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Bloqueadores Neuromusculares Farmacologia I Junção Neuromuscular ↪Motoneurônio + fenda sináptica + fibra muscular. ↪Pontos escurecidos – junção neuromuscular ↪A placa motora possui alta densidade do receptor nicotínico de ACh N2, inotrópico. ↪Através da propagação de um potencial de ação ao longo da fibra motora, conseguimos alcançar a porção terminal gerando uma despolarização da membrana. Quando a membrana despolariza, os canais de cálcio sensíveis à voltagem são acionados e abertos. O fluxo de cálcio é importante para o desencoramento das vesículas do citoesqueleto, indo para a região de alta afinidade na membrana interna do motoneurônio. Elas se fundem a esta membrana, pois existem proteínas na superfície da membrana externa das vesículas que possuem afinidade com a superfície da membrana interna terminal, ocasionando o processo de fusão para ocorrer a exocitose deste neurotransmissor. ↪Quando ele é liberado, ele tem dois destinos: ↪Ser hidrolisado pela acetilcolinesterase; ↪Se ligar ao receptor nicotínico. Nestes receptores existem duas subunidades alfa, onde estão localizados os sítios de ACh. Portanto, quando duas ACh se ligam, ocorre uma mudança conformacional. ↪A face interna do canal é constituída de aminoácidos que formam um filtro seletor. Este filtro seletivo para cátions monovalentes vai permitir com que o sódio e o potássio consigam se mobilizar por este canal seguindo o gradiente eletroquímico, com sódio entrando e potássio saindo. Este fluxo de carga leva a uma modificação na distribuição de cargas na membrana, gerando o potencial de placa motora na região quimio excitável. ↪Este potencial de placa motora é local, e essa sensibilização pela distribuição de calhas é percebida ao longo da fibra, e se propaga através da fibra pela região eletroexcitável. ↪Este potencial alcança os túbulos T, onde temos um receptor de rianodina, que é um conjunto de estruturas que se sobrepõem, como o receptor de dihidropiridina, que tem um sensor de atividade ligado diretamente ao canal de cálcio do retículo. ↪Quando o potencial de placa motora se propaga ao longo dos túbulos T, este receptor é ativado, e conduz esta ativação para os canais de cálcio do retículo, promovendo abertura, aumentando a concentração de cálcio intracelular na fibra. ↪O sensor de voltagem é um canal de cálcio (receptor DHP acoplado a um canal de cálcio do retículo sarcoplasmático (receptor de rianodina). ↪Este conjunto é o receptor de rianodina. ↪Quando o cálcio aumenta sua concentração, ele inicia a ativação das estruturas contráteis, sensibilizando a tropomiosina, para haver um acoplamento com os filamentos de miosina e ocorrer a contração, que depende de ATP. O relaxamento da fibra muscular também depende de ATP. ↪Com isso, teremos o encurtamento do sarcômero, que é o processo de contração propriamente dito. ↪Para que esta contração ocorra de forma adequada é necessária uma densidade de receptores disponíveis e do neurotransmissor. – ↪O alvo dessas substâncias é o receptor nicotínico de ACh. ↪A toxina pré-sináptica toxina botulínica também interfere nesse processo que vai desencadear a contração muscular. Bloqueadores Neuromusculares •Competitivos (Adespolarizantes) ↪Antagonistas dos receptores nicotínicos de ACh N2. ↪Curares - derivado da Strychnos Toxifera •Despolarizantes (não competitivos) ↪Não são antagonistas, são agonistas destes receptores ↪Succinilcolina - Composto sintético, contendo duas moléculas de acetilcolina, introduzida em 1950. -1850, Claude Bernard – Ação relaxante muscular do curare -1932, West – Tétano e outras doenças espasmódicas -1942, Griffith e Johnson - coadjuvante da anestesia geral – se mantém até hoje. -EUA na década de 40, isolamento do princípio ativo, d-tubocurarine (uso em AG) •Não-Despolarizantes ou Competitivos ↪Esteróides de amônio e benzilisoquinolinas •Despolarizantes ↪Não possuem ↪Succinilcolina - suxametônio: não apresenta sensibilidade para hidrólise a acetilcolinesterase, mas pode ser hidrolisada por outras colinesterases plasmáticas. ↪Derivado isoquinolina - são derivados do curare. Tubocurarina que não é mais utilizado. ↪Um dos problemas em relação ao uso destes bloqueadores está relacionado a liberação de histamina. ↪Isoquinolina - causam mais liberação de histamina - atracúrio e mivacúrio. ↪O rocurônio é hoje o mais usado. Não libera histamina, praticamente isento de efeitos cardiovasculares. Bloqueadores Neuromusculares Competitivos - Curares ↪Bloqueadores competitivos (não d-despolarizantes) ↪Quando são administrados e alcançam a região a junção neuromuscular, eles se ligam ao receptor, impedindo que a ACh se ligue. Uma vez que ele ocupe o receptor, não há o início do processo necessário para desencadear a contração - paralisia flácida, pois o músculo paralisa relaxado. ↪Se for desejado estiar o processo de contração, como são antagonistas competitivos, é preciso aumentar a disponibilidade de ACh no local. Para isso, temos os agonistas diretos, que ativam o receptor, e os agonistas indiretos, que inibem a acetilcolinesterase. Então, o uso de anticolinesterásicos vai favorecer a permanência da ACh, que vai ter maior oportunidade para competir com esses bloqueadores, recuperando o processo de contração e tônus muscular. ↪Portanto, para reverter mais rapidamente o bloqueio paralisante, temos que aumentar a ACh, utilizando anticolinesterásicos. ↪Isso ocorre pois são moléculas altamente hidrofílicas. Por isso, também, eles não têm ação central. ↪A succinilcolina é a junção de duas moléculas de Ach. ↪Esses aminoesteroides guardam uma estreita relação com as moléculas de esteroides, mas também possuem uma amina carregada como todos os outros bloqueadores. ↪Esse efeito representa a ocupação dos receptores pelo bloqueador neuromuscular para poder estabelecer a paralisia. ↪As linhas verticais no esquema acima representam a amplitude de força da contração muscular. Quando aplicamos d-tubocurarina, que é um antagonista, observamos que a contração não consegue se manter mais, e vai apresentando uma redução da sua intensidade de contração, até o ponto de paralisia do músculo. Após um tempo, há uma recuperação para voltar ao processo de contração. ↪Esse é o efeito Iceberg ↪Logo que a d-TC foi administrada, ela foi ocupando os receptores nicotínicos e alcançou uma ocupação acima de 75%. Nesta ocupação se inicia a redução da contração até que ela alcance uma paralisia. A partir do momento que ocupamos uma densidade de 80 a 90% destes receptores, isso garante que o músculo não responderá a estímulos para contrair, então vai permanecer paralisado. Abaixo deste percentual de ocupação, pode ocorrer falha na paralisia. ↪Quando começamos a desocupar estes receptores e a densidade, e contração muscular começa a ser retomada. ↪É necessário bloquear mais de 70 a 80% dos receptores para que ocorra falha total na transmissão neuromuscular. ↪Margem de segurança da JNM - tem que bloquear 90% dos receptores N2 para o efeito relaxante. ↪Efeito “iceberg” - determina a margem de segurança. ↪Drogas hidrossolúveis, não atravessam a BHE - não tem efeitos centrais. ↪Paralisia flácida não precedida de fasciculações. Sequência da paralisia: ↪Os músculos que são menores são mais sensíveis, por isso paralisam primeiro. Os músculos maiores são os últimos a paralisar. ↪Como os músculos maiores são menos sensíveis, eles também se recuperam primeiro. ↪Ocorre quando estes bloqueadores são retirados do local. ↪Para recuperar mais rapidamente, no caso dos curares, é possível utilizar osanticolinesterásicos, que vão aumentar a ACh na fenda e em outras regiões. Dessa forma, os receptores muscarínicos podem ser ativados. ↪Para prevenir a ativação destes receptores, utilizamos a atropina, para evitar os efeitos atropínicos dos anticolinesterásicos classificados como agonistas colinérgicos de ação indireta. ↪Para a succinilcolina, que é despolarizante, e o mivacúrio, que é competitivo isoquinolínico, não é necessário utilizar nenhuma substância para recuperar a contração, pois eles são hidrolisados pelas colinesterases plasmáticas. ↪O rocurônio e o vecurônio podem ter a sua paralisia revertida com o uso do sugamadex, que é administrado por via intravenosa, com injeção única (bolus). ↪Na porção interior da estrutura, várias moléculas de hidroxila estão presentes, o que favorece uma ocupação da molécula do rocurônio. Esta molécula é envolvida por essas estruturas, que se encaixam ao redor destes bloqueadores. ↪Sugammadex (Bridion©) - é uma versão modificada gama-ciclodextrina, é um agente de reversão do BNM produzido pelo brometo de rocurônio ou pelo brometo de vecurónio utilizados na anestesia geral. ↪A maior vantagem do Sugammadex é a reversão do BNM sem a inibição concomitante da AChE (acetilcolinesterase). Assim, não ocorre a instabilidade autonômica produzida por anti-AChE, como a Neostigmina, e agentes antimuscarínicos, como a atropina. Estes fármacos não necessitam de ser administrados, daí nota-se uma maior estabilidade hemodinâmica e autonômica comparativamente aos agentes tradicionais de reversão. ↪Se liga ao curare no plasma. ↪Reduz sua concentração livre ↪O complexo é muito hidrossolúvel, portanto, não é metabolizado, e é diretamente eliminado pelo rim. Mecanismo de ação do sugammadex ↪Ele envolve toda a estrutura da molécula do bloqueador, impedindo que ela seja reconhecida pelo receptor nicotínico, eliminando a manutenção e promoção da paralisia muscular. ↪Ele é conhecido comercialmente como Bridion. ↪Usado somente para amino-esteróides Ex: Rocurônio e Vecurônio. Bloqueadores Neuromusculares Despolarizantes - Succinilcolina ↪Eles serão administrados, alcançaram a região da junção neuromuscular, chegarão à região da placa motora e alcançarão o receptor nicotínico, da mesma forma que os curares. ↪Os agonistas precisam também se ligar ao receptor, mas o bloqueio paralisante acontece em duas fases: •Bloqueio de Fase 1: Despolarização. ↪Como agonistas, eles vão se ligar ao receptor e favorecer o processo de despolarização da placa motora, pois são agonistas. Eles ativam o receptor, que sofre uma mudança conformacional, tendo fluxo de íons. ↪Este primeiro momento é chamado de bloqueio de fase 1, que é quando temos o potencial de placa motora. •Bloqueio de Fase 2: Paralisia Flácida do Músculo ↪A succinilcolina não é hidrolisada pela acetilcolinesterase, portanto ela permanece por um longo período disponível para estes receptores. ↪Esta ocupação prolongada do receptor leva ao estado dessensibilizado. Neste estado, este processo de dessensibilização expressa que, ainda que o agonista esteja ligado ao receptor, ele não responde para ocorrer o efeito final. ↪Com isso há o bloqueio por estes despolarizantes. *Succinilcolina - agonista do receptor N2 da placa motora. Não é substrato da acetilcolinesterase. ↪Infusão venosa, uso de altas doses. ↪Paciente com colinesterase atípica. ↪Deficiência de colinesterase (desnutrição). ↪Crianças. ↪Paciente miastênico. ↪BNM despolarizante ↪Rápido início de ação (30-60 segundos), curta duração - são metabolizados por colinesterases plasmáticas (menos de 10 minutos), baixo custo. ↪Cada vez mais em desuso - devido ao curto período de duração. ↪Tratamento do laringoespasmo ↪Droga de escolha para IOT (intubação orotraqueal) em sequência rápida. ↪Os músculos menores são mais sensíveis, e paralisam primeiro, e os últimos a serem paralisados são os músculos longos. ↪A recuperação ocorre em sentido inverso. – ↪Relaxamento muscular de início rápido e duração curta. ↪Relaxamento muscular precedido de fasciculações ↪Liberação de K+ (50 mg aumenta a potassemia em 0,4 mEq/l) - pode alterar os níveis séricos de potássio ↪Mialgia - apresentação de dores musculares ↪Elevação da pressão intra-ocular ↪Liberação de histamina – reações anafilactóides ↪Hipertermia Maligna *Paralisia flácida - embora ele seja agonista, o músculo não paralisa na forma contraída (tetania). ↪Controle - quando o músculo está livre de qualquer substância, há uma determinada força de contração expressa pela amplitude das linhas verticais. ↪Quando se administra um BNM despolarizante, além de ter a ACh também teremos a succinilcolina, portanto há um aumento da ocupação dos receptores e da intensidade da contração, que precede uma redução da contração, pois estamos induzindo os receptores ao estado dessensibilizado, de fase I, até que ocorra a paralisia. ↪Quando utilizamos um anticolinesterásico, aumentamos a concentração da ACh que compete com estes antagonistas e recupera a contração muscular. Se o bloqueador for a succinilcolina não é possível recuperar a contração. ↪Portanto, os anticolinesterásicos só são usados para recuperar a contração muscular dos BNM não- despolarizantes. ↪A duração de ação tem a ver com parâmetros farmacocinéticos, como serão eliminados. Sequência e características da paralisia induzida pelos BNMs •Bloqueador competitivo: Relaxamento muscular → Paralisia flácida ↪Início do bloqueio e duração da ação depende do BNM •Bloqueador despolarizante: succinilcolina (10-30 mg iv) Farmacocinética ↪Eles devem ser administrados por via parenteral. ↪Não tem efeitos centrais pois são moléculas muito hidrossolúveis. Metabolismo ↪A eliminação de Hofmann acontece principalmente para o atracúrio, que é uma degradação espontânea, não enzimática, favorecida em pH alcalino. Efeitos Adversos *Succinilcolina - Hiperpotassemia. Duração extremamente curta, pois é rapidamente degradada pela ChE plasmática. Cuidado em grandes queimados, pacientes politraumatizados, cominsuficiência renal, que já possam ser hiperpotassêmicos. ↪Colapso cardiovascular. ↪Liberação histamina (principalmente as isoquinolinas, d-TC >> Atracúrio, Mivacúrio) ↪Apnéia prolongada – Falência respiratória ↪Paralisia prolongada - predominante em Miastenia, distrofia muscular •BNMs despolarizante: Succinilcolina ↪Dor muscular no pós-operatório ↪Hipercalemia – Arritimias ↪Apnéia prolongada – “Colinesterase atípica” ↪Hipertermia maligna ↪É uma doença muscular hereditária (doença farmacogenética), latente, potencialmente grave, de herança autossômica dominante, caracterizada por resposta hipermetabólica após exposição a anestésico inalatório, tais como halotano, enflurano, isoflurano ou exposição a um determinado relaxante muscular de nome succinilcolina (suxametônio). ↪Estes pacientes apresentam uma modificação na resposta de contração, que envolve os receptores de rianodina. ↪Sob a ativação farmacológica deste processo de despolarização inicial, este receptor de rianodina responde de forma inadequada, acarretando uma sustentação da abertura de canais de cálcio no retículo, mantendo elevada a concentração de cálcio, que favorece a contração muscular, o que gera produção de ácido lático. O músculo contraído também gera calor, elevando a temperatura do corpo. ↪Este aumento da temperatura caracteriza a hipertermia e a produção de ácido lático aumentada caracteriza um quadro de acidose metabólica, então ele causa um processo hipermetabólico. ↪Para dissipar o calor, exige mais perfusãodos tecidos, elevando a FC. Esse aumento de temperatura, além de acelerar a atividade metabólica, também pode desnaturar enzimas importantes na manutenção do equilíbrio metabólico. ↪Rapidamente deve haver intervenção farmacológica (dantrolene - bloqueador de canais de cálcio do retículo) e não-farmacológicas (resfriar o paciente). Sintomas: ↪Contratura ↪Rigidez ↪Produção de calor do músculo esquelético ↪Aceleração do metabolismo muscular ↪Acidose metabolica ↪Taquicardia ↪Hipertermia grave ↪Desequilíbrio eletrolítico (apnéia prolongada) ↪ICC (insuficiencia cardíaca congestiva) em uso de digitálico ou diurético ↪Traumatismo ou queimaduras extensas. ↪Lesões da medula espinhal com paraplegia ou quadriplegia ↪Distrofia muscular ↪Crianças com menos de 8 anos ↪Adjuvante na anestesia geral (principal uso). ↪Procedimentos ortopédicos (correção de luxações e alinhamento de fraturas) ↪Intubação endotraqueal ↪Laringoscopia, broncoscopia, esofagoscopia ↪Prevenção de trauma em terapia eletroconvulsiva ↪ Controle de espasmos musculares •Toxina botulínica ↪Bloqueio da liberação de ACh ↪Espasmos e distonias ↪Remoção de linhas faciais (injeção intramuscular ou intradérmica) ↪Imunoresistência ↪Estimulação ganglionar ↪Bradicardia ↪Elevação da pressão arterial ↪Efeito não é revertido por anticolinesterásicos ↪Não atravessa a barreira placentária e hematoencefálica - muito hidrofílicos Classificação quanto a início de ação de duração de efeito ↪O mivacúrio é mais preferível do que succinilcolina, pois não causa hipercalemia, não causa dor pós- operatória, não desencadeia hipertermia maligna e também é de curta duração. BNM - Interações medicamentosas •Antagonismo - são competitivos, como os anticolinesterásicos - usados para recuperação da contração. •Aminoglicosídeos - antibióticos. •Antiarrítmicos - bloqueadores de canais de cálcio de potássio e de sódio. Toxina Botulínica (BOTOX) ↪ Interfere com a afinidade de ligação das proteínas que estão na superfície da vesícula do neurotransmissor com as proteínas que estão na superfície interna da membrana do terminal pré- sináptico. ↪Estas proteínas têm que manter sua finalidade de reconhecimento e ligação para que a membrana da vesícula se funda com a membrana do terminal sináptico. ↪Como esta toxina inibe de modo irreversível a afinidade das proteínas, não ocorre a fusão da membrana, não ocorre a liberação do neurotransmissor. ↪A toxina inibe a liberação vesicular da ACh; se não liberarmos a Ach não temos contração, havendo a paralisia flácida. ↪Estrabismo ↪Espasmo hemifacial ↪Distonia oromandibular, distonia cervical ↪Remoção linhas faciais associadas c/ excessiva estimulação nervosa ou atividade muscular
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