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apostila Fundamento do cooperativismo

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Pós-Graduação a Distância
FUNDAMENTOS DO 
COOPERATIVISMO
UNIGRAN - Centro Universitário da Grande Dourados 
Rua Balbina de Matos, 2121 - CEP 79.824-900
Jardim Universitário
Dourados - MS
Fone: (67) 3411-4291 | 3411-4297
Os direitos de publicação desta obra são reservados ao Centro 
Universitário da Grande Dourados (UNIGRAN), sendo proibida a 
reprodução total ou parcial de acordo com a Lei 9.160/98.
Os artigos de sites e revistas indicados para a leitura foram 
registrados como nos originais.
MBA em Gestão de
Cooperativas
Fundamentos do Cooperativismo
2
MELO, Luiz Adriano. Fundamentos do Cooperativismo. 
Luiz Adriano Melo. Dourados: UNIGRAN, 2018.
54p.: 23 cm.
1. Fundamentos do Cooperativismo. 
3. Principiologia, Definição, Natureza Jurídica das Coopera-
tivas.
DIRETOR GERAL EAD
DIRETORA PÓS GRADUAÇÃO
COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA
COORDENAÇÃO DA PLATAFORMA
DIAGRAMAÇÃO
LOGÍSTICA
SECRETARIA ACADÊMICA
FINANCEIRO
DEPARTAMENTO DE PROVAS
Marcelo Koche
mkoche@unigran.br 
Lourdes Maria Mendes
direcaopos.ead@unigran.br
Lilia Nantes
lilinantes@unigran.br 
Adriano Câmara
camara@unigran.br
Welington Smaylly
diagramacao2.pos@unigran.br
Fransergio Sampatti
logistica.ead@unigran.br
Marines Viel
secretaria.ead@unigran.br
Andréia Felix e Samara Vilhar
financeiro.ead@unigran.br
samara@unigran.br
Dolores Bortolanza
dolores@unigran.br
mailto:mkoche@unigran.br
mailto:direcaopos.ead@unigran.br
mailto:lilinantes@unigran.br
mailto:camara@unigran.br
mailto:diagramacao2.pos@unigran.br
mailto:logistica.ead@unigran.br
mailto:secretaria.ead@unigran.br
mailto:financeiro.ead@unigran.br
mailto:samara@unigran.br
mailto:dolores@unigran.br
3
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
Apresentação do Docente
LUIZ ADRIANO MELO é graduado 
em Direito pela UNIGRAN 2007, MBA em 
Gestão de Cooperativas (FUNDACE/USP- 
2015), Corretor de Imóveis e Perito Judicial, 
Consultor de Cooperativas e Sócio fundador 
da COOPERSUL (Cooperativa de Apoio aos 
transportadores Rodoviários de Mato Grosso 
do Sul).
Fundamentos do Cooperativismo
4
Sumário
Conversa inicial ..........................................................................................05
Aula 01
Fundamentos do Cooperativismo ................................................................... 07
Aula 02
Noções Gerais Sobre Forma Cooperativa, Aspectos Sócio-Históricos e
Evolução Histórica da Legislação Cooperativista no Brasil ....................... 19
Aula 03
Caracterização das Estruturas de Representatividade dos
Ramos do Cooperativismo ................................................................................ 29
Aula 04
Principiologia, Definição, Natureza Jurídica das Cooperativas,
Objeto e Classificação das Sociedades Cooperativas. ................................. 39
Referências ......................................................................................................... 51
5
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
Olá estimados Pós Graduandos em MBA 
em Gestão de Cooperativas na UNIGRAN 
Net, é uma satisfação imensa ser o mediador 
(professor) dessa disciplina de Fundamentos do 
Cooperativismo, Tenho Certeza que ao final de 
cada aula alguma coisa será acrescentar a você, 
seja no campo profissional ou pessoal. 
Para que seu estudo se torne proveitoso e 
prazeroso, esta disciplina foi organizada em 06 
aulas, com temas e subtemas que, por sua vez, são 
subdivididos em seções (tópicos), atendendo aos 
objetivos do processo de ensino-aprendizagem.
Não há como se pensar em um movimento tão 
amplo como o do Cooperativismo - que envolve 
qualquer atividade econômica possível - sem 
organizá-lo em modalidades que demonstrem 
as especificidades das diversas estruturas que 
constituem as cooperativas.
Princípios básicos são comuns a toda e 
qualquer forma de Cooperativa, mas, por vezes, 
o sentido da prestação de serviços que cada ramo 
de cooperativa promove para os respectivos 
associados pode ser diverso. 
Exemplo disso é a diferença entre cooperativas 
de consumo e cooperativas de produção. Enquanto 
as primeiras promovem uma prestação de serviços 
de compra em comum – e este é o ato tido em 
cooperação – as segundas vendem em comum, 
sendo-lhes peculiar não a união de esforços para 
comprar, mas sim, para vender melhor.
Em ambos os ramos, busca-se a ausência 
do lucro do terceiro que explora os interesses de 
compra e venda, mas, em razão das peculiaridades 
de cada um deles, há um sentido, um norte, para a 
prestação de serviços.
Enfim, inúmeras são as possibilidades de 
estruturação do cooperativismo e, por isso, é 
fundamental que se avalie ramo a ramo de maneira 
sistematizada, para que seja possível, melhor e 
acertadamente, aplicar os conceitos comuns a 
todo o Movimento Cooperativista. Esperamos 
que você sinta-se entusiasmado por este tema. 
Saudações cooperativistas!
Boa leitura!
Professor Luiz Adrian Melo
Conversa Inicial
Fundamentos do Cooperativismo
6
7
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
Fundamentos do
Cooperativismo
Caros(as) Acadêmicos(as),
Para a análise e o estudo do Fundamento 
do Cooperativismo, é necessário que você 
desenvolva um entendimento do espírito 
cooperativista, reconhecer o papel e a importância 
do Cooperativismo e quais são os fatores de 
identificação da peculiar forma cooperativa. 
E é essa a proposta da presente unidade: 
promover o conhecimento de uma sociedade 
cooperativa, que são os conceitos que garantem a 
Identidade Cooperativa. 
Assim, as seções de estudo a seguir ordenam 
a lógica da cooperação tida em uma comunidade 
e que se materializa na cooperativa. Vamos 
analisar desde a necessidade da união que leva 
à cooperação, até o espírito da cooperação que 
garante a ordem estrutural dessa sociedade. 
Com essa análise, abraçamos a identificação 
das razões que levam à cooperação e às 
cooperativas. Dessa forma, quando do estudo 
dos Ramos especificamente, você terá subsídios 
suficientes para entender com exatidão quais são as 
características que permeiam cada especialidade 
cooperativa.
Boa Aula!
1Aula
Fundamentos do Cooperativismo
8
Objetivos de aprendizagem
• entender o que são como e por que se 
organizam as sociedades cooperativas;
• reconhecer o papel e a importância do 
Cooperativismo;
• distinguir os objetivos sociais de uma 
Cooperativa.
Seções de estudo
Seção 1 - O espírito cooperativista
Seção 2 - A cooperação: forma e estrutura 
cooperativa
Seção 3 - A cooperativa
Seção 4 - Os objetivos sociais
Seção 5 - O estado de cooperação e a estrutura 
cooperativa
Seção 1 – O espírito cooperativista
O espírito cooperativista é um conjunto 
de sentimentos de amor ao próximo, um 
comprometimento coletivo e solidário, em que a 
responsabilidade está intimamente ligada a este 
comprometimento com o grupo e à necessidade 
de união para prosperar. Cattani relaciona a utopia 
da seguinte forma: a liberdade criadora que busca 
a emancipação social se manifesta na luta contra 
os dogmatismos, messianismos e determinismos 
estruturais, contra a servidão e violência, enfim, 
contra o domínio das minorias reacionárias o 
tutelares (CATTANI, 2004, p. 347). 
Historicamente, este espírito já se encontrava 
presente em antigas civilizações, como a dos 
Incas, Mapuches e Guaranis. Sobre as Reduções 
criadas pelas Missões Jesuítas, vale lembrar que os 
povos Guaranis possuíam um espírito ainda mais 
cooperativo do que os jesuítas com suas propostas. 
O trabalho coletivo era uma instituição e não se 
pensava no trabalho limitado somente da família, 
como era a proposta dos Missioneiros que vieram 
da Europa. 
Com a Revolução Industrial, iniciada na 
Inglaterra no Século XVIII, o espírito cooperativista 
ressurge com os ideais utópicos de Robert Owen 
(1771 – 1858) e Charles Fourier (1772 –1837).
O espírito cooperativista vem em contraposição 
ao Espírito do Capitalismo descrito por Marx Weber 
(1985). Weber explica que o espírito do capitalismo 
compreende ageração de dinheiro como objetivo 
final, “o homem é dominado pela geração de 
dinheiro, pela aquisição como propósito final da 
vida” (WEBER, 1985, p. 21). Quando Weber diz que 
“a aquisição econômica não mais está subordinada 
ao homem como um meio para a satisfação de suas 
necessidades materiais” (1985, p. 21), ele quer 
dizer que o homem está submetido à exploração do 
capital, e a necessidade de reprodução de suas vidas 
não vale tanto quanto a valorização do dinheiro; 
considerando que o contrário seria irracional.
Outra questão defendida é a do trabalho, na 
qual é discutida a questão da geração de lucro. 
Fundamentado neste espírito do capitalismo, o 
lucro significa a parcela do trabalho que não é paga 
pelo capitalista, de acordo com Marx em sua obra O 
Capital (1996). Isto significa que o empresário tem 
lucro porque ele não paga tudo que o trabalhador 
produz. Esta teoria desenvolvida por Marx vem ao 
encontro do que Weber defende: “um excesso de 
mão de obra que possa ser empregada a baixo preço 
no mercado de trabalho é uma necessidade para o 
desenvolvimento do capitalismo”. (WEBER, 1985, 
p. 24). 
Bom, sabemos que lucro é uma coisa, sobra 
é outra. Cooperativa não tem lucro, tem sobra. 
Sobra possui um significado diferente, em que se 
realiza uma remuneração proporcional ao trabalho 
realizado. Com isso, não resta lucro no final das 
contas. 
Voltando ao espírito cooperativista, Donida 
(2004, p.119) explica que possuir espírito 
cooperativista não deve significar um Sentimento 
de renúncia:
É fundamental saber harmonizar conflitos desta 
ordem e ter claro até aonde chega, ou deve chegar, o 
espírito de cooperação e de solidariedade, e quando 
este deixa de ser um referencial a sustentar. Benecker 
(1980) ensina que a solidariedade cooperativa deve 
ser racional. Com isso, entende-se que as vantagens 
da união associativa devem sobressair aos efeitos 
negativos das divergências entre interesses e 
objetivos pessoais e os que prevaleçam para o 
conjunto dos associados. O resultado global de 
pertencer à associação deve ser vantajoso para cada 
associado e não uma permanente necessidade de 
renúncia. (Tradução nossa).
Precisamos, ainda, fazer uma diferenciação entre 
espírito cooperativista, explicado anteriormente, e 
os princípios cooperativistas. Em sua definição, os 
princípios cooperativistas são linhas orientadoras 
que as cooperativas seguem de forma a levar os seus 
valores à prática. Os princípios do cooperativismo 
9
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
são sete:
1º Adesão voluntária e livre.
2º Gestão democrática.
3º Participação econômica dos membros.
4º Autonomia e independência.
5º Educação, formação e informação.
6º Intercooperação.
7º Interesse pela comunidade.
O conceito de responsabilidade social é 
relativamente novo para a maioria das empresas. 
Entretanto, para as cooperativas, esse conceito 
advém dos princípios e valores do cooperativismo. 
A preocupação com a cidadania, com o meio 
ambiente, com o bem-estar social, com a educação, 
com a saúde, com a qualidade de vida dos associados, 
funcionários, comunidade, clientes, fornecedores e 
consumidores faz parte da cultura cooperativista.
As cooperativas, por sua própria essência, 
são entidades solidárias, nas quais pessoas de um 
mesmo grupo social ou econômico se reúnem com 
a finalidade de ajuda mútua. O ato cooperativo, por 
natureza e vocação, visa ao benefício comum. No 
cooperativismo, a solidariedade é prática diária, e 
representa melhoria de perspectiva de vida e bem-
estar para milhares de pessoas. Responsabilidade 
social, nesse contexto, é regra de conduta e hábito 
arraigado, praticado há décadas, muito antes de o 
termo ganhar a dimensão e o status que hoje recebe. 
O que é uma novidade nas empresas privadas, para 
as cooperativas é atividade comum.
As cooperativas passam por momentos de 
grandes transformações, em função da globalização. 
Para crescerem diante de um mercado cada vez 
mais competitivo é preciso que invistam cada vez 
mais na profissionalização de seus negócios, no 
investimento em educação, na qualidade de seus 
produtos, na produtividade e na busca de novos 
mercados. E que continuem sempre desenvolvendo 
ações sociais consequentes, porque o cooperativismo 
é, primordialmente, apoio, solidariedade e amor.
O espírito de cooperação e de solidariedade 
sempre existiu na alma do homem. A ajuda mútua é 
encontrada nas diversas relações de trabalho coletivo, 
em várias épocas da vida, aproximando o trabalho 
com o exercício da cooperação e da solidariedade. 
As origens históricas do cooperativismo moderno 
têm como referência a sociedade inglesa do século 
XIX.
Numa época em que o pensamento humano 
vivia sob a égide do mecanicismo, nascia o 
cooperativismo. O advento da era das máquinas 
modifica profundamente não só o pensamento 
humano, mas as relações de produção e 
consequentemente a divisão do trabalho, divisão 
esta que norteia o pensamento, reducionista, que 
influenciava todas as atividades humanas da época. 
O cooperativismo surgiu como um instrumento 
eficaz para a organização da sociedade, para a 
democracia dos investimentos, para a distribuição 
da renda, para a regularização do mercado, 
para a geração de empregos e a justiça social. 
O cooperativismo integra organizações de 
economia social, que, com objetivos baseados na 
solidariedade e na democracia, dão primazia às 
pessoas e ao trabalho sobre o capital na distribuição 
dos benefícios.
A base da doutrina cooperativista é formada 
pelos valores e princípios juntos com as ideias 
gerais.
• Os valores têm caráter abrangente e 
perene no tempo, enquanto os princípios 
interpretam os valores e se adaptam ao 
tempo e ao lugar, fazendo ponte entre a teoria 
e a prática cooperativista, transformando 
ideias em ações.
• Incluem-se entre as ideias gerais do 
cooperativismo: modificação pacífica 
e gradativa do meio econômico social, 
prestação de serviços, substituição da 
concorrência pela cooperação como 
gerador de negócios, eliminação do 
salariado, eliminação do lucro, obtenção do 
“justo preço”, transação das cooperativas 
somente com os cooperados, constituição 
de um patrimônio cooperativo indivisível 
(propriedade cooperativa). 
Os valores básicos do cooperativismo são: 
solidariedade, equidade, justiça social, liberdade e 
democracia. Acompanhe a seguir o entendimento 
sobre cada um desses valores.
Solidariedade é a base do cooperativismo, 
pois empreendimentos em comum exigem pessoas 
solidárias, dispostas a estabelecer vínculos entre 
si, baseados no apoio mútuo, no sentido recíproco 
da união e de responsabilidades. Quem pratica a 
solidariedade o faz como um fim e não como um 
meio. 
Equidade é o valor que está na alma do 
cooperativismo, pois não se pode dizer que 
há cooperação se não houver equidade. No 
cooperativismo devem existir deveres e direitos 
gerais e iguais para todos. Deve existir distribuição 
proporcional à participação de cada cooperado. 
No cooperativismo, cada cooperado deve receber 
Fundamentos do Cooperativismo
10
assistência de acordo com suas necessidades.
Justiça social é outro valor do cooperativismo, 
relacionado à promoção das pessoas, para levar 
a estes benefícios econômicos, educacionais e 
culturais, para que tenham uma melhor qualidade de 
vida, com oportunidades de trabalho e de realização 
pessoal. Um cooperado tem as mesmas obrigações 
que todos os outros, sempre desempenhando as 
funções que lhe forem designadas.
Liberdade é usar à vontade, em oposição aos 
instintos, aos impulsos e às iniciativas elementares 
para fazer o que é correto, o que ético. 
Democracia é o valor que significa 
participação em todas as reuniões, o direito de 
opinião, a oportunidade do exercício das funções 
diretivas, o respeito ao direito das pessoas, ainda 
que divergentes, o direito ao voto. Acima de tudo, 
democracia pressupõe a manifestação da vontade 
coletiva. Democracia e voto têm uma ligação íntima, 
pois o voto é um instrumentode tomada de decisões 
e, portanto, é o meio pelo qual a democracia é posta 
em prática.
Os princípios do cooperativismo interpretam os 
valores e se adaptam ao tempo e ao lugar, fazendo 
ponte entre a teoria e a prática cooperativista, 
transformando ideias em ação.
Seção 2 – A cooperação: forma e estrutura 
cooperativa
Ato Cooperativo
A cooperativa, como empreendimento 
econômico comum, desenvolve as suas atividades 
em dois sentidos: internamente, operando com os 
sócios, e externamente, negociando com terceiros, 
no mercado. 
Denominam-se atos cooperativos os praticados 
entre a cooperativa e seus associados, entre seus 
associados e a cooperativa e pelas cooperativas 
entre si quando associados, para consecução dos 
objetivos sociais, nos termos do art. 79 da Lei 
5.764/71. (BRASIL, 1971).
O legislador de 1971 conceituou ato cooperativo, 
e deste conceito legal se depreendem os seguintes 
elementos:
1. Cooperativa;
2. Associado ou cooperado;
3. Objetivo social.
Estes três elementos são imprescindíveis para 
a concretização e classificação do ato cooperativo 
e precisam estar presentes na sua totalidade, pois, 
caso falhe algum elemento ou não se concretize 
inteiramente sua natureza jurídica, não haverá ato 
cooperativo perfeito. Acompanhe-os nas próximas 
seções. 
Ato cooperativo é um só, e como tal se manifesta 
definido pelo artigo 79 da Lei 5.764/71:
Art. 79. Denominam-se atos cooperativos os praticados 
entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas 
e pelas cooperativas entre si quando associados, para a 
consecução dos objetivos sociais. (BRASIL, 1971).
O artigo 79 traz elementos que precisam ser 
examinados e confrontados com os artigos 3º, 4º 
e 5º da lei cooperativista, independentemente do 
ramo a que pertença a cooperativa. 
O exame do ato cooperativo do ramo 
agropecuário, saúde, crédito ou qualquer outro, não 
é senão a tradução fiel e adequada da prestação de 
serviços ao sócio cooperado, condição que o fez 
participar da sociedade.
O ato cooperativo não implica operação de 
mercado, nem contrato de compra e venda de 
produto ou mercadoria, segundo o parágrafo único 
do mesmo artigo.
As características dos atos cooperativos estão 
relacionadas com as atividades de cada ramo.
Desse modo, falaremos de “atos cooperativos 
de fornecimento”, nas cooperativas de consumo; de 
“atos cooperativos de cessão de uso de unidades de 
moradia”, nas cooperativas habitacionais; de “atos 
cooperativos de trabalho”, nas cooperativas de 
trabalho; de “atos cooperativos de empréstimos aos 
associados”, nas cooperativas de crédito, e assim 
por diante.
Assim, podemos citar como exemplos de atos 
cooperativos a entrega de produtos dos associados 
à cooperativa para beneficiamento, armazenamento 
e industrialização e comercialização, bem como o 
repasse aos associados dos valores, pela cooperativa, 
decorrentes dessa comercialização, nas cooperativas 
agropecuárias.
Portanto, é preciso analisar o ato em relação aos 
liames societários determinados nos objetivos das 
cooperativas, verificando a sua estreita vinculação 
entre a operação da cooperativa e o seu destinatário.
Atos não cooperativos
Os atos não cooperativos são os praticados 
com terceiros nãoassociados. São exemplos, dentre 
outros, os seguintes, contidos na Lei 5.764/71 
(BRASIL, 1971):
• No Art. 85: a comercialização ou 
industrialização, pelas cooperativas 
11
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
agropecuárias ou de pesca, de produtos 
adquiridos de não associados, agricultores, 
pecuaristas ou pescadores, para completar 
lotes destinados ao cumprimento de 
contratos ou para suprir capacidade ociosa 
de suas instalações industriais; 
• No Art. 86: o fornecimento de bens ou 
serviços a não associados. Tal faculdade 
deve atender aos objetivos sociais e estar 
em conformidade com a lei, como nas 
cooperativas de consumo abertas;
• No Art. 88: participação das cooperativas 
em sociedades não cooperativas, públicas 
ou privadas, para atendimento de objetivos 
acessórios ou complementares, mediante 
prévia e expressa autorização concedidas 
pelo respectivo órgão federal.
Outros casos relacionados aos atos não 
cooperativos são os referentes às aplicações 
financeiras e à contratação de bens e serviços de 
terceiros não associados praticados por todos os 
ramos do cooperativismo.
O art. 87 da Lei 5.764/71 estabelece que: as 
sociedades cooperativas devem contabilizar em 
separado os resultados das operações com não-
associados, de forma a permitir o cálculo de tributos.
A Medida Provisória 1.858-9 (BRASIL, 1999), 
em seu art. 15, § 2o, dispõe que os valores excluídos 
da base de cálculo do PIS e da Cofins, relativos 
às operações com os associados, deverão ser 
contabilizados destacadamente, pela cooperativa, 
e comprovados mediante documentação hábil e 
idônea, com identificação do adquirente, do valor 
da operação, da espécie de bem ou mercadoria e 
quantidades vendidas.
Leis e planos de leis de incentivo ao 
cooperativismo foram promulgados pelo Governo 
Federal e nas seguintes Unidades de Federação:
• Lei 11.995/03 no estado do Rio Grande do 
Sul;
• Lei 1.598/04 no estado do Acre;
• Lei 15.075/04 no estado de Minas Gerais;
• Lei 2.830/04 no estado do Mato Grosso do 
Sul;
• Lei 15.109/05 no estado de Goiás;
• Lei 12.226/06 no estado de São Paulo;
• Projeto de Lei 1.694/2005 no Distrito 
Federal;
• Lei 10.666 do Governo Federal.
Estrutura Lei 5.764/71
Art. 3º. Celebram contrato de sociedade 
cooperativa as pessoas que reciprocamente se 
obrigam a contribuir com bens ou serviços para o 
exercício de uma atividade econômica, de proveito 
comum, sem objetivo de lucro.
Art. 4º. As cooperativas são sociedades de 
pessoas, com forma e natureza jurídica próprias, de 
natureza civil, não sujeitas à falência, constituídas 
para prestar serviços aos associados, distinguindo-
se das demais sociedades pelas seguintes 
características: [...]. 
Art. 5º. As sociedades cooperativas poderão 
adotar por objeto qualquer gênero de serviço, 
operações ou atividade, assegurando -lhes o direito 
exclusivo e exigindo- lhes a obrigação do uso da 
expressão “cooperativa” em sua denominação. 
(BRASIL, 1971).
O termo ramo (SILVA, 1987) designa divisão, 
classificação, e se encontra no corpo da lei 
cooperativista, artigo 105 e suas alíneas:
Art. 105: A representação do sistema cooperativista nacional 
cabe à organização das Cooperativas Brasileiras - OCB, 
sociedade civil, com sede na Capital Federal, órgão técnico-
consultivo do Governo, estruturada nos termos desta Lei, 
sem finalidade lucrativa, competindo lhe precipuamente:
[...] b)- integrar todos os ramos das atividades 
cooperativistas. (BRASIL, 1971).
Essa divisão em ramos cooperativistas é 
um ato conceitual, explicativo e eminentemente 
doutrinário, para conceituar, na verdade, o objeto 
das sociedades cooperativas. De acordo com o art. 
5º da lei 5.764 (BRASIL, 1971), objeto diz respeito 
à manifestação da prestação de serviços. Esta forma 
de divisão nada mais é do que o esclarecimento, na 
prática, do desenvolvimento de seu único objetivo 
– a prestação de serviços ao associado (conforme 
art. 4º e 5º).
As sociedades cooperativas possuem objetivo e 
objeto, sendo o primeiro, conforme dispõe o artigo 
4º, a prestação direta dos serviços aos seus sócios 
cooperados e o segundo, o conjunto de operações 
que concretizarão tal prestação de serviços, ou seja, 
operações revestidas de serventia econômica do 
grupo que constituiu e pertence à sociedade.
Utilizando os artigos considerados 
“estruturais” da lei cooperativista, chega-se à ideia 
de que para existir uma cooperativa no Brasil, são 
necessários três elementos:
1. um grupo de pessoas;
2. uma dificuldade econômica comum a ser 
vencida;
Fundamentos do Cooperativismo
12
3. a solução/facilitação desta dificuldade na 
cooperativa.
Por grupo, tem-se, imediatamente, a ideia de 
conjunto de pessoas delimitadas no presente caso do 
artigo 3º – aquelas que se obrigama contribuir com 
bens ou serviços para o exercício de uma atividade 
econômica, de proveito comum, isto é, não dirigido 
apenas a parte do grupo.
A pessoa, ao ingressar na cooperativa, já 
analisou e concluiu que a pessoa jurídica da 
sociedade lhe será útil, ante suas expectativas no 
campo econômico. A isto se chama delimitação do 
grupo, ou seja, conjunto de pessoas que possuem 
dificuldade econômica e cuja máquina/estrutura 
criada lhes facilitará economicamente a vida, de 
modo que possam contribuir com bens ou serviços 
para o proveito comum.
Desta forma, um grupo de agricultores com 
dificuldade na sua atividade econômica de produtores 
rurais e que decide constituir uma sociedade que lhe 
preste serviços dentro desta atividade econômica 
é o elemento necessário à conceituação do tipo 
societário cooperativa, do ramo agropecuário; da 
mesma maneira, os médicos se reúnem em torno de 
uma sociedade cooperativa criada por eles para lhes 
facilitar a sua atividade econômica, classificada de 
sociedade cooperativa do ramo saúde, e assim por 
diante, nos treze ramos conhecidos e conceituados 
pela Organização das Cooperativas Brasileiras – 
OCB. 
No Brasil, as sociedades cooperativas são 
regidas pela Lei Federal 5.764/71 e têm suas 
estruturas estabelecidas por ela. No entanto, o 
Presidente Fernando Henrique Cardoso aprovou a 
Lei 9.867 (BRASIL, 1999) que cria as Cooperativas 
Sociais e regula o seu funcionamento.
Os artigos 3º, 4º e 5º são considerados estruturais 
pois delimitam e constituem o conceito de sociedade 
cooperativa. Acrescente-se agora o artigo 1.094 do 
Código Civil de 2002. (BRASIL, 2002).
Este ato contribuiu com o desenvolvimento de 
novos segmentos econômicos como a economia 
solidária, movimento social que se preocupa também 
com o público a que se destina a Lei 9.867/99:
I. os deficientes físicos e sensoriais;
II. os deficientes psíquicos e mentais, as pessoas 
dependentes de acompanhamento psiquiátrico 
permanente, e os egressos de hospitais psiquiátricos;
III. os dependentes químicos;
IV. os egressos de prisões;
V. vetado;
VI. os condenados a penas alternativas à detenção;
VII. os adolescentes em idade adequada ao trabalho, e 
situação familiar difícil do ponto de vista econômico, 
social ou afetivo. (BRASIL, 1999).
De acordo com a UNISOL BRASIL (2009), 
“as cooperativas sociais são empreendimentos 
que têm como objetivo principal a melhoria da 
vida das pessoas em dificuldades permanentes ou 
temporárias”.
O único objetivo de existência da cooperativa, 
segundo o artigo 4º, é a prestação de serviços aos 
seus donos, o conjunto de sócios cooperados. A 
maneira pela qual se dará tal prestação é a base 
para conceituação do ramo a qual pertencerá à 
cooperativa. 
Assim entendidos os sócios cooperados, com 
capital empregado na sociedade e responsabilidade 
perante terceiros.
Neste caso, a prestação de serviços resultará 
na prática de operações que facilitem ou auxiliem 
o exercício da atividade econômica do sócio 
cooperado, como determina o artigo 4º da Lei 
5.764/71, que se realizará nos limites da atividade 
agropecuária. 
Este conjunto de operações deverá estar 
elencado no Estatuto Social da Sociedade 
Cooperativa por força do comando do artigo 21, I, 
da lei cooperativista de 1971.
Art. 21. O estatuto da cooperativa, além de 
atender ao disposto no Artigo 4º, deverá indicar: 
I - a denominação, sede, prazo de duração, área 
de ação, objeto da sociedade, fixação do exercício 
social e da data do levantamento do balanço geral; 
[...]. (BRASIL, 1971).
Seção 3 - A cooperativa
Por cooperativa entende-se a pessoa jurídica 
delimitada pelo capítulo VII do Código Civil de 
2002 e pela Lei 5.764/71, principalmente pelos 
artigos 1.094, 3º, 4º e seus incisos e V. A totalidade 
das normas da Lei 5.764/71 deve estar respeitada 
e cumprida para assim ser considerada sociedade 
cooperativa.
O associado
“Associado”, “cooperado” ou tecnicamente 
“sócio cooperado” são vocábulos que designam, 
na verdade, o dono da sociedade cooperativa e, 
13
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
portanto, o detentor de parcela desta (cota parte), ou 
nos dizeres modernos, do Código Civil (BRASIL, 
2002), “responsável de alguma forma pelo seu 
resultado”. 
Dessa forma, a pessoa que integrou a pessoa 
jurídica cooperativa, em busca da resolução 
ou facilitação de sua dificuldade econômica na 
cooperativa, será associado, nos termos do artigo 79. 
A doutrina e a legislação classificam a cooperativa 
como sendo uma sociedade de pessoas, e como 
tal, interessa o que poderíamos traduzir como o 
elemento classificador do grupo que constituiu a 
cooperativa e a que ela pertence.
Para tanto, é necessário que a utilização da 
máquina/ empreendimento (sociedade cooperativa) 
pelo sócio cooperado aconteça para a minoração da 
sua dificuldade econômica. 
Neste sentido, não cabe a existência do chamado 
sócio cooperado inativo, ou aquele sócio suspenso 
das atividades ou mesmo aquele tido como sócio 
infiel. (Diz-se associado ou sócio infiel aquele 
que desvia seus produtos e bens, entregando-os a 
um ente estranho à sociedade, fato que concorre 
economicamente com a sociedade cooperativa e 
tira-lhe a força).
A característica de sócio cooperado é provada 
e comprovada, sempre e dinamicamente, a cada 
operação da cooperativa. É necessária a identificação 
de que a razão para a prática de tal ato/operação seja 
o sócio cooperado. O conceito de cooperado passa, 
portanto, por vários elementos caracterizadores e 
confirmadores, todos imprescindíveis.
Para ser considerada sócio cooperado, a 
pessoa deve, em primeiro lugar, pertencer ao grupo 
delimitado, como já salientado, ou seja, apresentar a 
característica de ser parte do grupo cuja dificuldade 
econômica seja comum e que a “atuação/atividade” 
da cooperativa a atenda, fazendo com que ao utilizar 
o “instrumento sociedade cooperativa”, tenha 
facilitação desta dificuldade.
Deve ainda se observar o contido no artigo 3º da 
lei cooperativista, isto é, a prática da contribuição de 
bens ou serviços para uma atividade econômica de 
proveito comum que significa: praticar operações 
com a cooperativa. 
Isto implica operar com a cooperativa, 
participar de suas operações, exercitando a segunda 
e terceira características doutrinárias atribuídas 
ao sócio cooperado – ser usuário e fornecedor da 
cooperativa.
Não basta a característica do sócio cooperado 
dono, é necessário que também estejam presentes as 
características de sócio cooperado usuário e sócio 
cooperado fornecedor.
Ser dono da cooperativa significa ter 
responsabilidade pelos seus atos, participar de 
suas deliberações e possuir uma parcela desta 
sociedade através de uma cota parte integralizada, 
pelo menos. 
Ser fornecedor é exercitar o artigo 3º da lei 
cooperativista, ou seja, entregar seu bem ou produto 
na cooperativa para que esta possa lhe prestar 
serviços e, portanto, fazer com que o associado 
seja um usuário. Ser usuário é utilizar-se do 
empreendimento que se constituiu. 
As três características se inter-relacionam de 
maneira tão intrínseca e tão indissociável que é 
difícil tratar de cada uma delas separadamente. O 
fato de ser dono de um empreendimento pressupõe 
interesse e engajamento; ser dono e usuário aumenta 
ainda mais o nível de interesse no sucesso do 
empreendimento, pois a pessoa que constitui uma 
sociedade da qual será usuária só pode perseguir e 
objetivar o sucesso.
Seção 4 – Os objetivos sociais
O conceito de “objetivo social” é dado 
pelo sócio cooperado. Sua amplitude obedece à 
necessidade econômica do grupo que constituiu 
e que pertence à sociedade. Quando o grupo se 
reuniu no momento que antecedeu à constituição 
da sociedade cooperativa, elencou quais os atos 
necessários para a prestabilidade da sociedade e que 
imprescindivelmente deveriam ser desenvolvidos 
por ela. 
A sociedade só foi criada e só existe se atender 
as necessidades do corpo de sócios cooperados. 
Este conjunto de atos e operaçõespraticados pela 
cooperativa com este escopo chama-se de objetivo 
social, e deve estar descrito e contido no corpo do 
Estatuto Social, segundo o artigo 21, inciso I, da Lei 
5.764. (BRASIL, 1971). 
O objetivo social confunde-se com o motivo 
que identifica o grupo que constituiu a cooperativa. 
Poderia até se apontar que o objetivo social é a 
tradução em atos do que a cooperativa fará para 
auxiliar o sócio cooperado a resolver ou minorar 
a dificuldade econômica comum ao grupo, motivo 
que o fez unir-se em torno de uma estrutura que 
lhe pudesse auxiliar e mais: motivo que fez com 
que o grupo constituísse a cooperativa. A mesma 
explicação se aplica aos sócios cooperados que 
ingressam na sociedade depois de esta já estar 
constituída.
Fundamentos do Cooperativismo
14
A condição que os fez cooperar é a tradução 
de que o desenrolar do objetivo social lhes atende 
e os faz ingressar e permanecer na sociedade. Os 
objetivos sociais da cooperativa são as ações que 
a cooperativa se propõe a tomar para resolver a 
dificuldade econômica que o grupo possui. 
Na prática, o interesse do associado em 
pertencer à cooperativa só existe e se mantém se 
houver efetivamente operações que atendam a 
tal interesse, isto é, o sentimento de saciedade do 
associado em relação à cooperativa só ocorre com 
a prática de atos, por parte desta, que exercitem a 
característica de usuário/ fornecedor – atos estes 
praticados em razão do seu escopo que se traduz 
no objetivo, ou seja, a prestação de serviços diretos 
ao sócio cooperado com a prática do objeto social, 
consistindo no conjunto de atos e operações razão 
da sua criação (vontade de saciedade do associado).
Exemplo: A cooperativa fictícia chamada 
COOPERDETAL possui no seu estatuto o seguinte 
objetivo social:
CAPÍTULO V - DOS OBJETIVOS SOCIAIS.
Art. 1º. – O objetivo social da cooperativa é a 
prestação direta de serviços aos seus cooperados 
na melhoria econômica e social, na orientação e na 
organização das atividades de prestação de serviços, 
as quais serão executadas pelos seus cooperados, 
buscando promover o acesso destes ao mercado de 
trabalho pela integração de suas competências.
O objeto social
Comumente há a referência aos objetivos 
sociais quando se está tratando do objeto social. 
Mas é primordial que sejam diferenciados, uma 
vez que os objetivos são as pretensões comuns aos 
associados, ou seja, os elementos que constituem os 
anseios de melhoria das respectivas condições de 
vida.
Já quanto ao objeto social, deve-se destacar, 
trata-se da atividade econômica eleita pelo grupo 
constituinte da cooperativa. Nesse sentido, tem-se 
o crédito nas cooperativas de crédito, a produção 
agropecuária na cooperativa constituída por 
produtores rurais, o transporte na cooperativa de 
transportes, e assim por diante.
Tal reflexão é primordial, uma vez que, na 
classificação aplicada às diversas estruturas de 
cooperativas, será o objeto social o caracterizador 
da diferenciação e enquadramento. 
Exemplo A mesma cooperativa fictícia 
COOPERDETAL possui no seu estatuto o seguinte 
objeto social:
CAPÍTULO IV - DO OBJETO SOCIAL.
Art. 1º - A Cooperativa terá como objeto social:
a. realização de projetos, espetáculos, 
manifestações e ações culturais, cursos, 
palestras, seminários, aulas, treinamento, 
oficinas, “workshops”, “shows” executados 
pelos cooperados em caráter permanente 
ou temporário, independente ou junto às 
instituições públicas e/ou privadas;
b. a produção e/ou construção de 
infraestrutura necessária para a produção, 
criação, edição e comercialização de obras 
de arte construídas ou empreendidas pelos 
cooperados.
Seção 5 – O estado de cooperação e a 
estrutura cooperativa
Para iniciar a trajetória pela estrutura 
cooperativa, vamos conhecer um pouco a lição 
do Padre Don José Maria Arizmendiarreta,( 
Fundador e dinamizador da denominada 
Experiência Cooperativa de Mondragón, cidade 
espanhola (País Basco) onde hoje está sediada a 
Mondragón Corporación Cooperativa – MCC, 
uma das referências mundiais do cooperativismo) 
que conceituou essa modalidade de sociedade 
da seguinte forma: la empresa cooperativa es un 
organismo vivo; es uma sociedad de personas en 
una comunidad, cuyo soporte es la solidaridad, 
y la conciencia de esta solidaridad es La fuerza 
impulsora en la que debemos confiar. (IRION, 
1997, p. 182).
Com base no entendimento de Arizmendiarrieta 
(1997), podemos afirmar que a estrutura cooperativa 
é um organismo vivo, pois somente existe se há o 
senso de comunidade e vida comum dos associados 
que a constituem. Aliás, extrapola a mera associação 
para fins de exploração de atividade econômica, 
pois também está sediada na solidariedade comum 
aos integrantes dessa instituição.
Tal solidariedade cria vínculo associativo 
diferenciado, uma vez que apenas com base na 
força comum dos associados é que uma sociedade 
pode existir. As ações pessoais de cada associado 
são as ações da cooperativa, mesmo porque servir o 
associado, que ao mesmo tempo é o proprietário e 
o tomador de serviços da instituição, é o meio pelo 
qual a sociedade pode alcançar o fim para o qual foi 
15
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
constituída.
Sem as ações pessoais de cada associado, a 
sociedade não pode prestar os serviços para os quais 
foi criada. 
Como exemplo, em uma cooperativa de 
crédito, é inimaginável a concessão de empréstimos 
se não houver captação de recursos dos próprios 
associados. Enquanto uns contribuem com a 
aplicação de recursos, outros os tomam, mas isso 
durante certo lapso de tempo, pois, em vista do 
permanente estado de cooperação, as figuras se 
alternam.
Logo, a responsabilidade de cada associado 
cooperativista vai além da própria associação ou da 
mediata relação que mantém com a sociedade que 
compõe, vez que está inserido em uma comunidade 
onde as figuras alternam-se paulatinamente e, em 
diversas ocasiões, ocorrem simultaneamente.
Portanto, a análise das relações cooperativistas 
sem o foco amplo, sediado na própria estrutura 
cooperativa, é desrespeito à peculiar affectio 
societatis cooperativa. Em se consagrando o 
associado cooperativista apenas como proprietário, 
que, por meio dessa sociedade, busca o exercício de 
uma atividade econômica, tem-se perda do conceito 
de tomador de serviços da instituição, o que também 
lhe é devido.
No caminho inverso, em se prestigiando apenas 
com a coroa de tomador de serviços, desrespeita-se 
sua atividade de empresa com caráter associativo a 
que ora buscou quando se admitiu na cooperativa. 
De um lado ou de outro, quando se analisa somente 
um deles, tem-se perdas e, em ambos os casos, 
somente para o associado. 
Ao se reportar ao conceito de cooperativa 
formulado pelo Congresso do Centenário da Aliança 
Cooperativa Internacional, o jurista argentino Dante 
Cracogna afirma trata-se de “uma simbiosis com 
uma asociación de personas para lograr objetivos de 
caráter económico, social y cultural”. (1985, p. 11).
Da lição de Cracogna, nota-se que, na análise 
aplicada às relações cooperativistas, cabe a avaliação 
integral da própria cooperativa. Isso se dá pela 
constatação de que se está avaliando uma associação 
tão intrínseca que chega a ser simbiótica e, por que 
não dizer, viva. Logo, características essenciais 
a conclusões racionais estão difundidas em um 
todo, tal como no funcionamento de um organismo 
humano, em que fatores de um determinado 
componente podem gerar consequências em outros 
e, em certos casos, até em todo o ser vivo.
Dada essa condição vital unificada, as 
cooperativas são instituídas com base em princípios 
que orientam sua atuação. Tais princípios são 
únicos para as cooperativas e em virtude deles 
tem-se relações sociais não observadas em outras 
instituições comumente utilizadas para compará-las 
conceitualmente.
Tais princípios, ainda, garantem uma forma 
de atuação econômica peculiar, uma vez que nas 
cooperativas não se busca o objetivo de lucro ou 
de proveito próprioda instituição, mas sim, como 
leciona Walmor Franke (1973, p. 23), “a promoção 
da defesa ou fomento da economia dos cooperados, 
mediante prestação de serviços”.
Assim sendo, tem-se diferenciadores essenciais, 
em que a cooperativa é um meio, um instrumento, 
e que tem orientação em princípios formulados 
para que isso seja garantido. Como exemplo 
desses diferenciadores essenciais, podemos citar a 
prestação de serviços aos associados.
A cooperativa somente existe pelos associados 
cooperativistas e quaisquer implicações negativas 
na análise das relações envolvidas poderão 
apenas trazer-lhes prejuízos – talvez nem mesmo 
identificados por eles próprios.
Ainda em relação aos princípios cooperativistas, 
ensina o doutrinador do Direito Cooperativo Waldirio 
Bulgarelli (1988,p. 11) que cooperativa “trata-se de 
empresa cuja conformação e procedimentos estão 
influenciados pelos princípios doutrinários do 
sistema de que é instrumento”. 
Dentre os princípios cooperativistas, salientamos 
a adesão livre, que é consagrada expressamente 
na ordem jurídica brasileira, conforme artigo 29 
da Lei 5.764 (BRASIL, 1971). Por ordem desse 
princípio, e no caso brasileiro por comando legal, 
qualquer pessoa que esteja abarcada na categoria 
de cooperativa que pretende se admitir tem o que 
se denomina portas abertas (Vale o registro de 
que, para Waldirio Bulgarelli, as portas abertas 
constituem-se em desdobramento do princípio da 
livre adesão. (1988, p. 13).). 
Assim, o denominado “princípio das portas 
abertas” é mandamento ideológico do livre acesso, 
ou seja, tanto para ingressar quanto para se retirar. E 
isso é uma premissa básica do cooperativismo.
Assim sendo, para se alcançar o status de 
associado cooperativista, o ingresso é livre, desde 
que a cooperativa tenha condições técnicas de 
lhe prestar serviços, vide art. 4°, inciso I, Lei 
5.764 (BRASIL, 1971), e, uma vez associado 
cooperativista, se desejar demitir-se, tal medida não 
lhe será negada, conforme art. 32 da mesma Lei. 
A própria ideia de se ingressar ou se retirar 
por ato voluntário restringe conduta somente aos 
Fundamentos do Cooperativismo
16
próprios associados cooperativistas que compõem a 
instituição. Aliás, essa liberdade de trânsito concede 
a qualquer indivíduo a possibilidade de escolher a 
sociedade cooperativa que mais tenha identificação 
com seus interesses pessoais. 
Quanto a esse entendimento, acompanhe o que 
afirma Gress (2003, p. 87): o princípio das portas 
abertas é, portanto, mais um desdobramento do 
direito à liberdade do ser humano, possibilitando 
ao cidadão a livre escolha em aderir ou não aderir 
à sociedade cooperativa e dela se retirar, conforme 
seu arbítrio, sempre respeitando os direitos oriundos 
das liberdades de seus iguais. 
À lição de Cátia Denise Gress, podemos 
acrescentar a consideração de que, uma vez 
dentro da sociedade cooperativa, caso o associado 
cooperativista não intente demitir-se, deve arcar 
com a responsabilidade inerente à associação, a fim 
de contribuir para a harmonia social cooperativa, 
não prejudicando o livre exercício de direitos dos 
demais associados – mesmo porque, nas palavras da 
citada autora, “todo indivíduo, como célula de uma 
sociedade, tem papel vital a desempenhar”. (2003, 
p. 87). 
Em conjugação com o princípio das portas 
abertas, outro princípio cooperativista, o da gestão 
democrática, merece consideração. Por meio 
desse princípio, estão as cooperativas adstritas ao 
mecanismo de administração aberta aos associados 
cooperativistas.
Pondera Guilherme Krueger, em A disciplina 
das cooperativas no novo Código Civil– a 
ressalva da Lei 5.764/71, capítulo da obra coletiva 
Problemas Atuais do Direito Cooperativo, quando 
aborda a gestão democrática, que “a diretoria é o 
ponto de interseção entre a razão comunicativa e a 
instrumental na cooperativa. Manifesta a primeira, 
tem fixados os seus limites, metas e diretrizes 
emanadas dos órgãos societários deliberativos, 
notadamente a Assembleia Geral”. (2003, p. 105).
Em vista disso, confere-se ao associado 
cooperativista o poder de avaliar os negócios da 
cooperativa e de, inclusive, participar das decisões 
da sociedade, nelas influenciando diretamente.
Logo, na conjugação com o livre acesso, 
o associado cooperativista tem liberdade para 
verificar se aquela instituição específica identifica-
se com seus objetivos próprios. 
Em caso negativo, ainda lhe restam duas opções:
• A primeira, mais breve, é a de se demitir.
• Na segunda, a qual se entende a verdadeira 
affectiosocietatis cooperativa, há a 
possibilidade de mudar a realidade da 
cooperativa, uma vez que não necessita de 
detenção majoritária de capital para tanto, 
nem mesmo precisa ser integrante do quadro 
de administradores, bastando ao associado 
cooperativista interagir com a sociedade que 
lhe é própria, seja em assembleias gerais, 
em reuniões específicas, seja incentivando 
a mudança de administradores, ou ainda 
trazendo ideias para que a administração 
altere a linha ideológica e estratégica 
de atuação; enfim, cuidando com todo o 
esmero das obrigações que assumiu.
Como você já leu, o associado cooperativista 
não é mero cliente ou mero proprietário, mas sim 
é a conjugação dessas duas figuras, inseridas no 
contexto de uma sociedade cujas decisões são o 
fruto da vontade dos indivíduos que as compõem, e 
isso cumulado às ações pessoais de cada indivíduo.
Os associados cooperativistas formam, então, 
em conjunto voluntário, um organismo avivado 
por seus próprios atos individuais para com a 
instituição. Tais atos são responsabilidades pessoais 
de cada um deles, vez que, caso não evidenciados 
ou cumpridos, podem implicar a perda do fôlego de 
vida da cooperativa ou a perda da relação societária, 
prejudicando sobremaneira a comunidade que 
pretenderam construir.
Enfim, tem-se que o conceito cooperativo, 
assim como o da responsabilidade cooperativa, 
como você verá nas próximas unidades, transcende 
às próprias relações cooperativistas tidas pelos 
associados e respectivas cooperativas.
Não se trata de uma ordem estrutural apenas, seja 
em composição societária, seja em categorização 
econômica, mas sim de uma união viva com 
nuances diversas que extrapolam os mundos 
constituídos por relações individuais. Assim sendo, 
para que se possam aferir responsabilidades, tem-se 
que compreender o organismo e sua vida, em estado 
permanente que, no presente caso, está sediado na 
cooperação.
As sociedades cooperativas formam-se a partir 
da consciência de grupo de pessoas que têm alguma 
necessidade comum. Nesse sentido, constituem uma 
sociedade marcada por princípios de mutualidade, 
17
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
que lhes garante a possibilidade de melhoria nas 
respectivas condições econômicas, com base em 
uma estrutura única voltada ao compartilhamento 
de custos.
Essas sociedades detêm objetivo único, e isso é 
comum a qualquer Ramo, qual seja, se prestam para 
prestar serviços aos associados, possibilitando-lhes 
a melhoria das respectivas condições pessoais.
Não se pode confundir esse objetivo comum 
(que é o fim da cooperativa) com o objeto econômico 
que o seu grupo constituinte.
Tendo como fim (objetivo) a prestação de 
serviços aos associados, uma cooperativa pode 
exercer qualquer atividade econômica, desde que 
prevista no respectivo estatuto social. 
Mesmo sendo únicas em sua forma, as 
cooperativas podem ainda ser classificadas 
conforme o objeto econômico que escolhem e 
é nesse ponto que se alcança a definição de cada 
Ramo do Cooperativismo Brasileiro.
CATTANI, Antonio David (Org.). La otra 
economía. Buenos Aires: UNGS/Editorial Altamira/
Fundación OSDE, 2004.
KRUEGER, Guilherme. Adequação fenomenológica 
para o tratamento ao ato cooperativo previsto na 
constituição federal.
In: V ENCONTRO DE PESQUISADORES 
LATINOAMERICANOS DE COOPERATIVISMO, 
2008, Ribeirão Preto. Anais eletrônicos... Ribeirão 
Preto, 2008.
WEBER, Max. A Ética Protestante eo Espírito 
do Capitalismo. 4 ed. São Paulo: Livraria Pioneira 
Editora, 1985.
Minhas anotações
Fundamentos do Cooperativismo
18
Minhas anotações
19
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
Noções Gerais Sobre Forma 
Cooperativa, Aspectos Sócio-
Históricos e Evolução Histórica da 
Legislação Cooperativista no Brasil
Caros(as) Acadêmicos(as),
Nesta aula, abordaremos o âmbito histórico 
dos ramos do cooperativismo analisando, 
primeiramente, o surgimento do cooperativismo, 
passando à abordagem histórica da legislação 
Cooperativista no Brasil que deu vida aos ramos 
do cooperativismo. 
Logo em seguida, vamos abrir nossos 
horizontes com a análise do cooperativismo 
no âmbito internacional. A importância que o 
cooperativismo e seus ramos têm para o mundo 
está explicitamente declarada pela Organização 
das Nações Unidas.
Fechamos esta unidade com a descrição 
de uma das mais importantes cooperativas do 
mundo e atuante no mercado internacional: 
Grupo Cooperativo Mondragón. Além 
disso, analisaremos os principais ramos do 
cooperativismo existentes dentro de Mondragón. 
Boa Aula!
2Aula
Fundamentos do Cooperativismo
20
Objetivos de aprendizagem
• conhecer a forma como se organizaram 
as primeiras cooperativas no Brasil e no 
mundo;
• analisar a evolução dos conceitos jurídicos 
sobre Cooperativismo frente às inovações 
legislativas.
• proporcionar pensamento sobre os 
processos legislativos que tratam do 
Cooperativismo e pensam na reforma da 
legislação cooperativista brasileira.
• reconhecer a importância das sociedades 
cooperativistas para a história universal;
• conhecer a evolução e o impacto dos ramos 
no desenvolvimento das nações
Seções de estudo
Seção 1 - Panorama histórico do cooperativismo e o 
cooperativismo no Brasil;
Seção 2 - Delineamento das normas do 
Cooperativismo;
Seção 3 - Prospecção para a reforma da atual lei de 
regência do Cooperativismo brasileiro
Seção 4 - O ambiente internacional
Seção 1 – Panorama histórico do 
cooperativismo e o cooperativismo no Brasil
 
 Desde a pré-história até o início de nosso 
século encontram se registros de diversas formas 
de associações de pessoas, que demonstram que a 
cooperação tem sido uma constante nas relações 
entre os seres humanos. O cooperativismo é 
encontrado desde a Antiguidade, quando os 
homens já demonstravam a tendência de viver em 
grupos para defender seus interesses comuns. Na 
Babilônia, no Egito e na Grécia já existiam formas 
de cooperação nos campos de trigo e no artesanato.
No século XV, quando do descobrimento da 
América, foram constatadas formas bem definidas 
de cooperação nas civilizações asteca, inca e maia, 
nas quais os povos viviam em regime de ajuda 
mútua.
O cooperativismo moderno
O cooperativismo moderno surgiu na primeira 
fase da Revolução Industrial (1760-1850) – com 
o surgimento das máquinas a vapor – como forma 
de amenizar os traumas econômicos e sociais que 
afetavam a classe de trabalhadores. 
Durante décadas, na Inglaterra e na França, 
foram organizadas diversas sociedades com 
características de cooperativas. Esses movimentos 
de cooperação foram conduzidos por idealistas, 
como Robert Owen, Louis Blanc, Charles Fourier, 
entre outros, que defendiam propostas baseadas nas 
ideias de ajuda mútua, igualdade, associativismo e 
autogestão.
Considerados por muitos como precursores 
do cooperativismo, estes pensadores socialistas 
começaram a estudar as formas de organização 
das civilizações antigas, descobrindo a cooperação 
como instrumento de organização social. Com 
isto, começaram a divulgar ideias e experiências 
destinadas a modificar o comportamento da 
sociedade.
O processo de industrialização, na sua primeira 
etapa, fez com que os artesãos e trabalhadores 
rurais migrassem para as grandes cidades, atraídos 
pelas fábricas em busca de melhores condições 
de vida. Essa migração fez com que houvesse 
excesso de mão de obra, resultando na exploração 
do trabalhador de forma abusiva e desumana. Ao 
serem prejudicados pelo novo modelo industrial 
que substituiu o trabalho artesanal, 28 tecelões do 
bairro de Rochdale, em Manchester, na Inglaterra, 
decidiram pela criação de uma sociedade de 
consumo, baseada no cooperativismo puro. 
Em 21 de dezembro de 1844, foi fundada a 
“Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale”. 
Estes tecelões fundaram um armazém comunitário, 
com um capital inicial de 28 libras, representando 
uma libra que cada um do grupo havia economizado. 
Assim nasceu a primeira cooperativa de consumo 
da história.
Dispondo de pequenos estoques de farinha, 
açúcar e aveia, este modesto estabelecimento, 
administrado pelos seus próprios fundadores, foi 
alvo de deboche dos tradicionais comerciantes 
da cidade. Porém, despertou a atenção dos 
consumidores locais e, principalmente, das classes 
trabalhadoras, pela considerável prosperidade. O 
que aparentemente parecia apenas um armazém, 
idealizado para oferecer aos seus associados artigos 
de primeira necessidade, transformou-se na semente 
do movimento cooperativista.
Os tecelões aperfeiçoaram o sistema e 
desenvolveram um conjunto de princípios, 
conhecidos mais tarde como “Princípios Básicos 
do Cooperativismo”, adotados posteriormente por 
21
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
cooperativas surgidas em diversos países do mundo. 
Com o tempo, ocorreram algumas modificações, 
contudo, sua essência se manteve, sendo os 
princípios atualmente os seguintes:
1. adesão voluntária e livre;
2. gestão democrática;
3. participação econômica dos associados;
4. autonomia e independência;
5. educação, formação, informação;
6. cooperação entre cooperativas;
7. interesse pela comunidade.
A origem do cooperativismo no Brasil
Por volta de 1610, quando foram fundadas no 
Brasil as Reduções Jesuíticas, houve a primeira 
tentativa de criar um Estado em que prevalecesse 
a ajuda mútua. Incentivada pelos padres jesuítas e 
baseada no princípio do auxílio mútuo (mutirão), 
esta prática, encontrada entre os indígenas 
brasileiros e em quase todos os povos primitivos 
desde os primeiros tempos da humanidade, vigorou 
por cerca de 150 anos. 
Porém, é em 1847 que situamos o início do 
movimento cooperativista no Brasil, quando 
diversas sociedades foram fundadas com esse 
espírito, mas sem continuidade.
Ramos do cooperativismo: origens no Brasil 
- evolução da nomenclatura e classificação
O primeiro mecanismo legal que sistematizou 
as atividades cooperativas foi o Decreto 22.239 
(BRASIL, 1932), que classificou as atividades em 
ramos cooperativistas, a saber: produção agrícola, 
produção industrial, trabalho, beneficiamento de 
produtos, compras em comum, vendas em comum, 
de consumo, de abastecimento, de crédito, de 
seguros, de construção de casas populares, de 
editores e cultura intelectual, escolares e mistas.
Com a promulgação da Lei 5.764 (BRASIL, 
1971), regulamentou-se a ideia de estruturação 
em ramos no cooperativismo, embora esta lei não 
os especifique. Os artigos a seguir servem como 
exemplo:
Art. 5º. As sociedades cooperativas poderão adotar por 
objeto qualquer gênero de serviço, operação ou atividade, 
assegurando-lhes o direito exclusivo e exigindo-lhes 
a obrigação do uso da expressão “cooperativa” em sua 
denominação. (BRASIL, 1971).
No art. 10, as cooperativas se classificam 
também de acordo com o objeto ou pela natureza 
das atividades desenvolvidas por elas ou por seus 
associados. 
Art. 105. A representação do sistema cooperativista nacional 
cabe à Organização das Cooperativas Brasileiras – OCB, 
sociedade civil, com sede na Capital Federal, órgão técnico-
consultivo do governo, estruturada nos termos desta lei, 
sem finalidade lucrativa, competindo-lhe precipuamente: 
[...] dispor de setores consultivos especializados, de acordo 
com os ramos de cooperativismo. (BRASIL, 1971).
SEÇÃO 2 - Delineamento das normas do 
Cooperativismo
Com o advento do Decreto 979, já em 1903, 
que tratou de regular as atividadesdos sindicatos de 
profissionais da agricultura e das atividades rurais 
e de cooperativas de produção e consumo, pode-se 
dizer que o Brasil teve uma normatização relativa ao 
Cooperativismo, mesmo que em fase embrionária.
Nos idos de 1907, teve-se uma normatização 
mais ampla em relação ao Cooperativismo no 
Brasil, ora com a publicação do Decreto-Lei 1.637, 
que previu a criação de sindicatos e sociedades 
cooperativas.
É importante destacar que o Decreto-Lei 
1.637/1907 não classificou ou propôs uma 
metodologia taxionômica para as sociedades 
cooperativas, contudo foi primordial para marcar no 
ordenamento jurídico brasileiro o papel e a forma 
cooperativa. 
Nesse decreto-lei foi prevista a constituição 
de cooperativas como sociedades marcadas por 
peculiares condições, tais como variabilidade 
de capital social, número ilimitado de sócios e 
inacessibilidade das cotas – ou ações, como era 
permitido àquela época – a terceiros. 
Outra importante condição marcada 
flagrantemente no decreto-lei mencionado foi 
a proporcionalidade da responsabilidade dos 
associados frente às operações sociais, tanto para 
resultados positivos como para os negativos.
O Decreto-Lei 1.637 também foi um marco 
importante no sentido de definir as sociedades 
cooperativas não como uma simples forma 
societária, mas sim como uma forma jurídica única, 
definida por princípios próprios.
O decreto previa que as sociedades cooperativas 
poderiam assumir três formas societárias, quais 
sejam: sociedades anônimas, em comandita simples 
ou em nome coletivo. 
Posteriormente, em 1932, teve-se uma 
importante atualização do ordenamento jurídico 
com o advento do Decreto-Lei 22.239, o qual 
ampliou a descrição das características da forma 
cooperativa. 
Fundamentos do Cooperativismo
22
Mais ainda, o Decreto-Lei 22.239/1932 foi 
enfático em definir o termo “contrato de sociedade 
cooperativa”, ora firmado por pessoas naturais que 
mutuamente se obrigavam a combinar esforços para 
lograr fins econômicos, conforme a principiologia 
cooperativa. Ilustra-se com os artigos 1º e 2º do citado 
decreto lei: Art. 1º. Dá-se o contrato de sociedade 
cooperativa quando sete ou mais pessoas naturais, 
mutuamente se obrigam a combinar seus esforços, 
sem capital fixo predeterminado, para lograr fi ns 
comuns de ordem econômica, desde que observem, 
em sua formação, as prescrições do presente decreto. 
Parágrafo único. Excepcionalmente se permite que 
cooperativas várias possam, como pessoas jurídicas, 
formar entre si um novo contrato de sociedade 
cooperativa para constituir cooperativas centrais 
ou federações, nos termos do que se dispõe nos 
arts. 36 e 37. Art. 2º. As sociedades cooperativas, 
qualquer que seja a sua natureza, civil ou mercantil, 
são sociedades de pessoas e não de capitais, de 
forma jurídica suigeneris, que se distinguem das 
demais sociedades pelos pontos característicos que 
se seguem, não podendo os estatutos consignar 
disposições que os infrinjam: 
a. variabilidade do capital social, para aquelas 
que se constituem com capital social 
declarado;
b. não limitação do número de associados, 
sendo, entretanto, este número no mínimo 
de sete;
c. limitação do valor da soma de quotas-partes 
do capital social que cada associado poderá 
possuir;
d. inacessibilidade das quotas-partes do 
capital social, a terceiros estranhos à 
sociedade, ainda mesmo em causa mortis; 
e. quorum para funcionar e deliberar a 
assembleia geral fundado no número de 
associados presentes à reunião e não no 
capital social representado;
f. distribuição de lucros ou sobras 
proporcionalmente ao valor das operações 
efetuadas pelo associado com a sociedade, 
podendo ser atribuído ao capital-social 
um juro fixo, não maior de 9% ao ano, 
previamente estabelecido nos estatutos, - ou 
ausência completa de distribuição de lucros 
- ou, no caso de fixação de um dividendo 
a distribuir aos associados, ser o mesmo 
determinado também nos estatutos até o 
máximo de 12 % ao ano, proporcional ao 
valor realizado das quotas partes do capital;
g. indivisibilidade do fundo de reserva entre os 
associados, mesmo em caso de dissolução 
da sociedade; 
h. singularidade de voto nas deliberações, 
isto é, cada associado tem um só voto, 
quer a sociedade tenha, ou não, capital-
social, e esse direito é pessoal e não admite 
representação, senão em casos especiais, 
taxativamente expressos nos estatutos, 
não sendo, nesses casos, permitido a um 
associado representar mais que um outro;
i. área de ação determinada.
Art. 3º. A prova da formação do contrato de 
sociedade cooperativa é o ato constitutivo, o qual 
pode efetivar-se: 
a. por deliberação da assembleia geral dos 
fundadores, constante da respectiva ata;
b. por instrumento particular, nos termos do 
art. 135, do Código Civil;
c. por escritura pública.
Após outras normas que tratavam apenas das 
sociedades cooperativas, em 1966, por meio do 
Decreto-Lei 59, foi instituída no país uma Política 
de Estado, voltada ao Cooperativismo, ou seja, 
previu-se que o movimento cooperativista passaria 
a ter uma ação do Estado própria ao seu incentivo 
e fomento.
Compreende-se como Política Nacional 
de Cooperativismo a atividade decorrente das 
iniciativas ligadas ao sistema cooperativo, 
originárias de setor público ou privado, isoladas 
ou coordenadas entre si, desde que reconhecido 
seu interesse público (art. 1º, Lei 5.764).
Foi criado também no Decreto-Lei 59/1966 
o Conselho Nacional de Cooperativismo, ora o 
agente incumbido de promover a Política Nacional 
de Cooperativismo. 
A atual legislação especial sobre o 
Cooperativismo surgiu alguns anos mais tarde, com 
a publicação da Lei 5.764, em 21 de dezembro de 
1971. 
Esta lei foi marcada pela união das cooperativas 
brasileiras no sentido de buscar uma representação 
própria para a defesa dos interesses dessas 
sociedades, afora para consolidar no país a Política 
Nacional de Cooperativismo.
É importante destacar que a Lei 5.764/1971 foi 
estruturada sobre dois aspectos fundamentais hoje 
reproduzidos na Constituição Federal de 1988, quais 
sejam: o apoio e o estímulo ao Cooperativismo. 
23
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
Aliás, em 1988, a promulgação da Carta 
de Constituição do Brasil, pela primeira vez na 
história de nosso país, fez menção às sociedades 
cooperativas e em sete artigos. São eles: 
• art. 5º, XVIII;
• art. 146, III, alínea ‘c’;
• art. 174, §2º, § 3º e §4º;
• art. 187, VI;
• art. 192.
Dentre outros aspectos relevantes, a Constituição 
Federal de 1988 determina que a associação em 
cooperativas seja livre, não permitindo qualquer 
interferência no funcionamento dessas sociedades. 
No entanto, determina que isso deva se dar na 
forma da lei, ou seja, conforme prescrito na Lei 
5.764/1971, a qual prevê as condições essenciais 
para a caracterização de uma sociedade cooperativa. 
A Carta Constitucional também prevê que o 
Cooperativismo deverá ser apoiado e estimulado 
(art. 174, § 2º), além de definir que, para fins de 
tributação, deverá o ato cooperativo ter tratamento 
adequado.
Quanto à questão do adequado tratamento 
tributário, que será abordada com maiores 
detalhes no livro didático Legislação Tributária 
nas Cooperativas, deve-se ressaltar que existem 
peculiaridades no sistema operacional das 
sociedades cooperativas, sendo que isto garante a 
essas instituições a não incidência tributária, mesmo 
porque nelas não se acumulam renda ou lucros. 
Abaixo segue quadro sintético com a evolução 
das normas sobre Cooperativismo no país:
DECRETO-LEI 1.637 de 5 de janeiro de 
1907 Cria sindicatos profissionais e sociedades 
cooperativas.
DECRETO-LEI 17.339 de 2 de junho de 
1926 Aprova o regulamento destinado a reger a 
fiscalização gratuita da organização e funcionamento 
das Caixas Raiffeisen e bancos Luzzatti.
DECRETO-LEI 22.239 de 19 de dezembro 
de 1932 Reforma as disposições do Decreto 
Legislativo 1.637. de 5 de janeiro de 1907, na parte 
referente ás sociedadescooperativas.
DECRETO 24.647 de 10 de julho de 1934 
Revoga o decreto 22.239, de 19 de dezembro de 
1932; estabelece bases, normas e princípios para a 
cooperação profissional e para a cooperação social; 
faculta auxílios diretos e indiretos às cooperativas; 
e institui o Patrimônio dos Consórcios Profissionais 
Cooperativos.
DECRETO-LEI 581 de 1º de agosto de 1938 
Dispõe sobre registro, fiscalização e assistência 
de sociedades cooperativas; revoga os decretos 
23.611, de 20 de dezembro de 1933 e 24.647, de 10 
de julho de 1934; e revigora o decreto 22.239, de 19 
de dezembro de 1932.
DECRETO 5.893 de 19 de outubro de 1943 
Dispõe sobre a organização, funcionamento e 
fiscalização das cooperativas.
DECRETO-LEI 8.401 de 19 de dezembro de 
1945 Revoga os decretos-lei 5.893 de 19 de outubro 
de 1943 e 6.274 de 14 de fevereiro de 1944, exceto 
disposições dos arts. 104 a 118 e seus parágrafos, 
revigorando o Decreto-lei 581, de 1º de agosto de 
1938 e a Lei 22.239, de 19 de dezembro de 1932. 
DECRETO-LEI 59 de 21 de novembro de 
1966 Define a política nacional de cooperativismo, 
cria o Conselho Nacional do Cooperativismo e dá 
outras providências.
DECRETO 60.597 de 19 de abril de 1967 
Regulamenta o Decreto-Lei 59 (*), de 21 de 
novembro de 1966. 
LEI 5.764 de 16 de dezembro de 1971 Define 
a Política Nacional de Cooperativismo, institui o 
regime jurídico das sociedades cooperativas e dá 
outras providências.
SEÇÃO 3 - Prospecção para a reforma da 
atual lei de regência do Cooperativismo brasileiro
A Lei 5.764/1971 vem sendo analisada pelo 
Congresso Nacional desde os idos da promulgação 
da Constituição Federal de 1988. Para essa alteração 
já foram propostos projetos de lei pelos senadores 
Osmar Dias (PLS 171/1999) Uma das principais 
inovações do projeto do senador Osmar Dias é a que 
se refere ao fim da tutela do Estado sobre o sistema 
cooperativista. Na prática, significa a manutenção 
do princípio da unicidade de representação, antiga 
posição do sistema cooperativo, reiterada em 
diversos congressos nacionais, Eduardo Suplicy 
(PLS 605/1999) e José Fogaça (428/1999).
Com a mudança da legislatura, em 2007, 
permaneceram em trâmite no Congresso Nacional 
os projetos dos senadores Osmar Dias e Eduardo 
Suplicy, ora renumerados, respectivamente, para 
PLS 003/2007 e PLS 153/2007.
Tais projetos trazem avanços operacionais 
para as sociedades cooperativas, como a previsão 
de modalidades de financiamento baseadas em 
títulos próprios de dívidas, para as cooperativas 
compatíveis às debêntures das sociedades por ações, 
ora denominadas certificados de aporte de capital. 
As cooperativas poderão, caso aprovado o texto 
Fundamentos do Cooperativismo
24
no Congresso Nacional, emitir títulos de dívida, 
que serão postos à venda no mercado. As receitas 
reverterão às cooperativas e por elas serão pagas em 
vencimentos apontados nos próprios títulos. 
Por exemplo, uma cooperativa poderá emitir 
mil certificados de aporte de capital no valor de 
R$ 10.000,00 com vencimento em dois anos. Após 
esse prazo, conforme, as condições descritas no 
próprio título, inclusive de atualização monetária 
e remuneração, deverá pagar ao adquirente dos 
certificados os valores correspondentes a cada 
um deles, podendo então também reverter em 
participação no capital social da instituição, desde 
que o adquirente possua condições para ingresso na 
sociedade. 
Essa inovação é uma possibilidade de nova 
linha de financiamento, tomado diretamente do 
mercado para as cooperativas, e que poderá (caso 
aprovado no Congresso) ser aproveitada no sentido 
de diminuir impactos de taxas de juros na captação 
de recursos para investimentos, por exemplo. 
Outras possibilidades negociais também estão 
sendo avaliadas nos projetos de lei comentados e 
podem vir a proporcionar novas perspectivas para 
a ação mercadológica das sociedades cooperativas 
brasileiras.
Que tal fazer uma pesquisa sobre os projetos 
de lei relacionados ao Cooperativismo que estão em 
tramitação?
São, enfim, evoluções que poderão ser muito 
úteis para os administradores de sociedades 
cooperativas no Brasil. 
Outro aspecto relevante é o intenso trabalho 
no Congresso Nacional para a edição de uma 
lei que defina o adequado tratamento tributário 
aos atos cooperativos. Atualmente, essa é uma 
discussão muito flagrante no Congresso Nacional, 
envolvendo, mormente, o PLC 198/2007, de autoria 
dos deputados federais da Frente Parlamentar 
do Cooperativismo, capitaneados pelo deputado 
Odacir Zonta, presidente da Frencoop.
Seção 4 - O ambiente internacional e Impacto 
dos ramos do cooperativismo no desenvolvimento 
das nações
A Organização das Nações Unidas (ONU), em 
suas diversas instâncias, trata do cooperativismo 
como instituição necessária para o desenvolvimento 
socioeconômico das Nações. Não há um estudo 
completo do impacto do cooperativismo no 
desenvolvimento das nações, mas encontram-
se indícios de sua importância neste âmbito 
socioeconômico.
Reflexo disso é a determinação da Assembleia 
Geral das Nações Unidas do ano de 2012 como o 
Ano Internacional das Cooperativas, assim como 
o Ano Internacional da Energia Sustentável. O 
Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, diz que: 
“As cooperativas são um exemplo para a comunidade 
internacional de que é possível perseguir tanto a 
viabilidade econômica quanto a responsabilidade 
social”. (HUMANITARE, 2010).
De acordo com o Programa das Nações Unidas 
para o Desenvolvimento (2011), o motivo da 
instituição do Ano Internacional das Cooperativas é, 
portanto, reconhecer a contribuição que estes atores 
trazem para o desenvolvimento socioeconômico, 
principalmente o seu impacto na redução da 
pobreza, geração de empregos e integração social e 
a realização dos Objetivos de Desenvolvimento do 
Milênio (ODM). 
A proposta da Assembleia Geral da ONU 
incentiva todos os Estados membros da ONU, em 
conjunto com a Aliança Cooperativa Internacional 
(ACI), a promoverem cooperativas e criarem um 
sentido de consciência sobre sua contribuição para 
o desenvolvimento social e econômico. Além disso, 
a proposta promove a formação e crescimento de 
cooperativas. 
Voltando ao tema dos ODM, O Brasil apresentou 
o Relatório Nacional de Acompanhamento das ações 
para se alcançar os Objetivos do Milênio em 2004 
(IPEA, 2004). No documento, o cooperativismo 
aparece em diferentes âmbitos como ator necessário 
para implementação dos Objetivos do Milênio. No 
objetivo “Erradicar a Extrema Pobreza e a Fome”, 
a organização da agricultura familiar deve estar 
centrada também na constituição de cooperativas 
agrícolas para receber os benefícios, como o 
PRONAF e contribuir para o alcance da meta de 
melhora significativa na vida de pelo menos 100 
milhões de habitantes de assentamentos precários 
até 2020. O governo lançou, em 2004, o Programa 
Crédito Solidário para desenvolver projetos em 
parceria com cooperativas e associações populares 
e ampliar os recursos destinados ao Programa de 
Subsídio Habitacional.
Segundo o Secretário-Geral da ONU, 
Ban Ki-moon (NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 
2), As Cooperativas promovem e apoiam o 
desenvolvimento empresarial, criando emprego 
produtivo, originando receitas e ajudando a reduzir 
a pobreza, ao mesmo tempo em que reforçam a 
inclusão social, a proteção social e a estruturação 
25
MBA em Gestão de Cooperativas - Luiz Adriano Melo - UNIGRAN | 2018
da comunidade. Assim, enquanto beneficiam 
diretamente os seus membros, oferecem igualmente 
externalidades positivas ao resto da sociedade e têm 
um impacto transformacional sobre a economia. 
Ban Ki-moon (NAÇÕES UNIDAS, 2009) 
considera as cooperativas como importantes atores 
econômicos. Explica que as cooperativas financeiras, 
abrangendo as Caixas de Crédito, servem a milhões 
de cooperados. As Cooperativas agrícolas são 
responsáveis por uma parte expressiva da produção 
agrícola. Complementa: (...) na tentativa de avaliar 
a escala do Movimento Cooperativo Global e 
do seu contributo para a economia global,a ACI 
compilou a lista GLOBAL 300, que classifica as 300 
organizações cooperativas e mutualistas globais de 
topo. A lista de 2008 revela que as 300 cooperativas 
de topo são responsáveis por um volume de 
negócios global de 1,1 bilhões (1.000.000.000.000) 
de dólares. (NAÇÕES UNIDAS, p. 3).
AS COOPERATIVAS: ALGUNS FATOS 
ESSENCIAIS
• O Sector Cooperativo, em nível mundial, 
conta com cerca de 800 milhões de 
membros em mais de 100 países, através 
de organizações membros da ACI. No 
total, calcula-se que as cooperativas 
proporcionem mais de 100 milhões de 
empregos em todo o mundo. Em termos de 
percentagem do PIB por país atribuível às 
cooperativas, ela é mais elevada no Quênia 
(45%), seguida da Nova Zelândia (22%). 
• As Cooperativas Agrícolas são responsáveis 
por 80 a 99% da produção de leite na 
Noruega, na Nova Zelândia e nos Estados 
Unidos; as cooperativas representam 71% 
das pescas na Coreia e 40% da agricultura 
no Brasil. 
• As Cooperativas Elétricas são importantes 
fornecedoras nas áreas rurais. Em 
Bangladesh, prestam serviços a 28 milhões 
de pessoas. Nos Estados Unidos, 900 
cooperativas elétricas rurais servem 37 
milhões de pessoas e são proprietárias de 
quase metade das linhas de distribuição 
elétrica do país.
• 49.000 Caixas de Crédito servem 177 
milhões de membros em 96 países, sob a 
égide do Conselho Mundial das Caixas de 
Crédito.
• 4.200 bancos cooperativos Europeus, no 
âmbito da Associação Europeia de Bancos 
Cooperativos, servem 149 milhões de 
membros, incluindo PME’s.
Fonte: Nações Unidas (2009, p. 3).
Na visão da ONU, as cooperativas são uma 
ótima ferramenta de inclusão social. Elas são 
criadas para apoiar e organizar os trabalhadores 
pertencentes da economia informal. As cooperativas 
de crédito ganham importância nas comunidades de 
áreas rurais onde o acesso aos serviços bancários é 
escasso.
Cooperativas na área da saúde
Algo que existe em muitos países, 
diferentemente do Brasil, são as cooperativas que 
fornecem serviços de proteção social, especialmente 
na área da saúde. Estas cooperativas participam, 
igualmente, na gestão de seguros obrigatórios de 
saúde ou fornecem serviços através das suas redes 
de saúde e serviços sociais. Estas instituições 
atendem a mais de: 
• 69 milhões de pessoas na Ásia;
• 13 milhões na América Latina;
• 25 milhões na África; e,
• 5 milhões no Oriente Médio.
De acordo com o relatório de Ban Ki-monn 
(NAÇÕES UNIDAS, 2009, P. 3), “a Cooperativa 
de Prestação de Serviços de Saúde aos Agricultores 
YESHSVINI, da Índia, que serve 2 milhões de 
pessoas, é financiada em parte por subsídios 
governamentais.”
Cooperativas na área agropecuária
Uma amostra do impacto do ramo do 
cooperativismo agropecuário é o caso da Índia, onde 
existem cerca de 150.000 cooperativas agrícolas e 
de crédito que atendem a mais de 157 milhões de 
produtores agrícolas rurais. Na Coreia, por exemplo, 
as cooperativas agrícolas possuem uma base 
associativa de mais de 2 milhões de agricultores, o 
que representa 90% dos agricultores. No Japão, as 
Cooperativas Agrícolas abrangem 90% do total de 
agricultores. Na França, são responsáveis por 60% 
dos inputs agrícolas, 57% da produção agrícola 
e 35% do processamento agrícola (NAÇÕES 
UNIDAS, 2009).
No Brasil, por exemplo, as cooperativas são 
responsáveis por 40% do PIB agrícola e 6% das 
exportações agrícolas. Ainda na América Latina, a 
Nicarágua, por exemplo, possui a PRODECOOP, 
(Central de Cooperativas de Serviços Múltiplos) 
uma instituição composta por pequenas cooperativas 
de produção de café. Esta Federação implementou 
Fundamentos do Cooperativismo
26
uma estratégia de integração de cooperativas que 
melhorou a qualidade do café e da comercialização 
no mercado internacional. 
Na África, as cooperativas agrícolas promovem 
uma economia de permuta, ou seja, de trocas. 
Para ajudar no desenvolvimento dos mercados 
nas áreas rurais mais longínquas, promoveram 
estratégias de redução dos custos de transação. As 
próprias cooperativas promovem a participação e a 
integração dos pequenos agricultores na economia 
mundial. No entanto, assim como no Brasil, um 
fator que reduz a participação destes pequenos 
agricultores nas cooperativas de comercialização é 
a desconfiança histórica em relação às cooperativas 
como instrumentos estatais ou paraestatais.
A ONU apresenta impactos negativos tanto 
por parte das cooperativas como a formação de 
monopólios, influenciando os valores de mercado 
e limitando o acesso de grande parte da população. 
Da mesma forma, ocorre o contrário, “os grandes 
distribuidores globais detêm, muitas vezes um maior 
poder de negociação e possuem melhor informação 
e estão numa posição mais forte para arrancar 
condições desfavoráveis de comercialização ou 
cedências por parte das cooperativas”. (NAÇÕES 
UNIDAS, 2009). 
Uma ação ainda muito tímida, mas que sempre 
envolve as organizações coletivas de produção 
como as cooperativas, é o Movimento Comércio 
Justo. Conforme Schneider, Comércio Justo é 
a estratégia para a diminuição da pobreza e o 
desenvolvimento sustentável. Seu propósito é de 
gerar oportunidades para produtores que foram 
explorados economicamente ou marginalizados 
pelo sistema convencional de comércio. (2007, p. 
31).
O impacto recai diretamente sobre a qualidade 
de vida dos produtores e o respeito ao meio ambiente, 
dentro de uma concepção de desenvolvimento 
sustentável: [...] é garantido aos produtores um 
preço que cobre o custo de produção mais uma 
margem justa. Em contrapartida, espera-se que os 
produtores cumpram os Padrões do Comércio Justo 
– sociais, econômicos e ambientais, tais como evitar 
a utilização de trabalho infantil, as normas sobre a 
utilização de pesticidas, a reciclagem. (NAÇÕES 
UNIDAS, 2009, p. 7).
O ramo agropecuário está muito ligado ao 
cooperativismo de crédito.
Um exemplo disso ocorre em Moçambique, 
onde a Cooperativa de Produtores de Cana-
de-açúcar da Maraga possui um acordo com o 
maior banco cooperativo agrícola do mundo, o 
RABOBANK. Esta relação compreende a colheita 
e o processamento da cana na fábrica do açúcar com 
o apoio do Banco.
Ramos do cooperativismo de crédito 
(financeiro)
Os principais impactos que os ramos do 
cooperativismo de crédito vão ter sobre as Nações 
são os seguintes:
• A democratização no sistema financeiro;
• O acesso a serviços bancários e financeiros 
de forma autônima e igualitária; e
• A redução da pobreza.
Calcula-se que, na globalidade, as Cooperativas 
Financeiras cheguem a 78 milhões de clientes que 
vivem abaixo da linha de pobreza, ou seja, que 
auferem menos de 2 dólares/dia. Na Ásia, por 
exemplo, 54,5% dos que contraem empréstimos e 
que auferem menos de 2 dólares/ dia são servidos 
por cooperativas, em comparação com 19% 
servidos por outros fornecedores de microcrédito. 
(NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 9). 
Em números globais, as cooperativas de 
crédito atendem cerca de 857 milhões de pessoas, 
isto é, 13% da população mundial. No Canadá e 
nos Estados Unidos, as cooperativas de crédito 
têm 46% de penetração no mercado, significando 
uma importância para o desenvolvimento 
socioeconômico destes países.
Com isso, vemos os sinais dos impactos 
socioeconômicos dos diferentes ramos do 
cooperativismo que transpassam a contribuição 
para a produção de alimentos e a segurança 
alimentar, fornecem acesso a serviços financeiros 
e aportam para o desenvolvimento de um sistema 
financeiro resistente. Além disso, geram emprego 
e aumentam os rendimentos dos membros. Em 
alguns países, as cooperativas encontram-se entre 
os maiores participantes econômicos no setor 
produção, distribuição e serviços. “Elas promovem 
igualmente as capacidades e a formação nas 
comunidades locais, promovendo as mulheres 
e os segmentos marginalizados da sociedade”. 
(NAÇÕES UNIDAS, 2009, p. 11).
Experiências internacionais: o caso 
Mondragón Corporación Cooperativa – MCC
Em países como a Espanha, esses ramos estão 
bem desenvolvidos. O maior grupo cooperativo 
do mundo,

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