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Práticas Laboratoriais Amanda Göedert
Intoxicação por chumbo
 Atualmente, o chumbo é um dos contaminantes mais comuns do ambiente, devido a inúmeras atividades industriais que favorecem a sua grande distribuição, sendo um elemento tóxico, não essencial, que se acumula no organismo.
 Quase sempre se trata de uma intoxicação crônica, muito difícil intoxicações agudas, e essas crônicas costumam ser ocupacionais
 As manifestações clínicas costumam demorar, e por isso, trabalhadores suscetíveis já costumam fazer exames periódicos
Mecanismo de ação:
 A toxicidade do chumbo é multissistêmica, mediada por diversos mecanismos:
· Principalmente: inativação ou ativação de enzimas e outras macromoléculas, ligando-as a radicais sulfidrila, fosfato ou carboxila, e interação com cátions essenciais, principalmente cálcio, zinco e ferro
· Poderão ocorrer alterações patológicas nas membranas celulares e mitocondriais
· na síntese e na função de neurotransmissores,
· na síntese do heme,
· no metabolismo de nucleotídeos,
· causam hipertensão
 Impactos sobre os sistemas nervoso, renal, GI, hematopoiético, reprodutor e cardiovascular poderão advir desses mecanismos.
Plumbarismo:
 A presença do chumbo em diversos tecidos, a partir de uma concentração limiar, interfere em diversas passagens metabólicas, causando os sinais e sintomas da doença conhecida como saturnismo, plumbemia ou intoxicação por chumbo, onde seus sinais e sintomas variam conforme a gravidade da intoxicação.
· Inalação (via mais importante na exposição ocupacional)
· Oral (via predominante para a população em geral) – mais difícil de detectar, pois a população em geral não faz exames periódicos para avaliar intoxicação por chumbo como trabalhadores expostos, a instalação nessas pessoas é insidiosa e facilmente confundida com outras patologias
 Principais atividades profissionais e fontes de exposição ambiental ao chumbo metálico:
· Exposições ocupacionais a poeiras e fumos de chumbo
· Extração, concentração e refino de minérios contendo chumbo
· Fundição de chumbo
· Produção, reforma e reciclagem de acumuladores elétricos
· Etc
 Exposições não-ocupacionais ao chumbo metálico:
· Residência nas vizinhanças de empresas que manuseiam chumbo
· Presença de projéteis de arma de fogo no organismo
· Ingestão acidental de água ou alimentos contendo chumbo
· Ingestão de água contaminada com chumbo
Meia-vida: 
· Sangue - 37 dias 
· Tecidos moles - 40 dias 
· Ossos – 27 anos (maior depósito corporal do metal armazenando 90 a 95% do chumbo presente no corpo)
 A maioria dos xenobióticos, quando a pessoa se afasta do agente, os efeitos são reduzidos e eles não costumam ficar armazenados, entretanto, a particularidade do chumbo é que pode se depositar nos ossos, e pode permanecer por tempo estimado por 27 anos. Esse chumbo depositado nos ossos pode ser liberado gradualmente na circulação, afetando outros tecidos
 O chumbo absorvido é eliminado principalmente pela urina através dos rins, e pelas fezes através do trato gastrointestinal.
Diagnóstico:
 Para diagnóstico da intoxicação por chumbo podem ser realizados os seguintes exames:
1. Indicadores de Exposição: Estimam de forma indireta o grau de exposição ao chumbo. Estão neste grupo a dosagem de chumbo no sangue – Pb(s) e na urina – Pb(U). 
· Dosagem de chumbo, é analisar o chumbo no sangue, não é possível estimar quanto tem nos ossos, ou quanto tem nos tecidos moles a partir dessa dosagem, só é possível saber quanto de chumbo está circulando no sangue no momento da análise
 Dentre os valores considerados normais e os Limites de Tolerância Biológica (LTB) - níveis de advertência a partir dos quais aumenta consideravelmente o risco de adoecimento, regulamentados pela portaria nº.12, de 6 de junho de 1983, apresentada pela Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho, incluem os indicadores de exposição, avaliados através da dosagem de chumbo no sangue, com o valor normal de 40 µg/dL e LTB de 60 µg/dL.
 População geral: 
· Crianças (abaixo de 15 anos): até 10 µg/dL 
· Adultos (maior ou igual a 15 anos): até 25 µg/dL
 População ocupacionalmente exposta: 
• Até 40 µg/dL Índice biológico máximo permitido: até 60 µg/dL
Ou seja, até 40 é o ideal de normalidade, mas é aceito até 60, entretanto, 60 já á muito alto e com toda certeza trará efeitos de intoxicação por chumbo
2. Indicadores de Efeito Biológico: Estes testes revelam alterações orgânicas resultantes da ação do chumbo. Estes testes abrangem:
a) Dosagem da zinco-protoporfirina/ZPP – começa a aumentar com plumbemia em torno de 17 μg/dL. (zinco se liga a protoporfirina no lugar do ferro, já que o ferro não consegue se ligar devido a inibição da formação do grupo heme, mas o zinco não é capaz de transportar O2 como o ferro é, esse zinco ligado a protoporfirina chama ZPP) Tem boa correlação com a plumbemia e ALA(U), e constitui uma alteração metabólica persistente, permanecendo elevada mesmo depois que os demais parâmetros bioquímicos se normalizaram. Este fato é de grande importância para os estudos retrospectivos da exposição. A ZPP está aumentada em casos de anemia ferropriva e mesmo em dietas pobres em ferro.
O valor de referência é de 40μg/dl.
 Produz menos hemoglobina (menos protoporfirina) e as hemoglobinas que estão sendo produzidas possuem zinco no lugar do ferro, ou seja, não são funcionais. Essa hemoglobina se torna Hipocrômica.
b) Determinação do ácido delta aminolevulínico na urina (ALA-u) – Sua concentração urinária começa a se relacionar com a plumbemia a partir de 40μg de Pb/dl no sangue. Com o afastamento da exposição, os níveis de ALA-u diminuem e voltam aos valores normais de forma relativamente rápida.
O ALA-U é um indicador biológico que reflete a interferência do chumbo na síntese do heme. O chumbo inibe as enzimas ácido delta-aminolevulínico desidratase (ALA-D), coproporfirinogêneo descarboxilase e a ferroquelastase. Assim, os substratos dessas reações (ácido deltaaminolevulínico, coproporfirinogêneo III, protoporfirina) se acumulam.
 Quanto mais chumbo no sangue, maior quantidade de ALA na urina e maior quantidade de ZPP
 Como ALA se acumula, é encontrado na urina
 Ocorre hipocromia (produção de hemoglobina comprometida, hemácia mais pálida devido menor quantidade de hemoglobina dentro da hemácia) e policromatofilia (presença de reticulócitos) – pode ou não estar presente, depende do grau da intoxicação, normalmente ocorre devido a diminuição da produção de hemoglobina, tendo uma resposta na medula aumentando a produção de hemácias
· Reticulócitos - Os reticulócitos são um estágio intermediário de maturação, entre os eritroblastos e as hemácias, já sem núcleo, mas ainda com um certo conteúdo de ácidos nucleicos no citoplasma. Coloração Azul Cresil Brilhante
· É importante na intoxicação de chumbo, fazer a contagem de reticulócitos. 
 O pontilhado basófilo são grânulos azul-escuros geralmente finos, distribuídos no interior da hemácia. A presença deste RNA desnaturado ocorre por inibição da enzima pirimidina 5’ nucleotidase observada, na intoxicação pelo chumbo (Saturnismo)
Corpúsculos de Pappenheimer (siderócitos) – grânulos de ferro. Coloração Azul da Prússia
 Ferro que não conseguiu ligar com a protoporfirina fica disperso no citoplasma
Brainstorm:
MARCADORES DE EXPOSIÇÃO: 
Dosagem de chumbo – sangue ou urina, valores de referência para crianças, adultos, e para trabalhadores expostos
MARCADORES DE EFEITO BIOLÓGICO e O QUE SIGNIFICAM: 
- Concentração: ALA (urina) – diminuição da produção de protoporfirina, ZPP (sangue) – incapacidade de ligar ferro a protoporfirina
- Microscopia: Reticulócitos, pontilhado basófilo, grânulos de ferro (siderócitos) e hipocromia

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