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Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Hipertensão Arterial Doença crônica não transmissível (DCNT) caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos. PA sistólica (PAS) maior ou igual a 140 mmHg e/ou PA diastólica (PAD) maior ou igual a 90 mmHg. Medida com a técnica correta, em pelo menos duas ocasiões diferentes, na ausência de medicação anti-hipertensiva A HAS mantém associação independente com eventos como morte súbita, AVE, IAM, IC, DRC, fatal e não fatal Sístole – Contração Diástole – Relaxamento American Heart Association (AHA), 2017: HAS ≥ 130x80mmHg Hipertensão arterial resistente (HAR) Conceito: A HAR é definida quando a pressão (PA) permanece elevada acima das metas recomendadas com uso de três anti- hipertensivos de diferentes classes - A HAR é mais prevalente em idosos, obesos e afrodescendentes, bem como em pacientes com hipertrofia VE, DM, nefropatia crônica, síndrome metabólica, elevada ingestão de álcool e/ou sal e sedentarismo Já a hipertensão refratária (HARf) é definida como um subgrupo de pacientes com HAR verdadeira, que mantém a PA não controlada (PA ≥ 140/90 mmHg), mesmo estando em uso de cinco ou mais fármacos anti- hipertensivos Hipertensão arterial pseudorresistente como a falha no controle da PA relacionada com hipertensão do avental branco, falha na técnica de verificação da PA, inércia terapêutica ou falha na adesão ao tratamento farmacológico e não farmacológico propostos A identificação dos pacientes com HAR verdadeira impõe, portanto, o afastamento da pseudorresistência e das condições a ela associadas Vários mecanismos favorecem a manutenção de uma PA elevada (HAR) em hipertensos obesos como: SAOS → Síndrome da apneia obstrutiva do sono → hiperatividade simpática, disfunção endotelial modificação da microbiota intestinal, todos capazes de promover um fenótipo inflamatório e perpetuar um ciclo vicioso Obesos têm 50% mais chances de apresentar PA não controlada do que aqueles com IMC menor que 25Kg/m2 Um IMC > 40Kg/m2 triplica as chances de se requerem múltiplos fármacos para controlar a PA Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Sódio da dieta O controle no consumo de sal é especialmente eficaz em idosos, afrodescendentes e indivíduos com filtração glomerular diminuída A sensibilidade ao sódio e a sobrecarga volêmica respondem pelo principal mecanismo fisiopatológico da maioria dos casos de HAR Em hipertensos resistentes, uma dieta hipossódica com 2,5g diários de sal foi eficaz para reduzir a PA, em clara demonstração da eficácia dessa medida, não obstante a possibilidade de comprometimento da aderência a longo prazo a tão acentuada restrição no consumo de sal HAR → SENSIBILIDADE AO SÓDIO → RECOMENDAÇÃO: 2,5g de sal Fatores de risco Genética o Podem influenciar os níveis de PA entre 30 – 50% Idade o Enrijecimento progressivo e da perda da complacência das grandes artérias. Aproximadamente 65% dos indivíduos > 60 anos Sexo o Em jovens, a PA é > entre homens o Por década, a elevação da PA é > nas mulheres o Assim, em idosos (> 60 anos) a PA e prevalência de HA costuma ser > nas mulheres Em ambos os sexos, a frequência de HA aumenta com a idade Etnia o A etnia é um fator de risco para a HA, mas condições socioeconômicas e de hábitos de vida parecem ser fatores mais relevantes Em nosso país, pelo VIGITEL, 2018, não houve uma diferença significativa entre brancos e negros no que diz respeito a prevalência de HA (24,2 versus 24,9) Excesso de peso e obesidade o Parece haver uma relação direta, continua e quase linear entre o excesso de peso (sobrepeso/ obesidade) e a PA o Recomenda-se realizar medida de CC e considerá-la como um importante “sinal vital” na prática clínica o A perda de peso acarreta redução da pressão arterial Ingestão de sódio o O consumo excessivo de sódio é um dos principais fatores de risco modificáveis para a prevenção e o controle da HA o A ingestão de sódio está associada a DCV e AVE, quando a ingestão média é superior a 2g de sódio (Na), o equivalente a 5g de sal de cozinha (NaCl) o A ingestão média de sal no Brasil é de 9,3g/dia Ingestão de potássio o ↑ Excreção urinária de sódio o De maneira inversa ao sódio, o aumento na ingestão de potássio (K) reduz os níveis pressóricos o O efeito da suplementação de potássio parece ser maior naqueles com ingestão elevada de Na e entre os negros HAS resistente Consumo de sódio < 2,5g/dia Mudanças de estilo de vida Dieta saudável Perder peso - Exercício Sono > 6 horas Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Sedentarismo o Há uma associação direta entre sedentarismo, elevação da PA e da HA o Em 2018, globalmente, a falta de atividade física (AF) (menos de 150 minutos de AF por semana ou 75 minutos de atividade vigorosa por semana) era de 27,5% com maior prevalência entre mulheres o No Brasil a Vigitel de 2019 identificou que 44,8% dos adultos não alcançaram um nível suficiente de pratica de AF, sendo esse percentual maior entre mulheres o Apesar de avaliada apenas em pequenos grupos de hipertensos resistentes, a AF é provavelmente tão ou mais benéfica nestes do que em não resistentes Álcool o Há maior prevalência de HA ou elevação da PA naqueles que ingeriam mais de 30g de álcool/dia o Esse limite deve ser reduzido à metade para homens de baixo peso, mulheres, indivíduos com sobrepeso e/ou triglicerídeos elevados. Indivíduos abstêmios não devem ser induzidos a beber o HAR: recomenda-se a restrição do consumo diária de álcool a menos de dois “drinks-padrão” (cerca de 24g) ou até sua cessação Homens tem mais enzimas que metabolizam o álcool que mulheres 30g de álcool Cerveja: SBC,2020 – 1 garrafa de cerveja (5% de álcool, 600mL) Cuppari,2019 – 700mL Vinho: SBC,2020 – 2 taças de vinho (12% de álcool, 250mL) Cuppari,2019 – 300mL Destilados (Uísque, Vodca, Água Ardente) SBC,2020 – 1 dose (42% de álcool, 60mL) Cuppari,2019 – 100mL Fatores socioeconômicos o Podem destacar como fatores de risco significativo para HA: Menor escolaridade Condições de habitação inadequadas Baixa renda familiar Medicações: o Descongestionantes nasais (fenilefrina), antidepressivos tricíclicos (imipramina e outros), hormônios tireoidianos, contraceptivos orais, anti-inflamatórios não esteroides, glicocorticoides, drogas ilícitas (cocaína, cannabis sativa, anfetamina e 3,4- melenodioximentafentamina (MDMA)) Apneia obstrutiva do sono (AOS): o Há clara evidência entre as relações entre a AOS e a HA e o aumento do risco para HAR Prevenção Primária (SBC,2020) Controle do peso A obesidade geral e a obesidade abdominal foram associadas ao aumento do risco de HA. Por outro lado, a diminuição do peso promove a diminuição da PA tanto em indivíduos normotensos quanto em hipertensos. Ser “o mais magro possível” dentro da faixa da normalidade do IMC pode ser a melhor sugestão com relação à prevenção primária da HA O ideal é alcançar e manter um peso corporal saudável, representado pelo IMC < 25 em adultos e entre 22 e 27 em idosos, e CC (CM) < 90 em homens e < 80 em mulheres Dieta Saudável Há várias propostas de dietas para a prevenção da HA, que também favorecem o controle dos hipertensos e contribuem para a saúde como um todo. Destaque: a dieta DASH e suas variantes (baixa quantidade de gordura, mediterrânea, vegetariana/vegana, nórdica, baixo teor de carboidratos etc.). Os benefícios são ainda maiores quando ocorre em conjunto a ↓ Na Recomenda-se consumo parcimonioso de frutas, verduras, legumes, cereais, leite e derivados, além de indicarem menor quantidade de gordura e sal. Devem ser levados em conta os aspectos socioeconômicos e culturais para que ocorra adesão a determinado tipo de recomendação alimentar. Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Modalidadese características de intervenções dietéticas propostas para a prevenção e controle da hipertensão arterial A. DASH: alta ingestão de hortaliças e frutas, laticínios com baixo teor de gordura, grãos inteiros e baixo teor de sódio B. Mediterrânea: alto consumo de frutas, legumes, azeite, leguminosas, cereais, peixe e ingestão moderada de vinho tinto durante as refeições C. Baixo carboidrato: < 25% de carboidratos da ingestão total de energia; alta ingestão de proteína animal e/ou vegetal; muitas vezes alta ingestão de gordura D. Paleolítica: carne magra, peixe, frutas, vegetais folhosos e crucíferos, tubérculos, ovos e nozes, excluindo produtos lácteos, grãos de cereais, feijão e gorduras refinadas, açúcar, doces, refrigerantes, cerveja e adição extra de sal E. Moderada em carboidratos: 25 a 45% de carboidratos do total de energia ingerida; 10 a 20% de ingestão proteica F. Hiperproteica: > 20% de ingestão proteica de energia total ingerida; alta ingestão de proteína animal e/ou vegetal; < 35% de gordura G. Nórdica: produtos integrais, uso abundante de frutas e hortaliças, óleo de colza, três refeições de peixe por semana, produtos lácteos com baixo teor de gordura, sem produtos açucarados H. Tibetana: alimentos ricos em proteínas e ricos em vitaminas, preferencialmente alimentos cozidos e quentes I. Baixo teor de gordura: < 30% de gordura na ingestão total de energia; alta ingestão de cereais e grãos; 10-15% de proteína J. Baixo índice glicêmico: baixa carga glicêmica K. Vegetariana / vegana: sem carne e peixe / sem produtos de origem animal. L. Hipossódica: menos de 2g de sódio/dia Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Sódio Convém recomendações para se ter muito cuidado com a quantidade de sal adicionado e com os alimentos com alto teor de sal (produtos industrializados e processados) O consumo adequado de frutas e vegetais potencializa o efeito benéfico da dieta com baixo teor de sódio sobre a PA. Os substitutos do sal contendo cloreto de potássio e menos cloreto de sódio (30% a 50%) são úteis para reduzir a ingestão de sódio e aumentar a de potássio, apesar de limitações em seu uso Potássio A suplementação de potássio constitui-se em uma alternativa segura, sem importantes efeitos adversos, com impacto modesto, mas significativo, na PA e pode ser recomendada para a prevenção do aparecimento da HA Uma ingestão adequada de potássio, na ordem de 90 a 120 mEq/dia, pode acarretar uma diminuição de 5,3mmHg na PAS e 3,1mmHg na PAD Sua ingestão pode ser aumentada pela escolha de alimentos pobres em sódio e ricos em potássio, como feijões, ervilha, vegetais de cor verde-escura, banana, melão, cenoura, beterraba, frutas secas, tomate, batata- inglesa e laranja Os efeitos da redução da PA de suplementos alimentares são, em geral, discretos e heterogêneos. As substancias cuja suplementação tem evidências de significativa redução da PA são: Potássio Vitamina C Peptídeos bioativos derivados de alimentos (inibidores de ECA) Alho Fibras dietéticas Linhaça Chocolate amargo (cacau) Soja Nitratos orgânicos (vasodilatador) Ômega 3 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório As suplementações de: Cálcio Magnésio Vitaminas combinadas Chá Coenzima Q10 NÃO DEMONSTRARAM REDUÇÃO SIGNIFICATIVA DA PA - NEM POLIVITAMINICOS Outros fatores: Atividade física Álcool Fatores psicossociais Tabagismo Espiritualidade Estratégias para a Implementação de Medidas Preventivas Fortalecimento de normas governamentais para reduzir o conteúdo de sódio e gorduras saturadas dos alimentos industrializados; aperfeiçoamento na rotulagem do conteúdo nutricional dos alimentos; e monitorização das ações de prevenção e controle da HA e seus resultados por meio de eficientes indicadores de saúde Perda de peso – célula reduz e melhora ação da insulina Tratamento 1) Medicamentoso Algumas drogas como diuréticos podem causar hipocalemia 2) Não medicamentoso Envolve: controle ponderal, medidas nutricionais, prática de atividades físicas, cessação do tabagismo, controle de estresse, entre outros Principal: ↓ Peso quando acima do normal Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Tratamento dietoterápico Sódio da Dieta A relação entre PA e a quantidade de sódio ingerido é heterogênea Este fenômeno é conhecido como sensibilidade ao sal Aumentada sensibilidade: risco 5x maior de desenvolver HAS Apesar das diferenças individuais de sensibilidade, mesmo modestas reduções na quantidade de sal são, em geral, eficientes em reduzir a PA É recomendado que a ingestão de sódio seja limitada a aproximadamente 2,0g/dia (equivalente a aproximadamente 5,0g de sal/dia) na população em geral, mas principalmente nos hipertensos A redução eficaz do sal não é fácil e, muitas vezes, há pouca valorização de quais alimentos contém altos níveis de sal Alguns tipos de sal de cozinha (sal rosa do Himalaia e sal marinho, entre outros) apresentam o mesmo conteúdo do cloreto de sódio que o sal de cozinha ou o sal grosso Potássio As dietas com alto teor de sódio geralmente possuem baixo teor de potássio, as quais estão associadas à maior incidência de HA A magnitude do efeito sobre a pressão varia com o consumo de sódio na dieta e a extensão da substituição para fontes alternativas de alimentação São alimento ricos em potássio: damasco, abacate, melão, leite desnatado, iogurte desnatado, folhas verdes, peixes (linguado e atum), feijão, laranja, ervilha, ameixa, espinafre, tomate e uva-passa Suplementação de Cálcio e Magnésio Não existem dados suficientes para recomendar suplementação de cálcio ou magnésio como medida para baixar a pressão arterial, se não houver hipocalcemia ou hipomagnesemia Além disso, suplementação de cálcio excedendo 1g/dia pode aumentar o risco de litíase renal Recomenda-se uma ingestão de cálcio e Mg na dieta de modo a satisfazer a ingestão dietética de referência (DRI) Suplementação de Cálcio Mecanicamente, uma baixa ingestão de cálcio aumenta a concentração de cálcio intracelular Por sua vez, essa alta concentração aumenta os níveis de 1,25-vit D3 e PTH, causando influxo de cálcio às células musculares lisas vasculares e maior resistência vascular Suplementação de Magnésio Há relação inversa entre o Mg e a HAS Liga-se ao K para vasodilatação endotelial Aumenta a liberação de óxido nítrico e prostaglandinas Silva et al. Tratado de Nutrição em Gerontologia, 2014. Ed. Manole, Edição digital: 2017 O Mg é um potente inibidor da contração do musculo liso vascular Atua como vaso dilatador na regulação da PA Laticínios Apesar de serem ricos em AGS (na versão integral), podem conter constituintes com potencial efeito benéfico, como: A proteína do soro do leite (Whey protein) – peptídeos do soro – vaso dilatação e inibição da ECA. Estudo com 28g (Rev. Nature, 2018) Os fosfolipídios da membrana dos glóbulos de gordura – ↑ absorção de cálcio O cálcio O magnésio O potássio Os probióticos As vitaminas K1 e K2 (↓ rigidez arterial. As vitaminas D e K ajudam a manter o cálcio fora das artérias) Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório O consumo de laticínios apresenta associação inversa ao risco de doenças CV Alguns ensaios clínicos randomizados sugerem efeito hipotensor modesto, em especial, os realizados com laticínios pobres em gordura e com proteínas do leite Cabe ressaltar que as diretrizes alimentares preconizam consumo de laticínios com baixo teor de gorduras Chocolate e produtos com Cacau Uma metanálise identificou a redução nas pressões sistólica e diastólica, respectivamente, com o consumo aumentado de produtos com cacau Os estudos foram muito heterogêneos e as intervenções, variadas, com quantias variáveis de flavonóis O segundo aspecto é que o consumo de chocolate ou produtos do cacau acrescenta calorias à dieta, que precisam ser equilibrados com algum grau de restrição alimentar SBC, 2016; SBC,2020 Café e produtos com cafeína O café, além de ser rico em cafeína, possui compostos bioativos como polifenóis, em especial os ácidos clorogênicos, o magnésio e o potássio, que podem favorecer a redução da PA A cafeína é capaz de elevar agudamente a PA, por mais de 3h, mas o consumo regular leva à tolerância A ingestão de café a longo prazo não tem sido associada a maior incidência de HA. Pelo contrário: efeito discreto de redução no risco de hipertensão SBC,2020 Na falta de evidências experimentais robustas, recomenda-se que o consumo de café não exceda quantidades baixas a moderadas (≤200mg de cafeína) 1 x = 240mL COADO Vitamina D Apesar de alguns estudos sugerirem que a deficiência de vitamina D está associada à elevação da pressão ou à maior incidência de hipertensão, os estudos com suplementação de vitamina D apresentam resultados inconsistentes Portanto, o papel da vitamina D no controle da pressão ainda não está estabelecido Suplementos e substitutos: Uma combinação de 65% de cloreto de sódio, 25% de cloreto de potássio e 10% de sulfato de magnésio resultou em uma redução da pressão sistólica Apesar de a suplementação de cálcio poder exercer um efeito discreto na prevenção de HA, não está estabelecido seu papel no tratamento Uma metanálise identificou que o uso de multivitaminas e multiminerais foi capaz de reduzir a PA em indivíduos com doenças crônicas. Em uma análise de subgrupo de 58 hipertensos, houve a redução na PAS, mas, para PAD, a significância foi limítrofe Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Perda de Peso Foi bem registrado o efeito hipertensor do ganho de peso. A adiposidade corporal excessiva, especialmente a visceral, é um fator de risco importante para a elevação da PA, que pode ser responsável por 65 a 75% dos casos de HA A perda ponderal reduz a PA, mesmo sem alcançar o peso corporal desejável Para indivíduos com sobrepeso ou obesidade, a perda ponderal é uma recomendação essencial no tratamento da HA A avaliação da adiposidade corporal deve incluir parâmetros de adiposidade corporal central, como a circunferência da cintura (CC) O ideal é alcançar e manter um peso corporal saudável, representado pelo IMC (Kg/m2) < 25 em adultos e, segundo o Ministério da Saúde, IMC entre 22 e <27 em idosos, e CC (cm) < 90 em homens e < 80 em mulheres Padrão alimentar O foco em apenas um único nutriente ou alimento tem perdido espaço para a análise do padrão alimentar total, que permite avaliar o sinergismo entre os nutrientes/alimentos O sucesso do tratamento da HA com medidas nutricionais depende da adoção de um plano alimentar saudável e sustentável A utilização de dietas radicais resulta em abandono de tratamento Padrão alimentar Tipo de dieta Características Efeito sobre a PA DASH Enfatiza o consumo de frutas, hortaliças e laticínios com baixo teor de gordura; inclui a ingestão de cereais integrais, frango, peixe e frutas oleaginosas; preconiza a redução da ingestão de carne vermelha, doces e bebidas com açúcar. Ela é rica em potássio, cálcio, magnésio e fibras, e contém quantidades reduzidas de colesterol, gordura total e saturada A adoção desse padrão alimentar reduz a PA MEDITERRÂNEA Também é rica em frutas, hortaliças e cerais integrais, porém possui quantidades generosas de azeite de oliva (fonte de gorduras monoinsaturadas) e inclui o consumo de peixes e oleaginosas, além da ingestão moderada de vinho. Apesar da limitação de estudos, a adoção dessa dieta parece ter efeito hipotensor VEGETARIANA Consumo de alimentos de origem vegetal, em especial frutas, hortaliças, grãos e leguminosas; excluem ou raramente incluem carnes; e algumas incluem laticínios, ovos e peixes Essas dietas têm sido associadas com valores mais baixos de PA SBC,2016 DIETAS VEGETARIANAS – ↓ INCIDÊNCIA DE DCV: MENOS GORDURAS SATURADAS E COLESTEROL, MENOR IMC... ENTRETANTO, PODEM SER POBRES EM Fe, B12 e Ca (fatores predisponentes a HAS), sendo necessária suplementação Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Dieta DASH ”Dietary Approaches to Stop Hypertension” A dieta DASH é um guia alimentar, baseado em estudos sobre planos de dietas, elaborado pelo governo norte- americano para abaixar a pressão arterial e, desta forma, diminuir os riscos de saúde decorrentes da pressão alta Significa “métodos para combater a hipertensão através da dieta” Pessoas com hipertensão podem beneficiar-se especialmente ao seguir a dieta DASH e reduzir a ingestão de sal Dieta reduzida em: Gordura total Gordura saturada Colesterol Carne vermelha Açúcar Refrigerantes Enfatiza: Frutas Vegetais Leite desnatado Grão integrais Peixe Frango Nozes Ela é rica em potássio, magnésio e cálcio, assim como proteínas e fibras Crianças A intervenção dietética pode incluir a restrição de sódio, assim como a suplementação de potássio e cálcio; a eficácia nessa população, porém, ainda não foi comprovada Recomenda-se a perda de peso quando em excesso Para crianças com HAS, deve-se utilizar a dieta DASH, como nos adultos, aumentando a proporção de alimentos in natura, principalmente frutas, verduras e legumes, além da redução de sal (Grau de Recomendação IIa, Nível de evidência B) Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Dislipidemias Distúrbios do metabolismo lipídico – Forte relação com Doença Cardiovascular Aterosclerótica, em especial a Doença Arterial Coronariana (DAC) Lipídios Principais lipídios do plasma: Colesterol (CT) e Triglicerídeos (TG) CT – Componente das membranas celulares e participa da síntese dos ácidos biliares e hormônios esteroides, além de ser precursor da vitamina D endógena (D3-colecalciferol). O próprio organismo o produz em quantidade suficiente Os TG transportam a energia dos alimentos e das reservas corporais Lipoproteínas (LP) Lipídios são insolúveis em água – necessitam ser transportados no plasma em associação com proteínas especificas formando complexos solúveis chamado Lipoproteínas Apolipoproteína – Componente proteico das lipoproteínas Quanto + gordura + leve Classificação das lipoproteínas As LP são classificadas de acordo com sua densidade, característica que é dependente da quantidade de apolipoproteinas (quanto mais, maior a densidade) e de TG (menor densidade) A proporção ptn/gordura determina a densidade QM – Quilomícrons – recebem a gordura que chega pela dieta – metabolismo exógeno VLDL – Lipoproteína de muito baixa densidade IDL – Lipoproteína de densidade intermediária LDL – Lipoproteína de baixa densidade HDL – Lipoproteína de alta densidade Há três vias metabólicas principais envolvidas no metabolismo da LP: O transporte de lipídeos exógenos ou da dieta: QM O transporte de lipídeos endógenos ou hepáticos: VLDL, IDL, LDL O transporte reverso do colesterol: HDL Estas vias são interdependentes e alguma alteração em uma destas vias irá afetar a função e os produtos das outras (KWITEROVICH, 2000) Quilomícrons: São as maiores partículas Sintetizados no intestino e transportam a energia dos alimentos para as células musculares e adiposas São completamente metabolizados e, em condições normais, só devem ser vistos no plasma o período pós-prandial TCL + QM LINFA → SANGUE CÉLULAS MUSCULARES ADIPOSAS TCM+ ALBUMINA SANGUE - VEIA PORTA FÍGADO COL + QM LINFA FÍGADO Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Metabolismo do Colesterol O colesterolproveniente da dieta, chega ao fígado a partir do QM remanescentes e daí provoca a inibição da síntese da enzima HMG-CoA redutase, diminuindo com isto a síntese endógena HGM-CoA: Hidroximetilglutaril-coenzima A Enzimas: HGM-CoA redutase – síntese do colesterol ACAT – Armazenamento do colesterol A insulina aumenta a atividade da HGM-CoA redutase Nos seres humanos, o colesterol pode ser sintetizado a partir do acetil-CoA (a glicose é fonte primária do acetil-CoA) Estatinas agem na HGM-CoA SINVASTATINA – INIBIDOR DA HGM-CoA redutase Lipoproteína de muito baixa densidade (VLDL) É bem aterogênica Sintetizada no fígado a partir de ácidos graxos captados no plasma ou síntese hepática Transportam TG e colesterol para tecidos periféricos Sob a ação da lipase lipoproteica, os TG da VLDL são hidrolisados e liberados para as células Apo CII – onde a lipase lipoproteica se liga para hidrolisar os TG Deficiência de lipase lipoproteica aumenta TG, QM e VLDL tem Apo CII (transporte de TG) Corrente sanguínea COLESTEROL DA DIETA + QM LINFA SANGUE QM REMANESCENTES CHEIOS DE COLESTEROL HGM-CoA redutase ↓ SÍNTESE ENDÓGENA DE COLESTEROL LIPÍDIOS DE ORIGEM HEPÁTICA APO CII VLDL LIPASE LIPOPROTEICA CÉLULAS Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Lipoproteína de densidade intermediária (IDL) IDL são remanescentes de VLDL, formados após ação da lipase Lipoproteína de baixa densidade (LDL) É a que causa mais danos à saúde Carreia o colesterol para as células Uma fração de LDL é catabolizada no fígado, e o seu conteúdo de colesterol é utilizado na produção ácidos biliares LDL – NORMAL LDL - PEQUENO LDL – NÃO PENETRA NA ARTÉRIA LDL - PENETRA NA ARTÉRIA Lipoproteína de alta densidade (HDL) Resulta da ligação covalente de uma partícula de LDL à Apo (a) A função fisiológica da Lp (a) não é conhecida, mas ela tem sido associada à formação e a progressão da placa aterosclerótica (SBC,2017) ↑ risco de infarto e AVC Parecida com plasminogênio, têm ação trombogênica por competir com seus sítios de ligação Lp (a) > 30: fator de risco para trombose É o “colesterol bom”. Produzidas pelo fígado e intestino Atuam no transporte reverso do colesterol A Apo AI é envolvida na remoção do colesterol tecidual (cofator da lecitina colesterol aciltransferase – LCAT) A HDL transporta o colesterol até o fígado onde este é captado pelos receptores SR-B1 HDL e LDL → CT VLDL, IDL e QM → TG Apo A1 → MAIOR EFICIENCIA NA CAPTAÇÃO DO COLESTEROL Apo A2 Subclasses do HDL As HDL são sintetizadas no fígado e intestino delgado e convertidas em partículas esféricas pelo acúmulo de ésteres de colesterol As HDL remanescentes captam colesterol não esterificado dos tecidos periféricos e formam as HDL maduras (HDL3 e HDL2) As HDL3 é menor e mais densa e protege menos. Ela adquire mais colesterol e fosfolipídio e se transforma em HDL2 As subclasses HDL2, maiores e menos densas, são as que estão mais relacionadas à redução do risco de DAC, sendo também correlacionadas com menores níveis plasmáticos de TG LIPASE LIPOPROTEICA VLDL IDL IDL São captados por receptores do fígado ou convertidos a LDL (50%) Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório OBS: HDL2 - efeito protetor O efluxo de colesterol não esterificado dos tecidos periféricos é realizado diretamente pela partícula de HDL e, em menor proporção, pela VLDL A HDL nascente é originada no fígado e no intestino A aquisição de mais fosfolipídeos e colesterol converte a HDL3 em HDL2, uma partícula maior e menos densa A ação da enzima lecitina-colesterol aciltransferase (LCAT) aumenta a esterificação do colesterol das partículas de HDL A síntese de sais biliares não precisa de bilirrubina A colipase é produzida pelo pâncreas A HDL é constituída, principalmente, por colesterol A lipase pancreática não degrada totalmente a estrutura do triacilglicerol A LDL possui, em sua estrutura, a apoB-100 % TG % Col Quilomícrons 86 3 VLDL 55 12 IDL 23 29 LDL 6 42 HDL 3 15 CETP Proteína de transferência de colesterol esterificado - Café em excesso e gordura trans Diminuir QM → - gordura total / hipolipídica ↓ Gordura na dieta ↓ QM OBS: O acúmulo de QM no compartimento plasmático resulta em Hipertrigliceridemia e decorre da diminuição da hidrolise dos TG dessas lipoproteínas pela Lipase lipoproteica O acúmulo de VLDL no compartimento plasmático resulta em Hipertrigliceridemia e decorre da diminuição da hidrolise dos TG dessas lipoproteínas pela Lipase lipoproteica ou do aumento da síntese de VLDL O acúmulo de quilomícrons e VLDL ocorre por variantes genéticas das enzimas ou apolipoproteínas relacionadas com o metabolismo dessas lipoproteínas e podem causar aumento de síntese ou redução da hidrólise destas. O acúmulo de lipoproteínas ricas em colesterol no compartimento plasmático pode ocorrer por doenças monogênicas, em particular por defeito no gene do LDL-R ou no gene da apoB-100. Interação das HDL esféricas com a CETP - que transfere o colesterol esterificado das partículas de HDL para remanescentes de lipoproteínas. O que leva a redução do nível plasmático da HDL A CETP é uma glicoproteína plasmática de 476 aminoácidos, predominantemente produzida no fígado e tecidos adiposos CETP transfere colesterol esterificado (CE) da HDL para as lipoproteínas que contém apo-B e em troca recebe triglicerídeos (TG) provenientes da VLDL, beta-VLDL (remanescentes) e quilomícrons Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Classificação das Dislipidemias Primária – quando são decorrentes de distúrbios genéticos (rara). Podem levar a lesões cutâneas (xantomas) Secundárias – quando ocorrem em consequência de outras patologias (diabetes, HAS, obesidade) ou uso de determinadas drogas (anabolizantes, corticoides, anticoncepcionais orais) Dislipidemia primária Hipercolesterolemia familiar (HF) Na HF ocorrem defeitos genéticos afetando o receptor da LDL e que resultam em diminuição da Endocitose da lipoproteína Menos receptores de LDL LDL LDL LDL Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Xantomas Arco corneano Ateroma Assim descrita, a HF é um defeito de remoção das LDL da circulação Todos os pacientes portadores de HF deverão ser considerados de alto risco cardiovascular pelo menos em longo prazo. Não usar Framingham, subestima! I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar, 2012 ALTO RISCO CARDIOVASCULAR Homeostase do colesterol Excreção Síntese/absorção Hipoalfalipoproteinemia familiar – POUCO APOA-I Doença relativamente comum Diminuição da produção de ApoA-I ou ao aumento de seu catabolismo. Doença de Tangier A doença de Tangier é transmitida por herança autossômica codominante, que ocasiona ausência completa ou deficiência extrema de HDL-c e de ApoA-I. Estes pacientes apresentam níveis de HDL-c inferiores a 5mg/dL e concentrações reduzidas de LDL-c. LDL circulam por mais tempo Estão mais sujeitas a oxidação Captação aumentada da LDL modificada pelos macrófagos ATEROGÊNESE Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Doença rara que, clinicamente, exterioriza-se pela presença de amígdalas aumentadas, com coloração alaranjada, neuropatia periférica, hepatoesplenomegalia e DAC prematura. É causada por mutações no gene ABCA1, que codifica o transportador ABCA1 da membrana. Este transportador desempenha papel fundamental no transporte reverso de colesterol, por meio do qual o efluxo de colesterol livre das células periféricas é transferido para ApoA-Ipobre em lípides. Esta doença ainda não possui tratamento específico. Síndrome da Quilomicronemia Familiar Caracteriza-se por Hipertrigliceridemia grave, mesmo em jejum, devido à deficiência da enzima LPL, ou de outras proteínas necessárias para a atividade normal da lipase A hipertrigliceridemia na SQF resulta da incapacidade em metabolizar os TG e outras gorduras Na SQF, o acúmulo de quilomícrons e seus remanescentes não pode ser metabolizado e se acumula no plasma. No pâncreas ocorre um comprometimento do fluxo sanguíneo, ativação do processo inflamatório, resultando em pancreatites, representando 10% de todas as causas de pancreatite Esses pacientes com pancreatites induzidas por TG elevados apresentam quadros mais graves, internações mais longas, necessidade de permanência em terapia intensiva, altas taxas de evolução para necrose pancreática e, maior frequência de falência de órgãos e mortalidade CDN → Dieta com muito baixo teor de gorduras (de <10-15% das calorias totais, ou cerca de 15-20g de gorduras por dia), restrição a carboidratos refinados, e retirada de álcool → Monitorar o consumo de micronutrientes, particularmente as vitaminas lipossolúveis. → Dependendo da tolerabilidade individual, os TCM podem ser indicados para aporte calórico da dieta → A suplementação com ácidos graxos ω3 e outros medicamentos utilizados para tratamento das hipertrigliceridemias tem resultado inconsistente na redução dos TG ↑ QM ↑ TG → Lipase lipoproteica não funciona HIPOLIPÍDICA - < 10 – 15% PODE USAR TCM Doença Aterosclerótica Cardiovascular (DAC) Dislipidemia → DAC A principal causa de DAC é a ATEROSCLEROSE ATEROSCLEROSE: uma forma de arteriosclerose, ou, seja, um espessamento e estreitamento das paredes arteriais causado pelo acúmulo de lipídeos, principalmente o colesterol, na camada íntima ou interna em combinação com o tecido conjuntivo e calcificação. ATEROMA ARTERIOESCLEROSE: esclerose (endurecimento) e espessamento da parede arterial, com perda da elasticidade. ARTÉRIA - As placas gordurosas (ateromas), com o tempo, estreitam o calibre do vaso, podendo obstruí-lo totalmente, causando necrose da área não mais irrigada pelo sangue - A aterosclerose é uma doença lenta, progressiva que começa na infância e leva décadas para aparecer Consequências clínicas da aterosclerose INFARTO, ACIDENTE VASCULAR CEREBRAL, GANGRENA (necrose isquêmica das extremidades), ANEURISMA (dilatação vascular que pode se romper Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Conduta Nutricional Principais fatores dietéticos que afetam os níveis plasmáticos de CT e LDL-C Lipídios da dieta Fornecem energia Formam hormônios Formam bile Transportam vitaminas Constituem membranas celulares Promovem saciedade Protegem órgãos - Ácidos graxos saturados - Ácidos graxos insaturados Monoinsaturados (ω9) Poliinsaturados (ω3 e ω6) - Gorduras trans - Colesterol dietético Ácidos graxos saturados Só possui ligações simples entre os carbonos (C – C – C) Podem ser encontrados em ampla diversidade de alimentos, tais como: CARNES, LEITE, ÓLEOS E ALIMENTOS INDUSTRIALIZADOS O fato de se apresentarem em emulsões de gordura como no leite, ou em matriz sólida de óleo de palma com açúcar, como observado em biscoitos industrializados, deve induzir efeitos distintos sobre os lípides plasmáticos Podem se associar a efeitos deletérios do ponto de vista cardiovascular, quando inseridos em um contexto de dieta rica em açúcares e pobre em fibras, ao passo que, no contexto de padrão alimentar saudável, seu impacto negativo pode ser menor Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 São classificados em: Cadeia curta (C2 – C4) (ácido acético [C2:0]; ácido propiônico [C3:0] e butirato [C4:0]) Cadeia média (C6 – C10) (caproico [C6:0]; caprílico [C8:0]; cáprico [C10:0]) Cadeia longa (C12 – C18) (láurico [C12:0]; mirístico [C14:0]; palmítico [C16:0]; esteárico [C18:0]) Triglicérides de Cadeia Média (TCM) São definidos como lipídeos compostos por uma mistura de ácidos graxos de cadeia saturada, contendo de 6 a 12 carbonos, formados por: Ácido caproico (C6, 1% a 2%), ácido caprílico (C8: 65% a 75%), ácido cáprico (C10: 25% a 35%) e láurico (C12: 1% a 2%) Os ácidos graxos do TCM são obtidos através do fracionamento dos óleos de coco ou de palma Fatores favoráveis que reduzem a lipidemia: Ácidos Graxos ω-3 Ácidos Graxos ω-6 Ácidos Graxos ω-9 Fibras solúveis Fatores desfavoráveis que elevam a lipidemia: Ácidos Graxos saturados Colesterol Excesso de peso Gorduras trans Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Com exceção do láurico, os demais ácidos graxos são absorvidos diretamente por meio da circulação portal e, por não serem incorporados aos quilomícrons, não induzem elevação da concentração plasmática de triglicérides. Láurico ↑QM ↑TCM O ácido láurico é preferencialmente transportado via linfática por meio dos quilomícrons. Por esse motivo, para o tratamento da hiperquilomicronemia familiar, em que se observa ausência de LPL, indica-se o uso de TCM preferencialmente composto por ácido caproico, caprílico e cáprico Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Principais que aumentam o LDL: Láurico (óleo de coco) Mirístico (leite-milk e derivados, gorduras animais, óleo de coco) Palmítico (óleo de palma, carnes, gorduras animais, azeite-de-dendê) O ácido palmítico é o mais abundante na alimentação humana I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Ácidos graxos saturados (SFA) O aumento do seu consumo pode induzir aumento do HDL-c No entanto, essa informação deve ser vista com cautela, uma vez que essas partículas de HDL se enriquecem com proteínas inflamatórias, podendo diminuir a sua funcionalidade e prejudicar alguma etapa do transporte reverso de colesterol Importante salientar que os SAT elevam todas as classes de lipoproteínas, mas a elevação observada no HDL pode não ser suficiente para suplantar os efeitos deletérios do LDL sobre o risco cardiovascular Os SAT são capazes de modular genes envolvidos na síntese de lípides, ativando o SREBP (regulatory element-binding proteins), fator de transcrição relacionado com a síntese de ácidos graxos, favorecendo maior produção de TG SRBEP está envolvido na transcrição de genes das enzimas lipogênicas como a Acetil-CoA carboxilase-1 (ACC) e da ácido graxo sintase (FAS) Por outro lado, sabe-se que os ácidos graxos POLI estão envolvidos na redução da concentração plasmática de triglicérides por bloquear o SREBP – efeito mais pronunciado pelos ácidos graxos da série ω3 A cada 1% de substituição das calorias proveniente de SAT por POLI ou MONO, há redução das concentrações plasmáticas de TG (0,88 mg/dL e 0,35 mg/dL, respectivamente). Já a substituição de SAT por carboidratos aumentou a concentração plasmática de TG em 0,97 mg/dL A substituição do consumo de saturados por POLI ou carboidratos complexos provenientes de grãos integrais mostrou-se benéfica e foi associada a menor risco de doença coronariana. A substituição de SAT por POLI reduziu o risco de mortalidade por DCV, câncer e doenças neurodegenerativas Já a substituição de saturados por carboidratos simples não apresentou impacto sobre o risco de eventos cardiovasculares, em virtude do alto consumo de açúcar ser deletério do ponto de vista CV A revisão dos estudos publicados pelo grupo da Cochrane mostrou que a eficácia da substituição de SAT por MONO sobre eventos cardiovasculares é incerta em virtude do pequeno número de estudos incluídos. Já o Guia Alimentar para Americanos afirma que a substituição de SAT por MONO foi associada com redução de risco cardiovascular, embora as evidências não tenham sido tão fortes INTEGRAL Fisiopatologia E Dietoterapia Do AparelhoCirculatório Estudo de coorte publicado posteriormente mostrou que a substituição de 5% das calorias na forma de SAT por MONO reduziu em 15% o risco CV A substituição isocalórica de 1% das energias provenientes de láurico, palmítico ou esteárico por POLI ou MONO reduziu o risco de doença coronariana Esse efeito está associado ao impacto dos INSAT nos lípides plasmáticos, que reduz as concentrações de LDL-c, podendo reduzir também as concentrações de HDL-c Estudo de metanálise demonstrou que, para cada 1% de substituição das calorias proveniente de SAT por POLI, há redução das concentrações plasmáticas de CT, LDL-c, HDL-c, apolipoproteína A-I (ApoA-I) e apolipoproteína B (ApoB). Quando a substituição isocalórica é feita por MONO, observam-se reduções nos lípides plasmáticos mais modestas, porém significativas, nas concentrações de CT, LDL-c, HDL-c e ApoB A substituição ao redor de 5% a 10% VCT sob a forma de saturados e carboidratos refinados (como açúcar, pão branco, arroz branco) por ω6 reduz o risco de DCV, sem evidências clinicas de eventos adversos A substituição de 1% do VCT oriundo de SAT por ω6 tem sido associada à redução de 2% a 3% na incidência de doença coronariana Os diferentes SAT exercem efeitos diversos no perfil lipídico e, portanto, no risco cardiovascular. Quando comparado ao carboidrato, o mirístico (C14:0) é o que mais aumenta as concentrações de CT e LDL- c, seguido de palmítico (C16:0) e ácido láurico (C12:0) Os ácidos graxos saturados aumentam o colesterol sérico... Por quê? Diminui síntese e ação dos receptores Cadeia carbônica retilínea, os ácidos graxos SAT podem ser empacotados no centro das lipoproteínas, permitindo que estas carreiem maior quantidade de colesterol O consumo de SAT eleva o RNAm da hidroximetilglutaril coenzima A redutase Láurico (12:0) Palmítico (16:0) Mirístico (14:0) LDL LDL LDL Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Toda gordura saturada aumenta o colesterol sérico? CÁPRICO (carne bovina, manteiga, coco e leite materno) ESTEÁRICO (cacau, gordura animal, manteiga, coco) NÃO ELEVAM O COLESTEROL Esteárico (C18:0) pode reduzir LDL e aumentar HDL. Não eleva CT e LDL-c por ser rapidamente convertido a oleico no fígado, pela estearoil-CoA dessaturase 1 (SCD1) (Cabra histérica) Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Ácidos graxos saturados (SAT) X Microbiota Intestinal As dietas hiperlipídicas, especialmente aquelas ricas em ácidos graxos SAT, são capazes de: Alterar a composição da microbiota intestinal Induzir diminuição de diversidade bacteriana Aumento da permeabilidade intestinal Endotoxemia metabólica Inflamação sistêmica Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Bactérias ruins liberam substâncias proteolíticas, destruindo a barreira intestinal afastando as “tight-junctions” Endotoxemia metabólica Lipopolissacarídeo (LPS) é uma endotoxina – é um componente da membrana externa de bactérias gram- negativas (as mais maléficas) Os LPS presentes na superfície de bactérias gram – podem atravessar a barreira intestinal desencadeando uma resposta inflamatória e a resistência à insulina O LPS quando se desprendem, são capazes de gerar um processo inflamatório subclínico denominado Endotoxemia Metabólica A presença de bactérias patogênicas (gram -) está associada à maior produção de Lipopolissacarídeos (LPS), e sua absorção para a circulação sistêmica do hospedeiro pode ocorrer de duas maneiras: 1. Através dos espaços intercelulares gerados na presença de uma alteração de permeabilidade intestinal (destruição das tight junctions) 2. Ou pela incorporação desses LPS aos quilomícrons durante a digestão das gorduras dietéticas LPS – são absorvidos mais rápidos quando associados Já se observou que o maior consumo de dietas ricas SAT aumenta a permeabilidade paracelular intestinal, por interferir em proteínas do complexo tight junctions (TJ), e com isso elevam as concentrações plasmáticas de LPS Nóbrega, 2014 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Ácidos graxos saturados (SAT) X Microbiota Intestinal Estudo experimental demonstrou que a dieta Hiperlipídica, especialmente quando associada à dieta rica em açúcar, induz disbiose, inflamação no epitélio intestinal e altera a ativação da via vagal aferente, ações que podem impedir a regulação adequada da ingestão de alimentos, contribuindo para hiperfagia e desenvolvimento de obesidade Mesmo com quantidades adequadas de fibras na dieta, o alto consumo de gorduras impediu a formação de ácidos graxos de cadeia curta (AGCC) pelas bactérias E o maior consumo de gordura pode reduzir a diversidade bacteriana A fermentação das fibras solúveis promove a formação de AGCC, principalmente propionato (C3), acetato (C4), butirato (C5) A presença de AGCC induz secreção de incretinas intestinais, como GLP-1 e PYY, que atuam no sistema nervoso central (SNC) promovendo saciedade e diminuição do consumo alimentar, diminuição do tempo de esvaziamento gástrico, aumento do trânsito intestinal, além de estimular a síntese e a secreção de insulina pelo pâncreas Ácidos graxos saturados (SAT) Óleo de Coco 92% por ácidos graxos SAT, dos quais o láurico (cerca de 50%), seguido de mirístico (16%), palmítico (8%) e o restante composto por caprílico, cáprico e esteárico. Com relação às concentrações de ácidos graxos essenciais, o óleo de coco contém baixa concentração de ácido linoleico (ω-6) e não contém ácido linolênico (ω-3) O consumo dos últimos anos cresceu devido ao TCM: e parte disso se deve ao fato de suas propriedades terem sido erroneamente associadas às das triglicerídeos de cadeia média (TCM), formados principalmente por ácidos caprílico-8:0 e cáprico-10:0, os quais são absorvidos ligados à albumina e atingem o fígado via sistema portal, e por isso não elevam a trigliceridemia. Já o láurico, principal ácido graxo do óleo de coco, é, em grande parte, transportado por via linfática após sua absorção, e a sua presença nos quilomícrons é dose-dependente É possível que associações benéficas a respeito do consumo de óleo de coco decorram de estudo realizado em habitantes das ilhas Pukapuka e Tokelau, na Polinésia, que apresentam baixa incidência de DCV. A dieta típica dessa população é rica em gordura saturada, sendo o coco a principal fonte de gordura e energia; o consumo de proteína provém principalmente de peixes e o carboidrato, de frutas nativas como a fruta-pão. Além disso, a dieta é rica em fibras, pobre em sacarose e produtos industrializados, sendo estes de difícil acesso para os habitantes da ilha Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Pode aumentar CT e LDL-c O ácido láurico, dentre os ácidos graxos SAT, é o que possui maior potencial inflamatório Até o momento não há na literatura estudos clínicos randomizados e controlados e estudos epidemiológicos que avaliem o efeito do óleo de coco no perfil lipídico, inflamatório e desfecho cardiovascular. Desta forma, não há evidência para sua indicação em substituição a outros óleos vegetais ricos em INSAT. Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Por ser rica em esteárico, a gordura do cacau exerce efeito neutro sobre a colesterolemia Esteárico Palmítico Oléico Óleo de palma O óleo de palma, juntamente com as gorduras interesterificadas, vem sendo amplamente utilizado pela indústria em substituição ao uso de gordura trans nos alimentos Pode aumentar CT e LDL-C O consumo de óleo de palma deve ser mantido dentro do percentual de recomendação de consumo de SAT Apesar de vegetal, o óleo de palma é bastante rico em palmítico e, dessa forma, parece se comportar de modo semelhante às gorduras de origem animal em relação a lipemia Óleo decoco e palma Recomendação: Óleos Tropicais (coco e palma) devem ser consumidos apenas ocasionalmente, em razão do alto teor de saturados Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Chocolate Cacau, manteiga de cacau, açúcar, leite e lecitina, outros ingredientes como castanhas, cereais e frutas Contém Polifenóis e minerais, tais como potássio, magnésio, ferro e zinco 63% da gordura do CACAU é SAT: esteárico (34%) e palmítico (27%) Os 37% é INSAT: MONO (33,5%) e POLI (3,5%). Cuidado com chocolate ao leite: ácidos graxos mirístico e láurico! Possuem epicatequina = antioxidantes (Cuppari, 2019) Composição SAT (45% de ácido palmítico e 5% de ácido esteárico) INSAT (40% ácido oleico e 10% ácido linoleico) O aumento no consumo direto de óleo de palma, ou indireto, por meio da ingestão de produtos industrializados Contribui para maior consumo de SAT Que elevam o risco CV Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Estudo em humanos que investigaram o consumo alimentar mostram que, em comparação a palmítico, o consumo de esteárico reduziu as concentrações plasmáticas de CT e LDL-c de forma similar ao ácido oleico. Além disso, o consumo de esteárico elevou as concentrações de oleico em CE e TG plasmáticos, isso porque o esteárico é rapidamente convertido a oleico no fígado pela ação da SCD1 O consumo de esteárico parece ter efeito neutro sobre a colesterolemia; todavia, deve-se levar em conta que o chocolate é também fonte de calorias e de açúcar simples, podendo contribuir para o ganho de peso e aumento do risco CV Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Manteiga Formada a partir do creme obtido do desnatamento do leite; desta forma, sua gordura advém exclusivamente de gordura láctea SATURADOS: 51,5% onde destacam-se palmítico (24%), esteárico (10%), mirístico (8%) e láurico (2%), MONO (22%) e POLI (1,5%) Os resultados dos estudos divergem e devem ser interpretados com cautela O uso de manteiga deve estar inserido em padrão alimentar saudável e individualizado, considerando o valor calórico agregado, e buscando adequação do peso quando necessário Lácteos Importante fonte de cálcio e proteína de alto valor biológico SAT (mirístico) ↑ RCV Lácteos desnatados → Dieta DASH → o Tratamento de hipertensão o Benefícios cardiometabólicos o Recomendado como plano saudável para todos os adultos Segundo estudos recentes: o consumo de lácteos se associa inversamente ao risco de DM2, AVC e DCV. Carnes A quantidade de gordura, bem como a distribuição de ácidos graxos, varia de acordo com o animal e o tipo de corte. De maneira geral, as carnes contêm principalmente MONO e SAT (especialmente palmítico e esteárico) e uma pequena quantidade de POLI. Associação positiva entre consumo de carnes e risco CV foi observada em alguns estudos, mas não em outros Já está bem estabelecido que o alto consumo de carnes vermelhas e processadas (ricas também em sódio e nitratos) se associa ao aumento de risco CV, razão pela qual sua ingestão deve ser moderada e estar de acordo com o total de ácidos graxos SAT recomendados na dieta Aspectos Práticos da Intervenção Nutricional A quantidade de gorduras das carnes varia em função do tipo de corte, sendo assim, cortes magros, como lombo e filé mignon suíno, apresentam teor de gorduras saturadas similar a cortes bovinos comumente recomendados como patinho e alcatra, possibilitando ampliação das opções de consumo de alimentos fonte de proteínas na alimentação com enfoque cardioprotetor. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Ácidos Graxos Insaturados Se dividem em: Monoinsaturados (ω9) Poliinsaturados (ω3 e ω6) Possui uma (mono) ou mais (poli) duplas ligações São líquidos à temperatura ambiente Alfa-linolênico: essencial Fontes: soja, canola, linhaça EPA e DHA: não essencial. Podem ser sintetizados a partir do ω3 Alfa-linolênico (mas a conversão é baixa). Precisa de gordura saturada Fontes: salmão, sardinha, cavala, arenque, bacalhau I Diretriz Brasileira de Hipercolesterolemia Familiar, 2012 ω3: EPA e DHA Adaptado de Cukier in: Silva & Mura, 2016 Gramas de ω3/100g de peixe Para a saúde em geral, recomenda-se 3:2 de EPA e DHA. (Proporção = peixes oleosos de águas frias e profundas) O DHA se associou com elevação do LDL-c, e o mesmo resultado foi observado com a suplementação com óleo de peixe. 1º Cavala •de 1,8 a 5,1 2º Arenque •de 1,2 a 3,1 3º Sardinha •de 1,5 a 2,5 (1,7) 4º Salmão •de 1 a 1,4 5º Atum ou truta •de 0,5 a 0,6 6º Bacalhau •de 0,2 a 0,3 • Evita formação de trombos • Anti-inflamatórioEPA • Bom funcionamento do cérebro (as células do cérebro são ricas em DHA)DHA Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Essa elevação do colesterol é provavelmente atribuída à diminuição da expressão do SREBP-2, que regula a síntese do receptor de LDL, induzida de forma dose-dependente pelo DHA Estudos clínicos mostram que a suplementação com 2 a 4g de EPA/DHA ao dia pode: Diminuir os níveis de TG em até 25% a 30% Aumentar discretamente os de HDL-colesterol (1% a 3%) Elevar os de LDL-colesterol em até 5% a 10% (SBC, 2019) O consumo de EPA+DHA parece associado à redução de risco de eventos coronários com maior benefício em populações de maior risco (SBC, 2021) ω3: EPA e DHA Diminui a síntese de tromboxane Diminui TG por diminuir a síntese hepática de VLDL e a síntese de apoB-100 e ↑ de seu catabolismo Pode acelerar o catabolismo dos QM por estimular a atividade da lipase lipoproteica Pode ter propriedade antitrombótica e anti-inflamatória É possível que torne a placa de aterosclerose mais estável I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Uma das razões pelas quais os ácidos graxos POLI reduzem a trigliceridemia está relacionada com sua capacidade de reduzir a expressão e a atividade de SREBP1 (envolvida na lipogênese e síntese de TG) Em modelos animais e in vitro, tanto EPA quanto DHA diminuem SREBP1, reduzindo a expressão de enzimas lipogênicas A suplementação com EPA ou DHA pode reduzir TG, possivelmente em razão do aumento da atividade da lipoproteína lipase Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Óleo de krill Fonte de ω3 (EPA e DHA), um crustáceo da Antártida semelhante ao camarão, com maior disponibilidade de ω3 (2:1). Encontrado nos mares do Sul. Por ser hidrossolúvel o óleo de krill apresenta melhor digestibilidade, minimizando o odor residual de peixe Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose, 2017 Vale ressaltar que o krill não tem risco de contaminação por mercúrio Estudo realizado com indivíduos com valores limítrofes ou elevados de TG que receberam óleo de krill de 1,0 a 4,0 g ao dia, por 6 semanas, mostrou redução de 18,6 a 19,9 mg/dL, enquanto com 0,5 g, a redução foi de 13,3 mg/dL SBC, 2017; SBC, 2021 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Embora exista consenso de que o consumo regular de peixes ricos em ácidos graxos ω3 deva fazer parte de uma dieta saudável, ainda não há recomendação segura para a suplementação de cápsulas de óleo de peixe. Isso se deve ao fato de o assunto ainda estar cercado por controvérsias, fomentadas por resultados conflitantes de estudos clínicos ω3 É importante enfatizar que, ao analisar o efeito dos ácidos graxos ω3 sobre a colesterolemia, deve-se considerar o tipo de comparação feita no estudo, uma vez que os INSAT, quando utilizados em substituição a dietas ricas em SAT, promovem efeitos benéficos; por outro lado, a suplementaçãomostra resultados distintos Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 ω3: Alfa-linolênico Fontes: óleo de soja, canola, linhaça CANOLA: CANadian Oil Low Acid (Óleo Canadense, com baixos níveis de Acidez) Planta Colza → ácido erúcico LINHAÇA: Comprar linhaça bruta e nunca triturada Após triturar, refrigerar ou congelar em frasco plástico opaco Óleo de linhaça em frasco tipo âmbar, vedados, em geladeira I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Resultados de uma revisão sistemática mostraram dados inconsistentes do efeito de ALA sobre o colesterol plasmático Metanálise de estudos randomizados não observou influência significativa da suplementação com ALA sobre CT e LDL-c, tendo efeito mínimo sobre o HDL-c (redução de 0,4 mg/dL) Em humanos, resultados de revisão sistemática demonstraram que o efeito redutor no TG se deve ao consumo de grandes quantidades de óleo de linhaça Metanálise de 14 ensaios randomizados e controlados não observou influência significativa da suplementação com ALA sobre as concentrações plasmáticas de TG Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Alguns estudos relacionam com menor risco de DM e redução da glicemia em diabéticos Linhaça melhorou sensibilidade a insulina em estudo Estudos mostram redução da inflamação I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Ácidos Graxos Poliinsaturados ω6 Classificam-se em: Linoleico (18:2), essencial, cujas principais fontes são óleos (girassol, milho e soja), nozes e castanha-do-pará Ácido araquidônico (20:4), obtido a partir da conversão endógena do ácido linoleico Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Reduzem a hipercolesterolemia O SEU MAIOR EFEITO É AUMENTAR O NÚMERO DE RECEPTORES DE LDL I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 ω6: Reduz LDL. Elevadas quantidades podem reduzir pouco o HDL (SBC, 2013) Os ácidos graxos linoleicos (ω6) e linolênico (ω3) são considerados essenciais aos seres humanos, sendo necessária sua aquisição por meio da alimentação. No entanto, de acordo com Dietary Reference Intakes (DRI), sua suplementação não é necessária, uma vez que a ingestão moderada de óleo de soja ou canola (cerca de 15 mL/dia – 1 CS) garante o consumo adequado Evidências não são suficientes para se propor suplementação de ω6 na prevenção cardiovascular primária e secundária Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Ácidos Graxos Monoinsaturados ω9 Ácido Oleico + comum (90%) (maior concentração: oliva e canola) Possui 1 dupla ligação e reduz os níveis de LDL-c e são menos oxidadas que ω3 e ω6 Fontes: azeite de oliva, óleo de canola, frutos secos, tais como: macadâmia (59%), avelã (46%), amendoim (41%), amêndoas (31%), castanha-de-caju (27%) e pistache (24%). Outro óleo rico em MONO é o high oleic acid, o qual vem sendo utilizado em alguns países e pode ser preparado a partir de óleos de girassol, canola ou soja Produtos cárneos também são considerados fontes importantes de MONO (40% e 50% da composição de alimentos como carne de boi, frango e porco) (cuidado com a gordura saturada) Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Mufas podem melhorar resistência à insulina Redução de SFA e aumento de Mufas podem reduzir PA se a gordura total consumida não for excessiva Dieta do mediterrâneo – efeito positivo sobre PA Porém ainda há limitações para recomendação para prevenir DM e HAS pela falta de estudos randomizados e controlados em longo prazo I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório AG monoinsaturados (MUFAS) Melhora função endotelial e adesão monocitária, reduz marcadores inflamatórios e agregação plaquetária Azeite de oliva – proteção contra trombogênese e efeito oxidativo Mufa - reduz risco cardiovascular e mortalidade Menor risco de DAC – efeito hipocolesterolêmico quando substituída SFA por MUFA I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Ácidos Graxos Trans = gordura vegetal hidrogenada (rótulo) A principal fonte de trans na dieta é o ácido elaídico (18:1, n-9t), presente nas gorduras vegetais preparadas a partir da hidrogenação parcial de óleos vegetais, as quais são amplamente utilizadas pela indústria alimentícia Naturalmente em pequenas quantidades em carnes e leite na forma de vacênico (18:1, n-11t), o qual é sintetizado por meio da bio-hidrogenação de gorduras sob ação microbiana em animais ruminantes Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Fontes: óleos e gorduras hidrogenadas, margarina duras e shortenings (sorvetes, chocolates, maioneses, cremes para sobremesa Possuem propriedades físicas, químicas e metabólicas semelhantes às dos SAT I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 Entre os ácidos graxos, o trans apresenta maior efeito aterogênico, por sua robusta ação sobre a colesterolemia Observam-se ações deletérias desses ácidos graxos sobre as concentrações plasmáticas de CT, LDL-c e VLDL-c. Além disso, o trans apresenta efeito adverso adicional por reduzir as concentrações plasmáticas de HDL-c em comparação aos saturados Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 ↑ LDL-c e ↓ HDL-c, ↑ risco de ateroma, DM2, infarto, obesidade, gordura visceral, esteatose hepática (aumenta a lipogênese hepática), hipertrigliceridemia Está relacionada ao aumento da inflamação Disfunção endotelial, com piora da resposta vasodilatadora mediada pelo óxido nítrico I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 AUMENTAM O COLESTEROL Semelhante as gorduras saturadas: Cadeia retilínea de carbono C – C – C – C Se empacotam facilmente nas LDL, deixando mais espaço para o transporte de colesterol Reduzem a expressão gênica dos receptores hepáticos que captam LDL REDUZEM O HDL-C Podem aumentar o catabolismo da Apo A1 (principal ptn do HDL, responsável por parte da retirada de colesterol presente nos macrófagos das placas de ateroma) Por aumento da CETP I Diretriz Sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular, 2013 CETP – ↑ LDL ↓ HDL PROVA – TRANS → EXCLUIR DA DIETA Gordura Zero Trans: INTERESTERIFICAÇÃO ANVISA – Trans < 0,2g por porção. Então não significa isenta de trans Base sólida totalmente hidrogenada + Óleo vegetal Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Para o preparo dessa base sólida, utiliza-se misturas de frações sólidas, como estearina de palma ou ácido láurico encontrado em óleo de coco com a parte líquida, oleína de palma Até o presente momento, não há evidências cientificas que permitam concluir o efeito do processo de interesterificação das gorduras sobre parâmetros metabólicos e de desenvolvimento da aterosclerose e desfecho cardiovascular. Contudo, é importante enfatizar o alto teor de ácidos graxos SAT presentes na gordura interesterificada, utilizada atualmente pela indústria de alimentos. Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Colesterol dietético Eleva o CT e o LDL-c, mas numa menor extensão que os AG saturados A responsividade do colesterol varia grandemente entre os indivíduos, com algumas pessoas sendo: Hiporresponsivas (CT plasmático não aumenta após aumento do colesterol dietético) – FENÓTIPO apo E-2 (menor absorção de colesterol alimentar) Hiperresponsival (ex. tem taxa de conversão a ácido biliar baixa, elevando o LDL) – FENÓTIPO apo E-4 (maior absorção do colesterol alimentar) A maioria da população é hiporresponsiva!75% - 85% da população (SBC, 2012) Silva & Mura, 2016 Ovo O ovo é pobre em ácidos graxos SAT O ovo de galinha (50g) contém proteína de alto valor biológico (7,5g), gordura saturada (1,6g), gordura MONO (1,8g), gordura POLI (0,9g) e cerca de 200mg de colesterol. A gema do ovo é, ainda, rica em colina (147mg), nutriente essencial para o fígado e funções musculares A divergência de resultados de estudos observacionais sugere cautela de consumo especialmente entre portadores de DM2 e indivíduos hiperresponsivos ao colesterol alimentar Por se tratar de um alimento de alta densidade nutritiva e proteica, sugere-se que faça parte da dieta, desde que integrante de um padrão alimentar saudável Nos últimos anos, tem havido intenso questionamento sobre o papel do colesterol alimentar na incidência de complicações ateroscleróticas. Em resposta a isso, a AHA deixou de limitar o consumo de ovos como forma de proteção contra as DCV. Assim, as Diretrizes Dietéticas para Americanos retiraram a recomendação de que se restringisse a ingestão de colesterol a não mais do que 300 mg por dia Entretanto, sugerem que o colesterol da dieta permanece importante e deve ser considerado para elaboração de padrões alimentares saudáveis. Enfatizam ainda que o consumo de colesterol proveniente da dieta deve ser o menor possível, como recomendado pelo Instituto de Medicina O consumo de colesterol na dieta geralmente está associado a aumento do consumo de ácidos graxos SAT, que sabidamente aumentam o LDL-c e o risco de DCV A recomendação foca na limitação de gorduras saturadas em menos de 10% ao dia, que deve ser suficiente para limitar também o colesterol alimentar O consumo de colesterol até 400 mg/dia, proveniente do ovo, não está associado ao aumento das concentrações plasmáticas de triglicérides em indivíduos acima do peso portadores de diabetes ou pré-diabetes Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Em razão destes estudos mais recentes da literatura, as atuais diretrizes internacionais sobre prevenção cardiovascular mostram que: NÃO HÁ EVIDÊNCIAS SUFICIENTES PARA ESTABELECIMENTO DE UM VALOR DE CORTE PARA O CONSUMO DE COLESTEROL Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Fontes alimentares de colesterol: ovos, vísceras, leite integral e derivados, embutidos, frios, pele de aves e frutos do mar N-óxido de Trimetilamina (TMAO) TMAO é um óxido de amina que pode ser tanto encontrado naturalmente na dieta como também metabolizado a partir da colina (abundante em ovos), carnitina (presente na carne vermelha), betaína, fosfatidilcolina. Esses precursores são convertidos em trimetilamina (TMA) no intestino delgado, por bactérias específicas como firmicutes, proteobactérias e actinobactérias presentes na microbiota intestinal TMA é então absorvida e oxidada em TMAO através de reação reversível no fígado, catalisada pela enzima flavina monoxigenase 3 (FMO3) O peixe parece ser a maior fonte alimentar de TMAO. Estudos após ingestão de peixes mostram elevação nas concentrações plasmáticas de TMAO (50 vezes maior), quando comparado com outros alimentos fonte de carnitina ou colina. Entretanto, a excreção urinária de TMAO e dimetilamina (derivado de TMA) após o consumo de peixe é mais elevada em comparação ao consumo de carnes, laticínios, frutas, legumes ou grãos Elevadas concentrações plasmáticas de TMAO foram correlacionadas com maior risco de grandes eventos cardiovasculares, prevalência de DCV, piora do prognóstico e aumento do risco de morte. Por quê? Pode exacerbar a resposta inflamatória da parede vascular e induzir a produção de espécies reativas de oxigênio. Aumentar a expressão de receptores do tipo scavenger, responsáveis pela captação de LDL oxidada, em macrófagos PELO HDL Pode impedir o transporte reverso do colesterol Aumento da atividade plaquetária O consumo crônico de carnes vermelhas aumentou em mais de 3 vezes as concentrações plasmáticas de TMAO, bem como excreção urinária Estudos com consumo de ovos não observaram associação entre o consumo de ovo e aumento de TMAO. Estudo com 50 participantes saudáveis mostrou que o consumo de 2 ovos (400 mg colina) por dia não alterou as concentrações plasmáticas de TMAO Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Outros Fatores Dietéticos Fibras Alimentares Fibras insolúveis: Não tem efeito sobre os níveis de colesterol sérico Fibras solúveis: Diminuem o colesterol sérico (Evitar diverticulite/usar na diverticulose) Se ligam aos ácidos biliares, eliminando nas faz fezes, o que reduz o colesterol sérico para repor o pool de ácidos biliares Os AGCC inibem a síntese de colesterol Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Fontes principais: PSYLIUM: é a + estudada. Orientar consumo fracionado, antes das refeições AVEIA: Farelo de aveia - maiores teores de fibras solúveis (betaglucanas). Sugerem-se 3g de betaglucanas/dia Silva & Mura, 2016; Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Insolúveis – sem efeito no CT Solúveis – ↓ CT Fibras solúveis A ingestão recomendada mínima de fibras por dia é de 25g, a fim de proteger contra DCV e câncer (Grau de Recomendação: I; Nível de Evidência: A), dos quais 6g devem ser de fibras solúveis Carboidratos A OMS passou a recomendar, a partir de 2015, o consumo máximo de 5% do VCT de açucares de adição (sacarose e o xarope de milho, sucos de frutas concentrados, mesmo que não adoçados) Tanto a sacarose quanto os xaropes são constituídos por aproximadamente partes iguais de frutose e glicose, os quais são metabolizados de forma diferente Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Café Os grãos contêm 2 substâncias lipídicas: cahweol e cafestol Usar filtro de papel para reter Álcool Álcool em excesso aumenta lipemia por inibir a LLP, reduzindo a hidrólise de QM Além disso, o produto da metabolização do álcool é a acetil-CoA, principal precursora da síntese de ácidos graxos Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Fitosteróis São encontrados apenas em vegetais e desempenham funções análogas ao colesterol em tecidos animais ↓ Colesterol pela redução da absorção do colesterol alimentar (deslocado para fora das micelas por competição) Não influencia os níveis plasmáticos de HDL e TG Os fitosteróis podem ser administrados incorporados a alimentos ou sob a forma de cápsulas, sendo sua eficácia semelhante. Devem ser ingeridos preferencialmente nas refeições, podendo ou não ser fracionados em várias tomadas, sendo seus efeitos observados a partir de 3 a 4 semanas Pode haver modesta redução nos níveis de vitaminas lipossolúveis (carotenoides), uma condição que pode ser revertida aumentando-se o consumo de vegetais Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Em nosso país, estão disponíveis: Cremes vegetais acrescidos de fitosteróis (2 colheres de sopa/dia) Cápsulas contendo entre 650 a 900 mg por cápsula, (duas a três cápsulas/dia) Quantidades recomendadas para obtenção dos efeitos hipolipemiantes, e estar associado a uma alimentação equilibrada e hábitos de vida saudáveis Antioxidantes Ainda não existe recomendação A ação antioxidante inibe a oxidação das LDL-c, que devem ser oxidadas para serem capturadas pelos macrófagos na parede arterial Azeite de oliva: OLEUROPEÍNA e HIDROXITIROSOL – poderosos antioxidantes, em especial no azeite extra virgem e nas azeitonas (Silva & Mura, 2016) Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Antioxidantes: Flavonóides – Inibe a oxidação do LDL-c e reduzem a agregação plaquetária Os Flavonóides possuemação antioxidante e são encontrados em vinhos, suco de uva, chás (chá verde), condimentos, ervas... Antioxidantes: Vitaminas Vitaminas antioxidantes não devem ser suplementadas Alimentação rica em frutas e vegetais diversificados fornece doses apropriadas de antioxidantes Vitaminas X Homocisteina Vitamina B6 Ácido fólico Vitamina B12 Homocisteina A metionina da dieta é convertida em homocisteina no fígado Se a homocisteina se depara com a enzima cistationa-beta-sintetase e com a vitamina B6, parte dela é aproveitada pelo organismo e o restante acaba eliminada pela urina Se a homocisteina encontra a vitamina B12, o ácido fólico e a enzima MTHFR, ela volta a ser metionina Quando não há boas doses de vitaminas no organismo, a homocisteina fica perdida na circulação. Se ela se juntar ao LDL, o macrófago engole a dupla – o trio se torna uma célula espumosa. “Ela pode ser a origem da placa de gordura ao se depositar na artéria” Vitaminas Para o metabolismo normal da HOMOCISTEINA, é necessária a ingestão adequada de vitamina B6, B12 e ácido fólico A recomendação diária de folato (B9) é de 40mcg, B12 é de 2,4mcg e B6 é de 1,3mg (DRIs) Uma dieta nutricionalmente balanceada, com quantidades de hortaliças, frutas, grãos e carnes magras, supre tais recomendações Vitamina D A SUPLEMENTAÇÃO DE VITAMINA D EM INDIVÍDUOS DEFICIENTES Estudos preliminares sugerem benefício em indivíduos com hipovitaminose, mas não há evidências confirmatórias Atualização da Diretriz de Prevenção Cardiovascular da Sociedade Brasileira de Cardiologia – 2019 Piridoxina – B6 / Ácido pantotênico – B7 Niacina (B3) – Usada como agente farmacológico – Antihiperlipêmico Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Soja Possui 75% da sua composição em proteínas As isoflavonas (50mg) (do grupo fitoquímico dos fitoestrógenos), estariam relacionadas à prevenção da aterosclerose: Pela ação que exercem sobre as concentrações dos lípides plasmáticos Efeitos antioxidantes e antiproliferativos sobre células musculares lisas Efeitos sobre a formação do trombo e na manutenção da reatividade vascular normal Proteína de soja O consumo diário de uma a duas porções de alimentos fonte de proteína de soja, totalizando 15 a 30g de proteína, está associado à: Redução de LDL-c (5%) Redução de TG (11%) Aumento de HDL-c (3%) Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Probióticos Apesar do crescente interesse em investigar o uso de probióticos na colesterolemia, os estudos mostram ausência de seu efeito ou redução muito modesta de concentração plasmática de LDL-c. Entre as cepas (dose usual de 109 UFC) utilizadas que mostraram reduções significativas estão os Lactobacillus acidophilus, uma mistura de L. acidophilus e Bifidobacterium lactis, e Lactobacillus plantarum. Não houve diferenças significativas para HDL-c e TG. A duração do tratamento também pode afetar os resultados. Uma forte associação foi observada quando o estudo teve duração maior que 8 semanas Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Arroz vermelho (Oryza sativa) Tem em sua composição valores variáveis de monacolinas cuja ação inibe a HMGCR (SÍNTESE DE COLESTEROL) de forma semelhante às estatinas. Os estudos não são suficientes para garantir maior tolerância ou segurança nos casos mais graves de Sintomas Musculares Relacionados ao uso Estatinas (SMRE) com a utilização deste fitoterápico em substituição à sinvastatina (Sub. Nefrotóxica) Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Extrato de Alcachofra O extrato de alcachofra contém cynarosideo e seu derivado luteolina, que pode funcionar semelhante a estatinas Evidências preliminares sugerem alguma eficácia A dose recomendada é de 1800mg/dia divididos em 2 - 3 doses Nenhum evento adverso grave foi relatado. Ela pode causar flatulência, e devem ser evitados por aqueles com alergia a ambrósia UMHS Lipid Therapy Guideline, 2014 Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Recomendações dietéticas Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Perder peso 5 - 10% Aspectos Práticos da Intervenção Nutricional Exclusão de trans Adequação do consumo de SAT e, proporcionalmente, maior consumo de gorduras INSAT Incentivo ao consumo de frutas, hortaliças e grãos integrais Alimentos de origem animal – tais como carnes, leite e derivados – contêm naturalmente maior teor de ácidos graxos SAT, enquanto óleos vegetais apresentam elevado teor de INSAT, com exceção do óleo de coco e palma, os quais são ricos em SAT Entre os óleos vegetais, destacam-se os óleos de soja, canola e milho, os quais apresentam boa distribuição de ácidos graxos, sendo que o óleo de soja e canola apresenta vantagem adicional ao milho pelo menor teor de ácidos graxos SAT e maior conteúdo de ALA (ω3), o qual é essencial para humanos e é precursor de EPA e DHA, também encontrados em peixes A orientação nutricional deve capacitar o indivíduo quanto ao conhecimento da composição dos alimentos, especialmente os processados Quanto a forma de preparo dos alimentos Óleos vegetais, fontes de ω3 e ω6, não devem ser substituídos por óleos tropicais, (palma e coco), ou por gorduras de origem animal (banha e manteiga), por serem ricos em SAT e por não fornecerem quantidades adequadas de ácidos graxos essenciais à dieta Esta orientação está alinhada com a última recomendação da AHA para prevenção do risco cardiovascular e com a Diretriz da ESC/EAS, que recomenda o uso ocasional em pequenas quantidades de óleos tropicais Por fim, deve-se ter cautela quanto à recomendação do uso de suplementos alimentares que não tenham o seu benefício comprovado cientificamente Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Posicionamento sobre o Consumo de Gorduras e Saúde Cardiovascular – 2021 Atualização da Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose – 2017 Medidas de controle na hipercolesterolemia Dieta isenta de ácidos graxos trans < 10% do VCT de SAT para indivíduos saudáveis < 7% do VCT de SAT para aqueles que apresentarem risco cardiovascular aumentado Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Como os fatores dietéticos interferem no HDL-c? Forti & Diament, 2006 ALIMENTAÇÃO CARDIOPROTETORA: MANUAL DE ORIENTAÇÕES PARA PROFISSIONAIS DE SAÚDE DA ATENÇÃO BÁSICA, 2018 – MS • ÁCIDOS GRAXOS TRANS (acentuam o catabolismo de apo AI) • ÁCIDOS GRAXOS POLIINSATURADOS ω6 (diminuem a produção de apo AI e aumentam catabolismo do HDL) • CAFÉ (aumenta a atividade da CETP) Fatores dietáticos que diminuem o HDL-c • ÁCIDOS GRAXOS SATURADOS (retardam o clearence de apo AI) • ÁCIDOS GRAXOS ω3 e ω9 (inibem a secreção de VLDL) • ÁLCOOL (aumentam a síntese de apo AI e apo AII) • POLIFENÓIS DO CACAU (diminuem a oxidação lipídica - antioxidantes epicatequinas (Cuppari, 2019), elevam o HDL-c, por mecanismo não esclarecido até o presente) • PERDA DE PESO (a cada diminuição de 3Kg de peso corresponde a elevação de 1mg/dL de HDL-c) Fatores dietáticos que aumentam o HDL-c Fisiopatologia E Dietoterapia Do Aparelho Circulatório Cardiopatia Isquêmica Sem a chegada de nutrientes/oxigênio Ateromas Isquemia – falta de oxigênio causado por perfusão inadequada Causa – mais comum – Doença aterosclerótica das artérias Cuppari, 2018 Manifestações clínicas Isquemia assintomática silenciosa Angina estável crônica Angina instável Infarto agudo do miocárdio Tratamento Revascularização miocárdica: Angioplastia Bypass coronariano (ponte safena) Terapia nutricional Principais objetivos: diminuir a sobrecarga cardíaca, fornecendo uma alimentação saudável, equilibrada
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