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Transtornos de Personalidade Profa Paula Prata Conteúdo a ser desenvolvido Transtornos de PERSONALIDADE Personalidade Tratamento Transtornos Casos clínicos Sistemas classificatórios TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE Personalidade Grego: persona → máscara (dos personagens do teatro). Latim: personare → ressoar por meio de algo. As 2 conotações do termo apontam para um sentido comum: o autor/ator faz ressoar a sua voz, a sua versão da história, por meio das diversas máscaras, das diversas personagens que cria. Personalidade “Personalidade é o conjunto integrado de traços psíquicos, consistindo no total das características individuais, em sua relação com o meio, incluindo todos os fatores físicos, biológicos, psíquicos e socioculturais de sua formação, conjugando tendências inatas e experiências adquiridas no curso de sua existência.” (Bastos, 1997b) Personalidade Constituição corporal CaráterTemperamento Personalidade Constituição corporal É o conjunto de propriedades morfológicas, metabólicas, bioquímicas, hormonais, etc., transmitidas ao indivíduo principalmente (mas não apenas) pelos mecanismos genéticos. • Ex.: aspecto do indivíduo, sua aparência física, o perfil de seus gestos, sua voz, os estilo dos movimentos, etc. Personalidade Temperamento É o conjunto de particularidades psicofisiológicas e psicológicas inatas, que diferenciam um indivíduo de outro. São determinados por fatores genéticos ou constitucionais precoces. Personalidade Caráter Senso comum: conotação moral Para a psicopatologia: reflete o temperamento moldado, modificado e inserido no meio familiar e sociocultural. SISTEMAS CLASSIFICATÓRIOS CID-11 DSM 5 - TR Cluster Paranoide Paranoica A Estranhos Esquizoide Esquizoide Transt. Esquizotípico (F21) Esquizotípica Dissocial Antissocial B Emocionais Errantes Emocionalmente instável Borderline Outros Transt. Person. Narcisista Histriônico Histriônica Anancástico Obsessivo-compulsivo C Ansiosos Ansioso (evitativo) Esquiva Dependente Dependente Sistemas classificatórios Mudança de personalidade devido a outra condição médica Perturbação persistente da personalidade entendida como decorrente dos efeitos fisiológicos diretos de uma condição médica. Ex.: lesão no lobo pré-frontal. O caso Phineas Gage 1823-60 Ratiu P. & Talos I. F. (2004). The tale of Phineas Gage, digitally remastered. N. Engl. J. Med. 351: e21-e21. DOI: 10.1056/NEJMicm031024 http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMicm031024 Outro transtorno da personalidade especificado e transtorno da personalidade não especificado Categorias utilizadas para duas situações: 1. O padrão da personalidade do indivíduo atende aos critérios gerais para um transtorno da personalidade, estando presentes traços de vários transtornos da personalidade distintos, mas os critérios para qualquer um desses transtornos específicos não são preenchidos 2. O padrão da personalidade do indivíduo atende aos critérios gerais para um transtorno da personalidade, mas considera-se que ele tenha um transtorno da personalidade que não faz parte da classificação do DSM-5 TR Ex.: Transtorno da personalidade passivo-agressiva. Tratamento Tratamento SEMPRE! → psicoterapia Medicamentos sintomáticos Medicações Antidepressivos: tricíclicos (amitriptilina), ISRS (fluoxetina), duais (venlafaxina) Ansiolíticos: benzodiazepínicos (clonazepam, diazepam), β-bloqueadores (propranolol, atenolol) Antipsicóticos: típicos (haloperidol, clomipramina), atípicos (risperidona, olanzapina) Estabilizadores do humor: anticonvulsivantes (carbamazepina, ac. Valpróico), Lítio Estimulantes: Anfetaminas, Metilfenidato Outros procedimentos: ECT (eletroconvulsoterapia), EMT (estimulação magnética transcraniana) Critérios diagnósticos do DSM 5 TR para TP A. Um padrão persistente de vivência íntima e comportamento que se desvia de forma acentuada das expectativas da cultura. Esse padrão se manifesta em 2 ou mais das seguintes áreas: (1) Cognição (i.e., formas de perceber e interpretar a si mesmo, outras pessoas e eventos) (2) Afetividade (i.e., variação, intensidade, labilidade e adequação das respostas emocionais) (3) Funcionamento interpessoal (4) Controle de impulsos B. O padrão persistente é inflexível e abrange uma faixa ampla de situações pessoais e sociais. C. O padrão persistente provoca sofrimento clinicamente significativo e prejuízo no funcionamento social, profissional ou em outras áreas importantes da vida do indivíduo. D. O padrão é estável e de longa duração, e seu surgimento ocorre pelo menos a partir da adolescência ou do início da fase adulta. E. O padrão persistente não é mais bem explicado como uma manifestação ou consequência de outro transtorno mental. F. O padrão persistente não é atribuível aos efeitos fisiológicos de uma substância (p. ex., droga de abuso, medicamento) ou a outra condição médica (p. ex., traumatismo craniencefálico). Critérios diagnósticos do DSM 5 TR para TP CLUSTER A – “Os estranhos” Transtorno de personalidade Paranoide Esquizoide Esquizotípico CLUSTER A “Os estranhos” Caso 1 Carlos tem 38 anos, é casado, tem 2 filhos e trabalha no Banco Central. Foi encaminhado pela direção de sua repartição por estar criando mal estar entre os colegas de trabalho e por ter agredido um faxineiro. Na entrevista, comparece com a esposa, que insistiu em comparecer. Mostra-se muito formal e visivelmente frustrado por ter de procurar assistência psiquiátrica. Tenso, examina o consultório o tempo todo de modo suspeito. É sério e fala de forma objetiva e lógica. Caso 1 Em sua história, fala que está ali porque as pessoas estão armando para desmoralizá-lo diante do chefe e prejudicá-lo no emprego. Desconfia de várias pessoas no trabalho e sabe que falam dele pelas costas. Percebe seus olhares maldosos e desconfia até mesmo de sua secretária, pois ela fica muito tempo ao telefone conversando com outras pessoas da empresa. Tem certeza de que falam dele. Não fala de seus problemas e dificuldades nem para o amigo que o indicou para este trabalho. Caso 1 Como já discutiu com algumas pessoas, guarda com rancor cada palavra que lhe foi dita. Fala que seus colegas têm inveja dele, por ser muito competente. Admira muito seus chefes e almeja chegar a um posto mais alto. Do faxineiro agredido, fala que ele se negou a cumprir uma ordem dada, ousando desafiar sua autoridade. Fala deste como um ser inferior. Caso 1 A esposa diz que Carlos tira tudo isso de sua cabeça. Desde que se conheceram, ele conta histórias de pessoas que tentavam lhe prejudicar. No início, ela acreditava nisso, mas depois foi percebendo que as histórias se repetiam a cada novo ambiente em que ele frequentava. Ela não pode nem se dar o luxo de questioná-lo, pois ele sempre foi muito ciumento e desconfia seriamente de sua fidelidade. Chegou a prendê-la em casa uma vez para ir trabalhar. É emocionalmente frio e só trata bem os filhos quando eles fazem coisas da qual se orgulha, como vencer nos esportes ou tirar a melhor nota da classe. Porém, quando estes falham, trata-os com desdém e às vezes agressividade. Transtorno de personalidade paranoide Transtorno de personalidade paranoide “O mundo é um lugar perigoso, e não se pode confiar nas pessoas, nem mesmo (e talvez especialmente) nas mais próximas. Esses pacientes precisam ficar alerta o tempo todo para garantir que ninguém esteja tirando vantagem deles, zombando ou fazendo planos contra eles. Nunca compartilham seus sentimentos e suas ideias, porque certamente serão usados contra eles. Nunca esquecem um menosprezo, perdoam uma rixa ou perdem a chance de se sentirem injustiçados.” Transtorno de Personalidade Paranoide – Critérios Diagnósticos DSM A. Um padrão de desconfiança e suspeita difusa dos outros, de modo que suas motivações são interpretadas como malévolas, que surge no início da vida adulta e está presente em várioscontextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Suspeita, sem embasamento suficiente, de estar sendo explorado, maltratado ou enganado por outros. 2. Preocupa-se com dúvidas injustificadas acerca da lealdade ou da confiabilidade de amigos e sócios. 3. Reluta em confiar nos outros devido a medo infundado de que as informações serão usadas maldosamente contra si. 4. Percebe significados ocultos humilhantes ou ameaçadores em comentários ou eventos benignos. 5. Guarda rancores de forma persistente (i.e., não perdoa insultos, injúrias ou desprezo). 6. Percebe ataques a seu caráter ou reputação que não são percebidos pelos outros e reage com raiva ou contra-ataca rapidamente. 7. Tem suspeitas recorrentes e injustificadas acerca da fidelidade do cônjuge ou parceiro sexual. Transtorno de Personalidade Paranoide – Critérios Diagnósticos DSM B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos ou outro transtorno psicótico e não é atribuível aos efeitos fisiológicos de outra condição médica. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré- mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade paranoide (pré-mórbido)”. A conversação (1974) O paranoide Harry Harry Caul (Gene Hackman), expert em vigilância e conhecido nacionalmente por seu grande profissionalismo, é contratado pelo diretor de uma grande empresa para vigiar e gravar a conversa de um casal de amantes. Mas no passado um trabalho dele provocou a morte de três pessoas e agora ele teme que algo parecido aconteça. Caso 2 Sérgio é um técnico de laboratório de 38 anos de idade, solteiro, que foi encaminhado por seu empregador, um cientista universitário, porque estava tendo dificuldades como participante da equipe de um projeto. Nos últimos 5 anos, estava empregado no laboratório, trabalhando em um projeto mais ou menos sozinho e tendo um bom desempenho. A renovação do financiamento que seu empregador recebeu há pouco, possibilitando a continuação do emprego de Sérgio, envolvia uma expansão do projeto. O empregador, por isso, contratou empregados novos e esperava que Sérgio os treinasse. Vários dos recém-contratados desistiram em 3 semanas, dizendo que era impossível aprender e trabalhar com Sérgio. Queixavam-se de que ele não provia nenhuma orientação e que era inamistoso e arrogante. Caso 2 Quando o empregador confrontou Sérgio com tais queixas após a desistência do terceiro, o paciente ficou apático e surpreso. Disse que estava tentando fazer o melhor e que não podia compreender as queixas. Admitiu que estava um pouco aborrecido com sua mudança de papel e que não estava muito claro o que se esperava dele. Seu empregador já o havia elogiado pelo envolvimento e acurácia com que trabalhava e estava relutante em perdê-lo, mas se deu conta de que o êxito da expansão de seu projeto estava ameaçado se Sérgio fosse incapaz de aprender a treinar e trabalhar com outros. Por isso, sugeriu que procurasse auxílio profissional para lidar com suas novas tarefas. Caso 2 Durante a entrevista inicial, o paciente se descreveu como um solitário que sempre se sentiu desajeitado e infeliz quando forçado a se relacionar com os outros. Disse que vivia afastado do resto da família. Quando solicitado a descrever seu desenvolvimento ao longo da vida, tornou-se aparente que ele nunca teve um bom amigo, nunca foi escolhido para estar em equipes e nunca participou de qualquer atividade escolar. Sérgio descreveu esses fatos de uma forma desligada e não parecia perturbado com eles. Caso 2 Disse que nunca namorou ou teve qualquer experiência sexual com outras pessoas, nem expressou nenhum desejo de fazê-lo quando questionado. Seu interesse pela ciência com um jogo de química que ganhou aos 13 anos, após o que passou muito tempo como adolescente conduzindo experimentos solitários. Quando questionado sobre como passava seu tempo de lazer, disse que apreciava jogos de computador. Transtorno de Personalidade Esquizoide Transtorno de Personalidade Esquizoide “Estes indivíduos basicamente querem ser deixados em paz. Ter contato com os outros é vazio, sem prazer, emoção, conforto ou significado. Eles escolhem as ocupações mais solitárias, vivem sozinhos, evitam encontros e não têm amigos de verdade. Outros os consideram “frios”, estranhos, distantes e formais em todas as situações sociais.” Transtorno de Personalidade Esquizoide – Critérios Diagnósticos – DSM 5 A. Um padrão difuso de distanciamento das relações sociais e uma faixa restrita de expressão de emoções em contextos interpessoais que surgem no início da vida adulta e estão presentes em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Não deseja nem desfruta de relações íntimas, inclusive ser parte de uma família. 2. Quase sempre opta por atividades solitárias. 3. Manifesta pouco ou nenhum interesse em ter experiências sexuais com outra pessoa. 4. Tem prazer em poucas atividades, por vezes em nenhuma. Transtorno de Personalidade Esquizoide – Critérios Diagnósticos – DSM 5 5. Não tem amigos próximos ou confidentes que não sejam os familiares de primeiro grau. 6. Mostra-se indiferente ao elogio ou à crítica de outros. 7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou embotamento afetivo. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista e não é atribuível aos efeitos psicológicos de outra condição médica. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade esquizoide (pré-mórbido)”. A GAROTA IDEAL Transtorno de Personalidade Esquizoide A garota ideal Lars Lindstrom (Ryan Gosling) é um homem tímido e introvertido, que vive na garagem de seu irmão mais velho, Gus (Paul Schneider), e sua cunhada Karin (Emily Mortimer). Lars apenas acompanha o desenrolar de sua vida, sem se mexer para algo. Até que um dia ele encontra Bianca, uma missionária religiosa, através da internet. O problema é que para as pessoas Bianca não é alguém real, mas a réplica de uma mulher, feita de silicone. Só que Lars acredita piamente que ela é um ser humano, o que faz com que se torne seu apoio emocional. Preocupados, Gus e Karin decidem procurar o conselho de uma psicóloga, que recomenda que concordem com Lars enquanto ele lida com seus problemas pessoais. Lars sofre de transtorno de personalidade esquizoide. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ESQUIZOTÍPICA Transtorno de Personalidade Esquizotípica “Os pacientes têm discursos desorganizados, comportamento desorganizado e dureza emocional, mas sem as ilusões e alucinações que transformariam o diagnóstico em Esquizofrenia. Há excentricidades de pensamento e comportamento, crenças estranhas e experiências perceptivas bizarras, mas tudo isso consistentemente fica abaixo do nível psicótico. Os sintomas e os comportamentos têm início cedo, são parte de quem a pessoa é e em geral mantém-se estáveis ao longo da vida.” Transtorno de Personalidade Esquizotípica – Critérios Diagnósticos – DSM 5 A. Um padrão difuso de déficits sociais e interpessoais marcado por desconforto agudo e capacidade reduzida para relacionamentos íntimos, além de distorções cognitivas ou perceptivas e comportamento excêntrico, que surge no início da vida adulta e está presente em vários contex- tos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência). 2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que influenciam o comportamento e são inconsistentes com as normas subculturais (p. ex., superstições, crença em clarividência, telepatia ou “sexto sentido”; em crianças e adolescentes, fantasias ou preocupações bizarras). 3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões corporais. 4.Pensamento e discurso estranhos (p. ex., vago, circunstancial, metafórico, excessivamente elaborado ou estereotipado). Transtorno de Personalidade Esquizotípica – Critérios Diagnósticos – DSM 5 5. Desconfiança ou ideação paranoide. 6. Afeto inadequado ou constrito. 7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou peculiar. 8. Ausência de amigos próximos ou confidentes que não sejam parentes de primeiro grau. 9. Ansiedade social excessiva que não diminui com o convívio e que tende a estar associada mais a temores paranoides do que a julgamentos negativos sobre si mesmo. B. Não ocorre exclusivamente durante o curso de esquizofrenia, transtorno bipolar ou depressivo com sintomas psicóticos, outro transtorno psicótico ou transtorno do espectro autista. Nota: Se os critérios são atendidos antes do surgimento de esquizofrenia, acrescentar “pré-mórbido”, isto é, “transtorno da personalidade esquizotípica (pré-morbido)”. A fantástica fábrica de chocolate (1971 / 2005) No filme “A Fantástica fábrica de chocolate” identifica-se no personagem principal, Willy Wonka, o transtorno da personalidade esquizotípica com a presença dos nove critérios diagnósticos. CLUSTER B – “Os emocionais, errantes” Transtorno de personalidade Antissocial Borderline Histriônica Narcisista CLUSTER B “Os emocionais, errantes” Caso 3 Janete, uma jovem de 16 anos, estudante do ensino médio que vive em um ambiente familiar hostil, marcado por conflitos com o pai dependente de álcool. Gilson, um rapaz de 17 anos, que abandonou os estudos, sem ocupação estável e que faz uso abusivo de álcool e cocaína. Caso 3 Após se conhecerem, têm um relacionamento fortuito e a jovem, involuntariamente, engravida. Ele não reconhece a paternidade e desaparece. Ela tem de lidar com a revolta familiar, a falta de apoio e vive o drama de optar pelo aborto até o 4º mês, momento em que é informada dos altos riscos de tal procedimento. Janete leva a gestação a diante com acompanhamento pré-natal irregular e aumenta o uso de cigarro para lidar com a ansiedade nesse período. Ao cabo de 9 meses, tem o parto a termo sem intercorrências e dá à luz Lucas, um saudável bebê de 2,8kg. Caso 3 Lucas mostra-se difícil já nos primeiros meses. Tem dificuldades para dormir, chora muito e custa a se acalmar. Isso gera a exaustão de Janete, que, aliada à lembrança do abandono do pai da criança, à vinda quase intrusiva do bebê e à interrupção precoce de sua vida juvenil, suscita sentimentos de raiva e culpa difíceis de serem elaborados e que acabam por comprometer o estabelecimento de um vínculo mãe-bebê saudável. Caso 3 Boa parte dos cuidados com Lucas acabam por ser realizados pela avó materna. Na creche, o menino é agressivo com outras crianças e pouco tolerante a frustrações. Tem desenvolvimento neuropsicomotor básico adequado, mas apresenta hipercinesia* marcante e alguns déficits na expressão verbal. Hipercinesia: [Medicina] Excesso de movimentação de um órgão e/ou região específica do corpo, com maior extensão e rapidez desses movimentos, chegando ao estado patológico Caso 3 A partir dos 12 anos, Lucas torna-se mais rebelde. Mata com frequência as aulas, já que para ele a escola não é um ambiente gratificante; realiza atos de vandalismo, como quebrar objetos da escola e telefones públicos; sua busca por identidade encontra eco em companhias de rapazes mais velhos que apreciam seu destemor para aventuras mais perigosas; o uso de cigarro e bebidas fornece-lhe a imagem de alguém que, por fim, está à frente de seus colegas da escola; e recusa-se a voltar para casa no horário determinado e passa a ameaçar a família caso o impeçam de sair. Caso 3 Aos 14 anos, no 9º ano do ensino fundamental, após várias suspensões e com aprendizado muito defasado, abandona a escola. Com sua avidez por novos estímulos, passa a usar cola, maconha e cocaína. Furta dinheiro e objetos de casa para comprar drogas; durante o uso, torna-se mais agressivo fisicamente e, nessas condições, realiza assalto à mão armada 2 vezes. Aos 16 anos, associa-se a criminosos para traficar drogas e conseguir dinheiro para comprar uma moto e roupas de marca. Suas relações afetivas são fugazes e sempre com a intenção de ganhar algo. Caso 3 Aos 18 anos desaparece e deixa 5 filhos não registrados com garotas da comunidade. Três anos depois, reaparece em casa dizendo ter se convertido a uma religião, mas não se sabe por onde andou. Aos 25 anos, torna-se autoridade em seu grupo religioso, casa-se e segue uma vida exemplar. Aos 28 anos, é preso por uma denúncia de abuso sexual e estelionato. As investigações apontam para uma prática recorrente de outros abusos sexuais de fiéis da comunidade religiosa e associação sigilosa com o tráfico da comunidade local. Além de desvio do dinheiro da igreja para usufruto pessoal. Dias depois, os fiéis fazem uma manifestação em frente à penitenciária para a libertação de seu líder religioso. Transtorno de Conduta Transtorno de Conduta “A criança (normalmente um menino) parece demonstrar pouco ou nenhum respeito pelos pais, pela lei ou pelos direitos e sentimentos dos outros. Isso resulta em um padrão persistente de maus comportamentos variados e repetidos que envolve agressão física e verbal; roubo e destruição de propriedade; engano, trapaça e manipulação; e violação das regras e das leis. A criança atrapalha a família, se mete em confusões na escola e pode ter contato periódico com o sistema judiciário. Os problemas são sempre “culpa dos outros”.” Observa-se crueldade com animais e crianças menores. Delinquência. Pergunta: “O seu filho se mete em muitos problemas?” Questões Diagnósticas Relativas ao Gênero O transtorno da personalidade antissocial é muito mais comum no sexo masculino do que no feminino. Têm havido algumas preocupações acerca da possibilidade de esse transtorno ser subdiagnosticado em indivíduos do sexo feminino, especialmente pela ênfase em itens de agressividade na definição do transtorno da conduta. Personagens femininos na teledramaturgia brasileira com TP antissocial Nazaré Tedesco Senhora do Destino 2004 Yvone Caminho das Índias 2009 Carminha Avenida Brasil 2012 Trilogia de Ulisses Campbel Diagnóstico diferencial O diagnóstico de transtorno da personalidade antissocial não é dado a indivíduos com menos de 18 anos e somente é atribuído quando há história de alguns sintomas de transtorno da conduta antes dos 15 anos de idade. Para indivíduos com mais de 18 anos, um diagnóstico de transtorno da conduta somente é dado quando não são atendidos os critérios para transtorno da personalidade antissocial. TRANSTORNO DE PERSONALIDADE ANTISSOCIAL Kalifornia (1993) O silêncio dos inocentes (1991) Transtorno de Personalidade Antissocial “Estranhos desde cedo, estes indivíduos exibiam sintomas iniciais de Transtorno de Conduta; passaram por um estágio delinquente juvenil; e cresceram e tornaram-se adultos egoístas, manipuladores e cruéis, cujo interesse nas outras pessoas se limita àquilo que eles possam extrair delas. Seu charme disfarça falta de compaixão e uma mente calculista. Eles mentem, traem e manipulam sem empatia ou remorso pelo mal considerável que causam aos outros. São precipitados, impulsivos e podem agir fora da lei. É um transtorno comum entre criminosos e um preditor de violência e suicídio. Felizmente, (...) com frequência melhora com o amadurecimento na meia-idade.” Transtorno de Personalidade Antissocial – Critérios Diagnósticos – DSM A. Um padrão difuso de desconsideração e violação dos direitos das outras pessoas que ocorre desde os 15 anos de idade, conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes: 1. Fracasso em ajustar-se às normas sociais relativas a comportamentos legais, conforme indicado pela repetição de atos que constituem motivos de detenção. 2. Tendência à falsidade, conforme indicado por mentiras repetidas, usode nomes falsos ou de trapaça para ganho ou prazer pessoal. 3. Impulsividade ou fracasso em fazer planos para o futuro. Transtorno de Personalidade Antissocial – Critérios Diagnósticos – DSM 5 4. Irritabilidade e agressividade, conforme indicado por repetidas lutas corporais ou agressões físicas. 5. Descaso pela segurança de si ou de outros. 6. Irresponsabilidade reiterada, conforme indicado por falha repetida em manter uma conduta consistente no trabalho ou honrar obrigações financeiras. 7. Ausência de remorso, conforme indicado pela indiferença ou racionalização em relação a ter ferido, maltratado ou roubado outras pessoas. Transtorno de Personalidade Antissocial – Critérios Diagnósticos – DSM B. O indivíduo tem no mínimo 18 anos de idade. C. Há evidências de transtorno da conduta com surgimento anterior aos 15 anos de idade. D. A ocorrência de comportamento antissocial não se dá exclusivamente durante o curso de esquizofrenia ou transtorno bipolar. Tratamento Psicoterapia: mais fácil em instituições (hospitais e prisões). Limites firmes. Difícil separar controle de punição, e separar ajuda e confrontação de isolamento e retribuição. Investigar história de abuso. Medicamentos: Tratar ansiedade, raiva, depressão, drogas e TDAH. Anticonvulsivantes: comportamentos impulsivos. Caso 4 Batista, 21 anos, brasileiro, solteiro, é prestador autônomo de serviços, de origem católica. O paciente tem estatura e peso médios e, geralmente, veste-se com simplicidade. Na primeira sessão, Batista chegou com uma hora de atraso. Entrou no consultório, aguardando a orientação sobre onde deveria sentar-se. Logo depois, Batista disse que não estava à vontade e que nunca havia ido a um psiquiatra. Batista aparentava bom nível de inteligência e falava sobre diversos temas. Perguntou sobre hipnose e o seu uso na terapia; falou de sua impulsividade e personalidade, ocorrendo uma ideação paranoide. Caso 4 Batista apresentava as seguintes queixas: sentia-se deprimido, caótico e um “vazio”; autoagredia-se, chegando a machucar-se; mudava de estado de ânimo sem razão aparente; indecisão; falhas de memória e atenção; dificuldade em lidar com as perdas; buscava uma razão para tudo isso. Gostaria de não ser tão distraído e “sem memória”, pois tudo isto prejudicava-o em sua vida. Comparou seu funcionamento cognitivo com o de um computador, que, quando tem muita memória ocupada, funciona lentamente ao se apertar o “enter”. Disse que, talvez, isto pudesse ter algo a ver com alguma memória antiga, algum trauma, etc. Caso 4 As suas fantasias de cura pareciam estar ligadas a expectativas imediatistas de melhora de seus sintomas: gostaria de se submeter a uma hipnose ou queria ter uma serra para abrir sua cabeça e ver o que o incomodava tanto. Ideações paranoides foram detectadas logo na primeira entrevista, nos momentos em que o paciente relatava ter a impressão de que havia pessoas escutando-o atrás da porta ou olhando pela janela. Caso 4 Na infância, Batista era um menino que se considerava feliz até os 4 anos, época de muitas brigas entre seus pais. Sua mãe, após trair seu pai, apanhou do mesmo e foi expulsa de casa. O paciente disse que não conseguia sentir nada ao se lembrar de tudo isso, mas pensava que deveria sentir. Após esse fato, sua infância mudou bastante, para pior. Seu pai conheceu uma outra mulher, que veio a ser sua madrasta. O paciente tinha o costume de brincar com insetos mortos, os quais gostava de enterrar. Quando criança ajudava seu pai no trabalho, a quem gostava muito de fazer perguntas. Batista era chamado de “CDF” pelos colegas e outros garotos da escola, fato que odiava. Até uma certa idade, urinava na calça, o que fazia-o sentir-se inferior ao seu irmão. Nesta época, seu pai penteava o seu cabelo com bastante força, para que ele não fosse discriminado na escola por sua ascendência materna negra. Caso 4 Morava numa cidade do litoral e trabalhava numa discoteca. Quando expressou vontade de prestar vestibular, não foi estimulado pelos seus familiares. Na ocasião, tinha problemas de relacionamentos com as pessoas e sentia a falta de uma namorada. Há alguns anos, seu pai sofreu um derrame e ficou com os membros paralisados. Quando Batista sentia-se deprimido queria ficar sozinho e parado, sem fazer coisa alguma. Irritava-se quando os amigos lhe perguntavam a razão daquele estado; ele dizia que estava cansado, que estava com dor de cabeça, ou algo parecido. Gostava de fazer tudo por prazer. Às vezes, fazia gestos e sentia coisas estranhas: tremedeira, inquietude, sentimento de caos e vazio, batia em sua própria cabeça ou plantava bananeira e perdia a noção do passado e só tinha consciência do presente. Sentia-se muito inseguro e superficial. Caso 4 Na universidade teve uma namorada (Débora), mas há cerca de três anos está sozinho e, quando angustiado, se envolve com prostitutas. Por vezes gasta muito dinheiro com compras supérfluas. Seus conflitos com as pessoas são constantes, pois espera muito delas e, quando elas cometem mínimos erros, ele as trata como se fossem as piores pessoas do mundo. Teme absurdamente não ser aceito ou ser abandonado, o que causa a maior parte dos problemas com as pessoas com quem se envolve, pois interpreta qualquer atitude diferente como um sinal de que vai ser abandonado. Isso geralmente causa crises intensas caracterizadas por ansiedade, agressividade, automutilações e ameaças de suicídio. Tem depressões recorrentes. Transtorno de Personalidade Borderline “Os pacientes têm relacionamentos intensos e frustrantes, cheios de grandes expectativas, que se degeneram em brigas ferozes e desapontamentos terríveis. Com medo de abandono, eles afastam as pessoas com exigências irreais, raiva implacável e expectativas (que acabam se concretizando) de que serão rejeitadas. Perdas reais ou imaginárias podem levar a tentativas de suicídio e/ou automutilação (...). Estas pessoas têm repetidos relacionamentos destrutivos, assim como baixa autoestima, podendo exibir agressividade e comportamento sexual impulsivo. A frequência de suicídio para a vida toda é alta (10%). Dentre os que sobrevivem, (assim como no TP Antissocial) frequentemente se verifica que tais características amenizam com a idade.” Transtorno de Personalidade Borderline – Critérios Diagnósticos – DSM 5 Um padrão difuso de instabilidade das relações interpessoais, da autoimagem e dos afetos e de impulsividade acentuada que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. Transtorno de Personalidade Borderline – Critérios Diagnósticos – DSM 5 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas rara- mente de mais de alguns dias). 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. Prognóstico • O transtorno é bastante estável, os pacientes mudam poucocom o passar do tempo. • Porém, a psicoterapia mostra resultados impressionantes. • Múltiplas internações • Depressões, abuso de drogas, gastos excessivos e promiscuidade • Contratransferência ruim com os cuidadores • Polifarmácia • Podem ter um padrão de sabotagem pessoal no momento em que uma meta está para ser atingida (por ex., abandono da escola logo antes da formatura; regressão grave após conversa sobre os bons rumos da terapia; destruição de um relacionamento bom exatamente quando está claro que ele pode durar). • Alguns indivíduos desenvolvem sintomas semelhantes à psicose (p. ex., alucinações, distorções da imagem corporal, ideias de referência, fenômenos hipnagógicos) em momentos de estresse. • Indivíduos com esse transtorno podem se sentir mais protegidos junto a objetos transicionais (i.e., animal de estimação ou objeto inanimado) do que em relacionamentos interpessoais. Borderline Garota interrompida (1999) Gia – Fama e destruição (1998) Atração fatal (1987) Borderline além dos limites (2008) Borderline Igual a tudo na vida (2003) Sete dias com Marilyn (2010) Mamãezinha querida (1981) Borderline O que ele pensa: Preciso impressionar. Darth Vader o instável. O vingador intergalático era desajustado em tudo: relacionamentos, autoimagem, afeto, comportamento. E teve o mesmo fim que 10% dos com transtorno borderline – o suicídio. Revista Superinteressante, 2016 Maria Helena, personagem de Penélope Cruz no filme Vicky Cristina Barcelona (2008), é uma fotógrafa e pintora talentosa, belíssima, porém passional, de comportamento violento e autodestrutivo. Após uma das tentativas de suicídio de Maria Helena, Juan, o ex-marido, a leva de volta para casa. Lá se encontra Cristina, sua namorada. Os três passam a dividir o mesmo teto e assim acabam formando um triângulo amoroso. Penélope Cruz, em um dos melhores papéis de sua carreira, está visceral na pele de uma pessoa com características do transtorno de personalidade borderline. Para os seres humanos que viveram nos tempos das cavernas, a sedução era uma forma de garantir reprodução, como também obter "favores" para sobrevivência. Porém, essa estratégia primitiva trazida para os dias atuais, resulta em um enorme e interminável dramalhão promovido por uma personalidade histriônica. Transtorno de Personalidade Histriônica “Ela é uma Blanche DuBois: sempre a bela exibicionista, usando charme, apelo físico e sedução para ficar no centro das atenções. Seus relacionamentos e emoções são intensos, mas superficiais, e estão sempre mudando (aspecto camaleônico). Ele chama a atenção se gabando sobre como é bom no trabalho ou sobre suas proezas no futebol. Seus interesses e atitudes são facilmente influenciados pelas outras pessoas ou pelo papel que exerce atualmente. Ele chega com ímpeto e logo cria intimidade nos relacionamentos, mas cansa-se rapidamente e não se sente apreciado.” Frequentemente suas crises o “impedem” de trabalhar e seus relacionamentos com outros homens ou grupos masculinos são frouxos e pouco íntimos.” Transtorno de Personalidade Histriônico Transtorno de Personalidade Histriônica – Critérios Diagnósticos – DSM 5 Um padrão difuso de emocionalidade e busca de atenção em excesso que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Desconforto em situações em que não é o centro das atenções. 2. A interação com os outros é frequentemente caracterizada por comportamento sexualmente sedutor inadequado ou provocativo. 3. Exibe mudanças rápidas e expressão superficial das emoções. 4. Usa reiteradamente a aparência física para atrair a atenção para si. 5. Tem um estilo de discurso que é excessivamente impressionista e carente de detalhes. 6. Mostra autodramatização, teatralidade e expressão exagerada das emoções. 7. É sugestionável (i.e., facilmente influenciado pelos outros ou pelas circunstâncias). 8. Considera as relações pessoais mais íntimas do que na realidade são. Histeria Masculina ✓ Sedução (amor de fachada) ✓ Crises coléricas ✓ Incapacidade de gozar (“a carreira do outro teria sido mais conveniente”; “a mulher do outro teria sido seguramente mais satisfatória, uma vez que mais desejável”; “a roupa que não compramos teria sido mais adequada.”) ✓ Sensação de impotência (ou luta pela negação da mesma): “virilidade no grito” ✓ Comportamento de ostentação ✓ Se coloca na posição de vítima ✓ Lamentações pelo que não tem. ✓ Fracasso ou comportamento de fracassado ✓ Problemas de ordem sexual: ejaculação precoce, anorgasmia, impotência, confunde desejo com virilidade. Uma Rua Chamada Pecado (1951) ...E o Vento Levou (1939) Transtorno de Personalidade Narcisista É um padrão de: ✓ grandiosidade, ✓ necessidade de admiração e ✓ falta de empatia. Transtorno de Personalidade Narcisista “Os pacientes são o centro do próprio mundo: especiais em todas as maneiras, exibidos e espetaculares, lendas em sua própria mente. Seu senso de autoimportância e de direito se sobrepõe a qualquer preocupação quanto às necessidades, aos problemas e aos sentimentos dos outros. Eles são arrogantes, soberbos e superiores e esperam que os outros demonstrem deferência e admiração. Desapontamentos frequentes acontecem quando eles e o mundo não conseguem dar conta de expectativas absolutamente irreais. Idolatram e são subservientes com figuras superiores e menosprezam os que consideram inferiores.” Transtorno de Personalidade Narcisista – Critérios Diagnósticos – DSM 5 Um padrão difuso de grandiosidade (em fantasia ou comportamento), necessidade de admiração e falta de empatia que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem uma sensação grandiosa da própria importância (p. ex., exagera conquistas e talentos, espera ser reconhecido como superior sem que tenha as conquistas correspondentes). 2. É preocupado com fantasias de sucesso ilimitado, poder, brilho, beleza ou amor ideal. 3. Acredita ser “especial” e único e que pode ser somente compreendido por, ou associado a, outras pessoas (ou instituições) especiais ou com condição elevada. Transtorno de Personalidade Narcisista – Critérios Diagnósticos – DSM 5 4. Demanda admiração excessiva. 5. Apresenta um sentimento de possuir direitos (i.e., expectativas irracionais de tratamento especialmente favorável ou que estejam automaticamente de acordo com as próprias expectativas). 6. É explorador em relações interpessoais (i.e., tira vantagem de outros para atingir os próprios fins). 7. Carece de empatia: reluta em reconhecer ou identificar-se com os sentimentos e as necessidades dos outros. 8. É frequentemente invejoso em relação aos outros ou acredita que os outros o invejam. 9. Demonstra comportamentos ou atitudes arrogantes e insolentes. O Retrato de Dorian Gray (1945 / 2009) Crepúsculo dos deuses (1950) House Lançada em 2004, teve 8 temporadas Diagnóstico diferencial Se um indivíduo apresenta características de personalidade que atendem aos critérios para um ou mais de um transtorno da personalidade, além do transtorno da personalidade borderline, todos podem ser diagnosticados. Ainda que o transtorno da personalidade histriônica possa ser também caracterizado por busca de atenção, comportamento manipulativo e por mudanças rápidas nas emoções, o transtorno da personalidade borderline distingue-se por autodestrutividade, ataques de raiva nos relacionamentos íntimos e sentimentos crônicos de vazio profundo e solidão. Ideias ou ilusões paranoides podem estar presentes nos transtornos da personalidade borderline e esquizotípica, mas esses sintomas, no transtorno da personalidade borderline, são mais transitórios, reativos a problemas interpessoais e responsivos à estruturação externa. Embora os transtornos da personalidade paranoide e narcisista possam ser também caracterizados por reação de raivaa estímulos mínimos, a relativa estabilidade da autoimagem, assim como a relativa falta de autodestrutividade, impulsividade e preocupações acerca de abandono, distinguem esses transtornos do transtorno da personalidade borderline. Diagnóstico diferencial Comportamento manipulativo Transtornos da personalidade antissocial Transtornos da personalidade borderline Indivíduos manipulam para obter lucro, poder ou alguma outra gratificação material Indivíduos manipulam para obter de atenção dos cuidadores. Diagnóstico diferencial O transtorno da personalidade borderline pode ser também distinguido do transtorno da personalidade dependente por seu padrão típico de relações instáveis e intensas. Medo de abandono Indivíduo reage ao abandono com sentimentos de vazio emocional, fúria e exigências. Transtornos da personalidade dependente Transtornos da personalidade borderline Indivíduo reage ao abandono reage com calma e submissão e busca urgentemente uma relação substituta que dê atenção e apoio. CLUSTER C – “Os ansiosos” Transtorno de personalidade Esquiva Dependente Obsessivo- Compulsiva CLUSTER C “Os ansiosos” É um padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa. Transtorno de Personalidade Esquiva (Evitativa) Transtorno de Personalidade Esquiva (Evitativa) “São pessoas assustadas, socialmente estranhas e mostram extrema sensibilidade a críticas ou rejeição. Qualquer forma nova de contato social envolve o terror da possibilidade de humilhação e a tentativa de evitar qualquer tipo de constrangimento. É muito mais simples dizer um “não” rápido a todo trabalho ou relacionamento social novo que possa ameaçar a segurança de seu casulo. Ao contrário dos Esquizoides, elas querem se relacionar e frequentemente têm alguns amigos antigos com quem se sentem seguras e íntimas o bastante para relaxar.” Transtorno de Personalidade Esquiva – Critérios Diagnósticos – DSM 5 Um padrão difuso de inibição social, sentimentos de inadequação e hipersensibilidade a avaliação negativa que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. Evita atividades profissionais que envolvam contato interpessoal significativo por medo de crítica, desaprovação ou rejeição. 2. Não se dispõe a envolver-se com pessoas, a menos que tenha certeza de que será recebido de forma positiva. 3. Mostra-se reservado em relacionamentos íntimos devido a medo de passar vergonha ou de ser ridicularizado. 4. Preocupa-se com críticas ou rejeição em situações sociais. 5. Inibe-se em situações interpessoais novas em razão de sentimentos de inadequação. 6. Vê a si mesmo como socialmente incapaz, sem atrativos pessoais ou inferior aos outros. 7. Reluta de forma incomum em assumir riscos pessoais ou se envolver em quaisquer novas atividades, pois estas podem ser constrangedoras. Transtorno de Personalidade Dependente Transtorno de Personalidade Dependente “Estas pessoas se sentem idiotas e fracas; incapazes de cuidar de si mesmas, de tomar as próprias decisões ou de ficar sozinhas. Sua carência torna-as submissas e subserviente, dispostas a colocar as necessidades e as opiniões dos outros à frente das próprias. Elas farão o que for necessário para que alguém goste e cuide delas, lhes dê afeto e proporcione uma direção à sua vida.” Transtorno de Personalidade Dependente – Critérios Diagnósticos – DSM 5 Uma necessidade difusa e excessiva de ser cuidado que leva a comportamento de submissão e apego que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco (ou mais) dos seguintes: 1. Tem dificuldades em tomar decisões cotidianas sem uma quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de outros. 2. Precisa que outros assumam responsabilidade pela maior parte das principais áreas de sua vida. 3. Tem dificuldades em manifestar desacordo com outros devido a medo de perder apoio ou aprovação. (Nota: Não incluir os medos reais de retaliação.) Transtorno de Personalidade Dependente – Critérios Diagnósticos – DSM 5 4. Apresenta dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta própria (devido mais a falta de autoconfiança em seu julgamento ou em suas capacidades do que a falta de motivação ou energia). 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a ponto de voluntariar-se para fazer coisas desagradáveis. 6. Sente-se desconfortável ou desamparado quando sozinho devido a temores exagerados de ser incapaz de cuidar de si mesmo. 7. Busca com urgência outro relacionamento como fonte de cuidado e amparo logo após o término de um relacionamento íntimo. 8. Tem preocupações irreais com medos de ser abandonado à própria sorte. Caso 5 Catarina, uma gerente de 41 anos de uma loja de conveniências, vem para a avaliação por insistência do gerente regional de uma cadeia de lojas para a qual trabalha. Ela deixou de apresentar os últimos 4 relatórios periódicos à tempo e sua loja tem uma das classificações mais baixas de produtividade na cadeia, ainda que ela chegue mais tarde do que qualquer um dos outros gerentes e pareça estar ocupada a cada minuto do dia. Com frequência, a paciente se envolve em disputas com seus empregados e tem a taxa mais elevada de rotatividade de empregados na cadeia. Quando confrontada com esses problemas, insiste que sua loja está sendo dirigida de forma apropriada e conforme as regras – diferente de outras na cadeia, que estão mantendo padrões relapsos. Caso 5 É fácil identificar a fonte de dificuldade na loja. Catarina insiste que seus empregados ponham as mercadorias nas prateleiras e as arrumem em linhas retas apuradas. Ela verifica todos os dados, verifica de novo e o faz várias vezes, razão pela qual os relatórios periódicos nunca chegam a tempo. Ela microgerência cada aspecto do funcionamento da loja, e, em consequência, sua atuação leva subgerentes a estarem sempre se transferindo para outras lojas. Em vez de apreciarem a supervisão constante de Catarina, seus subgerentes a acham aborrecida e desperdiçadora de tempo. De forma constante, ela elabora cartas, tabelas, gráficos e diretivas para os empregados. Desperdiça boa do seu tempo em cada manhã compondo uma lista elaborada do que fazer, o que nunca encontra tempo de terminar. Caso 5 A paciente está casada há 15 anos e teve 2 filhos no início da adolescência. Seu esposo é funcionário dos correios. Ele relata ao psiquiatra que até a esposa começar a trabalhar na loja, 6 anos atrás, eles tinham muitos atritos conjugais porque ela necessitava supervisionar e dirigir cada aspecto de sua vida. Ela insistia em saber onde ele estava a cada momento e tinha tentado planejar todas as suas atividades de lazer. Ele disse que foi um grande alívio quando ela começou a trabalhar na loja e ficou ocupada demais para dar tanta atenção à sua vida. O marido diz que ele e os filhos têm dificuldade de persuadir a esposa a tirar férias, as quais não costuma ser muito divertidas quando ela concorda em ir. Catarina planeja o itinerário e as atividades de forma minuciosa e insiste que cada um deve participar no que foi esquematizado. Não é permitido que nada seja espontâneo ou não planejado, e ela espera que cada um passe seu tempo de forma “produtiva”, mesmo durante as férias. Caso 5 Ela põe em ação seu perfeccionismo de forma franca. Ambos os pais eram austeros, esforçados e muito críticos. Não importava quanto ela trabalhasse ou quanto conseguisse, nunca parecia ser o suficiente. Ela começou a ser uma emprega em sua própria casa aos 5 anos e passou a fazer o trabalho de casa para outros aos 9 anos, de modo que pudesse economizar dinheiro (“Um real economizado é um real ganho”). Nada exceto notas 10 na escola era aceitável para seus pais. Se tirava 9,5 em um teste, a mão lhe perguntava: “Onde está o outro meio ponto?” Ainda que admita a atitude dos pais como dolorosae frustrante, a paciente se vê reagindo com seus próprios filhos da mesma forma. Embora tente elogiá-los por suas conquistas, sempre exige que trabalhem mais duro e se desempenhem melhor, mesmo quando se deram muito bem. Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva “Esse indivíduos são perfeccionistas e controladores inflexíveis, que precisam acertar cada mínimo detalhe. Delegar tarefas para os outros é impossível, porque os outros nunca serão cuidadosos o bastante. A vida é controlada por regras, roteiros e rotinas rígidas. Sua escrupulosa atenção ao trabalho tira-lhes a espontaneidade, tranquilidade ou profundidade nos relacionamentos. Eles são avarentos com dinheiro, emoções e afeto e deixam claro que tudo deve ser sempre do seu jeito, ou eles “caem fora”.” Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva – Critérios – DSM 5 Um padrão difuso de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental e interpessoal à custa de flexibilidade, abertura e eficiência que surge no início da vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por quatro (ou mais) dos seguintes: 1. É tão preocupado com detalhes, regras, listas, ordem, organização ou horários a ponto de o objetivo principal da atividade ser perdido. 2. Demonstra perfeccionismo que interfere na conclusão de tarefas (p. ex., não consegue completar um projeto porque seus padrões próprios demasiadamente rígidos não são atingidos). Transtorno de Personalidade Obsessivo-Compulsiva – Critérios – DSM 5 3. É excessivamente dedicado ao trabalho e à produtividade em detrimento de atividades de lazer e amizades (não explicado por uma óbvia necessidade financeira). 4. É excessivamente consciencioso, escrupuloso e inflexível quanto a assuntos de moralidade, ética ou valores (não explicado por identificação cultural ou religiosa). 5. É incapaz de descartar objetos usados ou sem valor mesmo quando não têm valor sentimental. 6. Reluta em delegar tarefas ou trabalhar com outras pessoas a menos que elas se submetam à sua forma exata de fazer as coisas. 7. Adota um estilo miserável de gastos em relação a si e a outros; o dinheiro é visto como algo a ser acumulado para futuras catástrofes. 8. Exibe rigidez e teimosia. Referências Slide 1 Slide 2 Slide 3 Slide 4 Slide 5 Slide 6 Slide 7 Slide 8 Slide 9 Slide 10 Slide 11 Slide 12 Slide 13 Slide 14 Slide 15 Slide 16 Slide 17 Slide 18 Slide 19 Slide 20 Slide 21 Slide 22 Slide 23 Slide 24 Slide 25 Slide 26 Slide 27 Slide 28 Slide 29 Slide 30 Slide 31 Slide 32 Slide 33 Slide 34 Slide 35 Slide 36 Slide 37 Slide 38 Slide 39 Slide 40 Slide 41 Slide 42 Slide 43 Slide 44 Slide 45 Slide 46 Slide 47 Slide 48 Slide 49 Slide 50 Slide 51 Slide 52 Slide 53 Slide 54 Slide 55 Slide 56 Slide 57 Slide 58 Slide 59 Slide 60 Slide 61 Slide 62 Slide 63 Slide 64 Slide 65 Slide 66 Slide 67 Slide 68 Slide 69 Slide 70 Slide 71 Slide 72 Slide 73 Slide 74 Slide 75 Slide 76 Slide 77 Slide 78 Slide 79 Slide 80 Slide 81 Slide 82 Slide 83 Slide 84 Slide 85 Slide 86 Slide 87 Slide 88 Slide 89 Slide 90 Slide 91 Slide 92 Slide 93 Slide 94 Slide 95 Slide 96 Slide 97 Slide 98 Slide 99 Slide 100 Slide 101 Slide 102 Slide 103 Slide 104 Slide 105 Slide 106 Slide 107 Slide 108 Slide 109 Slide 110 Slide 111
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