estendem durante o dia.
FASCITE PALMAR
As fascites palmares são condições clínicas não muito raras, onde os pacientes desenvolvem
contraturas, em geral, rapidamente progressivas, em uma ou nas duas mãos.
O processo patológico mais referido na literatura é a de uma fibromatose de caráter
benigno que afeta a fáscia palmar e digital, denominada contratura ou síndrome de
Dupuytren.
 Formação nodular e em cordas na fáscia palmar durante a evolução da contratura de
Dupuytren.
Essa doença inicialmente cursa com uma formação nodular palpável, evoluindo para formação
de cordões que resultam em contratura nas seguintes regiões: interdigitais associadas à
deformidade em flexão das metacarpofalangeanas, interfalangianas proximais e, mais
raramente, interfalangianas distais.
A etiologia está ligada a uma série de condições patológicas, onde se destacam os
microtraumas por repetição, a presença de diabetes mellitus, etilismo crônico e tabagismo. As
características limitantes da contratura de Dipuytren são: dores nas mãos e/ou nas articulações
falangeanas comprometidas e contratura dos flexores dos dedos da mão.
 Uma das principais sequelas limitantes da síndrome de Dupuytren.
SÍNDROME DA BANDA ILIOTIBIAL
A banda iliotibial é uma fáscia espessa localizada na região lateral da coxa.
 Banda iliotibial, marcada com um círculo vermelho, para melhor identificação.
Essa banda, também conhecida como trato iliotibial, é um espessamento lateral do músculo
tensor da fáscia lata. A banda iliotibial tem sido descrita como uma das importantes estruturas
que participam da estabilidade da articulação tibiofemoral e femoropatelar (COHEN et al.,
2002).
 SAIBA MAIS
Por apresentar essa interrelação com o joelho e a patela, ela vem sendo recentemente
considerada como a segunda lesão mais comum entre corredores de elite e corredores em
geral, sendo denominada como síndrome da banda iliotibial (BAKER et al., 2011).
Essa síndrome também acomete pessoas que praticam atividades físicas de diversas
modalidades, onde ocorrem flexões e extensões repetidas da articulação do joelho.
Clinicamente, os pacientes apresentam dor na face lateral do joelho, mas pode ocorrer essa
mesma sintomatologia no tubérculo do ilíaco, localizado na região posterior e inferior da
espinha ilíaca anterosuperior.
LESÕES DAS BOLSAS SINOVIAIS
Bolsas sinoviais ou bursas são sacos de pequeno tamanho, revestidos com membrana sinovial
e preenchidos por líquido sinovial, com a função principal de coxins protetores entre as
estruturas que os separam.
As bursas estão presentes por todo o corpo (existem mais de 150 bursas no corpo humano),
principalmente, interpondo-se entre os ossos e tendões. A bursite é a mais comum lesão das
bursas em articulações bem utilizadas nas atividades de vida diária.
 Bursites: no quadril, joelho e ombro.
Por apresentar distribuição generalizada por todo o corpo, trataremos das informações
relacionadas à bursite de uma forma pouco dirigida a específicas articulações. No quadro
abaixo, poderemos ver algumas articulações comumente acometidas
pela bursite e algumas de
suas características e seus principais sintomas. Após observarmos este quadro, daremos
continuidade às características gerais das inflamações das bolsas sinoviais.
ARTICULAÇÕES
COMUMENTE
ACOMETIDAS PELA
BURSITES
PRINCIPAIS SINTOMAS
Ombro
Dor subacromial, edema e impossibilidade dos
movimentos articulares de formal geral. Normalmente, o
quadro é referido como “síndrome do impacto”.
Joelho
Dor pré, supra ou infrapatelar e aos movimentos de
flexão e extensão do joelho, além de edema local. O
quadro álgico pode ser difuso dependendo do nível de
lesão.
Quadril Dor em nível do trocanter femoral (face lateral do
quadril), podendo irradiar-se para a região glútea, região
inguinal e região lombar. Os sintomas se tornam mais
exacerbados durante a caminhada, ao subir escadas ou
passar da posição sentada para a de pé.
Cotovelo
Dor em nível do olecrano, rubor (vermelhidão) e edema
nesse local. É a mais comum, das bursites superficiais.
Embora seja de fácil diagnóstico clínico, sua etiologia
pode ser difícil de ser determinada.
Tornozelo
Dor no calcâneo, comumente retrocalcânea, identificada
na parte superior do tendão de Aquiles, limitando os
movimentos da articulação do tornozelo. O tendão de
Aquiles pode estar envolvido gravemente em alguns
casos (Síndrome de Haglund).
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Analisando de forma genérica as bursas presentes em nosso corpo, podemos identificar muitas
causas de bursite, por exemplo: lesão por uso excessivo (overuse injury), doenças infecciosas,
traumas e distúrbios inflamatórios. Os sintomas gerais em todas as regiões acometidas são:
dor, edema e limitação aos movimentos.
CONCEITUAÇÃO E DESCRIÇÃO DAS
PRINCIPAIS LESÕES DE TECIDOS MOLES –
UMA ABORDAGEM DA PRÁTICA CLÍNICA
O especialista Cosme José Vieira Machado fala de forma geral e resumida sobre as principais
características das estruturas que comumente são lesadas. Seguindo, tratará os conceitos e
descrições de algumas lesões de tecidos moles mais comuns nos atendimentos clínico-
ambulatoriais.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 2
 Identificar os mecanismos mais comuns de lesões dos tecidos moles
MECANISMOS DE LESÃO DOS TECIDOS
MOLES
A lesão de tecidos moles, decorrente de um trauma, acontece em razão do tipo de movimento
realizado durante uma ação corporal específica. Os mecanismos de lesão são diretamente
ligados ao movimento executado, à intensidade desse movimento e ao plano em que ele é
realizado. Entorses, luxações e distensões musculares são as mais frequentes lesões descritas
na literatura e habitualmente ocorrem por torções súbitas, trações, mudanças de direção,
quedas com apoio de membros inferiores ou superiores, alongamentos ou contrações
musculares de caráter excessivo. Entorses e luxações ocorrem com mecanismos de lesões em
cadeia cinética aberta ou fechada.
Um mecanismo de lesão em cadeia cinética fechada ocorre quando o segmento distal à lesão
está fixado ou apoiado em alguma superfície (solo, parede).

As lesões em cadeia cinética aberta acontecem quando o segmento distal à lesão está
livremente se movimentando no espaço.
Conhecer os mecanismos de lesão de um processo traumático é de grande valia para o
diagnóstico, a identificação da estrutura anatômica atingida, o prognóstico e o plano de
tratamento adequado. Neste módulo, estudaremos os mecanismos de lesão das entorses,
luxação e distensão musculares, abordando alguns músculos e articulações.
ENTORSE
A entorse resulta de uma torção ou de um excessivo alongamento articular, com consequente
estiramento ligamentar, ruptura ou separação do local de fixação do ligamento com a sua
superfície óssea.
 ATENÇÃO
As entorses podem levar a lesões ligamentares graves de específicas articulações, como
também a danos capsulares, cartilaginosos e da membrana sinovial.
Dependendo de sua gravidade, as entorses podem apresentar 3 tipos de graus:
 Graus de lesão ligamentar.
Na entorse de primeiro grau, onde somente algumas fibras ligamentares são rompidas, pode
existir a ocorrência de edema mínimo e movimentos articulares ainda preservados.
Na entorse de segundo grau, haverá rompimento ligamentar parcial, edema um pouco mais
pronunciado, dor e incapacidade funcional, com pequena limitação dos movimentos. Porém,
não há movimento anormal da articulação.
Na entorse de terceiro grau, há ruptura total do ligamento, edema severo, incapacidade
funcional e movimentação articular anormalmente visível.
Alguns tipos de entorses são raros, sendo outros mais comuns. Abordaremos as entorses
articulares mais comuns e seus mecanismos de lesão.
ENTORSE DE TORNOZELO
É considerada a entorse articular mais comum e frequente. Os mecanismos de lesão incluem
inversão e eversão do tornozelo e movimentos rotacionais do corpo, frequentemente estando
os pés apoiados no solo.
 Mecanismo de lesão das entorses de tornozelo. 1 - Inversão 2 - Eversão 3 - Rotação.
Situações que exijam dorsiflexão e flexão plantar, embora menos comuns, também podem ser
incluídas. No entanto, as entorses por inversão do pé são as mais comuns. O ligamento
talofibular anterior impede o deslocamento anterior, a rotação interna e a inversão do talus,
sendo, por isso, o mais frequentemente lesado nas entorses de tornozelo por inversão. O
ligamento deltoide é lesado em eversão.
A posição do pé, durante o processo que desencadeará a entorse, pode levar a lesões
ligamentares graves e à fratura maleolar.
 VOCÊ SABIA
Os maiores grupos de riscos para entorses de tornozelos são as crianças, por sua fragilidade
ligamentar, e os atletas, por realizarem grandes variedades e intensidades de movimentos,
principalmente de mudança de direção, em suas atividades desportivas.
Com o intuito de melhor fixação entre os mecanismos de lesão na entorse de tornozelo, os
movimentos que as produzem e as respectivas lesões ligamentares, observe o quadro abaixo
para simplificar esta relação.
Mecanismos de lesão e
movimentos que a causam
Ligamentos afetados
Inversão forçada, com flexão
plantar
Talofibular anterior (principalmente),
calcaneofibular, e talofibular posterior
Eversão com abdução do pé Deltoide
Rotação interna da tíbia, com
eversão e dorsiflexão
Tibiofibular anterior e tibiofibular posterior
Flexão plantar extrema Talofibular posterior
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ENTORSE DE JOELHO
As entorses de joelho são traumatismos bastante comuns e podem levar principalmente a
lesões ligamentares e meniscais, originando instabilidades nessa articulação. Os mecanismos
de lesão mais frequentes são em cadeia cinética fechada. Além das estruturas já citadas, as
cartilagens e cápsulas articulares apresentam probabilidade de lesão.
O ligamento cruzado anterior é o mais lesado nas entorses de joelho.

Em conjunto com o ligamento cruzado posterior, limita primariamente o movimento de
translação anterior da tíbia sobre o côndilo femoral e controla a rotação da tíbia.

Portanto, o cruzado posterior também pode ser lesado em movimentos rotacionais.
Isso, contudo, não quer dizer que os ligamentos colaterais medial e lateral não sejam incluídos
nesse mecanismo de lesão. Nas lesões ligamentares do joelho podem ocorrer estiramentos ou
rupturas incompletas apenas. Porém, não é raro a presença de rupturas completas, dos
ligamentos medial e lateral (com ou sem ruptura dos ligamentos cruzados) ou dos ligamentos
cruzados isoladamente.
O mecanismo habitual de lesão dos ligamentos colateral medial e lateral ocorre por forças de
tensões provocadas na tíbia sobre o fêmur (esforços em valgo, para o medial e em varo para o
lateral), sendo que, no caso do colateral lateral, essa força é mais intensa. O ligamento cruzado
anterior é lesado quando forças rotacionais e de desaceleração atuam na articulação
tibiofemoral, rodando-a ou em combinação com um movimento de hiperextensão. O ligamento
posterior é lesado por
uma força agindo posteriormente na extremidade superior da tíbia.
 Mecanismos de lesão ligamentar. Acompanhar descrição no texto.
O quadro abaixo apresenta de forma simplificada os primários mecanismos de lesão ligamentar
do joelho e os respectivos ligamentos que podem ser lesados.
Mecanismos de lesão ligamentar Ligamentos lesados
- Rotação do corpo para o lado oposto do pé de apoio
com rotação externa do membro inferior com o pé fixo
ao solo
Cruzado anterior (maior
incidência de lesão)
- Hiperextensão do joelho com o pé fixo ao solo ou com
o pé livre (“chute no ar”)
- Estresse em valgo com rotação interna ou externa da
articulação tibiofemoral
- Hiperextensão extrema do joelho
- Queda ao solo com o joelho fletido e pés em flexão
plantar
Cruzado posterior (pouca
incidência de lesão)
- Estresse em valgo (tensão na face lateral do joelho
forçando-o para dentro)
Colateral Medial
- Estresse em varo (tensão na face medial do joelho
forçando-o para fora)
Colateral lateral
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As lesões meniscais por entorse de joelho são também muito frequentes e podem ocorrer com
ou sem lesões ligamentares. O menisco medial é principalmente lesado, com incidência maior
do que o menisco lateral. Isso se justifica pelo fato de o menisco medial ser, fisiologicamente,
menos móvel que o lateral.
Os meniscos são estabilizadores secundários da articulação do joelho, portanto, levam a
instabilidades significativas dessa articulação. O mecanismo de lesão meniscal é, na sua
grande totalidade, ligado ao movimento rotacional do joelho.
 Mecanismo rotacional comum nas lesões de meniscos.
Um pouco diferente das lesões ligamentares por entorse, a lesão do menisco exige um
movimento de flexo-extensão do joelho:
Durante o movimento de flexão e extensão, ocorre movimentos meniscais para frente e para
trás.
 
O movimento de rotação interna do joelho, na posição de flexão, conduz o menisco medial para
o centro da articulação.
 
Uma súbita extensão do joelho pode pinçar o corno posterior desse menisco e produzir sua
ruptura o outro tipo de lesão.
 
No caso do menisco lateral, podemos pensar no mesmo mecanismo descrito acima, no entanto
o movimento rotacional produzido é a rotação externa.
Os tipos de lesões de menisco já foram descritos anteriormente no módulo 1. O quadro abaixo
simplifica os mecanismos de lesão dos meniscos.
Mecanismos de lesão meniscal
Menisco
lesado
Rotação interna e flexão, seguida de extensão rápida do joelho, com
os pés fixos no solo.
Menisco
medial
Rotação externa e flexão, seguida de extensão rápida do joelho,
com os pés fixos no solo.
Menisco
lateral
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LUXAÇÃO
A luxação pode ser definida como a perda de congruência articular entre as superfícies que
compõem uma articulação (processos intermediários, são definidos como subluxação).
Etiologicamente, ela pode ser:
Traumática
Congênita
Patológica
Na verdade, a grande maioria das articulações do nosso corpo pode ser luxada. A literatura é
vasta quanto à descrição de diversos tipos de articulações em que ocorre luxação. Em nosso
estudo, vamos abordar as luxações de ombro, cotovelo, joelho (articulação femoropatelar)
e quadril, uma vez que essas são as mais presentes em pacientes atendidos nas clínicas
ambulatoriais.
 ATENÇÃO
O deslocamento traumático de uma articulação é a causa mais observada para a origem das
luxações. Esse deslocamento é facilitado onde as articulações apresentam grande amplitude
de movimento e/ou suas superfícies articulares são mais planas. Em geral, ligamentos,
músculos e cápsulas articulares são frequentemente acometidos.
Os mecanismos de lesão das luxações estão relacionados a falhas de tensão dos
estabilizadores dinâmicos (músculos) e à movimentação além dos limites fisiológicos
articulares. Associada a um trauma externo de caráter rotacional, uma superfície articular é
impulsionada em um determinado sentido, enquanto a outra se mantém em posição normal.
Tipicamente, haverá súbito quadro álgico e bloqueio do movimento, quer pela contratura
reflexa que ocorre no momento do trauma, quer pela perda de contato entre as superfícies
ósseas.

A dor e a perda de mobilidade articular não podem ser pré-requisitos para o diagnóstico
diferencial entre as luxações e as fraturas (fato que, muitas vezes, pode ser pensar em crer), já
que ambos os sintomas são comuns aos dois casos patológicos.
Dados radiológicos são bastante importantes, ainda que se tenha muita certeza que ocorreu
uma luxação. Um exame de raios X de rotina deve ser realizado para identificar o tipo de
desvio e afastar ou não a possibilidade de presença também de fratura, ou seja, uma fratura-
luxação.

LUXAÇÃO DE OMBRO
A articulação glenoumeral é composta de uma superfície rasa (tipo bola e soquete), que
propicia uma grande amplitude aos movimentos do ombro. Não obstante, apresenta todos os
pré-requisitos para ser uma das mais frequentes, se não a mais frequente, articulação com
história de luxação.
 Anatomia da articulação do ombro.
A articulação do ombro, para sua estabilidade, requer um sincronismo de alto nível entre seus
músculos e as articulações esternoclaviculares, acromioclaviculares, glenoumerais e escapulo-
dorsais. O mecanismo de lesão mais provável das luxações de ombro é um trauma indireto
com o ombro forçado em abdução, extensão e rotação externa. Pode também acontecer a
partir de uma queda com o braço em flexão e adução.
Praticamente, pode haver dois tipos de lesões:
Anterior
Mais comum, sendo o mecanismo de lesão, por exemplo, uma queda com a mão espalmada
ou uma queda sobre o próprio ombro.

Posterior
Quando ocorre um trauma direto na face anterior do ombro, deslocando a cabeça do úmero
para trás.
LUXAÇÃO DE COTOVELO
As luxações de cotovelo são em ordem a segunda mais frequente luxação articular de membro
superior. São classificadas em simples ou complexas. A luxação de cotovelo simples é a mais
habitual, representado cerca de 74% dos casos (REZAIE et al., 2020). Desse percentual, a
articulação do cotovelo mais afetada é a úmero-ulnar. Alguns mecanismos de lesão são
sugeridos na literatura, como o direcionamento de carga para o antebraço, estando o cotovelo
fletido, ou sobre a mão, onde o cotovelo estaria estendido. Ambos em cadeia cinética fechada.
Outro mecanismo proposto e mais complexo seria uma queda onde ocorresse hiperextensão
do cotovelo em valgo, com o antebraço em pronação e o ombro em abdução.
 Imagem radiológica de luxação posterior do cotovelo.
LUXAÇÃO DE JOELHO (ARTICULAÇÃO
FEMOROPATELAR)
 Luxação medial da patela.
A luxação da patela é um quadro bem observado nas clínicas de traumatologia e ortopedia. É
uma lesão vista em muitos atletas de diversas modalidades desportivas, principalmente no
futebol e voleibol. A entorse de joelho sem contato, em flexão e com a articulação em valgo (ver
mecanismo de lesão das entorses de joelho) é o principal mecanismo de luxação patelar em
93% de todos os casos (DUTHON, 2015).
Quando aguda, é considerada pouco frequente, no entanto, na realidade, essa luxação é
quase sempre subdiagnosticada. O fator responsável por essa afirmativa se baseia na
premissa de que algumas luxações patelares são reduzidas espontaneamente, tornando o
diagnóstico difícil depois de algum tempo. Sobre os mecanismos de lesão aguda nas luxações
da patela, podemos destacar: a rotação do fêmur internamente com o pé fixado, juntamente
com a contração do quadríceps (que é súbita nesta ocasião, um trauma direto), levando a um
posicionamento em valgo do joelho ou um trauma na face medial da patela, deslocando-a.
LUXAÇÃO DO QUADRIL
As luxações da articulação do quadril são raras quando as confrontamos com as luxações já
estudadas neste módulo. No entanto, são as mais observadas em acidentes automobilísticos.
Portanto, serão abordadas aqui por serem um
problema de saúde pública, além de sua
incidência vir aumentando no decorrer dos anos (GIORDANO, 2003).
A estabilidade da articulação do quadril depende da sua arquitetura óssea e dos tecidos moles
que a compõe. Traumas de alta intensidade são os eventos capazes de desestabilizá-la. A
luxação da articulação coxofemoral ocorre quando há perda de contato entre as superfícies
articulares, levando à incongruência entre o trocanter femoral e o acetábulo.
 Luxação posterior de quadril.
O quadro clínico além da dor, obviamente presente, pode estar associado à lesão do nervo
ciático e a fraturas geralmente relacionadas à direção na qual o trauma ocorreu. O mecanismo
de luxação do quadril mais descrito na literatura está relacionado a uma força anterior aplicada
contra o joelho fletido e o quadril flexionado, aduzido e rodado internamente. A força é
transmitida através do fêmur e faz com que a cabeça femoral se desloque. Outro mecanismo
de luxação é a queda de determinada altura. Nessas situações, o que determina se ocorrerá
luxação ou fratura é a intensidade do trauma, sua direção e o posicionamento em que se
encontra a articulação coxofemoral.
Observe, agora, um resumo dos principais mecanismos das luxações articulares, descritas
neste módulo.
Mecanismos das Luxações Articulação
Queda com a mão espalmada, com ombro em abdução e rotação
externa, associada ao cotovelo em extensão.
Ombro
Queda com o cotovelo em extensão ou flexão.
Queda com a mão espalmada e com o cotovelo em hiperextensão,
com o antebraço em pronação e o ombro abduzido.
Cotovelo
Rotação interna do joelho com o pé fixo, estresse em valgo por
forças traumáticas (traumas indiretos), impacto direto sobre a região
medial da patela.
Femoropatelar
Trauma frontal na articulação do joelho, com o joelho em flexão,
quadril em flexão, em rotação interna e adução (pancada da parte
anterior do joelho no painel do carro em um acidente
automobilístico).
Queda de determinada altura, de costas, com impacto primário da
face posterior do quadril.
Quadril
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
DISTENSÃO MUSCULAR
A distensão muscular é caracterizada por lesões das fibras musculares de forma direta ou
indireta. Ela decorre do estresse (alongamento) excessivo ou esforço exagerado,
principalmente, da musculatura estriada esquelética. Além da ruptura parcial ou completa de
algumas unidades miofibrilares, rupturas com essas características podem ocorrer na inserção
tendinosa no osso, na junção musculotendinosa ou no próprio tendão. Trata-se de uma afecção
traumática muito comum em desportistas de uma forma geral, atletas profissionais, praticantes
de atividade físicas e esportistas de fim de semana. Atinge também, muito frequentemente,
indivíduos sedentários.
As distensões por traumas diretos ocorrem quando o agente causador da lesão atinge
diretamente o músculo afetado. Um exemplo simples desse ocorrido pode ser visto em partidas
de futebol, quando o joelho de um atleta se choca com o músculo quadríceps do seu
adversário.


As distensões indiretas se dão quando o músculo se contrai súbita e intensamente contra
uma resistência imposta, por exemplo nas fases de arranque ou de frenagem de um indivíduo,
respectivamente, quando vai iniciar ou terminar uma corrida.
Para que seja avaliada sua gravidade, são propostos 3 tipos de distensão muscular, nivelados
em graus, compatíveis com a intensidade e a extensão da lesão.
Graus de distensão muscular
1 - Distensão no tendão
2 - Distensão das fibras musculares
3 - Distensão na junção músculo-tendinosa
Vamos conferir essa classificação no quadro abaixo:
GRAU Características da distensão muscular
Grau I Lesão leve – Bem comum. Ocorre estiramento, sem ruptura, de poucas
fibras musculares. A integridade do tecido muscular permanece inalterada.
Dor local que permite a realização de atividades, que costumeiramente
aparece quando o corpo “esfria”.
Grau
II
Lesão moderada - Uma maior quantidade de fibras dessa vez está rompida,
o que produz durante as atividades físicas o aparecimento de fisgadas no
local. A dor impede que a atividade física possa prosseguir.
Grau
III
Lesão grave – Ocorre rompimento total das fibras musculares. Edema e
hematoma podem ser observados, fato que não claramente ocorre nos
graus anteriores. Há grande dificuldade e, às vezes, impossibilidade de
movimentar a região afetada, por conta do intenso quadro álgico. O
tratamento pode ser cirúrgico. Das três classificações, essa é a menos
comum.
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DESCRIÇÃO DOS PRINCIPAIS
MECANISMOS DE LESÃO DE TECIDOS
MOLES E SUAS PRINCIPAIS
CARACTERÍSTICAS
O especialista Cosme José Vieira Machado fala sobre os mecanismos de lesão, inicialmente
de uma forma generalizada e posteriormente especificando algumas lesões articulares
habitualmente atendidas em ambulatórios e clínicas de saúde como: as entorses e as
luxações.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
MÓDULO 3
 Formular um plano de tratamento fisioterapêutico para as lesões que mais acometem
os tecidos moles
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO
TRATAMENTO DAS LESÕES DE TECIDOS
MOLES
As lesões de partes moles contribuem para sequelas crônicas e agudas. Como aprendemos,
os sintomas e sinais, como a perda total ou parcial da mobilidade articular e funcionalidade
muscular, contribuem, não raramente, para a improdutividade no trabalho. Portanto, lesões
dessa natureza são um problema de saúde pública.
A fisioterapia pode agir devolvendo mais precocemente a função articular e muscular
nas lesões agudas, adaptando os portadores de lesões crônicas a uma nova realidade
em suas ações profissionais e/ou em suas atividades de vida diária.
Neste módulo, aprenderemos mais sobre a abordagem da fisioterapia nas lesões já
observadas nos módulos anteriores. Discutiremos sobre a avaliação, o diagnóstico
funcional, a proposta e a conduta de tratamento fisioterapêutico, baseando-se nos sinais,
sintomas e possíveis disfunções musculoesqueléticas gerais, experimentados por pacientes
que sofrem lesões traumáticas de tecidos moles. Em algumas ocasiões, exemplos serão
direcionados para as lesões características de específicas estruturas acometidas.
 Imagem de uma avaliação Fisioterapêutica.
AVALIAÇÃO FISIOTERAPÊUTICA DAS
LESÕES DE TECIDOS MOLES
É inquestionável o valor de uma avaliação direcionada para o possível transtorno que o
paciente apresenta, observando sua principal queixa e principalmente o mecanismo de ação
responsável pelo quadro clínico presente.
 ATENÇÃO
É importante lembrar que uma atenta avaliação nos mostra detalhes importantes sobre o
objetivo de tratamento e a conduta mais pertinente a ser utilizada. Portanto, na anamnese
voltada para a história clínica atual, é possível identificar o mecanismo de lesão, o tempo e as
limitações apresentadas pelo paciente no momento da entrevista.
As condições e a descrição do que ocorreu antes dos primeiros sintomas ou do que levou o
paciente a procurar os serviços de saúde nos possibilitam avaliar, através de uma premissa do
diagnóstico funcional, as possíveis limitações presentes e o prognóstico, ainda parcial, para a
resolução do processo patológico.
Nos casos de lesões traumáticas, podemos ter uma ideia da parte mole lesada e da futura
conduta a ser tomada a partir do relato de condições que envolveram o momento da lesão, tais
como: quedas com a mão espalmada, traumas diretos em determinadas regiões articulares,
movimentos súbitos, ou desiquilíbrios que forçaram a movimentos de rotação do tronco ou dos
membros, em determinadas posições (rotação interna, adução, abdução, flexão extensão ou
hiperextensão).
A intensidade da dor em determinado segmento corporal nos dá a possibilidade de antever o
recurso terapêutico térmico ou elétrico a ser utilizado. Adiante, abordaremos alguns elementos
importantes da avaliação clínica e funcional.
INSPEÇÃO
Em casos como entorse
e luxação, a observação do local afetado em busca de sinais clínicos
nos possibilita avaliar as condições ali presentes, que podem afetar a função e a realização de
atividades específicas e de vida diária. O edema local, frequentemente presente, e o seu
volume apresentado caracterizam a gravidade do quadro atual.
 Edema e rubor na articulação do joelho.
 Rubor no calcanhar, decorrente de quadro inflamatório.
Adicionalmente, rubor (vermelhidão) local sugere processo inflamatório agudo. Esse e outros
fatores podem inviabilizar e/ou contraindicar alguns procedimentos fisioterapêuticos.
 EXEMPLO
Dor intensa, ocorrida em movimentação espontânea ou em repouso, é uma contraindicação
para a cinesioterapia ativo-resistida. Sinais como esses são muito frequentes em luxações,
distúrbios ligamentares e distensões musculares. A ruborização local é comum também nas
fascites plantares.
A observação de hipotrofia muscular da musculatura satélite (principal músculo ou principais
músculos evolvidos no movimento do segmento afetado) à lesão sugere fraqueza muscular e a
necessidade futura de fortalecimento muscular.
PALPAÇÃO
A palpação visa à investigação de pontos dolorosos locais, como: inserções
musculotendinosas, interlinhas articulares, ventre muscular, periósteo ósseo ou outras
estruturas que podem apresentar hipersensibilidade álgica. A alteração da temperatura local
(calor local) pode ser examinada para a confirmação de processo inflamatório agudo.
Contraturas espasmódicas, em razão de dor articular ou de lesão muscular, in situ, podem ser
identificadas por meio da palpação do segmento acometido.
 
Tal conduta deve ser realizada em posição de total repouso do paciente, para evitar vieses de
interpretação (reação de defesa do paciente, dor em razão dessa reação).
 
Na palpação, o fisioterapeuta deve averiguar a presença de tecidos frouxos ou qualquer sinal
que indique alteração na anatomia normal do local avaliado, para relacioná-lo à lesão que está
presente.
MOBILIZAÇÃO ARTICULAR
A mobilidade articular deve ser testada de forma passiva e ativa em posições contra a
gravidade e naquelas que eliminem a gravidade, a fim de que sejam refutadas ou confirmadas
suposições, antes pensadas na inspeção, de incapacidade funcional e/ou limitação na
amplitude de movimento do paciente.
 Avaliação da mobilidade do joelho de forma passiva (a esquerda), e avaliação ativa da
mobilidade do joelho. O fisioterapeuta observa a execução do movimento (a direita).
Exemplificando a necessidade do procedimento acima e o seu objetivo:
Uma amplitude limitada de movimento pode advir de um bloqueio articular, dor ou falta de força
muscular. A abdução de ombro em luxações glenoumerais já reduzidas pode ocorrer por esses
três motivos. Para selecionarmos a verdadeira causa do arco incompleto de movimento,
testamos esse movimento com o paciente em decúbito dorsal de maneira passiva. Caso a
amplitude de movimento seja total, eliminaremos a possibilidade de bloqueio articular por
qualquer motivo.
Não raramente a dor ou a fraqueza muscular podem levar ao movimento articular incompleto
sem que haja transtornos periarticulares ou intra-articulares que poderiam impedi-lo. Nas
mesmas condições, poderíamos dar outro exemplo:
Nas distensões musculares de quadríceps, o que se imagina inicialmente é a limitação do
movimento de extensão de joelho, por conta do quadro álgico ou em razão do deficit de força
muscular. Porém, como o tempo de recuperação pode ter sido longo ou a procura do
atendimento fisioterapêutico pode não ter sido imediata, a pouca movimentação ativa da
articulação do joelho durante esse espaço de tempo pode se tornar bastante limitada, levando
a transtornos periarticulares ou intra-articulares que limitariam a movimentação. Nesse caso, a
extensão do joelho poderia ser por um bloqueio articular, fato que poderia ser confirmado com
a mobilização passiva de flexão e extensão dessa articulação com o paciente em decúbito
lateral.
Para determinar a amplitude de movimento, usamos o goniômetro a fim de registrar limitações
ao movimento, caso haja, para avaliações futuras do rendimento da terapêutica aplicada.
 Mediada da amplitude articular usando um goniômetro.
AVALIAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR, POSTURA
E MARCHA
Em razão das lesões traumáticas de tecidos moles serem algo incapacitantes, o período
relacionado à imobilização articular (em casos de entorses e luxações), à necessidade de
repouso pós-traumático ou a limitações dos movimentos causados pela dor leva à hipotrofia
por desuso ou uso limitado. Portanto, a diminuição da força muscular se torna evidente.
 ATENÇÃO
Os testes de força muscular visam identificar a fraqueza muscular dos músculos envolvidos na
lesão com o objetivo de tratar as instabilidades articulares e musculares presentes.
A dor pode levar a posturas antálgicas que refletirão em alterações posturais e na marcha. Por
sua vez, a premissa é verdadeira em relação à marcha claudicante por conta do quadro álgico
apresentado. Analisando por esta ótica, a alteração da marcha pode levar a vícios posturais ou
sobrecargas em outros segmentos e articulações.
 Dinamometria para avaliação da força.
AVALIAÇÃO FUNCIONAL
É uma parte importante no processo de reabilitação. A evolução do paciente depende
precisamente desse processo avaliativo. É um dos pré-requisitos para o diagnóstico funcional.
O comportamento motor, aqui avaliado, tomando como base a lesão instalada, dá ao
fisioterapeuta a capacidade de estabelecer os objetivos de tratamento e as condutas a serem
realizadas.
 EXEMPLO
Em bursites da articulação do ombro, a hipotrofia muscular, a dor ao movimento e a
consequente limitação da mobilidade da articulação glenoumeral levam à incapacidade de
execução de algumas atividades de vida diária, como, por exemplo, tomar banho, apanhar
objetos em determinadas alturas, dobrar roupas de cama e outras mais.
A disfunção identificada das limitações do paciente é um dado que servirá como base para a
avaliação da melhora funcional dele. À medida que as limitações desaparecem, a confiança a
respeito do plano de tratamento proposto aumenta e o progresso terapêutico se fundamenta.
DIAGNÓSTICO FISIOTERAPÊUTICO
FUNCIONAL
Esse é o momento de resgatar todas as observações e conclusões realizadas anteriormente
para estabelecer o diagnóstico funcional. A priori, a análise do quadro, incluindo das etapas
anteriores, já dará um alicerce importante para o diagnóstico. No entanto, a avaliação de
exames complementares (principalmente os radiológicos) será de importância vital para a
conclusão diagnóstica. Adicionalmente, podemos incluir nesse conjunto os testes específicos
para a específica lesão ocorrida, com o intuito de confirmação e estabelecimento do grau de
lesão, bem como o seu prognóstico.
PROPOSTA E CONDUTA DE TRATAMENTO
FISIOTERAPÊUTICO NAS LESÕES DE
TECIDOS MOLES
O plano de tratamento visa, quando possível, restabelecer totalmente as funções de antes da
lesão. Podemos citar aqui alguns objetivos que estão incluídos no plano de tratamento das
lesões em tecido moles:
Interrupção ou diminuição a níveis aceitáveis do quadro álgico
Aumento da força, potência e endurance da musculatura acometida
Restauração da amplitude total ou funcional do movimento articular
Como consequência, há a melhora da qualidade de vida, dos sinais e sintomas causados pela
lesão. O quadro abaixo relaciona os objetivos do tratamento fisioterapêutico com as possíveis
ferramentas utilizadas para o seu alcance. Algumas ferramentas, bem como suas
aplicabilidades, serão discutidas adiante.
Objetivos segundo a
proposta de tratamento
Ferramentas terapêuticas que podem ser utilizadas
Alívio da dor Eletroterapia, termoterapia
Melhora da amplitude de
movimento
Cinesioterapia passiva ou ativa (alongamento),
manipulações: articulares, teciduais e técnicas de ganho
de amplitude de movimento
Melhora da força,
potência e endurance
muscular
Cinesioterapia ativa,
ativa-resistida
 Atenção! Para visualizaçãocompleta da tabela utilize a rolagem horizontal
Eletroterapia para alívio da dor.
Movimentação passiva para melhora da amplitude de movimento.
Exercícios para força muscular.
CONDUTAS FISIOTERAPÊUTICAS PARA O
TRATAMENTO DAS LESÕES DE TECIDOS
MOLES
É incontestavelmente sabido que as condutas fisioterapêuticas dependem do quadro clínico
apresentado pelo paciente. Essa base conseguimos a partir de uma boa avaliação. Os
elementos necessários para construirmos um bom plano de tratamento foram vistos nas
seções Avalição fisioterapêutica das lesões de tecidos moles e Diagnóstico
fisioterapêutico funcional. Quanto às lesões de tecidos moles, as principais propostas de
tratamento podem ser vistas no quadro apresentando acima.
O tratamento da dor deve ser encarado como meta inicial.
A termoterapia tem sido usada nessas lesões com resultados promissores por ter efeitos
principalmente na mudança da condução nervosa e nas propriedades mecânicas teciduais.
Adicionalmente, os agentes térmicos alteram a propriedade viscoelástica do músculo, podendo
facilitar o alongamento muscular e a analgesia local. Os agentes termoterapêuticos utilizados
no tratamento das lesões de tecidos moles são:
CALOR
Uso das compressas quentes
CRIOTERAPIA
Uso das panquecas de gelo
A eletroterapia também tem sido uma terapia utilizada frequentemente através do uso do
ultrassom e da estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS). A cinesioterapia será a
ferramenta utilizada para melhorar a amplitude de movimento articular, a força, a resistência
(endurance) e a potência muscular.
ALÍVIO DA DOR
Crioterapia
Além do seu efeito analgésico, a crioterapia é normalmente usada como terapia pré-cinética
(por causar analgesia, facilita algumas manobras cinesioterapêuticas). O tratamento com gelo
também tem ação anti-inflamatória, na diminuição da velocidade de condução nervosa e na
redução do ciclo espasmo-dor.
As propriedades mecânicas dos tecidos moles são significantemente influenciadas pela
crioterapia. Os efeitos biológicos da crioterapia são: a redução da temperatura em vários
tecidos, com consequente ação neuromuscular e indução do relaxamento. A partir desses
efeitos, pode apresentar resultados satisfatórios em relação ao quadro álgico, e como pré-
cinético, na melhora da amplitude de movimento articular.
 Moderna forma de aplicação de crioterapia.
Compressas quentes
O calor apresenta efeitos sobre as propriedades viscoelásticas musculares e de outros tecidos
compostos por colágeno. Tem sido descrito como sendo útil em situações em que se pretenda
facilitar as manobras de alongamento muscular e melhorar a amplitude do movimento articular.
Seus efeitos mais evidentes na literatura são a respeito de sua capacidade de aumentar as
chances de se conseguir uma melhora no alongamento do músculo.
 Compressa quente.
Uma breve explicação para esse efeito baseia-se na ação de altas temperaturas (obviamente,
terapêuticas) sobre o encurtamento muscular e a viscoelasticidade muscular. O calor tem efeito
positivo sobre essas duas características, diminuindo o encurtamento muscular e favorecendo
uma maior viscoelasticidade do músculo.
Além desses principais efeitos, o calor tem ação analgésica e relaxante. Portanto, pode ser
uma ferramenta a ser utilizada para diminuição da dor e para aumentar a amplitude de
movimento.
Ultrassom
A aplicação terapêutica do ultrassom deve ser priorizada quando o quadro álgico não for muito
intenso e/ou quando o local no segmento atingindo dificultar a aplicação das terapias já
sugeridas. Alguns efeitos terapêuticos efetivos para os sinais e sintomas de lesões aos tecidos
moles incluem:
Dor
Edema
Ineficiente amplitude de movimento
Os efeitos biológicos do ultrassom ainda são pouco divulgados na literatura, e suas evidências
também são de difícil interpretação (BEKEROM et al., 2011). No entanto, a respeito desses
efeitos, tem sido sugerido a sua capacidade de: 1 - regulação da proliferação e diferenciação
celular; 2 - abertura dos canais de membrana celular. O efeito sobre a regeneração celular,
contribuindo para a regeneração tecidual, pode ser atribuído ao primeiro efeito biológico citado.
Assim, podemos pensar que o ultrassom terapêutico tem efeito na reparação das lesões
cartilaginosas, capsulares e ligamentares. A terapia também pode oferecer ação anti-
inflamatória, mas a literatura apresenta resultados pouco animadores para seus efeitos
analgésicos em quadro álgicos agudos (BEKEROM et al., 2011).
Estimulação elétrica nervosa transcutânea (TENS)
A estimulação elétrica nervosa transcutânea é a proposta terapêutica mais bem evidenciada na
literatura para o tratamento da dor (JOSEPH, 2019). Acredita-se que as fibras nervosas
aferentes reduzam a dor, ativando receptores opioides por meio de um inibidor endógeno. A
aplicação local ativa as vias aferentes inicialmente e, logo depois, ocorre a informação dessa
ativação para a medula espinhal, resultando em inibição das vias descendentes.
Consequentemente, também ocorre o relaxamento muscular. A diminuição do edema e o
aumento da amplitude do movimento articular também fazem parte dos efeitos terapêuticos da
TENS.
A estimulação elétrica transcutânea é a melhor terapia de escolha, em condições, onde
existem dificuldades de acesso e acoplamento entre a superfície local lesada e a
interface oferecida por outras formas de ferramentas terapêutica utilizadas para a
analgesia.
 EXEMPLO
Quando a dor está localizada na articulação do quadril, o emprego da crioterapia ou de
compressas quentes pode ser ineficaz, por conta da dificuldade de envolvimento dessa
articulação pela compressa quente ou pela panqueca de gelo. A TENS pode eficazmente
resolver essa questão.
 Aplicação do tens com eletrodos de superfície.
MELHORA DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO
ARTICULAR
As bursites, fascites, entorses e luxações cursam com o desenvolvimento de processos
inflamatórios que culminam em bloqueios articulares ou periarticulares. Consequentemente,
ocorrerá limitação, total ou parcial, dos movimentos. O alongamento passivo ou ativo
(cinesioterapia passiva ou ativa), as técnicas de ganho de amplitude de movimento, e as
manipulações articulares e/ou teciduais devem ser usados isoladamente ou em conjunto para
prover a melhora da amplitude total de movimento.
Alongamento terapêutico
O alongamento deve ser utilizado sempre, quer para diminuir o encurtamento dos músculos
antagonistas do movimento quer para facilitar a ação dos agonistas desse movimento. O tempo
e a intensidade da terapia devem ser respeitados.
O fisioterapeuta dever realizar o alongamento do músculo, mantendo-o por um período de 15-
30 segundos.
 Alongamento passivo, realizado pelo fisioterapeuta.
A intensidade deve estar de acordo com os limites do paciente. Lembramos que alongamentos
musculares excessivos podem levar, como resposta, a um encurtamento de reflexo, e não a
um relaxamento muscular. Quando o alongamento sugerido for o ativo, o paciente deve ser
orientado a realizá-lo respeitando as mesmas condições de tempo e intensidade sugeridos
acima.
 Alongamento ativo ou autoalongamento, realizado pelo paciente.
Manipulações articulares, teciduais e técnicas de ganho de amplitude de movimento
A manipulação por meio de movimentos passivos articulares e/ou teciduais deve ser realizada
quando na avaliação se notar problemas específicos. Normalmente, a movimentação
articular é utilizada em casos em que o paciente apresente dor aguda, mas suportável, que
esteja impedindo a realização do movimento amplo daquela articulação.
 Movimentação passiva da articulação coxofemoral.
 Manipulação tecidual na articulação tarsiana.
A movimentação passiva auxilia a lubrificação e nutrição articular e, consequentemente, auxilia
no alcance da amplitude total do movimento. A manipulação tecidual tem por finalidade liberar
aderências teciduais (caso muito comum nas fascites) que possam
estar impedindo a completa
movimentação articular.
As técnicas de ganho de amplitude de movimento apresentam várias indicações. Neste
conteúdo, discutiremos a sua utilização quando houver a necessidade de se mobilizar uma
dada articulação que apresentar restrição intra-articular.

A técnica mais recentemente proposta para este fim é a chamada técnica de energia
muscular com relaxamento pós-isometria (SALVADOR et al., 2005). Essa técnica consiste no
alongamento do músculo até que o paciente relate um desconforto e, assim, essa posição seja
determinada como um limite desse alongamento.
Em seguida, solicita-se que o paciente realize uma contração isométrica desse mesmo
músculo por alguns segundos e que relaxe em seguida. Subsequentemente, o terapeuta
realiza um novo alongamento até ser estabelecido um novo limite. Para compreender melhor
essa técnica, observe a foto a seguir.

 Técnica de energia muscular.
O passo a passo do procedimento será explicado abaixo. Seu poder de abstração será muito
importante neste momento!
Imagine que o paciente da foto acima esteja com limitações ao movimento de flexão do joelho.
Então, o fisioterapeuta flexiona o joelho do paciente, até que este sinta um desconforto no
músculo quadríceps.
Nessa posição, o fisioterapeuta solicita que o paciente faça uma contração que é contida,
nessa angulação de movimento, por suas mãos durante alguns segundos (contração
isométrica neste momento).
Em seguida, o fisioterapeuta solicita que o paciente relaxe.
Para finalizar, o fisioterapeuta flexiona mais o joelho do paciente, para uma nova angulação e
limite de flexão.
A explicação para se conseguir o aumento da amplitude de movimento de flexão do joelho
descrita acima se baseia na teoria de que uma contração, após o alongamento do quadríceps,
fará com que ocorra uma inibição reflexa deste músculo, tornando-o mais fácil de ser alongado.
CINESIOTERAPIA
A cinesioterapia é a principal ferramenta terapêutica a ser utilizada na recuperação das lesões
de tecidos moles. Lesões capsulares, ligamentares e meniscais, produzidas por entorses e
luxações levam a desequilíbrios articulares e musculares, causando instabilidades por conta de
deficit de força, potência e endurance muscular.
A cinesioterapia ativa e, principalmente, a resistida podem devolver o equilíbrio da
musculatura esquelética, perdido após os transtornos lesivos instalados. As atividades
profissionais, as envolvidas no lazer e, principalmente, as diárias necessitam de
músculos potentes, fortes e com resistência para ser realizadas adequadamente.
 EXEMPLO
Ao se dirigir a um ponto de ônibus, digamos que uns 100 metros de sua residência, o indivíduo
precisa ter resistência muscular (endurance) para conseguir alcançar o seu objetivo. Ao se
aproximar do ponto de ônibus, ele avista o coletivo já parado e precisa correr para não perder o
ônibus e não se atrasar na chegada a seu destino (potência). Sabendo que a potência de um
músculo é produzida por força e velocidade, sem a capacidade de conseguir deslocar o seu
corpo para correr (força), ele não chegaria ao coletivo a tempo. Esse caso reflete que, para a
realização das tarefas do dia a dia, existe a necessidade de que as três propriedades
musculares acima citadas estejam em equilíbrio. Como são perdidas, devem ser trabalhadas.
Os exercícios de resistência progressiva (ERP), aqueles executados com percentuais de
cargas estabelecidas, a partir da carga máxima previamente avaliada, devem ser executados
para o ganho de força, resistência muscular e potência. Como base para a realização prática
de um protocolo de ERP, visando ao ganho de força, pode-se seguir os passos destacados
abaixo:
Primeiro, deve-se estabelecer a carga máxima de trabalho, usando o método de Delorme de
10RM. Nesse teste, o paciente deverá realizar exatamente 10 repetições com uma carga
determinada pelo terapeuta, sem compensações, e total amplitude de movimento.

Em seguida, prescrever 3 séries de 10 repetições, realizando-as conforme indicado a seguir:
1a série, com 50%; 2a série, com 70%; 3a série com 100% da carga máxima de trabalho.
O estabelecimento da carga máxima de trabalho também pode ser alcançado por meio do teste
de 1RM, seguindo o protocolo específico na utilização deste teste.
ABORDAGEM FISIOTERAPÊUTICA NO
TRATAMENTO DAS LESÕES DE TECIDOS
MOLES
O especialista Cosme José Vieira Machado fala sobre alguns pontos mais relevantes da
avaliação, interrelacionando-os com os objetivos e as condutas de tratamento fisioterapêutico,
procurando exemplificar algumas condutas de maneira prática.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As lesões de tecidos moles atingem estruturas que, quando lesadas, levam a incapacidades
funcionais, a limitações que podem se estender por semanas. É importantíssimo que o
fisioterapeuta as identifiquem e faça o diagnóstico funcional, para elaboração de um adequado
programa de tratamento que resgate as condições existentes de antes do trauma lesivo.
As diversas lesões tratadas neste conteúdo são as mais comuns na prática clínica e,
certamente, o fisioterapeuta as encontrará na rotina de seus serviços, nos atendimentos
domiciliares ou até mesmo no seu convívio familiar. Porém, não deve se restringir ao
conhecimento aqui descrito. A comunidade científica, diariamente, nos oferece a oportunidade
de mais conhecimento de temas específicos, por meio de inúmeras ferramentas e sites de
pesquisa. Portanto, achar que já atingiu seu nível máximo de conhecimento é declinar a
chances de aprender mais.
 PODCAST
Agora, o especialista Cosme José Vieira Machado encerra com um resumo dos módulos deste
conteúdo, com ênfase no módulo 3.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
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Biomechanical Factors in Evaluation and Treatment. The American Academy of Physical
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COHEN, M.; VIEIRA, E. A.; SILVA, R. T.; VIEIRA, E. L. C.; BERLFEIN, P. A. S. Estudo
Anatômico do Trato Iliotibial: Revisão Crítica de Sua Importância na Estabilidade do Joelho.
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SALVADOR, D.; NETO, P. D. E.; FERRARI, F. P. Aplicação de Técnica de Energia Muscular
em Coletores de Lixo com Lombalgia Mecânica Aguda. Fisioterapia e Pesquisa, v. 12, n. 2,
2005.
EXPLORE+
Explore os métodos de exercícios de resistência progressiva (ERP). Existe a possibilidade de
se construir um plano de tratamento, realizando exercícios que aumentam progressivamente o
percentual das cargas de trabalho (método de pirâmide crescente), como também o inverso
(método de pirâmide decrescente). Para aprofundar os seus conhecimentos nesse assunto,
indicamos as seguintes leituras:
POOJA, G. et al. Comparison of the effect of delorme and macqueen strengthening
protocol for improving quadriceps muscle strength in normal female individuals.
International Journal of Physiotherapy and Research, v. 5, n. 3, 2017.
BARRETA, A. G., et al. Exercícios de resistência progressiva (ERP): uma prática
homogênea em função do número de séries, ConScientiae Saúde, n. 2, 2003.
CONTEUDISTA
Cosme José Vieira Machado
 CURRÍCULO LATTES
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