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Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Parasitologia O Wuchereria bancrofti é o agente que causa a filariose, conhecida popularmente como elefantíase. É um parasita de vasos linfáticos, vasos sanguíneos, tecido subcutâneo, cavidade peritoneal ou mesentério, e necessitam de um hospedeiro invertebrado para seu ciclo biológico. Sua transmissão se dá pela picada do Culex quinquefasciatus (fêmea) infectado com larvas do parasita. O ciclo da transmissão ocorre quando um inseto transmissor pica a pessoa infectada com as microfilárias e as transmite a outra pessoa sadia. Após a penetração na pele, através da picada do mosquito, as larvas infectantes migram para a região dos linfonodos, onde se desenvolvem até a fase adulta. Havendo o desenvolvimento de parasitos dos sexos masculinos e feminino, deverá haver a reprodução deles com eliminação de grande número de microfilárias para a corrente sanguínea, fato que propiciará a infecção de novos mosquitos, iniciando-se um novo ciclo de transmissão. OBS: os vermes adultos machos e fêmeas permanecem juntos nos vasos e gânglios linfáticos humanos, vivendo, em média, quatro a oito anos. As regiões do corpo humano, que normalmente abrigam as formas adultas são: pélvica (atingindo pernas e escroto), mamas e braços (mais raramente). As microfilárias eliminadas pela fêmea grávida saem dos ductos linfáticos e ganham a circulação sanguínea do hospedeiro. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Parasitologia Adenites: os linfonodos hipertrofiados tornam-se muito sensíveis ou mesmo dolorosos e em torno das microfilárias e se desenvolve granulomas com eosinófilos e histiócitos; Linfangites: inflamação e dilatação dos vasos linfáticos formando varizes; Linfoedema: acúmulo de linfa nos tecidos devido retardo do retorno venoso; Derrame linfático: cavidades serosas; Outras complicações: derrame de líquido nas vias urinárias (linfúria) ou mais raramente nos intestinos (linforréia) e infecções secundárias; Eosinofilia Pulmonar Tropical (EPT): síndrome causada pela migração de microfilárias de W. Bancrofti para o pulmão. Origina uma doença intersticial pulmonar e aumento importante de eosinófilos. Essa manifestação resulta de uma exacerbada resposta imunológica. O diagnóstico específico da Filariose é geralmente realizado pela demonstração das larvas em biopsia, linfa ou sangue. As microfilárias recém liberadas no interior dos ductos e vasos linfáticos acumulam-se no interior da rede vascular sanguínea dos pulmões. Ao anoitecer as larvas aparecem na circulação sanguínea periférica e seu número aumenta progressivamente até as primeiras horas da madrugada. A Onchocerca volvulus é um filarídeo do tecido subcutâneo humano, causador da oncocercose, sendo encontrado em 35 países. No Brasil, o primeiro caso autóctone foi descrito por Bearzoti que removeu dois nódulos contendo helmintos adultos na cabeça de uma criança, filha de missionários americanos que viviam entre os índios Yanomami, no norte do Brasil. Tem como vetor o mosquito Simulium guianense, popularmente conhecido como “borrachudo" ou "pium". Ao se alimentar de sangue, um borrachudo infectado transmite larvas de filária para a pele do hospedeiro humano, onde as larvas penetram na lesão da picada. As larvas migram para os tecidos subcutâneos e se transformam em filárias adultas, que comumente permanecem em nódulos subcutâneos por até cerca de 15 anos. Após o acasalamento, os vermes fêmeas produzem microfilárias sem bainha, que tipicamente se encontram na pele e nos vasos linfáticos dos tecidos conjuntivos, mas algumas vezes estão presentes no sangue periférico, na urina e no escarro. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Parasitologia O borrachudo ingere as microfilárias ao se alimentar de sangue e após a ingestão, as microfilárias penetram o intestino médio do borrachudo e migram para os músculos torácicos, onde as microfilárias passam por 3 estágios (L1 a L3) do desenvolvimento larval. As larvas migram para a probóscide do borrachudo e podem infectar outro humano quando o simulídeo se alimenta de sangue, fechando o ciclo biológico. Os helmintos são envolvidos por uma cápsula de tecido fibroso, formando os nódulos subcutâneos (oncocercomas), que medem desde alguns milímetros até 3cm ou mais de diâmetro, onde é visto apenas um casal de vermes, mas podem ocorrer vários. Enquanto os parasitos estão vivos, o maior problema do oncocercoma é estético. Quando estes helmintos morrem, há intenso processo inflamatório, dor, calcificação e aparecimento de fibrose. É causada, principalmente, pela migração das microfilárias através do tecido conjuntivo da pele. É uma dermatite eczematóide extremamente pruriginosa seguida, às vezes, de liquenificação, perda de pigmento e atrofia da pele. Essas manifestações cutâneas só ocorrem após a morte das microfilárias, pois enquanto estão vivas não há lesão de derme evidente. Constituem a mais séria manifestação da oncocercose. São lesões irreversíveis dos segmentos anterior e posterior do olho, resultando em sério comprometimento da visão e podendo levar a cegueira completa. Antes da cegueira total, podem aparecer outros distúrbios, como cegueira noturna, redução do campo visual periférico e diminuição da acuidade. Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Parasitologia O diagnóstico da oncocercose se dá por meio de exame microscópico de fragmentos ou biópsias da pele e também exame com lâmpada de fenda da córnea e câmara anterior do olho. OBS: a resposta imunológica conta helmintos se dá por meio da produção e ação de eosinófilos. A malária é uma doença infecciosa febril aguda transmitida pela picada da fêmea do mosquito Anopheles, infectada pelo microrganismo Plasmodium. Plasmodium vivax; Plasmodium malariae. Plasmodium falciparum; Plasmodium ovace. O ciclo biológico da malária envolve um parasito, um mosquito vetor e um hospedeiro humano. Um mosquito Anopheles spp. pode ingerir formas sexuadas dos parasitos da malária (gametócitos) ao alimentar-se do sangue de ser humano infectado. Após fusão dos gametócitos masculino e feminino e maturação do zigoto no mosquito, esporozoítos são liberados do oocisto. Esporozoítos, que migram para as glândulas salivares do mosquito, podem ser inoculados na corrente sanguínea de outro hospedeiro humano, durante subsequente refeição de sangue. No ser humano, os esporozoítos abandonam o sangue e multiplicam-se no fígado, formando esquizontes teciduais. Esse estágio hepático exoeritrocítico é assintomático. Em típica infecção por P. falciparum, células hepáticas liberam parasitos na corrente sanguínea, sob forma de merozoítos. Merozoítos invadem hemácias, multiplicam-se de modo assexuado e formam esquizontes sanguíneos. Trata-se do estágio eritrocitário. Eritrócitos infectados acabam por se romper, liberando outra geração de merozoítos, que continua o ciclo eritrocitário. Raros merozoítos também maturam a gametócitos. A ingestão desses gametócitos circulantes por um mosquito apropriado completa o ciclo de vida. Os sintomas clínicos da malária, mais usualmente febre, são causados por lise intravascular de Leonardo Vinícius Ribeiro Moreira BBPM III - Parasitologia eritrócitos e liberação subsequente de merozoítos no sangue. O diagnóstico da malária se dá por conta da microscopia óptica do sangue (esfregaços finos ou gota espessa) e também por testes diagnósticos rápidos de sangue que detectam enzimas ou antígenos do Plasmodium. Viajantes ou imigrantes que apresentam febre ao retornarem de uma região endêmica devem ser imediatamente avaliados com relação à malária.
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