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Bianca Correia S. Uninove SBC 2023.1 Questões norteadoras 1.Como são classificados os bloqueadores neuromusculares? 2. Como funcionam os bloqueadores neuromusculares? 3. Quais são os efeitos colaterais dos bloqueadores não despolarizantes? 4. Quais são os efeitos colaterais da succinilcolina? 5. Qual a ação da neostigmina com os bloqueadores neuromusculares? Introdução Neurônio que parte do sistema nervoso somático para a fibra muscular é um neurônio colinérgico e será captado por um receptor nicotínico (Nm) Junção Neuromuscular A junção neuromuscular é composta por 3 componentes 1. Terminal axonal pré-sináptico (vesículas de neurotransmissores e mitocôndrias) 2. Fenda sináptica 3. Membrana pós-sináptica da fibra muscular (placa motora terminal) Relaciona-se com funções realizadas conscientemente, tais como a locomoção e postura Acetilcolina liberada na fenda sináptica é captada por receptores nicotínicos Nm da placa motora 2 ACh se ligam ao receptor Nm abrindo canal iônico e permitindo influxo de sódio e efluxo de potássio para que ocorra despolarização das fibras musculares e ativação do retículo sarcoplasmático e possa ocorrer disparo do potencial de ação Farmacos que afetam a JNM Dessensibilização de receptores por hiperestímulo Ocorre ou bloqueio do receptor ou superestímulo por fármaco (muita ach hiperestimulado como um choque e parando logo em seguida por dessensibilização) Curare Veneno de flechas de índios sul-americanos Morte de animais por paralisia Claude Bernard (1856): curare inibe sinais entre nervos e músculos esqueléticos West (1932): uso em tétano e espasmos Griffith e Jonhson (1942): uso em anestesia geral Bovet (1949): Galamina, 1o bloqueador sintético Não despolarizantes 1. Ação pós-juncional* (nos receptores nicotínicos musculares) - Bloqueadores não despolarizantes (antagonistas competitivos) - Bloqueadores despolarizantes (agonistas) Vesamicol bloqueia transportador de ACh na vesícula (impedindo com que haja exocitose) Toxina botulínica impede exocitose de ACh Hemicholinium age no transportador de recaptação de colina Anticolinesterásico impede com que a acetilcolina seja degradada, gerando miofasciculações e em grandes quantidades pode causar paralisia Rocurônio O rocurônio se liga ao receptor nicotínico bloqueando o canal e impedindo influxo de sódio. Ex: D-tubocurarina (curare), pancurônio, rocurônio, vecurônio, atracúrio, cisatracúrio. Administração I.V. Ou I.M. (Não são absorvidos pelo TGI) Os bloqueadores neuromusculares causam paralisia flácida progressiva Consciência e dor permanecem normais (por isso anestésicos devem ser associados a outros fármacos) Usos clínicos: - Adjuvantes da anestesia durante a cirurgia para produzir relaxamento muscular e facilitar a intubação orotraqueal - Procedimentos ortopédicos como correção de luxação ou alinhamento de fraturas - Previnem fraturas ósseas em terapias eletro-convulsivas - Permitem o controle de espasmos musculares (tétano) Sugere-se o uso de bloqueadores neuromusculares, antecedidos por adequada sedação e analgesia, para prover relaxamento muscular e controle dos espasmos em pacientes com tétano grave submetidos à ventilação mecânica refratários ao uso de outros relaxantes musculares” - Rev. Bras. Ter. Intensiva vol.23 no.4 São Paulo Oct./Dec2.02011 Efeitos adversos - Queda da PA - Liberação de histamina - Aumento da FC Interações medicamentosas - Inibidores de colinesterase (neostigmina, fisostigmina, piridostigmina e edrofônio): revertem o efeito - Anestésicos halogenados (halotano) - não mais tão utilizado: potencializam o bloqueio - Antibióticos aminoglicosídeos (eritromicina e gentamicina): inibem a liberação de ACh - Bloqueadores de canais de Ca2+ (nifedipino): aumentam o bloqueio Reversão do efeito - anticolinesterásico SUGAMADEX - para brometo de rocurônio ou vecurônio Gama-ciclodextrina que forma ligação não covalente com os BNM livres no plasma, reduzindo concentração plasmática. Ou seja, impede bloqueadores neuromusculares na fenda sináptica de se ligarem a placa neuromuscular. Relato de caso Paciente do sexo feminino, submetida à laparotomia exploradora de emergência após intubação em sequência rápida com uso de rocurônio 1,2 mg/kg. Ao final da cirurgia a paciente foi descurarizada com neostigmina, coadministrando atropina. No entanto, a monitoração da junção neuromuscular não apresentou a recuperação esperada, revelando curarização residual. Foi utilizado Sugamadex 2 mg/kg e a paciente apresentou reversão completa do bloqueio neuromuscular em apenas 2 minutos. Despolarizantes Agonistas dos receptores nicotínicos: ocupam e ativam esses receptores por um tempo prolongado, eles desensibilizam (taquifilaxia). Os canais de Na+ se fecham, gera um período refratário no qual não é possível estimular a membrana celular (bloqueio por despolarização) Ex. Succinilcolina (suxametônio), decametônio Mecanismo de ação Agonista dos receptores nicotínicos nas placas terminais musculares Fase I: despolarização da membrana Fase II: o canal de Na+ se inativa, não respondendo mais a ocupação do receptor, mesmo após a repolarização Na fase I após ocorrer a ligação da succinilcolina há abertura dos canais permitindo influxo de sódio causando despolarização muito rápida e intensa, porém na fase II o canal se fecha para que possa ocorrer uma repolarização pois a despolarização não é fisiológica Agentes de escolha para intubação rápida Administrados em infusão contínua Succinilcolina (suxametônio) ou Decametônio Características farmacocinéticas e ações: • Contrações espasmódicas transitórias (fasciculações) antes do bloqueio (tórax e abdome) • Paralisia rápida (< que 2 min; dura por ~ 8 min) • Metabolismo: hidrólise por colinesterases plasmáticas (butirilcolinesterase) • Pouco ou nenhum efeito sobre os gânglios autônomos • Indivíduos geneticamente deficientes (1:1000) não metabolizam esses compostos: paralisia prolongada • Recuperação: DOLOROSA • Bloqueio não é revertido por anticolinesterásicos (sinergismo) Efeitos adversos e contra-indicação • Dor muscular • Bradicardia: ação muscarínica direta • Aumento da pressão intra-ocular (cuidado com glaucoma) • Hipercalemia - liberação de K+ intracelular • Paralisia prolongada – RN e pacientes com comprometimento hepático tem redução das colinesterases plasmáticas • Hipertermia maligna (Succinilcolina e halotano): mutação no canal de Ca2+ presente no retículo sarcoplasmático aumentando a liberação do Ca2+ no sarcoplasma, gerando espasmos musculares e elevação da temperatura → Potencialmente fatal (65 %). Tratamento: Dantrolene → inibe a liberação de Ca2+ Ação pré-juncional Vesamicol bloqueia transportador de ACh na vesícula (impedindo com que haja exocitose) Toxina botulínica impede exocitose de ACh Hemicholinium age no transportador de recaptação de colina Anticolinesterásico impede com que a acetilcolina seja degradada, gerando miofasciculações e em grandes quantidades pode causar paralisia Toxina botulínica Conhecida como botox®, é originada do Clostridium botulinum - Aplicação local causa paralisia do músculo, por impedir a liberação de ACh do neurônio motor. - Essa toxina interage com a SNAP-25, uma proteína que auxilia na fusão das vesículas, impedindo com que haja interação da SNAP-25 com cálcio. Usos clínicos - Blefaroespasmo (espasmo do músculo orbicularis oculi e músculos superior da face), distúrbios oculares, distonia oromandibular, hiperidrose, tratamento estéticos. - Em casos extremos pode ser usada para tratar bruxismo infantil Caso clínico Mulher, 38 anos, natural e procedente de São Paulo, recepcionista, casada, 1G1P, menarca aos 12 anos antecedente familiar de mãe, uma tia, um tio e avó materna com histórico de câncer de mama e uma outra tia materna com câncer de ovário. Estava em acompanhamento de uma adenocarcinoma ductal invasivo de mama direita, diagnosticado em produto de mastectomia com linfadenectomia axilar, cirurgia na qual se fez uso de atracúrio (35 mg), propofol (150 mg) e fentanil (250 μg). O examehistológico da peça revelou estadiamento anátomo-patológico: pT3pN2. Posteriormente foi indicado uso de tratamento hormonal com modulador de receptor de estrógeno. Nos últimos 4 meses, apresentou cefaleia diária, pulsátil e hoje apresentou uma convulsão tônico-clônica generalizada. Após recuperação da crise, o exame neurológico evidenciou déficit motor à esquerda (hemiparesia grau IV), com sinal de Babinski à esquerda, e déficit de sensibilidade tátil epicrítica no hemicorpo esquerdo. No exame de imagem, identificada lesão expansiva cerebral única, sugestiva de metástase em lobo frontal direito, próxima ao giro pré-central, com grande edema associado (que se estendia ao lobo parietal do mesmo lado) e evidência de sangramento intralesional recente. Atracúrio → relaxante mm (bloqueador neuromuscular para auxílio na intubação) Propofol → anestésico geral Fentanil → opióide associado ao anestésico
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