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Curso Desvendando o PPP - Incidente de Uniformização de Lei Federal para a Turma Nacional de Uniformização

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Excelentíssimo	Senhor	Juiz	Federal	Presidente	da		Turma Recursal dos Juizados Especiais de 			.
PROCESSO: xxxxxxxxxxxxxxxxxxx NATUREZA: PREVIDENCIÁRIA
xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx,	já qualificado apud acta, por meio de seus procuradores que esta assinam, advogados com escritório na cidade de XXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXXX vem perante Vossa Excelência, nos autos do processo que move em desfavor do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS,
autarquia federal localizada na cidade de XXXXXXXXXXXXXXXXXX, na pessoa de seus procuradores federais especializados, não se conformando, data venia, com a r. acórdão de fls. xxxxxxxxxxxxxxxxxx, apresentar INCIDENTE DE UNIFORMIZAÇÃO DE INTERPRETAÇÃO DE LEI FEDERAL PARA A TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO, com
amparo no artigo 14, §2º da Lei nº. 10.259/01, e Resolução n. CJF – RES- 2015/00345 de 02/06/2015, pelos motivos de fato e de direito que expõe nas razões anexas.
Requer, por fim, que o presente recurso seja recebido em seus efeitos suspensivos e devolutivo, nos termos da Legislação pertinente.
Por oportuno, informe o recorrente que litiga no presente feito sob o pálio da Justiça Gratuita.
Espera deferimento.
Local e data
advogado
 (
PROIBIDA QUALQUER FORMA DE DIVULGAÇÃO COMERCIAL DESTA PETIÇÃO,
) (
SENDO PROPRIEDADE INTELECUTAL DO IDA CURSOS
) (
Página 
1
)
EGRÉGIA TURMA NACIONAL DE UNIFORMIZAÇÃO DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAL
AUTOS TURMA RECURSAL: XXXXXXXXXXXX
ORIGEM:	JUIZADO	ESPECIAL	FEDERAL	CIVIL	E	CRIMINAL	DE XXXXXXXXXXX
RECORRENTE: XXXXXXXXXXXXX
RECORRIDO: INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL
RAZÕES DO RECURSO INOMINADO
Egrégia Turma, Ínclitos Julgadores!
I – HISTÓRICO DO PROCESSO
Trata-se de pedido de concessão de aposentadoria por idade rural, de homem acima de 60 anos de idade, que sempre trabalhou na zona rural, em regime de economia familiar.
Inicialmente, o fato que se pretende provar, é se até 18/12/1995, o Recorrente perfazia todos os requisitos necessários para a concessão da aposentadoria por idade rural.
Para comprovar o labor rural, até esta data, foram juntados certidão de casamento onde consta sua profissão de lavrador, fl. 16, ITR’s do ano de 1992 a 1995 fl. 110 e 112, comprovando a exploração da Fazenda XXXXXXXXXXXXXXX, no total de 254,8ha.
Assim, o que se levou em conta, no julgamento das sentença em primeira Instância, que concedeu o benefício ao Recorrente, foram os fatos comprovados até o ano de 1995.
Os documentos posteriores, quando ele já contava com quase 80 anos de idade, demonstram que toda a produção, aquisição de maquinário foi por conta da intervenção dos filhos, que cuidam da propriedade atualmente, conforme deixou bem claro a
testemunha xxxxxxxxx, que quem tem os maquinários, atualmente, são os filhos, que plantam soja e milho.
Assim, os fatos devem ser perquiridos até o momento que o Autor completou 60 anos de idade, qual seja 1995. E até esta data, ficou claro que ele trabalhava em regime de economia familiar, inexistia maquinário, e praticava cultura de subsistência, razão pela qual lhe foi concedido o referido benefício previdenciário.
Realizada audiência de instrução e julgamento, o pedido foi julgado procedente, porque o Magistrado verificou os fatos até o ano de 1995, desconsiderando documentos de quando ele já não exercia trabalho precípuo na zona rural, em que os filho já cuidavam da propriedade rural.
O Recorrido, inconformado com a decisão, interpôs o recurso inominado, que foi provido, sendo que a fundamentação se deu com base em documentação datada após o ano de 1995. Ou seja, os documentos utilizados para fundamentar o provimento do recurso do INSS, são documentos extemporâneos, após o ano de 1995, época que o segurado não estava na lida rural, e os filhos iniciaram uma produção mais organizada e com melhor produtividade.
Todavia, esse fato não pode prejudicar os direitos adquiridos pelo Recorrente no ano de 1995, época que completou 60 anos de idade.
Por fim, extensão da terra, é perfeitamente compatível com o regime de economia familiar, já que não há comprovação da existência de empregados nos cadastros do INSS, sendo que não houve desconstituição do direito do Recorrente.
Assim, o recurso do Recorrido foi provido, ao argumento principal de que os documentos que não são contemporâneos ao período de carência, descaracteriza o direito já adquirido.
1.1 DO ACÓRDÃO IMPUGNADO
O acórdão que o Recorrente pretende ver reformado aduziu, em resumida síntese, que os documentos após a data que o Recorrente completou 60 anos de idade, eram suficientes para desconstituir a qualidade de segurado especial do Recorrente:
(descrever o acórdão impugnado, citando data, fonte, número do processo)
Veja que a decisão combatida viola súmula da Turma Nacional de Uniformização, senão vejamos:
SÚMULA 34
DJ DATA:04/08/2006 PG:00750
Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.
Assim, todos os documentos fundamentos para dar provimento ao recurso do INSS, foram extemporâneos aos fatos, documentos em que os filhos do Recorrente tomaram a administração da fazenda, e não descaracterizam o direito adquirido do Recorrente ao benefício previdenciário de aposentadoria por idade rural, devendo ser desconsiderados do processo.
Apenas para afirmar regra importante do processo civil, é que o Réu deve comprovar os fatos desconstitutivos do Direito do Autor, o que não foi efetivado no presente caso, em que foram juntados apenas documentos extemporâneos aos fatos.
II DO MÉRITO
A Constituição da República traz proteção ao trabalhador agrícola, in verbis:
Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
(...)
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral de previdência social, nos termos da lei, obedecidas as seguintes condições: (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
(...)
II - sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta anos de idade, se mulher, reduzido em cinco anos o limite para os trabalhadores rurais de ambos os sexos e para os que exerçam suas atividades em regime de economia familiar, nestes incluídos o produtor rural, o garimpeiro e o pescador artesanal. (Incluído dada pela Emenda Constitucional nº 20, de 1998)
A questão jurídica também está disciplina na Lei n. 8.213/91, que considera o trabalhador rural como segurado especial, nestes termos:
Art. 11. São segurados obrigatórios da Previdência Social as seguintes pessoas físicas:
VII - como segurado especial: o produtor, o parceiro, o meeiro e o arrendatário rurais, o garimpeiro, o pescador artesanal e o assemelhado, que exerçam suas atividades, individualmente ou em regime de economia familiar, ainda que com o auxílio eventual de terceiros, bem como seus respectivos cônjuges ou companheiros e filhos maiores de 14 (quatorze) anos ou a eles equiparados, desde que trabalhem, comprovadamente, com o grupo familiar respectivo. (O garimpeiro está excluído por força da Lei nº 8.398, de 7.1.92, que alterou a redação do inciso VII do art. 12 da Lei nº 8.212 de 24.7.91). (redação original)
Ainda nesta linha de raciocínio, o Artigo 143 da Lei
n. 8.213/91, assegura o benefício de aposentadoria por invalidez no valor do salário mínimo, ao trabalhador rural, que comprove o exercício de atividade rural, senão vejamos:
Art. 143. O trabalhador rural ora enquadrado como segurado obrigatório no Regime Geral de Previdência Social, na forma da alínea "a" do inciso I, ou do inciso IV ou VII do art. 11 desta Lei, pode requerer aposentadoria por idade, no valor de um salário mínimo, durante quinze anos, contados a partir da data de vigência desta Lei, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que descontínua, no período imediatamente anterior ao requerimento do benefício,em número de meses idêntico à carência do referido benefício. (Redação dada pela Lei nº. 9.063, de 1995) (Vide Lei nº 11.368, de 2006) (Vide Medida Provisória nº 410, de
2007).	(Vide Lei nº 11.718, de 2008)
Também o artigo 39 da Lei n. 8.213/91, em sua redação original, garantiu o benefício de aposentadoria ao segurado especial, senão vejamos:
Art. 39. Para os segurados especiais, referidos no inciso VII do art. 11 desta Lei, fica garantida a concessão:
I - de aposentadoria por idade ou por invalidez, de auxílio-doença, de auxílio-reclusão ou de pensão, no valor de 1 (um) salário mínimo, desde que comprove o exercício de atividade rural, ainda que de forma descontínua, no período, imediatamente anterior ao requerimento do benefício, igual ao número de meses correspondentes à carência do benefício requerido; ou
A interpretação dos artigos acima descritos, traduz a necessária premissa que é possível para a concessão da aposentadoria por idade rural, o segurado deve apresentar início de prova material, qualidade de segurado (quinze anos de trabalho rural, ainda que descontinuamente), 55 anos de idade se mulher, e 60 anos de idade se homem.
Assim, o Recorrente comprovou todos os requisitos para a concessão da aposentadoria por idade rural, não havendo motivo para que o benefício dela seja indeferido.
Nota-se que a investigação da qualidade de segurado para o segurado especial deve abranger o período imediatamente anterior ao tempo que ele completou a idade, já pacificado na jurisprudência pátria.
III DA DECISÃO PARADIGMA
Diante da Súmula dessa Egrégia Turma Nacional de Uniformização, o Recorrente foi injustamente prejudicado pela interpretação equivocada da Lei, o que espera seja reformada.
SÚMULA 34
DJ DATA:04/08/2006
PG:00750
Para fins de comprovação do tempo de labor
rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar.
Esta súmula da Turma Nacional de Uniformização é de fundamental importância, e se aplica ao caso concreto, pois a razão para a sentença de primeira instância ser casada foi a utilização de documentos extemporâneos aos fatos que se provou desde o ajuizamento do pedido inicial.
A prova testemunhal foi convicta e comprovou atividade rural, e a produção, na época que ele desempenha atividade agrícola, era rudimentar, tanto é verdade que todo o acréscimo patrimonial ocorreu quando ele já estava com mais de 70 anos, e os filhos assumiram a administração do local.
A questão é simples! O Recorrente é segurado especial, e a extensão da terra não descaracteriza seu direito, ademais, no período até 1995, quando ele completou 60 anos de idade, já havia constituído todos os elementos necessários à concessão da aposentadoria por idade rural.
IV DA UNIFORMIZAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
É necessária que a matéria seja uniformizada, pois as interpretações das Turmas Recursais não podem ser antagônicas a decisão dessa Suprema Corte.
Evidenciado que o v. acórdão combatido está totalmente contrário a Jurisprudência sumulada desta Egrégia Corte, bem como a Lei n. 8.213/91, não resta outra solução ao Recorrente que pedir que este incidente seja acolhido e provido, evidenciando a segurança jurídica, nos termos da Resolução do CJF n. 345/2015, artigo 6º, no seu inciso II.
V - DOS REQUERIMENTOS
Diante do todo exposto, comprovado as divergências e contradições às súmulas desta Egrégia Corte, requer- se o provimento do presente incidente, com a reforma da decisão impugnada, tendo por finalidade:
a) Seja uniformizado o entendimento no sentido de que, a prova documental deve ser contemporânea aos fatos que pretende provar.
b) Que seja dado provimento ao presente recurso, nos termos do artigo 16, II, da Resolução 345/2015 do CJF, para julgar procedente o pedido inicial da parte Recorrente.
Informa que litiga pelo pálio da justiça gratuita por ser pobre no sentido legal do termo.
Espera deferimento e pede Justiça. Local e data.
advogado

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