Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
GESTÃO AMBIENTAL 1 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA Prezado(a) aluno(a): A Gestão Ambiental visa ordenar as atividades humanas para que estas gerem o menor impacto possível sobre o meio, observando desde a escolha das melhores técnicas até o cumprimento da legislação e a alocação correta de recursos humanos e financeiros. O objetivo do curso é contribuir para que vocês tenham informações e conhecimento básico sobre as questões ambientais, ressaltando que o curso não irá aprofundar em aspectos técnicos e científicos de gestão ambiental, considerando o curto espaço de tempo, a abordagem será superficial. Ederwanda Barbosa Lage Silva1 A proposta para esta disciplina, aqui apresentada, objetiva o desenvolvimento de capacidades (nas esferas dos conhecimentos, das habilidades e das atitudes), visando a participação individual e coletiva na gestão das questões ambientais, do uso dos recursos ambientais e na concepção e aplicação de decisões que afetam a qualidade do meio ambiente, seja ele físico, natural ou construído. Assim, nesta disciplina buscaremos o conhecimento dos princípios básicos que se faz necessário para possibilitar uma reflexão sobre o contexto da questão ambiental. Para alcançar nossos objetivos, esta disciplina está organizada em três dias, com 3 horas/aula/dia conforme relacionado a seguir. 1 Gestora Ambiental (Instituto Vianna Junior), Especialista em Análise Ambiental (UFJF). GESTÃO AMBIENTAL 2 Aula 1 (3 horas/aula) � Conceitos e noções de preservação Aula 2 (3 horas/aula) � Regularização: Licenciamento Ambiental, Autorização para o uso de Recursos Hídricos e Intervenções em Águas de Minas Gerais, Área de Preservação Permanente. � Controle Ambiental: produtos perigosos, resíduos sólidos, efluentes atmosféricos e líquidos. Aula 3 (3 horas/aula) � Legislação. � Fiscalização. GESTÃO AMBIENTAL 3 Iniciando a Nota de Aula... Primeiramente vamos apresentar alguns conceitos com o objetivo de informar e subsidiar nossa troca de ideias ... • Antrópico � relativo ao ser humano. Quando se refere a “meio antrópico” queremos dizer tudo que diz respeito ao homem, ou seja, os fatores sociais, econômicos e culturais, em interação com o ambiente em que ele vive. • Biodegradável � Diz-se da substância que se decompõe facilmente reintegrando-se à natureza. Dejetos humanos são biodegradáveis, pois sofrem este processo natural de reintegração. Muitos produtos industriais não o são, como os plásticos. • Biodigestores � Processo de decomposição do lixo orgânico por microorganismos, transformando-o em produtos combustíveis, como gás metano (CH4). • Biodiversidade � Diversidade de espécies vivas: animais vertebrados e invertebrados, plantas, fungos, algas e microorganismos. Por estimativas conservadoras, haveria de 5 a 10 milhões de espécies no mundo; outras fontes indicam 30 milhões. Mas só uma pequena parte foi descrita pela Ciência. • Conservação � permite o uso sustentável e assume um significado de integração com o ser humano. • Contaminação � resultado do contato de organismos, geralmente o ser humano, com substâncias nocivas à saúde, tais como substancias tóxicas ou radioativas ou organismos patogênicos. • Degradação � Alteração adversa das características do meio ambiente. • Desenvolvimento Sustentável � satisfação das necessidades básicas e aspirações do bem-estar da população, sem comprometer a possibilidade das gerações futuras de estabelecer suas próprias necessidades e aspirações. • Deterioração � Ação ou efeito de deteriorar. Por em mau estado, danificar, estragar, arruinar. • Gestão Ambiental � é a administração do exercício de atividades econômicas e sociais de forma a utilizar de maneira racional os recursos naturais, renováveis ou não. É a GESTÃO AMBIENTAL 4 condução, direcionamento e orientação das atividades humanas visando o desenvolvimento sustentável. • Impacto Ambiental � “Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante da atividade humana.” (Resolução CONAMA nº 001, 23 de janeiro de 1986) • Lixo � qualquer tipo de resíduo sólido produzido e descartado pela atividade humana doméstica, social e industrial. Os resíduos sólidos são classificados de acordo com sua origem e composição, o que permite a escolha mais adequada para a sua destinação final. • Meio Ambiente � “Conjunto de condições, leis, influências e interações de ordem física, química, biológica, social, cultural e urbanística, que permite, abriga e rege a vida em todas as suas formas”. (CONAMA N°306/2002) � “Circunvizinhança em que uma organização opera, incluindo-se ar, água, solo, recursos naturais, flora, fauna, seres humanos e suas inter-relações.” (ISO 14001) • Poluição � efeito acarretado pelo procedimento humano de lançar na natureza, resíduos, dejetos ou qualquer outro material que altere as condições naturais do ambiente, contaminando ou deteriorando a fonte natural de recursos: ar, terra e água, sendo prejudicial ao próprio homem ou a qualquer ser vivo. Os tipos de poluição são, em geral, classificados em relação ao componente ambiental afetado (poluição do ar, da água, do solo), pela natureza do poluente lançado (poluição química, térmica, sonora, radioativa, etc.) ou pelo tipo de atividade poluidora (poluição industrial, agrícola, comercial, etc.). �Poluição da água É o lançamento e a acumulação nas águas dos mares, dos rios, dos lagos e demais corpos d’água, superficiais ou subterrâneos, de substâncias químicas ou biológicas que afetem diretamente as características naturais da água e a vida ou que venham a lhes causar efeitos adversos secundários. Ocorrências: despejos de esgotos sanitários diretos em córregos, rios, mares, etc.; uso de agrotóxicos que são transportados pela água para os corpos d’água, tanto superficiais como subterrâneos; despejos sem tratamento das indústrias químicas, que liberam poluentes orgânicos, chorume (líquido) produzido nos lixões que vão para os corpos d’água, inclusive subterrâneos; pilhas e baterias dispostos inadequadamente, etc... GESTÃO AMBIENTAL 5 �Poluição do ar É a acumulação de qualquer substância ou forma de energia no ar, em concentrações suficientes para produzir efeitos mensuráveis no homem, nos animais, nas plantas ou em qualquer equipamento ou material, em forma de particulados (partículas sólidas ou líquidas menores que um mícron de diâmetro), gases, gotículas ou qualquer e suas combinações. É provocada por: veículos automotores que emitem gases como monóxido e o dióxido de carbono, o óxido de nitrogênio, o dióxido de enxofre e os hidrocarbonetos; indústrias químicas, siderúrgicas, fábricas de papel, cimento, refinarias de petróleo que emitem óxidos sulfúricos, óxidos nitrogenados, hidrocarbonetos, enxofre, diversos resíduos sólidos e metais pesados; aerossóis e aparelhos que libera clorofluorcarbonos (CFC); queimadas para preparação de terras para agricultura ou pastos; fumaça produzida pela queima de madeira nas padarias e nas olarias; etc. ... �Poluição do solo É a contaminação do solo por qualquer um dos inúmeros poluentes derivados da agricultura, da mineração, das atividades urbanas e industriais, dos dejetos animais, etc. Acontece quando: na agricultura são utilizados agrotóxicos e excesso de fertilizantes; os resíduos sólidos são colocados em lixões; os óleos usados nos postos de abastecimento de combustíveis são dispostos inadequadamente; o chorume (líquido) produzido nos lixões penetra no solo; os metais pesados das pilhas e baterias se acumulam no solo; etc ... �Poluição sonora É a introdução, pelo homem, direta ou indiretamente de energia no meio ambiente,que resulte em efeitos deletérios de tal natureza, pondo em risco a saúde humana, afetem os recursos bióticos e os ecossistemas. É ocasionada por: excesso de trânsito nas vias principais dos centros urbanos; indústrias que não usam tecnologias limpas; serviços de alto falantes; festas em geral que tenha som; deslocamento de avião de propulsão a jato; etc ... �Poluição visual É o excesso de informações em cartazes de rua, propagandas, letreiros, grafites e muros, e até mesmo as roupas com cores vibrantes e as camisetas com estampas exageradas. É observada quando: existe excesso de sinais de trânsito; existir muitas informações e cartaz de propaganda e excesso dos mesmos; prédios, muros e monumentos grafitados; os transportes coletivos (ônibus) são multicoloridos; ocorrer excesso de letreiros luminosos. GESTÃO AMBIENTAL 6 • Preservação � Foca a natureza sem a interferência humana, ou seja, compreende a proteção do meio ambiente independentemente do interesse utilitário e do valor econômico que possa conter. • Recursos Naturais � são "insumos", ou seja, matérias-primas, fontes de energia, retirados ou disponíveis no meio ambiente para as atividades econômicas humanas. Classificados em: Renováveis e Não Renováveis. • Recursos Naturais Renováveis � que podem se regenerar, se o uso for bem controlado (solo, vegetação, vida animal) ou que não implicam reposição (energia solar, ventos). • Recursos Naturais Não Renováveis � que tendem a se esgotar, pois a Natureza não tem capacidade de renovar seus estoques, como é o caso de fontes de energia tradicionais. Exemplo: petróleo, gás natural, ou carvão mineral. • Resíduo � material remanescente de algum processo e que pode ter valor intrínseco, podendo ser passível de uso para o próprio gerador ou não, com ou sem tratamento. Os resíduos são classificados em função de suas propriedades físicas, químicas ou infectocontagiosas, e com base na identificação de contaminantes presentes em sua massa. A definição de resíduo compreende um único tipo de resíduo, ou a mistura de vários. Agora vamos contextualizar ... Tente imaginar a sociedade artesanal ... no período pré-industrial ... As comunidades eram auto sustentáveis, produziam seus próprios utensílios e alimentos, atendiam suas necessidades de maneira harmoniosa com a natureza. Os artesãos produziam exatamente o que o consumidor precisava, um item de cada vez ... A exploração dos recursos naturais se dava de modo pouco impactante, tanto pela demanda pequena como pela singela capacidade de intervenção do homem (limitações de tecnologia, ferramentas, etc). Os resíduos eram basicamente aparas de madeira, argila, materiais orgânicos, minerais ... substâncias que a natureza pode decompor com facilidade. Não havia tanta preocupação em alcançar altos níveis de produção para atender demandas comerciais, apenas se buscava suprir as necessidades da comunidade. Mas as fronteiras foram se expandindo, o comércio ganhando espaço, vencendo distâncias na terra e nos oceanos, novos continentes foram descobertos, a população foi crescendo, as Grandes Navegações trouxeram uma nova visão de mundo ... novos mercados ... novos hábitos ... GESTÃO AMBIENTAL 7 Deste modo, o homem vem, desde os tempos mais remotos, modificando o meio ambiente de forma a adaptá-lo no intuito de atender suas necessidades fisiológicas, sociais e econômicas. Esta interferência se dá de diversas formas, como pela extração e exploração de recursos naturais, modificação do meio para ocupação antrópica, e pelo despejo de resíduos resultantes das atividades humanas. A Revolução Industrial do século XIX pode ser apontada como marco importante na intensificação dos problemas ambientais ... Era notória a deterioração do ambiente urbano com a contaminação do ar, a disseminação de enfermidades, as péssimas condições de vida dos trabalhadores. O uso crescente do carvão para fins industriais e domésticos gerava os chamados “odores fétidos”. O carvão queimado na época continha o dobro do enxofre do usado hoje em dia2. Por consequência, o desenvolvimento econômico e industrial introduziu novos padrões de consumo, intensificando a exploração dos recursos naturais para atender à produção crescente, assim como novos e assustadores níveis de geração de resíduos, que surgiram em quantidades excessivamente maiores que a capacidade de absorção da natureza e de maneira que ela não é capaz de reciclar. Com a Revolução Industrial veio a Produção em Massa. Mas uma Produção em Massa necessitava de um “Consumo de Massa”. No início, os artesãos produziam bens para atender as necessidades das pessoas. Ou seja, a produção deveria atender à demanda. Mas, neste novo cenário, as pessoas descobrem outras “necessidades”. Com o desenvolvimento industrial, a eficiência produtiva gerou uma imensa quantidade de produtos que precisavam ser consumidos (vendidos), então era necessário criar uma demanda, incentivar as pessoas a comprarem, consumirem, ou seja, criar “necessidades”... Desse modo, a demanda é que deveria atender à produção. Todavia, as pessoas continuavam a ver o meio ambiente como na era artesanal: para quê se preocupar? Existem tantos recursos disponíveis! Tantas áreas a serem exploradas! Tanta água! Tantas florestas... A urbanização acelerada também tem sido fator preocupante no que se refere à degradação do ambiente, agravada pelo processo de adaptação do ambiente natural, com a escala de aglomeração e concentração populacional. Quanto maior for essa escala, maiores serão as adaptações e transformações do ambiente natural, maiores serão a diversidade e a 2 LEFF, 2003. GESTÃO AMBIENTAL 8 velocidade de recursos extraídos, maiores serão a quantidade e a diversidade dos resíduos gerados e menor será a velocidade de reposição desses recursos3. As áreas urbanas são extremamente dependentes das áreas verdes circunvizinhas, que funcionam como ambientes de entrada e saída do sistema, fornecendo energia e materiais que depuraram as emissões, limpando o ar. Todavia, contraditoriamente, quanto mais as áreas urbanas crescem, diminui e disponibilidade de áreas naturais e aumenta a necessidade destes ambientes para a sustentação das cidades, embora muitos ainda acreditam que basta a tecnologia para suprir todas as necessidades e solucionar os problemas ambientais contemporâneos. Isso mostra como os limites da natureza são pressionados pelo crescimento e desenvolvimento urbano-industrial. Outro fato a ser considerado é que o lixo gerado pela população cada vez mais está composto por restos de embalagens e de produtos industriais. Você sabe o quanto de lixo cada pessoa gera, desde o nascimento até o fim de sua vida, na velhice...? Aproximadamente vinte e cinco toneladas de lixo. A intensificação da industrialização, a explosão demográfica, a produção e o consumo desmedido, a urbanização e a modernização agrícola são alguns aspectos da evolução histórica das sociedades humanas que geraram desenvolvimento econômico, mas que resultaram numa degradação ambiental desenfreada4. O aumento da escala de produção tem sido um importante fator que estimula a exploração dos recursos naturais e eleva a quantidade de resíduos. Recursos naturais e economia interagem de modo bastante evidente, uma vez que algo é recurso na medida em que sua exploração é economicamente viável5. E assim, a sociedade moderna foi forjada em um ideal mecanicista, movida por uma economia caracterizada pelas leis cegas do mercado. Nessa nova organização, a busca pelo lucro e a razão instrumental são sobrepostas às leis da natureza, assolando também as questões culturais, dizimando o sentimento de humanidade e, desse modo, desembocando na CRISE AMBIENTAL6. 3 PHILIPPI JR., et al, 2006.4 UFRGS, 2002. 5 LEFF, 2003. 6Ibid. GESTÃO AMBIENTAL 9 Texto para nossas reflexões... O Drama da Ilha de Páscoa Esta é uma história muito conhecida e utilizada para se refletir sobre sustentabilidade. O texto foi extraído do livro: “O bom negócio da sustentabilidade”, de Fernando Almeida, (Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002), páginas 69 e 70. A história dos homens que construíram as famosas estátuas gigantes da ilha de Páscoa é um dos mais dramáticos exemplos de como a dilapidação do capital ambiental pode extinguir uma sociedade humana, segundo o historiador britânico Clive Ponting, a cujo livro A Green History of the World se deve o relato que se segue. Quando os primeiros europeus chegaram à ilha, em 1722, encontraram uma terra árida, completamente desprovida de vegetação, ocupada por cerca de três mil nativos. Espalhadas pela ilha jaziam mais de seiscentas estátuas esculpidas em pedra, com seis metros de altura em média e algumas dezenas de toneladas de peso. Os habitantes, uma gente primitiva que vivia em cavernas, diziam que as esculturas, evidentemente feitas de material retirado de uma pedreira no interior da ilha, tinham chegado ali “caminhando”. Que não eram eles os responsáveis pela obra era óbvio: esquálidos e rudes, não poderiam ter executado tarefas complexas com as requeridas para esculpir, transportar e instalar as estátuas. Estavam mais ocupados em matar-se uns aos outros na disputa pelos escassos alimentos cultivados na ilha. Vez por outra, recorriam até ao canibalismo. A população decrescia a tal ponto que em 1877 navios peruanos levaram para o continente, como escravos, o que restava de nativos adultos, deixando na ilha apenas 110 crianças e velhos. As esculturas gigantes eram, sem dúvida, os vestígios de uma sociedade avançada que tinham florescido na inóspita ilha de 380km², perdida no meio do oceano Pacífico, a duas mil milhas da costa do Chile. Sem uma explicação lógica para o modo como foram transportadas e o que teria acontecido com os homens que as construíram, os europeus deram asas à imaginação. Nos séculos seguintes, muitas foram as hipóteses levantadas para explicar o mistério da ilha de páscoa, a mais saborosa das quais atribuía o feito a extraterrestres. A civilização que nasceu e morreu na ilha de Páscoa começou a ser construída quando algumas dezenas de polinésios, originários do sudoeste da Ásia, ali chegaram no século V da Era Cristã. Ao longo de mil anos, esses colonizadores formaram uma sociedade que criava galinhas e plantava batata-doce - os únicos cultivos que deram certo na ilha - e se GESTÃO AMBIENTAL 10 dividia em clãs. Os chefes dos clãs organizavam as atividades, distribuíam a comida e os bens, comandavam elaboradas cerimônias e rituais, e competiam por prestígio e poder. Cada clã tinha o seu “ahu”, uma plataforma adornada com as estátuas gigantes, onde eram realizadas as cerimônias. Quanto maiores e mais numerosas as estátuas do “ahu”, mais alto o status do clã. Em 1550, havia centenas “ahus” e a população tinha atingido o pico: Sete mil habitantes. Sem animais de tração, os homens transportavam as estátuas esculpidas na pedreira de Rano Raraku fazendo-as deslizar sobre troncos de árvores. E aí esta a chave para o mistério do destino trágico daquela gente. No século XVIII, quando os europeus chegaram, já não havia árvores na ilha. Ao longo de um milênio, tinham sido utilizadas para a construção de casas e canoas, para aquecer e cozinhar; e sobretudo, para mover as estátuas gigantes. Análises de pólen feitas no século XX confirmaram que no início da ocupação humana na ilha era coberta de densa vegetação. Com a escassez de madeira, começou o declínio e o retorno a condições primitivas de vida. Sem poder construir casas, muitos foram morar em cavernas. Depois, já não era possível fazer canoas, apenas botes de junco, imprestáveis para as viagens mais longas. A pesca ficou mais difícil. A falta de cobertura vegetal resultou em erosão do solo e colheitas decrescentes. O historiador Clive Ponting lembra que, certamente, os habitantes da ilha de Páscoa podiam perceber que sua existência dependia dos recursos limitados de uma pequena ilha. E com certeza notavam o desaparecimento progressivo de suas florestas. Mas foram incapazes de encontrar uma forma de viver em equilíbrio com seu meio ambiente. Escreveu ele: Na verdade, no momento mesmo em que as limitações da ilha devem ter ficado mais evidentes, a competição entre os clãs pela madeira disponível parece ter se intensificado, com mais e mais estátuas sendo esculpidas e transportadas, numa tentativa de assegurar prestígio e status. Tanto que, ainda hoje, é possível observar estátuas inacabadas perto da pedreira. Parece que os que trabalhavam nelas nem se deram conta de que quão poucas árvores restavam na ilha. Assim como Páscoa em seu auge, a Terra é uma ilha isolada na vastidão do espaço, e não há nenhum outro planeta adequado para onde migrar. Da mesma forma que na ilha do Pacífico, nossa população e o consumo de recursos está crescendo exponencialmente, porém nossos recursos são finitos. Será que os humanos da Terra reviverão em maior escala a tragédia ocorrida na Ilha de Páscoa ou será que aprenderemos a viver de modo mais sustentável neste planeta que é nosso único lar? Fonte: MILLER, 2008. Ciência Ambiental, p. 18. GESTÃO AMBIENTAL 11 Antes de prosseguir, vamos assistir ao vídeo “História das coisas” Esta atividade não será pontuada, pois se trata apenas de um instrumento didático. Sugerimos que você não deixe de cumprir as atividades propostas, pois essas são importantes para a compreensão do nosso estudo. Agora que você leu o texto e assistiu ao vídeo vamos trocar ideias sobre a questão colocada por Miller: “Será que os humanos da Terra reviverão em maior escala a tragédia ocorrida na Ilha de Páscoa ou será que aprenderemos a viver de modo mais sustentável neste planeta que é nosso único lar?” Compare as necessidades dos antigos moradores da Ilha de Páscoa com as atuais necessidades da nossa civilização apresentada no vídeo “A história das coisas”. Quais as diferenças/semelhanças entre as necessidades? As consequências serão semelhantes? Dica 01 ... Agora, antes de seguir a diante, vamos fazer uma atividade... ... vamos às reflexões ... trocar idéias ... HISTÓRIA DAS COISAS “História das Coisas” é um vídeo que nos mostra o processo da extração e produção até a venda, consumo e descarte, de produtos que utilizamos em nosso dia a dia, e que afetam comunidades em diversos países, a maior parte delas longe de nossos olhos.” Com duração de aproximadamente 20 minutos, o vídeo revela as conexões entre diversos problemas ambientais e sociais, e é um alerta pela urgência em repensarmos um mundo mais sustentável e justo. Endereço eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=QCoQgRuu050 GESTÃO AMBIENTAL 12 Na sequência ... AULA 02 ... REGULARIZAÇÃO: LICENCIAMENTO AMBIENTAL, AUTORIZAÇÃO PARA O USO DE RECURSOS HÍDRICOS E INTERVENÇÕES EM ÁGUAS DE MINAS GERAIS, ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE. CONTROLE AMBIENTAL: PRODUTOS PERIGOSOS, RESÍDUOS SÓLIDOS, EFLUENTES ATMOSFÉRICOS E LÍQUIDOS. LICENCIAMENTO AMBIENTAL: • Lei nº. 6.938/81 instituiu a Política Nacional do Meio Ambiente � Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA: estabelecimento de padrões que tornem possível o desenvolvimento sustentável, através de mecanismos e instrumentos capazes de conferir ao meio ambiente uma maior proteção. � Articulação União/Estados/Municípios, e ainda, sociedade civil organizada; � Instituiu diversos instrumentos de gerenciamento, dentre eles: o “licenciamento e a revisão de atividades efetiva ou potencialmente poluidoras” (art. 9º - IV); � É um sistema dinâmico, em constante evolução.� Quanto aos municípios: � 22,2% dos municípios brasileiros possuem Conselho Municipal de Meio Ambiente, correspondente a 47,6% da população brasileira (Região Sul e Sudeste, principalmente); � 6,6% possuem Fundo Municipal de Meio Ambiente; � 13,5% possuem Legislação Ambiental Municipal; Municípios que possuem, simultaneamente, Conselho Municipal de Meio Ambiente ativo, Fundo Municipal de Meio Ambiente e Legislação Ambiental, correspondem a 2,2%. Juiz de Fora se enquadra nestes 2,2%!!!! GESTÃO AMBIENTAL 13 • O que é Licenciamento Ambiental? � Instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente instituído pela Lei nº. 6938/1981, com a finalidade de promover o controle prévio à construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores. � É uma obrigação legal, prévia à instalação de qualquer empreendimento ou atividade potencialmente poluidora ou degradadora do meio ambiente. � É um procedimento administrativo. • Quais atividades devem ser licenciadas? � Resolução Conama nº. 237/1997; � Deliberação Normativa COPAM nº. 74/2004 (Minas Gerais); • Qual a importância da Licença Ambiental? � Requisito legal; � Instituições de financiamento; � Mercado (não como diferencial, mas pré-requisito). • Órgãos licenciadores: � Federal: IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais); � Estadual: COPAM (Conselho Estadual de Política Ambiental); � Municipal: COMDEMA (Conselho Municipal de meio Ambiente). A Resolução CONAMA 237/97 - Art. 7º. determina que o licenciamento deve ser solicitado em uma única esfera de ação. • Tipos de licença ambiental � Licença Prévia (LP): � Avalia a concepção, tecnologia e localização do empreendimento; � Análise do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental (EIA/RIMA); GESTÃO AMBIENTAL 14 � Define requisitos para implantação; � Evita investimentos desnecessários em projetos, ou pelo indeferimento ou pelos requisitos impostos. � Licença de Instalação (LI): � Apresentação, análise e aprovação dos projetos executivos para implantação da obra, e do Plano de Controle Ambiental; � Autoriza a implantação do empreendimento; � Qualquer alteração no projeto durante a obra deverá ser comunicada/solicitado parecer previamente ao órgão licenciador. � Licença de Operação (LO): � Verificação da implantação e eficácia das medidas de controle e demais condicionantes da LI, bem como da conformidade com o projeto aprovado; � Autoriza o funcionamento do empreendimento; � Definirá restrições ou condicionantes; � Qualquer alteração durante a operação (ampliação da capacidade, nº. funcionários, instalações, etc.) deve ser comunicada previamente ao órgão ambiental. � Licença de Instalação e de Operação em caráter corretivo7: � O empreendimento ou atividade instalado, em instalação ou em operação, sem a licença ambiental pertinente, deverá regulariza-se obtendo LI ou LO, em caráter corretivo, mediante a comprovação de viabilidade ambiental do empreendimento. � A continuidade da instalação ou do funcionamento de empreendimento ou atividade concomitantemente com o trâmite do processo de Licenciamento Ambiental, dependerá de assinatura de Termo de Ajustamento de Conduta com o órgão ambiental, com previsão de condições e prazos para instalação e funcionamento do empreendimento ou atividade até a sua regularização. 7 Decreto nº. 44.844, de 25 de junho de 2008. GESTÃO AMBIENTAL 15 � A possibilidade de concessão de LI e de LO, em caráter corretivo, não desobriga os empreendimentos e atividades considerados efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os que possam causar degradação ambiental, de obterem o prévio licenciamento ambiental, nem impede a aplicação de penalidades pela instalação ou operação sem a licença competente, exceto nos casos e condições previstas no § 2º do art. 9º (atividades industriais, de extração mineral, de exploração agrossilvipastoril e de disposição final de esgoto sanitário e de resíduos sólidos urbanos) e no caput do art. 15 (empreendimentos ou atividades ambientais e hídricas, anteriores a publicação do Decreto). • Estudos Ambientais � Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e Relatório de Impacto Ambiental (RIMA); O Estudo de Impacto Ambiental – EIA é um estudo detalhado destinado a identificar e avaliar todas as alterações que determinada atividade poderá causar ao meio ambiente. Deve ser elaborado apenas para as atividades capazes de provocar impactos significativos. O Relatório de Impacto Ambiental-RIMA reflete as conclusões do EIA e deve ser apresentado de forma clara e objetiva. � Relatório de Controle Ambiental (RCA); O Relatório de Controle Ambiental – RCA é exigido pela Resolução CONAMA nº. 010/90, na hipótese de dispensa do EIA/RIMA para a obtenção da Licença Prévia de atividades de extração mineral da classe II. Deve ser elaborado de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo órgão ambiental competente. O RCA tem sido exigido por alguns órgãos de meio ambiente também para o licenciamento de outros tipos de atividade. � Plano de Controle Ambiental (PCA); O plano de Controle Ambiental – PCA é exigido pela Resolução CONAMA nº. 009/90 para a concessão da Licença de Instalação de atividade de extração mineral de todas as classes. O PCA é uma exigência adicional ao EIA/RIMA, apresentado na fase anterior à concessão da Licença Prévia. No entanto, o Plano de Controle Ambiental tem sido exigido, também, para o licenciamento e outros tipos de atividades. GESTÃO AMBIENTAL 16 � Plano de Recuperação de Áreas Degradadas (PRAD); O Plano de Recuperação de Áreas Degradadas – PRAD foi concebido para a recomposição de áreas degradadas pela atividade de exploração de recursos minerais. No entanto, tem sido utilizado para os diversos tipos de empreendimentos, e geralmente, é previsto no escopo dos Estudos Ambientais. � Plano Técnico de Recomposição da Flora (PTRF): Tem como objetivo a recomposição da flora considerando as características bióticas e abióticas da área, em especial as características florísticas e a fisionomia regional. É solicitado pelo órgão ambiental quando o empreendimento gera intervenções ou causa danos sobre a vegetação. � Relatório Ambiental Simplificado – RAS; São estudos relativos aos aspectos ambientais relacionados à localização, instalação e operação de novos empreendimentos, que conterá, dentre outras, as informações relativas ao diagnóstico ambiental da região de inserção do empreendimento, sua caracterização, a identificação dos impactos ambientais e das medidas de controle, de mitigação e de compensação. • Prazos de análise de processo � Resolução Conama nº. 237/1997, Art. 14, o órgão ambiental tem prazo de 6 (seis) meses ou 12 meses quando houver EIA/RIMA; � Quando o órgão licenciador faz uma solicitação de Informações Complementares a contagem de tempo é suspensa – o empreendedor tem 4 (quatro) meses para atender. • Validade das Licenças � Resolução Conama 237/97, Art. 18: � LP: não superior a 5 (cinco) anos; � LI: não superior a 6 (seis) anos; � LO: mínimo - 4 (quatro) anos; máximo - 10 (dez) anos; GESTÃO AMBIENTAL 17 � Minas Gerais ⇒ DN COPAM nº. 17/96, alterada pela DN COPAM nº. 23/97: Prazos diferenciados de 8, 6 e 4 anos, conforme o porte e o potencial poluidor do empreendimento. • Licenciamento Ambiental Estadual • Licenciamento Ambiental Municipal Quadro resumo do licenciamento ambiental em MG e em Juiz de Fora: Como em Juiz de Fora não existe o procedimento de AAF, os estudos e exigências para as classes de 1 à 4 serão os mesmos: LP – RCA;LI – PCA; LO – implantação das medidas do PCA; determinação das condicionantes da LO. GESTÃO AMBIENTAL 18 AUTORIZAÇÃO PARA O USO DE RECURSOS HÍDRICOS E INTERVENÇÕES EM ÁGUAS DE MINAS GERAIS • Sistema Nacional de Gerenciamento dos Recursos Hídricos; � Instituído pela Lei Federal 9433/97; � Principais Atribuições: � Conselhos - subsidiar a formulação da Política de Recursos Hídricos e dirimir conflitos. � MMA/SRHU Secretaria de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano - formular a Política Nacional de Recursos Hídricos e subsidiar a formulação do Orçamento da União. � ANA - implementar o Sistema Nacional de Recursos Hídricos, outorgar e fiscalizar o uso de recursos hídricos de domínio da União. � Órgão Estadual - outorgar e fiscalizar o uso de recursos hídricos de domínio do Estado. � Comitê de Bacia - decidir sobre o Plano de Recursos Hídricos (quando, quanto e para quê cobrar pelo uso de recursos hídricos). � Agência de Água - escritório técnico do comitê de Bacia. • Outorga A Outorga de Direito de Uso da Água é um instrumento legal que assegura ao usuário o direito de utilizar os recursos hídricos superficiais ou subterrâneos (Art. 20, CF). É um instrumento que garante o controle quantitativo e qualitativo do uso da água, especificando o local, a fonte de captação, a finalidade do uso e as condições de utilização. A outorga deve ser solicitada antes da implantação de qualquer empreendimento cujo uso da água venha a alterar o regime, a quantidade ou a qualidade das águas de rios, ribeirões, córregos e lagos. Inclui-se na exigência, além das captações, acumulações e desvios, também o lançamento de efluentes (resíduos provenientes de indústrias ou residências). � A outorga não dá ao usuário a propriedade de água, mas o simples direito de seu uso. � Pode ser suspensa, parcial ou totalmente, em casos extremos de escassez, de não cumprimento dos termos da outorga e outros caso previstos por lei. GESTÃO AMBIENTAL 19 • Modalidades de outorga: autorização e concessão. � Autorização: destinada a obras, serviços ou atividades desenvolvidas por pessoa física ou jurídica de direito privado, quando não se caracterizam pela utilidade pública. O prazo máximo é de cinco anos. � Concessão: tem o prazo máximo de 35 anos e é voltada para pessoas jurídicas de direito público e/ou serviços e atividades de utilidade pública. • Usos insignificantes ���� passíveis de cadastramento junto à autoridade outorgante: � Algumas captações de águas superficiais e/ou subterrâneas, bem como acumulações, derivações e lançamentos não estão sujeitas à outorga. Elas são consideradas insignificantes. � Deliberação Normativa 09/04 – CERH: estabelece critérios que definem os usos considerados insignificantes no Estado de Minas Gerais, sendo necessário, nesse caso, fazer um cadastramento junto ao IGAM. • Sujeitos à Outorga: � Captação ou derivação de água em um corpo de água; � Exploração de água subterrânea; � Construção de barramento ou açude; � Construção de dique ou desvio em corpo de água; � Construção de estruturas de lançamento de efluentes em corpo de água; � Construção de estrutura de recreação nas margens; � Construção de estrutura de transposição de nível; � Construção de travessia rodoferroviária; � Dragagem, desassoreamento e limpeza de corpo de água; � Lançamento de efluentes em corpo de água; � Retificação, canalização ou obras de drenagem; � Transposição de bacias; � Aproveitamento de potencial hidroelétrico; � Outras modificações do curso, leito ou margens dos corpos de água. GESTÃO AMBIENTAL 20 ÁREA DE PRESERVAÇÃO PERMANENTE • Área de Preservação Permanente - APP O conceito de APP presente no Código Florestal brasileiro (Lei 12.651/2012), “área protegida, coberta ou não por vegetação nativa, com a função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica e a biodiversidade, facilitar o fluxo gênico de fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bem-estar das populações humanas”, emerge do reconhecimento da importância da manutenção da vegetação de determinadas áreas - as quais ocupam porções particulares de uma propriedade, não apenas para os legítimos proprietários dessas áreas, mas, em cadeia, também para os demais proprietários de outras áreas de uma mesma comunidade, de comunidades vizinhas, e, finalmente, para todos os membros da sociedade. • APP – definidas na Lei Federal 12.651/2012 e demais normas pertinentes, como áreas situadas: � Ao logo dos rios e de qualquer curso d’água; � As áreas no entorno dos reservatórios d’água artificiais, decorrentes de barramento ou represamento de cursos d’água naturais; � As áreas no entorno das nascentes e dos olhos d’água perenes, qualquer que seja sua situação topográfica; � as encostas ou partes destas com declividade superior a 45°, equivalente a 100% (cem por cento) na linha de maior declive; � Nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de mangues; � Nas bordas dos tabuleiros ou chapadas; � Em altitude superior a 1.800 metros ... • APP - Importância física (vegetação): � Em encostas acentuadas: promove a estabilidade do solo, evitando sua perda por erosão e protegendo as partes mais baixas do terreno, como as estradas e os cursos d’água; � Na área agrícola: evita ou estabiliza os processos erosivos; � Como quebra-ventos nas áreas de cultivo; � Nas áreas de nascentes: atua como um amortecedor das chuvas, evitando o seu impacto direto sobre o solo e a sua paulatina compactação. Permite que o solo permaneça poroso GESTÃO AMBIENTAL 21 e capaz de absorver a água das chuvas, alimentando os lençóis freáticos; evita que o escoamento superficial excessivo de água carregue partículas de solo e resíduos tóxicos provenientes das atividades agrícolas para o leito dos cursos d’água, poluindo-os e assoreando-os; � Margens de cursos d’água ou reservatórios: garante a estabilização das margens evitando que o seu solo seja levado diretamente para o leito dos cursos; atuando como um filtro ou como um “sistema tampão”. Esta interface entre as áreas agrícolas e de pastagens com o ambiente aquático possibilita sua participação no controle da erosão do solo e da qualidade da água, evitando o carreamento direto para o ambiente aquático de sedimentos, nutrientes e produtos químicos provenientes das partes mais altas do terreno, os quais afetam a qualidade da água, diminuem a vida útil dos reservatórios, das instalações hidroelétricas e dos sistemas de irrigação; � Controle hidrológico de uma bacia hidrográfica: regulando o fluxo de água superficial e sub superficial, e assim do lençol freático. • Supressão e utilização de APP: � As APPs são consideradas áreas especialmente protegidas, sendo sua alteração ou supressão permitidas somente através de Lei (CF, art. 225, § 1º, inciso III). � Regra → nas APPs não se permite qualquer tipo de supressão de vegetação ou utilização econômica direta. � Art. 7º. (Lei 12.651/2012): A vegetação situada em Área de Preservação Permanente deverá ser mantida pelo proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título, pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado. � § 1º. Tendo ocorrido supressão de vegetação situada em Área de Preservação Permanente, o proprietário da área, possuidor ou ocupante a qualquer título é obrigado a promover a recomposição da vegetação, ressalvados os usos autorizados previstos nesta Lei. � § 2º. A obrigação prevista no § 1º. tem natureza real e é transmitida ao sucessor no caso de transferência de domínio ou posse do imóvel rural. � Exceção � Art. 8º. - A intervenção ou a supressão de vegetação nativa em Área de Preservação Permanente somente ocorrerá nas hipóteses de utilidade pública, de interesse social ou de baixo impacto ambiental previstas nesta Lei. GESTÃOAMBIENTAL 22 � Art. 9º. - É permitido o acesso de pessoas e animais às Áreas de Preservação Permanente para obtenção de água e para realização de atividades de baixo impacto ambiental. • Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006) O Art. 11 estabelece as hipóteses de vedação absoluta do corte e da supressão de vegetação primária e secundária nos estágios avançado e médio. As hipóteses do inciso I, alíneas “a”, “b” e “e”, tratam, respectivamente, das situações em que a vegetação abriga “espécies da flora e da fauna silvestres ameaçadas de extinção, em território nacional ou em âmbito estadual, assim declaradas pela União ou pelos Estados, e a intervenção ou o parcelamento puserem em risco a sobrevivências dessas espécies”; exerce “a função de proteção de mananciais ou de prevenção e controle de erosão”; e possui “excepcional valor paisagístico, reconhecido pelo órgãos executivos competentes do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA”. A Lei, ainda em seu art. 11, inciso I, traz novas hipóteses de vedação ao desmatamento: quando a vegetação “formar corredores entre remanescentes de vegetação primária ou secundária em estágio avançado de regeneração”; e quando “proteger o entorno de unidades de conservação”. Tais acréscimos são importantes porque ajudam a manter a unidade da vegetação e quanto maior a área preservada, menor a possibilidade de extinção da biodiversidade. Contudo, uma das principais inovações da lei no que diz respeito a empecilhos à supressão da Mata Atlântica é a proibição do desmatamento àqueles que desrespeitam o Código Florestal (em especial os dispositivos referentes às áreas de preservação permanente e à reserva legal) – art. 11, inc. II –, não havendo exceções sequer quando a hipótese for de utilidade pública. Enquanto o art. 11, inciso II, possui, indiretamente, um caráter de sanção, o parágrafo único deste mesmo artigo valoriza os proprietários que mantêm ou sustentam espécies ameaçadas de extinção, pois determina que o Poder Público os apoie. GESTÃO AMBIENTAL 23 CONTROLE AMBIENTAL - PRODUTOS PERIGOSOS, RESÍDUOS SÓLIDOS, EFLUENTES ATMOSFÉRICOS E LÍQUIDOS PRODUTOS PERIGOSOS A ONU, através do Programa Ambiental das Nações Unidas (United Nations Environmental Programme - UNEP, 1995), constatou que um dos grandes problemas dos países em desenvolvimento é a falta de infraestrutura para a condução de emergência, no caso de incidentes com produtos perigosos, para garantir a segurança do público e do meio ambiente. • Conceitos � Riscos: Risco pode significar “perigo ou possibilidade de perigo” ou ainda, com uma notação jurídica a “possibilidade de perda ou responsabilidade pelo dano”. � Produto Perigoso: “qualquer material sólido, líquido ou gasoso que seja tóxico, radioativo, corrosivo, quimicamente reativo, ou instável durante a estocagem prolongada em quantidade que representa uma ameaça à vida, à propriedade ou ao meio ambiente” (USDOE8) • Onde encontrar informações sobre segurança produtos químicos: � MSDS (Material Safety Data Sheet) - Ficha de Dados de Segurança de Material � FISPQ (Ficha de Informações de Segurança de Produtos Químicos). Estas fichas normalmente apresentam as seguintes informações: identificação do produto, composição, identificação de risco, medidas de primeiros socorros, medidas de combate a incêndio e tratamento de derramamento, manuseio e armazenamento, propriedades físico-químicas, informações toxicológicas, considerações sobre tratamento / disposição final e outras informações. � A Norma Técnica - NBR 14725 - define o formato e a obrigatoriedade de informações sobre produtos químicos (FISPQ) pelo fornecedor ou distribuidor dos mesmos. O respaldo à obrigatoriedade da norma é o Código de Defesa do Consumidor, quando trata dos efeitos à saúde decorrentes dos produtos comercializados. 8 United States Department of Energy - USDOE GESTÃO AMBIENTAL 24 • Vazamentos de Produtos Químicos – dicas importantes � Limpar imediatamente qualquer derramamento de substância química. � Procurar conhecer as informações toxicológicas sobre a substância; � Manter as pessoas que não estejam autorizadas a realizar essa operação, afastadas; � Usar equipamentos de proteção (máscaras, luvas grossas, óculos de segurança, avental ou roupas adequadas); � Tentar evitar que a substância derramada entre em contato com os dutos de saída de água; � Caso necessário, colocar o conteúdo do vazamento em um frasco adequado; � Usar absorventes adequados. • Emergência Ambiental Visando atuar na prevenção e controle dos danos ao meio ambiente e à saúde humana, causados por acidentes relacionados a indústrias, mineração e atividades de infraestrutura, criou-se em Minas Gerais o Núcleo de Emergência Ambiental – NEA, atuando 24h/dia, em parceria com outras instituições, como a Defesa Civil, CBMMG e Prefeituras. RESÍDUOS SÓLIDOS • Normas Técnicas da ABNT: � NBR 10004 – Classificação de Resíduos Sólidos; � Diversas outras tratando sobre amostragem, aterros industriais perigosos, transporte de cargas perigosas, etc.; • Resíduos Industriais – provenientes de atividades industriais e construções; � Responsabilidade pela coleta/tratamento/disposição final é do próprio GERADOR do resíduo. � Disposição inadequada pode causar a contaminação do solo, água e ar; • Classificação (NBR 10004): � Classe I – Resíduos Perigosos; � Classe II – Resíduos Não Perigosos; � Classe II A = Não inertes (biodegradáveis); GESTÃO AMBIENTAL 25 � Classe II B = Inertes (Ex.: entulhos=RCC); � Classe I – Resíduos Perigosos: � Riscos = saúde humana, seres vivos em geral; � Características = inflamabilidade, corrosividade, reatividade, toxidade, patogenicidade; � Cuidados especiais no acondicionamento, coleta, transporte, tratamento e destinação final; � Caracterizam pela letalidade, não degradabilidade, efeitos cumulativos adversos; � Classe II – Resíduos Não Perigosos: � Classe II A – Não Inertes = Podem apresentar propriedades como biodegrabilidade, combustibilidade ou solubilidade em água; � Classe II B – Inertes = não combustíveis e não degradados prontamente (metais, tijolos, vidros, borrachas, etc.) � Responsabilidade em caso de ocorrências com risco à saúde pública e ao meio ambiente: � Gerador → acidentes ocorridos em suas instalações; � Gerador e transportador → acidentes ocorridos durante o transporte; � Gerador e Gerenciador de unidades receptoras → nos acidentes ocorridos em suas instalações; � O gerador é responsável pelos resíduos remanescentes da desativação da fonte geradora, bem como peça descontaminação e recuperação das áreas. � Gestão dos Resíduos � Redução na fonte; � Segregação dos resíduos; � Acondicionamento; � Tratamento interno; � Transporte; � Tratamento externo; � Disposição final. GESTÃO AMBIENTAL 26 EFLUENTES ATMOSFÉRICOS Considera-se poluente qualquer substância presente no ar e que, pela sua concentração, possa torná-lo impróprio, nocivo ou ofensivo à saúde, causando inconveniente ao bem estar público, danos aos materiais, à fauna e à flora ou prejudicial à segurança, ao uso e gozo da propriedade e às atividades normais da comunidade. O nível de poluição atmosférica é medido pela quantidade de substâncias poluentes presentes no ar. A variedade das substâncias que podem ser encontradas na atmosfera é muito grande, o que torna difícil a tarefa de estabelecer uma classificação. � Regulamentação: Resolução CONAMA 382/2006; Deliberação Normativa COPAM 11/1986; � Tipos de efluentes: matéria sólida, líquida, gasosa ou energia; � Classificação quanto ao estado físico: Material Particulado; Gases e Vapores; � Classificação quanto a origem: poluentes primários ou secundários: � Poluentesprimários: aqueles emitidos diretamente pelas fontes de emissão. � Poluentes secundários: aqueles formados na atmosfera através da reação química entre poluentes primários e componentes naturais da atmosfera. � Classificação quanto a classe química: orgânicos ou inorgânicos; � Prioridade: impedir, ou ainda, reduzir a geração de poluente → tratamento das emissões. EFLUENTES LÍQUIDOS � Lei Federal 9.433/1997 – Política Nacional de Recursos Hídricos; Resolução CONAMA 357/2005; � Em MG, Lei Estadual 13.199 /1999 – Política Estadual de Recursos Hídricos; Deliberação Normativa Conjunta COPAM/CERH-MG N.º 1, de 05 de Maio de 2008 � O efluente industrial pode conter elevadas concentrações de matéria orgânica, sólidos em suspensão, metais pesados, compostos tóxicos, microorganismos patogênicos, entre outros. Necessita de certos padrões de qualidade → tratamento dos efluentes. � O lançamento de efluentes industriais pode provocar alterações nas características físicas (temperatura), químicas (contaminantes, pH) e biológicas (microorganismos) dos corpos d’água. GESTÃO AMBIENTAL 27 � Segregar os efluentes: � Pluviais → água de chuva � Sistema de drenagem individualizado de forma a não permitir a contaminação; � Possibilidade de aproveitamento; Seguindo para a ...AULA 03 ... AULA 3 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL; FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL. O Séc. XX é marcado por 3 ópticas importantes sobre a consciência ambiental: � Óptica Corretiva – década de 70 – se baseava na correção dos efeitos nocivos advindos da poluição do ar, água e solo: “a poluição e os impactos ambientais eram um mal necessário”. � Óptica Preventiva – década de 80 – proteger a saúde humana e o meio ambiente contra os efeitos de atividades que modificavam a camada de O3, aquecimento global. � Óptica Integradora – a partir da década de 90 – combina aspectos econômicos e sociais com os ambientais, visando preservação do Meio Ambiente e utilização dos recursos naturais com vistas à preservação das gerações futuras. LEGISLAÇÃO AMBIENTAL � Trata dos aspectos ambientais do empreendimento; � O Brasil se destaca mundialmente no que se refere à legislação ambiental; � Constituição da República – 1988 → a primeira no mundo a dedicar um capítulo exclusivamente ao tema Meio Ambiente. Art. 225; “Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”. O conhecimento das obrigações legais é imprescindível!!! → o infrator não pode alegar desconhecimento!!! GESTÃO AMBIENTAL 28 � Outros requisitos legais aplicáveis na Gestão Ambiental: � Cumprimento das condicionantes de Licença Ambiental; � Termos de Ajustamento de Conduta ou Termos de Compromisso com Ministério Público; � Órgãos Ambientais; � Autorizações Ambientais; � Diversas licenças, alvarás, registros, etc.; � Em síntese ... � É proibido: • Poluir; • Degradar; • Instalar e funcionar sem licença; � É obrigatório: • Licenciar; • Atender as condicionantes das licenças ambientais; � As consequências de descumprir ... • Processos Administrativos: • Multa; • Embargo/Interdição; • Cassação da licença ... � Tipos de Responsabilidade por Dano Ambiental: � Civil = reparatória; � Penal = repressiva; � Administrativa = preventiva; GESTÃO AMBIENTAL 29 � Responsabilidade Técnica � Habilitação Técnica; � Registro no Conselho Profissional; � Competência e capacidade; • Lei de Crimes Ambientais - 9605/98: � Concorrem para a prática do Crime Ambiental: (Art. 2º) � Diretor; � Administrador; � Membro do Conselho ou de Órgão Técnico; � Auditor; � Gerente; � Preposto ou Mandatário. � Penas aplicadas às Pessoas Físicas: � Privativas de Liberdade: � Reclusão, � Detenção, � Prisão domiciliar; � Restritivas de Direito: • Prestação de Serviços à comunidade; • Interdição temporária de direitos; • Limitação de fim de semana; Resolução Conama nº. 237/1997. “Art. 11 – Os estudos necessários ao processo de licenciamento deverão ser realizados por profissionais legalmente habilitados, às expensas do empreendedor. Parágrafo Único – O empreendedor e os profissionais que subscreverem os estudos previstos no caput deste artigo serão responsáveis pelas informações apresentadas, sujeitando-se às sanções administrativas, civis e penais”. GESTÃO AMBIENTAL 30 � Penas aplicadas às Pessoas Jurídicas: � Multas; � Prestação de serviços à comunidade • Custeio de Programas e de Projetos Ambientais; • Execução de obras de recuperação áreas degradadas; • Contribuição a entidades ambientais ou culturais públicas; � Restritivas de Direito � Suspensão parcial ou total das atividades; • Interdição temporária do estabelecimento, obra ou atividade; • Proibição de contratar ou obter subsídios, subvenções ou doações do Poder Público. � Circunstâncias que atenuam a pena - Art. 14: � Baixo grau de instrução ou escolaridade do agente � Arrependimento do infrator; � Comunicação prévia pelo agente do perigo iminente de degradação ambiental; � Colaboração com os agentes encarregados da vigilância e do controle ambiental; � Circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime - Art. 15: � Reincidência nos crimes de natureza ambiental; � Ter o agente cometido a infração: Para obter vantagem pecuniária, [...] Em domingos e feriados, [...] À noite [...] � Crimes contra a fauna; � Crimes contra a flora; � Poluição e outros Crimes Ambientais: � Art 60 – Construir, reformar, ampliar, instalar ou fazer funcionar, em qualquer porte do território nacional, estabelecimentos, obras ou serviços potencialmente poluidores, sem licença ou autorização dos órgãos ambientais competentes, ou contrariando as normas GESTÃO AMBIENTAL 31 legais e regulamentares pertinentes: pena – detenção, de um a seis meses, ou multa, ou ambas as penas cumulativamente. � Art. 66. Fazer o funcionário publico afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental: Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. � Art. 67. Conceder o funcionário público licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Publico: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. � Art. 68. Deixar, aquele que tiver o dever legal ou contratual de faze-lo, de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. � Art. 69. Obstar ou dificultar a ação fiscalizadora do Poder Publico no trato de questões ambientais: Pena - detenção, de um a três anos, e multa. • Outras Normas Jurídicas - Portarias, Resoluções e Deliberações Normativas: � Federal: CONAMA, IBAMA, CNRH, e órgãos reguladores de setores específicos como ANA, ANP, ANEEL, DNPM, ANVISA, etc. � Estadual: COPAM, CERH, IGAM, etc.; � Municipal: COMDEMA; � Determinam os critérios técnicos, padrões e procedimentos; � Constante atualização; � Conflitos entre Normas � No caso de padrões ambientais, atender o mais restritivo; � No caso de procedimentos administrativos, seguir as normas do órgão competente para o licenciamento ambiental; GESTÃO AMBIENTAL 32 FISCALIZAÇÃO AMBIENTAL: � Atender às denúncias; � Acompanhar o passivo Ambiental; � Acompanhar condicionantes e pós licenciamento; � Atender às emergências ambientais; � Verificar empreendimentos licenciados; � Atender ao Ministério Público/Poder Judiciário; � Durante as fiscalizações, é obrigatoriamente gerado o Auto deFiscalização (AF) e, se constatada alguma irregularidade, é lavrado o Auto de Infração (AI); � Art. 6º da Lei Federal nº 6.938/81: estabelece que a fiscalização poderá ser realizada pelos “órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Município”; � Federal: IBAMA, Polícia Militar de Meio Ambiente (para assuntos referentes à fauna, mediante convênio estabelecido com o Ibama); � Estadual: Órgão Executivos do SISEMA (SEMAD e Polícia Militar de Meio Ambiente); � Municipal: Órgão Executor do SISMAD (SMA), Órgãos de Apoio (SETTRA, DEMLURB, CESAMA, SAU). � Poder de Polícia: garantida a entrada e permanência em estabelecimento público ou privado, durante o período de qualquer atividade, ainda que noturno; (Decreto Estadual 44844/06 - Art. 29); MONITORAMENTO E FISCALIZAÇÃO – PÓS LICENÇA � Pós Licenciamento O licenciamento ambiental não se resume na expedição da referida licença. É preciso implantar a Gestão Ambiental do empreendimento, garantindo a conformidade da atividade e buscando a melhoria contínua dos aspectos ambientais. Então, mesmo se o expediente administrativo estiver encerrado, mas se a produção estiver em atividade, os agentes fiscais têm entrada garantida! GESTÃO AMBIENTAL 33 � Condicionantes Ambientais As Condicionantes Ambientais são instrumentos de controle estipulados pelo órgão licenciador com o objetivo de garantir a adequação da atividade ao longo da validade da licença. O órgão ambiental competente estabelecerá as condicionantes para o monitoramento da atividade, como, por exemplo: � os laudos de análise de efluentes e emissões, � comprovantes e relatórios de geração e destinação dos resíduos sólidos, � outros relatórios e informações pertinentes, devendo o responsável seguir os modelos e padrões definidos pelo órgão licenciador e constantes na referida licença. � Aspectos relevantes: • Seu cumprimento é obrigação legal; • As desconformidades detectadas através Laudos e/ou relatórios deverão ser adequadas para atendimento à legislação; • Cumprimento do proposto no PCA, no PRAD e demais medidas mitigadoras aprovadas no licenciamento; • Em alguns casos, poderão ficar condicionadas também as obras e instalações necessárias para a adequação do empreendimento, como, por exemplo, a implantação de estações de tratamento de efluentes. • Especial atenção deverá ser dada aos prazos para o envio dos relatórios e informações condicionados pelo órgão ambiental. As consequências ao não atendimento dentro do prazo, às condicionantes da Licença Ambiental, podem ser diversas, inclusive a cassação da licença e a interdição do empreendimento. • Eventualmente, os órgãos ambientais poderão realizar vistorias a fim de verificar o cumprimento das exigências estabelecidas quando do licenciamento, assim como a implantação e manutenção dos dispositivos de controle ambiental. • Muitas vezes, após a obtenção da licença, o técnico responsável é dispensado e assim não há continuidade do trabalho. • Qualquer alteração no processo, como instalações, número de funcionários ou nas demais informações prestadas durante o licenciamento, deve ser comunicada ao órgão ambiental para a definição sobre a necessidade de alteração nas condicionantes ou de um novo processo de licenciamento para a nova situação do empreendimento. GESTÃO AMBIENTAL 34 � Automonitoramento O empreendimento, através de seu responsável técnico, deverá realizar o monitoramento e controle dos aspectos ambientais relativos à atividade. Quando houver alguma desconformidade, evidenciada através de laudos ou observações, o responsável técnico deverá apresentar ações objetivando o ajuste do processo ou instalações de maneira a se adequar e alcançar a conformidade. Portanto, é indispensável conhecer os padrões estabelecidos na legislação e normas ambientais. Além disso, é importante manter registro de todos os eventos ambientais, que irão compor o Relatório de Avaliação e Desempenho Ambiental (RADA) quando da revalidação da licença ambiental. Bibliografia utilizada nas notas de aula AFONSO, Cíntia Maria. Sustentabilidade: caminho ou utopia? São Paulo: Annablume, 2006. ALMEIDA, Fernando. O bom negócio da sustentabilidade. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2002. BARBIERI, José Carlos. Gestão Ambiental Empresarial: conceitos, modelos e instrumentos. 2 ed. São Paulo: Saraiva, 2007. BAZZO, Walter Antônio; PEREIRA, Luiz Teixeira do Vale. Introdução à Engenharia. 6 ed. Florianópolis: UFSC, 2000. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais: meio ambiente, saúde / Secretaria de Educação Fundamental. – Brasília : 1997. COLLARES, José Enilcio Rocha. Política ambiental e sustentabilidade na escala local. 2004. 266f. Tese (Doutorado em Geografia) - IGEO, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2004. HUISINGH, Donald. Emerging academic responsibilities and opportunities for promoting regional sustainability & fulfilling the millennium development goals. In: Environmental Engineering and Management Journal, n. 6, 05/2007. IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Vocabulário básico de recursos naturais e meio ambiente. Rio de Janeiro, 2004. LEFF, Enrique (Coord.). et al. A Complexidade Ambiental. Trad. Eliete Wolff. São Paulo: Cortez, 2003. LEPRI, Mônica Cavalcanti. Semeando a interdisciplinaridade: as ‘idéias vivas’ de Gregory Bateson. Ciência Hoje. Rio de Janeiro, vol 38, n. 228, p. 16-21, jul. 2006. GESTÃO AMBIENTAL 35 MACEDO, Ricardo Kohn. Equívocos e propostas para a avaliação ambiental. In: Tauk, Sâmia Maria(org.). Analise Ambiental: uma visão multidisciplinar. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista,1995, p. 33-44. MAZZINI, Ana Luíza Dolabella de Amorim. Dicionário Educativo de termos ambientais. 3. Ed. – Belo Horizonte: A. L. D. Amorim Mazzini, 2006. MELLO, Luiz Antônio de Oliveira. Fundamentos de Análise Ambiental, Notas de Aula. Rio de Janeiro: UERJ, 2007. MILLER JR, G. Tyler. Ciência Ambiental. São Paulo: Thomson Pioneira, 2008. OLIVEIRA, Márcio de. Universidade e sustentabilidade: proposta de diretrizes e ações para uma universidade ambientalmente sustentável. 2009. 90f. Dissertação (Mestrado em Ecologia) – PGECOL, Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de Fora, 2009a. PELICIONI, Maria Cecília Focesi. Fundamentos da educação ambiental. In: PHILIPPI JR, Arlindo (Ed). Curso de Gestão Ambiental. Barueri, SP: Manole, 2004, p. 459-483. PHILIPPI JR, Arlindo; et al. Uma introdução à questão ambiental. In: ______ (Ed). Curso de Gestão Ambiental. Barueri: Manole, 2004, p. 3-16. SACHS, Ignacy. Caminhos para o desenvolvimento sustentável. 3. ed. Rio de Janeiro: Garamond, 2008a. ______. Desenvolvimento includente, sustentável, sustentado. Rio de Janeiro: Garamond, 2008b. UFRGS. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Produção Mais Limpa. CD ROM, 2002. WEB Sites ANA, Agência Nacional de Águas. Disponível em <http://www.ana.gov.br/>. Camara dos Deputados. Disponível em <http://www2.camara.gov.br/responsabilidade- social/ecocamara/agendaambiental.html>. CEBDS, Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável. Disponível em <http://www.cebds.org.br/>. CETESB, Companhia Ambiental do Estado de São Paulo. Disponível em < http://www.cetesb.sp.gov.br>. GESTÃO AMBIENTAL 36 CIESP, Centro das Indústrias do Estado de São Paulo. Disponível em http://www.ciesp.com.br CNTL SENAI, Centro Nacional de Tecnologias Limpas – SENAI. Disponível em http://www.senairs.org.br/cntl/ NUNES, Luiz Fernando Mendes. Proteção e Legislação Ambiental. Disponível em http://www.ebah.com.br Estadao.com.br. Versão on-line do jornal O Estado de São Paulo. Disponível em <http://www.estadao.com.br>. Ministério da Cultura. Disponível em <http://www.cultura.gov.br/>. Ministérioda Educação. <http://www.mec.gov.br/>. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em <http://www.mre.gov.br/>. Ministério do Meio Ambiente. Disponível em <http://www.mma.gov.br/conama/> UNEP, United Nations Environment Programme. Disponível em <http//:www.unep.org/>. WWF do Brasil. Disponível em <http://www.wwf.org.br/>. Compromisso Empresarial para Reciclagem. Disponível em <http://www.cempre.org.br>. Os dez mandamentos para economizar água. Disponível em <http://www.rededasaguas. org.br/acesso/itu/dez.htm>. 17 dicas para economizar energia elétrica em casa. Disponível em <http://mpjbiologo.blog spot.com/2011/01/17-dicas-para-economizar-energia.html> http://www.cmqv.org/website/artigo.asp?cod=1461&idi=1&moe=212&id=17071 http://www.infoescola.com http://www.produtosperigosos.com.br GESTÃO AMBIENTAL 37 Faço meu agradecimento especial ao Prof.ª Márcio de Oliveira9 que colaborou para a elaboração desta disciplina. 9 Engenheiro de Produção, Especialista em Análise Ambiental, Mestre em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação dos Recursos Naturais e Doutorando em Ecologia Aplicada ao Manejo e Conservação dos Recursos Naturais (UFJF).
Compartilhar