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XXI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES-SBT’04, 06- 09 DE SETEMBRO DE 2004, BELÉM - PA
Parâmetros Lingüísticos Utilizados para a
Geração Automática de Prosódia
em Sistemas de Síntese de Fala
Rui Seara Jr., Izabel C. Seara, Sandra G. Kafka, Fernando S. Pacheco, Rui Seara e Simone Klein
Resumo—Este artigo propõe um classificador automático de
sílabas para aplicação em sistemas de síntese de fala. Através
desse classificador silábico, obtemos automaticamente a
classificação e divisão das sílabas de qualquer palavra do léxico
do português brasileiro. Apresentamos também as regras para a
identificação de grupos clíticos necessária ao estabelecimento da
prosódia da fala sintetizada, pois esse tipo de constituinte
prosódico força a ressilabação das palavras internas a esses
grupos. O uso de contextos silábicos e grupos clíticos na escolha
da melhor unidade-alvo mostra, em testes informais de escuta,
uma sensível melhora na naturalidade da fala sintetizada.
Palavras-Chave—Classificação silábica automática, grupos
clíticos, naturalidade da fala sintetizada, padrão silábico.
Abstract—This paper proposes an automatic syllabic classifier
for use in speech synthesis systems. Through this syllabic
classifier, we automatically obtain the classification and division
of the syllables for any word of the Brazilian Portuguese lexicon.
In addition, rules to identify clitic groups needed to generate the
prosodic structure for high quality speech synthesis are
established, since its identification requires the resyllabification
of the inner words of those groups. The use of syllabic contexts
and clitic groups for choosing the better target-unit improves the
naturalness of the synthesized speech. 
Keywords—Automatic syllabic classification, clitic groups,
speech synthesis naturalness, syllabic pattern.
I. INTRODUÇÃO
Apesar dos avanços significativos na área de síntese de
fala, os sistemas atuais que usam essa tecnologia ainda
apresentam problemas de falta de naturalidade, quando
comparados a um falante humano. Tais problemas estão
associados sobretudo à entonação que, em geral, nos modelos
prosódicos atualmente considerados, estão ligados a uma
pobre representação lingüística [1]. Os estudiosos
interessados em sistemas de síntese de fala com abordagem
 
Rui Seara Jr., Izabel C. Seara, Sandra G. Kafka, Fernando S. Pacheco,
Rui Seara e Simone Klein, LINSE – Laboratório de Circuitos e
Processamento de Sinais, Departamento de Engenharia Elétrica,
Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, SC,
E-mails: {ruijr, izabels, kafka, fernando, seara, klein}@linse.ufsc.br.
Este trabalho foi parcialmente financiado pela empresa Dígitro
Tecnologia e pelo CNPq.
concatenativa têm empregado métodos de seleção de unidades
de tamanho variável, o que tem contribuído significativamente
para a qualidade da fala sintética produzida [2]. Tem-se
observado também que a utilização de um modelo lingüístico
mais eficiente, que leve em conta detalhes fonéticos sutis, é
importante para a melhoria da qualidade de tais sistemas [2].
A busca por naturalidade na fala sintetizada tem
direcionado os pesquisadores a procurarem entender
detalhadamente os mecanismos que levam os ouvintes a
diferenciarem fala sintética daquela produzida por humanos.
Estudos perceptuais ([3], [4]) têm mostrado que, quando se
manipulam parâmetros para obtenção de prosódia, essa ação
conduz a uma perda significativa de qualidade. Assim, são
favorecidas as técnicas que fazem uso mínimo de
modificações no sinal, descartando também segmentos com
parâmetros prosódicos extremos. Tais estudos apontam como
parâmetros prosódicos mais relevantes aqueles relacionados à
estruturação e tonicidade silábicas [5], pois a sílaba é a menor
categoria prosódica. As palavras são então analisadas em
função dos fonemas que as compõem, do contexto fonético
anterior e posterior desses fonemas, da posição do fonema em
relação à sílaba em que está inserido, da posição da sílaba em
relação à palavra em que está incluída, da posição da palavra
em relação ao constituinte e desse em relação à frase. Esses
contextos são então utilizados em árvores de decisão
responsáveis pela pré-seleção dos grupos de unidades
candidatas à síntese.
As teorias acerca de regras de acento do português
brasileiro (PB) mostram estreita relação do acento com o peso
silábico, isto é, com as sílabas pesadas ou travadas (aquelas
finalizadas por consoantes). Outra consideração dessas teorias
é que o cabeça dos constituintes (elemento mais marcado
prosodicamente, ou seja, com maior proeminência rítmica)
localiza-se geralmente em palavras de conteúdo como nomes
e verbos. É apontado em [1] a importância de considerar
detalhes fonéticos para a síntese de fala, quando destaca, por
exemplo, para o inglês, os efeitos de ressonância associados
ao /r/1 cujo espraiamento vai depender da tonicidade da
sílaba, do número de consoantes no onset silábico, da
qualidade vocálica e do número de sílabas de cada
1 Os símbolos fonéticos empregados neste artigo seguem a notação do
Alfabeto Fonético Internacional (IPA).
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constituinte. Para o PB, outros fatores interferentes na
qualidade prosódica são o número de sílabas da palavra,
posição da sílaba tônica na palavra e a sua classificação
morfossintática.
Desta forma, a divisão e classificação silábicas e a
identificação de grupos clíticos (unidades prosódicas que
seguem a palavra fonológica) são importantes componentes
que devem ser integrados a sistemas de síntese de fala.
Este artigo propõe assim um classificador automático de
sílabas e as regras necessárias para a identificação de grupos
clíticos as quais conduzem a uma ressilabação das palavras
internas a esses grupos que serão usados na geração
automática de prosódia de sistemas de síntese de fala. O uso
de contextos silábicos e grupos clíticos na escolha da melhor
unidade-alvo auxilia na melhora da naturalidade da fala
sintetizada.
II. PADRÕES SILÁBICOS DO PB E OS SISTEMAS DE SÍNTESE DE
FALA
A procura por uma melhor naturalidade, a partir de
modelos lingüísticos, prescinde da análise do corpus nos
diversos níveis gramaticais (fonêmico, fonético, morfológico,
sintático, etc.). A obtenção desse corpus é feita através da
leitura e gravação de um texto, no qual a voz do locutor
selecionado será aquela a ser sintetizada. Essas gravações
serão então etiquetadas e indexadas de forma a possibilitar a
busca das melhores unidades no processo de síntese.
O processo de etiquetagem inicia-se pela etapa de
transcrição grafema-fonema, em que é estabelecida a unidade
sonora correspondente ao contexto em que essa unidade está
inserida. Tal transcrição é denominada “canônica”. Em uma
segunda etapa, realiza-se a transformação dessa transcrição
em uma transcrição restrita. Nessa fase, são explicitados os
detalhes do ponto de vista acústico, considerando-se os
aspectos condicionados por contexto ou características
específicas do locutor [6] ou do PB. Por exemplo, a
transcrição canônica da frase: “Tenho esperança de que a
corda da ginástica não arrebente” é: [te espes d
k a kd d inastik naw aebet]. Já, sua
transcrição restrita é: [te ispes dikj kd d
inaik naw aebet].
Se compararmos as duas transcrições, observamos que
muitos segmentos presentes na transcrição canônica
desaparecem ou se modificam na restrita. Assim, com a
etiquetagem do corpus baseada na transcrição restrita,
teremos de considerar, durante o processo de síntese, por
exemplo, que os vocábulos monossilábicos “que a” ([k]
[a]), em seqüência, serão etiquetados no banco por uma
única sílaba [kj] (CXV.)2. Para fazermos essa
consideração, devemos observar algumas regras que
delimitam grupos clíticos. Tais regras definiriam a seqüência
“de que a corda” como um grupo clítico no qual se teria uma
2 C corresponde à consoante; X à semivogal; V à vogal. O ponto
corresponde à divisão silábica.
ressilabação das palavras “que a”, cujas sílabasforam
classificadas como CV.V pela transcrição canônica, e que
passariam a uma única sílaba CXV. Com essa estratégia,
obtemos uma aproximação da forma silábica do sintetizador
com aquela efetivamente apresentada no corpus e que é
característica não só do locutor, mas da língua a ser
sintetizada, o PB. Nas Seções III e IV, são apresentadas tais
regras.
O novo processo de transcrição canônica (denominado
“transcrição canônica melhorada” – TCM) substitui o
processo original usado na fase da geração da primeira
transcrição grafema-fonema de etiquetagem do corpus como
também no processo de síntese. A TCM tem como primeira
fase a transcrição canônica original, com a qual se obtém uma
transcrição grafema-fonema inicial. Essa transcrição é
utilizada como base para as etapas seguintes. A partir daí, é
feita a divisão silábica das palavras, sendo as sílabas
resultantes classificadas conforme seus tipos. Essa
classificação se faz necessária para identificar as sílabas leves
e pesadas, a rima e o onset silábicos. Em uma próxima etapa,
a classificação morfossintática das palavras que compõem as
frases a serem sintetizadas [7] é estabelecida. Finalmente, em
uma última etapa, identificam-se os grupos clíticos e
reclassificam-se as sílabas internas, ajustando-se suas
transcrições fonéticas.
Como os constituintes prosódicos contam com informações
de diferentes tipos (fonológicas, morfológicas e sintáticas), a
identificação de constituintes prosódicos, como sílabas,
palavra fonológica e grupos clíticos, envolve essas várias
etapas de processamento anteriormente mencionadas. As
etapas de transcrição canônica e divisão silábica servem para
determinar a palavra fonológica. A etapa de classificação
morfológica serve para o agrupamento de clíticos. Essas
etapas auxiliam na melhora da prosódia da fala sintetizada,
pois são usadas como parâmetros de decisão na busca do
segmento-alvo.
Para a construção do classificador silábico, consideramos o
sistema fonotático do PB e elaboramos as regras necessárias
para a classificação e divisão automática das sílabas.
De forma geral, conceitua-se sílaba como uma cadeia
sonora composta de fonema(s) consonântico(s) e vocálico(s),
sendo sua enunciação completa formada pelo onset (ou
aclive), núcleo (ou ápice) e coda (ou declive). O núcleo e a
coda silábicos constituem a rima.
Considerando-se, por exemplo, a palavra “casca”, tem-se a
transcrição /’kaska/, que é constituída de duas sílabas
(CVC.CV): uma pesada (CVC) e uma leve (CV).
Pode-se dizer então que a sílaba é uma unidade fonológica
composta de vogal (núcleo silábico) e consoantes ou
semivogais (margens silábicas), unidas por um único acento
culminativo, no caso do PB [8]-[13].
Para determinarmos que tipos de segmentos podem ocupar
as margens silábicas (onset e coda), devemos fazer algumas
observações a respeito da interpretação das vogais e
semivogais. Consideramos como segmentos que podem
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ocupar o núcleo silábico: sete vogais orais [a e  i o  u ] e
cinco nasais [ e i o u]. Aqui evidencia-se a tendência de se
considerar vogais nasais como fonemas do PB, no nível
fonêmico. Dessa forma, em “canto”, tem-se apenas 4 fonemas
e duas sílabas CV: /kato/ ([kat]) e não 5 fonemas e
duas sílabas (uma CVC e outra CV): /kato/ ([kato]).
Já, no que concerne às semivogais, elas podem ser vistas
tanto como vogais assilábicas, quanto como segmentos
consonantais. Se as considerarmos como semiconsoantes, elas
devem ser incorporadas ao grupo de consoantes que travam
sílabas como [s] ou []. Caso contrário, teremos de
considerá-las vogais assilábicas e assim aumentar nosso
número de tipos silábicos, visto que essas vogais não se
enquadrariam no tipo CVC, CCVC, etc., mas sim no tipo
CVX, CCVX, etc.
Na tentativa de incorporá-las como consoantes, nossa
metodologia de classificação silábica produzia tipos silábicos
inexistentes. Dessa forma, tivemos de optar pela observação
desses segmentos como semivogais, apesar de, com isso,
tornar mais complexo o sistema fonotático a ser classificado.
A partir dessas considerações, podemos dizer que, nas
margens silábicas, encontraremos tanto consoantes quanto
semivogais.
Quanto aos ditongos, tivemos de considerar tanto ditongos
crescentes (semivogal + vogal), quanto decrescentes
(vogal + semivogal), já que, na etapa de transcrição fonética,
considerava-se a existência desses dois tipos de ditongos,
apesar da colocação de [9] de que os verdadeiros ditongos
seriam os decrescentes. Segundo esse autor, os ditongos
crescentes seriam falsos ditongos, pois há uma variação livre
entre ditongos, podendo também serem vistos como duas
vogais em sílabas separadas. No entanto, nossa transcrição de
palavras como “ilusório” e “causa” era realizada como
[iluzyu] e [kawz], respectivamente. Assim,
estabelecemos como seus tipos silábicos: {V.CV.CV.CXV} e
{CVX.CV}, respectivamente. As estruturas silábicas que
serão apresentadas por nosso Classificador são mostradas na
Tabela 1.
TABELA 1
ESTRUTURAS SILÁBICAS DO PB E EXEMPLOS
V ([o] em ovo) VX ([oj] em oitavo)
VC ([as] em asma) VXC ([ejs] em eis)
VCC ([ads] em adstringente) CXV ([j] em armário)
CV ([ka] em casas) CVX ([taw] em cristal)
CCV ([p] em prece) CXVC ([jas] em várias )
CVC ([k] em corda) CXVX ([kwaw] em qualquer)
CCVC ([tas] em traste) CCVX ([aw] em grau)
CVCC ([pes] em perspectiva) CCXV ([kja] em criado)
CVXC ([tajs] em metais)
CCVXC ([aws] em graus)
CXVXC ([kwajs] em quaisquer)
A partir das colocações acerca dos segmentos vocálicos e
consonantais e das estruturas silábicas criadas a partir deles,
podemos considerar o diagrama em árvore mostrado na Fig. 1
como o mais adequado para modelar o sistema fonotático aqui
discutido.
No diagrama da Fig. 1, para cada sílaba σ, C1 corresponde
a qualquer uma das consoantes do PB; C2 corresponde às
consoantes [ l n s]; X, às semivogais [j w j w]; V, a
qualquer vogal do PB; C3, às consoantes do grupo [p b t d k
 f z ]; C4, à consoante [s] em final de sílaba.
A análise aqui elaborada sobre as estruturas silábicas do PB
difere daquelas apresentadas por análises tradicionais como
de [9], [8] (apud [12]), dentre outras. No entanto, tivemos de
basear nossas considerações em condições que permitissem a
aplicabilidade desse sistema fonotático de forma a tornar
viável a classificação silábica de qualquer palavra do léxico
do PB, inserida no sistema de síntese de fala. Incorreções na
transcrição fonética e conseqüentemente uma inadequada
classificação silábica traria prejuízos à prosódia de nosso
sistema de síntese de fala.
(C )
(X)
(C )
Onset
V (C )
(X)
(C ) 
Rima
Núcleo Coda
1 2 3 4
Fig. 1. Diagrama em árvore para a classificação das sílabas do PB
(os símbolos entre parênteses são opcionais).
Um exemplo desta incompatibilidade entre os moldes
tradicionais e o aqui aplicado pode ser visto na palavra
adstringente [ads.ti.e. t] que, em nosso sistema de
síntese, apresenta como sílabas VCC.CCV.CV.CV. A
primeira sílaba VCC não apareceria nos moldes silábicos
apresentados por [8]3 (apud [12]), já que esses autores
consideram nesse caso a inserção de uma vogal epentética
após as consoantes plosivas [a.dis.ti.e. t],
estabelecendo, para a sílaba VCC ([ads.]), as sílabas V.CVC
([a.dis]). A consideração dessa vogal epentética leva a uma
seleção de unidades inadequadas para um sistema de fala
sintética, pois, como o corpus é montado a partir da leitura
cuidadosa de textos, as unidades geralmente têm duração
maior se comparada à fala corrente. Dessa forma, se a vogal
epentética fosse sintetizada a partir da vogal de uma sílaba
CV, ela não seria apropriadamente curta para dar naturalidade
à síntese. Também, para que nosso diagrama em árvore não
estabelecesse tipos silábicos inexistentes, criamos algumas
3 Cujo molde tem a forma: 
⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜
⎝
⎛
⎭
⎬
⎫
⎩
⎨
⎧
⎟⎟
⎠
⎞
⎜⎜
⎝
⎛
⎭
⎬
⎫
⎩
⎨
⎧
V^
Z
V)G(
Z
)L(P
onde P representa as consoantes plosivas e fricativas bilabiais; L, aslíquidas;
Z, as soantes e sibilantes. G representa os glides; V, as vogais; ^V, as
semivogais.
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restrições como a de que, nessas sílabas do tipo VCC, só
teríamos como última consoante de coda o fonema [s].
Foram essas restrições que nos levaram à criação de 14
diferentes conjuntos de segmentos que serão especificados na
seção seguinte.
III. REGRAS PARA CLASSIFICAÇÃO AUTOMÁTICA DAS SÍLABAS
DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
O classificador silábico foi modelado por um autômato
finito definido por suas transições. Essas transições
(apresentadas na Tabela 2) são representadas por quádruplas
(SI; ΣT; ξT; SF), nas quais SI é o estado inicial; ΣT é o conjunto
de símbolos (correspondente a um dos 14 grupos de
segmentos, apresentados na Tabela 3) que disparam a
transição; ξT é o símbolo de saída ([(C|V|X|. |∅)])4
produzido pela passagem nesta transição e SF será o novo
estado corrente do autômato após a transição. Nosso
classificador silábico é modelado por um autômato finito
representado por 42 transições.
Para que pudéssemos iniciar a formalização das regras
necessárias a cada estado do autômato de classificação das
sílabas do PB, primeiramente estabelecemos grupos de
segmentos que refletem os diferentes contextos restritivos.
A primeira restrição se deve à questão das rimas
ramificadas, pois a coda silábica5, que é dominada pela rima
(Fig. 1), não é obrigatória no português. Dessa forma, a
ramificação da rima em núcleo e coda impõe fortes restrições
aos segmentos que, nesse caso, podem estar associados à coda
silábica. Pode-se observar também que, em nosso sistema, a
líquida lateral [l] é transcrita como a semivogal [w]
(sal [saw]) e a não lateral, como [] (corda [kd]).
Esta última ([]) neutralizará na transcrição canônica as
outras variantes desse fonema na posição de coda ([rxh]).
As fricativas de coda [sz] também serão neutralizadas na
transcrição canônica através da forma [s] (casta [kast]).
Em relação às consoantes [t p d k b  f], possíveis em coda
silábica, não consideramos, para a transcrição canônica, a
vogal epentética [i] que normalmente é empregada em tais
contextos. Para a coda complexa, formada pela seqüência de
fonemas [s], como em perspectiva, somente a consoante
[s] pode ocupar a última posição dessa coda. Assim, essas
restrições nos fizeram gerar os grupos CONS2,
TRAVADOR_S e TRAVADOR_R, apresentados na
Tabela 3.
O onset também não é um constituinte obrigatório na sílaba
(Fig. 1) e, quando existente, pode ser preenchido por uma ou
4 O símbolo ∅ corresponde a uma transição nula, isto é, não é produzido
nenhum símbolo na saída deste estado.
5
 A coda nasal medial não ocorrerá em nossos dados, visto que será realizada
através da nasalização da vogal. Assim, em canto, teremos [katu] e não
[kantu]. Já a coda nasal final será produzida como uma semivogal,
tornando-se um dos elementos do ditongo e estendendo a nasalidade para o
núcleo silábico. Dessa maneira, em catam e comem, tem-se [kataw] e
[komej], respectivamente.
duas consoantes, sendo, neste último caso, chamado de
complexo ou ramificado. Para dar conta do onset ramificado
que tem como segundas consoantes [ l s n], criamos os
grupos CONS1 e CONS4. Com esses grupos, obtêm-se as
sílabas de onset ramificado tradicionalmente constituído por
uma consoante obstruinte [p b t d k  f v] e uma líquida
[ l], como em prova [pv] e placa [plak]. No
entanto, da mesma maneira que não consideramos a epêntese
da vogal [i] para a coda composta das consoantes [t p d k b
 f], também não a consideramos no onset complexo em que
as segundas consoantes sejam [n] ou [s] como em pneu e
psicologia. Em nosso corpus, tais palavras são transcritas da
seguinte forma: [pnew] e [psikoloi]6,
respectivamente. Os grupos CONS_T1 e CONS3 constituem
as consoantes de onset medial (internos às palavras) ou
absoluto (inicial de palavras) em onset não ramificado. O
grupo CONS_T2 compõe o grupo de consoantes de onset
medial e os grupos VOGAL e CONS0, os segmentos que dão
início ao processo de classificação no estado inicial do
autômato. O grupo SEMIVOGAL é composto das semivogais
[j w j w] que tanto podem ser elementos de onset ou de coda.
O núcleo silábico não é visto como ramificado, já que
posicionamos a semivogal na coda silábica de acordo com
[12]. Dessa maneira, têm-se, como núcleo silábico, somente
os fonemas que compõem o grupo VOGAL. Os demais
grupos (PONTO, ESPAÇO, OUTROS_SONS) referem-se aos
símbolos que representam final de palavra e que levam o
autômato a reiniciar o processo de classificação, a partir do
estado inicial (S0).
Assim, a partir das restrições anteriormente citadas, criamos
14 grupos de segmentos necessários para o estabelecimento
dos estados que farão parte do autômato do classificador
silábico, conforme Tabela 3.
A classificação silábica do texto de entrada é gerada então
pelo histórico de símbolos de saída produzidos pelas
transições ativadas até o último símbolo de entrada (Grupos).
Na Tabela 2, apresentamos as transições do Autômato Finito
e, na Tabela 4, pode-se ver um exemplo de seu emprego.
IV. IDENTIFICAÇÃO DE GRUPOS CLÍTICOS
O grupo clítico é a unidade prosódica que segue a palavra
fonológica. Algumas teorias não consideram esse nível por já
incluírem o clítico como elemento da palavra fonológica. Em
nosso caso, levamos em consideração esses dois níveis
(palavra fonológica e clítico), pois estabelecemos regras para
que se possa realizar uma ressilabação dentro dos grupos
clíticos [14]. Os clíticos do português mostram propriedades
de dependência e, ao mesmo tempo, de independência em
relação à palavra seguinte [15], variando conforme o
“dialeto”.
6 Se fosse considerada a vogal epentética, teríamos como transcrição
[pinew] e [pisikoloi] e como tipos silábicos CV.CVX e
CV.CV.CV.CV.CV.V, respectivamente.
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Em nossos dados, grupos clíticos são formas dependentes
e, quando identificados, transformam, por exemplo, vogais
átonas finais de palavras seguidas de outra palavra
pertencente ao mesmo grupo clítico em vogais átonas não
finais. Dessa maneira, em “quero que me leve”, observam-se
dois grupos clíticos: quero e que me leve. Esse segundo grupo
(que me leve [k m lv]), constituído de três vocábulos:
uma conjunção, um pronome e um verbo, vai se transformar
em uma única palavra fonológica que terá como transcrição
([kimilv]) e, nesse caso, as vogais átonas finais [] de
que e me se transformarão em vogais átonas não finais [i].
TABELA 2
ESTADOS DO AUTÔMATO FINITO
(S0; “ESPAÇO”;“.”; S0)
(S0; “CONS0”;“.C”; S2)
(S0; “VOGAL”;“V”; S1)
(S5; “TRAVADOR_S”;“C.”; S0)
(S5; “TRAVADOR_R”;“∅”; S10)
(S5; “SEMIVOGAL”;“X”; S1)
(S1; “SEMIVOGAL”;“X”; S4)
(S1; “TRAVADOR_S”;“C.”; S0)
(S1; “TRAVADOR_R”;“∅”; S10)
(S1; “CONS_T2”;“.C”; S2)
(S1; “ESPAÇO”;“.”; S0)
(S1; “SEMIVOGAL”;“X”; S5)
(S1; “CONS2”;“∅”; S3)
(S1; “VOGAL”;“.V”; S1)
(S5; “CONS_T2”;“.C”; S2)
(S5; “ESPAÇO”;“.”; S0)
(S5; “CONS2”;“∅”; S3)
(S5; “VOGAL”;“.V”; S1)
(S6; “VOGAL”;“∅”; S7)
(S7; “TRAVADOR_S”;“XVC.”;S0)
(S7; “SEMIVOGAL”;“XVX”; S1)
S7; “CONS2”;“∅”; S9) (
(S2; “CONS1”;“C”; S4)
(S2; “SEMIVOGAL”;“∅”; S6)
(S2; “ESPAÇO”;“.”; S0)
(S2; “CONS4”;“C”; S9)
(S2; “VOGAL”;“V”; S1)
(S7; “CONS_T2”;“XV.C”; S2)
(S7; “VOGAL”;“XV.V”; S1)
(S7; “ESPAÇO”;“XV.”; S0)
(S8; “VOGAL”;“V”; S5)
(S9; “ESPAÇO”;“XVC.”; S0)
(S3; “ESPAÇO”;“C.”; S0)
(S3; “CONS1”;“.CC”; S4)
(S3; “CONS_T1”;“C.C”; S2)
(S3; “SEMIVOGAL”;“.CX”; S4)
(S3; “VOGAL”;“.CV”; S1)
(S3; “TRAVADOR_S”;“CC.”; S0)
(S9; “SEMIVOGAL”;“XV.CV”; S4)
(S9; “VOGAL”;“XV.CV”; S1)
(S9; “CONS_T1”;“VC.C”; S2)
(S9; “CONS1”;“XV.CC”; S0)
(S10; “ESPAÇO”;“C.”; S0)
(S10; “CONS0”;“C.C”; S2)
(S4; “ESPAÇO”;“.”; S0)
(S4; “SEMIVOGAL”;“X”; S1)
(S4; “VOGAL”;“V”; S1)
(S10; “TRAVADOR_S”;“.CC”; S0)
Determina-se o grupo clítico a partir da classificação
morfológica que já está implementada [16]. Será no nível dos
agrupamentos clíticos que se observará o sândi.Esse
fenômeno serve justamente para atestar a proposta da
existência de grupos clíticos e conceitua-se como a
modificação que afeta foneticamente o início ou o fim de uma
palavra ou morfema quando combinado com outro elemento
na cadeia da fala. Por exemplo, em “cadernos especiais”,
tem-se esse fenômeno que leva a transcrevermos a consoante
de coda da sílaba final nos da palavra cadernos como sendo
também o onset da primeira sílaba es da palavra especiais, já
que, na fala contínua, tem-se [kadnuzispesiajs].
Não consideramos todas as situações de sândi, pois os
casos em que há apagamento de fonemas não serão levados
em conta (casos denominados, na teoria fonológica, de
degeminação). As regras para a criação dos grupos clíticos
são baseadas em [15] que trabalha com o português brasileiro
e [17] com o italiano.
Nosso classificador morfossintático automático é composto
das seguintes classes: artigo (ART); preposição (PREP);
locução prepositiva (LPREP); conjunção (CONJ); locução
conjuntiva (LCONJ); substantivo e adjetivo (NOME); verbo
na forma finita (VER); verbo na forma nominal (VERN);
pronome adjetivo demonstrativo (DEM); pronome
substantivo demonstrativo (DEM1); pronome pessoal do caso
reto (RET); pronome pessoal do caso oblíquo átono (OBA);
pronome pessoal do caso oblíquo tônico (OBT); pronome
interrogativo (PER); pronome indefinido (IND); interjeição
(INT); advérbio (ADV); locução adverbial (LADV); palavra
denotativa (PDEN).
TABELA 3
GRUPOS GERADOS PARA O DIVISOR SILÁBICO
Grupo Fonemas Associados
VOGAL [a   e i o  u  e i o u  ]
CONS0 [ l  p b t d k  s z   f v  m n ]
CONS1 [ l n s]
CONS2 [f p t d k  ]
CONS3 [ f v  m  s z]
CONS4 [p  b t d k  f v]
CONS_T1 [ p b t d k  z   f v  m ]
CONS_T2 [  l s z   v m n ]
SEMIVOGAL [y w y w]
PONTO {ponto; vírgula; ponto e vírgula; dois pontos;
exclamação; interrogação}
ESPAÇO (entre palavras) {#}
TRAVADOR_S [s]
TRAVADOR_R []
OUTROS_SONS {silêncio; respiração; cliques; bucal; sopro}
TABELA 4
EXEMPLO DE USO DO AUTÔMATO: “TRASTE” [#tasti#]
# (ESPAÇO) S0 → S0 .
t (CONS0) S0 → S2 C
 (CONS1) S2 → S4 C
a (VOGAL) S4 → S1 V
s (TRAVADOR_S) S1 → S10 ∅
t (CONS0) S10 → S2 C.C
i (VOGAL) S2 → S1 V
# (ESPAÇO) S1 → S0 .
Resultado final .CCVC.CV.
Para a observação de grupos clíticos, primeiramente
separamos as classes em palavras gramaticais (palavras
destituídas de acento próprio) e de conteúdo (aquelas que
possuem acento próprio). Às gramaticais correspondem as
preposições (PREP, LPREP), os artigos (ART), as conjunções
(CONJ, LCONJ), os pronomes oblíquos (OBA), os pronomes
demonstrativos (DEM1 e DEM), os indefinidos (IND) e os do
caso reto (RET). As demais classes correspondem às palavras
de conteúdo.
Assim, caracteriza-se um grupo clítico como:
i) uma seqüência de palavras gramaticais e uma ou mais
palavras de conteúdo precedendo uma palavra gramatical;
ii) uma seqüência de palavras gramaticais e uma ou mais
palavras de conteúdo precedendo uma marca de pontuação do
tipo vírgula, respiração, cliques, ruídos bucais ou sopro;
iii) uma seqüência de palavras gramaticais e uma palavra de
conteúdo precedendo um ponto final, ponto e vírgula, uma
exclamação ou uma interrogação.
XXI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE TELECOMUNICAÇÕES-SBT’04, 06- 09 DE SETEMBRO DE 2004, BELÉM - PA
A partir das regras acima, na frase: Ele escreveu uma
crônica para os cadernos especiais do Jornal do Brasil,
tem-se 5 grupos clíticos (conforme sublinhado) e observam-se
mudanças em:
a) Ele escreveu que transforma a átona final [] em “ele”
([el]) na átona não final [i] como pode ser visto na
transcrição [elieskevew]. Essa vogal seguida de outra
vogal transforma-se em uma semivogal, passando sua
transcrição para [elyiskevew], com sílabas do tipo
V.CXVC.CCV.CVX;
b) para os cadernos especiais que transforma as átonas
finais de palavra [] em “os” ([s]) e “cadernos”
([kadns]) na vogal átona não final [u], como visto
pela transcrição [paauskadnuzispesiajs];
c) do Jornal que transforma a átona final de palavra []
em “do” ([d]) na vogal átona não final [u], como pode ser
visto pela transcrição [duonaw];
d) do Brasil que transforma a átona final [] em “do”
([d]) na vogal átona não final [u], como também pode ser
visto pela transcrição [dubaziw].
Outras mudanças que refletem na ressilabação são
relacionadas às palavras terminadas por sílabas travadas [s]
ou [] como “cadernos” e que tem em seqüência dentro do
mesmo grupo clítico uma palavra que inicia com uma vogal,
como “especiais”, conforme pode se observar no exemplo (b)
anterior, cujo fonema final [s] da palavra “cadernos” passa
para [z].
V. CONCLUSÕES E FUTURAS IMPLEMENTAÇÕES
Como vimos, muitas das teorias que explicam os
fenômenos lingüísticos devem ser adaptadas para aplicação
em sistemas de síntese de fala para que se tenha um resultado
mais natural. A observação de discrepâncias entre a fala e a
representação lingüística aqui apresentada, como por exemplo
o caso da vogal epentética que, por sua curta duração, não
deve ser levada em conta para a tipologia silábica, conduz a
uma fala sintética mais natural – objetivo deste estudo.
O classificador silábico aqui especificado classifica e
divide adequadamente as sílabas das palavras do léxico do
PB. Foram testadas 5.000 palavras, coletadas aleatoriamente
de um conjunto de notícias da Agência Brasil, que continha
um total de 148.000 palavras. Todas as palavras que
apresentaram uma correta transcrição fonética foram
adequadamente divididas em sílabas. A implementação dos
grupos clíticos levou a ressilabação das palavras que
compunham cada grupo. Os grupos clíticos e a classificação
silábica são utilizados para a busca da melhor unidade para a
concatenação e, em testes informais de escuta, a inclusão
desses parâmetros lingüísticos têm mostrado uma sensível
melhora na fala sintetizada.
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Prosodic Approach to Device-independent, Natural-sounding Speech
Synthesis,” Computer Speech and Language, vol. 14, pp. 177-210,
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Similarity Metric within BT’s Laureat TTS System,” III ESCA
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Text-to-speech Synthesis in Italian,” International Congress on Spoken
Language Processing, Pequim, China, pp. 697-700, 2000.
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