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W BA 07 06 _v 1. 0 FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO 2 Aline Coelho Macedo Bráulio Nascimento Lima Londrina Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019 Fisiologia do Exercício 1ª edição 3 2019 Editora e Distribuidora Educacional S.A. Avenida Paris, 675 – Parque Residencial João Piza CEP: 86041-100 — Londrina — PR e-mail: editora.educacional@kroton.com.br Homepage: http://www.kroton.com.br/ Presidente Rodrigo Galindo Vice-Presidente de Pós-Graduação e Educação Continuada Paulo de Tarso Pires de Moraes Conselho Acadêmico Carlos Roberto Pagani Junior Camila Braga de Oliveira Higa Carolina Yaly Giani Vendramel de Oliveira Juliana Caramigo Gennarini Nirse Ruscheinsky Breternitz Priscila Pereira Silva Tayra Carolina Nascimento Aleixo Coordenador Camila Braga de Oliveira Higa Revisor Naylla Morais de Souza Editorial Alessandra Cristina Fahl Beatriz Meloni Montefusco Daniella Fernandes Haruze Manta Hâmila Samai Franco dos Santos Mariana de Campos Barroso Paola Andressa Machado Leal Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) __________________________________________________________________________________________ Lima, Bráulio Nascimento L732f Fisiologia do exercício/ Bráulio Nascimento Lima,Aline Coelho Macedo – Londrina: Editora e Distribuidora Educacional S.A. 2019. 119 p. ISBN 978-85-522-1578-3 1. Educação Física,. 2. Fisiologia do exércicio. I. Lima, Bráulio Nascimento. II. Macedo, Aline Coelho. Título. CDD 612 ____________________________________________________________________________________________ Thamiris Mantovani CRB: 8/9491 © 2019 por Editora e Distribuidora Educacional S.A. Todos os direitos reservados. Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrônico ou mecânico, incluindo fotocópia, gravação ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmissão de informação, sem prévia autorização, por escrito, da Editora e Distribuidora Educacional S.A. SUMÁRIO Apresentação da disciplina __________________________________________________05 Bioenergética _______________________________________________________________06 Metabolismo do exercício ___________________________________________________25 Respostas Hormonais ao Exercício _________________________________________42 Cálculo metabólico _________________________________________________________67 Neurofisiologia e Exercício ______________________________________________ 88 Fisiologia Cardiovascular, Endócrina e Respiratória _________________________111 Treinamento Físico e Prescrição _____________________________________________132 Fisiologia do Exercício 5 Apresentação da disciplina Olá caros alunos, sejam bem-vindos! A disciplina Fisiologia do Exercício é fundamental para a formação do profissional que estuda o movimento humano. Quanto mais aprofundados forem os seus conhecimentos, maior será o seu diferencial para o mercado de trabalho. Aqui abordaremos o funcionamento de diversos sistemas do organismo humano, como eles interagem, quais respostas eles geram para cada estímulo e quais os mecanismos de respostas à atividade física e ao exercício físico. Espero que gostem da disciplina, desejo bons estudos para você! Bioenergética Autora: Aline Coelho Objetivos • Entender como ocorre a produção aeróbia e anaeróbia de ATP; • Esclarecer o metabolismo do ácido láctico e de proteínas; • Estudar os mecanismos de recuperação pós-exercício. 7 1. ATP, a energia para a célula Imagine que você acabou de se matricular em uma academia e que nesta situação seus músculos vão precisar de muito mais energia do que normalmente utiliza em suas atividades rotineiras, pois precisam gerar muito mais força com mais frequência. Em qualquer atividade há um gasto energético, até mesmo quando estamos dormindo. Estudos apontam que durante um esforço físico o gasto calórico pode aumentar mais do que quinze vezes em relação à condição de repouso. Leve em consideração que no exercício físico há uma intensa atividade muscular com ciclos de contração e relaxamento, em um processo que requer grande demanda energética para mantermos nosso metabolismo. O termo metabolismo está relacionado aos processos químico-físicos que ocorrem em nossos sistemas e que garantem nossa homeostase em processos, que vão desde os mais básicos, como respirar, até os mais complexos, como correr uma maratona. A energia que tanto precisamos e que é liberada em grande quantidade quando nos exercitamos gerando calor é obtida através da alimentação, sendo assim, não comemos apenas para nos satisfazer e obtermos prazer, mas também, e, em grande parte, porque a energia adquirida através dos alimentos precisa ser transformada em um composto denominado trifosfato de adenosina (ATP), para que consiga ser aproveitada pelo organismo, ou mais precisamente pelas nossas células. O cérebro é fundamental para o planejamento dos movimentos, para a realização da maioria das nossas reações químicas e em grande parte responsável por manter a disponibilidade da energia obtida na alimentação no organismo como um todo. Para que seja garantido um bom funcionamento do sistema nervoso central, a glicose não pode faltar como principal combustível. Trata-se de um combustível obtido principalmente a partir da ingestão de carboidratos e que promoverá a integridade do sistema nervoso. 8 Quando a ingestão de carboidratos não supre a demanda, ou quando o gasto calórico é maior do que o ganho, o organismo começa a mobilizar o tecido adiposo para garantir o suprimento energético. Após a utilização dessa reserva, o organismo passa a utilizar proteínas como fonte energética, alterando o pH sanguíneo, tornando-o mais ácido pela formação de corpos cetônicos. Essa situação não pode manter-se por um período prolongado, pois à medida que as reservas proteicas se esgotarem, as células perderão seu suprimento, levando o ser vivo a falências e morte. A seguir, você estudará a respeito dos mecanismos e reações químicas envolvidas na produção do ATP em situações de atividades aeróbias (na presença de oxigênio) e anaeróbias (na ausência de oxigênio) para que as células o possam aproveitar em suas atividades. Também estudará acerca dos mecanismos de recuperação pós-exercício e restabelecimento da situação de repouso. Vamos começar? 1.1 ATP e sua responsabilidade no armazenamento de energia Todos os seres vivos são constituídos de células e estas são suas unidades biológicas e funcionais. As células formam os diversos tecidos constituintes de seus órgãos, que por sua vez formam sistemas que funcionam em conjunto para manter a homeostasia do organismo. Para que consigam realizar a manutenção do metabolismo, as células passam por inúmeras reações químicas, muitas dependentes de energia. Dentro desse contexto, o ATP é fundamental para qualquer organismo vivo, tendo em vista que ele é o principal responsável pelo armazenamento da energia necessária à atividade celular. O ATP é presente no citoplasma e nucleoplasma de todas as suas células, de forma que toda a energia necessária para sua atividade é derivada 9 desse composto, considerado energia circulante, porque é adquirido e consumido de maneira constante. PARA SABER MAIS ATP é a sigla que indica a molécula de Adenosina trifosfato ou Trifosfato de adenosina, considerada a principal fonte de energia química existente. Essa molécula sofre hidrólise, ou seja, é decomposta pela ação da água e com isso libera grande quantidade de energia livre. Sob o ponto de vista estrutural, o ATP é composto por três grupos fosfato, cada um consistindo em átomos de fósforo e oxigênio (PO 43-) e uma molécula de adenosina gerada por adenina e ribose. Estecomposto é derivado de nucleotídeo, no qual a adenina representa a base e a ribose representa o açúcar. Existem ligações energéticas que mantêm os segundos e terceiros radicais de fosfato presos ao ATP (Figura 1). Grande quantidade de energia é liberada pelo ATP quando há adição de uma molécula de água, ou seja, quando ele sofre hidrólise. À medida que ocorre o desligamento do terceiro radical fosfato do ATP por meio da hidrólise, existe uma liberação daquela energia contida na ligação que o mantinha interligado. Quando o fosfato terminal é removido, a molécula modificada resultante é o ADP (difosfato de adenosina) e 7.3 Cal (kcal) de energia livre, essa reação é catalisada pela enzima adenosina trifosfatase. A energia liberada nesse processo é a mesma utilizada nas atividades celulares para qualquer atividade que esteja fazendo, por exemplo a atividade que você está realizando agora, que é ler este capítulo. 10 O ADP é formado através da catálise pela enzima ATPase, liberando um íon fosfato (Pi) e aproximadamente 7,3 kCal de energia livre por mol de ATP hidrolisado para ADP. Se associarmos diretamente a utilização do ATP pelas células musculares, concluímos que a energia liberada é utilizada na ativação de proteínas contráteis, resultando no processo de contração muscular. Figura 1 – ATP, a moeda energética Fonte: ttsz/ istock.com Após a liberação da energia do processo em que o ATP foi reduzido a ADP, é necessário mais energia para ser liberada e consumida pela célula. Deste modo é possível imaginar que talvez o ATP fornecido poderia não ser suficiente, nesse caso, há um mecanismo de reabastecimento do ATP através da adição de um grupo fosfato ao ADP. Produzir ATP é necessário para as atividades celulares, mas é um processo que requer energia para ocorrer. A energia que será utilizada 11 para a síntese de ATP é obtida através da respiração celular. Quando estamos realizando algum tipo de exercício, os movimentos são resultado de uma constante atividade muscular em um processo que requer grande quantidade de energia. A cisão do ATP ocorre na ausência do oxigênio e libera energia para que seja utilizada de maneira imediata, isso ocorre porque nosso metabolismo energético não necessita de oxigênio o tempo inteiro. Em suma, o ATP pode ser gerado na presença e na ausência do oxigênio e libera a energia necessária a atividades de intensidade e duração distintas, pois cada tipo de exercício requer um sistema específico de transferência de energia. De maneira geral, pensando em um nível molecular, os exercícios podem ser divididos em duas categorias gerais: aeróbicos e anaeróbicos. A diferença entre as duas categorias reside no fato de que em exercícios aeróbios, o esforço empregado na atividade é sustentado, assim o corpo deve ter oxigênio o suficiente para oxidar as moléculas e obter energia, um exemplo dessa atividade é uma agradável caminhada no parque. Já em exercícios anaeróbios, a energia deve ser gerada na ausência de oxigênio, envolve exercícios de explosão e curta duração, por exemplo, o levantamento de peso. Nos dois tipos de exercícios citados o combustível utilizado para a geração do ATP irá diferir conforme veremos em detalhes adiante. 2. Sistemas de produção do ATP Na musculatura, os sistemas metabólicos presentes são exatamente os mesmos encontrados em outras células do organismo. Em geral, os sistemas trabalham em conjunto e em etapas. No exercício físico, existe um consumo intenso de ATP com um incremento de mais de dez vezes, dependendo da atividade. A 12 contribuição de cada substrato específico para a síntese de ATP tem variação de acordo com a intensidade e a duração de cada exercício. O entendimento de cada um desses sistemas de geração de energia é fundamental para a compreensão do limite existente em cada tipo de exercício. ASSIMILE Exercícios considerados como aeróbios utilizam o oxigênio como fonte de queima dos substratos que irão gerar energia para a atividade muscular. Esses exercícios apresentam uma longa duração e exigem muito da capacidade cardiovascular do indivíduo. Os exercícios anaeróbios, por sua vez, não utilizam o oxigênio como fonte de queima dos substratos, apresentam uma curta duração, porém uma elevada intensidade. De forma mais específica, na musculatura esquelética existem sistemas eficazes para constante ressíntese do ATP, esses sistemas são o da fosfocreatina, glicólise e fosforilação oxidativa. Vamos estudar adiante os três sistemas. 2.1 Produção anaeróbia de ATP 2.1.1 Sistema do fosfagênio Conforme explanado, o ATP pode ser sintetizado na ausência de oxigênio, gerando a quantidade de energia suficiente para utilização imediata. Desse modo, quando há a necessidade de uma quantidade energética mais elevada que aquela que pode ser gerada aerobicamente, a liberação da energia aeróbia pode aparecer como 13 uma potência auxiliar. As células não são capazes de armazenar grandes quantidades de ATP e este precisa ser constantemente ressintetizado à medida que é utilizado pelo trabalho celular. A partir do momento que a célula tem um aumento em sua demanda energética há uma alteração no equilíbrio da quantidade de ATP e ADP que estimula a ressíntese de ATP. Há um aumento na velocidade de transferência energética de até 120 vezes quando a pessoa passa de uma posição sentada para um pique explosivo. Conforme eleva- se a necessidade energética proporcionalmente à intensidade do exercício, o aporte de ATP também deve acompanhar a demanda e ser ressintetizado de uma forma mais veloz. Uma parte da energia a ser utilizada na ressíntese do ATP é proveniente da hidrólise da fosfocreatina (PCr). A PCr libera muita energia quando são rompidas as ligações entre as moléculas de creatina e fosfato. A seguir está representada a utilização energética das ligações na PCr. A hidrólise da PCr utiliza ADP e Pi para gerar o ATP. A hidrólise da PCr é catalisada pela enzima creatinoquinase. Tendo em vista que essa enzima tem uma velocidade de atividade muito alta, o ADP é fosforilado muito mais rápido do que quando comparado à transferência de energia sem a presença de oxigênio, através da glicose armazenada na musculatura em forma de glicogênio muscular. A reação acima não necessita da presença de oxigênio e a produção máxima de energia é alcançada em aproximadamente dez segundos. Nesse momento você deve estar imaginando, “E se o esforço máximo ultrapassar a duração de dez segundos?” Nesse caso, a ressíntese 14 do ATP será realizada a partir da energia proveniente da catálise de macronutrientes armazenados. Existe uma outra reação que ressintetiza o ATP, denominada reação de adenilatoquinase, nesse caso a enzima adenilatoquinase catalisa a reação em que duas moléculas de ADP dão origem a uma molécula de ATP e uma molécula de AMP (monofosfato de adenosina), exemplificada abaixo: Tanto a creatinoquinase quanto a adenilatoquinase apresentam a capacidade de aumentar de forma rápida a produção energética com disponibilização do ATP e produzir o ADP, Pi e AMP que ativam as vias da mitocôndria e os estágios iniciais do catabolismo. 2.1.2 Sistema do Glicogênio – Ácido Láctico A glicose é armazenada na musculatura sob a forma de glicogênio muscular, e esta pode ser utilizada para a obtenção de energia com a síntese de ATP. Nesse sentido, o primeiro passo é denominado glicólise, cujos resultados levam à degradação da glicose. Esse processo ocorre totalmente na ausência de oxigênio e a energia liberada resultante é de quatro moléculas de ATP para cada molécula de glicose. Na mitocôndria, organela responsável pela respiração celular, há a penetração do ácido pirúvico e a reação deste com o oxigênio é capaz de gerar ainda mais moléculas de ATP. Entretanto, imagine que não haja oxigênio para essa segunda etapa, chamada oxidativa, acontecer, o que ocorre com o ácido pirúvico? Não é tão difícil responder a esta pergunta, o ácido pirúvico, resultanteda glicólise, sofre conversão em ácido láctico e é difundido das células musculares para o sangue e interstício. 15 Se levarmos em consideração a velocidade de formação de moléculas de ATP, é válido afirmar que o sistema do glicogênio – ácido láctico é duas vezes e meia mais rápido que o mecanismo oxidativo mitocondrial. No momento da realização do exercício uma parte do lactato sintetizado na musculatura esquelética alcança o fígado via corrente sanguínea e é convertido em glicose pela gliconeogenese. Assim, a glicose recentemente sintetizada pode retornar à circulação e ser armazenada novamente na musculatura esquelética para ser utilizada como fonte energética em outras circunstâncias que envolvam a realização de atividade física. Esse ciclo entre musculatura e fígado é denominado Ciclo de Cori (Figura 2). Figura 2 – Ciclo de Cori Fonte: SCOTT e HOWLEY, 2000. 2.2 Produção aeróbia de ATP O ATP também pode ser obtido através do metabolismo aeróbio que se relaciona com a oxidação de substrato nas mitocôndrias para 16 que a energia possa ser obtida. Imagine que você estava sentado e agora resolveu levantar-se e fazer atividade física, nesse momento a atividade já está durando três minutos. A partir de agora o seu músculo já consegue se suprir de oxigênio e na atividade ocorre uma predominância da obtenção de energia pela via oxidativa. Em comparação com os outros sistemas geradores de ATP, o oxidativo é mais complexo, mais lento que os sistemas anaeróbios e apresenta uma baixa produção de energia, entretanto, sua capacidade é quase ilimitada, permitindo que a atividade se mantenha até por horas, estando apto a fornecer energia para ressíntese do ATP constantemente. Em situações de esforços de longa duração com intensidade leve ou moderada, o glicogênio é preservado para haver uma maior utilização dos ácidos graxos como substrato. Na fosforilação oxidativa há a síntese do ATP através de uma corrente de transporte de elétrons, de modo a formar um gradiente de prótons através da membrana mitocondrial interna. Mais precisamente, nesse tipo de metabolismo, a molécula de ATP é formada na mitocôndria com a presença de oxigênio a partir da oxidação de carboidratos, lipídios e proteínas oriundas da musculatura e da corrente sanguínea. Os produtos finais de todo esse processo são constituídos por ATP, CO2, H2O, radicais livres e calor. Os macronutrientes como carboidratos, lipídeos e proteínas são obtidos através da alimentação e da sua oxidação, tal processo oferta continuamente átomos de hidrogênio proporcionados através do catabolismo destes. Nas mitocôndrias existem algumas moléculas que retiram elétrons do hidrogênio (oxidação) e transferem para o oxigênio (redução), e exatamente a partir dessas reações é sintetizado o ATP. A coenzima nicotinamida adenina dinucleotídeo (NAD +) aceita os pares de elétrons oriundos do hidrogênio. O substrato é oxidado e cede 17 hidrogênios, no entanto, o NAD+ ganha hidrogênio e dois elétrons e é reduzido para NADH. A flavina adenina dinucleotideo (FAD) também é aceitadora de elétrons, recebe os hidrogênios e se transforma em FADH2. Essas reações geram moléculas altamente energéticas. A glicólise é o primeiro estágio do metabolismo da glicose e esta quebra da glicose gera ATP, nesse caso, cada molécula de glicose com seis carbonos passa por algumas transformações por diversas enzimas distintas. No final a glicose é clivada em duas partes em que cada uma gera duas moléculas de piruvato com três carbonos. O piruvato gerado a partir de glicose e glicogênio é transportado para o interior da mitocôndria e convertido em oxalacetato. Isso porque o piruvato perde dióxido de carbono gerando a acetil-CoA, esta consiste em uma molécula de 2 carbonos ligada a um portador (coenzima A). Quando a acetil-CoA é oxidada em dióxido de carbono no ciclo de Krebs, a energia química é liberada e capturada sob a forma de 3 moléculas de NADH, 1 molécula de FADH2 e 1 molécula de ATP. O ciclo começa e termina com o oxaloacetato. O acetil-CoA também é oriundo da beta oxidação ou oxidação β de ácidos graxos. O acetil-CoA e o oxaloacetato geram citrato através da enzima Citrato sintetase (CS). O citrato gerado a partir do ciclo de Krebs é parcialmente transportado para o citoplasma. O oxoglutarato é convertido em glutamato e este em glutamina. Assim, nesses dois mecanismos, há perda contínua de esqueletos de carbono do ciclo de Krebs. Em consequência, a geração de oxaloacetato é uma etapa importante para manter a atividade deste ciclo. Se considerarmos o ciclo de Krebs unicamente, não há a geração de ATP, mas, GTP, NADH e FADH2, utilizados na geração de ATP. 18 No esquema a seguir estão representados os sistemas de transferência de energia vistos até agora: Figura 3 – Sistemas de transferência de energia Fonte: Elaborado pela autora 2.3 Metabolismo de proteínas Ao contrário da glicose e dos ácidos graxos, os aminoácidos não são constantemente utilizados para a obtenção de energia, na verdade, a utilização desse substrato é mais preponderante em situações de jejum prolongado e exercício físico de longa duração. Em geral não possuímos estoques de proteínas, porém estas estão presentes na maioria dos alimentos. Quando as proteínas são clivadas em seus aminoácidos constituintes podem ser utilizados pelos músculos e pelo fígado. Os aminoácidos são quebrados em intermediários do ciclo de Krebs ou Acetil-CoA e então entram no ciclo de Krebs. Os aminoácidos preferencialmente oxidados pela musculatura são leucina, isoleucina e valina. 19 Os aminoácidos dependem do ciclo do ácido cítrico para serem oxidados completamente e podem ser metabolizados de forma aeróbia. Entretanto, para que qualquer aminoácido possa entrar no ciclo do ácido cítrico e possa exercer seu papel de combustível, o grupo amina precisa ser removido (-NH3), pois o acúmulo de nitrogênio é altamente tóxico para tecidos e células. Esse processo ocorre no fígado em que a molécula -NH3 é convertida em ureia e é excretada. A oxidação das proteínas é mais eficiente que a de carboidratos sob o ponto de vista energético, entretanto a eliminação do nitrogênio de sua estrutura necessita muito gasto de energia. Sendo assim, a quantidade de energia proporcionada pela utilização de proteínas torna-se semelhante ao de carboidratos (4,1 kCal/g). Para recapitular acerca das fontes energéticas, lembramos que o ATP e a fosfocreatina são as fontes de combustível iniciais a qualquer atividade física e seus estoques esgotam rapidamente, assim a glicose precisa ser degradada através da glicólise e então através do metabolismo anaeróbio pela fermentação, ou através do metabolismo aeróbio pelo ciclo de Krebs, gerar condições para uma atividade aeróbia por um período maior, no qual uma quantidade elevada de ácidos graxos é mobilizada. Os aminoácidos não são fonte combustível preferencial e colaboram de forma modesta com o metabolismo aeróbio, mas são utilizados em situações específicas de jejum prolongado e alta demanda energética. 2.4 Recuperação pós–exercício Dentro de qualquer programa de condicionamento físico, a recuperação pós-exercício é de fundamental importância,, tanto para os atletas quanto para os profissionais envolvidos no treinamento 20 físico e na manutenção da saúde, uma vez que visa reestabelecer o equilíbrio dos sistemas orgânicos. As sessões de treinamento podem prejudicar o desempenho dos praticantes de atividade física por minutos, horas ou por dias. A recuperação envolve a reposição do glicogênio muscular (em até 24 horas após a atividade exaustiva), e também envolve a reparação das lesões musculares inflamatórias. Alguns protocolos de recuperação pós-exercícios melhoram a resposta de substâncias que possuem papel crítico no processo inflamatório, nos danos musculares e no processo de reparação pós- exercício como, por exemplo, o fator de necrose tumoral-α (TNF-α) ou a interleucina 6 (IL-6). Emrelação ao componente nutricional, muitos estudos focam na ingestão de proteína pós-exercício para melhorar as adaptações de treinamento, porém existem muitos fatores nutricionais que interferem no equilíbrio entre anabolismo e catabolismo muscular, sendo assim mais estudos focando na ingestão específica de proteínas ainda necessitam ser realizados. TEORIA EM PRÁTICA Sabemos que o oxigênio é essencial à vida e necessário para a produção de ATP, sendo a principal fonte de energia para o trabalho celular, no entanto, as atividades físicas podem ser executadas na ausência de oxigênio. Se você quiser, nesse momento pode prender a respiração e subir um lance de escada, por exemplo. Como é possível que isso ocorra, dada a necessidade constante de oxigênio pelas nossas células? 21 VERIFICAÇÃO DE LEITURA: 1. No exercício anaeróbio o oxigênio não é a fonte de queima do substrato para a geração de energia necessária à atividade muscular. Trata-se de exercícios de curta duração e grande intensidade. Trazem grandes benefícios cardiovasculares e envolvem grande esforço físico. Dentre os exercícios citadas abaixo, qual apresenta metabolismo anaeróbio? a. Caminhar b. Pedalar c. Correr d. Musculação e. Nadar 2. O ATP é fundamental para qualquer organismo vivo, tendo em vista que ele é o principal responsável pelo armazenamento da energia necessária à atividade celular. Estruturalmente, o ATP é composto por: a. Três grupos fosfato e uma unidade de adenosina gerada por adenina e ribose. b. Dois grupos fosfato e uma unidade de adenosina gerada por adenina. c. Um grupo fosfato e uma ribose. d. Quatro grupos fosfato e três riboses. e. Dois grupos fosfato e uma unidade de adenosina gerada por adenina e ribose. 22 3. O ATP apresenta uma limitação em seu armazenamento, sendo necessária sua ressíntese para suprir a energia necessária aos sistemas biológicos. A cisão anaeróbia de qual composto pode gerar energia para essa ressíntese? a. fosfocitocina b. nicotinamida c. fosfocreatina d. adenina e. flavina Referências Bibliográficas BANGSBO, Jens et al. ATP production and efficiency of human skeletal muscle during intense exercise: effect of previous exercise. American Journal of Physiology- Endocrinology And Metabolism, v. 280, n. 6, p. E956-E964, 2001. BROOKS, G. A.; FAHEY, T. D.; BALDWIN, K. M. Fisiologia do exercício. Bioenergética Humana e suas Aplicações. Phorte, p. 766, 2013. CANALI, Enrico Streliaev; KRUEL, Luiz Fernando M. Respostas hormonais ao exercício. Rev. Paul. Educ. Fís., v. 15, n. 2, p. 141-53, 2001. CAPUTO, Fabrizio et al. Exercício aeróbio: aspectos bioenergéticos, ajustes fisiológicos, fadiga e índices de desempenho. Rev. Bras. Cineantropom Desempenho Hum., v. 11, n. 1, p. 94-102, 2009. CIOLAC, Emmanuel Gomes; GUIMARÃES, Guilherme Veiga. Exercício físico e síndrome metabólica. Rev. Bras. Med. Esporte, v. 10, n. 4, p. 319-24, 2004. CURI, Rui et al. Ciclo de Krebs como fator limitante na utilização de ácidos graxos durante o exercício aeróbico. Arq. Bras. Endocrinol. Metab., v. 47, n. 2, p. 135-143, 2003. D’SILVA, Andrew; SHARMA, Sanjay. Cardiovascular response induced by exercise. The ESC Textbook of Sports Cardiology, p. 1, 2019. DA SILVA, Luan Pinho Ortiz; DE OLIVEIRA, Mariana Fernandes Mendes; CAPUTO, Fabrizio. Métodos de recuperação pós-exercícios. Journal of Physical Education, v. 24, n. 3, p. 489-508, 2013. DAVIES, Kelvin J. A. et al. Free radicals and tissue damage produced by exercise. Biochemical and biophysical research communications, v. 107, n. 4, p. 1198-1205, 1982. 23 FARIAS III, Martin et al. Plasma ATP during exercise: possible role in regulation of coronary blood flow. American Journal of Physiology-Heart and Circulatory Physiology, v. 288, n. 4, p. H1586-H1590, 2005. GUIMARÃES-FERREIRA, Lucas. Papel do sistema da fosfocreatina na homeostase energética das musculaturas esquelética e cardíaca. Einstein;12(1):126-31, 2014. GUYTON, Arthur Clifton; HALL, John E.; GUYTON, Arthur C. Tratado de fisiologia médica. Elsevier Brasil, 2006. MCARDLE, William D.; KATCH, Frank I.; KATCH, Victor L. Fisiologia do exercício. Wolters Kluwer Health, 2015. OSTOJIC, Sergej M. Post-exercise recovery: fundamental and interventional physiology. Frontiers in physiology, v. 7, p. 3, 2016. PEREIRA, Benedito; DE SOUZA JUNIOR, Tácito Pessoa. Fadiga e exercício físico: aspectos metabólicos, bioenergéticos e moleculares. Phorte Editora, 2019. POWERS, Scott K.; HOWLEY, Edward T. 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Metabolismo do exercício Autora: Aline Coelho Objetivos • Esclarecer as respostas metabólicas das transições do repouso, exercício e recuperação; • Entender as implicações metabólicas da duração e intensidade do exercício; • Estudar os fatores envolvidos na seleção dos substratos. 26 1. Do repouso à recuperação Conhecer os sistemas metabólicos que produzem o ATP tão necessário para a realização de qualquer atividade celular em nosso organismo é primordial, entretanto não é o suficiente para quem quer se dedicar ao entendimento da fisiologia do exercício detalhadamente. Sempre é preciso ir além e aprender também acerca da relação dos exercícios físicos e os sistemas de energia específicos empreendidos na realização de cada um deles. Nosso organismo precisa ser capaz de absorver os nutrientes obtidos através da alimentação, como carboidratos, lipídios e proteínas e, desta forma, gerar energia química utilizável em todas as nossas células. A energia gerada é utilizada em diversas atividades como cognição, reprodução e movimento. Nesse sentido, existem diversas alternativas de vias de oxidação dos substratos gerando energia para ser utilizada como trabalho. Quando pensamos diretamente no organismo em situações de exercício físico, quando há uma elevação do desprendimento energético, ocorre uma condição chamada estado estável, e seu conceito é o contrário de homeostasia. O estado estável é o estado de manutenção do equilíbrio da produção de substratos energéticos e da frequência cardíaca no momento do exercício, e é atingido de acordo com a intensidade e a duração do exercício, portanto é altamente dependente da modalidade quando nosso organismo tem a capacidade de ajustar-se a cada dificuldade imposta pela atividade física, mantendo a estabilidade e continuidade do exercício. Para qualquer atividade que nosso corpo realize, desde as funções corporais básicas à manutenção da atividade física, há a necessidade de substratos energéticos que precisam ser consumidos diariamente. Assim, as reservas dos substratos energéticos armazenados em nosso 27 corpo também colaboram para a obtenção de energia. Se a quantidade de alimentos ingeridos for superior à quantidade de energia gasta, o indivíduo pode ganhar peso. Para atender a demanda metabólica necessária para a realização de uma atividade física, podem ocorrer dois sistemas metabólicos distintos, de acordo com a intensidade e duração do exercício físico: o sistema anaeróbio, que é ativado na ausência de oxigênio, e o sistema aeróbio, que acontece na presençado oxigênio, utilizando os carboidratos, lipídios e gorduras como substrato. Os sistemas aeróbio e anaeróbio são ativados de modo a proporcionar energia para cada necessidade metabólica dos exercícios físicos, sendo que cada um deles pode contribuir gerando energia de modo sequencial, superposto e integrado, ou seja, os dois sistemas não apresentam necessariamente a necessidade de agir individualmente. A seguir você aprenderá sobre as necessidades e adaptações metabólicas do nosso organismo, do repouso até o exercício, entenderá como as alterações na intensidade e duração do exercício interferem no sistema metabólico a ser utilizado para a produção do ATP, e ainda como os substratos são escolhidos para a geração de energia. Vamos lá? 1.1 Adaptações fisiológicas: do repouso ao exercício físico Antes de entendermos a adaptação fisiológica ao exercício físico é necessário entender o conceito de maneira mais ampla. Adaptações fisiológicas são aquelas que o indivíduo sofre ao longo da vida, relacionadas ao funcionamento do organismo em resposta aos fatores genéticos e variações ambientais. 28 A capacidade de reagir a diferentes estímulos, sejam estes internos ou externos ao organismo, é inerente ao ser humano. Os estímulos, quando presentes, desencadeiam respostas específicas, de forma que possam atingir o sistema como um todo. PARA SABER MAIS O fisiologista francês Claude Bernard (1813-1878) postulou, em 1859, a necessidade que os organismos possuem de manter a estabilidade do meio interno dentro de limites estreitos, para que sejam mantidas as funções vitais de maneira harmônica. Independente das reações nervosas, metabólicas, endócrinas ou outras que o estímulo possa provocar, o organismo precisa ser capaz de manter a homeostasia, garantindo a constância do meio interno. Se você imaginar o indivíduo em uma situação de repouso, pode pensar que seja mais fácil para o organismo se adaptar a essa condição. Em um estado de repouso, a taxa mínima de energia consumida para manter as funções vitais do organismo é denominada taxa metabólica de repouso (TMR). A TMR é medida em condições de jejum, repouso físico e ambiente calmo com controle de temperatura, iluminação e ruído. O profissional que atua com a prática esportiva deve conhecer a TMR, posto que ela ajuda na definição das necessidades calóricas para o balanço energético. A TMR baseia-se na mensuração do consumo de oxigênio total do organismo e seu equivalente calórico. Existe fórmula padronizada que mensura o gasto energético em repouso, e alguns fatores que influenciam são a idade genética, sexo, peso, nível de atividade física, dentre outros. 29 A TMR corresponde ao componente principal do gasto energético diário, cerca de 60% a 75% do gasto total, o que representa uma porcentagem bastante elevada. O restante do gasto energético diário é preenchido pelo período em que os macronutrientes estão sendo absorvidos e pela atividade física, que representa cerca de 10% a 30% (Figura 1). Figura 1 – Gasto metabólico diário Fonte: A autora Conforme mencionado, para que exista uma adaptação fisiológica é necessário a presença de um estímulo natural, artificial, espontâneo ou planejado, mas que tenha a capacidade de desencadear uma adaptação. Se você transpor esse conceito para a prática de atividade física, perceberá que o estímulo, nesse caso, é a prescrição do exercício que em seu objetivo final visará a melhora do desempenho esportivo na categoria específica, sendo assim, é recomendado que a atividade física seja programada de forma individualizada. Se você pensar em sair de uma condição de repouso para a realização de uma atividade física, deve ter em mente que a harmonia de seus processos vitais e a constância do meio interno, denominada homeostase, serão desafiados, e seu organismo deverá ser capaz de adaptar-se à essa nova 30 situação. A seguir veremos as adaptações metabólicas e fisiológicas pelas quais nosso organismo precisa passar em uma situação de esforço físico. 1.2 Adaptações agudas e crônicas ao exercício Quando se pensa em qualidade de vida, imediatamente nos vem à mente os cuidados com a alimentação e também a prática de atividade física. O conceito de atividade física é traduzido pela realização de movimentos corporais que demandem um gasto energético maior que os níveis de repouso. De acordo com a Associação Americana de Medicina Esportiva (ACMS), o exercício é um tipo de atividade física, definido como movimento corporal planejado, estruturado e repetitivo, realizado com o intuito de melhorar ou manter um ou mais componentes da aptidão física. Ele deve ser realizado de forma que atenda rigorosamente aos princípios de especificidade, sobrecarga, progressão, valores iniciais, reversibilidade, adaptação, individualidade, dentre outros. O conceito de exercício físico difere da atividade física, pois nesse caso precisa ser planejado e praticado regularmente. O ideal é que a prescrição dos exercícios físicos seja realizada por um profissional habilitado e que tenha conhecimento acerca da individualidade do praticante e de todos os fatores que possam interferir na prática da modalidade. Em um processo de preparação desportiva, o principal objetivo deve ser o desenvolvimento de aptidão física, que é um conceito multidimensional que se refere à capacidade de realizar atividade física ou exercício, trata-se de adaptações metabólicas e fisiológicas para gerar a performance adequada a cada modalidade desportiva. A realização de exercício físico gera efeitos em muitos parâmetros orgânicos, dentre eles, na concentração de lipídeos na corrente sanguínea, na quantidade de lipoproteínas, no metabolismo da glicose, na pressão arterial, etc. Todas essas alterações metabólicas e fisiológicas geradas pelo 31 aumento da demanda desencadeiam ajustes do seu organismo na busca da manutenção da homeostase. A atividade física depende da ação muscular, sendo assim, toda vez que você realizar uma atividade física, a energia química precisa ser transformada em energia mecânica em seu músculo, para gerar movimento, e em cada momento que isso acontecer, o seu estado de homeostasia tende a ser modificado. No caso de atletas, mesmo na presença de estímulos extremamente intensos como modalidades desportivas que exigem um alto grau de desprendimento energético, há uma estabilidade das funções metabólicas e fisiológicas visando a constância do meio interno. Muitos processos estão relacionados às adaptações que nosso organismo sofrerá frente à execução do exercício físico. Nos instantes iniciais o organismo passará por uma fase catabólica, não haverão muitas adaptações bioquímicas, hormonais e imunológicas. Posteriormente, haverá a fase anabólica, que objetiva a recuperação do esforço e até mesmo uma supercompensação com uma maior tolerância aos novos estímulos. Os principais sistemas que sofrem as adaptações fisiológicas relacionadas aos exercícios físicos são o cardiovascular e o muscular. As adaptações fisiológicas em resposta aos exercícios podem ser classificadas como agudas ou crônicas. ASSIMILE Nossos músculos sempre dependem de energia para realizar trabalho, e durante a atividade física essa demanda energética aumenta. Utilizamos a energia química dos nutrientes para produzir energia mecânica por processos bioquímicos altamente complexos e regulados por muitas enzimas e hormônios. 32 No caso das adaptações agudas aos exercícios, as adaptações fisiológicas precisam acontecer de forma imediata ao exercício e em pouco tempo após são cessadas. Um exemplo de quando esse fato pode ocorrer é quando analisamos a frequência cardíaca de um individuo na realização de um exercício dinâmico, nesse caso, a frequência cardíaca aumenta conforme o exercício vai sendo realizado e volta aos valores de repouso quando o exercício é finalizado. Quando o indivíduo sai de uma condição de repouso para a prática de uma atividade física, há a necessidadede um maior aporte de fluxo sanguíneo para os grupos musculares, já que necessitarão de uma quantidade maior de oxigênio e nutrientes. Para satisfazer essas necessidades, as adaptações agudas ao exercício físico são primordiais, com o envolvimento de todos os sistemas, em particular os sistemas cardiovascular e respiratório. Essas alterações permitem que a recuperação pós-exercício aconteça de forma mais rápida. Em geral, há um aumento do consumo de oxigênio até que se atinja um valor mais estável, em torno de 1 a 4 minutos do início da atividade. No início do exercício há um atraso no consumo de O2 (déficit de oxigênio), sugerindo que as vias anaeróbias são as que contribuem com a produção de ATP exatamente nessa fase. Em relação às adaptações crônicas ao exercício, são aquelas que não possuem um efeito imediato ao exercício, mas que perduram por mais tempo após o exercício ter sido finalizado. Por exemplo, imagine que você tenha começado um treino de musculação em uma academia e quer resultados rápidos em relação ao ganho de massa muscular, nesse caso você precisa entender que a hipertrofia muscular é uma adaptação crônica, portanto não ocorrerá imediatamente após o exercício ter cessado. Em relação à recuperação na fase posterior à realização da atividade física é importante o profissional saber que após a finalização do 33 exercício, o metabolismo ainda continua alterado por diversos minutos, os exercícios induzem também um aumento da duração do consumo de O2, ao débito de O2, no qual há após o exercício um aumento do consumo de O2, transpondo até mesmo os valores de repouso, leva também ao EPOC, que é o excesso do consumo de O2 após a realização do exercício físico. O débito de O2 (Teoria de Hill) é importante para gerar a energia necessária para levar novamente o organismo para as condições de repouso, para realizar a reposição dos substratos energéticos que foram usados na realização da atividade física e, por fim, para realizar a remoção do ácido láctico que está em excesso na musculatura. As adaptações crônicas ao exercício são tão importantes quanto as agudas, pois determinam a recuperação do organismo frente às alterações estruturais, metabólicas, fisiológicas e funcionais sofridas. Geralmemente as adaptações crônicas são resultantes de uma prática frequente e regular de exercícios. A Figura 2 sintetiza os conceitos relacionados às adaptações crônicas e agudas em resposta ao exercício de maneira mais didática. Figura 2 – Adaptações fisiológicas no exercício Fonte: A autora 34 1.3 Adaptações metabólicas: implicações sobre a duração e a intensidade do exercício O exercício físico estimula uma série de adaptações metabólicas para suprir a esta nova demanda energética a qual nossos tecidos são expostos. Nosso organismo só consegue gerar movimentos porque os músculos são capazes de converter a energia química em energia mecânica necessária para a contração muscular. De maneira geral, muitos estudos apontam que os exercícios físicos aumentam a capacidade do sistema oxidativo das fibras musculares, aumentam a atividade metabólica e a sensibilidade à insulina, reduzem a produção de lactato (depende da intensidade) e os níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), também chamado de “colesterol ruim”, e poupam o glicogênio muscular por permitir uma melhor utilização dos ácidos graxos livres. Lembramos aqui o importante fato que a energia química muscular é o trifosfato de adenosina (ATP), moeda energética de todas as nossas células, que quando clivado em difosfato de adenosina (ADP), gera a energia necessária para as reações químicas. Na contração muscular, existem três mecanismos envolvidos na ressíntese do ATP: 1. ATP- CP; 2. Glicólise; 3. Fosforilação Oxidativa. Os dois primeiros mecanismos ocorrem na ausência do oxigênio e o terceiro ocorre nas mitocôndrias, na presença do oxigênio. 35 A intensidade e a duração do exercício apresentam grande influência na capacidade aeróbica e no tipo de metabolismo. Sendo assim, estudos indicam que exercícios anaeróbios como exercícios de força ou que estimulam a hipertrofia, não parecem melhorar a capacidade aeróbica do indivíduo, mas apresentam benefícios como melhora da força muscular, da quantidade de ATP-PCr na musculatura, além de uma melhora da ação enzimática na glicólise. Exercícios aeróbicos, por sua vez, como corrida de longa duração e ciclismo, melhoram a atividade enzimática no ciclo de Krebs e aumentam a densidade de mitocôndrias e capilares. Muitas dessas adaptações que ocorrem mediante a prática de exercícios físicos podem ser aferidas em comparação com parâmetros fisiológicos. Um dos exemplos é o consumo máximo de oxigênio (VO2max), que tem sido utilizado na avaliação da aptidão aeróbia. É importante lembrar que nem todos os indivíduos adaptam-se aos exercícios físicos exatamente da mesma maneira, e esse fato está simplesmente relacionado a nossa diversidade genética. Lapin et al. (2007), em suas revisões, apresentam evidências de estudos que compararam o VO2máx através de um mesmo programa de exercícios e treinamento aplicado em homens jovens e saudáveis, e encontraram diferenças resultantes em um aumento no VO2máx, que foi de até um litro por minuto. 36 Figura 3 – Principais adaptações metabólicas em exercícios aeróbios e anaeróbios Fonte: A autora 1.4 Fatores que influenciam a seleção de substratos Durante a realização dos exercícios físicos, os ciclos constantes de contração e relaxamento a fim de gerar movimento demandam uma grande quantidade de energia, esta energia deve ser oriunda da dieta, pela qual os substratos serão adequadamente armazenados para posteriormente serem absorvidos pelo organismo. Para obtenção de energia são utilizados como substratos os carboidratos, ácidos graxos e proteínas, eles são metabolizados na presença de oxigênio (ciclo do ácido tricarboxilico) e na ausência do oxigênio (glicólise). As vias aeróbia e anaeróbia visam a geração do trifosfato de adenosina (ATP), o qual libera energia química de suas ligações (7.500 Kcal.) Primeiramente vamos pensar nos carboidratos que podem ser armazenados na musculatura sob a forma de glicogênio muscular e no fígado sob a forma de glicogênio hepático. As gorduras, também 37 oriundas da dieta, são degradadas em ácidos graxos e glicerol, e também são armazenadas sob o formato de triglicérides, já as proteínas são armazenadas através dos aminioácidos. Nesse momento você precisa começar a pensar que os fatores que controlam a seleção do substrato energético a ser utilizado no exercício físico são a duração e a intensidade do exercício. No início da realização da atividade física, há a necessidade de uma energia que precisa ser liberada de maneira imediata, essa energia é gerada pelos fosfatos de alta energia armazenados na musculatura e com liberação imediata. Agora imagine que o exercício continue avançando, a partir daí a glicólise é ativada e há a formação de ácidos graxos. Por fim, se o indivíduo mantém a intensidade do exercício de baixa a moderada ou com baixa frequência cardíaca, a gordura também é pensada como substrato que contribuirá para as necessidades energéticas do músculo. Possuimos o glicogênio muscular e o glicogênio hepático, porém não fornecem quantidades elevadas de energia, entretanto, as gorduras podem gerar de 70.000 a 75.000 Kcal. Lembre-se sempre que os carboidratos e gorduras são os substratos primários na realização de uma atividade física, entretanto, proteínas também são capazes de fornecer energia, mas de maneira limitada. Finalizando, a prática regular de exercícios físicos gera adaptações nas vias de sinalização e nas moléculas regulatórias que coordenam as respostas adaptativas ao exercício físico. Nesse sentido, a prática esportiva e o desempenho são altamente dependentes de uma estratégia nutricional adequada. 38 TEORIA EM PRÁTICA Todos nós, seres humanos, precisamos de uma quantidadede energia mínima para executarmos nossas funções vitais no momento em que estamos acordados e no repouso, esta taxa reflete a produção de calor pelo corpo. Como é chamada esta taxa durante o repouso? Como podemos identificar em nosso cliente, durante a prática de atividade física? VERIFICAÇÃO DE LEITURA: 1. O estado de manutenção do equilíbrio da produção de substratos energéticos e da frequência cardíaca no momento do exercício, é chamado: a. Estado alterado; b. Estado homeostático; c. Estado hemostático; d. Estado estável; e. Homeostase metabólica. 2. NA Taxa Metabolica de Repousocorresponde a qual porcentagem do gasto energético diário? a. 30% a 50% do gasto total b. 60% a 75% do gasto total c. 10% a 20% do gasto total d. 100% do gasto total e. 40% a 60% do gasto total 39 3. Assinale a alternativa que completa corretamente as lacunas abaixo: De maneira geral, muitos estudos apontam que os exercícios físicos aumentam a capacidade do sistema oxidativo das __________, aumentam a atividade metabólica e a ____________ à insulina, reduzem a produção de lactato (depende da intensidade) e os níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), também chamado de “colesterol ruim”, e poupam o glicogênio muscular por permitir uma melhor utilização dos ácidos graxos livres a. Fibras musculares-insensibilidade b. Fibras cardíacas-insensibilidade c. Fibras musculare-sensibilidade. d. Fibras musculares-aumento da resistência. e. Fibras cárdicas- aumento da resistencia Referências Bibliográficas ABREU, Phablo; LEAL-CARDOSO, José Henrique; CECCATTO, Vânia Marilande. Adaptação do músculo esquelético ao exercício físico: considerações moleculares e energéticas. Revista Brasileira de Medicina do Esporte, v. 23, n. 1, p. 60-65, 2017. AFONSO, Márcia et al. 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Questão 2 – Resposta: B Resolução: Em um estado de repouso, a taxa mínima de energia consumida para manter as funções vitais é denominada taxa metabólica de repouso (TMR). A TMR corresponde ao componente principal do gasto energético diário, cerca de 60% a 75% do gasto total, o que representa uma porcentagem bastante elevada. Questão 3 – Resposta: C Resolução: De maneira geral, muitos estudos apontam que os exercícios físicos aumentam a capacidade do sistema oxidativo das fibras musculares, aumentam a atividade metabólica e a sensibilidade à insulina, reduzem a produção de lactato (depende da intensidade) e os níveis de lipoproteínas de baixa densidade (LDL), também chamado de “colesterol ruim”, e poupam o glicogênio muscular por permitir uma melhor utilização dos ácidos graxos livres Respostas Hormonais ao Exercício Autor: Bráulio Nascimento Lima Objetivos • Identificar as principais glândulas do corpo humano; • Identificar os principais hormônios e suas respostas fisiológicas; • Identificar as principais respostas hormonais à atividade física e ao exercício físico. 43 1. Respostas hormonais ao exercício Para introduzir o tema Endocrinologia, devemos compreender que o referido sistema contribui com a comunicação entre os tecidos do corpo, nesse sentido, podemos considerar que a Neuroendocrinologia é o estudo que compreende dois sistemas importantíssimos para conduzir informações e comandos para todas as partes do corpo humano. Para diferenciar a forma de participação dos sistemas, devemos considerar que as informações e comandos enviados através do sistema nervoso se utilizam de neurotransmissores em sinapses entre nervos ou entre nervo e tecido, enquanto o sistema endócrino utiliza hormônios (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Os hormônios são produzidos e liberados no tecido sanguíneo por glândulas e, dessa forma, podem chegar a todos os tecidos do corpo, porém, para que possam atuar sobre um determinado tecido as células deles devem possuir receptores proteicos adequados e específicos. Após a liberação do hormônio no sangue, ele passa a circular por todo o corpo, disponibilizando-se para se comunicar com todas as células, porém só surtirá efeitos sobre as que possuem receptores específicos (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). PARA SABER MAIS A atividade física impõe desafios parao organismo humano, que precisa de ferramentas para desenvolver respostas capazes de criar um ambiente de segurança fisiológica. Nesse sentido, as respostas se direcionam para um estado de tentativa de estabilidade durante a atividade física que, dependendo da intensidade, pode estimular adaptações. O referido processo demanda uma complexa coordenação entre células e tecidos, em que o sistema de comunicação é vital. O sistema endócrino atua 44 em paralelo ao sistema nervoso, levando informação e induzindo o comportamento dos tecidos. A concentração de hormônios no sangue depende da velocidade de produção da glândula, da velocidade do metabolismo, da quantidade de proteína transportadora (proteínas que ajudam a transportar hormônios específicos) e das alterações no volume plasmático, mesmo assim, os hormônios se encontram em pequenas concentrações plasmáticas representadas em microgramas (10–6 g), nanogramas (10–9 g) e picogramas (10–12 g) (Powers e Howley, 2017). ASSIMILE O sistema nervoso é composto por neurônios que, entre si, formam complexas redes de comunicação baseadas em estruturas sinápticas. As sinapses ocorrem entre neurônios, entre nervos e entre nervo e tecido (como ocorre na sinapse neuromuscular). O sistema endócrino se utiliza da secreção de hormônios, que são substâncias químicas comunicadoras que se propagam pelo corpo através da corrente sanguínea para influenciar na atividade de diversos tecidos. Ambos os sistemas (nervoso e endócrino) ligam e sincronizam as atividades teciduais e celulares, porém de formas diferentes. Para que a concentração de hormônio se altere deve ser considerada a velocidade de produção, assim como a demanda de receptores disponíveis para captar a informação disponível. A produção está diretamente ligada à magnitude do efeito produzido, mas dependente do número de receptores específicos disponíveis para cada hormônio. 45 Toda concentração de hormônio está dependente das variáveis em torno da produção das glândulas, do número de receptores celulares, da disponibilidade de transportadores sanguíneos e do volume plasmático. Um exemplo é a regulação de produção de insulina descrita em fluxograma na Figura 01 (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Figura 01 – Controle de secreção hormonal influenciada por diversos fatores Fonte: O autor Os números de receptores proteicos de cada célula podem variar de acordo com as demandas dela, portanto seu comportamento não é estático e pode estar sujeito a mudar dependendo da relação que possui na presença dos hormônios. O número de receptores pode diminuir, por exemplo, em detrimento de elevada carga contínua de exposição aos hormônios e, assim, diminuir sua potencial atividade e respostas a uma mesma concentração hormonal. Da mesma forma, o número de receptores proteicos celulares pode aumentar de acordo com o efeito de diminuição de exposição hormonal, tornando as células do tecido mais reativas. Considerando que os receptores proteicos celulares podem ser limitados em número, após a ativação de todos disponíveis, gerando excedente hormonal, temos um efeito chamado de saturação (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). 46 1.1 Atuação do hormônio na célula Os hormônios lipofílicos possuem facilitação de entrada através da membrana celular, desvinculando-se de um transportador do plasma sanguíneo, no meio extracelular, e vinculando-se em um receptor que pode estar no citoplasma ou no núcleo celular. Tais hormônios, ao formarem o complexo hormônio-receptor (esteroide-receptor), passam a influenciar determinadas áreas do DNA que produzem mRNA com a respectiva informação. A síntese de proteínas passa a ser direcionada por esse novo ambiente celular a partir da entrada do hormônio lipofílico (esteroide), onde o esquema está representado na Figura 02 (Powers e Howley, 2017). Figura 02 – Comportamento de hormônios lipofílicos difundidos pela membrana plasmática Fonte: O autor Outros tipos de hormônios, por possuírem uma estrutura molecular maior ou diferente, passam a caracterizar um tipo de demanda diferenciada para atravessar para o meio intracelular e, por esse motivo, necessitam de transportadores de informação que são os receptores na superfície de membrana, como é o caso do segundo mensageiro. A referida proteína é responsável pela interação entre o hormônio e 47 o receptor a partir da membrana até os eventos no meio intracelular. O mecanismo do segundo mensageiro está descrito na figura a seguir (Figura 03) (Powers e Howley, 2017). Figura 03 – Mecanismo do segundo mensageiro Fonte: O autor A proteína G também pode ativar a enzima fosfolipase C da mesma forma. Trata-se de um fosfolipídio localizado na membrana (fosfatidilinositol bifosfato [PIP2]) que está hidrolisado em duas moléculas, o trifosfato de inositol (IP3) (provoca a liberação de Ca++ dos estoques intracelulares) e o diacilglicerol (DAG). O cálcio liberado ativa a proteína calmodulina que, por sua vez, altera a atividade celular da mesma forma que o AMP cíclico faz. Esses referidos “segundos mensageiros” não devem ser vistos como independentes um do outro porque as mudanças em um afetam a ação do outro. O esquema a seguir demonstra a ação desse modelo de segundo mensageiro (Figura 04) (Powers e Howley, 2017). 48 Figura 04 – Mecanismo do segundo mensageiro Fonte: O autor Outro importante efeito de alguns hormônios é o transporte de membrana, no qual temos um hormônio que se liga à membrana da célula para aumentar a movimentação de substratos ou moléculas de fora para dentro da célula. Um exemplo importante dessa atividade é a ação do hormônio insulina que liga receptores da superfície da membrana passando a viabilizar a entrada de glicose para o meio intracelular através de mobilização de transportadores de membrana. Sem uma quantidade adequada de insulina passamos a ter um quadro de diabetes. O referido modelo de transporte está demonstrado na Figura 05 (Powers e Howley, 2017). Figura 05 – Receptores específicos de insulina Fonte: O autor 49 1.2 Glândulas e hormônios Cada hormônio possui uma glândula responsável pela sua produção. É de fundamental importância compreender a necessidade fisiológica, a glândula de origem e resposta de cada hormônio na atividade física. A hipófise é uma glândula localizada na região medial inferior do cérebro, no centro da base. Possui dois lobos, em que o anterior é uma glândula endócrina e o posterior tecido nervoso. Os dois lobos estão logo abaixo (inferior) e são controlados pelo hipotálamo (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). A hipófise anterior, majoritariamente, responde a comandos vindos de forma hormonal através de terminações nervosas vindas do hipotálamo. Tal proximidade com o cérebro demonstra o caráter integrado entre os dois sistemas responsáveis pela comunicação do corpo. Na hipófise anterior temos a produção de hormônios que carregam estímulos para adaptações celulares de diversos tecidos e para estimular a produção de outros hormônios. Os principais hormônios produzidos na hipófise anterior estão descritos na Tabela 01 (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Tabela 01 – Principais hormônios sintetizados e liberados pela hipófise anterior Principais Hormônios Sintetizados e Liberados pela Hipófise Anterior. Hormônio Atuação Adrenocorticotrófico (ACTH) Estimula as células da camada cortical da glândula adrenal a sintetizar e liberar seus hormônios, dentre eles o cortisol. Luteinizante (LH) Estimula a produção de testosterona nos testículos e de estrogênio nos ovários. 50 Estimulante de Melanócitos (MSH) Estimula as células melanócitos para produzir melanina. Estimulador da Tireoide (TSH) Controla a velocidade de formação dos hormônios tireoidianos e a secreção de cortisol no córtex suprarrenal. Crescimento (GH) Estimula a liberação de fatores de crescimento semelhantes à insulina (IGF) pelo fígado e por outros tecidos.Prolactina Estimula a mama para produzir leite. Fonte: O autor O GH é um hormônio cujo conhecimento de sua atuação é fundamental para estudos envolvendo movimento humano e exercício, pois ele influencia diretamente sobre o desenvolvimento muscular e, com isso, na performance da atividade proposta. Apesar do fator de Crescimento Insulínico (IGF) poder ser produzido por diversos meios além do estímulo causado pelo GH, o fator de Crescimento Insulínico (IGF-1) sintetizado no músculo está associado à hipertrofia muscular. Outro efeito do GH influenciando o exercício físico está no metabolismo. Os principais estímulos de produção do GH estão descritos no esquema de fluxograma na Figura 06 (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Figura 06 – Fluxograma com principais estímulos de produção de GH Fonte: O autor 51 Atualmente a utilização de hormônios com a finalidade de melhorar a performance e estética corporal entre usuários de exercício recreacional tem chamado a atenção. Os estudos atuais envolvendo a utilização de GH com essa finalidade, inclusive em associação à utilização de outros hormônios, têm demonstrado dados alarmantes, sem mencionar o fato de não existirem estudos suficientes que comprovem a eficácia esperada da referida utilização. É importante ressaltar que os estudos atuais apontam para uma maior eventualidade de efeitos adversos em relação a efeitos benéficos da utilização de GH (Liu et al., 2008; Hoffman et al., 2009; Widdowson et al., 2009; Rogol, 2014; Powers e Howley, 2017). A hipófise posterior é o local onde se encontram dois hormônios, a ocitocina e o hormônio antidiurético (ADH ou Vasopressina arginina) (Tabela 02). Os hormônios encontrados na hipófise posterior são produzidos no hipotálamo, portanto trata-se de um local de armazenamento. A ocitocina estimula a musculatura lisa como no caso do parto e no início da produção do leite necessário para a amamentação. O ADH regula a produção de urina (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Tabela 02 – Principais hormônios armazenados e liberados pela hipófise posterior Principais Hormônios Sintetizados e Liberados pela Hipófise Posterior. Hormônio Atuação Hormônio antidiurético (ADH) Estimula a reabsorção de água dos túbulos renais para os capilares, controlando, também, a produção de urina. Ocitocina Estimula a musculatura lisa, em especial do parto. Estimula a saída do leite para a amamentação. Fonte: O autor 52 A tireoide é uma glândula que tem como principal finalidade a síntese e liberação de dois hormônios que são a tri-iodotironina (T3) e a tiroxina (T4). O TSH é o principal sinalizador da liberação de hormônios tireoidianos que, após secretados, se ligam a proteínas do plasma sanguíneo. Os hormônios tireoidianos são importantes reguladores metabólicos, nesse sentido, possíveis distúrbios em sua produção podem levar a quadros de aumento ou perda de peso excessivo, caracterizando quadros de hipotireoidismo (baixa produção de hormônios tireoidianos) ou hipertireoidismo (excesso de produção de hormônios tireoidianos) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). A tireoide também sintetiza e secreta a Calcitonina, que é um hormônio secundário responsável pela regulação de cálcio (Ca++) no plasma sanguíneo. O referido controle é feito por feedback negativo, em que baixas concentrações de Cálcio (Ca++) plasmático sinalizam aumento da produção de Calcitonina (Figura 07) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). O controle da síntese de hormônios tireoidianos se dá a partir de feedback negativo envolvendo o TSH, ou seja, altas concentrações de T4 e T3 inibem a liberação de TSH, enquanto baixas concentrações de T4 e T3 promovem maior liberação de TSH. Durante a prática de exercícios a concentração de T4 e T3 tende a diminuir, aumentando a liberação de TSH e, consequentemente aumentando a atividade da tireoide (Figura 07) (Powers e Howley, 2017). 53 Figura 07 – Fluxograma de atividade de Feedback Negativo envolvendo a síntese e secreção de hormônios tireoidianos Fonte: O autor A principal regulação de cálcio (Ca++) é feita pelo hormônio paratireóideo (ou paratormônio) que é sintetizado e secretado pela glândula paratireoide (localizada posteriormente à glândula tireoide em quatro glândulas). O referido hormônio estimula a liberação de Ca++ dos ossos no mesmo passo que estimula a captação desse íon pelo rim. Outro efeito da atuação do hormônio paratireóideo é o estímulo para o rim converter vitamina “D” em mais absorção de cálcio (Ca++) através do trato gastrointestinal (Figura 08). Durante o exercício, a absorção de Cálcio diminui enquanto aumentam as catecolaminas e o íon H+, efeito que ocorre com o aumento típico de hormônio paratireóideo nessas circunstâncias (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). A glândula suprarrenal está dividida em medula suprarrenal e córtex suprarrenal. A medula suprarrenal secreta catecolaminas (adrenalina e noradrenalina) e o córtex suprarrenal secreta hormônios esteroides (Figura 09) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). A medula suprarrenal secreta, majoritariamente, a adrenalina que afeta diretamente o funcionamento dos sistemas cardiorrespiratório, digestório, endócrino (outras glândulas) e muscular; afeta também o tecido adiposo, a pressão arterial e a concentração de glicose no 54 plasma sanguíneo (Figura 09). A adrenalina é um hormônio de ação rápida que está relacionado à sobrevivência do contexto de “luta ou fuga” (Trumper, 1930). A adrenalina possui receptores divididos em “α (α1 e α2)” e “β (β1 e β2)”; os efeitos ocorrem por segundo mensageiro e, dependendo do receptor, pode inibir ou excitar, direcionando a relevância de reação para o receptor (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). O córtex suprarrenal sintetiza hormônios esteroides. Os esteroides têm como base química o colesterol e, embora existam uma determinada variedade com diferenças estruturais muito pequenas, suas ações podem ser muito diferentes. Os esteroides podem ser divididos em mineralocorticoides (aldosterona – regula concentrações de Na+ e K+ no plasma sanguíneo), glicocorticoides (cortisol – regula glicose no plasma sanguíneo) e esteroides sexuais (andrógenos e estrógenos) (Figura 09) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Como consequência da diminuição da pressão no rim ou do volume plasmático, as células renais podem secretar uma enzima chamada de renina, que atua no plasma sanguíneo para a produção de angiotensina I, que é convertida nos pulmões em angiotensina II (efeito causado pela ação da enzima conversora de angiotensina [ACE}–tornando a angiotensina em um vaso compressor / Trata-se de um agente inibido, de forma medicamentosa, em hipertensos). A angiotensina II estimula a aldosterona (produzida no córtex suprarrenal), que aumenta a absorção de Na+ (Figura 09) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Durante a atividade física, as concentrações de renina, angiotensina e aldosterona se alteram significativamente a partir de aproximadamente 50% do VO2máx. Nesse contexto temos um aumento de hormônio natriurético atrial (ANH) que se opõe às ações da aldosterona, diminuindo o volume do sangue (Figura 09) (Powers e Howley, 2017). 55 Figura 09 – Fluxograma de divisões e hormônios secretados pela Glândula Suprarrenal Fonte: O autor O Cortisol é o principal glicocorticoide secretado pelo córtex suprarrenal e contribui para a manutenção da glicose plasmática durante períodos sem ingestão de alimentos ou durante a prática de exercícios. O cortisol é responsável por sinalizar a degradação de proteínas (também inibe a síntese proteica), liberando os aminoácidos para serem transformados em glicogênio no fígado, movimenta os ácidos graxos do tecido adiposo e estimula a síntese de glicose. Nesse contexto, a utilização de ácidos graxos é estimulada. O controle de síntese de cortisol funciona de forma semelhante aos hormônios tireoidianos,no qual o corticotrofina (CRH) sintetizado no hipotálamo faz com que a hipófise anterior secrete mais ACTH que, por sua vez, estimula a produção de cortisol (Figura 10) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). O fato do cortisol ser agente de degradação de proteínas, libera os aminoácidos para nova utilização em reparos e cicatrização de possíveis danos. A principal fonte de aminoácidos a partir da ação do cortisol é o tecido muscular, porém a atrofia excessiva é evitada pela ação dos glicocorticoides estimulados, principalmente, por exercícios (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). 56 Figura 10 – Fluxograma de estímulo e atividade do hormônio Cortisol Fonte: O autor O pâncreas é uma glândula mista, pois possui porção endócrina e exócrina, tendo como principais hormônios glucagon, somatostatina e insulina. O glucagon é secretado pelas células alfa (α) das ilhotas de Langerhans e tem como principal finalidade o estímulo à produção e disponibilização de glicose em reserva hepática (glicogenólise) e de ácidos graxos. A insulina é secretada pelas células beta (β) das ilhotas de Langerhans e estimula os tecidos a absorverem glicose e aminoácidos, reservando glicogênio, ou seja, serve de facilitador de transporte pelas membranas celulares. A somatostatina é um hormônio secretado nas células delta das ilhotas de Langerhans e é um importante regulador do comportamento de absorção de nutrientes no trato gastrointestinal, e está associada, também, à regulação de insulina (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017; Mcardle et al., 2018). O glucagon e a insulina são fundamentais para o controle energético durante a atividade física, principalmente por serem “hormônios de ação rápida”. Baixas taxas de insulina podem levar a um grande acúmulo de glicose no plasma sanguíneo. A esse quadro é dado o nome de Diabetes Mellitus (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017; Mcardle et al., 2018). 57 A testosterona e o estrogênio são os principais hormônios secretados pelas glândulas dos sistemas reprodutores masculino e feminino. A testosterona é sintetizada nos testículos, enquanto o estrogênio no ovário (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). A testosterona tem sua produção estimulada a partir do hormônio estimulador das células intersticiais (ICSH ou LH) que é produzido na hipófise anterior e controlada pelo hipotálamo. A produção de espermatozoide depende da testosterona e do hormônio foliculoestimulante (Figura 11) (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Figura 11 – Produção de testosterona e espermatozoide a partir da ação do hipotálamo Fonte: O autor A testosterona é um hormônio anabólico (aumento de tecido) e androgênico (características masculinas). A concentração de testosterona no plasma sanguíneo aumenta de forma significante durante exercícios de média e alta intensidades. O referido evento pode estar associado à diminuição do conteúdo plasmático (decorrente da atividade física de média e alta intensidade), assim como ao processo de adaptações necessárias na supercompensação de adaptação ao exercício, incluindo a hipertrofia muscular (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). 58 O Estrogênio é o principal conjunto de hormônios responsável pelas características femininas secundárias, como o desenvolvimento das mamas e localização da reserva de gordura; sua produção ocorre nos ovários. Durante a fase folicular do ciclo menstrual o LH estimula a produção de andrógenos no folículo que passam a ser convertidos em estrógenos sob efeito do FSH (Figura 12). Após o início de outro ciclo menstrual, partindo da ovulação, tanto o estrógeno quanto a progesterona voltam a ser produzidos no corpo lúteo. Durante o exercício, o estrógeno apresenta um pequeno aumento atribuído à diminuição do conteúdo do plasma sanguíneo (Kraemer et al., 2016; Powers e Howley, 2017). Figura 12 – Localização das principais glândulas do corpo humano Fonte: iStock – newannyart https://www.istockphoto.com/br/portfolio/newannyart?mediatype=illustration 59 Tabela 03 – Resumo: principais glândulas e seus hormônios RESUMO Glândulas Hormônios Ação Fatores que controlam sua secreção Estímulos que provocam uma resposta Efeito do exercício Hipófise anterior Hormônio do crescimento (GH) Promove o aumento, mobilização de AGL e gliconeogênese; abranda a absorção de glicose Hormônio liberador de GH hipotalâmico; Somatostatina Exercício: “estresse”; baixa glicose sanguínea Aumento Hormônio estimulador da tireoide Acrescenta a produção e secreção de T3 e T4 Hormônio liberador de TSH hipotalâmico (TSH) T3 e T4 plasmáticos baixos Aumento Hormônio adreno- corticotrófico (ACTH) Aumenta a síntese de cortisol Hormônio liberador de ACTH hipotalâmico “Estresse”; fraturas ósseas; exercício intenso; queimaduras, etc. ? Gonadotrofinas: hormônio foliculoesti- mulante (FSH); hormônio luteinizante (LH) Mulher: produção de estrogênio e progesterona e incremento dos óvulos Homem: produção de testosterona e incremento dos espermatozoides Hormônio liberador gonadotrófico hipotalâmico Mulheres: estrogênio e progesterona plasmáticos Homens: testosterona plasmática Gatilho cíclico ou intermitente de neurônios no hipotálamo Alteração pequena ou sem mudança Endorfinas Impedem a dor pela atuação nos receptores de opiatos no cérebro Hormônio liberador de ACTH “Estresse” Aumento para exercício ≥70% do VO2máx 60 Hipófise posterior Hormônio antidiurético (ADH) (vasopressina) Diminui a perda de água renal; aumenta a resistência periférica Neurônios hipotalâmicos Volume plasmático; osmolaridade plasmática Aumento Tireoide Tri-iodotironina (T3); tiroxina (T4) Aumenta a alíquota metabólica, mobilização dos combustíveis, crescimento TSH; T3 e T4 plasmáticos T3 e T4 baixos Aumento de T3 e T4 “livres” Calcitonina Diminui o cálcio plasmático Cálcio plasmático Cálcio plasmático alto ? Paratireoide Hormônio paratireoide Acrescenta o cálcio plasmático Cálcio plasmático Cálcio plasmático baixo Aumento Córtex suprarrenal Cortisol Adiciona a gliconeogênese, a mobilização dos AGL e a síntese de proteína; abranda a utilização da glicose ACTH Ver ACTH nesta tabela Aumento no Exercício intenso; Diminuição no exercício leve Aldosterona Aumenta a excreção de potássio e a reabsorção de sódio nos rins Concentração plasmática de potássio e sistema renina- angiotensina Pressão arterial e volume plasmático baixos; potássio plasmático elevado e atividade simpática elevada nos rins Aumento Medula suprarrenal Adrenalina (80%); noradrenalina (20%) Acrescenta a glicogenólise, mobilização dos AGL, frequência cardíaca, volume sistólico e resistência periférica Informação dos baroceptores; receptor de glicose no hipotálamo; centros cerebral e espinal Pressão arterial e glicose sanguínea baixas; excesso de “estresse”; emoção Aumento 61 Pâncreas Insulina Aumenta a absorção de glicose, aminoácidos e AGL nos tecidos Concentrações plasmáticas de glicose e aminoácidos; sistema nervoso autônomo Concentrações plasmáticas de glicose e aminoácidos altas; diminuição da adrenalina e da noradrenalina Aumento Glucagon Aumenta a mobilização da glicose e dos AGL; gliconeogênese Concentrações plasmáticas de glicose e aminoácidos; sistema nervoso autônomo Baixas concentrações plasmáticas de glicose e aminoácidos; elevação da adrenalina e da noradrenalina Aumento Testículos Testosterona Síntese de proteína; características sexuais secundárias; impulso sexual; produção de espermatozoides FSH e LH (ICSH) Acréscimo