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O que é Extradição, casos, Direito Internacional

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O que é Extradição?
A extradição é um ato de cooperação internacional, que consiste na entrega de uma pessoa que tenha sido investigada, acusada ou condenada por um ou mais crimes ao país requerente. A entrega pode ser pedida tanto para dirigir uma investigação ou processo-crime a que responda o visado (entrega pretendida), como para cumprimento de pena já imposta (entrega forçada). 
Refira-se que a autoridade de emissão requer uma decisão de detenção ou prisão definitiva da liberdade e esta deve ser requerida por uma autoridade judicial. De acordo com a Portaria nº 11.3 8 de 1º de janeiro de 2023, o Departamento de Recuperação e Cooperação Jurídica Internacional da Secretaria Jurídica do Ministério da Justiça é responsável pela tramitação dos recursos relativos à extradição e transferência de condenados. 
Direito Público e Segurança (DRCI/Senajus), Agência Central do Brasil de Cooperação Jurídica Internacional. Por fim, foi publicado o Decreto nº 217, de 27 de fevereiro de 2018, que visa aprimorar o tratamento dos pedidos de extradição e agilizar o processo.
A extradição pode ser classificada a partir de dois pontos de vista distintos:
· a extradição ativa, quando o Governo brasileiro requer a extradição de um foragido da Justiça brasileira a outro país;
· a extradição passiva, quando um determinado país solicita a extradição de um indivíduo foragido que se encontra em território brasileiro.
Como funciona o Processo de Extradição					
O estrangeiro que chegou ao Brasil após ser acusado de crime pode ser extraditado a qualquer momento para o país onde o crime foi cometido. Para isso, a legislação brasileira deve ter um tratado de extradição recíproca com aquele país – atualmente existem tratados com 29 países. O processo começa com um memorando da embaixada do país, que exige a transferência do arguido para o Ministério dos Negócios Estrangeiros. Em seguida, o Itamaraty enviará o pedido ao Ministério da Justiça, que o encaminhará ao Supremo Tribunal Federal, onde o processo ficará a cargo de um escrivão. A primeira ação de um oficial de justiça é emitir um mandado de prisão a um cidadão estrangeiro. Ele então é questionado e apresenta sua defesa. Os documentos seguem para o Ministério Público, que apresenta manifestação e devolve o processo ao relator do STF para votação. No plenário do Conselho Supremo, o relator dá seu voto, e os outros 10 ministros também avaliam a matéria. Caso o pedido de extradição seja indeferido, a autoridade administrativa brasileira notificará o outro país interessado, podendo o estrangeiro ser liberado e permanecer no Brasil após a legalização dos documentos. Se o STF decidir pela extradição, o Ministério da Justiça entrega o preso ao país requerente.
Quando não pode haver Extradição
Muitos países recusam pedidos de extradição quando uma pessoa é acusada de um crime político ou pode ser levada a um tribunal especial. No Brasil, o artigo 5º da Constituição Federal prevê a extradição, mas apenas para o acusado e a natureza do crime. O artigo 5º LI da Constituição Federal estabelece que é terminantemente proibida a extradição de brasileiros e de brasileiros naturalizados. No entanto, os brasileiros naturalizados são inabilitados no caso de crimes comuns cometidos antes da naturalização. Esta exclusão também se aplica a casos de envolvimento comprovado no tráfico de drogas, etc. Também é proibida a extradição de estrangeiros por crimes políticos ou de fala.
Os Estados permitem que a extradição prossiga apenas se certas condições forem consideradas necessárias para a ação:
· Para a extradição, as autoridades competentes do país requerente devem emitir um mandado de prisão. 
· O motivo da extradição deve ser um crime do país requerente e do país requerido.
· Depois de ser classificado como crime, deve ser gravíssimo. 
· É necessário esperar um julgamento justo e uma punição adequada. Alguns países recusam a extradição quando o país requerente impõe a pena de morte ao extraditado.
Uma vez aprovada a extradição pelo país requerido, a pessoa tem até 60 dias para retirá-la do território brasileiro. Se isso não acontecer, a pessoa que foi extraditada será libertada. Nestas circunstâncias, não serão aceites novos pedidos de entrega. No entanto, independentemente do status do caso de extradição, uma pessoa pode estar sujeita a processo de deportação no Brasil. No que respeita à extradição, a expulsão só é possível se a pessoa representar uma ameaça para a segurança nacional, a ordem social e política, a moral e a paz pública e a economia nacional, ou se do procedimento resultar a coexistência do interessado for desfavorável para o país beneficiar o brasil.
O artigo 5º, inciso LI da Constituição Federal, afirma que "nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado, em caso de crime comum, praticado antes da naturalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
Casos de Extradição
Caso 1: Olga Benário Prestes.
Em 1936, a alemã e judia Olga Benário, mulher do militar e político do Partido Comunista Brasileiro Luís Carlos Prestes, foi extraditada para seu país após um ano presa acusada de crimes políticos pelo governo de Getúlio Vargas no período do Estado Novo. Apesar de estar grávida, ela foi entregue à polícia nazista e morreu seis anos mais tarde, no campo de extermínio de Bernburg. A filha do casal, Anita Leocádia, sobreviveu após ser entregue à avó paterna.
Em um julgamento considerado histórico pela Suprema Corte, os ministros negaram o habeas-corpus 26155, no qual Olga pedia um indulto para não ser expulsa do Brasil. A defesa da comunista argumentou que a extradição era ilegal porque ela estava grávida e, por isso, sua devolução à Alemanha significaria colocar o filho de um brasileiro sob o poder de um governo estrangeiro. O Supremo, no entanto, considerou que a alemã era "perigosa à ordem pública e nociva aos interesses do País".
Caso 2: Franz Paul Stangl.
Comandante de campos de concentração na Áustria e na Polônia, o alemão Franz Paul Stangl, membro da tropa de Adolf Hitler, a Schutzstaffel (SS), foi preso no Brasil em fevereiro de 1967, após mais de 15 anos vivendo em São Paulo - mesmo com o nome em uma lista internacional de criminosos de guerra. Ele teve a extradição pedida pela Alemanha, Áustria e Polônia e, em 20 de abril, a Suprema Corte autorizou que ele fosse enviado para a Alemanha Ocidental.
Três anos depois, Stangl foi julgado e condenado à prisão perpétua pela morte de 900 mil judeus em Treblinka, na Polônia ocupada, campo de concentração administrado por ele por cerca de um ano. O alemão morreu em junho de 1971, vítima de um ataque cardíaco na prisão em Düsseldorf.
Caso 3: Norberto Raul Tozzo.
Em julgamento no dia 19 de maio de 2011, os ministros do STF decidiram pela extradição do major do exército argentino Norberto Raul Tozzo, preso preventivamente no Brasil desde 2008. Ele é suspeito de participação no assassinato de 22 presos políticos, a maioria militantes da Juventude Peronista, em dezembro de 1976, crime que ficou conhecido como o massacre de Margarita Belén. Na época, o fuzilamento foi disfarçado para parecer um tiroteio entre a polícia e os prisioneiros, durante uma tentativa de fuga.
Tozzo foi extraditado para ser julgado pelo Tribunal de 1ª instância de Resistência (Capital da Província do Chaco), sob a condição de ir a júri apenas por sequestro qualificado, um crime de caráter continuado e que até hoje não teve sua contagem para prescrição iniciada, já que os corpos de quatro prisioneiros nunca foram encontrados e eles são considerados desaparecidos.

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