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Milena Varelo NEUROFISIOLOGIA APLICADA À ANESTESIOLOGIA → A anestesia local foi definida como a perda da sensação em uma área circunscrita do corpo causada pela depressão da excitação nas terminações nervosas ou pela inibição do processo de condução nos nervos periféricos. Uma característica importante da anestesia local é a produção da perda de sensibilidade sem indução da perda de consciência. Nessa área principal, a anestesia local difere drasticamente da anestesia geral. A agulha é inserida próximo ao nervo. GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DO IMPULSO → Axônio: É a fibra nervosa Longo cilindro de citoplasma neural – Axoplasma Nodos de ravier não é coberta pelas camadas de Mielina; As fibras nervosas são recoberta por Mielina; ELETROFISIOLOGIA DA CONDUÇÃO NERVOSA → O estímulo é conduzido pela despolarização sequencial ao longo do axônio. → Queda na permeabilidade do Na e aumento na condutância ao K Potencial de repouso composição de íons intracelular ou extracelular que fazem com que a diferença de potencial entre a face extracelular e a face intracelular, capaz de que não há condução de impulso nervoso. → DENTRO DA CÉLULA A TENSÃO É NEGATIVA → Após um estímulo no dendrito essa célula vai despolarizar porquê na célula existe os canais de sódio e eles vão se abrir, ou seja, o sódio mais abudante no meio extracelular ela vai entrando na célula e vai causando uma alteração de cargas elétricas, posteriomente os canais de sódio vão se fechar e o de postássio se abrir. Quando se abre o potássio começa a sair da célula e ao sair da célula ele reduz a carga elétrica positiva no interior. FASE DE REPOUSO: Durante essa fase os canais ativados por voltagem permanecem fechados impedindo a passagem dos íons Na/K. FASE DE DESPOLARIZAÇÃO Um estímulo excita a membrana produzindo uma mudança na permeabilidade e Mv. Abertura dos canais de Na deixando os íons passar Despolarização extremamente rápida Ao término da despolarização (o pico do potencial de ação) FASE DE REPOLARIZAÇÃO: Inativação da permeabilidade do sódio. Abertura dos canais de K, resultando no efluxo de K. Atividade metabólica: bomba de Na-K restabelece as concentrações iniciais Milena Varelo GERAÇÃO E TRANSMISSÃO DO IMPULSO → Absoluto: nervo incapaz de responder a outro estímulo (canal de sódio inativo). → Relativo: possível iniciar um novo impulso, desde que o estímulo seja mais forte que o normal. CANAIS DA MEMBRANA → Os poros aquosos discretos através da membrana excitável do nervo, denominados canais de sódio (ou de íons), são estruturas moleculares que medeiam sua permeabilidade ao sódio. Um canal parece ser uma lipoglicoproteína firmemente situada na membrana . Consiste em um poro aquoso abrangendo toda a membrana estreito o suficiente pelo menos em um ponto para separar os íons sódio dos outros; o Na + passa com facilidade 12 vezes mais facilmente que o K +. O canal também inclui uma parte que muda de configuração em resposta a alterações no potencial de membrana, desse modo modulando a passagem de íons através do poro (são descritos os estados F, A e I). A presença desses canais ajuda a explicar a permeabilidade ou impermeabilidade da membrana a determinados íons. DISSEMINAÇÃO DO IMPULSO → O impulso propagado trafega ao longo da membrana do nervo em direção ao SNC. A propagação desse impulso difere, dependendo de ser um nervo é mielinizado ou não. NERVO MIELINIZADO → A propagação de impulsos nos nervos mielinizados difere daquela dos nervos não mielinizados em virtude da camada de material isolante que separa as cargas intra e extracelulares. Quanto mais distanciadas as cargas, menor a corrente necessária para carregar a membrana. Correntes locais, desse modo, podem trafegar muito mais longe em um nervo mielinizado do que em um nervo não mielinizado antes de se tornarem incapazes de despolarizar a membrana nervosa a sua frente. → A condução de impulsos em nervos mielinizados ocorre por meio de saltos de corrente de nodo a nodo, um processo denominado condução saltatória. Essa forma de condução de impulsos prova ser muito mais rápida e mais eficiente em energia do que a empregada nos nervos não mielinizados. ONDE ATUA O ANESTÉSICOS LOCAIS? TEORIA DA EXPANSÃO DA MEMBRANA → Afirma que as moléculas de anestésico local se difundem para regiões hidrofóbicas das mem branas excitáveis, provocando um distúrbio geral da estrutura da membrana, expandindo-se para algumas regiões críticas na membrana e impedindo aumento da permeabilidade aos íons sódio. → Os anestésicos locais que são altamente lipossolúveis podem penetrar facilmente na parte lipídica da membrana celular, produzindo alteração na configuração da matriz lipoproteica da membrana do nervo. Isso resulta em diminuição no diâmetro dos canais de sódio, acarretando inibição da condutância do sódio e da excitação neural. → A teoria da expansão da membrana funciona como uma possível explicação para a atividade anestésica local de uma droga como a benzocaína, que não existe na forma catiônica, embora ainda exiba atividade anestésica tópica potente. Demonstrou-se que as membranas nervosas, de fato, expandem-se e tornam-se mais “fluidas” quando expostas a anestésicos locais. Entretanto, não há evidência direta de que a condução nervosa seja inteiramente bloqueada pela expansão da membrana em si. TEORIA DO RECEPTOR ESPECÍFICO → A mais aceita hoje em dia, propõe que os anestésicos locais agem ligando-se a receptores específicos nos canais de sódio. → A ação da droga é direta, não mediada por alguma alteração nas propriedades gerais da membrana celular. Estudos bioquímicos e eletrofisiológicos têm indicado que existe um receptor específico para os anestésicos locais no canal de sódio em sua superfície externa ou na superfície axoplásmica interna. Assim que o anestésico local tem acesso aos receptores, a permeabilidade aos íons sódio é diminuída ou eliminada e a condução nervosa é interrompida. → Os anestésicos locais são classificados por sua capacidade de reagir com sítios receptores A célula regressa a normalidade e se inicia o período refratário absoluto que vai diminuindo até o retorno ao nível de excitabilidade normal. Milena Varelo específicos no canal de sódio. Parece que as drogas podem alterar a condução nervosa em pelo menos quatro locais no canal de sódio: 1. Dentro do canal de sódio (anestésicos locais que são aminas terciárias) 2. Na superfície externa do canal de sódio (tetrodotoxina, saxitoxina) 3 e 4. Em portões de ativação ou inativação (veneno de escorpião). COMO FUNCIONAM OS ANESTÉSICOS LOCAIS A ação primária dos anestésicos locais na produção de bloqueio de condução consiste em diminuir a permeabilidade dos canais iônicos aos íons sódio (Na+). Os anestésicos locais inibem seletivamente a permeabilidade máxima do sódio, cujo valor é normalmente é cerca de cinco a seis vezes maior que o mínimo necessário para a condução dos impulsos (p. ex., há um fator de segurança para a condução de 5× a 6 × ). Os anestésicos locais reduzem esse fator de segurança, diminuindo a taxa de elevação do potencial de ação e sua velocidade de condução. Quando esse fator de segurança cai abaixo da unidade, a condução falha e ocorre bloqueio nervoso. Os anestésicos locais produzem diminuição discreta e virtual mente insignificante na condutância de potássio (K+) através da membrana nervosa. Aos íons cálcio (Ca++), que existem na forma ligada no interior da membrana celular, é atribuído um papel regulador no movimento de íons sódio através da membrana nervosa. A liberação dos íons cálcio ligados ao sítio receptor do canal iônico pode ser ofator primário responsável pelo aumento da permeabilidade da membrana nervosa ao sódio. Isso representa a primeira etapa na despolarização da membrana do nervo. As moléculas de anestésico local podem agir por antagonismo competitivo com o cálcio em algum local na membrana do nervo. FORMAS ATIVAS DE ANESTÉSICOS LOCAIS MOLÉCULAS DOS ANESTÉSICOS LOCAIS → Em sua maioria, os anestésicos locais injetáveis são aminas terciárias. Apenas alguns (p. ex., a prilocaína e a hexilcaína) são aminas secundárias. Todos os anes tésicos locais são anfipáticos, ou seja, possuem tanto caracterís ticas lipofílicas quanto hidrofílicas, geralmente em extremidades opostas da molécula. A parte hidrófila é um amino derivado do álcool etílico ou do ácido acético. Anestésicos locais sem parte hidrofílica não são adequados para injeção, mas são bons anes tésicos tópicos (p. ex., a benzocaína). → Preparados em laboratório, os anestésicos locais são compostos básicos pouco solúveis em água e instáveis à exposição ao ar. DISSOCIAÇÃO DOS ANESTÉSICOS LOCAIS Conforme discutido, os anestésicos locais estão disponíveis para uso clínico como sais ácidos (geralmente cloridrato). O sal de anestésico local, tanto hidrossolúvel quanto estável, é dissolvido em água destilada estéril ou em soro fisiológico. Nessa solução, existem simultaneamente moléculas sem carga (RN), também conhecidas como base, e moléculas com cargas positivas (RNH +), o chamado cátion. A proporção relativa de cada forma iônica na solução varia com o pH da solução ou dos tecidos em torno. Na presença de alta concentração de íons hidrogênio (pH baixo), o equilíbrio se desloca para a esquerda, e a maior parte da solução anestésica existe na forma catiônica: À medida que diminui a concentração do íon hidrogênio (pH mais alto), o equilíbrio se desloca para a forma da base livre: A proporção relativa das formas iônicas também depende do pKa, ou constante de dissociação, do anestésico local específico. O pKa é uma medida da afinidade de uma molécula pelos íons hidrogênio (H+). Quando o pH da solução tem o mesmo valor que o pKa do anestésico local, exatamente 50% da droga existem na forma RNH+ e 50%, na forma RN. A porcentagem da droga existente em qualquer das duas formas pode ser determinada pela equação de Henderson-Hasselbalch.
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