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FONÉTICA E FONOLOGIA DA LÍNGUA PORTUGUESA

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FONÉTICA E FONOLOGIA DA 
LÍNGUA PORTUGUESA
PROF.A MA. MONIQUE BISCONSIM GANASIN
Reitor: 
Prof. Me. Ricardo Benedito de 
Oliveira
Pró-reitor: 
Prof. Me. Ney Stival
Gestão Educacional: 
Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa
PRODUÇÃO DE MATERIAIS
Diagramação:
Alan Michel Bariani
Thiago Bruno Peraro
Revisão Textual:
Gabriela de Castro Pereira
Letícia Toniete Izeppe Bisconcim 
Luana Ramos Rocha
Produção Audiovisual:
Heber Acuña Berger 
Leonardo Mateus Gusmão Lopes
Márcio Alexandre Júnior Lara
Gestão de Produção: 
Kamila Ayumi Costa Yoshimura
Fotos: 
Shutterstock
© Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114
 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo 
(a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá.
 Primeiramente, deixo uma frase de Só-
crates para reflexão: “a vida sem desafios não 
vale a pena ser vivida.”
 Cada um de nós tem uma grande res-
ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, 
e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica 
e profissional, refletindo diretamente em nossa 
vida pessoal e em nossas relações com a socie-
dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente 
e busca por tecnologia, informação e conheci-
mento advindos de profissionais que possuam 
novas habilidades para liderança e sobrevivên-
cia no mercado de trabalho.
 De fato, a tecnologia e a comunicação 
têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, 
diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e 
nos proporcionando momentos inesquecíveis. 
Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino 
a Distância, a proporcionar um ensino de quali-
dade, capaz de formar cidadãos integrantes de 
uma sociedade justa, preparados para o mer-
cado de trabalho, como planejadores e líderes 
atuantes.
 Que esta nova caminhada lhes traga 
muita experiência, conhecimento e sucesso. 
Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira
REITOR
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01
SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................. 5
1 - APRESENTANDO A FONÉTICA E A FONOLOGIA ................................................................................................ 6
1.1. FONÉTICA ............................................................................................................................................................. 7
1.2. FONOLOGIA ......................................................................................................................................................... 8
1.3. UMA DISCUSSÃO TERMINOLÓGICA ...............................................................................................................10
2 - OS ALFABETOS FONÉTICOS ............................................................................................................................. 10
2.1. O ALFABETO FONÉTICO INTERNACIONAL (AFI) ............................................................................................ 11
2.2. O SAMPA ........................................................................................................................................................... 12
3 - CAMPOS DE INTERFACE ................................................................................................................................... 14
3.1. CIÊNCIA DA TELECOMUNICAÇÃO ................................................................................................................... 14
3.2. DRAMATURGIA ................................................................................................................................................. 14
INTRODUZINDO: FONÉTICA E 
FONOLOGIA
PROF.A MA. MONIQUE BISCONSIM GANASIN
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FONÉTICA E FONOLOGIA DA 
LÍNGUA PORTUGUESA
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3.3. ENSINO DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS ........................................................................................................... 14
3.4. ENSINO DE LÍNGUA MATERNA ...................................................................................................................... 15
3.5. FONOAUDIOLOGIA ............................................................................................................................................ 15
3.6. LINGUAGEM DE SURDO-MUDO ...................................................................................................................... 15
3.7. LINGUÍSTICA COMPUTACIONAL ..................................................................................................................... 15
3.8. LINGUÍSTICA FORENSE ................................................................................................................................... 16
3.9. LINGUÍSTICA INDÍGENA .................................................................................................................................. 16
3.10. LINGUÍSTICA ................................................................................................................................................... 16
3.11. PLANEJAMENTO LINGUÍSTICO-SOCIAL ....................................................................................................... 16
3.12. TECNOLOGIA DA FALA .................................................................................................................................... 17
3.13. TRADUÇÃO E INTERPRETAÇÃO ..................................................................................................................... 17
3.14. ZOOBIOLOGIA ................................................................................................................................................. 17
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................................. 19
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INTRODUÇÃO
Prezado(a) aluno(a), esta aula tem um perfil introdutório. Isto é, se trata de uma introdução 
sobre a Fonética e, igualmente, a Fonologia. Objetivamos que, com base na sua língua – a Língua 
Portuguesa – você comece a entender os fenômenos que estão relacionados às propriedades 
articulatórias dos sons do português brasileiro e seu sistema fonológico. 
Estudos realizados em situações de aula por Seara, Nunes e Volcão (2015), usados 
como referência na obra Fonética e Fonologia do Português Brasileiro, mostram que partir da 
língua materna dos estudantes para ensinar Fonética e Fonologia é uma maneira de facilitar o 
aprendizado, pois os alunos aprofundam os seus conhecimentos em relação à sua língua.
O campo de estudos que vamos percorrer é, essencialmente, um caminho árduo, visto 
que trataremos de noções abstratas. Por isso, não vamos enveredar por análises fonológicas de 
línguas indígenas ou hipotéticas, pois, você, além de lidar com um elemento pouco palpável (que 
é o som), teria que demandar esforços para entender uma nova língua.
Sendo assim, nesta aula, objetiva-se que você reflita a respeito da produção, do 
funcionamento e da sistematização da própria língua. Posteriormente, faremos referência a 
outras variedades do português e a outras línguas. Mas isso só acontecerá quando os exemplos 
do português brasileiro não forem suficientes para exemplificar um fenômeno ou um aspecto 
teórico, ok? Você verá que as suas intuições fonético-fonológicas são muito fortes e, certamente, 
elas te acompanharão quando chegar a hora de analisar os fenômenos tratados.
De forma geral, esta unidade torna possível que você tenha uma iniciação a aspectos 
relacionados à Fonética e a Fonologia e os seus fundamentos. Esclarecemos que “as diferentes 
escolas linguísticas, tratando da fonologia, construíram modelos teóricos distintos, propiciando 
uma grande variabilidade terminológica” (SILVEIRA, 1986, p. 12). Ou seja, por se tratar de uma 
introdução, não nos filiaremos a uma determinadaescola, mas apresentaremos aspectos que nos 
parecem mais importantes para estudos iniciais. 
Para tanto, dividimos nossas discussões em três tópicos: as convergências e divergências 
entre os estudos fonéticos e fonológicos, etapa em que faremos aproximações e distinções entre 
essas disciplinas, bem como uma breve discussão sobre as suas terminologias; uma familiarização 
com os símbolos fonéticos – aluno(a), para que você conheça os elementos usados para representar 
a sonoridade da fala, desde esta unidade você terá acesso aos símbolos convencionados pela 
literatura fonética, ou seja, partiremos da apresentação de dois alfabetos fonéticos mais usados 
pelos estudiosos da área: IPA e SAMPA – que serão retomados nas unidades futuras; e, também, 
apresentaremos quais as áreas de intersecção existentes com os estudos fonéticos/fonológicos, 
para que você possa visualizar como essas disciplinas são exercidas e sua importância na/para a 
sociedade contemporânea.
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1 - APRESENTANDO A FONÉTICA E A FONOLOGIA
Aluno(a), poderíamos iniciar essa caminhada retomando como se desenvolve a linguagem 
no ser humano e os desdobramentos dessa função para o ato da fala, porém, é importante não 
perder de foco o nosso objeto, o que será estudado nesta unidade: os sons que possibilitam a fala. 
Acontece bastante de “ao falar da linguagem” os leigos terem como ancoragem a língua 
escrita. Mas, segundo Callou e Leite (1993, p. 13) “a linguagem é primordialmente oral”. Ou 
seja, muito antes da escrita, os povos se comunicavam pela fala e, embora possa parecer óbvio, 
precisamos sempre lembrar que as letras não são correlatas aos sons. Dito de outro modo, letras 
podem até corresponder a sons, mas de forma complexa.
Um exemplo trazido por Seara, Nunes e Volcão (2015) sobre a letra ‘x’, para que você possa 
entender melhor essa relação. A letra ‘x’ está presente em palavras que têm um som semelhante 
ao de ‘xícara’ e ‘xale’. Porém, observe que mesmo o som inicia as palavras ‘chave’ e ‘chuva’ – temos 
aí um primeiro indício de que letra e som não são equivalentes. Outra situação a ser pensada é a 
presença da letra ‘x’ nas palavras ‘exame’, ‘táxi’ e ‘explícito’, repare que, nessas palavras, a letra ‘x’ 
está correspondendo a sons diferentes.
Tendo essa premissa como norteadora, podemos iniciar uma aproximação entre 
Fonética e Fonologia afirmando que ambas as disciplinas apresentam como objeto de pesquisa a 
investigação de “como os seres humanos produzem e percebem os sons da fala” (SEARA; NUNES; 
VOLCÃO, 2015, p. 14).
Sendo assim, mesmo que, posteriormente, as unidades tratem de forma separada Fonética 
e Fonologia, esta é uma finalidade exclusivamente didática. Mantenha-se atento ao fato de que 
esses dois campos se completam mutuamente.
Em outros momentos a Fonética e a Fonologia foram pensadas de formas independentes. 
No princípio do século XX, a Fonética era tratada pelas Ciências Naturais, enquanto que a 
Fonologia pelas Ciências Linguísticas. Hoje, as discussões recentes mostram que elas têm uma 
ampla relação.
Aluno(a), para que você possa acompanhar as explicações que vão seguir neste tópico, 
seguem algumas convenções: letras estarão sempre entre aspas simples: ‘’; grafemas estarão entre 
parênteses angulares: <>; transcrições fonéticas serão feitas entre colchetes []. Se, de imediato, 
você não conseguir reconhecer todos os símbolos, não se preocupe, pois eles serão retomados 
nas unidades futuras.
As letras ‘s’, ‘c’, ‘q’, ‘u’, ‘h’ foneticamente possuem comportamentos distintos, quan-
do pronunciadas. As palavras ‘saco’, ‘asa’, ‘assa’, ‘cebola’, ‘quero’, ‘lua’, ‘hoje’ e ‘cha-
to’, apresentam os grafemas <s>, <ss>, <c>, <q>, <u>, <h>, <ch>. Agora, observe 
como são pronunciados esses grafemas nas palavras: [s]aco, a[z]a, a[s]a, [s]ebola, 
[k]ero, l[u]a, []oje, [x]ato.
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1.1. Fonética
Considerando que em uma situação de comunicação/fala a fonte é o falante, o transmissor 
é o aparelho fonador, o canal é o ar atmosférico, o receptor é o aparelho auditivo e o alvo é o 
ouvinte, a Fonética estuda como se produzem os sons, partindo de três ângulos diversos: o falante 
e seu aparelho fonador; os efeitos acústicos que os sons produzem; e, examinando a percepção da 
onda de som, pelo ouvinte.
O primeiro enfoque, nomeado de Fonética Articulatória, estuda a fala partindo de seu 
funcionamento físico, o que envolve: cérebro, pulmões, laringe, ouvido, língua, entre outros 
elementos do corpo que são usados com a finalidade de produzir o som. Nesse campo de 
pesquisa, os parâmetros fisiológicos dos nossos articuladores são levados em consideração. 
Vamos considerar alguns exemplos que nos ajudam a perceber a variação na realização dos sons 
da língua (SEARA; NUNES; VOLCÃO, 2015).
Coloque a sua mão aberta no seu pescoço e pronuncie continuamente o som do ‘s’, dê 
uma pausa e, depois, o som do ‘z’. Você observará que há pregas vocais, que estão na laringe, 
que trabalham a vibração de formas diferentes: o som sem vibração, chamado de surdo, e o com 
vibração, chamado de sonoro.
Agora, pronuncie a palavra ‘sagu’. Para produzir o fone [a] você precisou deixar a língua 
e a mandíbula abaixadas. Observe que nenhum elemento fisiológico bloqueia o som, ele sai 
livremente. Enquanto que na vogal ‘u’ há uma alteração no arranjo dos movimentos. Segundo 
Seara, Nunes e Volcão (2015), o dorso da língua vai para trás e os lábios se prolongam. Assim, a 
representação sonora da palavra ‘sagu’ será [sa′ gu].
O último caso que vamos analisar é do ‘l’ quando aparece no final das sílabas. Pronuncie 
as palavras ‘sal’ e ‘bolsa’ e preste atenção. O ‘l’ sobre uma vocalização soa da mesma forma do som 
do grafema <u>. Sendo assim, foneticamente descrevemos [′saw] e [′bowsə].
Os exemplos são breves, mas esperamos que você tenha conseguido perceber como 
sons distintos podem ser descritos se considerarmos as características fisiológicas dos nossos 
articuladores, pois é desse recorte que se ocupa a Fonética Articulatória, que será nosso foco de 
estudo na Unidade II.
A Fonética Auditiva ou Perceptiva tenta entender como o som é recebido, isto é, como 
ouvimos, como percebemos a fala, como o nosso aparelho auditivo trata o som, ainda, como ele 
é decodificado pelo cérebro. Para que esse trabalho seja feito, existem ferramentas tecnológicas 
que partem de parâmetros acústicos, desenvolvidos pelo campo teórico da Física, da Fonética 
Acústica. E, ainda, há a Fonética Instrumental, que compreende o estudo das propriedades físicas 
da fala, considerando o apoio de instrumentos laboratoriais. 
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Aluno (a), faça uma breve ponderação sobre as vezes que você ouviu alguém fa-
lando e, automaticamente, classificou idade, sexo, grau de educação dessa pes-
soa, bem como a região do país que ela mora, e, até se ela é estrangeira. Perceba 
que, mesmo que existam diferentes variantes utilizadas para expressar o nosso 
português, você consegue se comunicar com essa pessoa de maneira natural. 
Para que você tenha um exemplo, vamos nos apoiar na reflexão propiciada por 
Seara, Nunes e Volcão (2015) sobre o processo de palatização que acorre quando 
pronunciamos a palavra ‘tia’. Um carioca, ao pronunciar tal palavra, produz ruído 
diante do ‘i’. Sendo assim, no “carioquês”, em ‘tia’, o som de ‘t’ se produz com 
fricção, representado pelos fones [′tʃia]. Já em Florianópolis, os falantes usam de 
uma leve aspiração para pronunciar o ‘t’, assim, a palatização da consoante com 
o ‘i’ não acontecee ‘tia’ pode ter como pronuncia [′thiə].
Caro(a) aluno(a), após essa exemplificação, espero que tenha ficado exposto 
como a Fonética irá descrever os sons se foram realizados como [t], [th] ou [tʃ]. 
Apesar desses sons serem bastante distintos, eles não conseguem diferenciar 
as palavras. Reflita: [t]ia e [tʃ]ia têm o mesmo significado em português brasilei-
ro. Sendo assim, mesmo que em nosso território haja muitas variantes, como as 
pronúncias típicas dos regionalismos, há compreensão entre aqueles que falam. 
Em resumo, a Fonética está, então, preocupada em descrever como se dá a cons-
trução dos sons na relação com as articulações, percepções e a acústica. “Assim 
parece que podemos considerar que foneticistas lidam com medidas precisas, 
amostragem do sinal de fala, estatísticas” (SEARA, NUNES E VOLCÃO, 2011, p. 
13).
1.2. Fonologia
Aluno(a), partindo do exemplo já estudado, sobre o processo chamadao “palatização” 
com a palavra ‘tia’, diferente da Fonética, a Fonologia irá explicar como se dá o funcionamento 
do sistema que gera mudanças na realização deste ‘t’. É papel da Fonologia considerar quais 
regras explicam por que isso acontece e, ainda, o que pode condicionar essas variações no nosso 
português.
Se ainda ficou pouco compreensível, vamos a outro exemplo elucidado por Seara, Nunes e 
Volcão (2015). Ao pronunciarmos as palavras ‘faca’ e ‘vaca’ estaremos falando de objetos distintos, 
correto? Além de terem seus sons iniciais diferentes, são palavras que apresentam sentidos que 
não são os mesmos. Dito de outra forma, os dois sons [f] e [v] – que distinguem as palavras 
[′fakə] e [′vakə] – é base de pesquisa para a Fonologia.
Atenção, aluno(a), para a Fonologia quando um par de sons é capaz de distinguir as 
palavras, eles são nomeados fonemas. Os fonemas são representados de uma maneira que não 
foi abordada até o momento, eles são anotados entre barras (duas) inclinadas para a direita: /f/
aca e /v/aca.
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“A unidade fonética é o som da fala ou fone, enquanto a unidade da fonologia é o fonema” 
(CALLOU; LEITE, 1993, p. 11).
Os fonólogos lidam com a organização mental da linguagem, com as distinções 
sonoras concernentes a línguas em particular, ou seja, estabelecem quais 
são os sons que servem para distinguir uma palavra de outra, ou quais são as 
regularidades de distribuição dos sons captadas a partir daquilo que o falante 
produz, ou ainda, quais são os princípios que determinam a pronúncia das 
palavras, frases e elocuções de uma língua (SEARA; NUNES; VOLCÃO, 2011, 
p. 13).
Provavelmente você já notou que não são todas as sonoridades que se caracterizam como 
fonemas, ou seja, nem todos os fones capturados pela fonética são usados no sistema fonológico 
de uma ou outra língua. Voltando, mais uma vez, ao exemplo de ‘tia’, o par [t] e [tʃ] não são 
fonemas, já que [t]ia e [tʃ]ia apresentam o mesmo significado, lembra-se? 
Por esse motivo é que a Fonologia não se ocupa em descrever ou identificar variantes, por 
exemplo. Mas faz parte dos estudos dessa disciplina tratar quais sons são capazes de distinguir 
o significado entre uma palavra e outra, além de organizar regras que expliquem o porquê de 
ocorrerem as variações.
Na obra Iniciação à Fonética e à Fonologia, Dinah Callou e Yonne Leite (1993, p. 11) 
fazem uma diferenciação entre as disciplinas, afirmando que à fonética cabe “descrever os sons 
da linguagem e analisar suas particularidades articulatórias, acústicas e perceptivas”, enquanto 
que “para a fonologia ficam as diferenças fônicas intencionais, que se vinculam as diferenças 
de significação”. À fonologia cabe “estabelecer como se relacionam entre si os elementos de 
diferenciação e quais condições em que se combinam uns com os outros para formar morfemas, 
palavras e frases”. 
Por isso que reafirmamos que Fonética e Fonologia são disciplinas que dependem uma da 
outra, que não podem ser consideradas de forma isolada. Para que qualquer estudo fonológico se 
realize, é preciso partir do conteúdo fonético. Só assim se faz possível que sejam identificadas as 
unidades distintivas da língua.
Esta é uma sugestão de leitura, para que você possa complementar o conteúdo 
apresentado no tópico “Fonologia” da Unidade I. Para aprofundar suas reflexões 
sobre as questões teóricas relacionadas à Fonologia Portuguesa, recomendamos 
a obra Estudos de Fonologia Portuguesa, de Regina Célia Pagliuchi da Silveira. A 
autora, de forma muito introdutória, apresenta, especificamente no Capítulo I, um 
breve histórico, retomando os precursores da ciência dos fonemas e as dificulda-
des que foram encontradas para se construir uma “gramática dos sons”.
SILVEIRA. R. C. P. Estudos de Fonologia Portuguesa. São Paulo: Cortez, 1986, p. 
11-65.
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1.3. Uma Discussão Terminológica 
Aluno(a), é importante que você saiba que diferentes escolas linguísticas trataram o 
tema “fonologia”. Por isso, modelos teóricos e metodológicos foram se construindo durante as 
pesquisas, resultando em outras terminologias, como fonemática ou fonêmica. Caso você encontre 
essas terminações em outras leituras, queremos deixar explicitado que fonologia, fonemática ou 
fonêmica constituem a mesma ciência, referentes à linguagem humana: tendo como objetivo o 
estudo dos fonemas.
A variabilidade terminológica dessa ciência vai depender das características de cada 
escola linguística que está inserida. Inicialmente, os estudos referentes aos sons consideravam 
“fonética e fonologia” como sinônimos, depois a diferenciação entre os dois vocábulos começou 
a ser ponderada e, dessa forma, a fonologia passou a ser considerada uma ciência da fonética. 
Desde o século XIX, com o desenvolvimento das pesquisas de Saussure, em Curso de 
Linguística Geral (1916), ficou compreendido que: os estudos sincrônicos e descritivos dos sons 
seriam nomeados de fonologia, enquanto o estudo diacrônico e histórico ficaria para a fonética. 
O Círculo Linguístico de Praga, em 1928, formalizou tal conceito, diferenciando as duas 
ciências que tratam do signo, utilizando a dicotomia saussuriana: langue e parole. Desde então, 
ficou estabelecido que a fonética iria estudar o som que é significante do signo da parole (uso 
individual da langue); a fonologia se preocupa com fonemas, significantes do signo da langue 
(sistema social, convencional de signos). Tanto os sons quanto os fonemas podem ser estudados 
sincrônica e diacronicamente (SILVEIRA, 1986, p. 19).
Mesmo com essa formalização, teóricos russos, americanos e ingleses continuaram em 
debate, pois a palavra “fonologia” já era usada anteriormente com outra significação. Para resolver 
esse impasse, a palavra “fonêmica” foi proposta por Troubetzkoy (1947), aceitando, por parte dos 
anglo-saxões, esta divergência terminológica.
Também precisamos citar os estudos dinamarqueses que diferenciaram a forma da 
substância. Jakobson (1967) e Hjelmslev (1943), por tratarem das relações, das formas, usam do 
termo “fonemática”, focalizando a descrição linguística e não mais o som.
Assim como foi citado no início das nossas reflexões, hoje, nos estudos contemporâneos, 
fonética e fonologia procuram se complementar em uma unidade voltada à pesquisa. E, a 
fim de que possamos cumprir o objetivo de descrever as unidades linguísticas distintivas do 
nosso português, tomaremos como base, também, para as próximas unidades, os empenhos da 
linguística estrutural, especialmente a europeia.
2 - OS ALFABETOS FONÉTICOS 
Aluno(a), provavelmente você observou que no decorrer das exemplificações lançou-se 
mão de uma simbologia “nova”. Esse novo tipo de escrita se denomina transcrição fonética. Ou 
seja, “uma tentativa de se registrar de modo inequívoco o quese passa na fala” (CALLOU; LEITE, 
1993, p. 33). 
Nesta seção, vamos apresentar alfabetos usados para representar os sons da fala.
O Alfabeto Fonético Internacional, conhecido como AFI no Brasil, e o Speech Assessment 
Methods Phonetic Alphabet, o Alfabeto SAMPA, são convenções feitas a fim de que se possam 
escrever todos os sons, independente das línguas, mesmo que cada língua utilize as suas 
convenções para escritas no cotidiano. Dessa forma, uma transcrição fonética, feita partindo do 
alfabeto fonético, é passível de ser lida em qualquer língua, desde que a pessoa seja treinada.
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 2.1. O Alfabeto Fonético Internacional (AFI)
O AFI foi criado pela Associação Fonética Internacional, para que as transcrições dos 
áudios, de idiomas diferentes, pudessem ser padronizadas. Ele é um sistema voltado para a 
notação fonética, que possui 107 letras, 52 sinais diacríticos e 4 marcas de prosódia. Os seus 
símbolos são divididos em três diferentes categorias: letras (que indicam os sons básico), 
diacríticos (que especificam sons que a letras não conseguem produzir) e o suprasegmentos (que 
indicam características da prosódia).
Observe que nas colunas em que aparecem sons em pares, os da esquerda são os sons 
surdos – que são produzidos sem alguma vibração, como o ‘s’, som que praticamos no começo 
desta unidade. Enquanto que os sons do lado direito são os sonoros – produzidos com vibração 
de pregas vocais, como o ‘z’. O primeiro caso apresentado na tabela, em que aparece o par [p b]: 
[p] representa o som surdo e o [b], o sonoro. Se houver apenas um som representado, ele será 
sempre sonoro.
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Tabela 1 – Alfabeto Fonético Internacional (AFI). Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2015).
2.2. O SAMPA 
Outro alfabeto muito usado para a função de transcrever os dados é o SAMPA (Speech 
Assessment Methods Phonetic Alphabet – Alfabeto Fonético dos Métodos de Avaliação da Fala), 
que é a escrita fonética legível para os computadores. Esse alfabeto foi criado em 1980 e tenta 
adotar ao máximo os caracteres do IPA, mas, quando isso não é concebível, eles disponibilizam 
outros sinais. Tomamos o exemplo proposto por Seara, Nunes e Volcão (2015) sobre alguns 
símbolos. Como o [@], ele corresponde ao ‘e’, uma vogal neutra, ou o símbolo [6] que condiz 
com um som vocálico do nosso português em posição não acentuada no final de uma palavra, 
essa foi a alternativa encontrada pelos estudiosos da época para solucionar a impossibilidade das 
codificações de texto. 
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No SAMPA os símbolos são adaptados de forma diferente, a depender de que 
língua está se transcrevendo. A tabela que segue é especificamente usada para 
referenciar cada som do português.
Tabela 2 – Símbolos fonéticos usados pelo SAMPA (português brasileiro). Fonte: Seara, Nunes, 
Volcão (2015).
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3 - CAMPOS DE INTERFACE
Caro(a) aluno(a), se durante a leitura desta unidade você conseguiu criar alguns 
questionamentos, como: o estudo dos sons – representados por meio de transcrições e símbolos 
–, como eles se apresentam efetivamente na nossa sociedade? Saiba que existe um número 
crescente de laboratórios voltados para a fonética. Os campos de atuação no domínio da fonética 
e fonologia são inúmeros e, para finalizar as reflexões desta unidade, iremos apontar campos que 
requerem profissionais com tais formações e, posteriormente, uma indicação de filme para que 
você possa observar essa prática.
Para tanto, nos apoiaremos em uma reflexão já desenvolvida por Thaïs Cristófaro Silva 
(2013), em Fonética e Fonologia do Português. E faremos uma adaptação de seus textos em conjunto 
com Para conhecer Fonética e Fonologia do Português Brasileiro, de Seara, Nunes e Volcão (2015), 
que traz atualizações da conjuntura atual, em que comandos de voz estão sendo inseridos em 
todos os modelos tecnológicos, de carros, smartphones, aparelhos de segurança, entre outros. As 
atuações estão elencadas em ordem alfabética.
3.1. Ciência da Telecomunicação
A transmissão da fala – em noções físicas – impõe desafios para a ciência. O som deve ser 
transmitido nitidamente para não se perder o conteúdo da informação. A transmissão dos meios 
de comunicação – como rádio e televisão – depende de pesquisa nesta área. Obter-se um meio 
eficaz, rápido e econômico de transmitir a fala são ambições desta área de pesquisa. 
Formação: Graduação em Computação, Física e Linguística e pós-graduação em áreas 
afins.
3.2. Dramaturgia
A expressão oral tem um papel fundamental na dramaturgia. Pense, por exemplo, que 
um ator/atriz às vezes desempenha um papel cujo personagem tem um sotaque diferente do 
seu. O linguista pode também ensinar aos atores o melhor meio de utilizar os equipamentos que 
permitam o uso pleno das partes do corpo envolvidas na linguagem. 
Formação: Graduação em Letras, Teatro e Escolas de Dramaturgia.
3.3. Ensino de Línguas Estrangeiras
O profissional que trabalha com língua estrangeira deveria conhecer bem qual língua 
está ensinando e, também, ser capaz de compará-la ao português. A comparação permite avaliar 
problemas de interferência linguística de uma língua na relação com outra e formular propostas 
para bloquear tal interferência. Assim, o professor que faz relações, para o aluno, entre a “nova” 
língua e a língua materna que ele possui, acelera o procedimento da aquisição.
Formação: Graduação em Letras (Língua Portuguesa) e outra língua.
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3.4. Ensino de Língua Materna 
Ao conhecer em detalhes a estrutura sonora da própria língua, a língua portuguesa, 
o profissional pode avaliar problemas enfrentados por estudantes e formular propostas para 
solucioná-los. Tal conhecimento é, sobretudo, valioso aos alfabetizadores e professores de 
português, seja para a alfabetização de adultos ou crianças. Além do mais, é importante que o 
profissional da educação saiba lidar com as variações e os preconceitos linguísticos que podem 
surgir em suas aulas.
Formação: Curso Normal (segundo grau) e Graduação em Letras.
3.5. Fonoaudiologia
O profissional que trabalha com aspectos patológicos relacionados à fala é o fonoaudiólogo. 
Ele deve conhecer bem os aspectos articulatórios e os aspectos acústicos que estão envolvidos 
durante a elaboração da fala. Ele também deve ser capaz de avaliar a organização fonológica do 
sistema da língua em questão. Aspectos como a gagueira ou “troca de sons” na fala são tratados 
por fonoaudiólogos ou terapeutas da fala. Por isso, é importante compreender os maquinismos 
articulatórios, acústicos, neurais e cognitivos relativos à produção/recepção dos sons que são da 
fala.
Formação: Graduação em Fonoaudiologia e pós-graduação em áreas afins (como 
Linguística, por exemplo).
3.6. Linguagem de Surdo-mudo
Os sistemas de comunicação de pessoas que não escutam ou que não falam têm uma 
complexidade gramatical específica que, por pressuposto, estão sujeitos a mudanças linguísticas 
semelhantes às que ocorrem nas línguas naturais. Há vários sistemas de sinais utilizados por 
mudos. Alguns surdos podem utilizar a linguagem oral se adequadamente orientados por 
profissionais.
Formação: Graduação em Letras e áreas afins.Também o desenvolvimento de pesquisas 
em cursos de mestrado, doutorado, pós-graduação em áreas afins (como a Linguística, por 
exemplo).
3.7. Linguística Computacional
Um dos grandes desafios da ciência computacional é encontrar correlatos acústicos da 
fala que sejam conversíveis em sinais digitais. Muito tem sido desenvolvido nesta área. Um bom 
exemplo dessa relação linguística-computação é: obter e passar informações por telefone entre 
um ser humano e um computador (via telefonia, por exemplo). Ao definirem-se os aspectos 
acústicos e articulatórios da língua, também, seu sistema fonológico, podem-se aperfeiçoar 
mecanismos já existentes. Desafios são impostos, sobretudo, na área da sintaxe e semântica.
Formação: Graduação em Computação, Física e Linguística e pós-graduação em áreas 
afins.
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3.8. Linguística Forense
A fala, individualmente, apresenta características específicas e únicas. Estudos têm sido 
realizados para caracterizar as particularidades da fala individual e definir os parâmetros do que 
pode corresponder à “impressão digital” da fala. Espera-se que o progresso nesta área de pesquisa 
permita a utilização de evidências em tribunais. Pois com o avanço das ferramentas capazes de 
analisar a fala, tornou-se possível a identificação de um locutor, ou seja, “quem está falando”. A 
voz do locutor passa por uma fase de comparação com outras vozes.
Formação: Graduação em Linguística com complementação das áreas de Física e Direito 
e pós-graduação em áreas afins.
3.9. Linguística Indígena
Temos hoje aproximadamente 120 línguas indígenas faladas em todo o território brasileiro. 
Destas, apenas umas poucas foram amplamente estudadas. Do ponto de vista teórico o estudo 
destas línguas permite a ampliação do conhecimento dos mecanismos que regulam as línguas que 
são naturais. Do ponto de vista prático registram-se tecnicamente as línguas nativas, elas podem 
ser eventualmente utilizadas em projetos educacionais, se for do interesse da comunidade.
Formação: Graduação em Linguística, Letras, Antropologia e pós-graduação em áreas 
afins.
3.10. Linguística
O teórico da linguagem busca explicar os mecanismos subjacentes aos sistemas 
linguísticos. Bem como a compreensão dos sistemas de sons, que são produzidos pelas línguas e 
a relação destes sistemas com os demais componentes da gramática (como morfologia, sintaxe, 
semântica). Teóricos da linguagem podem investigar um determinado aspecto da linguagem do 
ponto de vista sincrônico ou podem empreender uma pesquisa de um aspecto diacrônico da 
língua escolhida.
Formação: Graduação em Letras e Linguística e pós-graduação em áreas afins.
3.11. Planejamento Linguístico-social
A variedade linguística em um país com a dimensão territorial do Brasil impõe desafios. 
Em áreas com grande migração nacional depara-se com as diferenças linguísticas entre o 
educador e os educandos. Muitas vezes, alunos com excelente potencial são excluídos do sistema 
educacional devido ao fato da particularidade da sua fala desviar da norma prescrita. A exclusão 
ocorre às vezes na mesma região geográfica, sendo que educador e educando compartilham de 
variedades linguísticas diferentes e problemas, até mesmo, de inteligibilidade podem surgir. Cabe 
ao planejador educacional avaliar situações de conflito e propor alternativas para os problemas 
existentes.
Formação: Graduação em Letras, Pedagogia, Sociologia e Assistência Social. Pós-
graduação em áreas afins com pesquisa específica em planejamento.
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3.12. Tecnologia da Fala
Neste campo há, pelo menos, três frentes (SEARA, NUNES; VOLCÃO, 2015): na frente 
da Síntese de Fala o computador torna um texto que está escrito em oral, buscando a mesma 
forma natural que temos ao falar; no Reconhecimento de Fala a máquina cumpre tarefas que lhe 
foram solicitadas, partindo de um comando de voz; e na Interação via Fala há uma junção desses 
dois casos: são esses sistemas que aparecem em aplicativos de telefone, para compras online, nos 
acessos a contas bancárias, dentre outras possibilidades que geram perguntas e respostas entre a 
máquina e o usuário.
3.13. Tradução e Interpretação
A tradução e interpretação tornam-se áreas de trabalho muito relevantes no mundo 
globalizante em que vivemos. Tradutores precisam conhecer o sistema de som das línguas no 
qual trabalham para explicar aspectos que muitas vezes são opacos em textos escritos (a tradução 
de poesias e canções é um caso explícito). Para o intérprete, esse conhecimento é essencial para 
que o mínimo de incompreensão incorra durante o seu labor. 
Formação: Graduação em Letras, Tradução e pós-graduação em áreas afins.
3.14. Zoobiologia 
Definir os parâmetros envolvidos na comunicação animal e caracterizar de que forma 
são organizados os sistemas linguísticos animais são tópicos de pesquisa na área de zoobiologia. 
Linguagens de chimpanzés, golfinhos, baleias e abelhas são relativamente bem estudadas. Faz-
se relevante caracterizar as relações de comunicação entre diversos membros de uma mesma 
espécie em diferentes regiões do planeta.
Formação: Graduação em Linguística, Biologia, Zootecnia e pós-graduação em áreas 
afins.
Para esta unidade, apresentamos como sugestão o filme A Chegada, dirigido por 
Dennis Villeneuve, lançado no ano de 2016. Embora, inicialmente, a obra aparente 
ter um enredo para lá de “ficção científica hollywoodiana”, contando a história de 
extraterrestres que chegam à terra, deixando à capacidade norte-americana a sal-
vação da raça humana, acredite: assistir esse filme é importante para completar 
os seus conhecimentos referentes à disciplina apresentada na Unidade I.
 é um dos melhores filmes lançados recentemente quando nos referi-
mos à visibilidade para a profissão do Linguista e a importância da sua atuação na 
sociedade. Amy Adams vive o papel de Louise Banks, uma doutora em linguística 
que colabora com as forças armadas americanas. Na ocasião em que 12 “naves” 
pousam na terra, a especialista é chamada para traduzir a linguagem – feita por 
sinais – dos “heptápodes” e desvendar se eles representam uma ameaça à terra 
ou não.
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Com o desenvolver da narrativa, observamos que, mais que estabelecer uma co-
municação entre raças distintas, que possuem linguagens distintas, a grande pre-
ocupação de Louise é não parecer hostil, evitando o desencadeamento de um 
conflito real. Isso só é possível, pois a Linguista entende de semasiografia, um 
formato de linguagem que não apresenta correspondência fonética, como a ma-
temática. Ela dispõe de muito afeto com o “novo”, sem temer, julgar ou ameaçar. 
Assim, tanto Louise quanto os heptápodes vão percorrendo juntos um caminho de 
aprendizado e conhecimento. 
Figura 1 – A Chegada. Fonte: Adoro Cinema (2018).
O trailer do filme pode ser acessado no link que segue: <https://www.youtube.
com/watch?v=isWwUJf4KEA >. Acesso em: 16 out. 2018.
Linguistas de diversas áreas escreveram sobre este filme. Sendo assim, existem 
muitas análises sobre como se dá a profissão da personagem principal, como 
ela usa as ferramentas disponíveis para fazer pesquisa, que obras ela está lendo, 
além de análises aprofundadas sobre a fonética da linguagem fictícia criada pelo 
diretor, para a raça dos heptapódes. 
Como não queremos dar spoiller, acreditamos que depois de ter assistido a esse 
filme, você, aluno(a), deve ter compreendido a importância do profissional da Lin-
guística, como se desenvolvem as habilidades fonéticas e como elas possuem 
uma relação muito próxima com o sucesso ou com o fracasso no percurso de en-
sino-aprendizagem e, então, já pode aprofundar-seem questões mais complexas.
Por isso, também fica como recomendação que, depois de assistir o filme, você 
acesse as análises de Ben Macaulay (2016). Disponível em: <https://gizmodo.uol.
com.br/analise-linguistica-filme-a-chegada/>. Acesso em: 16 out. 2018.
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4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como pudemos observar neste material, a Fonética e a Fonologia são disciplinas 
interdependentes. Elas estão em uma relação muito próxima, pois tratam o mesmo objeto de 
pesquisa: a sonoridade da fala. Simultaneamente, esses campos também apresentam as suas 
diferenças, pois se valem de “entradas” diferentes neste objeto que é o som. 
A Fonética se dedica ao estudo da elaboração da fala, do ponto de vista fisiológico e 
articulatório, descrevendo as funções do aparelho fonador, os mecanismos fisiológicos para 
a elaboração da fala, as propriedades articulatórias envolvidas na produção dos segmentos 
consonantais e vocálicos, e, ainda, descreve, classifica e transcreve a sonoridade da fala. 
Ao mesmo tempo, a Fonologia cuida do arranjo dos sons articulados em uma cadeia, 
chamada de fala, orientando-a por certos princípios. Segmentos consonantais e vocálicos são 
agrupados em estruturas silábicas, que por sua vez, determinam a organização das sequências 
sonoras possíveis em uma determinada língua, quer dizer, formando palavras possíveis para 
determinada língua. 
Sendo assim, segundo a ciência da Fonologia, as línguas variam conforme os seus 
inventários fonéticos e quanto às sequências sonoras possíveis para uma língua – podem não 
ser usadas em outra língua. Ainda tratamos brevemente uma discussão terminológica sobre a 
“fonologia”, para que você consiga se orientar em outros materiais de leitura, caso se depare com 
os termos “fonêmica” e/ou “fonemática”. Apresentamos os alfabetos IPA e SAMPA e, também, 
as interfaces das disciplinas de Fonética e Fonologia, bem como os seus desdobramentos na 
sociedade atual.
Aluno(a), essa introdução se fez necessária para que nas próximas unidades possamos 
tratar com mais profundidade os princípios básicos dessas ciências e, enfim você possa ter uma 
compreensão ampla da organização da cadeia sonora do nosso português, o brasileiro, até breve!
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SUMÁRIO DA UNIDADE
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................... 22
1 - APARELHO FONADOR ........................................................................................................................................ 23
2 - VOGAIS E CONSOANTES ................................................................................................................................... 25
2.1. AS CONSOANTES .............................................................................................................................................. 26
2.1.1. PONTO DE ARTICULAÇÃO ............................................................................................................................. 26
2.1.2. MODO DE ARTICULAÇÃO .............................................................................................................................. 28
2.1.3. VOZEAMENTO ................................................................................................................................................ 28
2.1.4. PROPRIEDADES ARTICULATÓRIAS SECUNDÁRIAS .................................................................................. 29
2.1.5. TABELAS FONÉTICAS CONSONANTAIS ...................................................................................................... 30
2.2 AS VOGAIS .......................................................................................................................................................... 31
2.2.1. VOGAIS ORAIS ................................................................................................................................................ 31
FONÉTICA
PROF.A MA. MONIQUE BISCONSIM GANASIN
ENSINO A DISTÂNCIA
DISCIPLINA:
FONÉTICA E FONOLOGIA DA 
LÍNGUA PORTUGUESA
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2.2.2. VOGAIS NASAIS ............................................................................................................................................ 34
2.2.3. PROPRIEDADES ARTICULATÓRIAS SECUNDÁRIAS ................................................................................. 35
3 - ENCONTROS VOCÁLICOS ................................................................................................................................. 36
3.1. DITONGOS ......................................................................................................................................................... 36
3.2. TRITONGOS ....................................................................................................................................................... 37
3.3. HIATOS .............................................................................................................................................................. 37
4 - O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO .................................................................................. 38
5 - CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................................................. 39
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INTRODUÇÃO
Caro(a) aluno(a), na Unidade I apresentou-se uma introdução sobre os campos de 
pesquisa que têm os sons da fala como objeto: a Fonética e a Fonologia. A partir dessa introdução, 
você pôde entender mais acerca de algumas ramificações específicas da Fonética, como a 
articulatória, auditiva, acústica e instrumental. Para o curso de Letras, é sabido que há um recorte 
de investigação próprio que diz respeito aos aspectos fonéticos do português, partindo do ponto 
de vista articulatório. Sendo assim, nesta unidade você terá acesso aos aspectos relacionados aos 
sons da fala, especialmente no que diz respeito à produção dos que utilizamos em nossa fala, 
partindo do aspecto fisiológico e articulatório.
Para tanto, temos como um dos objetivos tratarmos algumas questões relativas, 
particularmente, a essa área, como: você sabe quais os mecanismos que usamos para falar? Você 
saberia dizer o que diferencia a vogal da consoante? Você sabe quantas vogais existem no nosso 
português? 
Nesta unidade, buscaremos que você entenda o funcionamento do aparelho fonador 
dos humanos, quando produzem segmentos vocálicos e, também, os consonantais. Você verá 
que compreendendo como e onde o som produz-se, memorizar as nomenclaturas não será 
uma tarefa difícil. Sendo assim, partiremos de como cada som é gerado pelo aparelho fonador, 
passando pelo como se da à modelagem dos diferentes tubos acústicos, conforme os movimentos 
dos articuladores, chegando ao resultado: como se dá a produção dos sons de fala do português. 
Ainda sobre vogais e consoantes, é nosso objetivo apresentar as propriedades das nossas 
consoantes, as propriedades articulatórias das vogais orais e nasais da nossa língua, e, também, 
como são tratados os encontros vocálicos (ditongos, tritongos e hiatos).
Para que esta unidade seja aproveitada ao seu máximo, se faz necessário que você faça 
um esforço, pronunciando sempre as palavras tomadas nos exemplos. Faça esse exercício e os 
conteúdos aqui disponíveis ficarão ainda mais amostrados.
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1 - APARELHO FONADOR
Falar parece ser uma ação muito natural, afinal, são poucas as vezes que nos atentamos 
ao “passo a passo” desse processo. Mas, saiba que é exatamente essacapacidade complexa que 
nos diferencia dos outros animais, que singulariza o ser humano na sua correspondência com a 
natureza. 
Como já explicitado, o recorte que propomos para explicar a elaboração da fala, nesta 
unidade, busca considerar a Fonética Articulatória. Sendo assim, nossas reflexões partem do 
estudo sobre o aparelho fonador, o responsável pela nossa respiração. Isso quer dizer que: para 
que exista fala é preciso, antes de tudo, que haja respiração.
Segundo Seara, Nunes e Vulcão (2015, p. 38), quando falamos usamos do ato de respirar 
de forma diferenciada, formulando um processo complexo:
Para produzir a fala, é necessário que haja vibração das moléculas de ar. 
As moléculas em vibração são expelidas pela compressão do volume dos 
pulmões, tonando o fluxo de ar audível pela vibração das pregas vocais que se 
encontram na laringe. Esse fluxo de ar vai sofrer modificações em função das 
alterações promovidas dentro do aparelho fonador a partir dos movimentos e 
posicionamento dos órgãos articuladores que estão acima da laringe.
No nosso português a fala é gerada partindo da corrente de ar egressiva (esse termo 
quer dizer que o ar vai de dentro para a área externa dos pulmões). Para tanto, antes de falar 
precisamos inspirar e encher os pulmões de ar, aumentando o seu volume. Depois, por meio da 
expiração, essa energia é enviada para que as pregas vocais transformem a corrente de ar em um 
som audível. Para que, por fim, o movimento dos órgãos articuladores modifique esse som em 
diferentes formatos, totalizando na elaboração da fala.
Figura 1 – Aparelho fonador humano. Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2015).
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Existem algumas experiências interessantes que simulam o trabalho das cordas 
vocais, o chamado “processo de fonação”, como encher um balão (ou bexiga) com 
ar, sem deixar o ar escapar, segurar a boca do balão com a extremidade dos dedos 
(como mostra a Figura 2) e deixa o ar sair aos poucos. Você verá que ao sair o ar 
provocará um ruído, assim como acontece na vibração das nossas cordas vocais.
Figura 2 – Balão simulando o movimento de vibração das pregas vocais. Fonte: Seara, Nunes, 
Volcão (2015).
Para que você compreenda melhor esse movimento, inicialmente, partiremos de uma 
breve explicação sobre o nosso aparelho fonador: conjunto de órgãos que, por sua vez, são 
responsáveis pelos mecanismos e articulações dos sons. Esse aparelho possibilita a elaboração de 
sons em qualquer língua, por isso, sofremos um pouco para aprender como pronunciar línguas 
diferentes, que nos exigem o uso dos órgãos de maneira “nova” para aprender “novas” pronúncias.
São três os sistemas que compõem nosso aparelho fonador: 1) O sistema respiratório, 
que compreende o diafragma, os dois pulmões, os músculos pulmonares, os tubos brônquios 
e a traqueia. Esse sistema está localizado na parte inferior à glote, que é denominada cavidade 
infraglotal, ou subglótica; 2) O sistema fonatório, composto apenas pela laringe que, por sua 
vez, é formada pelas cordas vocais. Essa região, que pode, ou não, ser obstruída pelas cordas, 
também pode ser chamada de glote; e, 3) O sistema articulatório, formado pela cavidade faríngea 
(faringe), cavidade oral, que abrange a boca – língua, o palato duro e mole (ou véu palatino), 
úvula, alvéolos, dentes e lábios – e a cavidade nasal, onde estão as narinas. Essas estruturas se 
encontram na parte superior à glote, nomeada, também de supraglótica.
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Figura 3 – Os sistemas respiratório, fonatório e articulatório. Fonte: Silva (2013).
Embora todos esses órgãos sejam necessários para que o ser humano consiga falar, é 
importante relembrar que nenhum deles tem essa função como primária. Além de respirar, como 
já foi dito, as ocupações inaugurais dos órgãos supracitados são – de forma geral – mastigar, 
engolir ou cheirar. “Não existe nenhuma parte do corpo humano cuja única função esteja apenas 
relacionada com a fala” (SILVA, 2013, p. 24). 
Mas é a combinação dos três sistemas descritos que caracteriza um aparelho fonador, 
uma ferramenta humana limitada, quando considerada a sua fisiologia. Tomemos como exemplo 
a não possibilidade de produzir um som levando a sua língua até a ponta do nariz, mas que é 
totalmente viável que você o faça levando a língua até a parte traseira dos dentes que ficam na 
parte superior, correto? (sugiro que faça uma tentativa)
“O ser humano é capaz de produzir uma gama variadíssima de sons vocais. Porém 
nem todos eles são utilizados para fins linguísticos” (CALLOU; LEITE, 1993, p. 15). Sendo 
assim, por meio da capacidade humana de movimentar esses órgãos pertencentes ao aparelho 
fonador, a soma de sons produzidos por línguas naturais seja limitada, segundo os cientistas são, 
aproximadamente, 120 símbolos.
2 - VOGAIS E CONSOANTES
Aluno(a), agora que você já compreende melhor como se compõe o aparelho fonador, 
chegamos ao momento de discutir detalhadamente os sons da nossa fala, a fala humana, de 
caracterizá-los partindo dos parâmetros articulatórios do aparelho que acabamos de conhecer.
Para tanto, vamos dividir os Fones entre vogais e consoantes. Essa separação tradicional 
acontece porque “todas as línguas naturais possuem consoantes e vogais” (SILVA, 2013, p. 26) 
e, também, graças às características classificatórias de ambas as classes, partindo de um aspecto 
acústico-físico. “Os diferentes modos por que o fluxo de ar é modificado permite o estabelecimento 
de duas grandes classes de sons: a classe das consoantes e a das vogais” (CALLOU; LEITE, 1993, 
p. 23).
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Você verá que a diferença básica entre vogais e consoantes é a forma como elas são 
articuladas. As consoantes, ao serem produzidas no trato oral, encontram obstruções, podendo 
ou não serem produzidas com vibrações nas cordas vocais. Sendo assim, são caracterizadas pelo 
modo e local onde se dá a articulação, seu vozeamento ou não vozeamento. Enquanto que, de 
forma contrária, as vogais não contam com impedimentos na passagem de ar, sendo assim, são 
sempre vozeadas. Para tanto, são analisadas a partir do estágio de abertura da cavidade oral, 
altura e movimento da língua e do arredondamento dos lábios (SEARA; NUNES; VOLCÃO, 
2015).
2.1. As Consoantes
Como citado no tópico precedente, entendemos por segmentos consonantais aqueles 
sons elaborados com alguma obstrução (total/parcial) enquanto o ar percorre o trato oral. A 
fim de ordenar as consoantes consideramos o seu ponto de articulação, modo de articulação e 
vozeamento (SEARA; NUNES; VOLCÃO, 2015). Sendo assim, caro(a) aluno (a), ao final deste 
tópico você poderá fazer a descrição articulatória de qualquer segmento consonantal.
 2.1.1. Ponto de articulação
Antes de entrarmos propriamente neste tópico, é necessário fazer um aprofundamento 
sobre os nossos articuladores, que são definidos como ativos ou passivos. Os ativos são os que 
se movimentam em direção do articulador passivo, modificando o trato vocal na elaboração da 
fala, são eles: a língua, lábio e dentes inferiores, véu do palato e as pregas vocais. Por outro lado, 
os passivos não se movem e estão localizados na mandíbula superior. São eles: lábio e dentes 
superiores e o céu da boca, que são divididos em alvéolos, palato duro e véu palatino (que também 
será tratado comopalato mole).
Figura 4 – Esquema detalhado dos órgãos articuladores ativos e passivos do aparelho fonador. Fonte: Seara, Nunes, 
Volcão (2015).
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É a dependência entre os articuladores (ativos e passivos) que determina onde os segmentos 
consonantais serão articulados. Neste estudo estamos considerando os articuladores passivos 
como referência. Desse modo, o ponto de articulação está conectado com os articuladores ativos 
e passivos implicados na elaboração das consoantes.
Partindo da articulação dos passivos, os segmentos consonantais são classificados: 
Bilabial, como em “mamãe”, “papai” e “boa”, o lábio inferior toca o superior; Labiodental, como 
em “farofa” e “fava”, o lábio inferior vai até os dentes incisivos da parte superior; Dental, como 
em “data”, “sapa”, “nada” e “lata”, o ápice da língua vai até os dentes incisivos da parte superior; 
Alveolar, como em “tato”, “asa”, “assa”, “nata”, “nora”, “torra”, a ponta da língua vai até os alvéolos; 
Alveopalatal (ou pós-alveolares), como em “chata”, “já”, “tchau” e “xarope”, a parte anterior da 
língua vai até a região média do palato duro; Retroflexa, como em “porta” e “corda”, a ponta da 
língua sofre uma retração em uma região próxima dos alvéolos, até o palato duro; Palatal, como 
em “galho” e “telha”, a parte média da língua vai até o palato duro; Velar, como em “gata” e “casa”, o 
dorso da língua vai até o véu do palato; Uvular, como em “rato” e “gordo”, o dorso da língua vai até 
a úvula; Glotal, como em “rato” e “gordo”, os músculos da glote são como articuladores (considere 
a pronúncia típica de Belo Horizonte).
Figura 5 – Distribuição dos pontos de articulação do português brasileiro. Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2015).
Além de identificarmos onde é articulado, o ponto que se encontra os articuladores de 
um segmento, devemos caracterizar a sua maneira ou modo de articulação (SEARA; NUNES; 
VOLCÃO, 2015). 
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2.1.2. Modo de articulação
Quando produzimos segmentos, pode ser que, na passagem pelas cavidades supraglóticas, 
aconteça ou não obstrução de ar. Segundo Seara, Nunes e Volcão (2015) partindo do modo 
de articulação, as consoantes são ordenadas em: Oclusiva/plosiva, quando os articuladores 
produzem a obstrução completa do caminho que percorre o ar através da boca, como em “pá”, 
“tá”, “cá”, “bar”, “dá” e “gol”, o véu do palato fica elevado e o fluxo de ar vai até a cavidade oral. 
Oclusivas são consoantes orais; Nasal, assim como as oclusivas, ocorrem quando os articuladores 
produzem a obstrução completa do ar através da boca.
A diferença é que como em “má”, “nua” e ‘banho’, o véu palatino fica repousado enquanto 
o ar, que vem dos pulmões, vai até as cavidades nasal e oral; na Fricativa há uma espécie de 
diminuição do canal bucal, formando um bloqueio parcial, o que faz gerar o ruído e a fricção. 
Como em “saca”, “fava”, “azar”, “jato” e “chato”. Os fricativos ocorrem muito nas variantes típicas 
do Rio de Janeiro, Belo Horizonte e Florianópolis; na Africada há um bloqueio completo do 
curso de ar, seguido de uma espécie de estreitamento no canal bucal, gerando ruído e fricção, 
posteriormente ao afrouxamento da oclusão. 
Como em “dia” e “tia” o véu do palato fica levantado, enquanto o curso de ar passa 
somente pela cavidade oral; Tepe, quando há a oclusão completa e rápida do curso de ar na região 
da cavidade oral, como em “cara” e “brava”, o véu do palato fica levantado, impossibilitando o 
curso do ar na cavidade nasal; Vibrante, quando a ponta da língua ou a úvula provoca algumas 
oclusões completas e breves, como em “roda” e “marra”, o caminho que percorre o ar na cavidade 
nasal também fica bloqueado; Aproximante ou Retroflexa acontece no momento da produção 
da consoante, com uma compressão que não provoca, de fato, uma obstrução, como em “erre”, a 
cavidade nasal fica obstruída com o véu do palato, impossibilitando que o ar vá para as narinas; 
Lateral, quando o curso de ar sofre obstrução na linha de centro do trato vocal, como em “lá” ou 
“palha”, o ar é expelido por ambos os lados dessa obstrução, por isso, o nome “laterais”.
2.1.3. Vozeamento
Nesta classificação, as consoantes podem, ainda, serem ordenadas por seu vozeamento. 
Ou seja, dependendo de como estão posicionadas as cordas vocais, na glote, no curso de ar 
dos pulmões até a faringe, pode (ou não) ser obstruída. O posicionamento da glote pode ser 
classificado como: Sonoras/vozeadas, quando as cordas vocais se aproximam para a reprodução 
de um som e, consequentemente, vibram durante esse processo, como em “pata” e “faca”; Surdas/
não vozeadas, quando os músculos que compõem a glote ficam completamente separados, sendo 
assim, o ar flui de forma livre e não provoca vibração das cordas vocais, como em “bolo” e “zona”.
Figura 6 – O estado da glote em segmentos vozeados (esquerda) e desvozeado (direita). Fonte: Silva (2013).
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Aluno(a), observe que todas as categorias apresentadas até agora se aproximam 
em suas definições, tanto no ponto de articulação, quanto no modo de articulação, 
existem tipos de consoantes que se ligam em alguns nuances. Acerca das conso-
antes vozeadas ou desvozeadas, podemos refletir o mesmo. Elas não precisam 
ser interpretadas de forma binária, mas podem apresentar uma gradação de sons.
Observe os exemplos colocados por Silva (2015, p. 27) sobre os sons de [b, d, g]. 
Segundo a autora, embora essas consoantes sejam vozeadas no nosso português 
e em inglês americano, ao fazermos uma descrição desses sons, em cada língua, 
devemos “caracterizar os diferentes graus de vozeamento: completamente voze-
ados em português e parcialmente vozeados em inglês”. Ou seja, talvez em um 
estudo mais específico, considerando relações de línguas diferentes, essas duas 
modalidades não sejam suficientes.
2.1.4. Propriedades articulatórias secundárias
Os seguimentos consonantais, ainda, podem ser caracterizados pela sua produção, partindo 
de propriedades articulatórias que são chamadas secundárias. A nomeação “secundárias” é uma 
maneira de marcar que alguns articuladores, que são envolvidos nesse processo, que, usualmente, 
não seriam requeridos na articulação de segmentos consonantais.
Tomemos como exemplo uma sequência como “su” (SILVA, 2013, p.34). Perceba que 
para articular a consoante ‘s’ você precisou fazer um arredondamento dos lábios. Considerando 
que os lábios não são envolvidos na elaboração de segmentos consonantais, essas propriedades 
aparecem quando o contexto ou o ambiente pedem segmentos adjacentes. Por isso, para que 
as propriedades articulatórias secundárias sejam marcadas, utilizamos um diacrítico junto a 
consoante em questão. 
As articulações secundárias dos segmentos consonantais relevantes para o nosso 
português, são: Labialização, momento em que os lábios ficam arredondados durante a elaboração 
do segmento consonantal, seguida das vogais arredondadas (orais ou nasais), como em “tutú”, 
“só”, “bolo”, “rum”, “som”.
Utilizamos o símbolo “w” acima à direita do segmento para destacar a labialização, [ʷ]; 
Palatalização, quando a língua levanta e vai atéa parte subsequente do palato duro (mais para 
frente da cavidade bucal do que usualmente acontece para produzimos consoantes), como em 
“aliado”, “kilo”, “guia”, “letra”, “leva” e “tento” – ocorre no momento em que a consoante é seguida 
de vogais interiores i, e, é (orais ou nasais). Utilizamos o símbolo “j” acima à direita do segmento 
para marcar palatalização, [ʲ]; Velarização, quando a parte subsequente da língua vai até o véu 
palatino, enquanto articula um som consonantal – como em “sal” e “salta”, ocorre quando a lateral 
está no final da sílaba. Utilizamos o símbolo [ł] para transcrever a lateral velarizada; Dentalização: 
às vezes, a produção de consoantes do nosso português são dentais ou alveolares, isso vai 
depender da variação dialetal (e não do contexto), como na pronúncia de “tapa”, considerando o 
dialeto paulista, apresenta a propriedade de dentalização, enquanto que no mineiro ocorre uma 
articulação alveolar. Utilizamos um símbolo como o que segue na letra ‘t’, t̪ a fim de destacar a 
dentalização.
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Atenção, aluno(a), ao fazermos os registros fonéticos de palavras do português omitiremos 
as especificidades das articulações secundárias: labialização, palatização e dentalização, ficando 
apenas com a velarização (que depende da estrutura das silabas: estando na posição final). Por 
isso, neste material, adotaremos a transcrição fonética ampla, ao invés da restrita – que considera 
os aspectos condicionados por contextos ou características específicas da língua/dialeto. 
2.1.5. Tabelas Fonéticas consonantais
Seguem duas tabelas, na primeira lista estão relatados os segmentos consonantais, que 
ocorrem no nosso português, enquanto que na segunda, inserida na indicação de vídeo, são 
ilustrados os segmentos apresentados na primeira tabela fonética. 
Figura 7 – Símbolos fonéticos consonantais relevantes para o português brasileiro. Fonte: Silva (2013).
Aluno(a), como sugestão de vídeo, apresentamos o Alfabeto Fonético – Conso-
antes. Assistir este material é importante para completar os seus conhecimentos, 
considerando que a tabela das consoantes – pertencente ao Alfabeto Fonético 
Internacional – está toda pronunciada no vídeo! Então, com essa tabela você terá 
certeza de como são produzidos os sons de cada consoante, que estudamos até 
aqui. 
Acesse: <https://www.youtube.com/watch?v=hhTyatrGoTY>.
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2.2 As Vogais
Aluno(a), você já sabe que, diferente dos segmentos consonantais, os segmentos 
vocálicos não são obstruídos ao passarem junto ao ar pelo trato vocal. Esses segmentos passeiam 
livremente, sem a fricção produzida pelos articuladores. E, também, são sempre sonoros (ou 
vozeados), considerando que a emissão dos sons das vogais, os vocálicos, realiza vibrações 
nas pregas vocais. Portanto, esses segmentos serão classificados segundo os seguintes aspectos 
articulatórios: oralidade ou nasalidade; movimento de altura da língua; movimento de avanço 
(anterioridade) e de recuo (posterioridade) da língua; protrusão ou estiramento dos lábios.
2.2.1. Vogais orais
Quando produzimos as vogais orais, o acesso para o canal nasal fica obstruído pelo véu do 
palato. Assim, o ar só consegue sair por meio do trato oral. Nesse caso, a língua consegue se mover 
de duas formas: verticalmente (altura: levantar ou abaixar) e horizontalmente (anterioridade: 
avançando, ou posterioridade: recuando). E, também, existe a possibilidade do estiramento dos 
lábios, nas vogais orais os lábios podem ficar arredondados (protraídos), como acontece para 
as vogais “arredondadas” – as outras são descritas “não arredondadas”, enquanto os lábios se 
mantêm distensos (estirados).
No que se refere à dimensão vertical da língua (altura), as vogais orais são classificadas 
em: Altas, quando a parte mais espessa da língua se suspende ao máximo, ficando elevada, sem 
produzir ruídos e fricção enquanto que o trato vocal fica mais fechado, como as vogais [i] e [u]; 
Médias-altas, quando a parte mais espessa da língua fica na posição intermediária – tendendo 
para o alto –, enquanto o trato vocal se mantém meio fechado, como nas vogais [o] e [e]; Médias-
baixas, quando a parte mais espessa da língua fica na posição intermediária – tendendo para 
baixo –, enquanto o trato vocal se mantém meio aberto, como nas vogais [ɛ] e [ɔ]; Baixas, quando 
a parte mais espessa da língua fica na região mais baixa do trato oral, que está aberto, como as 
vogais [a] e [ɐ].
Figura 8 – Posição da língua em relação à altura (eixo vertical) no trato oral. Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2015).
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Sobre a dimensão horizontal da língua (avanço ou recuo), durante a articulação do 
segmento vocálico, as vogais orais são ordenadas: Anteriores, quando o corpo da língua vai até a 
parte da frente do trato vocal, como na pronúncia de [i], [e] e [ɛ]; Posteriores, quando o corpo da 
língua vai até a parte de trás do trato vocal, no sentido do palato mole, sem bloquear o fluxo do 
ar, como acontece quando pronunciamos as vogais [ɔ], [o] e [u]; Centrais, quando a língua fica 
localizada na parte mais central do trato oral, como quando pronunciamos as vogais [a] e [ɐ].
Figura 9 – Posição da língua em relação ao avanço/recuo (eixo horizontal) no trato oral. Fonte: Seara, Nunes, Volcão 
(2015).
Em relação à posição assumida pelos lábios, as vogais são ordenadas em Arredondadas (ou 
Labializadas), na situação em que os lábios ficam projetados para frente, ficando arredondados, 
como quando pronunciamos as vogais [ɔ], [o] e [u]; Não arredondadas, na situação em que os 
lábios ficam distendidos ou estirados, como quando pronunciamos as vogais [i], [e], [ɛ], [a] e [ɐ].
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Figura 10 – Posição dos lábios em termo dos graus de altura que a língua assume. Fonte: Seara, Nunes, Volcão 
(2015).
Dentro do quadro elaborado pela Associação Internacional de Fonética, sobre a 
transcrição de segmentos vocálicos, apenas sete deles ocorrem em posição tônica no português, 
observe:
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Figura 11 – Classificação das vogais quanto ao arredondamento dos lábios, anterioridade/posterioridade e altura - 
posições tônicas no português. Fonte: Silva (2013).
Para que uma vogal seja descrita de forma precisa, contamos com os diacríticos, que já 
foram apresentados anteriormente, no tópico voltado para as consoantes e suas especificações. 
São eles: 
Figura 12 – Diacríticos para detalhamento fonético das vogais. Fonte: Silva (2013).
2.2.2. Vogais nasais
Aluno(a), até agora tratamos do comportamento fonético de um tipo de vogal, aquelas 
em que os sons são produzidos enquanto o véu do palato está levantado, ou seja, as vogais orais. 
Porém, também existe o abaixamento do véu do palato na produção de segmentos vocálicos, 
como mostra a Figura 13. 
Nesses casos, o curso do ar, além de atingir a cavidade oral, passa pelas narinas. Nesse 
movimento, o ar ao também passar pelas cavidades ressoadoras nasais, algumas vogais sofrem 
modificaçõesmais acentuadas do que outras. Para distinguir as vogais nasalizadas, iremos usar 
um til, isto é [~], colocado acima do segmento vocal, a fim de marcar a nasalização.
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Figura 13 – Posição do véu do palato na produção de vogais orais e nasais. Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2015).
Silva (2013) ressalta que a nasalidade resultante da produção vocálica é causada pela 
descida do véu palatino na relação com a altura da língua. As vogais altas orais [i] e [u], quando 
são elaboradas com a descida do véu, se tornam [ĩ] e [ũ]. Nas vogais baixas, há um esforço maior 
para a descida do véu, tente pronunciar as silabas da palavra “anta”, separadamente. Você verá que 
terá produzido o [a] e o [ɐ̃]. E assim, também decorre no caso das vogais médias altas, quando 
são pronunciadas com uma gradativa descida da língua, [ẽ] e [õ].
2.2.3. Propriedades articulatórias secundárias
Além das especificidades já apresentadas, propriedades como altura e avanço ou recuo 
da língua, arredondamento dos lábios, podemos, ainda, caracterizar os segmentos vocálicos 
partindo de propriedades articulatórias secundárias. Essas medidas são: a Duração, que só pode 
ser feita na comparação entre dois segmentos, ou seja, “a duração é uma medida relativa entre 
segmentos” (SILVA, 2013, p. 71). Esses diacríticos são usados para destacar a duração do segmento 
vocálico na relação com outro, como em: [a:] – duração longa, [a.] – duração média, [a] duração 
breve; o Desvozeamento, mesmo que todas as vogais sejam vozeadas, por vezes, os segmentos são 
elaborados sem vibração, dessa forma, ocorre o desvozeamento. Pronuncie a palavra ‘sapo’, note 
que há um desvozeamento, pois a vogal, no final da palavra, não é acentuada. Faremos o uso de 
um pequeno circulo para caracterizar: [ɐ̥]; Nasalização, como foi explicitado há pouco, o recuo 
do véu palatino deixa o curso do ar sair pelas cavidades nasais e orais. Porém, também existem 
vogais nasalizadas pelo contexto, isso é, pela articulação de fones “vizinhos”, como em “cama”, 
“ninho” e “tenho”; e Tensão, que diz o nome, para que os segmentos sejam realizados precisam 
de esforço muscular, se opondo à elementos frouxos, como podemos observar nas vogais átonas 
finais das palavras “pato” e “safári”, consideradas frouxas, na comparação com as tônicas finais de 
“saci” e “jacu”.
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3 - ENCONTROS VOCÁLICOS
Quando duas ou três vogais se encontram, respectivamente, acontece um ditongo e um 
tritongo. Aluno(a), para esta unidade, entenda que esses fenômenos serão sempre formados pelas 
vogais altas anterior [i] e posterior [u]. Quando as vogais se encontram nas regiões periféricas das 
sílabas são nomeadas semivogais, porque na comparação com as vogais que elas acompanham, 
apresentam menor prominência acentual. Como em “pai”, que “a” é a vogal e “i” é a semivogal.
Também é preciso chamar a sua atenção para algumas nomenclaturas. Possivelmente você 
encontrará, nas literaturas existentes, outras nomenclaturas para “semivogal”, como “semivocóide”, 
“semicontóide” ou, ainda, “glide”. Para este material adotaremos o termo “semivogal”.
3.1. Ditongos
Até o momento, nossos estudos estavam tratando as vogais monotongas, ou seja, aquelas 
que não exibem mudança de qualidade. Segundo Silva (2013, p.73), “Um ditongo é uma vogal 
que apresenta mudanças de qualidade continuamente dentro de um percurso na área vocálica”. 
Sendo assim, não podemos confundir o ditongo com “duas vogais postas em sequência”, essa 
definição cairia bem para outro caso, o de “hiato”. Pois, do ponto de vista fonético, no ditongo há 
um movimento articulatório que provoca mudança na qualidade vocálica, principalmente em 
relação ao tempo que a semivogal ocupa na estrutura silábica.
Note que na palavra “cai” há um ditongo crescente, pois há mais de um segmento vocálico 
na mesma sílaba, uma vogal e depois uma semivogal. Já na palavra “Márcia” há um ditongo 
decrescente, formado por semivogal e depois uma vogal. Sendo assim, sempre que houver um 
ditongo a semivogal é considerada uma vogal sem proeminência acentual.
Silva (2013, p. 75) explica melhor essa distinção entre ditongo e hiato:
Um ditongo está em oposição a uma sequência de vogais pelo fato de ambas as 
vogais no ditongo ocorrerem em uma única sílaba enquanto que na sequencia de 
vogais os dois seguimentos vocálicos ocorrem em silabas distintas. Na sequência 
de vogais de um ditongo a vogal sem proeminência acentual corresponde ao 
glide.
A tabela a seguir traz exemplos de ditongos crescentes e decrescentes, nasais e orais do 
nosso português.
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Figura 14 – Levantamento dos ditongos. Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2011).
3.2. Tritongos
Da mesma maneira que os ditongos, os tritongos ocorrem na mesma sílaba, porém, como 
sugere o nome, com três segmentos vocálicos. Somente um deles ocupa o pico silábico, como uma 
vogal, enquanto que os outros dois são semivogais. Como nas palavras “Uruguai”, “enxaguei” e 
“saguão”. 
Alguns teóricos consideram que os tritongos podem ser chamados de consoantes 
complexas. Em alguns casos, a consoante complexa vai depender da pronúncia do falante, como 
em “quatorze”, mas, em muitas outras a consoante complexa ocorre obrigatoriamente para todos 
os falantes, como em “linguagem” e “tranquilo”. 
3.3. Hiatos
Caso o encontro de duas vogais – que formam o núcleo silábico – ocorra em sílabas 
separadas, teremos um hiato. Como em “sai” e “baú”. Segundo Seara, Nunes, Volcão (2015, p. 
69), “o hiato pode ser intravocabular, quando ocorre dentro de uma palavra, ou intervocabular, 
quando é consequência do encontro entre uma vogal final de uma palavra e a vogal inicial de 
outra”. Alguns casos de hiato podem ser averiguados nos casos exemplificados por Seara, Nunes, 
Volcão (2015, p. 69):
a) Entre vogais iguais átonas: caatinga, coordenação; b) Entre vogais iguais, em 
que a segunda e tônica: alcoólico, xiita; c) Entre vogais iguais, sendo a primeira 
tônica: voo, veem; d) Entre vogais diferentes átonas: doação, estereotipado; e) 
Entre vogais diferentes, sendo a primeira tônica: Maria, pavio; f) Entre vogais 
diferentes, sendo a segunda tônica: hiato, freada.
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ENSINO A DISTÂNCIA
4 - O SISTEMA VOCÁLICO DO PORTUGUÊS BRASILEIRO
Aluno(a), vimos nesta unidade que ao classificar os sons vocálicos consideramos 
o abaixamento ou levantamento do véu do palato, a altura e o movimento da língua e o 
arredondamento dos lábios. Além dessas classes, as vogais que se realizam no nosso português 
ainda podem ser categorizadas pela sua tonicidade, sendo: tônicas, pretônicas ou postônicas. 
Para que você tenha um conhecimento geral desses fenômenos, segue uma tabela para 
uma leitura rápida, que, posteriormente, pode ser aprofundada com uma leitura atenta da tabela 
completa das vogais. 
Figura 15 – Fonemas vocálicos do português brasileiro. Fonte: Seara, Nunes, Volcão (2011).
Aluno(a), para que você possa continuar os seus estudos na Fonética, sugerimos 
a obra Fonética e Fonologia do Português: roteiro de estudos e guia de exercícios 
de Thaïs Cristófaro Silva. Nela você poderá ter acesso à exercícios extremamente 
didáticos para compreender, com mais efeito, tudo o que foi posto nesta unidade. 
SILVA,

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