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A PSICANÁLISE FACE AO HEDONISMO COMTEMPORÂNEO Isabel Fortes TÓPICOS DE ABORDAGEM Sujeito Hedonista "Uma das marcas da subjetividade contemporânea é o desamparo". “O hedonismo da atualidade é herdeiro do utilitarismo”. “o fortalecimento do indivíduo é hoje o grande adversário da cidadania”. "Importância de valorizar a dor” Pressão Social para ser feliz;1 Associa a felicidade ao consumo;2 Fragilidade dos laços sociais;4 Redução da alteridade;3 Compulsão consumista como paliativo;5 SUJEITO HEDONISTA • Obrigação imposta pela sociedade contemporânea de ser feliz. • A pressão é reforçada pelas propagandas publicitária. Ex: Slogan do Mc Donalds “Gostoso como a vida deve ser” PRESSÃO SOCIAL PARA SER FELIZ ASSOCIA A FELICIDADE AO CONSUMO • Ilusão: a aquisição de objetos pode preencher a demanda por felicidade. • O consumo é o caminho para alcançar a felicidade. REDUÇÃO DE ALTERIEDADE • Outras pessoas tornam-se objeto de consumo. • A relação com o outro torna-se utilitária, FRAGILIDADE DOS LAÇOS SOCIAIS • Falta de espaço para o diálogo e valorização do espetáculo. • Sentimento de solidão e vulnerabilidade. COMPULSÃO CONSUMISTA COMO PALEATIVA • Obsessão por comprar = forma de compensação e incertezas da vida moderna. • Tentativa de preencher o vazio da subjetividade e escapar das agonias da incerteza. Sujeito Moderno;1 Sujeito Pós-Moderno;2 Era da diminuição das expectativas;3 DESAMPARO SUJEITO MODERNO Projeto iluminista; Ascenção da razão; Centramento do sujeito na consciência; Soberania da Ciência; Autonomia em relação ao divino; SUJEITO CONTEMPORÂNEO Ciência não mais vista como salvadora; Falta da figura protetora vinda da religião; Declínio da sociedade tradicional; Valorização do indivíduo; Falta de pertencimento gerada pela individualização. DECLÍNIO DA RELIGIÃO DECLÍNIO DA RAZÃO FALTA DE PERTENCIMENTO ERA DA DIMINUIÇÃO DAS EXPECTATIVAS Falta de segurança e incerteza do futuro; Perda de continuidade histórica, onde não há mais vontade de se passar crenças passadas para a geração futura; Não há necessidade de satisfação, portando é priorizada a euforia e gozo. DIMINUIÇÃO DE EXPECTATIVA Genealogia do individualismo;1 Utilitarismo;2 Autoridade.4 Interesses calculistas;3 PERSPECTIVAS •TRAÇAR A GENEALOGIA DO INDIVIDUALISMO, QUE PROPICIOU O SURGIMENTO DO HEDONISMO CONTEMPORÂNEO; •DO INDIVIDUALISMO DE HOBBES, NO SÉCULO XVII, AO UTILITARISMO DE BENTHAM NO SÉCULO XIX, PARA ENTENDER O HEDONISMO CONTEMPORÂNEO. Genealogia do individualismo Utilitarismo •REAFIRMAÇÃO DOS PRINCÍPIOS INDIVIDUALISTAS; •TINHA COMO META O EVITAMENTO DA DOR PARA OS SUJEITOS, TANTO NA VIDA PÚBLICA QUANTO NA PRIVADA; •UTILIDADE = PROPORCIONAR PRAZER OU FELICIDADE; •PARA BENTHAM, O OBJETIVO ÚLTIMO DE TODA LEGISLAÇÃO SERIA SUSTENTAR A MAIOR FELICIDADE POSSÍVEL PARA O MAIOR NÚMERO DE PESSOAS. Interesses calculistas • O INDIVÍDUO NESTE MOMENTO NÃO SE VÊ MAIS COMO PARTE DE UM TODO SOCIAL, MAS COMO UM PROPRIETÁRIO DE SI MESMO; • SE A NOÇÃO DE POSSE FOI O QUE OFERECEU AO INDIVIDUALISMO A SUA FORÇA NO SÉCULO XVII, TORNOU-SE A SUA FRAQUEZA NO SÉCULO XIX, QUANDO ESTA NOÇÃO FOI ARTICULADA AO RACIONALISMO UTILITARISTA. • O INDIVIDUALISMO LIBERAL ASSOCIA-SE AO ASPECTO RACIONALISTA E UTILITARISTA, QUE FEZ DA LIBERDADE INDIVIDUAL UM CAMPO ABERTO PARA OS INTERESSES CALCULISTAS EM RELAÇÃO AO OUTRO E AO SOCIAL; • NA SUA VERSÃO POSSESSIVA, O INDIVIDUALISMO, ALÉM DE AFIRMAR O DIREITO À PROPRIEDADE, INDUZ A QUE O INDIVÍDUO PASSE A SENTIR-SE PROPRIETÁRIO DA SUA PESSOA, NADA DEVENDO À SOCIEDADE. Autoridade •SOCIEDADE DE MERCADO COMPETITIVO: - O HOMEM É NATURALMENTE COMPETITIVO E DESTRUIDOR DO SEU SEMELHANTE; - O VALOR DO INDIVÍDUO SÃO OS PREÇOS DO MERCADO, SENDO DADO PELA ESTIMATIVA QUE OS OUTROS LHES DÃO, É DETERMINADO PELA OPINIÃO E PELO INTERESSE DOS OUTROS; •NECESSIDADE DE CUMPRIMENTO DAS LEIS E DA FIGURA DO SOBERANO •A CONDIÇÃO NATURAL DO HOMEM É A DA LUTA INCESSANTE CONTRA OS OUTROS HOMENS (HOBBES); •SÓ A SUBMISSÃO A UM PODER SOBERANO ABSOLUTO PODE BARRAR A NATUREZA DESTRUIDORA E VIOLENTA DO HOMEM. O hedonismo contemporâneo defende que o prazer é o principal objetivo da vida. No entanto, diferentemente do utilitarismo, que defende que o prazer deve ser maximizado para todos, o hedonismo contemporâneo entende que cada indivíduo é responsável por buscar seu próprio prazer e evitar sua própria dor, sem se preocupar com o bem-estar dos outros. cultura moderna cultura pós-moderna Negligência dos prazeres por parte do indivíduo em troca da promessa de uma vida em civilização. Priorização de prazeres particulares do indivíduo em troca da abdicação da segurança dentro da sociedade. Liberdade individual;1 Interesses calculistas em relação ao outro e ao social. 2 UTILITARISMO LIBERAL Direito à propriedade; 1 Sentimento de auto propriedade. 4 2 5 UTILITARISMO POSSESSIVO Macpherson "não devo nada à sociedade" 1 O valor do homem é determinado pela estimativa que os outros lhe dão. "O homem é o lobo do homem" Busca incesante por poder e influência. SOCIEDADE DE MERCADO COMPETITIVO PRIVATIZAÇÃO DA SAÚDE Enfraquecimento do Estado; Concepção do direito como uma "caridade"; Alto poder de escolha...; ...Incriminalização dos impossibilitados de escolher; Desmantelamento do Estado do Bem-Estar. Individualismo Negativo O indivíduo não conta mais com o direito à cidadania, já que lhe foi subtraído a identidade de cidadão. A autora argumenta que valorizar a dor é necessário para a constituição do corpo, assim como também é fundamental para o conhecimento e a percepção que o “eu" tem do corpo próprio. IMPORTÂNCIA DE VALORIZAR A DOR • O sujeito não pode ser concebido sem a dimensão da dor e da angústia. Se houver diminuição de espaço concedido ao sofrimento psíquico, a cultura contemporânea simultaneamenteuma operação de extermínio da subjetividade. • Há positividade na dor. Tanto que a psicologia clínica e a teoria psicanalítica se sustentam nessa afirmativa. • A importância da dor é apresentada através da noção do masoquismo. Segundo Freud, o masoquismo erógeno é uma experiência da dor concebida a partir da co-presença do prazer e da dor. Ao permitir a concomitância do prazer e da dor, o masoquismo consiste em uma via teórico/clínica de contraposição ao evitamento da dor, determinado pelo hedonismo contemporâneo. A dor é um elemento necessário para o aparelho psíquico, não há como eliminá-lo do psiquismo humano, o que delimita uma diferença entre a psicanálise e imperativos da cultura contemporânea.
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