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1992-Texto do artigo-7652-1-10-20150709 (2)

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39 
Revista de Direito 
Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009 
Arthur Cordenuzzi Neto 
Rede de Ensino LFG 
arthurnetors@yahoo.com.br 
 
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA: UMA VISÃO CRÍTICA 
RESUMO 
Este estudo trata de um dos temas polêmicos na atual conjuntura 
brasileira: a violência doméstica contra a mulher. Primeiramente 
traz uma reflexão dos problemas sociais que assolam os cidadãos, 
como o controle da natalidade, educação brasileira, e criminalida-
de. Em seguida, aborda a falta de preparo dos governantes para o 
enfrentamento desta problemática, e também debate a compreen-
são dos Direitos Humanos no Brasil. Por fim, busca dimensionar 
os fatores que podem gerar violência, os aspectos negativos da 
banalização do Direito Penal, e a falta de competência dos legisla-
dores brasileiros no tocante ao não uso de políticas criminais para 
solução de conflitos e suas repercussões. Partindo da análise da 
Lei 11.340/06, e de todo o contexto histórico brasileiro, concluímos 
que somente novos diplomas jurídicos não respondem satisfatori-
amente os anseios da sociedade, pois após dezesseis anos da pro-
mulgação de nossa Carta Magna, as mudanças foram mínimas 
diante do aumento da miséria e pobreza, dos índices de criminali-
dade e das desigualdades sociais, os quais jamais alcançaram ín-
dices tão significativos. 
Palavras-Chave: Violência doméstica; Direitos Humanos; Políticas Cri-
minais. 
ABSTRACT 
This study it deals with one the controversial subjects in the 
current Brazilian conjuncture: the domestic violence. First it brings 
a reflection the social problems that devastate the citizens, as the 
control of natality, Brazilian education, and crime. After that, it 
approaches the lack of preparation the governing for 
confrontation this problematic one, and also it has debated the 
understanding of Human Rights in Brazil. Finally, it searches to 
the factors that can generate violence, the negative aspects the 
Criminal Law, and the lack of ability the Brazilian legislators in 
regards to not the use of criminal politics for solution conflicts and 
its repercussions. Leaving of the analysis of Law 11.340/06, and 
all the Brazilian historical context, we after conclude that only new 
legal diplomas satisfactorily do not answer the yearnings of the 
society, therefore sixteen years of the promulgation of our Great 
Letter, the changes had been minimum ahead of the increase of 
the misery and poverty, the indices of crime and the social 
inequalities, which had never reached so significant indices. 
Keywords: Domestic Violence; Human Rights; Criminal Politics. 
Anhanguera Educacional S.A. 
Correspondência/Contato 
Alameda Maria Tereza, 2000 
Valinhos, São Paulo 
CEP. 13.278-181 
rc.ipade@unianhanguera.edu.br 
Coordenação 
Instituto de Pesquisas Aplicadas e 
Desenvolvimento Educacional - IPADE 
Informe Técnico 
Recebido em: 26/03/2009 
Avaliado em: 14/07/2009 
Publicação: 11 de agosto de 2009 
Violência doméstica: uma visão crítica 
Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009 • p. 39-50 
40 
1. INTRODUÇÃO 
A sociedade brasileira está inserida no grupo das sociedades mais violentas do mundo, 
uma vez que os índices de violência são alarmantes e faz da insegurança uma experi-
ência amplamente compartilhada, tornando-se inevitável, por parte do governo, o au-
mento de políticas públicas relacionadas ao tema. 
Tal situação remete ao seguinte questionamento: a criação de novas legisla-
ções por parte dos governantes tem alcançado o resultado pretendido? Será que bus-
cam realmente algum resultado? O número crescente e desordenado de decretos, leis, 
medidas provisórias e emendas constitucionais resultam numa sensação de impunida-
de na sociedade, ao passo que os mecanismos para cumprimento de tais legislações são 
ineficazes frente a um aparato Estatal deficiente. 
Considerando que a legislação brasileira não respondia de forma satisfatória à 
realidade por não oferecer proteção necessária às mulheres, tampouco punia o agressor 
adequadamente, fez-se necessária a criação de novos aparatos para enfrentamento a 
esse tipo de violência. 
Para tratar do tema – Violência Doméstica – dentre as tantas questões que se 
apresentam, abordaremos a violência doméstica contra a mulher, trazendo algumas refle-
xões acerca do por que do aumento dos índices de violência nos últimos anos, e onde 
estaria a raiz do problema? 
2. A VIOLÊNCIA E SUAS REPERCUSSÕES SOCIAIS 
A sociedade brasileira encontra-se diante de uma crise exacerbada. O modelo de de-
senvolvimento econômico adotado historicamente reproduz as desigualdades e na a-
tual conjuntura vem se aprofundando cada vez mais. 
Rossato et al. (2006) em sua obra As bases da sociologia, acredita que o Brasil es-
tá profundamente marcado por contrastes econômicos, culturais, políticos de forma 
que ainda se questiona se constituímos uma civilização ou se somos um agregado soci-
al, sem laços estruturantes que estabeleçam uma determinada ordem. Complementa 
que as desigualdades sociais históricas não foram superadas configurando ainda uma 
sociedade que não conseguiu inserir-se nos padrões das modernas superando as gran-
des distâncias que marcam os grupos sociais que as compõem. 
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Revista de Direito • Vol. XII, Nº. 15, Ano 2009 • p. 39-50 
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Somada a esta realidade, a população brasileira ainda enfrenta o desemprego, 
um salário mínimo que não garante o mínimo para sobrevivência e sobretudo, uma po-
lítica de segurança pública que, com seus métodos violentos e discricionários, instaura 
medo e insegurança. 
Neste sentido, a violência acaba por não se restringir aos crimes mais falados 
na sociedade: homicídio, latrocínio, assalto, tráfico de drogas – pois esta é a sua face 
mais aparente, mais contundente. Trata-se de um fenômeno social que se ancora e se 
reproduz subjetivamente, expressando-se em condutas também violentas. 
Rosa (2001) enfatiza que: 
O crime é a face mais descarada da violência. Acaba se constituindo numa cortina de 
fumaça, desviando a atenção da opinião pública de suas determinações [...] Vivemos 
num clima social que produz e potencializa a violência. (ROSA, 2001, p. 182). 
Sob a ótica de Gomes (2006), durante muitos anos acreditou-se na relação qua-
se direta entre a miséria e a violência, entretanto, está tornando-se cada vez mais evi-
dente que a relação é outra: urbanização desordenada, somada a miséria e ao desem-
prego, entre outros, sendo os componentes que determinam a violência. 
Para Trezzi (2007) a chave do crime está na desigualdade social, não na pobre-
za. Repetida como um mantra entre cientistas sociais, esta premissa ajuda a explicar o 
mapa da violência esboçado nas cidades com baixa criminalidade perfiladas, têm mui-
tas coisas em comum, pois quase todas ficam na metade sul do Estado, a mais estagna-
da economicamente. Alguém poderia supor que a pobreza que grassa entre os sulinos 
fosse motivo para a violência, mas isso parece que não está acontecendo. Assim como 
no sul do Rio Grande, na Índia e, para não ficar longe, na maioria dos Estados do nor-
deste brasileiro, a pobreza é grande, e a criminalidade é baixa. O que parece comprovar 
a tese de que o crime cresce mesmo é diante da desigualdade social. 
Embora não sejam suficientemente explicativos, esses fatores, somados a tan-
tos outros contribuem significativamente para compreendermos a atual estrutura da 
sociedade contemporânea brasileira. 
3. VIOLÊNCIA DOMÉSTICA CONTRA A MULHER 
A violência doméstica e de Gênero é um problema complexo, que possui profundas ra-
ízes na organização social, nas estruturas econômicas e de poder na sociedade. Enfren-
tá-la exige o desenvolvimento de políticas públicas em diversas áreas em que haja mo-
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bilização e conscientização da sociedade, engajamento dos governos e dos mais amplos 
setores sociais. (Secretaria Especial de Políticas paraas Mulheres, BRASIL, 2003). 
A emergência da violência doméstica como problema público, nos anos 
1970/1980, no Brasil, colocou em discussão formas de conceber e enfrentar a questão 
que se embasava no pressuposto de que as relações familiares pertencem à denomina-
da esfera da vida privada, não cabendo, portanto, a interferência de terceiros, nem do 
Estado, pois dizem respeito apenas aos sujeitos nela envolvidos (ROCHA, 2001). 
Para Kowalski (2007) os indivíduos, em suas relações familiares e nas contra-
dições cotidianas, põem em evidência os seus conflitos que acabam desembocando no 
Poder Judiciário como forma de resolução. Entretanto, os mecanismos de resolução 
condizem com a regulação de leis, legitimando o poder de instituições públicas. 
Torna-se relevante elucidarmos o que dispõe o art. 226, § 8º da Constituição 
Federal de 1988: “A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. § 8° O 
Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, cri-
ando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.” 
Neste contexto, as Delegacias acabam servindo como primeiro recurso para 
solução de problemas decorrentes dos conflitos entre os membros da família, pois fo-
ram implantadas devido à ausência de outros serviços para o atendimento às deman-
das nas situações de violência doméstica. O conflito entre a expectativa elevada de par-
te da sociedade e dos movimentos sociais organizados colocou as Delegacias de aten-
dimento à Mulher frente a importantes impasses uma vez que muitos foram os papéis 
a elas atribuídos. Estes papéis nem sempre se adequaram aos objetivos para os quais 
foram preconizadas e estavam equipadas. 
Tem-se notado grande maioria das mulheres que procuram as DEAM’s muitas 
vezes carrega consigo a esperança de que a polícia irá resolver o seu problema familiar. 
Um grande número destas entende que as delegacias de polícia para a mulher devam 
achar a solução para o seu casamento, ou melhor, na maioria dos casos (de lesões do 
tipo vias de fato, ou pequenas ameaças) “darem um susto” nos maridos para que pa-
rem de beber e lhes importunar, o que intrinsecamente dá a entender que querem so-
mente ter uma relação feliz com os companheiros. 
A precariedade das instalações e equipamentos dos órgãos da Polícia brasilei-
ra não permite às autoridades policiais cumprir com tão avançado programa de assis-
tência e proteção à mulher. O trabalho policial, assim como o da segurança pública co-
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mo um todo, tem limites: ele isoladamente não dará conta dos problemas de segurança, 
que são complexos, móveis e dependentes de fatores sociais, culturais e pessoais que 
transcendem as práticas das corporações de segurança pública. 
Ligada a esta problemática, a operacionalidade do sistema penal vem demons-
trando-se insuficiente ao enfrentamento da questão do conflito e violência de gênero e 
família, um fato que não pode ser atribuído exclusivamente ao ordenamento jurídico, 
pois fazem parte de nosso cotidiano leis que não são cumpridas e políticas públicas es-
quizofrênicas. 
Um dos problemas freqüentes nas políticas públicas deve-se à descontinuida-
de em função das mudanças de governo e ao fato de as características das ações nesta 
área estarem vinculadas às iniciativas individuais (SOUZA; ADESSE, 2005) 
Para efetivarem-se ações de prevenção, redução da violência contra as mulhe-
res e suas repercussões sobre as famílias e sociedade é necessária a reunião de recursos 
públicos, comunitários, envolvimento do Estado e da sociedade em seu conjunto, o que 
requer compromisso efetivo destes na implementação de políticas públicas frente aos 
prejuízos pessoais e sociais que atingem as mulheres em situação de violência. 
Nesta perspectiva, segundo pesquisa realizada pelo IPAS (2006), o Brasil é co-
nhecido como o país que mais sofre com a violência doméstica, perdendo cerca de 
10,5% do seu PIB em decorrência desse grave problema. 
Entretanto, muitos avanços em termos de direitos das mulheres foram con-
quistados no passar dos anos. Podemos lembrar, que ainda no inicio da década de 60, 
tinha-se a mulher como relativamente capaz, o que foi sepultado com a Lei n° 4121/62 
(Estatuto Civil da Mulher Casada), onde a mulher passa a ser considerada companhei-
ra e colaboradora do marido. 
Em 07 de agosto de 2006 foi aprovada a Lei 11.340 - Lei Maria da Penha - que 
veio saldar os compromissos do Estado brasileiro com as mulheres e com a comunida-
de internacional. Antes da nova lei, os crimes de violência contra as mulheres, cujas 
penas não ultrapassavam dois anos, eram considerados “delitos de menor potencial o-
fensivo” e julgados pela Lei 9099/95 (Leis dos Juizados Cíveis e Criminais - JECrims). 
Até a nova Lei, constava-se no Brasil a vigência de dois instrumentos legais contraditó-
rios no que se refere à violência contra a mulher – a Convenção de Belém do Pará, ins-
trumentos internacional e nacional de Direitos Humanos, que destaca a gravidade des-
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sa violência, e a Lei 9.099/95, que o incluía essa violência no rol dos crimes de menor 
potencial ofensivo. 
Trata-se de lei extensa e repleta de boas intenções em seus 46 artigos, acresci-
dos de parágrafos e incisos. Seu texto é marcado por um grande número de normas 
programáticas, entre elas a que determina que o poder público desenvolva políticas 
que visem garantir os Direitos Humanos das mulheres no âmbito das relações domés-
ticas e familiares no sentido de resguardá-las de toda forma de negligência, discrimina-
ção, exploração, violência, crueldade e opressão. 
Acreditava-se que em função da vigência nova Lei 11.340/06, as mulheres 
passariam a efetuar mais registros de violência sofrida, pois a sensação é de que a “coi-
sa” mudou mesmo. Portanto, não será fácil cumprir todas as suas normas que prescre-
vem ações governamentais verdadeiramente transformadoras da realidade socioeco-
nômica brasileira. 
Para refletirmos sobre a violência em seu âmbito familiar, é necessário acredi-
tar que as mulheres podem tornar-se sujeitos de suas próprias vidas e superar as rela-
ções de subordinação e opressão que dão origem à violência. 
Portella (2004) entende que de maneira geral, a violência precisa de legitimi-
dade para ser exercida, e esta é o que irá determinar o maior ou menor grau de permis-
sividade ou licença social para a violência. Contextos democráticos e mais igualitários 
são, teoricamente, menos permissivos com a violência, estimulando as formas negocia-
das e institucionalmente mediadas para a resolução de conflitos. 
Acredita que, afirmar que todas as mulheres estão expostas à violência não é o 
mesmo que dizer que todas as mulheres estão expostas à mesma violência ou à mesma 
intensidade e severidade das agressões. Hoje sabemos que há determinantes diferenci-
ados, fatores de risco e fatores de proteção e contextos mais e menos vulneráveis à vio-
lência, porque as relações de gênero que fundam a violência não existem no vazio, mas, 
sim, em contextos históricos e sócio-culturais específicos que conferem características 
diferenciadas à violência. 
A violência doméstica está muitas vezes associada a vários outros problemas 
psicológicos e sociais, como a dependência de álcool e outras drogas, a pobreza, o es-
tresse e a exclusão social, embora não seja uma decorrência direta desses fatores. 
Quando a vítima encontra apoio para vencer a situação de violência doméstica, ela está 
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ao mesmo tempo ampliando suas perspectivas como cidadã, tornando-se consciente de 
seus direitos e dotando-se dos recursos para conquistá-los. 
As causas e os efeitos da violência doméstica são complexos e variados.Por is-
so, as vítimas apresentam múltiplas demandas durante o processo em que tentam se 
libertar da situação de violência, requerendo atendimento contínuo e diversificado. 
Deve ficar claro que conflito conjugal e violência doméstica contra a mulher, não são a 
mesma coisa. 
A mera prisão dos agressores não produz resultados eficientes no sentido de 
reduzir a violência de gênero e preservar a segurança das vítimas, embora ela seja ine-
vitável quando se trata de agressões graves. Reconheça-se que o sistema prisional vive 
uma de suas mais dramáticas crises, com superlotação ostensiva na absoluta maioria 
das cadeias do País. 
Apostar simplesmente na criminalização e no encarceramento, sobretudo se 
este vem desacompanhado de processos reeducativos, significa investir na mesma ló-
gica de que se alimenta a violência. Sem intervenção, as situações de violência domésti-
ca tendem a se tornar cada vez mais freqüentes e severas. Embora nem sempre seja fá-
cil para vítimas e agressores perceber exatamente quando a relação se tornou irremedi-
avelmente violenta, é importante intervir o quanto antes para evitar que as agressões se 
tornem mais e mais severas. 
O tratamento ressocializador enquanto ideologia que sustenta o sistema penal 
revelou-se em uma crise severa de legitimidade, principalmente a partir da constatação 
de que a prisão (principal instrumento do sistema penal vigente) como forma de reabi-
litação do delinqüente torna a promessa ideológica irrealizável. 
Devemos deixar claro, que não estamos tratando aqui dos delitos mais graves 
(Estupro, atentado violento ao pudor, cárcere privado, seqüestro etc.). O que queremos 
mostrar é que o Direito Penal não tem mais lugar para resolver problemas de relacio-
namento familiar, que poderiam ser resolvidos em âmbito cível. No nosso entendimen-
to, a polícia é muitas vezes “usada” pela população para não ter que ir até uma Vara 
especializada em família e entrar com o processo de separação, o que requer custos ou 
muitas vezes demora no deslinde da questão. Dessa forma, é elogiável a criação de 
mais uma norma jurídica no ano de 2006, a qual prevê a separação consensual que po-
derá ser feita nos cartórios de registros públicos, mudando assim um panorama de bu-
rocracia exacerbada para com o cidadão. 
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O Direito Penal, na perspectiva do penalista alemão Claus Roxin apud Robaldo 
(2006) "deve garantir os pressupostos de uma convivência pacífica, livre e igualitária 
entre os homens, na medida em que isso não seja possível através de outras medidas 
de controle sócio-políticas menos gravosas". 
Nessa dimensão, portanto, o uso do Direito Penal só se justifica para a prote-
ção subsidiariamente de bens jurídicos essenciais, na medida em que pune ou impede a 
prática de determinadas infrações e desperta, conseqüentemente, a consciência jurídica 
da população. Quando se procura, por exemplo, por meio da norma penal, proteger a 
vida, a liberdade, o patrimônio, dentre outros bens jurídicos relevantes, está-se procu-
rando sedimentar na população o respeito por esses valores, justamente porque os 
mesmos são imprescindíveis para uma convivência pacífica. E a sua busca implica na 
abdicação de determinados direitos individuais. O homem, no ideário iluminista, abre 
mão de certas regalias pessoais (direitos individuais) em função da paz social e indivi-
dual, caracterizando-se aquilo que se convencionou denominar-se de pacto social. 
É necessário que fique bem claro à população que leis penais, conquanto im-
portante para a tranqüilidade social, não são suficientes para tal. Se a lei penal, por si 
só, resolvesse os problemas cruciais de segurança pública, a solução para essas ques-
tões já teriam surgido há tempo. O Direito Penal nesse contexto é importante, porém, 
insuficiente. 
Imagina-se que ninguém de sã consciência esteja totalmente satisfeito com a 
legislação penal que temos, salvo os criminosos. Exigem-se alguns reparos a lei penal, 
sobretudo no que diz respeito aos crimes organizados. Tratamento diferenciado para 
os criminosos perigosos, os "Marcolas da vida", é uma exigência premente. Nesse con-
texto, cremos que até mesmo a mitigação de certos direitos fundamentais se justifica. 
Contudo, deve-se tomar cuidado para não cair na tentação do simbolismo, do faz de 
conta de um lado e do arbítrio de outro. 
Hermann (2002), ao citar Foucault, menciona que: 
A prisão institucionalizou-se à luz do Direito Canônico, com um caráter penitente, e 
pretendeu progredir para um enfoque reeducativo, propalando, modernamente, o 
discurso do tratamento ressocializador do agente. Mas esse discurso oficial é ampla-
mente descumprido, e a ideologia do tratamento ressocializador mostrou-se inviável 
em termos de operacionalização, sendo que a prisão só subsiste como pena porque, 
como diz Foucault, não se sabe o que por em seu lugar. [...] Na verdade, a crítica coe-
rente deve passar pelo reconhecimento de que a prisão não é instrumento hábil para 
promover a ressocialização de ninguém, na medida em que reflete as desigualdades 
sociais e segrega os indivíduos excluídos pela própria sociedade. O fato é que o cla-
mor levantado contra a prisão redundou, a partir dos anos sessenta deste século, em 
diversos movimentos de crítica ao sistema penal contemporâneo e de reforma penal, 
entre eles o minimalismo penal e o abolicionismo (os dois maiores). Paulatinamente e 
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dialeticamente, vem se instalando a convicção de que a postulação abstrata da resso-
cialização não é viável, e – principalmente – que a prisão não é o lugar adequado pa-
ra sua realização. (HERMANN, 2002, p. 46-48). 
Na análise de Robaldo (2006): 
[...] o simbolismo do Direito Penal está justamente no fato da sua utilização, não co-
mo meio de contribuição efetiva para uma convivência pacífica, e sim, como uma 
forma enganosa dessa proteção, própria do político que se apresenta como "salvador 
da pátria". Na realidade, ele não está preocupado com o bem estar social ou indivi-
dual da população, mas sim, com sua eleição ou reeleição. (ROBALDO, 2006, p. 02) 
Hoje alguns doutrinadores mencionam que o número desordenado de legisla-
ções mais atrapalha do que ajuda a manter a sociedade num padrão aceitável de crimes 
e, em nosso entendimento a punição, na forma de pena, deveria ter a função de resso-
cialização do indivíduo, tal como uma forma de o Estado punir restringindo um dos 
maiores direitos do cidadão: Liberdade. 
Nas lições de Giuseppe Bettiol, “a força real da pena está realmente, em sua 
justiça, ou seja, em sua proporcionalidade”. A gama de finalidades da pena é extensa e 
dentre os conceitos mais conhecidos estão o que já previa as Escolas Positiva: “o crime 
é um fenômeno natural e social, e a pena meio de defesa social”; Escola Clássica: “a pe-
na é um mal imposto ao indivíduo a que merece um castigo em vista de uma falta con-
siderada crime, que voluntária e conscientemente cometeu”. 
O caráter retributivo da pena, pra não dizer que nunca, dificilmente é alcança-
do dentro do sistema processual brasileiro, onde a justiça é muitas vezes tardia e inefi-
ciente. Quando se fala que a pena tem como fim fazer justiça, e nada mais, revela-se o 
princípio da proporcionalidade, há muito esquecido pelo operador do direito. A pro-
gressão de regime é vista, muitas vezes, como um malefício para a sociedade. Se for 
pensado na finalidade da pena em repressão ao crime, fica evidente a falência do sis-
tema. Enquanto não houver políticas mais contundentes de inclusão social e diminui-
ção das desigualdades pelos governantes, a tendência e só o aumento gradativo da 
criminalidade e a conseqüente enxurrada de leis penais para endurecimento do Direito 
Penal em relação ao delinqüente. 
O Direito Penal deve ser usado comobem define parte da doutrina como últi-
ma ratio, e não como primeiro mecanismo de combate ao crescimento do crime, pois e-
xiste para servir vários propósitos. O estabelecimento de uma anarquia punitiva dentro 
de uma sociedade de valores, demonstra seu caráter simbólico, na medida em que é 
aceito pela sociedade como um mal necessário. 
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Não poderíamos falar das mazelas brasileiras sem deixar de citar o excessivo 
número de normas legislativas emanadas pelos poderes públicos desde a promulgação 
da CF/88, mas é claro que não podemos dizer que há uma ligação direta entre a vio-
lência atual e a avalanche legislativa. 
4. CONSIDERAÇÕES FINAIS 
Não há dúvida de que é preciso eliminar a violência doméstica contra a mulher em seu 
âmbito familiar, e quanto a isto, não há divergências uma vez que seu fundamento po-
lítico jurídico é admirável e difícil de ser contestado. 
A nova lei certamente é propulsora de muita polêmica, sendo fonte de mere-
cidas críticas uma vez que muitas das restrições e sanções previstas apresentam-se na 
contramão do processo histórico-cultural que envolve e conduz o Direito como instru-
mento de controle social e solução de conflitos individuais e interpessoais. 
Nesta direção acredita-se que não se deve diminuir ou menosprezar a gravi-
dade da violência que se pratica contra a mulher no interior dos lares e seus efeitos ne-
gativos, que atingem não só a dignidade da mulher como também a formação dos fi-
lhos, culminando na desestruturação das relações intra-familiares. 
A lei isolada é um instrumento limitadíssimo à transformação pessoal, cultural 
e de condutas. A experiência internacional demonstra que nenhuma iniciativa isolada é 
capaz de fazer face à violência intra-familiar por tratar-se de um problema de enorme 
complexidade resultante de uma conjunção de fatores sociais, culturais e psicológicos, 
capaz de gerar um leque de conseqüências igualmente complexas e diversificadas. So-
mente quando articuladas, as polícias, as unidades de atendimento, a justiça e as redes 
sociais de apoio ganham capacidade de ação e amplificam os efeitos de suas respecti-
vas intervenções. 
A realidade brasileira está voltada ao Direito Penal de emergência, ou em uma 
expressão conotativa “Direito Penal bombeiro”, pois muitas leis são editadas conforme 
o clamor público da mídia, sendo algumas elaboradas muitas vezes para satisfação de 
uma pretensão populacional, em caráter urgente. O sentimento de impunidade aflige 
grande parte da população diante de representantes mal intencionados, onde só o que 
importa é angariar votos a qualquer custo. 
A sociedade brasileira usufrui de um sistema prisional completamente falido, 
ao mesmo tempo em que não se ouve falar em políticas de prevenção ao crime organi-
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zado, e, diante de um aparato policial deficiente, já não há mais tempo para conversas 
sem objetivos. O que o país necessita é de mais ações concretas e menos teorias infun-
dadas onde somente o estudo dos fatores ligados à criminalidade não são o cerne da 
questão, mas o agir, em prol da população com políticas de desenvolvimento mais a-
dequadas à nossa realidade. 
A violência hoje se tornou mais um sintoma social do que doença social, e re-
quer distinção e análise sistemáticas dos meios mais adequados e eficientes de solucio-
nar o problema. Para tanto a vontade política dos governantes e operadores do direito 
deve ser muito bem observada a fim de que não transformem leis em cartilhas inúteis, 
como já aconteceu a tantas outras. 
A construção de uma rede de assistência e parcerias pode ser uma das medi-
das possíveis para estancar o avanço e manter um controle social maior sobre a violên-
cia. O desenvolvimento de mais políticas públicas voltadas à educação e direcionadas 
como base para um desenvolvimento econômico são de fundamental importância para 
elevar o ensino, seja em qualquer de seus níveis, ao lugar que deveria ocupar dentro 
das prioridades de governo. 
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Arthur Cordenuzzi Neto 
Graduado em Direito pela UNICRUZ-RS. Pós Graduado em 
Ciências Criminais pela UNAMA/UVB e em Segurança 
Pública e Direitos Humanos pela FADISMA. Linha de pes-
quisa: violência de gênero e políticas públicas voltadas à 
mulher e ao idoso. 
 
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