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COSMÉTICOS E SANIFICANTES COSMÉTICOS E SANIFICANTESORGANIZADOR FÁBIO DE PÁDUA ORGANIZADOR FÁBIO DE PÁDUA Cosm éticos e sani�cantes GRUPO SER EDUCACIONAL Fundamental para o aprofundamento do estudo da Cosmetologia, esta obra introduzirá essa ciência para, em seguida, focar nos principais aspec- tos relacionados aos cosméticos e sani�cantes. Estruturado em quatro unidades, a obra vai abordar os seguintes temas: introdução à cosmetolo- gia; insumos cosméticos; fotoproteção e preparações para a higiene pessoal; e. por �m, discutiremos as preparações para higiene capilar e sani- �cantes. Com linguagem clara e didaticamente preparado, este livro é essencial para que você tenha um importante embasamento teórico. Bons estudos! gente criando futuro C M Y CM MY CY CMY K COSMÉTICOS E SANIFICANTES Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, do Grupo Ser Educacional. Diretor de EAD: Enzo Moreira Gerente de design instrucional: Paulo Kazuo Kato Coordenadora de projetos EAD: Manuela Martins Alves Gomes Coordenadora educacional: Pamela Marques Equipe de apoio educacional: Caroline Guglielmi, Danise Grimm, Jaqueline Morais, Laís Pessoa Designers gráficos: Kamilla Moreira, Mário Gomes, Sérgio Ramos,Tiago da Rocha Ilustradores: Anderson Eloy, Luiz Meneghel, Vinícius Manzi Pádua, Fábio de. Cosméticos e Sanificantes / Fábio de Pádua. – São Paulo: Cengage, 2020. Bibliografia. ISBN 9786555581423 1. Farmácia. 2. Cosmetologia. Grupo Ser Educacional Rua Treze de Maio, 254 - Santo Amaro CEP: 50100-160, Recife - PE PABX: (81) 3413-4611 E-mail: sereducacional@sereducacional.com “É através da educação que a igualdade de oportunidades surge, e, com isso, há um maior desenvolvimento econômico e social para a nação. Há alguns anos, o Brasil vive um período de mudanças, e, assim, a educação também passa por tais transformações. A demanda por mão de obra qualificada, o aumento da competitividade e a produtividade fizeram com que o Ensino Superior ganhasse força e fosse tratado como prioridade para o Brasil. O Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego – Pronatec, tem como objetivo atender a essa demanda e ajudar o País a qualificar seus cidadãos em suas formações, contribuindo para o desenvolvimento da economia, da crescente globalização, além de garantir o exercício da democracia com a ampliação da escolaridade. Dessa forma, as instituições do Grupo Ser Educacional buscam ampliar as competências básicas da educação de seus estudantes, além de oferecer- lhes uma sólida formação técnica, sempre pensando nas ações dos alunos no contexto da sociedade.” Janguiê Diniz PALAVRA DO GRUPO SER EDUCACIONAL Autoria Fábio de Pádua Ferreira Licenciado em Química pela Universidade de Coimbra (UC) e pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Mestre em Química Analítica pela Universidade Federal de Uberlândia. Atuou no desenvolvimento de genossensor eletroquímico para quantificar bactérias e na purificação e caracterização de proteínas envolvidas em amiloidoses. SUMÁRIO Prefácio .................................................................................................................................................8 UNIDADE 1 - Introdução à cosmetologia ........................................................................................11 Introdução.............................................................................................................................................12 1 Introdução à cosmetologia ................................................................................................................ 13 2 Mercado de cosméticos ..................................................................................................................... 15 3 Pele e seus anexos ............................................................................................................................. 17 4 Pesquisa e desenvolvimento de produtos cosméticos .......................................................................21 5 Toxicidade dos cosméticos ................................................................................................................. 23 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................26 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................27 UNIDADE 2 - Insumos cosméticos ...................................................................................................29 Introdução.............................................................................................................................................30 1 Produção e formulação de cosméticos .............................................................................................. 31 2 Preparações para a higiene ................................................................................................................ 35 3 Preparações para hidratação ............................................................................................................. 36 4 Preparações para tratamentos cutâneos ........................................................................................... 38 5 Protocolos regulatórios da produção de cosméticos .........................................................................41 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................44 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................45 UNIDADE 3 - Fotoproteção e preparações para a higiene pessoal ..................................................47 Introdução.............................................................................................................................................48 1 Fotoproteção: fundamentos e tecnologias ........................................................................................ 49 2 Envelhecimento cutâneo ................................................................................................................... 52 3 Preparações de higiene pessoal ......................................................................................................... 55 4 Higiene bucal ..................................................................................................................................... 57 5 Preparações vinculadas a aromas ...................................................................................................... 59 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................62 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................63 UNIDADE 4 - Preparações para higiene capilar e sanificantes ........................................................65 Introdução.............................................................................................................................................66 1 Preparações cosméticas capilares ...................................................................................................... 67 2 Formulações para higiene capilar ...................................................................................................... 70 3 Formulações para tratamentos capilares ........................................................................................... 71 4 Cosméticos decorativos .....................................................................................................................74 5 Noções gerais sobre sanificantes ....................................................................................................... 76 PARA RESUMIR ..............................................................................................................................79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................................................................................80 A Cosmetologia, ciência que estuda todos os aspectos da área cosmética, vem sendo cada vez mais estudada para garantir segurança na produção, na aplicação e por que não, na comercialização dos cosméticos. Esta obra trará assuntos aprofundados que abordam os cosméticos e sanificantes em quatro unidades escritas de maneira didática e simples. A primeira unidade fará uma introdução à cosmetologia, apresentando os princípios e fundamentos da cosmetologia, incluindo as principais características, classificação e aplicação de produtos cosméticos, o panorama global e local do mercado dos cosméticos, avanços, tendências e aplicação de novas tecnologias na produção desses produtos. Discutiremos aqui sobre a anatomia, histologia e fisiologia da pele, diferentes materiais empregados na fabricação de cosméticos, utilização de fontes limpas e tecnologias ecologicamente corretas. Serão ainda apresentados aqui os testes de toxicidade geralmente empregados em produtos cosméticos. Os insumos cosméticos são temas abordados na segunda unidade. Serão detalhados os princípios que regem a produção e a formulação de cosméticos, incluindo os principais ingredientes, matérias-primas, procedimentos e protocolos de referência, com ênfase na formulação de produtos de higiene, preparações visando à hidratação e cosméticos para pele em geral. Descreveremos também as características e diferenças dos conservantes e antissépticos, diferentes formas de classificação de produtos hidratantes e as mais recentes tecnologias utilizadas para a elaboração de cosméticos para pele, abordando a região facial e as demais regiões do corpo. Além disso, falaremos sobre um dos assuntos mais importantes a serem levados em conta também na produção de cosméticos, que são os relacionados aos órgãos regulatórios. Na terceira unidade serão abordados os principais aspectos sobre fotoproteção e preparações para a higiene pessoal. As consequências da exposição à radiação ultravioleta e propostas para minimizar seus impactos, incluindo barreiras físicas e filtros solares, os mecanismos envolvidos no envelhecimento cutâneo e as estratégias para reduzir e reverter seus efeitos serão assuntos também desta unidade. Discutiremos também as principais formulações para a higiene pessoal utilizadas no corpo e para a higiene bucal, incluindo as principais matérias-primas e mecanismos de ação desses produtos. As preparações utilizadas em perfumes e aromatizantes, com ênfase em produtos de origem natural e óleos essenciais também são temas desta unidade. PREFÁCIO Preparações para higiene capilar e sanificantes são temas da quarta unidade, apresentando as principais preparações cosméticas para a higiene capilar e formulações utilizadas em tratamentos químicos dos cabelos, com ênfase nas estruturas e características dos fios, e também informações sobre os principais cosméticos capilares comercializados atualmente. Vamos abordar as preparações cosméticas decorativas, incluindo materiais, tecnologias e tendências no desenvolvimento desses produtos. Para finalizar a unidade, discutiremos os agentes sanificantes utilizados nas indústrias, enfatizando diferentes substâncias e métodos de sanificação. Bons estudos! UNIDADE 1 Introdução à cosmetologia Olá, Você está na unidade Introdução à Cosmetologia. Conheça aqui os princípios e fundamentos da cosmetologia, incluindo as principais características, classificação e aplicação de produtos cosméticos, o panorama global e local do mercado dos cosméticos, avanços, tendências e aplicação de novas tecnologias na produção desses produtos. Veja a anatomia, histologia e fisiologia da pele, diferentes materiais empregados na fabricação de cosméticos, utilização de fontes limpas e tecnologias ecologicamente corretas. Conheça também os testes de toxicidade geralmente empregados em produtos cosméticos. Bons estudos! Introdução 13 1 INTRODUÇÃO À COSMETOLOGIA De acordo com Rito et al. (2012), produtos cosméticos podem ser definidos como preparações compostas por substâncias sintéticas ou naturais de uso externo, aplicáveis a diversas partes do corpo humano, incluindo pele, sistema capilar, lábios, unhas, órgãos genitais externos, dentes e mucosas da cavidade oral. Podem ser utilizados para limpar, perfumar, proteger, promover alterações na aparência, reduzir odores corporais excessivos, entre outras aplicações. Os cosméticos são geralmente misturas complexas de produtos químicos, formulados a fim de proporcionar benefícios e fornecer proteção contra desafios ambientais, como a radiação ultravioleta proveniente do sol (SALVADOR; CHISVERT, 2018). Segundo Ribeiro (2010), a cosmetologia pode ser definida como a área da ciência que estuda os cosméticos, desde a concepção até a aplicação final em produtos elaborados. Engloba pesquisas de novas matérias-primas, tecnologias empregadas, desenvolvimento de formulações, produção em larga escala, comercialização, controle de qualidade, toxicologia, eficácia e inspeção. A cosmetologia não tem como finalidade a terapêutica, sendo mais focada na prevenção e melhorias, incluindo alterações inestéticas no cabelo e na pele. Trata-se de uma área multidisciplinar, envolvendo conhecimentos de química, biologia, física e farmacêutica. 1.1 Classificação dos cosméticos No Brasil, os cosméticos são normalmente tratados dentro de uma classe ampla, denominada produtos para a higiene e cuidado pessoal. Cosméticos são percebidos de diferentes maneiras em diferentes países. A distinção precisa entre os diferentes cosméticos para diferentes aplicações é difícil: alguns visam ao embelezamento temporário, como as maquiagens, outros são destinados para o cuidado pessoal, enquanto alguns apresentam propriedades específicas, como redução na formação de rugas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009). Clique abaixo e saiba mais sobre a classificação dos cosméticos. De acordo com Rito et al. (2012), os cosméticos podem ser classificados de acordo com o grau de risco que oferecem, sendo classificados em grau 1 os produtos de risco mínimo e grau 2 aqueles que apresentam risco potencial. Outros tipos de classificação podem incluir a finalidade a que se destina o produto, locais e áreas do corpo abrangidas, modo de uso e referente aos cuidados e medidas a serem tomadas durante sua utilização. Por apresentarem um amplo espectro de funções, esses produtos têm sido utilizados diariamente por milhões de pessoas, movimentando importantes setores econômicos do país, sendo fundamental efetuar a vigilância da qualidade nas diferentes etapas de produção desses produtos. Loretz et al. (2008) enfatizam que uma grande parcela dos produtos cosméticos comumente comercializados é aplicada diretamentesobre a pele humana. Certos ingredientes podem penetrar 14 na pele e tornarem-se disponíveis sistemicamente. Existem diferentes formas de aplicação: na forma de creme, loção, spray, sabonete e outras. Algumas delas podem apresentar riscos ao usuário, como a aplicação de sprays, situação em que pode ocorrer exposição por inalação. Nesse caso, é importante um conhecimento tanto do risco intrínseco dos ingredientes contidos no produto quanto dos níveis de exposição. Os cosméticos também podem ser subdivididos em segmentos premium e de produção em massa, de acordo com o prestígio da marca, o preço e os canais de distribuição utilizados. Em uma visão global, o segmento de massa representou 72% do total de vendas em 2010, enquanto o segmento premium representou os 28% restantes. A maioria das vendas globais de cosméticos premium concentra-senos mercados desenvolvidos, principalmente nos Estados unidos, Japão e França (LOPACIUK; LOBODA, 2013). 1.2 Cosméticos ecologicamente amigáveis As atuais preocupações com as mudanças climáticas têm impactado um grande número de campos da ciência e tecnologia. A investigação e aplicação dos princípios da química verde levaram a um alto nível de mudança na fabricação e design de produtos químicos, com o desenvolvimento de processos mais limpos e benignos, conforme a demanda de segurança humana e ambiental. A indústria de cosméticos também foi influenciada por essas mudanças, e a produção de cosméticos e dos produtos de cuidado pessoal precisaram tomar medidas para melhorar as credenciais ecológicas de seus produtos (SALVADOR; CHISVERT, 2018). Tem-se observado o desenvolvimento de tecnologias voltadas a meios mais eficientes, visando minimizar ao máximo o impacto na integridade da fauna e da flora. O consumo desse tipo de produto tem apresentado crescimento significativo. O consumidor de produtos ecologicamente amigáveis apresenta conscientização ambiental, acreditando que suas ações podem mudar o meio ambiente, sendo assim, esse perfil de consumidor procura por produtos que não agridam a natureza, verificando-os desde a sua fabricação até a sua embalagem. Os cosméticos ecologicamente amigáveis podem ser divididos em três categorias, de acordo com sua composição, sendo eles os cosméticos orgânicos, cosméticos naturais e veganos. Esse termo não é regulamentado pela legislação brasileira, mas os produtos que se enquadram nele passam por diretrizes rigorosas realizadas por agências certificadoras antes da sua comercialização (PEREIRA, LUBI, 2017). 15 De acordo com Salvador e Chisvert (2018), uma tendência atual no campo dos cosméticos ecologicamente amigáveis busca realizar procedimentos sem solventes, utilizando radiação por micro-ondas e outras metodologias, sendo consideradas tecnologias emergentes, de grande utilidade e inovadoras. Algumas dessas metodologias têm sido aplicadas com sucesso em reações orgânicas convencionais, como esterificação, condensação de Knoevenagel, alquilação e cetalização para a síntese de novos potenciais ingredientes cosméticos. 2 MERCADO DE COSMÉTICOS Segundo Galembeck e Csordas (2009), a indústria dos cosméticos tem desempenhado um papel de grande importância econômica em grande parte dos países desenvolvidos e em desenvolvimento, contribuindo para a geração de empregos, fortalecimento de economias locais e na redução de desigualdades regionais, através da exploração sustentável de vários produtos provenientes do bioma local. As novas tendências por tecnologias de produção limpas, econômicas e ambientalmente corretas têm refletido na busca de ingredientes diferenciados, naturais e competitivos e de processos de formulação inovadores. Os processos de pesquisa, desenvolvimento, produção e comercialização de cosméticos oferecem perspectivas promissoras de carreira para profissionais com formação variada, que incluem químicos, engenheiros de várias modalidades, bioquímicos, farmacêuticos, gestores de vários tipos, publicitários e comunicadores. Esse setor possibilita relações interdisciplinares e trabalhos conjuntos com médicos, como cirurgiões e dermatologistas, pois além da sua contribuição à higiene e à estética, alguns produtos também incluem propriedades terapêuticas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009). FIQUE DE OLHO A exposição solar excessiva e sem proteção tem representado um dos maiores riscos para a ocorrência do câncer de pele, fotoenvelhecimento e alterações imunológicas. Nascimento et al. (2009) sugerem a utilização de matérias-primas de origem natural, como agentes fotoprotetores, descrevendo a aplicação de extrato de própolis com atividade antissolar, aplicados para intensificação do fator de proteção solar. 16 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Clique nas abas abaixo para conhecer o panorama dos cosméticos em contexto brasileiro e global. Panorama global A indústria dos cosméticos é global e seus principais mercados são a União Europeia, Estados Unidos da América, China, Brasil e Japão, com valores aproximados de 77, 64, 41, 24 e 22 bilhões euros, respectivamente, de acordo com dados compilados pela Cosmetics Europe em 2016, associação comercial europeia da indústria de cosméticos e cuidados pessoais. Para garantir segurança e eficácia, os produtos cosméticos são regulados e controlados em todo o mundo. No entanto, o alinhamento global das leis que tratam dos cosméticos está longe de ser alcançado, e as estruturas regulatórias variam muito entre os países, tornando praticamente impossível para uma indústria global vender o mesmo produto em todos os mercados e gerando dificuldades para negociação (SALVADOR; CHISVERT, 2018). Segundo Lopaciuk e Loboda (2013), nos últimos 20 anos, o mercado global de beleza cresceu em média 4,5% ao ano, com taxas de crescimento anuais variando entre 3% e 5,5%. Também conhecido como cosméticos e artigos de higiene pessoal ou produtos para cuidados pessoais, esse mercado provou sua capacidade de alcançar um crescimento estável e contínuo, bem como sua capacidade de resiliência em condições econômicas desfavoráveis. Os crescimentos mais notáveis ocorreram no Brasil e na China, os quais são atualmente considerados os mercados mais promissores. O mercado brasileiro de beleza e cuidados pessoais alcançou um crescimento de 15% em 2010. O mercado brasileiro demonstrou consistentemente alta dinâmica no consumo de beleza, durante e após a crise econômica global. 17 Panorama brasileiro Em 2013, o Brasil ocupava a terceira posição de maior mercado consumidor de produtos cosméticos, segundo dados da Euromonitor International, que é considerado o principal fornecedor independente de pesquisa estratégica de mercado do mundo. Os dados divulgaram o faturamento da área em 2011 em mais de R$ 43 bilhões, sendo o Brasil considerado o país que mais cresceu dentre os dez principais do mercado. Os protetores solares foram os produtos que tiveram a maior alta, representando 20,2% de aumento no faturamento (LUCA et al., 2013). No Brasil, a ampla variedade de produtos com diferentes finalidades de uso, principalmente produtos de higiene, tem atingido um grupo populacional cada vez maior (RITO et al., 2012). Segundo a publicação anual da Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (ABIHPEC), em 2019, o Brasil ocupava a quarta posição de mercado consumidor global, ficando atrás dos Estados Unidos, China e Japão respectivamente, com um mercado aproximado de R$ 116,4 bilhões em 2018. O número de empresas regularizadas na agência nacional de vigilância sanitária (ANVISA) em 2018 foi de 2.794, as quais estavam concentradas majoritariamente na região sudeste, que representou 60,27% das empresas. 3 PELE E SEUS ANEXOS Segundo Câmara (2009), a pele é um órgão complexo formado por diversos tecidos, tipos celulares e estruturas especializadas. É o maior órgão do corpo humano; representa cerca de 15% do peso corpóreo e apresenta variações estruturais significativas ao longo de sua extensão. A pele, mais que um simples invólucro que recobre o nosso corpo, constitui a interface do corpo humano com o meio externo, exercendo funções essenciais, como por exemplo a termorregulação, vigilância imunológica, sensibilidade, proteção aos raios ultravioleta e contra diferentes formas de agressões exógenas, de natureza física, química e biológica, além de atuar contra a perda de água e de proteínas para o exterior. Segundo Wilkinson e Moore (1990), a pele controla a regulação de importantes fluidos fisiológicos, evita a penetração de substâncias estranhas e nocivas, atuando também como amortecedor contra choques mecânicos. Além disso, fornece sinais sexuais e sociais considerando sua cor, textura e cheiro, que podem ser fisiologicamente aprimorados pela ciência cosmética. Luca et al. (2013) enfatiza que a pele apresenta uma complexa estruturaque é permanentemente renovada. O conhecimento da estrutura e função da pele é essencial, pois fornece importantes ferramentas para melhorar a pele farmacologicamente e prevenir lesões. Existem dois tipos principais de pele, com pelos e sem pelos. Clique abaixo para saber detalhes. 18 Com pelos Na maior parte do corpo, a pele possui folículos capilares com as glândulas sebáceas associadas; no entanto, a quantidade de pelo varia muito. O couro cabeludo, com seus grandes folículos capilares, contrasta com o rosto feminino, que possui grandes glândulas sebáceas associadas a folículos muito pequenos que produzem cabelos finos e curtos. Sem pelos A pele das palmas das mãos não possui folículos capilares e glândulas sebáceas, apresentando em sua superfície sulcos contínuos e alternados que formam padrões de espirais, laços ou arcos característicos de cada indivíduo. A pele sem pelos também é caracterizada por sua epiderme espessa e pela existência de órgãos sensoriais encapsulados dentro da derme (WILKINSON; MOORE,1990). 3.1 Anatomia e histologia da pele De acordo com Câmara (2009), a pele é composta por três camadas interdependentes, nomeadamente: a epiderme, que é a mais externa; a derme, que é intermediária; e a hipoderme, sobre a qual repousam as camadas citadas anteriormente, permitindo que a pele se movimente sobre as estruturas mais profundas do corpo. A figura 1 a seguir apresenta a anatomia da pele e alguns de seus constituintes. Figura 1 - Anatomia da pele Fonte: MicroOne, Shuttershock, 2020 #ParaCegoVer: A imagem é uma ilustração anatômica da estrutura da pele. Podem ser observadas as principais camadas da pele e alguns dos seus componentes. Clique nas abas abaixo e saiba detalhes sobre as camadas da pele. 19 Epiderme A epiderme é a camada mais superficiale também uma das mais importantes da pele. De acordo com Cestari (2012), a epiderme é constituída por um epitélio pavimentoso estratificado e queratinizado. Apresenta espessura irregular, variando conforme a região do corpo, sendo mais fina nas pálpebras e mais espessa nas palmas. É constituída porcincocamadasdistintas, nomeadamente a camada basal, a camada espinhosa, a camada granulosa, o estrato lúcido e a camada córnea. As células dessas camadas, os queratinócitos, derivam da camada basal. As células da camada basal multiplicam-se de maneira contínua; ao se aproximarem da superfície, se diferenciam, tornando-se achatadase passando a fabricar e a acumular em seu interior quantidades crescentes de queratina. Segundo Galembeck e Csordas (2009), a queratina é uma proteína fibrosa secundária constituída por 15 aminoácidos. As macromoléculas de queratina possuem uma estrutura tridimensional complexa que lhes conferem resistência e elasticidade. A epiderme é recoberta por uma fina camada de gorduraque impermeabiliza a pele contra a entrada de água e mantém seu pH entre 3.5 e 5.0, protegendo-a do ataque de microrganismos. Junção dermo-epidérmica A junção dermo-epidérmica é uma zona de junção entre a epiderme e a derme, a qual permite que essas duas camadas estejam corretamente conectadas. De acordo com Câmara (2009), a derme é uma camada situada logo abaixo da epiderme, sendo formada por denso estroma fibroelástico de tecido conectivo em meio a uma substância fundamental, que serve de suporte para extensas redes vasculares e nervosas, e anexos cutâneos que derivam da epiderme. Cestari (2012) enfatiza que as fibras e a substância fundamental são produzidas pelos fibroblastos, as principais células da derme. Derme A derme está localizada abaixo da epiderme e apresenta espessura variável de 0,3 a 3 milímetros, de acordo com a região do corpo. Seus principais componentes incluem majoritariamente o colágeno, que confere a resistência, e em menores quantidades a elastina, responsável pela elasticidade e os proteoglicanos, substância amorfa em torno das fibras colágenas e elásticas. Além desses componentes, podem ser observadas fibras proteicas, vasos sanguíneos e linfáticos, terminações nervosas, órgãos sensoriais, folículos pilosos e glândulas sebáceas e sudoríparas (CESTARI, 2012). Hipoderme Segundo Câmara (2009), a hipoderme ou tecido celular subcutâneo é a camada mais profundada pele e está organizada em lóbulos de gordura divididos por septos fibrosos compostos de colágeno, por onde correm vasos sanguíneos, linfáticos e nervos. Cestari (2012) 20 descreve que a hipoderme é complexo constituído por adipócitos, as células especializadas no armazenamento de gordura. Está dividida em duas camadas: a camada areolar, que é mais superficial e caracterizada por adipócitos globulares, e a camada lamelar, que é mais profunda e apresenta aumento da espessura com ganho de peso. 3.2 Fisiologia da pele A fisiologia de um tecido envolve um grande número de funções e parâmetros, com cada componente desempenhando uma função. Nos últimos anos, os oligoelementos têm sido objeto de interesse especial de muitos pesquisadores, pois fica claro que em muitos casos eles trabalham como mensageiros secundários ou substâncias reguladoras. No contexto da diferenciação epidérmica, estudos envolvendo o elemento cálcio indicaram que esse íon é uma substância sinalizadora de grande importância em uma grande variedade de sistemas celulares, incluindo a pele. Os íons cálcio desempenham um papel importante na apoptose, morte celular programada, que atualmente é um assunto de grande interesse, uma vez que a etapa final de diferenciação entre o nível do estrato granulosum e o estrato córneo representa um aspecto particular da morte celular programada. A importância do equilíbrio entre apoptose de cálcio e zinco foi claramente demonstrada em vários sistemas celulares (FORSLIND et al., 1997). De acordo com Câmara (2009), dentre as várias estruturas da pele que exercem funções primordiais, podem ser citadas as abaixo. O estrato córneo, que atua como barreira para a perda de água das camadas epidérmicas internas, impedindo a entrada de agentes tóxicos e microrganismos. Os melanócitos exercem proteção contra os efeitos indesejáveis da radiação solar por meio da melanina, que absorve a radiação. Os nervos dérmicos desempenham a função de percepção do meio. As fibras colágenas e elásticas da derme conferem à pele propriedades viscoelásticas e de resistência que a protegem contra as forças de cisalhamento. A termorregulação ocorre através dá extensa rede vascular cutânea, pelo controle do fluxo sanguíneo e pela ação de glândulas sudoríparas écrinas, cuja secreção proporciona o resfriamento por evaporação a partir da superfície da pele. A proteção imunológica do organismo se deve à célula de Langerhans, que participa de várias reações imunológicas, que incluem interações entre linfócitos T e B. A função endócrina é observada pela ação da radiação ultravioleta sobre o 7-deidrocolesterol nos ceratinócitos, formando a vitamina D3, que estimula a absorção de cálcio e fosfato no intestino. 21 4 PESQUISA E DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS COSMÉTICOS As formulações de cosméticos são geralmente complexas e utilizam vários tipos de matérias- primas. Cada cosmético deve apresentar propriedades simultaneamente ajustadas para as aplicações desejadas. Os materiais empregados nas formulações de cosméticos apresentam classificação, função e aplicação bem definidas (GALEMBECK; CSORDAS, 2009). Uma formulação cosmética, incluindo os princípios ativos, é projetada para diferentes finalidades, como por exemplo proteger a pele contra agentes nocivos exógenos ou endógenos e equilibrar os lipídios da homeostase dérmica alterados pela dermatose e pelo envelhecimento. A grande maioria dos cosméticos é caracterizada por uma composição lipídica próxima ao sebo humano. Assim, o tratamento das camadas mais externas da epiderme com uma quantidade relativamente alta de fosfolipídios consiste em uma fina camada monomolecular aplicada à pele, permitindo a hidratação natural. A composição química dos fosfolipídiosfornece proteção antioxidante, bloqueio solar, moléculas anti-inflamatórias e antirradicais livres (ABURJAI; NATSHEH, 2003). De acordo com Miguel (2011), os avanços das pesquisas em biotecnologia e as mudanças recentes no perfil de consumo propiciaram novas oportunidades para diferentes segmentos. Uma das inovações mais representativas da atualidade está associada ao desenvolvimento de produtos cosméticos derivados de ativos naturais. Sob essa perspectiva, algumas empresas internacionais têm se destacado no mercado mundial, principalmente empresas francesas, que se destacam pelo pioneirismo e liderança nessa categoria de negócio. 4.1 Aplicação de nanotecnologia aos cosméticos Segundo Mu e Sprando (2010), de um modo geral, a nanotecnologia pode ser definida como a aplicação dos princípios científicos e de engenharia para produzir e utilizar partículas com dimensões muito pequenas. A pesquisa em nanotecnologia tem impactado uma grande variedade de setores econômicos, tanto na comunidade científica quanto no mercado global. A nanotecnologia tem sido aplicada com sucesso nos campos biomédicos, ópticos, eletrônicos, mecânicos e químicos, bem como em bens de consumo, como alimentos e cosméticos. A nanotecnologia está mesclando tecnologia da informação, biologia e ciências sociais, e espera-se que revigore descobertas e inovações em muitas áreas da ciência. 22 Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: Vários produtos cosméticos modernos contêm componentes na escala nano, como hidratantes, produtos para o cabelo e maquiagem. Por exemplo, formulações tópicas antienvelhecimento baseadas em lipossomos, como cremes, loções, géis e hidrogéis foram formuladas no mercado de cosméticos desde 1986 por L´Oreal na forma de niossomas, e por Christian Dior na forma de lipossomas. Os ossomas labiais são utilizados em aplicações cosméticas ou para entrega transdérmica, com a expectativa de que seu uso resulte em aumento da concentração de agentes ativos, como por exemplo as vitaminas A e E na epiderme sem toxicidade. Os fulerenos exibem potentes capacidades de eliminação contra espécies radicais de oxigênio, sendo empregados nas formulações cosméticas para rejuvenescimento da pele; porém, ainda há controvérsia em relação à sua segurança. Os nanocristais podem ser formulados para uso dérmico (MU; SPRANDO, 2010). 4.2 Cosméticos à base de plantas Têm sido obtidos ingredientes bioativos de diferentes fontes naturais, os quais incluem vitaminas, minerais, antioxidantes, enzimas, hormônios e uma infinidade de produtos de origem natural. O uso das plantas é tão antigo quanto a humanidade; segundo os especialistas, os próximos anos devem ser marcados pela descoberta e obtenção de muitos produtos que contêm óleos e princípios ativos de ervas naturais. As plantas já foram a principal fonte de produção de muitos cosméticos, mesmo antes que métodos fossem descobertos para sintetizar substâncias com propriedades semelhantes. A indústria farmacêutica tem utilizado uma grande variedade de plantas para produzir medicamentos. O uso de extratos de plantas em formulações cosméticas está aumentando, principalmente por causa da má imagem que os extratos de origem animal adquiriram nos últimos anos. Moléculas naturais derivadas de extratos de plantas apresentam um grande potencial para futuras pesquisas (ABURJAI; NATSHEH, 2003). De acordo com Aburjai e Natsheh (2003), os ingredientes naturais estão ganhando popularidade continuamente, e o uso de extratos de plantas em formulações cosméticas é 23 considerado promissor. Os produtos cosméticos que apresentam princípios ativos de origem natural têm sido utilizados em inúmeras aplicações, como proteção, cuidados com os cabelos e corantes. Os óleos essenciais conferem um aroma agradável, especialmente em perfumes, e garantem mais brilho ou condicionamento a um produto capilar. Acredita-se que, graças às novas técnicas de isolamento e purificação de compostos derivados de plantas, novos produtos serão desenvolvidos e aplicados na indústria dos cosméticos. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5 TOXICIDADE DOS COSMÉTICOS De acordo com Chorilli et al. (2007), apesar de ser indesejável, a utilização de produtos cosméticos pode ocasionar alguns efeitos adversos ao usuário. Esses efeitos podem ser decorrentes de fatores individuais ou pelo uso inadequado. As reações adversas incluem reações irritativas, imediatas ou acumulativas, reações alérgicas ou sensibilizantes, dermatites e reações sistêmicas. Uma vez que o produto cosmético é de livre acesso ao consumidor, é importante que seu uso seja seguro nas condições normais ou razoavelmente previsíveis. Historicamente, os testes de avaliação de segurança eram realizados com animais, in vivo, no entanto, alguns centros de pesquisa tem pesquisado extensivamente novas alternativas in vitro, que visam à substituição dos testes com animais. De qualquer forma, é de grande importância a realização de ensaios de toxicidade para produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes, visando à avaliação de segurança desses produtos. 5.1 Vias de exposição A principal via de exposição das substâncias químicas presentes em cosméticos ocorre por contato direto na pele, mucosa e seus anexos. No entanto, outras vias de exposição são possíveis, como a inalação e via oral. A intoxicação via cutânea ocorre quando as moléculas se movem 24 pelo estrato córneo por difusão passiva. Aquelas que possuem natureza polar se difundem pelas superfícies externas de filamentos proteicos do estrato córneo hidratado, enquanto as apolares se difundem na matriz lipídica. Dentre os principais fatores que influenciam na cinética dos agentes tóxicos através da pele, estão os enumerados abaixo. 1 A integridade do estrato córneo e seu estado de hidratação. 2 Temperatura. 3 Número de folículos pilosos. 4 O pH da superfície. 5 Polaridade da substância. 6 O seu tamanho molecular. Na via inalatória, os agentes tóxicos geralmente são os pós, gases, vapores de líquidos voláteis e aerossóis (LACRIMANTE; NETO, 2014). 5.2 Testes de toxicidade de cosméticos A determinação do potencial tóxico deve ser o primeiro procedimento na análise de risco de um produto. Esse procedimento consiste em uma série de estudos de toxicidade, incluindo os ensaios de toxicidade aguda dérmica, toxicidade oral e percutânea, irritação e sensibilização cutânea, irritação ocular primária, inalação, toxicidade sub-aguda, potencial mutagênico, carcinogênico, teratogênico, acneigênese e fotossensibilidade e fototoxicidade em casos de cosméticos com fotoatividade. Em alguns casos, são necessários estudos que visem à determinação da margem de segurança, já que os ingredientes devem ser incorporados na fórmula do produto cosmético num nível de concentração que apresente margem de segurança adequada. A margem de segurança pode ser definida como a relação entre a dose experimental 25 mais elevada, que não produz qualquer efeito sistêmico adverso depois de um mínimo de 28 dias de ingestão oral em espécie animal, e a dose diária absorvida, à qual o consumidor pode ser exposto (CHORILLI et al., 2007). De acordo com Chorilli et al. (2007), o documento de referência para avaliação de segurança de produtos cosméticos orienta como estudos básicos úteis para cosméticos os listados abaixo. • Teste de absorção cutânea. • Estudo do potencial de efeito sistêmico. • Toxicidade aguda e testes de mutagenicidade. • Estudo do potencial de efeito alergênico. • Teste de alergenicidade. • Estudo do potencial de risco irritativo e outros. Além disso, o documento orienta como estudos complementares úteis em situações particulares: o estudo do risco sistêmico potencial, toxicidade subaguda, estudo do efeito na reprodução, estudos sobre fotomutagenicidade, estudo do risco irritativo potencial, irritação por efeito cumulativo e avaliação de riscos particulares, como teratogenicidade, carcinogenicidade e genotoxicidade. Tem-se observado umesforço enorme para reduzir ou até mesmo extinguir testes de produtos cosméticos em animais. Um grande número de pesquisadores tem dedicado seu tempo e esforço para desenvolver métodos alternativos in vitro visando à substituição total de testes em animais. Espera-se que num futuro esse tipo de prática seja extinto (ADLER et al., 2011). 26 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer as principais características de produtos cosméticos, enfatizando sua aplicação e classificação; • aprender sobre novas tecnologias empregadas na elaboração de produtos cosméticos, como as nanopartículas. • identificar os principais componentes da pele, em termos de sua anatomia, histologia e fisiologia; • discutir os aspectos do mercado dos produtos cosméticos a nível global e nacional; • conhecer as principais técnicas utilizadas para avaliar a toxicidade de cosméticos. PARA RESUMIR ABIHPEC. Panorama do Setor. Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Per- fumaria e Cosméticos. 2019. Disponível em: https://abihpec.org.br/publicacao/panora- ma-do-setor-2019/. Acesso em: 06 mar. 2020. ABURJAI, T.; NATSHEH, F. M. Plants used in cosmetics. 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Conheça aqui os princípios que regem a produção e formulação de cosméticos, incluindo os principais ingredientes, matérias- primas, procedimentos e protocolos de referência, com ênfase na formulação de produtos de higiene, preparações visando à hidratação e cosméticos para pele em geral. Veja também os as características e diferenças dos conservantes e antissépticos, diferentes formas de classificação de produtos hidratantes, e as mais recentes tecnologias utilizadas para a elaboração de cosméticos para pele, abordando a região facial e as demais regiões do corpo. Além disso, aprenda sobre os órgãos regulatórios de produção de cosméticos. Bons estudos! Introdução 31 1 PRODUÇÃO E FORMULAÇÃO DE COSMÉTICOS Nos últimos dez anos, milhares de novas matérias-primas e compostos químicos foram desenvolvidos e utilizados no mercado dos cosméticos, possibilitando a criação de uma grande variedade de produtos. A indústria dos produtos cosméticos engloba um mercado multibilionário que desempenha importante papel na economia de muitos países. O desenvolvimento de novas rotas de síntese e alta pureza da matéria-prima possibilitou projetar os componentes de um cosmético para atender às necessidades específicas dos consumidores. Para realizar essa tarefa, os formuladores identificam as matérias-primas com as funcionalidades desejadas e combinam esses materiais nas proporções adequadas para produzir um produto final aceitável, que tenha o desempenho planejado e permaneça estável (SCHUELLER; ROMANOWSKI, 2008). 1.1 Ingredientes e matérias-primas Os produtos geralmente empregados na produção de cosméticos podem incluir água, óleos, silicones, surfactantes, polímeros, álcoois poli-hídricos, sacarídeos, solventes orgânicos, sais ácidos e alcalinos, pós inorgânicos e orgânicos, cores de pigmentos, aminoácidos, proteínas, extratos vegetais, vitaminas, absorvedores de ultravioleta, agentes quelantes, conservantes, antioxidantes, agentes oxidantes e redutores e óleos essenciais aromáticos. É conveniente classificar os constituintes dos cosméticos naqueles que dão forma ao produto, os que estabilizam o produto e os princípios ativos. Os ingredientes dos cosméticos são combinados de modo a alcançar as características combinadas e superiores, determinando previamente sua finalidade e qual a parte do corpo onde o produto será aplicado (IWATA; SHIMADA, 2013). Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: De acordo com Galembeck e Csordas (2009), muitos critérios devem ser levados em consideração para seleção de uma matéria-prima. Clique abaixo e conheça-os. 32 A disponibilidade, logística de entrega e de distribuição. • Estocagem. • Vida útil. • Embalagem. • Condições do processamento industrial. • Toxicidade. • Riscos ambientais. • Possibilidade da substituição por outra matéria-prima. É perceptível que o mercado dos cosméticos se preocupa com a origem das matérias-primas, que podem ser provenientes de fontes naturais ou sintéticas, em alguns casos renováveis, mas sempre devem ser produzidas sob princípios sociais e ambientais de sustentabilidade. A escolha das matérias-primasé uma etapa crucial da produção, pois podem representar mais que 65% do custo direto de produção de um cosmético. As matérias-primas usadas em cosméticos normalmente são inócuas para a saúde, com algumas exceções, logo suas quantidades devem ser estritamente controladas. As matérias-primas podem ser classificadas como excipientes ou princípios ativos. Um excipiente deve ser um ingrediente inerte adicionado a uma formulação conferindo ao produto consistência adequada para que a formulação possa ser aplicada, manipulada e embalada de forma apropriada. Os excipientes desempenham um papel de grande importância na produção dos cosméticos, pois proporcionam diferentes veículos de aplicação, diferentes texturas e características, sendo também responsáveis por reduzir o custo final do produto. Existe uma grande quantidade de excipientes aprovados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) para uso em cosméticos, sendo adicionados todos os anos novos excipientes a essa lista. Os princípios ativos são as substâncias que atuam de forma efetiva e promovem modificações sobre o órgão em que o cosmético será aplicado, desempenhando uma vasta gama de aplicações específicas, sendo de grande importância conhecer mecanismos de ação, toxicidade e outros dados que justifiquem seu emprego no produto cosmético (GALEMBECK; CSORDAS, 2009). 1.2 Concepção e formulação de cosméticos As formulações de cosméticos são complexas e podem utilizar diferentes matérias-primas. De acordo com Iwata e Shimada (2013), os ingredientes dos cosméticos devem ser pensados em função da categoria do cosmético; as categorias clássicas incluem xampus, condicionadores, 33 cremes, toner facial, batons, bases e outros. Grande parcela dos cosméticos apresenta ingredientes para estabilização e preservação do produto, garantindo sua integridade e prevenindo sua deterioração. Esses componentes são essenciais, uma vez que os cosméticos geralmente são usados por um longo período de tempo após a abertura do pacote, o que representa um potencial risco de deterioração. Esses ingredientes também devem ser pensados ao formular um cosmético. Além dos principais ingredientes listados acima, a maioria dos cosméticos contém agentes corantes e aromatizantes. Os corantes têm sido empregados com sucesso no mercado dos corantes capilares. Os fabricantes de cosméticos têm contratado químicos e farmacêuticos para a formulação de seus produtos; os fornecedores de ingredientes também empregam esses profissionais para trabalhar no desenvolvimento, avaliação e utilização de novas matérias-primas. Esses profissionais utilizam reações químicas para converter componentes de origem natural e sintética em matérias- primas funcionais e comerciais. Além de apresentar uma sólida formação em química orgânica, os formuladores devem ser capazes de desenvolver criativamente novas vias de reação para produzir novas matérias-primas. As reações de esterificação ou polimerização são amplamente utilizadas na formulação de novas matérias-primas (SCHUELLER; ROMANOWSKI, 2008). O uso industrial de substâncias químicas está sujeito a normas de órgãos reguladores. No Brasil, os cosméticos precisam ser registrados e aprovados pela ANVISA. Essas normas têm sido desenvolvidas baseadas em uma ampla variedade de estudos acerca de cada substância, fornecendo informações sobre sua toxicidade, tanto para o homem quanto para o meio ambiente, a curto e longo prazo. Dessa forma, devem ser reconhecidas e determinadas as substâncias inócuas, para que sejam definidos limites para seu emprego na produção de cosméticos (GALEMBECK; CSORDAS, 2009). A figura 1 apresenta um sistema automatizado de produção industrial de um creme cosmético. 34 Figura 1 - Anatomia da pele Fonte: MicroOne, Shuttershock, 2020 #ParaCegoVer: Na figura, podemos observar equipamentos utilizados na produção industrial de cosméticos. Após colocados os ingredientes nas proporções corretas, eles são misturados e colocados em embalagens em quantidades exatas. Sistematicamente devem ser realizados testes desses produtos para o controle de qualidade. Segundo Schueller e Romanowski (2008), os desenvolvedores de formulações cosméticas precisam ter um conhecimento sólido de química geral, particularmente sobre os surfactantes e o processo de emulsificação. Eles também devem conhecer as funcionalidades específicas de diferentes matérias-primas cosméticas disponíveis. Além disso, em alguns casos, é exigido um conhecimento especializado de tipos específicos de produtos, como aerossóis ou categorias de cosmecêuticos. Além da cosmetologia básica, os formuladores devem estar cientes de como as decisões de marketing, restrições de custos, condições de fabricação e preocupações estéticas, como aparência e odor, podem afetar o desenvolvimento do produto. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 35 2 PREPARAÇÕES PARA A HIGIENE Os produtos comumente usados em formulações voltadas para a higiene pessoal incluem os sabonetes, xampus, demaquilantes, enxaguantes bucais, creme dental e muitos outros. Os agentes antibacterianos são muitas vezes incluídos nessas preparações para amenizar efeitos de halitose, odor corporal e infecções leves da pele, incluindo infecções secundárias associadas à acne. Embora inevitavelmente seja observada alguma sobreposição desses produtos com medicamentos, esses cosméticos devem ser diferenciados daqueles usados no tratamento de doenças, que contêm antibióticos e outros agentes, que normalmente não são considerados adequados para fins gerais de higiene (WILKINSON; MOORE, 1990). Clique abaixo e conheça a distinção entre agentes conservantes e agentes antissépticos. Agentes conservantes As últimas décadas foram marcadas por uma crescente conscientização sobre os problemas de deterioração microbiológica de produtos cosméticos e de higiene pessoal. Podem ser observados muitos exemplos da literatura que demonstram a importância de considerar o possível risco à saúde de um produto contaminado. Dessa forma, os conservantes são adicionados aos produtos para evitar deterioração e para proteger o consumidor da possibilidade de infecção (WILKINSON; MOORE, 1990). Os profissionais que trabalham na área de cosméticos são frequentemente solicitados a projetar sistemas de conservação que forneçam boa proteção aos produtos cosméticos contra contaminação microbiana. É importante trabalhar dentro de uma faixa estreita de concentrações de agentes conservantes, visando alcançar eficácia contra os microrganismos, evitando a toxicidade para os consumidores. Durante a formulação, é necessário considerar não apenas a eficácia do composto contra microrganismos, mas também a compatibilidade com os demais componentes presentes nos cosméticos, seu antagonismo ou sinergismo com outros ingredientes, o processo de fabricação do produto e os custos associados (ORUS; LERANOZ, 2005). Segundo Baranowska (2014), cosméticos que contêm água exigem proteção contra o crescimento de microrganismos, para garantir a segurança do produto e prolongar a vida útil. Os conservantes presentes em cosméticos são moléculas relativamente tóxicas para o consumidor, bem como fontes potenciais de alergias e doenças de pele. Praticamente todos os conservantes usados nos cosméticos são eficazes contra células procarióticas e eucarióticas. Os conservantes mais frequentemente utilizados incluem metilisotiazolinona, álcool benzílico, benzoato de sódio e parabenos, particularmente metilparabeno. Agentes antissépticos Os termos antisséptico e germicida são predominantemente usados para descrever 36 preparações aplicadas aos tecidos vivos para prevenir infecções. O termo desinfetante é mais corretamente empregado para descrever os preparativos para o tratamento de objetos inanimados. O uso de antissépticos em preparações cosméticas deve ser diferenciado do uso de conservantes, pois o os primeiros são destinados a tornar o produto ativo contra microrganismos presentesna pele, couro cabeludo ou boca, enquanto a função de conservantes é manter o produto em condições satisfatórias durante sua vida comercial e uso (WILKINSON; MOORE, 1990). De acordo com Reis (2011), os agentes antissépticos têm função de eliminar ou minimizar o crescimento de vírus, fungos e bactérias quando utilizados sobre a pele ou mucosas, sendo importante ressaltar que esses agentes permanecem durante muito tempo sobre a pele. Wilkinson e Moore (1990) enfatizam que os agentes antimicrobianos comumente usados em cosméticos com propriedades antissépticas incluem fenóis, cresóis, bifenóis e surfactantes catiônicos. Os surfactantes catiônicos são amplamente utilizados em enxaguantes bucais, desodorantes, produtos de higiene feminina, produtos para bebês, condicionadores anticaspa ou de enxágue, fixadores, tonificadores e loções adstringentes. É importante ressaltar que os surfactantes catiônicos são incompatíveis com uma gama considerável de substâncias, especialmente compostos aniônicos. 3 PREPARAÇÕES PARA HIDRATAÇÃO Paz et al. (2015) enfatizam que a hidratação cutânea vem sendo atualmente uma das medidas mais utilizadas em clínicas estéticas e por dermatologistas. Nesse sentido, para a formulação de cosméticos com tal finalidade, é importante conhecer os mecanismos fisiológicos da hidratação e os mecanismos de ação dos principais princípios hidratantes. Os mecanismos envolvendo a manutenção da hidratação da pele são complexos. A hidratação adequada da pele é fundamental para manter a pele saudável, e os hidratantes são um componente importante dos cuidados básicos com a pele. A capacidade da pele de reter água está relacionada principalmente ao estrato córneo, que desempenha o papel de barreira à perda de água. O papel dos compostos higroscópicos nos corneócitos, coletivamente referido como fator de hidratação natural, foi reportado por Blank na década de 1950. Posteriormente, outros autores demostraram a importância dos lipídios intercelulares presentes no estrato córneo, FIQUE DE OLHO A avaliação da hidratação cutânea e do comportamento das substâncias hidratantes na pele pode ser estudada por espectroscopia. Segundo Silva (2009), uma variedade de técnicas espectroscópicas vibracionais tem sido empregada recentemente no estudo da estrutura do estrato córneo e das modificações causadas pela ação de substâncias aplicadas. 37 organizados de maneira ordenada para formar uma barreira à perda de água transepidérmica. A hidratação da pele e a função de barreira epidérmica são áreas ativas de investigação pelos pesquisadores e pela indústria dos cosméticos há muitos anos (VERDIER-SÉVRAIN; BONTÉ, 2007). 3.1 Classificação dos hidratantes A comprovação dos efeitos biológicos das chamadas formulações hidratantes tem despertado o interesse de um número cada vez maior de cientistas e dermatologistas. A hidratação da pele possibilita retardar o envelhecimento cutâneo, podendo prevenir algumas doenças de pele; além disso, essa classe de produtos tem sido considerada dominante na área cosmética, representando uma importante participação no mercado dos cosméticos (LEONARDI, 2005). Os hidratantes podem ser classificados em função dos mecanismos de ação de seus componentes. Os principais mecanismos incluem a oclusão e umectação. Clique nas abas abaixo para conhecer detalhes sobre cada um. Oclusão Os hidratantes oclusivos são caracterizados por formar um filme hidrofóbico na epiderme, impedindo a evaporação e a perda de água e consequentemente contribuindo para a manutenção da hidratação da pele. As substâncias oclusivas usadas em produtos cosméticos são geralmente de caráter oleoso, o que contribui também para uma maior maciez e suavidade da superfície cutânea. Umectação As substâncias que agem por umectação apresentam propriedades higroscópicas, ou seja, absorvem a umidade da atmosfera. Essas substâncias apresentam caráter hidrossolúvel e são indicadas para peles oleosas e acnéicas (PAZ et al., 2015). 3.2 Ingredientes utilizados em hidratantes Os ingredientes hidratantes atuam principalmente na retenção da umidade interna da pele, sendo que alguns ativam essa capacidade, e outros a complementam. Segundo Paz et al. (2015), os produtos hidratantes constituem uma das classes mais importantes de cosméticos, pois apresentam uma ação preventiva, especialmente contra o envelhecimento precoce. Há diversos meios para a hidratação cutânea que contam com a adição de substâncias ativas nas formulações. Entre os principais hidratantes conhecidos, podem ser citados aminoácidos, ceramidas, ácido hialurônico, uréia, glicerina, ácidos graxos e outros. Tais substâncias também fazem parte da matriz lipídica intercelular, que preenche os espaços entre os corneócitos, proporcionando à pele a função de barreira. A redução desses lipídeos na camada córnea geralmente é provocada por 38 exposição a solventes orgânicos e substâncias detergentes, envelhecimento, fatores genéticos, entre outros. O uso das ceramidas em cosméticos tem se popularizado nos últimos anos. A incorporação desse ingrediente na formulação de cosméticos possibilita fortalecer a barreira cutânea e impedir a perda de água, além de proporcionar maciez e elasticidade à pele (ANDRADE; HIGUCHI, 2014). De acordo com Paz et al. (2015), os hidratantes geralmente apresentam consistência leve, de modo que a pele não fique brilhosa e oleosa. O hidratante usado durante o dia geralmente contém filtro solar em sua formulação; durante a noite, a hidratação da pele é de fundamental importância, pois mantém a elasticidade da pele, previne a formação de rugas e marcas de expressão, além de melhorar a nutrição celular e permitir uma ação mais eficiente de outras substâncias ativas. 4 PREPARAÇÕES PARA TRATAMENTOS CUTÂNEOS O número e a variedade de matérias-primas disponíveis para a formulação de cremes e loções para a pele é muito grande. Além disso, novas matérias-primas, emulsificantes, emolientes, hidratantes e ingredientes ativos são continuamente disponibilizados pelo mercado. No contexto de cosméticos, o termo creme significa uma emulsão sólida ou semissólida, embora também se aplique a produtos não aquosos, como máscaras à base de solvente de cera, sombras e pomadas líquidas. Se uma emulsão apresenta uma viscosidade baixa o suficiente para ser derramada, ou seja, flui sob a única influência da gravidade, ela é chamada loção (WILKINSON; MOORE, 1990). A microflora cutânea é um componente importante da pele humana. Uma grande variedade de microrganismos pode ser encontrada na pele – eles são geralmente organizados em transitórios, residentes temporários e permanentes. O equilíbrio ecológico microbiano desempenha um papel de grande importância na atividade da pele, podendo ser alterado pela introdução de inibidores, antimicrobianos, antibióticos ou nutrientes. A aplicação de produtos cosméticos pode afetar a microflora. Os conservantes são conhecidos por promover alterações na microflora. Os cosméticos para pele podem ser formulados para conter um agente antimicrobiano ou antibiótico como ingrediente ativo, por exemplo, para o tratamento da acne. Nesse caso, a ecologia microbiana mudará o uso do tratamento (HOLLAND; BOJAR, 2002). Leonardi (2005) enfatiza que produtos para pele devem ser bem balanceados para não tirar exacerbadamente sua oleosidade natural. A secreção do sebo para a superfície da pele é um processo fisiológico do organismo. A presença do sebo na superfície da pele atua como proteção às agressões ambientais. Se todo o sebo da superfície for retirado com uso de sabões muito alcalinos, ou de produtos inadequados, as glândulas sebáceas naturalmente secretam novamente seus conteúdos em quantidades maiores. 39 4.1 Produtos para a face As lesões cutâneas, principalmente na região da face, como a acne, rosácea e melasma, são conhecidas por transtornos emocionais e psicológicos. Estudos apontam que indivíduos com acne acabam enfrentando depressão, ansiedade, e baixa autoestima(LEVY; EMER, 2012). Tem sido desenvolvida nos últimos anos uma grande variedade de cosméticos para minimizar os efeitos e como complemento ao tratamento dessas lesões. Além disso, produtos visando reduzir os efeitos do envelhecimento são considerados promissores no mercado dos cosméticos. Segundo Leonardi (2005), os cosméticos para peles acnéicas apresentam duas linhas de atuação: a redução da atividade sebácea e controle da proliferação de microrganismos patogênicos. Geralmente, observa-se que esses produtos também atuam na manutenção do pH natural da pele, na hidratação cutânea e na proteção contra radiações solares, pois o excesso de sol causa espessamento da camada córnea, que por sua vez facilita a obstrução do folículo pilo-sebáceo, refletindo no surgimento da acne. Dentre os veículos cosméticos mais usados na produção desses produtos, são mais indicados os géis hidrofílicos e os géis-cremes, sendo que ambos devem ser formulados com matérias-primas não comedogênicas e de preferência hipoalergênicas. Muitas das substâncias usadas no tratamento da acne não podem ser usadas em produtos cosméticos, porém, algumas são permitidas em concentrações autorizadas pelos órgãos de vigilância sanitária. Os toners faciais são produtos que estão ganhando importância cada vez maior no mercado dos cosméticos. Segundo Iwata (2012), os toners faciais têm sido projetados combinando ingredientes ativos com a finalidade de hidratar, amaciar, suavizar, firmar e dar brilho à pele, podendo conter derivados da vitamina C para clareamento. Extratos de fermentação estão sendo incluídos em alguns cosméticos para o antienvelhecimento e a prevenção de rugas. Muitos desses produtos apresentam em sua composição ceramidas, vitaminas, esteróis, extratos vegetais e outros componentes eficazes. Os constituintes básicos incluem água, glicerina e agentes hidratantes, colágeno hidrolisado e aminoácidos. As formas do produto podem ser líquido transparente, líquido transparente e viscoso e loção leitosa. FIQUE DE OLHO A hidratação do rosto é um procedimento simples, mas que desempenha um papel importante de prevenção. De acordo com Leonardi (2005), a hidratação é um procedimento imprescindível para conservar o vigor, a textura, e evitar o ressecamento da pele. É importante ressaltar que, além da aplicação tópica de hidratantes, o indivíduo precisa ingerir bastante líquido para manter a pele hidratada. 40 4.2 Produtos para o corpo Os cremes têm sido utilizados para cuidar da pele do rosto, mãos e outras partes do corpo. Os produtos utilizados para o corpo podem incluir cremes, loções e géis. Os objetivos são diversos e incluem: • reparar a pele contra danos; • hidratar a pele; • clarear a pele e manchas; • e proteger a pele dos raios ultravioletas. Os componentes oleosos, que dão eficácia e determinam a sensação de uso, podem ser carboidratos, ésteres e álcoois superiores. O surfactante não iônico e os ácidos graxos são usados principalmente para emulsificar os componentes oleosos. Polímeros são adicionados para estabilizar a forma do produto. Os álcoois poli-hídricos são para hidratação e os álcalis são combinados para neutralizar os ácidos graxos (IWATA, 2012). Clique nas fichas abaixo e veja a classificação de cremes utilizados para a pele e suas principais características. Cremes para limpeza são empregados na manutenção da superfície da pele saudável e com boa aparência, remoção de poeira, sujeira, sebo e outras secreções, células mortas, depósitos e maquiagem aplicada. Cremes noturnos e cremes de massagem são projetados para permanecer na pele por várias horas ou para permanecer imóvel na pele, mesmo após esfregar vigorosamente. São compostos por uma fase substancialmente oleosa que se espalha facilmente sem ser absorvida. Cremes evanescentes hidratantes são produtos projetados para serem facilmente espalhados e produzem uma sensação de desaparecimento após aplicação. São capazes de dar elasticidade à camada de células mortas e externas da epiderme, deixando a pele macia e suave. Como as mãos são especialmente vulneráveis a rachaduras e rugosidade da pele, os cremes para as mãos são usados como agentes hidratantes, eficazes no alívio e na cura de emolientes, podendo incluir também antissépticos. Cremes para os pés são utilizados para auxiliar na massagem dos pés, podendo conter agentes antimicrobianos, antitranspirantes, agentes queratolíticos leves, vasodilatadores para estimular a circulação, agentes de resfriamento e agentes que proporcionam propriedades emolientes e suavizantes da pele. Os últimos anos foram marcados pelo desenvolvimento de cosméticos voltados para o 41 tratamento de celulites e estrias, problemas que atingem um grande número de mulheres. Segundo Leonardi (2005), a celulite é caracterizada por uma desordem do metabolismo lipídico e no fluxo de líquidos do organismo; ela se forma quando há problemas na microcirculação sanguínea e os resíduos adiposos acumulam-se na hipoderme. Produtos cosméticos podem funcionar como coadjuvantes no tratamento da celulite, podendo atuar por três mecanismos diferentes: metabolizando a lipólise, melhorando a drenagem através de ativadores da circulação e reestruturando o tecido lesado por meio de renovadores de colágeno. As estrias são lesões que ocorrem principalmente na puberdade, atingindo predominantemente o sexo feminino. No mercado, está disponível uma grande diversidade de produtos voltados à prevenção e ao tratamento das estrias. Os cosméticos são geralmente utilizados na prevenção, sendo observado o uso de compostos com atividade hidratante como ácido hialurônico, ureia, lactato de amónio, colágeno, elastina e óleos vegetais emolientes. Utilize o QR Code para assistir ao vídeo: 5 PROTOCOLOS REGULATÓRIOS DA PRODUÇÃO DE COSMÉTICOS Os principais marcos regulatórios que regem a indústria de cosméticos remontam a 1938 nos Estados Unidos e, 40 anos depois, na Europa. Desde então, as legislações cosméticas dessas regiões inspiraram a estrutura regulatória de vários países que trabalham para a harmonização da legislação sobre cosméticos. Durante os anos, os requisitos para a eficácia de produtos cosméticos foram implementados, no entanto, não existem diretrizes claras para testes de eficácia de produtos cosméticos. As reivindicações de produtos cosméticos, explícitas ou implícitas, devem ser apoiadas por evidências adequadas e verificáveis, independentemente dos tipos de suporte probatório usados para substanciá-las, incluindo, quando apropriado, avaliações de especialistas. O suporte probatório às alegações cosméticas deve levar em conta as práticas atuais, os estudos 42 relevantes sobre o produto e o benefício reivindicado, devendo seguir metodologias bem projetadas, bem conduzidas e respeitando a ética e os padrões de referência (NOBILE, 2016). No Brasil, o órgão responsável por regulamentar a produção de produtos cosméticos é a ANVISA. De acordo com Jaiminy (2013), os produtos cosméticos individuais devem ser notificados ou registrados antes de sua entrada no mercado, atendendo exigências específicas. Durante o processo de registro, os fabricantes devem declarar qual grau de risco se enquadra à sua atividade. Clique abaixo e conheça detalhes sobre cada grau. Grau 1 Os importadores e fabricantes de cosméticos são classificados como produtos de grau de risco 1 quando produzirem produtos como xampus simples, cremes de barbear, loções corporais e cremes e produtos de maquiagem, devendo notificar a ANVISA por meio do envio on-line de um documento contendo informações gerais do produto, podendo proceder com o comércio após registro. Grau 2 Os produtos de grau de risco 2 incluem produtos de maior periculosidade, como por exemplo os produtos anti-idade, protetor solar, agentes de coloração capilar e outros. A resolução da diretoria colegiada (RDC) nº 48, de 25 de outubro de 2013 aprovou o regulamento técnico de boas práticas de fabricação para produtos de higienepessoal, cosméticos e perfumes. Esse documento estabelece que os produtos de higiene pessoal, cosméticos e perfumes destinados à comercialização devem estar devidamente regularizados e fabricados por indústrias habilitadas, regularmente inspecionadas pela autoridade sanitária competente. Esse regulamento estabelece os procedimentos e as práticas que o fabricante deve aplicar para assegurar que as instalações, métodos, processos, sistemas e controles usados para a fabricação desses produtos sejam adequados, de modo a garantir qualidade desses produtos. No prazo de 1 ano, a empresa deve ter elaborado todos os protocolos e outros documentos necessários para a validação de limpeza, metodologia analítica, sistemas informatizados e sistema de água de processo que já se encontrem instalados. Segundo o artigo 10 da resolução nº 7 de 10 de fevereiro de 2015 da ANVISA, o detentor do produto deve possuir dados comprobatórios que atestem a qualidade, a segurança e a eficácia de seus produtos e a idoneidade dos respectivos dizeres de rotulagem, bem como os requisitos técnicos estabelecidos na mesma resolução, os quais deverão ser apresentados aos órgãos de vigilância sanitária sempre que solicitados ou durante as inspeções. Deve-se ainda garantir que o produto não constitui risco à saúde quando utilizado em conformidade com as instruções de uso e demais medidas constantes da embalagem de venda do produto durante o seu período de 43 validade. De acordo com Reis (2015), a ANVISA publicou em 2015 uma atualização das regras de cosméticos que simplifica o tratamento desses produtos no país. Com essa nova medida, alguns produtos passam a ser isentos de registro, mas sujeitos à comunicação prévia antes de sua comercialização. A medida está na resolução nº 7 de 10 de fevereiro de 2015 da ANVISA. Produtos das categorias bronzeadores, produtos de alisamento capilar, protetor solar, repelente de insetos, gel antisséptico para as mãos e produtos infantis continuaram sendo analisados pela Agência, tendo em vista o seu maior risco associado. 5.1 Protocolo 1: Validação de limpeza Segundo a RDC nº 48, de 25 de outubro de 2013, a empresa deve conhecer seus processos a fim de estabelecer critérios para identificar a necessidade ou não de validação dos mesmos. Quando as validações forem aplicáveis, deve ser estabelecido um protocolo de validação que especifique como o processo será conduzido. O protocolo deve ser aprovado pela garantia/ controle da qualidade. Para os produtos e processos que não serão validados, a empresa deve estabelecer todos os controles operacionais necessários para garantir o cumprimento dos requisitos preestabelecidos ou especificados. O protocolo de validação deve especificar os itens enumerados abaixo. Clique para vê-los. 44 Nesta unidade, você teve a oportunidade de: • conhecer os principais produtos e ingredientes utilizados na formulação de cosméti- cos, assim como as principais etapas desse processo; • aprender sobre preparações voltadas para a higiene pessoal e agentes antissépticos comumente comercializados; • descobrir sobre a real importância dos hidratantes, suas matérias-primas, classifica- ção e aplicações; • discutir preparações utilizadas em tratamentos cutâneos, com ênfase aos produtos voltados para a face e para as demais regiões da pele; • conhecer os principais protocolos regulatórios da produção e comercialização de cosméticos, além das exigências específicas para diferentes classes de cosméticos. PARA RESUMIR ANVISA – Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 48, de 25 de outubro de 2013. 2013. Disponível em: http://bvsms.saude.gov.br/ bvs/saudelegis/anvisa/2013/rdc0048_25_10_2013.pdf. Acesso em: 10 mar. 2020. ANVISA – Agência Nacional De Vigilância Sanitária. Resolução da diretoria colegiada - RDC nº 07, de 10 de fevereiro de 2015. 2015. Disponível em: http://portal.anvisa.gov.br/ documents/10181/2867685/RDC_07_2015_.pdf/. Acesso em: 10 mar. 2020. ANDRADE, D. M. S.; HIGUCHI, C. T. Análise crítica e comparativa de uma marca cosmética com apelo antienvelhecimento. InterfacEHS, v. 9, n.1, p.43-63 , 2014. BARANOWSKA, I. et al. Determination of preservatives in cosmetics, cleaning agents and pharmaceuticals using fast liquid chromatography. Journal of chromatographic science, v. 52, n. 1, p. 88-94, 2014. GALEMBECK, F.; CSORDAS, Y. Cosméticos: a química da beleza. Coordenação Central de Educação a Distância, 2009. Disponível em: http://fisiosale.com.br/ assets/9no%C3%A7%C3%B5es-de-cosmetologia-2210.pdf. Acesso em: 30 mar. 2020. HOLLAND, K. T.; BOJAR, R. A. Cosmetics. 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Introdução 49 1 FOTOPROTEÇÃO: FUNDAMENTOS E TECNOLOGIAS O nível de radiação ultravioleta (UV) que atinge a superfície da Terra aumentou drasticamente nos últimos anos. Esse fenômeno contribuiu para um aumento constante de doenças relacionadas à pele, ocasionadas pelo aumento na exposição da pele à radiação. A radiação UV geralmente é dividida em três categorias: radiações com comprimentos de onda curtos (UVC),