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AVALIAÇÃO PRESENCIAL INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO DE TEXTOS UNIP 2023

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AVALIAÇÃO PRESENCIAL INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO DE TEXTOS UNIP 2023 
Questões de múltipla escolha 
 
Questão 1: Leia os quadrinhos a seguir. 
 
Com base na leitura, analise as afirmativas e assinale a alternativa correta. 
I. O objetivo dos quadrinhos é criticar o discurso da descartabilidade da 
sociedade contemporânea, na qual os objetos e as relações pessoais tendem à 
efemeridade. 
II. Os quadrinhos enaltecem a sociedade contemporânea, na qual problemas 
são resolvidos rapidamente com a substituição de produtos. 
 
III. A crítica dos quadrinhos concentra-se no machismo, uma vez que os homens 
esperam que as mulheres resolvam seus problemas cotidianos. 
A) Apenas as afirmativas I e II são corretas. 
B) Apenas as afirmativas I e III são corretas. 
C) Apenas a afirmativa I é correta. 
D) Apenas a afirmativa II é correta. 
E) Nenhuma afirmativa é correta. 
 
Questão 2: Leia o texto e analise as afirmativas. 
Quem são os jovens “nem-nem-nem”: não estudam, não trabalham e não estão 
procurando emprego 
Pesquisa realizada pela Universidade Federal do Ceará analisa o perfil e as 
motivações do jovem da periferia Juliana Diógenes, O Estado de S. Paulo 1º de maio 
de 2019 
“Renomeamos esta geração. É a geração sem-sem-sem”, diz Rafael (nome fictício), 
universitário de 24 anos e morador da periferia de Fortaleza <https://tudo-
sobre.estadao.com.br/fortaleza-ce>, que pede para não ser identificado. “Sem 
Estado, sem escola adequada, sem opções culturais. Sem nada.” 
Diferentemente dos jovens “nem-nem”, a chamada geração “nem-nem-nem” inclui 
uma nova categoria: além de não estudar e não trabalhar, o jovem “nem-nem-nem” 
também não está procurando emprego formal. Dos jovens nemnem-nem, dois terços 
são mulheres. A cada 10 meninas da geração “nem-nem-nem” que abandonam a 
escola, três saem por gravidez precoce. 
O diagnóstico é da pesquisa “Eles dizem não ao não”, realizada pela Universidade 
Federal do Ceará (UFC) e lançada nesta terça-feira, 30. O levantamento inédito analisa 
o perfil e as motivações do jovem da periferia que nem trabalha, nem estuda, nem 
está procurando emprego. 
 
Os “nem-nem-nem” são formados, predominantemente, por mulheres negras com 
filhos, que ainda moram na casa dos pais, onde a mãe é a “chefe da família”, cujas 
famílias são cadastradas no Bolsa Família ou detentoras de renda inferior a um salário 
mínimo, e ex-alunas de escola pública, que abandonaram os estudos ainda no ensino 
fundamental por gravidez, casamento ou falta de interesse. 
Iniciada em outubro de 2018, a pesquisa entrevistou 150 jovens da região do Grande 
Bom Jardim, na periferia de Fortaleza, no Ceará. A área contém cinco bairros que 
estão entre os 12 mais vulneráveis de Fortaleza. A macrorregião tem atuação de 
facções criminosas nacionais e regionais, que delimitam os territórios impedindo a 
passagem dos moradores. 
Segundo o IBGE <https://tudo-sobre.estadao.com.br/ibge-instituto-brasileiro-de-
geografia-e-estatistica>, o Ceará é o 6º Estado com a maior proporção de jovens 
“nem-nem”. Alagoas lidera. 
Facções 
Segundo Rafael, desde o começo de 2016, as facções começaram a guerrear no 
Grande Bom Jardim, o que afetou a vida dos moradores. A atuação dos grupos 
organizados rivais dentro do Grande Bom Jardim impede a passagem de residentes 
entre os bairros, impactando a circulação de jovens para serviços básicos, como 
escola e posto de saúde. 
“De repente, as pessoas não podem ter mais a sua vida normal, nem andar, nem ficar 
na rua. Em algumas escolas, os diretores nos disseram que 50% dos meninos não 
estavam mais indo para a escola porque não podiam atravessar mais a rua, que 
passou a ser dominada por uma facção diferente daquela que comanda a rua onde 
os estudantes moram”, relata o jovem. […] 
A área do Grande Bom Jardim tem 146 mil pessoas na faixa etária de 15 a 29 anos. 
Desse recorte juvenil, 14,4% estão na categoria “nem-nem-nem” e outros 22,25%, na 
faixa “nem-nem”. […] 
Uma das novidades apontadas na pesquisa é que, na verdade, a geração “nem-nem-
nem” trabalha, porém não em empregos formais. A socióloga e pesquisadora Glória 
Diógenes, do Laboratório das Artes e das Juventudes (Lajus), da UFC, destaca que 
 
esses jovens se viram com “bicos”, embora não reconheçam essas atividades como 
trabalho. “Percebemos que eles por vezes acham que não trabalham. Não estudam e 
não trabalham, mas, na verdade, quando questionados como se sustentam, 
responderam com expressões como fazer corres, trampar, se desdobrar, dar os pulos. 
O que se destaca nessa juventude é uma reinvenção, uma força que se desdobra em 
atividades das mais inusitadas possíveis, desde vender loteria, até cuidar de idosos, 
vender maquiagens e marmitex em casa”, explica Glória. 
Segundo ela, essas atividades de sobrevivência configuram um tipo novo de trabalho, 
que não é reconhecido nem pelos jovens, nem pela sociedade, nem pelo mercado 
de trabalho formal. 
“São jovens que não se enquadram na formação regular de trabalho, com horas 
determinadas e carteira assinada”, diz. “Há uma resiliência nesse jovem. Só que não 
há apoio para esses pequenos projetos múltiplos. Porque a sociedade não reconhece 
essas pessoas como trabalhadores, mas como vagabundos”. 
Já em relação à escola, também há uma rejeição por parte desses jovens, que não se 
sentem interessados pela educação formal. Entre os motivos alegados para o 
afastamento escolar estão o desinteresse (26,6%) e o trabalho (17,3%). A gravidez 
(32,4%) aparece em destaque no grupo dos jovens “nem, nem, nem”, que, como foi 
apontado anteriormente, é um grupo composto em sua maioria por mulheres. 
Apesar de não trabalharem nem estudarem, 89% dos entrevistados pretendem 
trabalhar e outros 78% manifestaram desejo de voltar a estudar. 
Disponível em: https://brasil.estadao.com.br/noticias/geral,quem-sao-os-
jovens-nem-nem-nem-nao-estudam-naotrabalham-e-nao-estao-procurando-
emprego,70002811210?utm_source=facebook% 
3Anewsfeed&utm_medium=social-organic&utm_campaign=redes-
sociais%3A052019%3Ae&utm_content=%3A%3A 
%3A&utm_term&fbclid=IwAR3usBkSOZdtrWrJPSBS-
eeuwt3iX5Gxam0xWs05gxJp1MCGn6PYLl0xWuI. Acesso em: 21 fev. 2020. 
Adaptado. 
 
I. Ao propor a mudança da expressão que caracteriza o grupo para “sem-sem-
sem”, o entrevistado evidencia a falha do Estado na trajetória dos jovens que nem 
estudam, nem trabalham, nem procuram emprego. 
II. Segundo os dados, na região do Grande Bom Jardim, existem cerca de 54 mil 
jovens na faixa de 15 a 29 anos que não estudam nem têm emprego formal. 
III. De acordo com a socióloga entrevistada, a pesquisa é inválida, pois os jovens 
realizam trabalhos informais e garantem sua sobrevivência. 
É correto o que se afirma em: 
A) I, II e III. 
B) I e II, apenas. 
C) II e III, apenas. 
D) I e III, apenas. 
E) II, apenas. 
 
Questão 3: Leia a charge a seguir. 
 
 
 
 
O objetivo da charge é: 
A) Criticar o crescimento da obesidade na sociedade contemporânea. 
B) Mostrar que há 400 anos as mulheres tinham uma vida mais saudável e isso se 
refletia no seu peso. 
C) Evidenciar o desenvolvimento tecnológico da pintura para a fotografia. 
D) Mostrar que, em épocas distintas, existem pessoas insatisfeitas porque não 
apresentam o padrão de beleza socialmente determinado. 
E) Criticar a imobilidade e a falta de realização prática, provocadas pelo excesso de 
idealização. 
 
Questão 4: Considere a ilustração e as afirmativas. 
 
I. A ilustração vale-se apenas de signos não verbais para enaltecer o 
potencial econômico das florestas. II. O texto é uma crítica à exploração 
econômica dos recursos naturais. 
III.O objetivo da ilustração é incentivar a preservação ambiental e promover o 
crescimento econômico. 
É correto o que se afirma somente em: 
 
A) I. 
B) II. 
C) III. 
D) I e II. 
E) I e III. 
 
Questão 5: Leia a charge a seguir. 
 
Com base na leitura, analise as afirmativas. 
I. A charge mostra o processo defabricação de um ovo de chocolate com a 
intenção de ilustrar a complexidade da produção e mostrar a sua importância na 
economia do país. 
 
II. O objetivo da charge é criticar o sistema econômico excludente, que explora 
mão de obra infantil e impede que o trabalhador consuma o que ele ajudou a 
produzir. 
III. A charge alinha-se ao discurso da meritocracia ao mostrar o esforço pessoal e 
a necessidade de aspirações. 
É correto o que se afirma apenas em: 
A) I. 
B) II. 
C) III. 
D) I e II. 
E) II e III. 
 
Questão 6: O Pisa, exame internacional desenvolvido e aplicado pela 
Organização para a Cooperação Econômica e Desenvolvimento (OCDE), avalia 
o letramento dos estudantes na faixa dos 15 anos nas áreas de matemática, 
ciências e leitura. Os resultados do Pisa são apresentados de acordo com a escala 
de desempenho da tabela a seguir, que mostra seis níveis de proficiência em 
função da pontuação obtida. 
 
Alunos com menos de 358 pontos são classificados como “abaixo do nível 1”, pois 
não conseguem compreender nem os enunciados mais simples do exame. 
 
A periodicidade do Pisa é trienal e ele já foi aplicado em 2000, 2003, 2006, 2009, 2012 
e 2015. No gráfico a seguir, estão indicadas as pontuações em matemática de alguns 
países que participaram de todas as edições do Pisa, incluindo o Brasil. 
 
Pontuações de alguns países em matemática em várias edições do Pisa. 
Com base nos dados fornecidos, analise as afirmativas. 
I. O Brasil já apresentou, no Pisa, resultados em matemática classificados como 
“abaixo do nível 1”, em escala de 1 a 6. 
II. Embora os resultados em matemática do Brasil e do México, nas diversas 
edições do Pisa, nunca tenham superado o nível 1, em escala de 1 a 6, esses países 
sempre mantiveram crescimentos de pontuações. 
III. A Polônia apresentou significativo crescimento de pontuações em matemática 
no Pisa de 2009 para 2012, mas, ainda assim, nunca superou o desempenho da China 
(Hong Kong). 
Está correto o que se afirma em: 
A) I, II e III. 
B) II e III, apenas. 
C) I e III, apenas. 
 
D) I, apenas. 
E) III, apenas. 
 
 
Questão 7: Considere a charge a seguir e assinale a alternativa que melhor a 
interpreta. 
 
Disponível em: 
 <https://www.facebook.com/DepositoDeCartuns/photos/ 
a.141674892627444.26560.141672549294345>. Acesso em: 2 jul. 2017. 
A) Hoje em dia, as pessoas não querem ler, gostam apenas de aparelhos eletrônicos. 
B) Na vida, a pessoa precisa ter luz própria para achar seu caminho. 
C) A leitura transforma o modo como vemos as coisas. 
D) O livro impresso é um objeto arcaico, que oferece um modo de leitura pouco 
atraente. 
E) As pessoas andam nas trevas até absorverem mensagens de caráter religioso, que 
iluminam seus caminhos. 
 
 
Questão 8: Leia a charge e trechos de um ensaio, escrito pelo professor Eduardo 
Marks, publicado pela filósofa Márcia Tiburi. 
 
 
 
Obs.: No primeiro quadrinho, vê-se uma caricatura do filósofo René Descartes (1596-
1650) e a frase conhecida como a máxima do seu pensamento. 
No campo das pós-verdades; ou quando o verde também é azul 
Eduardo Marks de Marques 
Até meados de novembro de 2016, se alguém me falasse em “pós-verdade”, talvez a 
minha referência mental imediata fosse ao trabalho realizado pelo Ministério da 
Verdade na Inglaterra, (já nem tão) distópica criada por George Orwell em seu 
romance 1984. O referido ministério era responsável por promover ações de 
propaganda para a manutenção do partido no poder e, talvez mais sintomaticamente 
para os tempos em que vivemos, rever e reescrever a história para que ela sempre 
esteja alinhada aos interesses presentes do poder. Para mim, “pósverdade” era isso: 
transformar o passado a partir dos alinhamentos ideológicos do presente. No 
entanto, com a nomeação do termo como a palavra do ano pelos lexicógrafos do 
Oxford Dictionaries, me vi obrigado a rever uma série de posições. 
Conforme a definição, “pós-verdade” relaciona-se ou denota circunstâncias nas quais 
os fatos objetivos são menos importantes em moldar a opinião pública do que apelos 
emocionais e crenças individuais. Ao ler tal definição, fiquei duplamente surpreso; 
 
primeiramente, porque ela consegue, in a nutshell, resumir bem os últimos anos, ao 
menos no Ocidente. Quem frequenta as redes sociais como eu não consegue mais 
ignorar não só a polarização maniqueísta pela qual a sociedade está passando, mas 
também (e, quiçá, como sua causa e consequência ao mesmo tempo) essa tentativa 
voraz de transformar vivências e opiniões pessoais em experiência universal e senso 
comum. A pósverdade surge para dar nome a essa prática humana assustadora não 
para entendê-la e eventualmente domesticála, mas, sim, para validá-la. A pós-verdade 
é meta-pós-verdade em sua essência. 
Estamos perdendo a habilidade de refletir criticamente sobre a realidade que nos 
circunda, e essa tentativa constante de transformar ontologia em epistemologia de 
forma direta é sua consequência mais maligna, especialmente porque ela vem 
acompanhada de um complexo de deus (…). 
Na língua japonesa, o kanji 青 pode referir-se ao mesmo tempo às cores azul e verde. 
O contexto faz com que saibamos a qual delas o ideograma aponta em determinado 
momento. A aceitação da polissemia faz com que haja harmonia em seu uso. Será que 
conseguiremos chegar a um estágio em que superemos as pós-verdades e 
consigamos voltar a conviver com dúvidas? 
Disponível em: <https://revistacult.uol.com.br/home/no-campo-das-pos-verdades-
ou-quando-o-verde-tambem-e-azul/ >. Acesso em: 8 fev. 2018 (com adaptações). 
I. A charge valoriza a evolução do pensamento humano e a superação das ideias 
cartesianas, promovida pelo acesso à informação que temos atualmente. 
II. A charge e o texto indicam que a pós-verdade é marcada pela supressão da 
razão, da reflexão, que é substituída pela mera crença. 
III. De acordo com o texto, na era da pós-verdade, opiniões e crenças pessoais 
tendem a ser divulgadas como verdades universais e alimentam o senso comum, que 
é desprovido de reflexão crítica. 
IV. O autor espera que a pós-verdade seja superada e, assim, as pessoas 
reaprendam, por meio da razão, a separar o azul do verde, eliminando dúvidas e 
divergências. 
 
Está correto o que se afirma somente em: 
A) I e II. 
B) I e III. 
C) II e III. 
D) III e IV. 
E) II e IV. 
 
 
Questão 9: Leia o texto a seguir. 
 
A complicada arte de ver 
Rubem Alves 
Ela entrou, deitou-se no divã e disse: “Acho que estou ficando louca”. Eu fiquei em 
silêncio aguardando que ela me revelasse os sinais da sua loucura. “Um dos meus 
prazeres é cozinhar. Vou para a cozinha, corto as cebolas, os tomates, os pimentões - 
é uma alegria! Entretanto, faz uns dias, eu fui para a cozinha para fazer aquilo que já 
fizera centenas de vezes: cortar cebolas. Ato banal sem surpresas. Mas, cortada a 
cebola, eu olhei para ela e tive um susto. Percebi que nunca havia visto uma cebola. 
Aqueles anéis perfeitamente ajustados, a luz se refletindo neles: tive a impressão de 
estar vendo a rosácea de um vitral de catedral gótica. De repente, a cebola, de objeto 
a ser comido, se transformou em obra de arte para ser vista! E o pior é que o mesmo 
aconteceu quando cortei os tomates, os pimentões… Agora, tudo o que vejo me 
causa espanto.” Ela se calou, esperando o meu diagnóstico. 
Eu me levantei, fui à estante de livros e de lá retirei as “Odes Elementales”, de Pablo 
Neruda. Procurei a “Ode à Cebola” e lhe disse: “Essa perturbação ocular que a 
acometeu é comum entre os poetas. Veja o que Neruda disse de uma cebola igual 
àquela que lhe causou assombro: ‘Rosa de água com escamas de cristal’. Não, você 
não está louca. Você ganhou olhos de poeta… Os poetas ensinam a ver”. 
 
Ver é muito complicado. Isso é estranho porque os olhos, de todos os órgãos dos 
sentidos, são os de mais fácil compreensão científica. A sua física é idêntica à física 
óptica de uma máquinafotográfica: o objeto do lado de fora aparece refletido do 
lado de dentro. Mas existe algo na visão que não pertence à física. 
William Blake sabia disso e afirmou: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore 
que o tolo vê”. Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-
me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma 
mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à 
frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. 
Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo. 
Adélia Prado disse: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra 
e vejo uma pedra”. 
Drummond viu uma pedra e não viu uma pedra. A pedra que ele viu virou poema. 
Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. “Não é bastante não ser cego 
para ver as árvores e as flores. Não basta abrir a janela para ver os campos e os rios”, 
escreveu Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa. O ato de ver não é coisa 
natural. Precisa ser aprendido. Nietzsche sabia disso e afirmou que a primeira tarefa 
da educação é ensinar a ver. O zen-budismo concorda, e toda a sua espiritualidade é 
uma busca da experiência chamada “satori”, a abertura do “terceiro olho”. Não sei se 
Cummings se inspirava no zen-budismo, mas o fato é que escreveu: “Agora os 
ouvidos dos meus ouvidos acordaram e agora os olhos dos meus olhos se abriram”. 
Há um poema no Novo Testamento que relata a caminhada de dois discípulos na 
companhia de Jesus ressuscitado. Mas eles não o reconheciam. Reconheceram-no 
subitamente: ao partir do pão, “seus olhos se abriram”. Vinicius de Moraes adota o 
mesmo mote em “Operário em Construção”: “De forma que, certo dia, à mesa ao 
cortar o pão, o operário foi tomado de uma súbita emoção, ao constatar assombrado 
que tudo naquela mesa - garrafa, prato, facão - era ele quem fazia. Ele, um humilde 
operário, um operário em construção”. 
A diferença se encontra no lugar onde os olhos são guardados. Se os olhos estão na 
caixa de ferramentas, eles são apenas ferramentas que usamos por sua função prática. 
Com eles vemos objetos, sinais luminosos, nomes de ruas e ajustamos a nossa ação. 
 
O ver se subordina ao fazer. Isso é necessário. Mas é muito pobre. Os olhos não 
gozam… Mas, quando os olhos estão na caixa dos brinquedos, eles se transformam 
em órgãos de prazer: brincam com o que veem, olham pelo prazer de olhar, querem 
fazer amor com o mundo. 
Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que 
moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso 
ter as crianças por nossas mestras. Alberto Caeiro disse haver aprendido a arte de ver 
com um menininho, Jesus Cristo fugido do céu, tornado outra vez criança, 
eternamente: “A mim, ensinou-me tudo. Ensinou-me a olhar para as coisas. Aponta-
me todas as coisas que há nas flores. Mostra-me como as pedras são engraçadas 
quando a gente as tem na mão e olha devagar para elas”. Por isso - porque eu acho 
que a primeira função da educação é ensinar a ver - eu gostaria de sugerir que se 
criasse um novo tipo de professor, um professor que nada teria a ensinar, mas que se 
dedicaria a apontar os assombros que crescem nos desvãos da banalidade cotidiana. 
Como o Jesus menino do poema de Caeiro. Sua missão seria partejar “olhos 
vagabundos”… 
Disponível em: <http://www.releituras.com/i_airon_rubemalves.asp>. Acesso em: 28 
jul. 2015. 
Com base na leitura, analise as afirmativas. 
I. O tipo de professor sugerido pelo autor teria a função de reduzir o problema 
exposto por Alberto Caeiro quando afirma que “não é bastante não ser cego para ver 
as árvores e as flores”. 
II. De acordo com o texto, a poesia causa perturbações e faz com que as pessoas 
não vejam a realidade tal qual ela é, como no caso de Drummond, que não viu a 
pedra. 
III. De acordo com o texto, as crianças gostam de brincar com o que veem e o 
papel do educador é fazer com que elas não percam o foco e aprendam a usar os 
olhos como ferramentas de conhecimento. 
 
IV. O autor propõe um novo modelo de educação, em que o professor consiga 
corrigir os desvios individuais da visão e revelar aos alunos a noção correta da 
realidade. 
É correto o que se afirma somente em: 
A) I. 
B) I e III. 
C) III e IV. 
D) II e IV. 
E) I e II. 
 
 
Questão 10: Leia o texto a seguir, fragmento da entrevista do filósofo Zygmunt 
Bauman ao periódico El País, e analise as afirmativas que seguem. As redes 
sociais são uma armadilha 
A diferença entre a comunidade e a rede é que você pertence à comunidade, mas a 
rede pertence a você. É possível adicionar e deletar amigos, e controlar as pessoas 
com quem você se relaciona. Isso faz com que os indivíduos se sintam um pouco 
melhor, porque a solidão é a grande ameaça nesses tempos individualistas. Mas, nas 
redes, é tão fácil adicionar e deletar amigos que as habilidades sociais não são 
necessárias. Elas são desenvolvidas na rua, ou no trabalho, ao encontrar gente com 
quem se precisa ter uma interação razoável. Aí você tem que enfrentar as dificuldades, 
se envolver em um diálogo […]. As redes sociais não ensinam a dialogar porque é 
muito fácil evitar a controvérsia… Muita gente as usa não para unir, não para ampliar 
seus horizontes, mas ao contrário, para se fechar no que eu chamo de zonas de 
conforto, onde o único som que escutam é o eco de suas próprias vozes, onde o único 
que veem são os reflexos de suas próprias caras. As redes são muito úteis, oferecem 
serviços muito prazerosos, mas são uma armadilha. 
 
 
I. Segundo o texto, as redes sociais permitem que o indivíduo gerencie suas 
relações pessoais sem necessariamente lançar mão de aptidões sociais, como, por 
exemplo, o diálogo. 
II. Para Bauman, as redes sociais são uma armadilha, porque nelas estão 
presentes pessoas mal intencionadas. 
III. De acordo com o autor, as redes sociais constituem um espaço de muitas 
controvérsias e não há possibilidade de diálogo. 
Está correto o que se afirma somente em: 
A) I. 
B) I e II. 
C) I e III. 
D) II e III. 
E) II. 
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