Buscar

Apologética Cristã para o seculo XXI


Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 337 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 337 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 337 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

ÜB
C
Desde o surgimento do cristianismo, filósofos e teólogos — desde Paulo 
até Agostinho, Aquino, Lutero e Pascal — procuraram defender a fé do ataque 
de detratores e demonstrar que o cristianismo, além de “fazer sentido” , tem 
o poder de explicar a natureza de Deus, do homem e do universo. As pessoas 
que fazem tal defesa são conhecidas como apologistas (da palavra grega para 
defesa). Embora nenhuma geração de cristãos tenha ficado sem eles, o século 
20 apresentou um grande aumento no número de apologistas ativos, um 
aumento que continua com força total no terceiro milênio.
Apologética cristã para o século XXI analisa tanto os principais apologistas 
como os principais argumentos apresentados em defesa do cristianismo 
histórico e ortodoxo durante o último século. Ao longo do livro, é focada a linha 
mais popular da apologética (em oposição à linha acadêmica), a qual encontra 
sua maior fonte na obra de C. S. Lewis. Essa linha da apologética também busca 
encontrar um denominador comum entre cristãos e não cristãos, bem como 
entre as diferentes denominações cristãs.
LOUIS MARKOS (PhD, Universidade de Michigan) ocupa a cadeira de Robert 
H. Ray em Humanidade na Houston Baptist University. Ele é autor de vários 
livros, incluindo From Achilles to Christ: Why Christians Should Read the Pagiui 
Classics e Lewis Agonistes: How C. S. Lewis Can Train Us to Wrestle witli tho 
Modern and Postmodern Worldl
PFNTRAI f urada do Guattnguê, IBM l.uinai.i 
p n C D t l Riodi<Janeiro R Í / ( I I 1 , v / ! i ( i u l 
UUòrtL pedidos (ZI)íih/ /ooo
W W W i d Í ! ü ! i t i ! ! Í ! p ! y n | | i g ! u i i i i
ISBN U/a
“Ao oferecer um panorama de quase um século de apologética cristã, Apologética 
cristã para o século 21, de Lou Markos, abrange desde G. K Chesterton e C. S. Lewis 
até o pós-modernismo, os neoateus e a recente crença do ex-ateu Antony Flew na 
existência de Deus. Tratando de autores relevantes, bem como de suas idéias e obras, 
Markos escreve em estilo popular, de facil leitura, que poderia ser considerado uma 
jornada coloquial por cada um desses tópicos. Aqueles que se interessam por apo­
logética encontrarão diversos itens de grande importância neste texto, o qual possui 
grande projeção e ritmo acelerado.”
Gary R. Habermas, professor emérito e catedrático do Departamento de
Filosofia e Teologia da Universidade Liberty
“Este é um livro excelente. Eu já li centenas de livros em defesa da fé nos últimos 
anos, mas este se destaca. O professor Markos reúne, de maneira ímpar, teologia, lite­
ratura, história, ciência e filosofia, a fim de produzir uma obra de apologética tanto 
erudita como completamente acessível. Aproveitei cada página.”
Craig J. Hazen, fundador e diretor do Programa de Mestrado em Apologética
Cristã da Universidade Biola
“E chocante, de certa forma, o fato de que todas as gerações de cristãos precisem 
levar a cultura geral a lembrar-se de que realmente temos argumentos e razões para 
nossa fé. Contudo, dadas a hegemonia cultural, a onipresença do materialismo ateísta 
e a maneira como este moldou nosso entendimento daquilo que é bom, verdadeiro 
e belo, não deveria surpreender-nos [o fato de] que nossos antagonistas queiram 
retratar a fe e a razão como adversárias. Apologética cristã para o século 21 é um antídoto 
de facil leitura contra uma sabedoria convencional que é, de fato, convencional, mas 
não sábia.”
Francis J. Beckwith, professor de Filosofia e Estudos sobre Igreja-Estado na
Universidade Baylor
“Lou Markos entrou para o grupo dos melhores comentaristas sobre a obra de 
C. S. Lewis e é um apologista influente da fé cristã por mérito próprio. Seu domínio 
das duas grandes linhas de pensamento ocidental — cristianismo e clássicos — per­
mitiu-o desenvolver uma obra cativante, sofisticada e convincente.”
Robert B. Sloan Jr., presidente da Universidade Batista de Houston
“Felizmente, a disciplina da apologética hoje está passando por uma espécie de 
renascimento. Além disso, não faria sentido negligenciar a importância considerável 
de C. S. Lewis, que ocasionou um grande ressurgimento de interesse pela defesa da 
fé. Louis Markos realizou um ótimo serviço para nós ao colocar a obra de Lewis em
diálogo com as questões da atualidade, algumas das quais eram certamente contem­
porâneas ao sábio de Oxford, enquanto outras ganharam preeminência um pouco 
depois, embora ainda sejam questões com as quais ele teria gostado de envolver-se. 
Este volume ajudará os leitores a verem como Lewis teria lidado com as questões de 
nossa época. No fim, o livro lembrará os leitores da vitalidade da afirmação de que 
a fé cristã é verdadeira.”
William Edgar, professor de Apologética no Seminário Teológico de West- 
minster, Filadélfia, Pensilvânia
“Louis Markos é a forma platônica do professor universitário cristão. Seu amor 
pelas Escrituras e seu amplo domínio da tradição filosófica ocidental fazem dele o 
modelo para uma nova geração de apologistas que surge nas universidades. Suas aulas 
são um grande sucesso com alunos novos e mais velhos na universidade e com o 
público global de The Teaching Company. Os leitores descobrirão que ele é tão agra­
dável no papel como é à frente de uma sala de aula.”
Hunter Baker, decano adjunto da Faculdade de Artes e Ciências da Universi­
dade Union e autor de The End of Secularism [O fim do secularismo]
“Louis Markos provou, mais uma vez, que é um dos principais apologistas cris­
tãos da atualidade. Ao escrever com a eloquência e a acessibilidade que caracterizam 
a obra de seu mentor, C. S. Lewis, ele constrói a defesa racional da fé com autori­
dade e firmeza. Espelhando sua estrutura na Bíblia, Apologética cristã para o século 21 
começa com um ‘antigo testamento’ (parte um), na qual as obras dos profetas da 
modernidade — Chesterton, Lewis e Sayers — estabelecem o fundamento para o 
‘novo testamento’ (parte dois), no qual os apologistas de hoje desafiam e vencem os 
‘neoateus’e outros dragões atuais. Apologética cristã para o século 21 mostra que Markos 
é um apologista do século 21 de primeira linha.”
Joseph Pearce, escritor residente e professor adjunto de Literatura na Univer­
sidade Ave Maria, Flórida, e autor de livros sobre escritores cristãos importantes, 
incluindo C. S. Lewis, G. K. Chesterton, Alexander Soljenítsin e J. R. R.Tolkien
“Inspirado nos ricos recursos de apologistas importantes do século 20, Louis 
Markos produziu uma obra brilhante de defesa [da fé] cristã. Assim como Lewis e 
( .'liesieitim, que vieram antes dele, Markos usa seu talento literário e sua precisão 
,u ,n leuii< a para conquistar tanto o coração como a mente ao apresentar evidências e 
aipiiuirutiis 1 1 ist.ur, Nr|;t voi é < i tu o, inquiridor ou cristão convicto, sua fé crescerá 
duianlt a leiluia deste livro!"
< li.nl M r i i i u pinii -.oi i!■ lilii-M.iu na I ai uldailf Betei, listados U nidos , e 
l III llltul il( ( „ ‘tl li ! ,H,ll < H'|/ fi 1 jl teto > p ianilr , 1 Irlls é llolllj
Apologetics for the Twenty-first Century
Copyright © 2010 by Louis Markos 
Published by Crossway
A publishing ministry of Good News Publishers 
Wheaton, Illinois 60187, U.S.A.
This edition published by arrangement with Crossway. All rights reserved. 
Copyright 2013 por Editora Central Gospel
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
M arkos, Louis
Apologética cristã para o século 2 1
Título original: Apologetics for the Twenty-first Century
Rio de Janeiro: 2013
340 páginas
ISBN: 978-85-7689-327-1 
1. Bíblia - Vida Cristã I. Título II.
Gerência editorial e de produção
GilmarVieira Chaves
Gerência de Marketing
Marcos Henrique Barboza
Coordenação editorial
Michelle Cândida Caetano
Tradução
Ana Paula Argentino 
Giuliana Niedhardt
Revisão
Débora Costa 
Elen Canto 
Paulo Pancote 
Queila Memória
Capa
Josias Finamore
Diagramação
Julio Fado
Impressão e acabamento
Ediouro
1“ edição: Junho/2013
As citações bíblicas utilizadas neste livro foram extraídas da Versão Almeida 
Revista e Corrigida (ARC), salvo indicação específica,e visam incentivar a leitura das 
Sagradas Escrituras.
Editora Central Gospel Ltda. 
Estrada do Guerenguê, 1851 Taquara 
( I I ’ / I 1 0 0 1
Este livro é dedicado ao ministério da 
InterVarsity Christian Fellowship [Comunhão Cristã InterVarsity]: 
por incutir em mim um coração para o evangelismo; 
por me oferecer os primeiros ensinos sobre apologética; 
por me ensinar a conduzir estudos bíblicos; 
e por me proporcionar a oportunidade, 
em um estudo bíblico da IVCF,de conhecer a pessoa mais 
importante de minha vida, minha esposa, Donna.
*
o f r f f t w a o Ç ) ]
Sumário
Prefácio 9
Parte um
0 legado de Lewis e Chesterton
1. Apologética: o que é e por que se tornou tão popular 17
2. As coisas que não poderiam ter evoluído: C. S. Lewis
argumenta a favor da existência de Deus 27
3. Do teísmo ao cristianismo: a defesa de C. S. Lewis a
favor de Cristo 37
4. O único mundo possível: C. S. Lewis fala acerca do
problema do sofrimento 47
5. A trama maior: C. S. Lewis defende os milagres 57
6. A psicologia do pecado: por que C. S. Lewis acreditava
no inferno 67
7. Mais do que Balder, não menos: C. S. Lewis e a
apologética da mitologia 77
8. A jornada de volta para casa: como G. K. Chesterton
“descobriu” a ortodoxia 87
9. Dos homens das cavernas aos cristãos: resumo da história
por G. K. Chesterton 99
10. A mente do Criador: Dorothy Sayers faz com que
a Trindade tenha sentido 109
1 I A pré apologética de Francis Schaeffer 119
IA p o lo g é tn a ao estilo norte americano: o legado
de Josh M< I )owcll 129
Parte dois
A defesa da fé em um mundo (pós-)moderno
13. A existência de Deus I: os argumentos da lógica 143
14. A existência de Deus II: os argumentos da ciência 153
15. A existência de Deus III: por que coisas ruins
acontecem a pessoas boas 163
16. Assim diz a Bíblia: defendendo a autoridade das Escrituras 173
17. Em busca do Jesus histórico 185
18. Em defesa da ressurreição de Cristo 197
19. Por que Cristo é o único caminho: cristianismo e
outras religiões 209
20. Além do Código Da Vinci: em resposta aos neognósticos 221
21. O retorno ao mito: apologética para os pós-modernos 233
22. O Design inteligente: além do Big Bang 245
23. Respondendo aos novos ateístas 257
24. Como o ateu mais famoso do mundo mudou de ideia 269
A p ê n d i c e s
Linha do tempo 281
Glossário 283
Quem é quem 291
Bibliografia anotada 299
Prefácio
Desde o surgimento do cristianismo, filósofos e teólogos — desde 
Paulo até Agostinho, Aquino, Lutero e Pascal — procuraram defender 
a fé do ataque de detratores e demonstrar que o cristianismo, além 
de “fazer sentido”, tem o poder de explicar a natureza de Deus, do 
homem e do universo. As pessoas que fazem tal defesa são conhecidas 
como apologistas (da palavra grega para “defesa”). Embora nenhuma 
geração de cristãos tenha ficado sem eles, o século 20 notou um gran­
de aumento no número de apologistas ativos, um aumento que conti­
nua com força total no terceiro milênio.
Neste livro, analisarei tanto os principais apologistas como os prin­
cipais argumentos apresentados em defesa do cristianismo histórico e 
ortodoxo durante o último século. Ao longo do livro, meu foco per­
manecerá na linha mais popular da apologética (em oposição à linha 
acadêmica), a qual encontra sua maior fonte na obra de C. S. Lewis e 
que é escrita em termos leigos, não exige conhecimentos prévios de 
filosofia, teologia ou estudos bíblicos. Essa linha da apologética tam­
bém busca encontrar um denominador comum entre cristãos e incré­
dulos, bem como entre denominações cristãs diferentes, mantendo um 
tom pragmático e referente a este mundo.
Após um capítulo introdutório — no qual defino o que a apolo- 
gétu a é e o que ela não é, discuto como o triunfo do modernismo 
•,<■( ul.it do Iluminismo incentivou a recente explosão da apologética e 
apresento razões por que C. S. Lewis continua sendo o apologista mais 
bem sucedido do século 20 — analisarei, ao longo de seis capítulos, 
as pum tpais obras e os princ ipais argumentos apologéticos de Lewis. 
( Hini-i.uri o capítulo te< oustilumdo sua tentativa de demonstrar
Prefácio
que tanto nossos anseios por algo que transcende o mundo natural 
como nosso entendimento inerente sobre o código moral (chamado 
por ele de Tao) são fenômenos observados que não podem ser expli­
cados somente com recursos de processos naturais, físicos ou materiais. 
Após ter estabelecido a centralidade do Tao na apologética de Lewis, 
prosseguirei, no capítulo 3, apresentando o argumento desse autor de 
que nossa incapacidade para observar o Tao leva diretamente à solução 
cristã. Também discutirei aqui o argumento apologético mais famoso 
de Lewis: Cristo só poderia ter sido uma das três coisas — mentiroso, 
lunático ou Senhor.
N o capítulo 4 e 5, apresentarei as respostas de Lewis ao problema 
do sofrimento e da negação de milagres nos dias atuais. Quanto ao 
sofrimento, Lewis nos ajudará a entender nosso estado de criaturas caí­
das; quanto à negação dos milagres, ele nos ajudará a ver que os mila­
gres, longe de violar as leis* da natureza, revelam o maior desígnio de 
Deus. Assim como os céticos argumentam que a presença da dor e do 
sofrimento no mundo contradiz o ensinamento cristão de que Deus é 
um Deus de amor, eles também argumentam que tal Deus jamais seria 
capaz de confinar uma pessoa ao inferno. O capítulo 6 será dedicado 
a explicar o argumento de Lewis de que, dados a natureza divina e 
o dom do livre-arbítrio concedido a nós, a existência do inferno é 
necessária não apenas teológica como também psicologicamente. Por 
fim, no capítulo 7, considerarei a maneira de Lewis em defender os 
elementos míticos do cristianismo como argumentos a favor de sua 
verdade e de seu poder universais. Especificamente, analisarei a crença 
de Lewis de que Cristo foi o mito que se tornou fato e demonstrarei, 
por meio de uma breve olhada na obra Crônicas de Nárnia, como Lewis 
foi capaz de unir aspectos racionais e imaginários em sua ficção.
Os capítulos 8 e 9 serão dedicados a estudar as duas principais obras 
apologéticas de G. K. Chesterton, um homem cujas defesas mordazes 
e eruditas do cristianismo exerceram uma influência permanente em 
Lewis. Primeiro considerarei como Chesterton contrasta, em Ortodoxia, 
a obscuridade e as crenças contraditórias do modernismo com a vita­
lidade sólida e as verdades paradoxais do cristianismo. Então, voltarei 
minha atenção para a análise absolutamente singular da história cris-
APOLO GÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
tã feita por Chesterton em O homem eterno. Por meio de uma leitura 
atenta dessa obra clássica, mostrarei a habilidade com que o autor cri 
tica o pensamento evolutivo moderno, apresenta Cristo como auge do 
mundo antigo e apoia a defesa da ortodoxia pela Igreja. O capítulo 10 
mudará o foco para uma terceira apologista britânica que compartilha 
va a sagacidade, a imaginação e o amplo conhecimento de Lewis e de 
Chesterton: Dorothy Sayers. Em The Mind of the Maker [A mente do 
Criador], Sayers oferece uma intrigante analogia entre a natureza trina 
de Deus e o processo criativo humano que tanto confirma a realidade 
da Trindade como também elucida a origem do mal e do livre-arbíti io 
Os capítulos 11 e 12 transportarão o livro para o outro lado do 
Atlântico, a fim de considerar a obra de dois apologistas americanos 
fundamentais que prepararam terreno para a maioria das apologias que 
os seguiram. U m panorama da trilogia apologética de Francis Schaeffei 
ajudará a explicar seu argumento de que, após o Iluminismo, a ciênci.i 
a lógica e a razão se separaram da religião, da revelação e da fé. Mais que 
um carpinteiro, o livro bastante influente de Josh McDowell, bem como 
seu estilo apologético também influente e tipicamente norte-ameritu 
no, serão o foco do capítulo 12. Mostrarei como McDowell, em todas 
as suas obras, coloca uma forte ênfase na confiabilidade bíblica, nas 
declarações de Cristo e nos depoimentos de especialistas e convertidos 
Na segunda metade do livro, mudareimeu foco de apologistas 
específicos para temas e argumentos apologéticos em geral. Em ve/ dr 
analisar obras individuais, eu me apropriarei, de modo mais amplo, dr 
obras de apologistas principais, como Lee Strobel,William Lane ( aaig. 
Ravi Zacharias, Gary Habermas, Alister McGrath, J. P. Morei.md 
Phillip E. Johnson, William Dembski, Francis Collins, Don Richaul 
son,Alvin Plantinga e N .T.W right. Os capítulos 13, 14 e 15 ofeu-i . 
rão perspectivas diferentes sobre os argumentos a favor da existem u 
de Deus. Começarei focando argumentos mais clássicos, tomados dos 
mundos da filosofia e da lógica. Em seguida, buscarei argumento-, n o 
mundo tia ciência moderna, particularmente a descoberta de qur o 
universo na o sei ia m i n o , mas que teru sido < 11 ado no I hg Mang Pm 
lim rutrenlarci dr novo, ■ - tom mais Irivm, a questão que alasta a 
m.Hui ta ilas nrsstitfS • it I U us • i nfoblrma do suliimruto
Prefácio
Nos capítulos 16, 17 e 18, será abordada uma das principais preo­
cupações da apologética: a defesa da Bíblia como testemunha precisa 
da obra do divino no mundo. Primeiro, apresentarei argumentos para a 
confiabilidade geral do registro bíblico. Segundo, considerarei especi- 
ficamente a historicidade dos Evangelhos e das declarações de Cristo. 
Terceiro, analisarei os muitos argumentos reunidos para a defesa da 
declaração histórica mais importante do cristianismo: a de que Jesus 
Cristo, após ter estado morto por três dias, levantou-se corporalmente 
da sepultura na manhã da Páscoa.
Nos seis capítulos finais do livro, colocarei a atenção em alguns dos 
progressos recentes da apologética. Portanto, o capítulo 19 apresentará 
um contraste do cristianismo com outras religiões do mundo e argu­
mentará a favor da exclusividade do evangelho, ao passo em que o capí­
tulo 20 revelará tanto os erros como os perigos do crescente interesse 
nos evangelhos gnósticos — um interesse evidenciado no sucesso e na 
controvérsia do romance de Dan Brown, O código Da Vinci. O fato de 
as questões levantadas nos capítulos 19 e 20 serem tão prementes teste­
munha o rápido crescimento do pensamento pós-moderno nos Estados 
Unidos. Como resposta a esse crescimento, o capítulo 21 considerará 
novas abordagens feitas pelos apologistas para alcançar os pós-modernos 
que anseiam por espiritualidade, mas que são muito receosos em relação 
a religiões, principalmente as religiões “institucionais” .
Os capítulos 22 e 23 entrarão em dois dos principais campos de 
batalha da apologética na última década: os argumentos dirigidos pelo 
movimento do design inteligente contra o darwinismo e, depois, o 
surgimento de uma nova e mais agressiva forma de ateísmo. Por fim, 
no capítulo 24, atentarei à conversão ao deísmo do filósofo ateu octo­
genário Antony Flew e ao livro que ele escreveu para documentar sua 
conversão: Um ateu garante: Deus existe— As provas incontestáveis de um 
filósofo que não acreditava em nada.
Embora este livro tenha sido concebido e escrito como um manus­
crito único, unificado, ele incorpora algumas idéias e passagens de obras 
minhas publicadas anteriormente. Há muitos anos, publiquei duas obras 
(a primeira Ibi uma série de palestras, e a segunda, um livro) que dis 
cutem, entre outras coisas, us ai guinemos r abordagens apulngrtuos
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
de C. S. Lewis: The Life and Writings of C. S. Lewis [A vida e os escritos 
de C. S. Lewis] (The Teaching Company, 2000) e Lewis Agonistes: How 
C. S. Lewis Can Train Us to Wrestle with the Modem and Postmodern World 
[Lewis agonista: Como C. S. Lewis pode ensinar-nos a lutar contra o 
mundo moderno e pós-moderno] (Broadman & Holman, 2003).
Há, inevitavelmente, algumas sobreposições de diversos trechos 
dessas duas obras em várias partes dos capítulos 2— 7 deste livro. Os 
leitores que desejarem explorar mais a fundo a apologética de C. S. 
Lewis são incentivados a consultar essas obras. Trechos dos capítulos 
11, 19 e 24 também já apareceram antes, de forma alterada, com os 
seguintes títulos respectivamente: “Apologetics for the 20th Century 
The Legacy of Francis Schaeffer” [Apologética para o século 20: C) 
legado de Francis Schaeffer] no volume 22, número 2 de Faith and 
Mission; “An Open Letter to Lovers o f The Da Vinci Co de” [Carta aber 
ta aos amantes de O código Da Vinci] na edição de novembro/dezembro 
de 2007 de Saint Austin Review; e “Holy Probable: A Review Essay of 
There Is a God by Antony Flew” [Santa probabilidade: Um ensaio crí 
tico sobre Um ateu garante: Deus existe, de Antony Flew] na edição de 
maio de 2008 de Touchstone.
Dediquei este livro ao InterVarsity Christian Fellowship, mas tam 
bém quero reconhecer o amável apoio e o incentivo de vários respou 
sáveis da Universidade Batista de Houston: R obert Sloan (presidcn 
te), Paul Bonicelli (reitor), Diane Lovell (decano de Artes e Ciências 
Humanas), R obert Stacey (decano de honra) e Matthew Boylestou 
(professor catedrático de Inglês).Também agradeço à universidade pot 
conceder-me a cátedra de R obert H. Ray em Ciências Humanas e o 
título de Acadêmico Residente — distinções que me deram o tempo 
e a oportunidade necessários para finalizar este livro.
(jt tiíiá ^rw àttãyvtín-n 'd T.r>.
. . . ; •• ' 1 r!>uj , >
-
P a rte um
O le g a d o d e Lewis 
e C heste rton
1
APOLOGÉTICA: O QUE É E POR QUE 
SE TORNOU TÃO POPULAR
Em 399 a. C., Sócrates foi acusado pela assembléia ateniense de cor 
romper a juventude e de defender deuses estrangeiros. Em reação a 
isso, o filósofo, aos 70 anos, foi até a corte para responder às acusações 
dirigidas contra ele. Seu discurso perante os cidadãos indignados de 
Atenas foi registrado por seu famoso pupilo, Platão, e publicado com o 
título de Apologia. Qualquer um que tenha lido o apelo genial, como 
vente e completamente desprovido de desculpas de Sócrates percebera, 
de modo rápido, que apologia significa simplesmente defesa. E foi isso 
que Sócrates apresentou aos seus acusadores: uma defesa arrazoada da 
origem de seu ensinamento (ele fora instruído pelo Oráculo de Delfos 
a fazer isso) e de sua maneira de ensinar (questionar todas as pessoas 
que alegavam possuir a Verdade).
Quase cinco séculos mais tarde, Pedro conclamou seus companhia 
ros cristãos a serem tão destemidos — mas não tão ofensivos — quanto 
Sócrates ao defender a fé em Cristo: antes, santificai a Cristo, como Sctilioi, 
em posso coração; e estai sempre preparados para responder [fazer uma apoio 
gia\ com mansidão e temor a qualquer que vos pedir a razão da esperança que 
Iní em vós (1 Pe 3.15). Seguindo a tradição de Sócrates e Pedro, o apo 
logisla cristão moderno não se desculpa por suas crenças nem conlia 
mei.unente na emoção ao confrontar aqueles que consideram sen < lia 
mado divino como algo falso, fanático, delirante ou perigoso. I .m vi . 
disso, ele apresenta com audácia, mas sem dure/a nina deles.i do 
i i istumsmo c imdi/t ntr t om a ta/ao, i om a logu a r i om a espci lem ia
Apoloqética: o que f e por que se tornou tão popular
humana. Isso não equivale a dizer que os apologistas acreditam que 
podem alcançar a fé cristã por meio da razão, mas sim que a fé pode 
ser um passo racional em vez de um salto no vazio. O cristianismo, em 
resumo, faz sentido. Como sistema de crença, ele interessa à pessoa por 
inteiro: corpo e alma, coração e mente.
DEFESA DA FÉ
Embora os apologistas abordem a defesa da fé a partir de diversos 
ângulos diferentes, uma apologia completa deve incluir, em sua essên­
cia, a defesa da doutrina central e determinante do cristianismo — a 
saber, a doutrina de que Jesus de Nazaré não foi somente um homem 
bom ou um profeta inspirado, mas o Filho unigênito de Deus. Essa 
doutrina, conhecida como encarnação, afirma que Jesus não foi meio 
homem e meio Deus, mas completamente humano e completamente 
divino.
Em torno da encarnação, podem ser agrupadas outras doutrinas 
essenciais da fé: a de que Deus, embora seja Um, existe eternamente 
como três pessoas - Pai, Filhoe Espírito Santo (aTrindade); a doutrina 
de que todos nós nascemos com uma natureza pecaminosa, e existimos 
em um estado de rebelião contra Deus e contra Sua Lei (o pecado 
original); a de que a morte sacrificial de Jesus na cruz nos trouxe de 
volta a um relacionamento justo com Deus Pai (a expiação); a de que 
o Filho voltou à vida corporalmente (a ressurreição); a doutrina de que 
Ele também retornará fisicamente (a segunda vinda); e a de que todos 
os que estão em Cristo se unirão a Ele na ressurreição final dos mortos. 
A essas doutrinas fundamentais e inegociáveis, podem ser acrescen­
tadas mais duas: a de que Deus é o Criador do céu e da terra e a de 
que a Bíblia é a Palavra oficial de Deus. Muitos apologistas (entre eles, 
eu) incluiriam outras qualidades a essas duas últimas doutrinas, mas 
nenhum apologista ortodoxo as rejeitaria nesta forma.
Estas, portanto, representam as doutrinas essenciais da fé cristã, as 
quais recebem clara expressão nos credos da Igreja e que contêm os 
princípios básicos do que C. S. Lewis batizou notoriamente de “mero” 
cristianismo. Desde a época dos apóstolos, a principal tarefa do apo 
logista é defender essas doutrinas de sofrerem ataques dos d c iia lo irs
APOLO GÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
presentes tanto dentro como fora da Igreja. Na maioria dos casos, essa 
defesa é estruturada em forma de diálogo, no qual o apologista res­
ponde as principais perguntas feitas pelos céticos que procuram lançar 
dúvidas sobre o cristianismo.
Uma lista das principais perguntas que os apologistas, desde Paulo, 
procuram abordar inclui as seguintes: 1) Se Deus é amoroso e onipo­
tente, por que existe dor, sofrimento e injustiça no mundo? 2) Como 
os cristãos podem acreditar em milagres, se acontecimentos como a 
divisão do mar Vermelho, a ressurreição de Lázaro dentre os mortos, o 
nascimento virginal e a caminhada de Jesus sobre as águas violam cia 
ramente as leis da natureza? 3) Como um Deus de misericórdia pode 
condenar pessoas ao inferno? 4) Como é possível saber que podemos 
confiar nos relatos da vida de Jesus registrados nos Evangelhos?
Durante os últimos três séculos, essas perguntas ganharam um tom 
cada vez mais intenso e penetrante, assumindo, com frequência, a for­
ma de acusação direta e de escárnio: 1) A história de um Deus que 
morre e ressuscita não é só um mito para pagãos ignorantes e crianças 
da modernidade? 2) A religião não é apenas uma espécie de muleta e 
a realização de desejos para as pessoas que são fracas demais para lidar 
com a realidade? 3) A ciência não refutou o cristianismo e demonstrou 
que ele é falso? 4) A Igreja não fez mais mal do que bem e não inspirou 
mais hipocrisia do que qualquer outra instituição na história?
O bom apologista não se esquivará de perguntas difíceis como 
essas, mas lidará com as questões em si e com a raiva, a culpa, o deses 
pero e a confusão que muitas vezes se encontram por trás dessas per 
guntas. E ele fará ainda mais: mostrará que o cristianismo apresenta 
uma cosmovisão coerente, consistente e universal, que não apenas res 
ponde a perguntas difíceis individualmente, como também apresenta 
uma visão unificada que dá sentido a todos os aspectos do nosso mun 
tio, de nós mesmos e de nosso destino. Aliás, uma das principais tarefas 
do apologista é defender o cristianismo de cosmovisões rivais — sejam 
religiosas, políticas ou filosóficas — que alegam tci a competem ia r 
a auloriiladr dr tlrfinn a natureza d a ii .tlul u l r t omunisino, matei ia 
li-aiui, liumamsmi. .t i ufu. íslaimsmo, limdumtit. juntr hnin, ateísmo.
I tIII I I I ll i
Apologética: o que é e por que se tornou tílo / > i >/>i i /<i
Naturalmente, os apologistas cristãos não tratam iodos os outros 
sistemas de crença como se fossem inerentemente falsos. Muitas vezes, 
esses apologistas começam estabelecendo um denominador comum 
entre o cristianismo e outros tipos de fé monoteísta (islamismo, juda­
ísmo, deísmo, unitarismo). Principalmente em nossa época, muitos 
apologistas acreditam que nem sequer podem começar a defender a 
deidade de Cristo antes de construir uma defesa da existência de um 
Deus único, pessoal, Criador do universo e Autor da moral. Outras 
vezes, os apologistas concordam acerca da natureza do problema — 
que a culpa deve ser expiada (paganismo); que o homem moderno 
vive em um estado de alienação (marxismo); que devemos encontrar 
um modo de controlar nossos instintos básicos (freudismo) — mas 
discordam quanto à origem e à solução final desse problema. Em sua 
melhor forma, a tarefa do apologista é profundamente humanista. Ela 
procura não abandonar as esferas física, humana e comum em troca de 
um mundo abstrato de idéias, mas sim remir essas três esferas para que 
possam ser glorificadas.
Muitas pessoas, hoje em dia, confundem apologética com evan- 
gelismo, pois essas duas disciplinas cristãs possuem muito em comum. 
Todavia, as duas buscas são bem diferentes no foco e na abordagem. 
Um evangelista, como Billy Graham, compartilha a mensagem evan- 
gelística de que Jesus Cristo foi o Filho de Deus, de que Ele morreu 
por nossos pecados e de que nós só encontramos a salvação se confes­
samos esses pecados e colocamos nossa fé no Cristo ressurreto.
O termo evangelismo vem de duas palavras gregas, eu (“bom ”) e 
tingel (“notícias”), as quais, quando traduzidas para o inglês antigo, tor­
naram-se god-spel, ou gospel. U m evangelista, portanto, é alguém que 
literalmente divulga as boas-novas (ou evangelho). Os bons evangelis- 
tas apresentam essas boas-novas de uma maneira que faça sentido, mas 
estão menos preocupados em apresentar uma defesa arrazoada do que 
o apologista. O evangelismo se prende mais ao emocional do que ao 
racional, e mais ao prático do que ao filosófico. Ele busca [conduzir o 
ouvinte a tomar] uma decisão que ocasione mudança em seu coração, 
t não [formar] um consentimento racional de uma verdade particular
m i m m . i t| ( )s ovancrrlisf-aç n ã o r o s t n m a m a r t m m m t a r a f a v o r rio
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
temas como a existência de Deus, a autoridade das Escrituras ou a 
possibilidade da realização de milagres. Eles simplesmente tomam esses 
assuntos como pressupostos, concentrando-se em sua mensagem. Ao 
passo que o evangelista é, em primeiro lugar, um pregador, o apologista 
é essencialmente um professor. Este trabalha mais como um advogado 
apresentando um caso; e aquele, como um pastor concedendo confor­
to e aconselhamento.
No m eio-termo entre o evangelista e o apologista, há vários escri­
tores e oradores cuja principal preocupação é ganhar de volta uma 
porção do público para um verdadeiro compromisso com o Deus da 
Bíblia. Alguns, como Bill Hybels,Thom Rainer e Rick Warren, ofere­
cem diretrizes [de orientação sobre como] compartilhar o evangelho 
com pessoas de fora da Igreja que vivem em uma sociedade secular 
mas que, apesar disso, anelam por espiritualidade e propósito [de vida]. 
Outros, como Chuck Colson, James Dobson, Jay Sekulow e o falecido 
Richard John Neuhaus, são guerreiros culturais que buscam garantir 
uma voz legítima para a cosmovisão cristã em meio ao público geral 
e reviver os princípios cristãos éticos e sexuais que estão em declínio.
Assim como esses Wilberforces1 da atualidade, os apologistas pro­
curam, sim, restaurar a integridade intelectual da cosmovisão cristã, 
principalmente no meio acadêmico; e há ramificações da apologética 
que oferecem uma defesa arrazoada da moralidade sexual tradicional, 
mas tais apologias se privam de envolvimento civil e de política parti­
dária. Apesar disso, a apologética é essencialmente “conservadora” em 
sua busca por preservar os credos da Igreja frente a tentativas “liberais” 
de despojar o cristianismo de elementos sobrenaturais e alegações uni­
versais da verdade, bem como das tentativas de substituir o Cristo da fé 
por um Jesus “histórico”.
1 W llliam W ilberforce (24 de Agosto de 1759 — 29 de Julho de 1833) foi um político bri- 
lànit o, filantropoe líder do m ovim ento abolicionista do tráfico negreiro. Nativo de Kings- 
ton iipon I hill, Yorkshire, com eçou sua carreira política em 1780 como candidato indepen- 
ilriiir. v iu lo deputado do condado de Yorkshire entre 1784 e 1812. Em 1785 converteu-se 
ao i< iiip.elie.de.mi), mudando eom plelam ente o seu estilo de vida e se preocupando ao
Imip,, d, lo,1.1 -a 14 vida i oiii a n I.......a evangélica l’<)NTt: http:/ /pl .wikipedia .org/wiki/
Wlllijiil Wilbrifon i
http://pl.wikipedia.org/wiki/
D que !• e por que se tornou tão popular
Mais próximos da iniciativa apologética, encontram-se escritores 
como Mark Noll, George Marsden e Arthur Holmes, que procuram 
reintegrar fé e aprendizado ao meio acadêmico e convencer seus cole­
gas mais céticos de que o cristianismo, quando corretamente compre­
endido, não reprime, mas intensifica a busca pela beleza estética, pelo 
estudo científico e pela pesquisa acadêmica.
Próximos também estão escritores como John MacArthur, John 
Piper e Charles Ryrie, que procedem, específica e intencionalmente, 
de uma única denominação cristã e que argumentam, de modo elo­
quente, a favor da verdade de suas características teológicas e eclesiás­
ticas. Embora alguns desses escritores — principalmente os que pro­
cedem do calvinismo reformado e do dispensacionalismo — tenham 
contribuído bastante com a iniciativa apologética, manterei, neste livro, 
o foco firme nas preocupações centrais da apologética e naqueles ele­
mentos do cristianismo que todos os cristãos ortodoxos compartilham.
LUTANDO À SOMBRA DO ILUMINISMO
Desde sua fundação, a Igreja é abençoada com uma longa lista de apo­
logistas que construíram defesas filosóficas e teológicas para a ortodo­
xia cristã. Os principais deles são Paulo, Irineu, Atanásio, Agostinho, 
Aquino, Lutero, Calvino, Pascal e Jonathan Edwards. Na fase inicial 
da Igreja, a apologética consistia, na maioria das vezes, em esclarecer a 
doutrina cristã sobre e contra as alegações de seitas hereges, tais como 
a dos arianos (que negavam a deidade de Cristo) e dos docetistas (que 
negavam Sua humanidade).
A apologética medieval — mais bem resumida na obra Suma teo­
lógica, de Tomás de Aquino, e em seu correspondente estético, A divina 
comédia, de Dante — procurava unificar todos os pensamentos sob o 
glorioso domínio da rainha das ciências: a teologia. Para eles, a beleza, 
a bondade e a verdade eram consideradas uma única coisa, e a teologia 
da Igreja Católica era o que as unia em harmonia atemporal. Os apo­
logistas medievais, por sua vez, foram seguidos por apologistas refor­
mados, que procuravam purificar as doutrinas da Igreja de [possíveis] 
“acréscimos” posteriores e apresentar uma doutrina poderosa e sistc 
iiiálit a Ao fazerem isso, eles tinham em vista as pessoas pur. i ada vez
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
mais, julgavam a verdade não por autoridade e tradição, mas segundo 
sua própria consciência.
Embora influenciada por esses três grupos, a apologética moder­
na é, em grande parte, uma reação à tentativa secular do Iluminismo 
de separar a fé da razão e de estabelecer tudo, desde a filosofia até a 
teologia e a ética, segundo princípios racionais. Iniciando no sécu­
lo 18 e alcançando o auge nos dois séculos seguintes, o pensamento 
ocidental adotava, cada vez mais, um paradigma antissobrenaturalista, 
insistindo que tudo poderia e deveria ser explicado somente com base 
em processos naturais, materiais e físicos. Dali em diante, a revelação 
divina e os milagres permaneceriam fora de cogitação, pelo menos 
para os envolvidos em buscas acadêmicas sérias. Embora esse paradig­
ma originado no Iluminismo não necessite do ateísmo, a maioria dos 
principais pensadores ocidentais desde Hume trata Deus como uma 
hipótese desnecessária. [O pensamento desses homens seria o de que| 
Deus poderia bem existir, mas certamente não precisaríamos dele para 
explicar coisa alguma.
Consideremos resumidamente alguns desses pais fundadores do 
mundo moderno. Hume limitava o conhecimento à observação 
empírica, incentivando seus herdeiros filosóficos a ignorarem assuntos 
espirituais, sobre os quais nada seria possível saber. Kant fundamen­
tou a moralidade no imperativo categórico em lugar dos Dez Mau 
damentos; fornecendo à ética humana, assim, uma base racional, em 
oposição à sobrenatural. Darwin propôs a seleção natural, um método 
pelo qual nosso corpo poderia ter se desenvolvido sem a intervenção 
divina. Freud veio em seguida, fazendo o mesmo com a consciêiu 1.1 
humana, o qual ele considerava como tendo surgido de uma incons 
ciência profunda e material, em vez de proceder do grande Eu S( >i i 
Marx reduziu a filosofia, a teologia e a estética a forças econômicas, 
argumentando que a religião, as artes e até mesmo a própria const i 
êiK ia eram meros produtos de forças materiais socioeconômicas, sobic 
as quais não temos qualquer controle, Nictzsche anulou a léo n .i da 
formas, que tora elaborada poi I Matai t, aigiuuentando que a brle/a, i 
vri i lai Ir* r i just Iç .1 nao sao < I it ■ i loa dh nu m r, p io d u to s i i lados pelo
| | « t l l l t i l l J í i i l f c ^ l l l l i l e l i l l t - i » S Ü t i h i i à c i ú B t u l e l <1 » f c i l í » r - . i o l r - i i i i n l *
Apologética: o que k e por que se tornou tão popular
Saussure despojou a linguagem de seu estado transcendente, conce­
dido por Deus, tornando-a também um produto de forças estruturais 
profundas que controlam nossas palavras e nossos pensamentos. E a 
lista continua.
Embora os ensinamentos básicos de Cristo continuem a ser respei­
tados, esse paradigma pós-iluminista retirou lentamente a cosmovisão 
cristã da base da cultura e do pensamento moderno. Como resultado 
direto dessa mudança, as afirmações doutrinárias tradicionais do cris­
tianismo foram removidas do âmbito da verdade objetiva e depositadas 
no âmbito do sentimento subjetivo, ocasionando a formação de uma 
ruptura artificial entre fatos empíricos e valores espirituais. De modo 
lento, furtivo e sistemático, as afirmações da verdade do cristianismo 
foram perdendo espaço nas esferas acadêmica e pública, e passaram 
a entrar em um compartimento privado e impermeável. Em vez de 
perseguirem o cristianismo diretamente, como aconteceu na antiga 
União Soviética, as democracias ocidentais tornaram-no irrelevante 
como veículo para discernir a verdade sobre a condição humana.
Sim, a maioria dos europeus e americanos continuou a aderir às 
crenças e práticas do cristianismo, mas permitiu que a elite secular 
pensasse em seu lugar. Os fiéis resguardaram seu espaço religioso e 
deixaram que o meio acadêmico, as escolas públicas, as artes, os meios 
de comunicação e o governo caíssem sob o domínio do humanismo 
secular. Em certo sentido, eles “fizeram um acordo”, [foi como.se dis­
sessem]: deixem nossa fé conosco, e cederemos a razão a vocês. Em tro­
ca, os secularistas romperam com a moralidade cristã e transformaram- 
-se radicalmente em indivíduos autônomos que não prestavam contas 
a Deus nem à comunidade mais ampla de fé.
Então, um professor de Língua Inglesa da Universidade de Oxford 
chamado C. S. Lewis entrou em cena. Embora não tenha sido, de 
maneira alguma, o primeiro escritor cristão a desafiar a divisão ilumi- 
nista entre fé e razão — o cardeal Newman e G. K. Chesterton, entre 
outros, precederam-no — Lewis foi o estopim que acendeu a revolta 
cristã contra o status quo secular. Se for verdade, conforme o escritor 
|declarado| ateu Richard Dawkins gracejou certa vez,-que Darwiu
hov . ib l l l l o l l s e r m o s . i l r t is m t r l e r l i r i l m r n t r snt i s le i los r n l i o i l o m .
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
mo modo, é verdade que Lewis possibilitou sermos cristãos intelec­
tualmente satisfeitos, embora ainda vivamos em um mundo moderno, 
pós-iluminista.
Inspirado por Lewis, um número crescente de apologistas nos últi­
mos 50 anos procura defender a integridade e a consistência intelectual 
do cristianismo.Sem reduzir a centralidade da fé, os apologistas moder­
nos definiram para si a tarefa de explodir o mito iluminista, defendendo 
que as afirmações cristãs da verdade não possuem conteúdo lógico e 
objetivo. Nem reacionários nem obscurantistas, eles compreendem que 
vivemos em uma era secular, e que o cristianismo medieval é passa­
do. No entanto, a aceitação deles apenas intensifica o compromisso de 
defender o estado racional e universal dessas afirmações de verdade con­
tra as forças corrosivas do ceticismo, do racionalismo e do relativismo.
Eu já apresentei, no prefácio, o esquema organizacional que segui­
rei neste livro. Em vez de repetir o esquema, terminarei este capítulo 
introdutório defendendo minha escolha por dedicar seis dos 24 capí­
tulos aos argumentos de um único apologista: C. S. Lewis. A seguir, 
estão minhas dez razões principais para fazê-lo:
1. Não é exagero dizer que, de alguma maneira, todos os apologis­
tas modernos foram influenciados por Lewis. Tenham eles sido 
trazidos à fé pela leitura de Cristianismo puro e simples, encora 
jados por seu testemunho ou influenciados por seus principais 
argumentos, as últimas duas gerações de apologistas têm uma 
dívida profunda e eterna com Lewis.
2. Lewis foi ateu durante metade de sua vida e, portanto, conhecia 
o tipo de argumento que os céticos modernos mais precisavam 
ouvir. Certa vez, a respeito de suas obras apologéticas, ele disse 
que tentara escrever o tipo de livro que gostaria de ter lido 
durante seus anos de ateísmo.
3. Em vez de basear todas as suas provas nas Escrituras, Lewis bus 
cava provas fora da Bíblia, a fim de poder criar um denomina 
dor comum com incrédulos.
I ! li- ai giimrntava tanto a tavoi <l<< < t ístianismo como do tei .rno
r i --1 1 11 11< 11 i i I a r a n i r i i t r i 1 1 i f e i tStti a > a it i r i l l d i i K I m i n u a r. . I m i
Apologética: o que é e por que se tornou tão popular
últimas seções de Cristianismo puro e simples defendam especifi- 
camente as doutrinas cristãs, as duas primeiras [partes do livro] 
argumentam a favor das crenças teístas das quais a maioria dos 
judeus e muçulmanos compartilham.
5. Em vez de rejeitar a lógica sistemática que aprendera durante 
os anos de ateísmo, ele tomou essa lógica e colocou-a a serviço 
da apologética cristã.
6. Com a coragem e a tenacidade de um Galileu moderno, Lewis 
questionou ousadamente os dogmas centrais do modernismo. 
Em vez de limitar-se a argumentos superficiais, ele se apro­
fundou para desvelar e criticar as hipóteses fundamentais do 
naturalismo e do humanismo secular.
7. Lewis, um professor de Língua Inglesa, e não um teólogo ou 
pastor, era sempre cuidadoso ao equilibrar razão e emoção. Nas 
obras apologéticas de C. S. Lewis, o leitor encontra argumentos 
tanto da mente como do coração.
8. Diferente da maioria de seus contemporâneos no meio acadê­
mico, Lewis escrevia em termos pessoais, leigos e que falavam 
diretamente aos seus leitores. Embora fosse um dos homens 
mais instruídos de sua época, ele queria ser compreendido. Seu 
compromisso com a clareza ajudou a inspirar dezenas de apo­
logistas a imitar seu estilo claro e de leitura extremamente fácil.
9. Em vez de apresentar teorias novas e exóticas sobre Jesus, a 
respeito das Escrituras ou acerca das doutrinas da Igreja, Lewis 
se contentava em reformular as afirmações tradicionais do cris­
tianismo de uma forma renovada e imparcial.
10. Embora fosse um anglicano devoto, o apologista Lewis per­
maneceu firme na neutralidade denominacional e manteve o 
foco no mero cristianismo. Por esta razão, seus livros são lidos e 
distribuídos igualmente por católicos, batistas, metodistas, orto­
doxos, luteranos e pentecostais.
2
AS COISAS QUE NÃO PODERÍAM TER 
EVOLUÍDO: C. S. LEWIS ARGUMENTA 
A FAVOR DA EXISTÊNCIA DE DEUS
Não importa se você o considera um grande líder mundial, um ditador 
oportunista, um reformador ou um tirano, Napoleão foi um homem 
que entendia bem as consequências não somente de ações, mas tam­
bém de idéias. Talvez tenha sido por isso que, quando Pierre Laplace 
explicou ao imperador a hipótese nebular, Napoleão respondeu com 
uma pergunta filosófica, e não científica: “Onde está Deus em tudo 
isso?”. A resposta de Laplace, “Não tenho necessidade dessa hipótese”, 
mostrou-se profética em sua afirmação de que o pensador pós-ilumi- 
nista pode explicar todas as coisas sem recorrer a um criador divino 
ou regulador do universo. Conforme vimos no capítulo 1, aqueles que 
adotam o paradigma modernista se sentem confiantes de que todas as 
coisas podem ser explicadas somente com base em processos naturais, 
físicos e materiais.
Em meados do século 20, poucos acadêmicos europeus questiona 
vam, ao menos publicamente, a capacidade do paradigma modernista 
e m oferecer explicações evolucionistas para todos os fenômenos natu 
rais e humanos. Durante os anos [que passou] no ateísmo, Lewis m u 
mulava (u t i l m e n t e com esse paradigma, considerando os acadêmicos 
11111 aigJimiriit.ivam solire Deus ou relig ião c o m o pensadores medie­
vais medio* m Após sua l o n v r i s a o ao «* • * > *• * (aos U) anos de idade)
A s coisas que não poderíam ter evoluído: C. S. Lewis argumenta a favor da existência de Deus
e ao cristianismo (aos 32 anos), entretanto, ele começou a questionar 
a suficiência do paradigma modernista e a cosmovisão naturalista que 
o sustentava. Em livros como Cristianismo puro e simples, Milagres e O 
problema do sofrimento, Lewis identificou vários fenômenos em nosso 
mundo que não poderiam ter evoluído apenas com processos naturais 
e, portanto, exigiam uma fonte sobrenatural [para sua explicação].
O ARGUMENTO D O DESEJO
Agostinho medita nas linhas iniciais de sua obra Confissões: “O Senhor, 
Tu nos fizeste para ti mesmo, e nosso coração está inquieto enquanto 
não encontrar descanso em ti” . Embora sejamos, por causa da natureza 
de nosso corpo físico, membros do reino animal, há algo dentro de nós 
que não é nem pode ser satisfeito apenas pelo mundo natural. Nossos 
desejos e anseios transcendem os limites físicos do mundo e do corpo, 
deixando-nos inquietos como nenhum animal esteve ou poderia estar. 
De acordo com Lewis, o motivo dessa inquietação estranha e contínua 
é que todos nós possuímos um senso inerente de alegria que nos leva 
em direção a Deus.
A longa jornada do próprio Lewis em direção à fé, documenta­
da com vigor em sua autobiografia espiritual, Surpreendido pela alegria, 
começou no início da infância por meio de uma série de momen­
tos aparentemente seculares, porém espiritualmente intensos, de per­
cepção sobrenatural. Quando Lewis ainda era criança, seu irmão mais 
velho, Warren, mostrou-lhe um jardim de brinquedo improvisado que 
ele acabara de criar dentro de uma lata de biscoito. Era um objeto feito 
rapidamente e nada muito bonito, mas, quando Lewis olhou para ele, 
foi tomado subitamente por uma sensação de campos verdes úmidos 
— uma intimação do Éden que ele sentiu quando já era mais velho. 
Algum tempo depois, enquanto lia o livro A história do esquilo trinca- 
nozes, de Beatrix Potter, Lewis ficou inquieto com aquilo que chama­
va de ideia do outono.
Uma terceira experiência ocorreu quando ele encontrou por acaso 
algumas palavras em um livro sobre mitologia nórdica. Assim como as 
palavras de A história do esquilo trinca-nozes haviam aberto seus olhos 
naiu a nlenitude da estação outonal as nalavras do livro niitnlcWicn o
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
transportaram para lugares frios do hemisfério norte. Em todos os três 
casos, a experiência em si fora rápida, mas deixou o jovem Lewis com 
uma sensação de desejo por algo [que estava] fora dele mesmo e além 
dos limites de seu mundo.
Às vezes, Lewis empregava a palavra alemã Sehnsucht (“anseio”) para 
referir-se a esses momentos; porém, com mais frequência, referia-se a 
eles simplesmente como “alegria” . Ao compartilhar com os leitores 
esses momentos de alegria, o apologista Lewis nos convida a explorarnossos próprios momentos de alegria e a questionar a fonte de nossos 
anseios mais profundos. Como cidadãos do mundo moderno, fomos 
ensinados — consciente ou inconscientemente — por Freud e seus 
herdeiros a interpretar nossos anseios espirituais ora como uma subli- 
mação de emoções mais primitivas ora como um produto da satisfação 
de desejos. Entretanto, por que e de que modo uma natureza incons­
ciente produziria em nós um desejo consciente de algo que transcende 
o mundo natural? Na base de nossa experiência compartilhada de ale­
gria, Lewis coloca uma de suas apologias mais atraentes e originais a 
favor da existência de Deus: o argumento do desejo.
Assim como o fato de termos sede é prova de que somos criaturas 
para as quais é natural beber água, também o fato de desejarmos um 
objeto que nosso mundo natural não pode suprir sugere a existência 
de outro mundo, ou seja, um mundo sobrenatural. O desejo não garan­
te que alcançaremos esse outro mundo — assim como se ficarmos 
perdidos no deserto, morreremos de sede — mas, sugere que somos 
criaturas capazes de alcançá-lo e criadas, de algum modo, para isso 
Com certeza acharíamos estranho se uma mulher que morou a vida 
toda no Kansas, Estados Unidos, e nunca viu o mar ou as montanhas, 
nem ouviu falar deles, fosse subitamente tomada por um desejo de 
caminhar na praia ou de escalar um pico coberto de gelo. E, apesar d is 
so, não achamos estranho que criaturas aparentemente formadas apc 
n.is poi pmc essos materiais almejem algo fora desses processos. A água 
nau pndr elevai se ,u una de sua fonte. e. se fossemos de lato piodutos 
apenas >la UtUMh /a, Jiao sei iamos ea pa/ rs de elevai nos, em i m p o ou 
• 1 111 i i l t í ii ilt Ib In m i e . d e n o s s a m il m M * m l
coisas que não poderíam ter evoluído: C. S. Lewis argumenta a favor da existência de Deus
Na conclusão de seu livro Reflections on the Psalms [Reflexões sobre 
os salmos], Lewis, expandindo seu argumento sobre o desejo, oferece 
o que eu considero a melhor apologia da imortalidade da alma. Não é 
estranho, pergunta Lewis, o fato de que nos surpreendemos continua­
mente com a passagem do tempo? Encontramos alguém que não vemos 
há anos, e surpreendemo-nos com o fato de essa pessoa ter crescido 
[tanto]. Achamos impossível acreditar que nossas crianças “de repente” 
se tornaram adultas e deixaram-nos para começar sua própria família. 
Não é a vaidade ou o medo de envelhecer que desperta esses momen­
tos de vertigem temporal. Simplesmente não sabemos para onde o tem­
po “foi”, ou como ele pôde escapar de nós sem que percebéssemos.
Considerando o fato de que não conhecemos nada além de passado, 
presente e futuro, e que o tempo é o elemento no qual vivemos, é estra­
nho, de fato, que a passagem dele seja uma surpresa contínua para nós. 
Tal sobressalto sucessivo causado pela passagem do tempo, sugere Lewis, 
é equivalente a um peixe sendo surpreendido pela umidade da água. 
Isso, naturalmente, seria algo estranho, uma vez que a água é o elemen­
to no qual o peixe vive sua existência. Contudo, essa situação não seria 
estranha se esse peixe fosse destinado a ser um animal terrestre algum 
dia. Se nossa surpresa pela passagem do tempo nos ensina algo, é isto: 
não fomos feitos para o tempo, mas para a eternidade, para outro modo 
de existência, no qual tudo permanece em um presente perpétuo.
Eu acrescentaria à percepção profunda de Lewis [a concepção de] 
que não apenas o tempo, mas também o próprio espaço acaba sendo 
algo estranho para nós. Nossa mente luta constantemente contra os 
limites espaciais do mundo, desejando romper as restrições físicas que 
nos circundam. Por que, pergunta nossa mente, não podemos movi­
mentar as coisas para perto ou para longe de nós com o poder da nossa 
vontade? Costumo falar brincando, mas com um fundo de verdade, 
que a maior prévia do céu oferecida pelo mundo moderno é o contro­
le remoto. Com ele, de repente ganhamos um “braço” de três metros 
que pode magicamente alterar o mundo ao nosso redor, enquanto 
permanecemos sentados e imóveis. Se o paradigma modernista esti­
vei t orreto, e formos produtos de processos naturais que “conhecem”
int->ii ! ̂ it i n n h m m m e i i m h » m n n ç i m n l p c m p n f p m r\
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
explicar a sensação profunda e inabalável de que esses gêmeos tiranos, 
o tempo e o espaço, não deveriam ter domínio sobre nós.
Hoje, os apologistas, seguindo o argumento de Lewis sobre o dese­
jo, costumam fazer uma abordagem um pouco diferente [da realizada 
pelo autor]. Usando uma frase de Pascal, eles falam sobre todas as pes­
soas como se elas tivessem um vazio em forma de Deus no coração. 
Tentamos preencher esse vazio com toda a sorte de coisas terrenas, 
mas nada é realmente eficaz. Q uer tentemos preenchê-lo com coisas 
“ruins”, como drogas e promiscuidade, ou com coisas “boas”, como 
patriotismo e amor maternal, descobrimos inevitavelmente que a dor 
interior persiste. Somente quando passamos a entender, assim como 
Agostinho, que fomos feitos por Deus e para Deus, e que o vazio inte­
rior que sentimos vem de uma falta de intimidade com o divino, é que 
percebemos que só Cristo — o Deus que se tornou homem — pode 
preencher o vazio que há em nosso coração.
ÉTICA, RELIGIÃO E RAZÃO
Lewis começa sua principal obra apologética, Cristianismo puro e sim­
ples, fazendo uma pergunta aparentemente sem sentido: quando duas 
pessoas discordam sobre alguma coisa, por que elas discutem sobre o 
assunto? A pergunta de Lewis pode parecer bastante inócua, mas por 
trás dela se esconde outro fenômeno observado que não se pode expli­
car apenas por forças evolutivas naturais — um fenômeno que não 
apenas sugere, mas exige uma fonte sobrenatural.
A única maneira de levar duas pessoas a discutirem sobre algo, expli 
ca Lewis, é aceitar um padrão comum como base, para enfim elas cria 
rem seus argumentos [sobre o assunto]. Na ausência desse padrão, resta 
lhes apenas brigar. Os modernistas podem hesitar o quanto quiserem, 
mas o fato é que nós somos, por natureza, animais éticos. Sabemos que 
existem padrões éticos reais e que somos obrigados — não por lei, m a s 
por nossa própria consciência interior — a viver de acordo com <-|.-. 
Sim, nós os violamos diariamente, mas o fato de, apesar disso, espei.u 
mos que as milras pessoas nos tratem de acordo com esses padrões e 
piova <li n a o alidude e de sua natureza eompuKoi ia Nao vivemos . m 
• n 11 i n ui . i si i iiii i!aluiri ilr i elal Ivo IVIUS riu um Ullindo i !t ilr vr i rs ■ i lr
* ‘ •• ?• »i ifu i !,*/«/(/«» ( \ l.cwis argumenta a favor da existência de Deus
<>l>i ig.it,nr, Ale mesmo um relativista declarado ficaria bravo se alguém 
furasse a fila, entrando em sua frente. E, se essa outra pessoa reagisse 
dizendo que veio de uma cultura em que furar fila é aceitável, o relati­
vista certamente rejeitaria o argumento como sendo enganoso.
Se padrões morais e éticos reais não existissem, os julgamentos de 
Nuremberg não poderiam ter acontecido após a queda do Terceiro 
Reich. A única razão pela qual o tribunal pôde declarar culpados os 
criminosos de guerra nazistas foi a existência de dois fatos indiscutí­
veis: 1) há padrões morais que transcendem nações e culturas; e 2) os 
nazistas tinham consciência desses padrões, mas violaram-nos mesmo 
assim. Não julgamos um cachorro pit bull se ele mata uma criança, pois 
o pit bull não é um agente moral. Todavia, seres humanos são agentes 
morais vivendo em um universo moral e podem, portanto, ser punidos 
por tomar decisões erradas e agir de acordo com elas. Às vezes, natural­
mente, um criminoso é isentado por motivo de insanidade, mas essa é a 
exceção que prova a regra. Nossa obrigação de aderir aos padrões éticos 
é primordial, e, embora os núcleos morais de nosso cérebro possam ficar 
temporariamente debilitados por doenças mentais ou por um momen­
to avassalador de paixão, por causa da nossa espécie, somos definidos 
não por relativismo, mas segundo padrõesmorais generalizados.
Lewis insiste que esses padrões são universais e interculturais e, a 
fim de provar seu argumento linguisticamente, escolhe referir-se a esse 
código de leis universal com uma palavra oriental, e não ocidental: o 
/<’/<>.Todas as sociedades, argumenta Lewis em A abolição do homem, pos­
suem um entendimento básico do Tao. Para dar respaldo à essa ousada 
afirmação, o autor oferece um apêndice no qual dispõe os códigos 
legais de mais de 12 povos antigos, desde os gregos e os romanos, pas­
sando pelos babilônios e os egípcios, até os nórdicos e os índios nativos 
norte-americanos. Ao fazer isso, fica claro que todas as culturas antigas 
possuem um entendimento básico daquilo que os judeus e os cristãos 
< li.nnam de Dez Mandamentos.
( >s que ouvem a afirmação de Lewis acerca da universalidade do 
Iao pela ptnneiia ve/ costumam recusá-la, pois a antropologia moder­
na i- m u i t o efn a/ em i ouvem et nos de que a moralidade varia muito 
it. l! 11 >i > pai a 11 ibo Ma issi i nao ai oiitei e. A llloi a I idade supo a nnruli
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
invertida de povos isolados na África ou na Nova Guiné vem a ser, 
afinal, uma invenção em grande parte de antropologistas fanáticos ou 
o resultado de um fato muitas vezes negligenciado acerca de nosso 
mundo caído. Seja qual for o motivo, nosso mundo é povoado por 
um número pequeno, porém significativo, de psicopatas e sociopatas. 
Na verdade, o que se aplica a indivíduos também costuma aplicar-se a 
tribos. Afinal, há alguns grupos por aí que parecem habitar fora do cír­
culo das normas éticas, no entanto o comportamento aberrante desses 
grupos sociopatas não contradiz a universalidade do Tao, assim como a 
existência de paraplégicos não contradiz o fato de que as pernas foram 
feitas para andar. Desde Freud, nossa sociedade sofre de uma espécie 
de amnésia mental e moral. Realmente, somos levados a acreditar 
[no princípio de] que a normalidade não existe mais e que todos têm 
alguma fobia ou neurose. Isso não é verdade.
O que pode ser chamado de argumento da exceção apresenta a refuta­
ção mais forte da afirmação de Lewis de que o Tao é universal e inter- 
cultural. Porém, há outras contestações. Alguns modernistas se opõem 
à afirmação de Lewis, argumentando que o Tao não é um código 
transcendente implantado em nós pelo Criador, mas uma invenção de 
profetas e mestres carismáticos. Em resposta a isso, Lewis traz à memó 
ria dos críticos que a verdadeira função dos profetas e dos mestres não 
é inventar o Tao, mas lembrar-nos do Tao que já conhecemos e ao 
qual deixamos de dar importância. Na verdade, aqueles que tentam 
construir seus próprios códigos morais são geralmente falsos profetas 
e líderes de seitas. Nem mesmo o próprio Jesus “inventou” a Lei, mas 
cumpriu-a e aperfeiçoou-a.
Outros críticos de Lewis afirmam que o Tao não é um dom de 
revelação divina, mas um produto de instintos naturais. Lewis reco 
nhece que temos instintos naturais para sobrevivência, procriação c 
outras coisas, mas pergunta o que fazemos quando dois desses instintos 
naturais entram em conflito. A fim de solucioná-lo, precisamos in oi 
rer a um leiteiro fator |lat. tertium </ii/t/| que transcende ambos os ms 
tintos e esse teti eu o lator é o I âo Pot I mi, 011 1 esposla ,1 11 íti« 1 de 
I|l|e 11 1.1! I Iião 11111 Ir tr! sido lltVIII.IIlieII11 1 1 MU rdlijo pOHHie e p|t‘i IMI
1
A s coisas que não poderíam ter evoluído: C. S. Lewis argumenta a favor da existência de Deus
nós também devemos ensinar às crianças as tabuadas matemáticas. A 
analogia é importante, pois a matemática e a moralidade têm algo 
em comum: o Tao, assim como o teorema pitagórico, não é algo que 
inventamos, mas algo que descobrimos.
Em O problema do sofrimento e Milagres, Lèwis discute dois outros 
fenômenos que, além de não poderem ter evoluído, chegam a nós por 
meio de descoberta, e não de invenção. O primeiro, curiosamente, é a 
religião. Embora os antropologistas e outros modernistas argumentem 
que a religião encontra sua verdadeira fonte no estranho medo do des­
conhecido — o qual teria evoluído de nosso medo natural e primitivo 
do perigo físico — Lewis diz que isso é improvável. Equiparar o medo 
do perigo físico ao medo do desconhecido é brincar com a palavra 
medo. O medo que temos de tigres não é quantitativamente, mas qua­
litativamente distinto de nosso medo de fantasmas; aquele não poderia 
simplesmente ter se transformado neste. Em outras palavras, a diferença 
entre os dois medos não é relativo à intensidade, mas ao seu tipo.Tentar 
camuflar esse fato dizendo que nosso medo do desconhecido evoluiu 
de nosso respeito para com os chefes tribais é colocar a carroça na frente 
dos bois. A verdadeira pergunta não é se a reverência pode transformar- 
-se em um senso do sagrado, mas de onde veio a reverência, a princípio.
De acordo com Lewis, a verdadeira origem da religião está situada 
no temor divino do sobrenatural, um medo exclusivo dos seres huma­
nos — os únicos animais em nosso planeta que têm medo de seus 
próprios mortos. Entretanto, isso não é tudo. Para passar de religiões 
primitivas baseadas no medo a religiões monoteístas mais sofisticadas, 
como o judaísmo, o cristianismo e o islamismo, deve ocorrer um salto 
qualitativo para o qual não há qualquer comando evolutivo. O verda­
deiro teísmo não nasce até que o Deus que instila em nós um temor 
espiritual esteja unido ao Deus que criou e dirige o Tao.
Já houve, e continuam existindo, tanto religiões amorais como 
moralidade não religiosa. Encontramos as religiões amorais em ritu- 
.1 is pagãos que misturam sacrifício humano ou prostituição ritualística 
( mu uni piolmiiln mmimi de sagi.ido. A moralidade não religiosa é vista 
tu is i stnit ir. i ui ■ hiiili i i qui procuram ter uma vida de ilisi íplina
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
A
De acordo com o livro de Exodo, entretanto, houve um momento cul­
minante na história da religião em que o Deus que bradou no monte 
Sinai, provocando um medo terrível no povo de Israel, revelou ser o 
mesmo Deus que deu a Moisés as tábuas da Lei.
Lewis argumenta que a religião, portanto, exige uma fonte sobre­
natural; mas, por outro lado, a ciência e os princípios racionais sobre 
os quais a ciência repousa também. Para o naturalista moderno que 
considera a evolução como uma explicação suficiente, a natureza é 
o todo, é um sistema completo que responde por tudo o que existe, 
tornando desnecessária qualquer outra explicação. Se isso for verdade, 
lembra-nos Lewis, então o naturalismo, que se expressa por meio de 
leis e princípios que transcendem a natureza, contradiz-se. Assim como 
ninguém pode dizer com certeza que tudo é relativo, as declarações 
científicas e filosóficas dos naturalistas também se tornam insignifican­
tes com a afirmação naturalista de que nossa mente é o mero produto 
de movimentos aleatórios de átomos.
A razão humana repousa não em observações empíricas, mas sobre 
princípios abstratos que jazem fora do sistema da natureza, em uma 
esfera sobrenatural de conhecimentos prévios eternos. De fato, nossa 
razão transcende tanto a natureza que, ao utilizarmos nossa raciona­
lidade, podemos alterar a própria natureza. É verdade que os animais 
são capazes de fazer conexões simples de causa e efeito (indutivas), 
[compreendendo, por exemplo, a relação:] “quando o sino tocar, serei 
aHmentado”; mas, eles não conseguem ir além disso. Somente os seres 
humanos realizam saltos lógicos (dedutivos) com base em princípios 
preexistentes (a prion) que se encontram fora da natureza. Inclusive, a 
declaração aparentemente empírica, “se eu estudar a natureza, compre­
enderei suas leis” , baseia-se em nosso conhecimento prévio de que a 
natureza é real e ordenada e de que podemos confiar em nossos senti­
dos e em nossa razão.
Dentro de cada um de nós, conclui Lewis, deve existir uma enti­
dade sobien.iiiiial chamada razão. N o entanto, ela deve ter uma fonte 
sobien ilui d itmiin, unia ve/ que, com frequêmia, iu>v.a i.i/.io dorme c 
pode i i dt hdtt idu |uii substaiK ias Iisi< a-, i uiiin o ah oo! A 1 c,posta de
i
A s coisas que não poderíam ter evoluído: C . 5 . Lewis argumenta a favor da existência de Deus
consciência limitada e individual (“eu”), deve haver uma autoconsci- 
ência maior e eterna (Eu Sou). Remover o Eu Sou — o nome pelo 
qual Deus se revelou a Moisés no Sinai — faz o “eu” humano perder 
tanto sua origem como a capacidade de sustentar-se; pois a consciên­
cia, assim como a alegria, a moralidade e a religião, é, no fim das contas, 
um dom concedido do alto. E o paradigma evolucionário modernista 
não pode esclarecer isso.
3
DO TEÍSMO AO CRISTIANISMO:
A DEFESA DE C. S. LEWIS A FAVOR DE CRISTO
No capítulo anterior, vimos que o argumento do desejo de Lewis, sua 
afirmação de que oTao é universal e intercultural e sua alegação de que 
a religião e a razão não poderíam ter evoluído somente por processos 
naturais, apontam para um Ser ou uma Força sobrenatural que habita 
fora dos limites de nosso contínuo espaço-tempo. Mas, que tipo de 
Deus é esse Ser ou essa Força? Que provas temos de que a Fonte divina 
de alegria, moralidade, religião e razão equivale ao Deus da Bíblia?
Em Cristianismo puro e simples, Lewis argumenta que, após aceitar­
mos a existência de deus (es), temos duas versões conflitantes de como 
um deus pode ser: ele ora transcende a natureza (o teísmo propriamen­
te dito) ora é inerente à natureza (panteísmo). Na primeira conjuntura, 
Deus habita acima e à parte de Sua criação; na segunda, habita dentro 
e por meio de Sua criação, não tendo Sua existência separada dela. 
Embora ambas as opções possam parecer igualmente válidas a princí­
pio, apenas a primeira é compatível com nossa experiência com o Tao. 
Somente um Deus separado de Sua criação poderia agir como guia e 
encarnação da moralidade boa e pura. Se o panteísmo estivesse correto 
e I )eus fosse indistinguível de Sua criação, Ele não poderia ser bom 
nem mau, apenas uma força espiritual amoral. Nas religiões panteís- 
tas, os deuses não vivem fora do tempo e do espaço — eles mesmos 
s.io nascidos do i aos primitivo (material). Eles não personificam um 
padiao sanlo ou tmivi i sal r, portanto, não p o d e m sei vii < 0 1 1 1 0 fonte de
1 I i t S S I i i * 1 1 * p ! i . T i » S i i l i i t i t » h s n i
Do teísmo ao cristianismo: a defesa de C. S. Lewis a favor de Cristo
Lewis sugere que, se os dualistas estiverem corretos e houver não 
um, mas dois deuses — um deus bom, que está perpetuamente em 
guerra com um deus mau, semelhante, porém antagônico? Essa opção 
l.unbém parece razoável até percebermos que ela vai de encontro ao 
mesmo problema do argumento de que o Tao é um produto de instin­
tos naturais —- a saber, o problema do terceiro elemento (o tertium quid). 
Se os dois poderes forem igualmente fortes, como podemos dizer qual 
c o bom? Na ausência de um padrão mais elevado (um tertium quid) 
i om o qual julgar os dois poderes rivais, não podemos determinar qual 
r bom e qual é mau. Nesse caso, o Tao fica perdido, e nos resta apenas 
acreditar que a razão do mais forte sempre vence e depender de brigas, 
c não de argumentos.
No entanto, conclui Lewis, a opção mais racional é a de que a fonte 
do Tao é um Deus único, bom e transcendente que criou o mundo, 
mas não faz parte dele — exatamente o Deus descrito na Bíblia.
Contudo, se esse for o caso, devemos perguntar: então, por que existe
0 mal no mundo? Curiosamente, a resposta curta para essa pergunta ofe- 
icce mais uma prova a favor da existência do Deus da Bíblia. Os homens 
modernos reclamam que há muito mal e injustiça no mundo, mas se 
esquecem de que a única maneira pela qual podemos chamar algo de 
mau ou injusto é se tivermos um padrão bom ou justo para compararmos. 
Sc não fôssemos criados por um Deus bom, sendo meros produtos de 
um processo amoral de seleção natural (sobrevivência dos mais aptos), 
não saberiamos que o mundo está cheio de mal e injustiça. Como os 
iiomens primitivos poderíam, observando diariamente o sofrimento ao 
icdor, ter inventado um Deus bom? Não podemos dizer que uma linha 
está torta, lembra Lewis, a menos que saibamos o que é uma linha reta.
Essa é a resposta curta para a questão da presença do mal no mun­
do. A resposta longa, conforme desenvolvida por Lewis em Cristianismo 
puro e simples e em suas outras obras apologéticas, oferece o mapa que 
pode levar-nos do teísmo ao cristianismo.
PROBLEMA E SOLUÇÃO
1 )c acordo com a Bíblia e a teologia cristã, o mal não é uma entida-
. t w s e i l u > ' t m i e n t n t s - t r t e i l - t i i » » i i t i v v i r s o r s m r c - w s / 1 o K / m w I w L *
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
Agostinho chama o mal de negação ou privação da bondade. O mal 
é como um rasgo em uma camisa: sem a camisa, o rasgo não existe. 
Nem mesmo Satanás é uma figura do mal “puro”, e sim um anjo caído 
que foi criado bom, mas que escolheu desobedecer e rebelar-se con­
tra seu Criador. De fato, explica Lewis, embora o bem possa chegar à 
perfeição, o mal nunca conseguirá tornar-se perfeitamente mau. Caso
Satanás se tornasse um mal “puro”, ele deixaria de existir.
/
E por esta razão que o cristianismo rejeita o conhecido conceito 
oriental de yin/yang — as trevas com uma semente de luz e a luz com 
uma semente de trevas. Sim, o mal/trevas tem uma semente de bon- 
dade/luz (caso contrário, ele não poderia sequer existir) mas a luz de 
Deus é pura e incorrupta. Se limitarmos nossa visão apenas ao mundo 
caído, onde toda a bondade foi corrompida pelo pecado, talvez, então, 
seja possível atribuir alguma verdade ao yin/yang. No entanto, uma vez 
que elevamos a visão para além do nosso mundo, devemos restringir o 
yin/yang à perfeita bondade e luz de Deus, fora da qual o yin e o yang, 
a bondade e o mal, a luz e as trevas acabam tornando-se termos sem 
importância. E coincidentemente significativo o fato de que a própria 
filosofia chinesa reconhece algo mais elevado do que o yin e o yang: o 
inefável, o Caminho primordial, ou Tao. Lewis, ao que parece, escolheu 
bem seus termos! Se até mesmo os proponentes panteístas do yin/ 
yang podem reconhecer uma força sobrenatural que transcende nosso 
mundo amoral, então a palavra Tao é verdadeiramente uma designação 
adequada para o código moral universal e intercultural.
Não importa quando ou onde nascemos, não importa a cultura 
ou a religião em que fomos criados, há duas verdades das quais todos 
temos consciência: 1) deveriamos viver de determinada maneira; 2) 
deixamos de viver como deveriamos. Gênesis nos diz que o homem 
foi criado à imagem de Deus e, no início, permaneceu em estado de 
inocência. Contudo, desobedecemos ao nosso Criador e caímos em 
pecado. É realmente necessário provar essa doutrina teológica funda­
m e n t a l 7' Não estamos todos cientes tanto do mal em nosso mundo 
como de nosso próprio dcsi miipi intento do Tao? O mesmo se aplica 
aque l e - . <1111• irjrilam i n a t i m - . - a i o i upiilsoí ia do ! ,n> S c n e i n mesmo
i t . I
Do teísmo ao cristianismo: a defesa de C . S. Lewis a favor de Cristo
ma pessoa honesta pode alegar sequer ter cumprido seu próprio códi­
go moral pessoal — como então poderiamos seguir a Lei superior que 
transcende indivíduos e culturas e cujo dirigente é Deus?
Em certo sentido, argumenta Lewis, todas as religiões têm consci­
ência de que não apenas vivemos em estado de violação do Tao, como 
também somos, no final das contas, incapazes de cumpri-lo. E, apesar 
disso, embora todas as religiões e pessoas saibam que não conseguimos 
cumprir o Tao, apenas o cristianismo leva esse problema realmente a 
sério. Ao passo em que todas as outras religiões dizem, de uma manei­
ra ou de outra, que nós não conseguiremos seguir o Tao, mas mesmo 
assim nos instruem a tentar, o cristianismo aceita totalmente a inca­
pacidade humana e procura uma solução divina. Ao aceitar, realmente 
aceitar, o problema — ou seja, de que existimos em um estado de 
rebeliãoe separação do dirigente do Tao e que não podemos retor­
nar a um relacionamento correto com Deus pela aderência ao Tao — 
somente o cristianismo leva-nos à solução necessária e inevitável.
Praticamente todas as religiões e pessoas aceitam e aclamam Jesus 
como um bom mestre moral que, no Sermão do Monte e em outros 
ensinamentos, deu a expressão mais completa e perfeita do Tao. Toda­
via, se Jesus fosse apenas isso, então não precisaríamos dele, pois Ele 
\eria supérfluo. Já que ninguém além de Jesus seguiu ou seguirá o Tao, 
i apresentação do Tao por Ele, por mais perfeita que tenha sido, não 
nos pode conduzir a um relacionamento correto com o Dirigente do 
lao. Nosso mundo ofereceu-nos vários mestres morais bons: Moisés, 
Hnda, Maomé, Confúcio, Gandhi, o Dalai Lama. Nosso problema não 
r desconhecermos o Tao, mas conhecê-lo e, assim mesmo, violá-lo .
O cristianismo, segundo Lewis, não tem coisa alguma a dizer-nos até 
que percebamos nosso verdadeiro estado em relação a Deus e ao Tao. v 
1 ewis escreve no capítulo 6 de O problema do sofrimento: “Não somos 
apenas criaturas imperfeitas que devem ser aperfeiçoadas, somos [...] 
i ebeldes que precisam depor as armas”. Somente quando aceitamos 
o tato de que Jesus, como mero mestre moral, não podería salvar-nos 
i Ir nossa n n apat iilatlc- <I* s r g u u o T a o é que percebemos o propósito 
maior q u r o tmti ■ r a n o i n 11 j caída. A principal mi w ■ L ( i isto,
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
dir. Nossa terra é um território ocupado pelo inimigo, e a história do 
cristianismo é o relato de como o bom Rei veio à terra disfarçado 
e chamou seguidores para ficar do seu lado. O cristianismo começa 
não com esforço moral, mas com uma confissão humilde de que não 
podemos satisfazer as exigências do Tao e com uma rendição de todo 
o nosso eu a Jesus. Cristo é Deus em forma humana; por meio de 
Seu sofrimento e de Sua morte na cruz, Ele nos trouxe de volta a um 
relacionamento correto com o Pai (a expiação). Embora evite definir 
a natureza exata da expiação, Lewis explica que Cristo, ao morrer e 
ressuscitar, deu-nos o poder de participar indiretamente de Sua morte 
e ressurreição.
O cristianismo significa muito mais do que adquirir um tíquete 
gratuito para sair do inferno. Sim, ele começa salvando-nos das conse­
quências espirituais de nosso pecado, mas seu objetivo final é levar-nos 
à presença do próprio Deus. Salvação, explica Lewis, significa nada 
menos do que participar da vida eterna de Deus, não de alguma força 
espiritual genérica ou de Uma Alma, mas da vida dinâmica e da alegria 
que existe na Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo. Quando a Bíblia diz 
que Deus é amor, não significa que Ele é a forma platônica do amor — 
Amor com A maiusculo — mas que Deus é amor em ação. Por toda a 
eternidade, explica Lewis (conforme Agostinho) em Cristianismo puro 
e simples, o Pai amou o Filho, e o Filho amou o Pai; e esse Amor é tão 
real, tão dinâmico, que é também uma pessoa: o Espírito Santo. A fim 
de permitir que participássemos desse Amor, Cristo não considerou 
desprezível ser rejeitado, açoitado e crucificado. Somente derrotando a 
morte e o pecado na carne de um homem é que Deus poderia redimir 
a humanidade e levá-la para a glória.
A fim de ajudar a esclarecer esse aspecto maravilhoso e sublime da 
teologia cristã, Lewis distingue dois tipos de vida: a vida animal, que 
todos os seres viventes possuem, mas que um dia acabará (bios, em gre­
go) e a vi<Li eterna, indestrutível (zoe, em grego), que existe somente 
n o r u i n iviiiin iti> amoroso da Trindade. Salvação não significa ganhar
m.u s bio m i u-1 !!■ iv. i /)(<)! destruída e substituída pela zoe. A promessa 
dr t i i . i i i ii Li qiii V l i m o s i r ssusi Itados ileutie os m o i l o s (como
----- 1 ------ J - m+mm . u u i l h u ,
Do teísmo ao cristianismo: a defesa de C. S. Lewis a favor de Cristo
vida de ressurreição de Cristo. Ou, dito de outro modo, a salvação não 
é tão semelhante a um homem bom tornando-se um homem santo, 
mas sim a uma estátua ganhando vida.
Lewis também descreve esse processo como uma mudança de esta­
do de criaturas feitas a filhos gerados. Assim como uma artista pode 
fazer (ou criar) uma estátua que se assemelhe a ela de alguma forma, 
mas que, apesar disso, seja qualitativamente distinta, essa artista também 
pode gerar um filho que compartilha de sua natureza essencial. De 
modo semelhante, somos criaturas feitas à imagem de Deus, e Jesus, o 
unigênito Filho de Deus, compartilha totalmente da natureza divina. 
Quando, por meio da mediação da vida, morte e ressurreição de Cris­
to, somos trazidos de volta a um relacionamento correto com Deus,
Ele literalmente nos adota, insere-nos em Sua família e permite que 
compartilhemos, a vida de Seu Filho unigênito. Embora não nos tor­
nemos como Deus, essa dõutrina poderosa, conhecida pelos cristãos 
ortodoxos como teose, promete-nos uma glorificação final que nos 
elevará acima de nosso estado edênico anterior à queda. Conforme 
Atanásio explica em A encarnação do Verbo, Deus tornou-se semelhante 
a nós para que pudéssemos tornar-nos semelhantes a Ele.
O TRILEMA
A doutrina cristã de salvação em sua totalidade é verdadeiramente algo 
glorioso, mas ela se apoia diretamente sobre uma crença única e central: 
a de que Jesus de Nazaré não foi apenas um bom mestre ou profeta, 
mas o Filho de Deus encarnado. De todos os argumentos apologéticos 
que Lewis faz em Cristianismo puro e simples, o mais essencial, conheci­
do e duradouro deles procura justamente substanciar essa crença cen- 
(ral e inegociável. Lewis sabia que, para um número crescente de cris- s 
tãos do século 20, a doutrina da encarnação não era mais vista como 
sustentável ou nem mesmo necessária. Muitos críticos modernos que 
abordavam a Bíblia a partir de um ponto de vista naturalista e contra 
milagres rejeitavam a encarnação como uma relíquia supersticiosa de 
uma época ingênua, e não científica. Esses críticos alegavam que foram 
o', teólogos posteriores que formularam a doutrina da encarnação e
i . . . . , f e i n .1 i i i i - i i L i l i n l i i K H l - i l t l >>m I< I I u l l /U! I <\/i i i < > < • I I i . o
APOLOGÉTICA CRISTÃ PARA O SÉCULO 21
Porém, argumenta Lewis, essa é uma alegação que não se pode fazer 
sob o ponto de vista lógico. Repetidas vezes ao longo dos Evangelhos, 
Jesus faz declarações sobre si que Ele só poderia ter feito se fosse o Filho 
de Deus: de ter o poder de perdoar pecados; ser um com o Pai; ser a 
ressurreição e a vida, bem como o caminho, a verdade e a vida; e ser, 
Ele mesmo, o próprio objeto de nossa adoração e de nosso culto. Se 
Jesus fosse apenas um homem, e não o que ele alegava ser (o Filho de 
Deus), então seria ou um lunático delirante ou o maior impostor que já 
existiu. Os hospícios estão cheios de pessoas que acreditam ser Deus ou 
Jesus, assim como nosso mundo continua a ser atormentado por líderes 
de seitas que reivindicam para si uma posição divina. No entanto, quase 
ninguém que tenha lido os Evangelhos atualmente acredita que Jesus 
foi um louco ou um charlatão. Pelo contrário, Jesus é universalmente 
proclamado como um homem de grande sabedoria e bondade. O que 
os céticos modernos deixam de ver é que, se Jesus não fosse quem ale­
gava ser, seria alguém desprovido de toda sabedoria ou de toda bonda­
de. Eu iria até mais longe do que Lewis acrescentando que, se Ele não 
fosse o Filho de Deus, seria o pior blasfemo que já existiu, e os fariseus 
estariam certos por tê-lo condenado à morte e entregado aos romanos.
Usando uma expressão de Josh McDowell, bastante citada, Cristo 
só poderia ter sido uma destas três coisas: um mentiroso, um lunático 
ou o Senhor. Não podemos dizer é que Ele foi um homem bom, mas 
que não o Filho de Deus. Jesus não nos deixou essa opção.
Agora, acrescento logo que o trilema de Lewis somente funciona 
porque Jesus era judeu. Se ele tivesse sido um monista hindu, acredi­
tando que todas as coisas são uma só e que