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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA _____ VARA CÍVEL DA COMARCA DE _________
URGENTE – PEDIDO DE ALIMENTOS PROVISÓRIOS
FULANA, brasileira, atualmente com 05 anos de idade, representada por sua genitora BELTRANA, brasileira, solteira, manicure, portadora do RG n.º ________ e inscrita no CPF sob o n.º ______, sem endereço eletrônico, residente e domiciliada à ______, vem, respeitosamente, à presença de Vossa Excelência, por meio da sua advogada constituída, com fulcro no artigo 1.698 do Código Civil, propor a presente
AÇÃO DE ALIMENTOS AVOENGOS COM PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA
em face de FULANO, brasileiro, casado, servidor público, RG e CPF desconhecidos, sem endereço eletrônico, residente e domiciliado na Rua ___________ pelos fatos e argumentos jurídicos a seguir expostos.
1. DO BENEFÍCIO DA JUSTIÇA GRATUITA
 A autora, amparada pelo art. 98 e seguintes do Código de Processo Civil, bem como pela Lei 1.060/50 e art. 5.º, inc. LXXIV, da Constituição Federal, postula a concessão do benefício da Assistência Judiciária Gratuita, por não poder arcar com as despesas processuais sem comprometer o seu sustento e o de sua família, conforme demonstram a declaração de hipossuficiência e os documentos ora acostados.
2. BREVE SÍNTESE DOS FATOS
A parte autora é filha de _________, nascida na data de 06 de outubro de 2012, contando com 05 anos de idade.
No feito distribuído sob o n.º ______, restou fixada pensão alimentícia a ser paga pelo genitor em favor da criança, no valor mensal de 30% do salário mínimo nacional.
No entanto, em que pese a fixação da verba alimentar em face do genitor, este demonstrou não possuir condições de adimplir a obrigação, uma vez que além de não ter emprego fixo, é usuário de drogas, inclusive tendo sido internado em uma clínica de reabilitação recentemente.
Desta forma, o genitor da parte autora não consegue adimplir a verba alimentar devida, situação que gerou um processo de cobrança, distribuído nesta Comarca sob o n.º _______, conforme demonstram os documentos anexos.
No referido processo é possível observar que a pensão alimentícia não é paga à criança desde o ano de 2016 e, infelizmente, não se vislumbra possibilidade de pagamento, pois o genitor nem mesmo foi encontrado para receber a intimação do feito.
Neste contexto, não resta outra alternativa à requerente que não o presente pedido de fixação de alimentos em face do avô paterno.
Com efeito, no que tange às possibilidade financeiras do requerido, este é servidor público, auferindo renda mensal líquida de aproximadamente R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais).
Assim, absolutamente possível a fixação de pensão alimentícia em favor da criança no valor de 30% dos seus rendimentos líquidos, o que totaliza o montante de R$ 660,00 (seiscentos e sessenta reais) mensais, sem que haja ônus excessivo ao alimentante.
Já quanto às necessidades da requerente, são aquelas ordinárias à idade, como alimentação, vestuário, saúde, material e transporte escolar, lazer, etc.
A genitora, por sua vez, trabalha como manicure em um salão de beleza, não possuindo renda mensal fixa. Assim, em que pese laborar incansavelmente para garantir o sustento da filha, não está conseguindo suprir todas as necessidades da criança somente com os seus rendimentos, necessitando do auxílio financeiro do avô paterno enquanto o genitor da criança encontra-se impossibilitado.
Neste contexto, demonstrada a impossibilidade dos genitores em garantir o sustento da criança, bem como a possibilidade financeira do avô paterno para que promova tal auxílio, cabível a procedência dos pedidos veiculados.
3. DO DIREITO
Existindo o esgotamento das tentativas de obtenção da prestação alimentícia do genitor, a legislação brasileira dispõe quanto a obrigação alimentar avoenga:
Art. 1.696. O direito à prestação de alimentos é recíproco entre pais e filhos, e extensivo a todos os ascendentes, recaindo a obrigação nos mais próximos em grau, uns em falta de outros.
Art. 1.698. Se o parente, que deve alimentos em primeiro lugar, não estiver em condições de suportar totalmente o encargo, serão chamados a concorrer os de grau imediato; sendo várias as pessoas obrigadas a prestar alimentos, todas devem concorrer na proporção dos respectivos recursos, e, intentada ação contra uma delas, poderão as demais ser chamadas a integrar a lide. (grifo nosso)
Evidente, portanto, que havendo a demonstração inequívoca da incapacidade do genitor em adimplir a verba alimentar, bem como da genitora prover o integral sustento da filha, os ascendentes devem responder com os alimentos necessários à criança.
Neste sentido, J.M. CARVALHO SANTOS, ao disciplinar sobre o tema em seu livro Código Civil Brasileiro Interpretado, Ed. Freitas Bastos, vol. VI, p. 170, leciona que:
“Na falta de pais, ou se estes estão impossibilitados de cumprir essa obrigação, pode o filho, sem recursos para sua subsistência, pedir alimentos aos avós, nas mesmas condições em que os pediria aos pais, a dizer: sem distinção de sexo e de regime de bens, na proporção dos seus capitais e na medida das necessidades do alimentário.”
O mesmo entendimento é seguido pela Jurisprudência atual:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS PROVISÓRIOS AVOENGOS. FIXAÇÃO. Já está devidamente provado nos autos que o pai, o primeiro obrigado, nunca pagou o que deve, é ex-presidiário, foragido, e em local incerto e não sabido. Também está provado que a mãe está desempregada e tem problemas de saúde. Por igual está provado que os avós/paternos são agricultores, e ainda auferem, cada um, benefício previdenciário no valor de 01 salário-mínimo. Em face desses fatos provados, já se tem por demonstrada a ausência total do pai que nunca pagou, e que na condição de ex-presidiário está em local incerto e não sabido. Ademais, em face de mãe desempregada e com problemas de saúde, já se tem por bem demonstrada a inviabilidade dela, sozinha, arcar com as despesas de sustento do filho, e portanto autorizada a postulação de alimentos contra os avós. Por fim, os avós tem trabalho e renda, provenientes da agricultura e de benefício previdenciário, de modo que tem plenas condições de auxiliar com alguma quantia, para o necessário sustento do neto menor de idade. Hipótese de fixação de alimentos provisórios em desfavor dos avós, em 15% do salário-mínimo para cada um. DERAM PROVIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70075587428, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 07/12/2017) (grifo nosso)
APELAÇÃO CÍVEL. ALIMENTOS AVOENGOS. DEVER ALIMENTAR DOS AVÓS. CARÁTER SUBSIDIÁRIO E COMPLEMENTAR. INSUFICIÊNCIA DE RECURSOS MATERNOS. INADIMPLEMENTO DO GENITOR. CABIMENTO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS. FIXAÇÃO SOBRE VALOR DA CAUSA. DESCABIMENTO. A obrigação avoenga de prestar alimentos é apenas residual em relação à obrigação dos genitores, considerando que aos pais compete o inafastável dever de sustento, guarda e educação dos filhos, o qual é corolário ao poder familiar. No caso concreto, os apelantes buscaram de toda forma, sem sucesso, obter o adimplemento da dívida por parte do devedor originário e principal responsável pela obrigação alimentar (execução pelo rito da prisão civil), esgotando todos os meios de buscar o auxílio que lhes é devido. Além disso, restou comprovada a insuficiência de recursos maternos para o seu sustento, bem como a possibilidade dos apelados em prover, ainda que em patamar módico, auxílio financeiro aos netos. Não havendo valor de condenação, não é cabível a fixação da verba honorária com base no valor da causa. Os honorários, em tal hipótese, devem ser estabelecidos em conformidade com os ditames contidos no art. 20, § 4º, do CPC/73. DERAM PARCIAL PROVIMENTO AO APELO. UNÂNIME. (Apelação Cível Nº 70070615976, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Alexandre Kreutz, Julgado em 19/10/2017) (grifo nosso)
Devidamente comprovado, portanto, que o genitor da criança não possui condições de adimplir a obrigação alimentar anteriormente fixada, bem como que a genitora não consegue garantir o sustento integralda criança, cabível o pedido de fixação da obrigação alimentar avoenga.
No que se refere ao binômio necessidade-possibilidade, estabelece o Art. 1.694, § 1º, do Código Civil que:
Os alimentos devem ser fixados na proporção das necessidades do reclamante e dos recursos da pessoa obrigada.
As necessidade da ora reclamante são presumidas, pois trata-se de uma criança com 05 anos de idade e, como tal, demanda gastos com alimentação, vestuário, saúde, material e transporte escolar, lazer, entre outros.
Quanto à possibilidade, conforme já demonstrado, o requerido aufere renda mensal considerável, que perfaz o valor líquido de aproximadamente R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais), possuindo absolutas condições de suprir a obrigação alimentar sem que isso lhe cause prejuízo.
Desta forma, razoável a fixação da verba alimentar no valor de 30% dos rendimentos líquidos do demandado, em observância ao binômio necessidade-possibilidade.
 4. DO PEDIDO DE TUTELA DE URGÊNCIA PARA FIXAÇÃO DOS ALIMENTOS PROVISÓRIOS
Conforme já referido, a verba alimentar postulada no presente feito destina-se ao auxílio no sustento de ____, que não está recebendo nenhum valor a título de pensão alimentícia do seu genitor, em que pese processo de execução em andamento.
Assim, necessária a fixação de alimentos provisórios em favor da criança, que já se encontra com o sustento muito prejudicado pela inadimplência do genitor.
Tal pedido é amparado pelo art. 4º da Lei n.º 5.478/68, que dispõe:
Art. 4º - Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita.
Além disso, o Código de Processo Civil autoriza a concessão de tutela de urgência quando há “probabilidade do direito” e o “perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo”:
Art. 300 – A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo.
Os documentos acostados pela requerente comprovam de forma inequívoca as suas alegações, pois demonstram a ausência de ajuda financeira paterna, impossibilidade de sustento integral da criança pela genitora e, ainda, as possibilidades financeiras do avô paterno.
Ademais, no que se refere ao segundo requisito, inexistem dúvidas de que a demora na prestação jurisdicional ocasionará gravame potencial à criança, visto que não está recebendo nenhum auxílio paterno para o seu sustento, não possuindo a genitora condições de assegurar todas as necessidades da filha.
Comprovados, portanto, os requisitos do “fumus boni iuris” e do “periculum in mora“, justificando o deferimento da medida ora pretendida.
Por fim, ainda, este também é o entendimento do Egrégio Tribunal de Justiça Gaúcho:
AGRAVO DE INSTRUMENTO. AÇÃO DE ALIMENTOS. OBRIGAÇÃO AVOENGA. ALIMENTOS PROVISÓRIOS. FIXAÇÃO. Provado pela genitora do neto/alimentado que aufere renda pouco acima de R$1.000,00, bem como que o obrigado principal não paga os alimentos, mesmo demandado por ação de execução, correta a decisão que fixou alimentos provisórios avoengos ao neto do agravante. Caso em que não se cogita de exigir da genitora prova complementar de sua incapacidade de sustentar integralmente as necessidades do alimentado, pois tal exigência configuraria "prova diabólica". NEGARAM PROVIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70073266371, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Luiz Felipe Brasil Santos, Redator: Rui Portanova, Julgado em 19/10/2017) (grifo nosso)
AGRAVO DE INSTRUMENTO. ALIMENTOS PROVISÓRIOS AVOENGOS. FIXAÇÃO. ADEQUAÇÃO. Caso de pai que está obrigado, por decisão deste próprio colegiado, a pagar diminuta quantia, que não supre nem as despesas escolares do filho. E mesmo assim, o pai não paga o que deve, sendo réu em ação de execução, na qual o débito já remonta em quantia considerável. Genitora que está desempregada, sem auferir renda, e que por isso não tem como, sozinha, suprir todas as despesas de sustento do filho. Hipótese na qual está autorizada a pretensão de alimentos direcionada contra o avô paterno, que não provou não ter possibilidade de pagar a quantia fixada em desfavor dele na origem; e que no rigor, sequer trouxe alegação substancial de impossibilidade. NEGARAM PROVIMENTO. (Agravo de Instrumento Nº 70074662511, Oitava Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Rui Portanova, Julgado em 28/09/2017) (grifo nosso)
Neste contexto e, com o intuito de evitar ainda maior prejuízo à criança, que se encontra privada de um sustento digno diante das parcas condições financeiras da genitora e absoluto inadimplemento do genitor, merece ser fixada verba alimentar provisória no montante de 30% dos rendimentos líquidos do requerido, a serem pagos mediante desconto em sua folha de pagamento mensal.
5. DA AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO
A autora possui interesse na realização de audiência de conciliação para tentativa de solução amigável da lide, a ser designada por este juízo, nos termos do art. 334 do Código de Processo Civil.
6. DOS PEDIDOS
Ante ao exposto, REQUER a Vossa Excelência:
a) A concessão do benefício da gratuidade da justiça à autora, nos termos do art. 98 do Código de Processo Civil;
b) Sejam fixados alimentos provisórios no valor mensal de 30% da renda líquida mensal do requerido, a serem descontados diretamente da sua folha de pagamento;
 c) A expedição de ofício à Prefeitura Municipal de ____, para que promova o desconto da verba alimentar da folha de pagamento do requerido para a conta corrente n.º _______l;
 d) A designação de audiência de conciliação, nos termos do artigo 334 do Código de Processo Civil;
 e) Caso não seja obtida a auto composição ou manifestado desinteresse por ambas as partes na realização do ato, a concessão do prazo de quinze dias para o requerido apresentar contestação, sob pena de ser considerado revel e presumidas verdadeiras as alegações de fato formuladas pelo autor, nos termos dos artigos 335 e 344 do Código de Processo Civil; 
f) A TOTAL PROCEDÊNCIA dos pedidos formulados, fixando a pensão alimentícia a ser paga pelo requerido à autora, no valor de 30% dos seus rendimentos líquidos, mediante desconto na folha de pagamento e depósito na conta corrente n.º ______;
 g) A intimação do Ministério Público, nos termos do art. 178, II, do CPC, para que apresente as manifestações que julgar pertinentes;
 h) A condenação do requerido ao pagamento dos ônus sucumbenciais e honorários advocatícios.
Protesta provar o alegado por todos os meios de prova em direito admitidos, em especial documental, oral e outros que se fizerem necessários.
Dá a causa o valor de R$ 7.920,00.
Termos em que, aguarda deferimento.
Cidade – Data
_______________
Advogado | OAB

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