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DESCRIÇÃO Gestão ambiental nas empresas e organizações, com a inclusão de normalização, tecnologias limpas, ecoeficiência, sistemas de gestão ambiental, auditoria, certificação, avaliação de desempenho ambiental e etapas do processo para a implantação do sistema de gestão ambiental. PROPÓSITO Compreender a gestão por programas como a produção mais limpa e ecoeficiência, a gestão por sistemas, a família de normas ISO 14000 e a ISO 14001, a auditoria e a certificação ambiental, além das etapas para a implantação de um sistema de gestão ambiental, como algo fundamental aos estudantes de Engenharia Ambiental e de Produção. OBJETIVOS MÓDULO 1 Reconhecer os programas de gestão por processo MÓDULO 2 Reconhecer a gestão por sistemas e a série ISO 14000 MÓDULO 3 Reconhecer a avaliação do desempenho ambiental MÓDULO 4 Identificar os passos do processo para implantar um SGA Imagem: Stock.adobe.com PRODUÇÃO MAIS LIMPA, GESTÃO AMBIENTAL, AVALIAÇÃO DO DESEMPENHO AMBIENTAL E ETAPAS PARA IMPLANTAR UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL AVISO: orientações sobre unidades de medida AVISO: ORIENTAÇÕES SOBRE UNIDADES DE MEDIDA Em nosso material, unidades de medida e números são escritos juntos (ex.: 25km) por questões de tecnologia e didáticas. No entanto, o Inmetro estabelece que deve existir um espaço entre o número e a unidade (ex.: 25 km). Logo, os relatórios técnicos e demais materiais escritos por você devem seguir o padrão internacional de separação dos números e das unidades. javascript:void(0) MÓDULO 1 Reconhecer os programas de gestão por processo PRODUÇÃO MAIS LIMPA INTRODUÇÃO Imagem: Stock.adobe.com A ADOÇÃO DE MEDIDAS PARA PREVENÇÃO DA CONTAMINAÇÃO AMBIENTAL RESULTA EM AUMENTO DA PRODUTIVIDADE E COMPETITIVIDADE E PODE SER CONCRETIZADA PELO GERENCIAMENTO DE DIVERSOS PROGRAMAS. Entre os programas mais conhecidos pelas empresas, estão os de: Produção mais limpa (PML ou P+L) Ecoeficiência Eles estão inter-relacionados e constituem mecanismos que tornam os sistemas de gestão ambiental nas empresas mais robustos. Tanto a produção mais limpa quanto a ecoeficiência objetivam que a transformação de matérias-primas em produtos ocorra com a maior eficiência e menor taxa de emissão gasosa, efluentes líquidos e resíduos (sólidos). Neste módulo, abordaremos esses dois programas dentro do processo de gestão ambiental. VOCÊ SABIA Na gestão ambiental por processos, a produção mais limpa permite alcançar os melhores resultados. Já na gestão ambiental por produtos, as principais ferramentas são a avaliação do ciclo de vida, a certificação dos produtos e o ecodesign. De modo geral, as empresas começam melhorando a eficiência de seus processos produtivos e posteriormente passam a priorizar o projeto de seus produtos. É nesse projeto que se utiliza a avaliação do ciclo de vida dos produtos, que abrange a identificação dos impactos ambientais causados pelo produto, desde a extração da matéria-prima, seu beneficiamento, transporte, o processo de fabricação, o transporte do produto acabado e sua utilização até o descarte pós- uso. O ecodesign, outra ferramenta utilizada na gestão ambiental do produto, corresponde a um conjunto de práticas direcionadas à criação de produtos e processos ecoeficientes que atendam aos objetivos de saúde, segurança e proteção ambiental. Na realidade, o ecodesign se inicia no desenvolvimento do produto, etapa em que é pesquisada a possibilidade de reduzir a quantidade da matéria-prima, energia e água utilizadas na fabricação do produto. Imagem: Stock.adobe.com TECNOLOGIAS LIMPAS Imagem: Stock.adobe.com A produção tecnológica nas últimas décadas evoluiu muito e gerou grandes avanços para a sociedade, facilitando o dia a dia. As tecnologias limpas permitem o aprimoramento dos processos produtivos com menos impactos no meio ambiente: elas objetivam produzir a mesma quantidade de produtos com maior qualidade, utilizando recursos de maneira racional e gerando menos resíduos. A PRODUÇÃO MAIS LIMPA, CONHECIDA COMO P+L OU PML, SIGNIFICA O USO DE PRÁTICAS QUE POSSIBILITAM A REDUÇÃO DE DESPERDÍCIOS NO PROCESSO PRODUTIVO; POR ISSO, ESSA NOVA MANEIRA DE TRABALHAR TEM SIDO ESCOLHIDA POR PARTE DAS INDÚSTRIAS. A P+L é uma estratégia aplicada a processos, produtos e serviços com a finalidade de aumentar a eficiência e a eficácia e de reduzir os riscos para o homem e o meio ambiente. Ela pode ser utilizada em indústrias e organizações. O uso dos 3 R’ s é primordial. São eles: REDUZIR REUTILIZAR RECICLAR Os procedimentos da P+L são adotados nos processos produtivos e nos produtos nos quais medidas sejam praticadas visando à conservação de matérias-primas e recursos, como água e energia, e à redução da emissão de gases, efluentes líquidos e resíduos sólidos. As medidas em relação a produtos e serviços podem ser tomadas durante a fase de planejamento e execução. A adoção de tecnologias P+L, como a técnica P2 (prevenção à poluição), previne a poluição direto na fonte, em substituição às técnicas de remediação que ocorriam ao final do processo conhecidas como tratamento fim de tubo. As técnicas de fim de tubo anteriormente utilizadas não evitavam a geração de resíduos, efluentes líquidos e emissões na fonte. O tratamento dos resíduos e efluentes gerados era efetuado no término do processo produtivo, gerando custos ao invés evitá-los. A P+L propõe corrigir diretamente na fonte; assim, os custos seriam bem menores. Foto: Stock.adobe.com SAIBA MAIS A produção mais limpa requer a modernização dos equipamentos e máquinas no processo fabril, a escolha de matérias-primas menos tóxicas e com maior grau de pureza, a modernização dos processos de transformação com novas tecnologias, o treinamento dos funcionários nas competências necessárias e a conscientização da mão de obra sobre a importância do reuso e da reciclagem. IMPLANTAÇÃO DA P+L Para que a produção mais limpa (P+L) seja efetiva, sua implementação depende do seguimento de algumas etapas: 1. Administração de materiais – Monitorar a validade e implantar boas práticas de armazenagem da matéria-prima com o intuito de evitar perdas e contaminações. 2. Gestão de estoques – Controlar o nível de produtos em estoque para garantir a entrega de materiais na quantidade certa no momento certo. 3. Housekeeping ou manutenção – Implantar procedimentos para manter as máquinas e os equipamentos aferidos e calibrados. 4. Resíduos tóxicos – Definir procedimentos para lidar com os resíduos do processo produtivo, já que alguns deles podem ser reciclados ou reutilizados. 5. Uso de materiais menos tóxicos – Identificar matérias-primas alternativas com menor toxicidade, evitando custos com o descarte e investimentos em equipamentos para tratá-las em atendimento à legislação ambiental e à segurança do trabalho. 6. Modernização de equipamentos – Substituir os equipamentos ineficientes por novas tecnologias que certamente minimizarão as perdas. 7. Reciclagem interna – Utilizar alguns resíduos dentro do próprio processo produtivo ou na geração de energia. 8. Reciclagem externa – Usar os resíduos de uma empresa como insumos para outras empresas, evitando o tratamento de resíduos e garantindo economia no processo. 9. Modificação do processo – Aumentar a eficiência e a eficácia do processo produtivo por meio de novas tecnologias, como a automação e a digitalização dos processos. 10. Modificação do produto – Substituir produtos por alternativos similares mais eficientes e eficazes que não impactem no meio ambiente e que possam tornar a produção mais sustentável. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal PROCEDIMENTOS ADOTADOS PELA P+L A P+L, em resumo, adota os seguintes procedimentos: QUANTO AOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO Procura ser eficiente no uso de matérias-primas, energia e água e reduzir a quantidade das emissões gasosas, resíduos sólidos e efluentes líquidos. javascript:void(0) QUANTO AOS PRODUTOS Busca reduziros impactos negativos ao longo do ciclo de vida do produto, desde a extração das matérias-primas, produção, transporte e uso até sua disposição final pós-uso mediante um design adequado. QUANTO AOS SERVIÇOS Pretende incorporar os critérios ambientais no projeto e no fornecimento dos serviços. ECOEFICIÊNCIA Imagem: Stock.adobe.com A Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Rio-92, realizada no Rio de Janeiro, formalizou o conceito de desenvolvimento sustentável: O DESENVOLVIMENTO QUE ATENDE ÀS NECESSIDADES PRESENTES SEM COMPROMETER A CAPACIDADE DAS GERAÇÕES FUTURAS DE SUPRIR AS PRÓPRIAS NECESSIDADES. A ideia de sustentável pode ser interpretada como um equilíbrio entre a função social, o meio ambiente e o desempenho econômico. Para alcançar a sustentabilidade, as mudanças devem javascript:void(0) javascript:void(0) atender às necessidades econômicas das empresas e do meio ambiente, além de permitir o desenvolvimento social. Um dos programas apresentados para que as empresas possam utilizar de modo sustentável seus recursos e criar valor para os seus negócios é a ecoeficiência. A ECOEFICIÊNCIA É DEFINIDA COMO A PRODUÇÃO E ENTREGA DE BENS E SERVIÇOS A PREÇOS COMPETITIVOS QUE SATISFAÇAM ÀS NECESSIDADES HUMANAS, PROMOVENDO QUALIDADE DE VIDA AO MESMO TEMPO QUE REDUZEM OS IMPACTOS AMBIENTAIS E A UTILIZAÇÃO DE RECURSOS NATURAIS EM TODO O CICLO DE VIDA. A implantação da ecoeficiência na gestão dos negócios nos permite buscar melhorias durante o projeto e o design de produtos nas etapas do processo produtivo e no atendimento das necessidades e expectativas dos clientes. APLICAÇÃO DA ECOEFICIÊNCIA A escolha da ferramenta de ecoeficiência deve ser projetada para suprir as necessidades da empresa. Para aplicação da ecoeficiência, é preciso levar em consideração os aspectos social, ambiental e econômico. A aplicação da ecoeficiência nas empresas pode ser abrangente e profunda, envolvendo o redesenho dos processos industriais, a revalorização de subprodutos, a identificação de necessidades e expectativas dos clientes para definir novos produtos, a transformação da cultura organizacional e a capacitação profissional dos funcionários. As sete dimensões da ecoeficiência que podem ser aplicadas para toda empresa, produtos e serviço são: 1 Reduzir o consumo de materiais em produtos e serviços. Reduzir o consumo de água e energia em produtos e serviços. 2 3 Reduzir a dispersão de gases. Promover e aumentar a reciclagem, tanto a interna como a externa. 4 5 Priorizar o uso de recursos e energias renováveis. Aumentar a confiabilidade dos produtos. 6 7 Aumentar a utilização de serviços de pós-uso. Exemplos de boas práticas que podem ser implementadas: SAIBA MAIS Um dos benefícios obtidos pelas empresas que implantam o programa de ecoeficiência é a política de redução certificada de emissões (RCE) também conhecida como créditos de carbono. Esses créditos são certificados emitidos para uma empresa que reduziu sua emissão de gases do efeito estufa. Uma tonelada de dióxido de carbono (quantificado como tCO2 ou tonelada de CO2) corresponde a um crédito de carbono que pode ser negociado no mercado mundial por meio desses certificados. Substituir equipamentos antigos. Utilizar energias alternativas como solar, eólica etc. Utilizar a luz natural. Destinar adequadamente resíduos sólidos e efluentes líquidos. Evitar desperdícios e perdas no processo produtivo no local em que é gerado. Minimizar emissões de gases de efeito estufa. Reciclar, reutilizar e reduzir uso de insumos (3 R' s). Expandir os programas para a sociedade. Melhorar o valor do produto mantendo sua funcionalidade com menos insumos. EXEMPLOS PRÁTICOS DE ECOEFICIÊNCIA Foto: Stock.adobe.com Sistemas de produção ecoeficientes podem ser implantados em todo tipo de organização e em todas as fases da produção, desde a fase de desenvolvimento do produto ao pós-uso, ou seja, do berço ao túmulo. Empresas que implantaram a produção mais limpa e a ecoeficiência possuem um diferencial competitivo em relação àquelas com métodos tradicionais. A busca por ecoeficiência pode demandar investimentos, mas o retorno futuro devido às boas práticas conduzidas pela empresa se materializa em novos clientes, produtos mais sustentáveis e maior valor da marca. A AmBev, uma das maiores companhias de bebidas do mundo, substituiu os geradores de energia a óleo diesel por outros movidos à biomassa (utilizando casca de coco, lascas de madeira e palha de arroz). Ela conseguiu uma redução de 35% das emissões de CO2 em oito fábricas da empresa no Brasil. O Boticário investiu e modificou vários equipamentos em 2014 com o objetivo de reduzir o consumo de água em descargas de banheiros, lavagem de pisos e torres de resfriamento. A empresa passou a reutilizar cerca de 23 mil m³ de água obtida de efluentes tratados, o que corresponde a 70% do efluente tratado. Ela captou cerca de 1.700m³ de águas pluviais e passou a utilizar a luz natural na iluminação dos ambientes, poupando 250 mil kWh/ano. Os resíduos gerados foram destinados para a compostagem, gerando adubo orgânico para a produção de plantas, o que reduziu em 40% os resíduos destinados à coleta municipal. Em 2018, a IBM no Brasil recebeu um investimento de 140 milhões de dólares para substituir 200 servidores. A economia gerada foi de 1.200kW/ano, que equivale ao consumo de uma cidade de 8 mil habitantes. Novas tecnologias e melhorias nos processos produtivos são necessárias para se atingir a ecoeficiência. A PRODUÇÃO MAIS LIMPA E A ECOEFICIÊNCIA Imagem: Stock.adobe.com DE MANEIRA SIMPLIFICADA, PODEMOS DIZER QUE A ECOEFICIÊNCIA CONSISTE EM PRODUZIR MAIS COM MENOS. Busca-se reduzir ao máximo possível o consumo de insumos, o que, por sua vez, gera uma quantidade menor de resíduos para o ambiente. A diferença entre ecoeficiência e produção mais limpa está no aproveitamento sustentável dos recursos e na criação de valor para os negócios e a sociedade, uma vez que a produção mais limpa concerne apenas à parte operacional dos processos produtivos. A P+L e a ecoeficiência, entretanto, são complementares, pois a ecoeficiência tem consequência direta no desenvolvimento de processos e produtos que reduzem os impactos no meio ambiente com foco em tecnologias limpas. Ao entregarem valor para os clientes e o mercado, as empresas ecoeficientes maximizarão a produtividade dos seus processos, oferecendo produtos e serviços que deixarão os clientes satisfeitos, os quais, por sua vez, comprarão mais, o que gerará lucro para seus acionistas. ATENÇÃO A produtividade está diretamente relacionada à competência dos funcionários em executar o processo produtivo de maneira eficiente e inovadora, minimizando a geração de resíduos. Considerando a aquisição de novas tecnologias e as novas competências exigidas para sua adoção, é essencial a capacitação da força de trabalho para que a maximização da produtividade seja de fato atingida. Ter uma produção mais limpa ou ecoeficiente significa um diferencial competitivo em relação às outras empresas. ENERGIA LIMPA Imagem: Stock.adobe.com As energias limpas surgem como alternativas aos combustíveis fósseis e não renováveis. Alguns tipos de energia limpas e as tecnologias associadas são: Foto: Stock.adobe.com ENERGIA EÓLICA A energia dos ventos é convertida em energia elétrica pela tecnologia dos aerogeradores. Foto: Stock.adobe.com ENERGIA FOTOVOLTAICA Os raios solares são utilizados para a produção de energia elétrica por intermédio de painéis solares fotovoltaicos. Foto: Stock.adobe.com BIOMASSA Derivados orgânicos são utilizados para a produção de energia via combustão de resíduos de plantas. Foto: Shutterstock.com MAREMOTRIZ A energia cinética das ondas e o movimento das marés são utilizados para a movimentação de turbinas. Foto: Shutterstock.com BIOCOMBUSTÍVEIS É a produção de combustíveis a partir de fontes não fósseis e orgânicas, comoo etanol, feito a partir da cana; o biodiesel, produzido a partir de óleos vegetais; e o biogás, obtido da decomposição de resíduos. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE TEM RELAÇÃO COM AS TECNOLOGIAS LIMPAS. A) Processos que utilizam mais energia e matérias-primas. B) Uma produção menor que gera menos impacto. C) Mesma produção, conservando as matérias-primas e diminuindo a quantidade de resíduos. D) Uso de mais água para limpar um vazamento no ambiente de trabalho. E) Uso de mais matéria-prima que o usual para garantir boa produtividade. 2. COM RELAÇÃO ÀS TÉCNICAS DE P+L, É POSSÍVEL ENFATIZAR QUE: A) Devem obrigatoriamente seguir as normas propostas pela ISO 14001. B) Utilizam principalmente as técnicas de tratamento de fim de tubo. C) Agem no planejamento dos processos produtivos, tornando-os mais eficientes. D) São estratégias utilizadas na implementação de energias renováveis nas empresas. E) São úteis para as empresas poluidoras tratarem seus efluentes líquidos. GABARITO 1. Assinale a alternativa que tem relação com as tecnologias limpas. A alternativa "C " está correta. Uma das prioridades das tecnologias limpas é a produção da mesma quantidade de produto, gerando, contudo, menos impactos ambientais mediante a economia de matérias-primas. 2. Com relação às técnicas de P+L, é possível enfatizar que: A alternativa "C " está correta. As técnicas de P+L são utilizadas na etapa do planejamento do processo a fim de produzir mais, com menos energias e insumos, além de gerar menos resíduos. São estratégias preventivas, o que é diferente das técnicas de tratamento de fim de tubo, que focam o controle da poluição no final do processo produtivo. MÓDULO 2 Reconhecer a gestão por sistemas e a série ISO 14000 SISTEMAS DE GESTÃO AMBIENTAL: AS NORMAS ISO 14000 E ISO 14001 A GESTÃO AMBIENTAL Imagem: Stock.adobe.com A gestão ambiental é o principal instrumento para se obter um desenvolvimento industrial sustentável, pois permite que a organização evite gerar impactos para o meio ambiente, isto é, que os efeitos ambientais não ultrapassem a capacidade de carga do meio em que se encontra a organização. Aplicável em empresas independentemente do tamanho e do setor, qualquer empresa pode reduzir o consumo de energia e de água ou incentivar o uso de produtos recicláveis. ATENÇÃO Para uma adequada gestão ambiental, é necessário que as medidas corretivas sejam substituídas por políticas preventivas que atuem na origem dos problemas. Há inúmeras vantagens e benefícios que as empresas poderão obter ao optarem pela adoção de políticas preventivas em relação à gestão ambiental. O PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS ESTÁ VINCULADO A NORMAS SOBRE O MEIO AMBIENTE ELABORADAS POR INSTITUIÇÕES PÚBLICAS (PREFEITURAS, GOVERNOS ESTADUAIS E FEDERAL). O PROCESSO DE GESTÃO AMBIENTAL NAS EMPRESAS ESTÁ VINCULADO A NORMAS SOBRE O MEIO AMBIENTE ELABORADAS POR INSTITUIÇÕES PÚBLICAS (PREFEITURAS, GOVERNOS ESTADUAIS E FEDERAL). Nesse sentido, a obrigatoriedade dos estudos de impacto ambiental na instalação de novas unidades industriais contribuiu para a conscientização e as ações concretas em relação ao meio ambiente por parte das organizações. SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) O sistema de gestão ambiental é um conjunto de responsabilidades, procedimentos, processos e meios que permite à organização compreender, controlar e agir para minimizar os impactos ambientais de suas atividades, implantando uma política ambiental na empresa. Ele está baseado no atendimento à legislação ambiental e na melhoria contínua do desempenho da organização nesse âmbito. Em outras palavras, um SGA é a sistematização da gestão ambiental de uma organização e a maneira utilizada para permitir que ela atenda às normas estabelecidas e alcance os objetivos definidos em sua política ambiental. Assim como a gestão ambiental se baseia em normas legais, essas normas também são referências obrigatórias para as empresas que pretendem implantar um SGA. Imagem: Stock.adobe.com SAIBA MAIS O SGA permite às organizações melhores condições para: gerenciar seus aspectos e impactos ambientais; desenvolver os controles operacionais; implementar a estrutura necessária para apoiar o sistema de gestão ambiental; e instituir a melhoria contínua em seus processos e serviços. Essa melhoria possibilita o aperfeiçoamento do sistema de gestão ambiental alinhado às políticas organizacionais. Para implementar um SGA, é necessária a elaboração da política ambiental, o que implica um planejamento prévio baseado em possíveis efeitos ambientais e uma atuação preventiva que evite esses impactos, com a reestruturação dos produtos e dos processos produtivos. A política ambiental está ligada, portanto, à aplicação de métodos preventivos que propõem a eliminação dos impactos na origem, buscando identificar as causas básicas. A PRIMEIRA ETAPA É FAZER O DIAGNÓSTICO AMBIENTAL. O DIAGNÓSTICO PERMITE QUE A ORGANIZAÇÃO IDENTIFIQUE SUAS VULNERABILIDADES E, ASSIM, POSSA PREPARAR O PLANEJAMENTO, IMPLEMENTANDO POSTERIORMENTE AS AÇÕES PREVENTIVAS E CORRETIVAS, ALÉM DE FINALMENTE MONITORAR O PROCESSO. DEVE-SE, PORTANTO, VERIFICAR ASPECTOS AMBIENTAIS, IMPACTOS AMBIENTAIS SIGNIFICATIVOS, REQUISITOS LEGAIS APLICÁVEIS, CONTROLES OPERACIONAIS EXISTENTES, PROCEDIMENTOS RELATIVOS À GESTÃO AMBIENTAL E RESULTADOS DE INVESTIGAÇÕES RELACIONADAS A POSSÍVEIS ACIDENTES ANTERIORES. Um SGA robusto ancora-se, portanto, em uma política ambiental com um programa de trabalho direcionado para alcançar os objetivos e as metas por meio da monitoração e medição de sua eficácia, da correção de problemas encontrados e da análise crítica com a revisão do sistema. Todas essas ações têm como intuito aperfeiçoá-lo e melhorar o desempenho ambiental. É importante enfatizar que um SGA requer o comprometimento de todos os funcionários, a começar pelos níveis gerenciais mais elevados, nos quais se estabelece a política ambiental e se garante que o sistema seja implementado. OS PILARES DO SGA O sistema de gestão ambiental deve focar as seguintes ações: Identificar os impactos ambientais significativos e elaborar controles operacionais relacionados às situações consideradas normais, anormais e emergenciais. Levar em conta os impactos gerados no passado, conhecidos como passivo ambiental, e também aqueles gerados atualmente. Maximizar os efeitos benéficos e minimizar os efeitos adversos. Evoluir em função de legislação, exigências sociais, clientes, mercado, tecnologia etc. ATENÇÃO Dessa forma, o sistema de gestão ambiental permite que as organizações estabeleçam políticas e objetivos que cumpram leis e regulamentações ambientais e evitem a poluição. Por ser um sistema de normalização abrangente, ele protege as organizações que respeitam as leis e os princípios da conservação ambiental. O SGA também pode ser utilizado como um mecanismo de vantagem competitiva comercial. Uma vez que as normas não ditam como a organização deve alcançar suas metas, não descrevem o tipo de desempenho exigido nem determinam quais resultados serão atingidos nos processos, cabe à empresa focar somente os processos necessários para alcançá-los. BENEFÍCIOS E VANTAGENS COMPETITIVAS DE UM SGA Ao implantar um SGA, as empresas podem obter os seguintes benefícios: Comprometimento e alinhamento da organização para atender à política, aos objetivos e às metas. Maior ênfase nas medidas de prevenção do que nas ações corretivas. Evidências que atendem aos requisitos legais. O sistema implantado contempla o processo de melhoria contínua. Outros benefícios potenciais associados a um SGA incluem: Assegurar aos clientes que a organização possui um sistema confiável. Atender aos requisitos dos acionistas. Obter a redução de custos. Fortalecer a imagem perante os clientes. Atender aos critérios de certificação do comprador. Minimizar os incidentes que impliquem responsabilidade civil. Reduzir o consumo de matérias-primase energia. Facilitar a obtenção de licenças ambientais. Estimular o desenvolvimento de ações concretas visando à melhoria contínua. Entre as vantagens competitivas, podemos destacar as seguintes: Cumprimento das exigências normativas com a melhoria no desempenho ambiental. Desenvolvimento de um produto de acordo com as exigências ambientais, tornando-o mais flexível do ponto de vista de instalação e operação com um custo menor. Redução do consumo de água e energia e consequente diminuição dos custos de produção. Redução da quantidade de material utilizado por produto e consequente redução dos custos de matéria-prima e do consumo de recursos. Otimização do processo produtivo com a redução das etapas do processo produtivo, do tempo de produção e do impacto ambiental do processo. A FAMÍLIA DE NORMAS ISO 14000 Imagem: Stock.adobe.com ISO SIGNIFICA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DE NORMALIZAÇÃO, ENTIDADE NORMATIVA ATUANTE DESDE A DÉCADA DE 1940. O SISTEMA ISO PROPÕE NORMAS UTILIZADAS EM VÁRIOS SEGMENTOS E É EMPREGADA EM DIVERSOS PAÍSES, INCLUINDO O BRASIL A série ISO 14000 possui normas complementares que orientam a gestão ambiental de uma organização, fornecendo informações necessárias para a instalação de um sistema de gestão ambiental que auxilie as organizações a cumprirem os compromissos com a legislação vigente e demais requisitos. Essa série auxilia, portanto, no entendimento, implantação e melhoria de um SGA e tem como objetivo a padronização dos sistemas de gestão ambiental. SAIBA MAIS As organizações que implementarem a ISO 14000 terão também uma visão mais clara sobre as áreas que geram maior impacto ambiental. Assim, as orientações estabelecidas por essa série possibilitam o alinhamento de procedimentos e diretrizes com a política ambiental definida pela empresa. A série ISO 14000 engloba várias áreas ambientais: especificações para implantação e guia de sistemas de gestão ambiental (ISO 14000, ISO 14001); auditorias ambientais (ISO 14015); rotulagem ambiental (ISO 14021, 14024); avaliação de desempenho ambiental (ISO 14031); avaliação de ciclo de vida (ISO 14040, 14041, 14042, 14043, 14050); e aspectos ambientais e padrões de produtos (ISO 14062). As normas da série ISO 14000 mantêm a numeração no Brasil precedida do NBR da ABNT: ISO 14001 Sistema de gestão ambiental – Especificações e diretrizes para uso. ISO 14004 Sistema de gestão ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. ISO 14010 Diretrizes para auditoria ambiental – Princípios gerais. ISO 14011 Diretrizes para auditoria ambiental – Procedimentos de auditoria de SGA. ISO 14012 Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para auditores ambientais. ISO 14020 Rótulos e declarações ambientais – Princípios gerais. ISO 14021 Rótulos e declarações ambientais – Autodeclarações ambientais. ISO 14024 Rótulos e declarações ambientais – Rotulagem ambiental tipo I – Princípios e procedimentos. ISO 14031 Gestão ambiental – Avaliação de desempenho ambiental – Diretrizes. ISO 14040 Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura. ISO 14041 Avaliação do ciclo de vida – Definição do objeto e análise do inventário. ISO Avaliação do ciclo de vida – Avaliação dos impactos. 14042 ISO 14043 Avaliação do ciclo de vida – Interpretação dos resultados. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal A norma ISO 14001 é a única que permite a certificação de empreendimentos; logo, é o eixo central das demais normas ambientais da família ISO 14000. Essa norma é um guia e descreve os requisitos necessários para implantação do sistema de gestão ambiental com o objetivo conduzir a organização dentro de um SGA certificável, estruturado e integrado à atividade da gestão. Dada sua importância, a noma ISO 14001 será aprofundada adiante. A norma ISO 14004 é destinada ao uso interno, servindo como um guia com princípios, sistemas e técnicas de apoio necessárias para o estabelecimento e a implementação de seu sistema de gestão ambiental, não sendo passível de certificação. Imagem: Stock.adobe.com A IMPLANTAÇÃO DESSA NORMA POSSIBILITA A PADRONIZAÇÃO DE PROCEDIMENTOS DE AVALIAÇÃO E A SISTEMATIZAÇÃO DE PROCESSOS AMBIENTALMENTE CORRETOS NO ÂMBITO INTERNO DAS EMPRESAS. PARA O DESENVOLVIMENTO DE EMPRESAS LIMPAS, É NECESSÁRIO DESENVOLVER A CULTURA AMBIENTAL NAS ORGANIZAÇÕES. A organização ainda deve levar em consideração o ciclo de vida do produto desde as fontes energéticas que serão consumidas até os materiais a serem utilizados no processo produtivo, sua distribuição e a destinação final pós-uso. A norma ISO 14040 é a que orienta acerca da avaliação do ciclo de vida do produto, devendo, por isso, ser observada na gestão ambiental. No caso da avaliação do desempenho ambiental, é utilizada a norma ISO 14031. VOCÊ SABIA O Brasil é representado na ISO pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas). O atendimento às normas internacionais têm importância vital, pois permite a exportação dos diferentes produtos desenvolvidos no país. A ABNT é membro com direito a voto no ISO/TC 207, ou seja, no Comitê ISO. Dessa forma, nosso país está representado em suas reuniões e debates. A NORMA ISO 14001 Imagem: Stock.adobe.com A norma ISO 14001, já apresentada brevemente, é difundida no mundo em mais de 250 mil organizações e aplicável a todos os tipos e tamanhos de organizações. ESSA NORMA TRATA DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA), DOS ELEMENTOS E DOS REQUISITOS A QUE UM SISTEMA DEVE ATENDER. Ela atende às diferentes dimensões do SGA e permite um desempenho ambiental correto por meio do controle dos impactos ambientais significativos nas suas atividades, produtos e serviços, além de um alinhamento dos objetivos ambientais com a política ambiental em relação à legislação em vigor. Os conceitos para desenvolver um sistema de gestão ambiental segundo a ISO 14001, são: Prevenção no lugar da correção. Planejamento das atividades. Coordenação e integração. Monitoramento contínuo. Melhoria contínua. CONFORME JÁ ABORDAMOS, A ISO 14001 É A ÚNICA NORMA QUE PERMITE A CERTIFICAÇÃO, LEVANDO, EM MÉDIA, DE UM A DOIS ANOS PARA SER IMPLEMENTADA DEPENDENDO DA COMPLEXIDADE DA EMPRESA, DOS RECURSOS HUMANOS E FINANCEIROS DISPONÍVEIS E DO GRAU DE ENVOLVIMENTO DA DIREÇÃO. AS CONSULTORIAS SÃO UTILIZADAS PARA AUXILIAR NO PROCESSO DE IMPLEMENTAÇÃO E NA PRÉ-AUDITORIA. JÁ A CERTIFICAÇÃO É FEITA POR ORGANISMOS DE CERTIFICAÇÃO INDEPENDENTES. A certificação dessa norma ajuda a prevenir os impactos ambientais, utilizando métodos adequados para evitá-los, reduzi-los ou controlá-los. A ISO 14001 é muitas vezes confundida como sinônimo de excelência ambiental ou de desenvolvimento sustentável. Entre suas vantagens, estão: Transmitir o compromisso assumido pela organização de forma direta por meio da política ambiental que fica disponível para o público. Viabilizar benefícios econômicos mediante a otimização do consumo de energia, matérias- primas e água. Melhorar os processos produtivos. Reduzir os riscos legais de contaminação do meio ambiente. / A norma ISO 14001 é baseada na metodologia de PDCA (plan-do-check-act): Imagem: Stock.adobe.com Em que: Plan - Planejar os objetivos em concordância com a política ambiental da organização. Do - Executar o plano com a implementação dos vários processos. Check - Verificar se os processos estão em conformidade com os objetivos e requisitos legais. Act - Agir, melhorando o desempenho num ciclo de melhoria contínua. A norma ISO 14001 está dividida em várias partes e requisitos gerais que permeiam a política ambiental: planejamento, implementação e operação, verificação, ação corretiva e análise crítica pela administração. Para implantar a norma ISO 14001, uma organização deve: 1 Identificar as características do negócio. Identificar os aspectos ambientais característicos da organização. 2 3 Identificar os impactos ambientais significativos. Criarcontroles operacionais para todos os impactos considerados significativos. 4 5 Identificar a legislação vigente e relevante para o negócio. Atender a todas as exigências legais. 6 7 Implantar o sistema de melhoria contínua. Desenvolver as atividades de apoio necessárias ao funcionamento do SGA. 8 9 Colocar o sistema SGA funcionando. Monitorar os resultados. 10 11 Integrar os projetos de melhoria do desempenho ambiental na estratégia organizacional. ASPECTOS E IMPACTOS AMBIENTAIS A busca pela melhoria contínua dos processos organizacionais visa à redução dos impactos sobre o meio ambiente. A identificação dos aspectos e a determinação da significância dos impactos ambientais das atividades da empresa são uma etapa necessária para a construção de um sistema robusto. Por isso, a avaliação dos impactos ambientais é um item essencial para as empresas que buscam a certificação de ISO 14001 para seu sistema de gestão ambiental. SAIBA MAIS A NBR ISO 14001 prioriza a identificação e o levantamento dos aspectos ambientais significativos, já que são muitos os envolvidos em um processo, daí a importância de se definir critérios para avaliar a significância dos impactos. Podemos considerar o impacto ambiental como qualquer mudança no meio ambiente tanto positiva quanto negativa, total ou parcial, resultante de atividades, produtos ou serviços da organização. O aspecto ambiental é definido, pela NBR ISO 14001, como o elemento das atividades, produtos e serviços de uma organização que pode interagir com o meio ambiente. O aspecto pode estar relacionado com características específicas do negócio, como barulho, poeira e resíduos, ou a um processo específico que produza algum efeito sobre o meio ambiente. AUDITORIA AMBIENTAL Foto: Stock.adobe.com A auditoria ambiental é uma ferramenta que permite a verificação e a avaliação dos sistemas de gestão de uma empresa, dos procedimentos e dos equipamentos em uso. Ela pode ser definida como um procedimento que permite avaliar a adequação do sistema tendo como base critérios preestabelecidos, como a norma ISO 14001, requisitos legais e aqueles definidos por clientes ou pela própria empresa, por exemplo. A auditoria deve ser independente, sistemática, periódica, documentada e objetiva, sendo realizada por uma equipe multidisciplinar de auditores com experiência nos processos da organização. Seu objetivo é identificar as não conformidades que possam impactar o meio ambiente. As normas sobre auditoria ambiental fornecem os princípios gerais e os procedimentos para a condução de auditorias ambientais, incluindo os critérios para a qualificação de auditores ambientais. São elas: NBR ISO 19011, que trata das diretrizes para auditoria de sistemas de gestão, e a NBR ISO 19015, que aborda a avaliação ambiental de locais e organizações. Existem vários tipos de auditoria, uma vez que elas podem apresentar objetivos específicos. AS AUDITORIAS DE FISCALIZAÇÃO OBEDECEM A NORMAS ESPECÍFICAS QUE PODEM VARIAR DE ACORDO COM A LEGISLAÇÃO ESTADUAL OU DO ÓRGÃO FISCALIZADOR. ELAS TÊM COMO OBJETIVO FISCALIZAR AS ATIVIDADES DA ORGANIZAÇÃO EM RELAÇÃO À LEGISLAÇÃO AMBIENTAL APLICÁVEL; CONCESSÃO DE LICENÇAS; VERIFICAÇÃO DO CUMPRIMENTO DO PROCESSO DE LICENCIAMENTO AMBIENTAL; QUANTIFICAÇÃO E QUALIFICAÇÃO DE DANOS; CRONOGRAMAS DE FISCALIZAÇÃO ESTABELECIDOS POR LEI; E VERIFICAÇÃO DE DENÚNCIAS. JÁ AS AUDITORIAS AMBIENTAIS, REALIZADAS POR EMPRESAS PRIVADAS, ESTÃO RELACIONADAS À BUSCA DA CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL SEGUNDO A ISO 14001. Deve-se mencionar que a norma ISO 14001 abrange todos os itens organizacionais que podem causar impacto ambiental: Atividades, produtos e serviços existentes ou propostos. Situações normais e anormais de operação, incidentes ambientais, acidentes ambientais e situações potenciais de emergências ambientais. Dessa forma, o entendimento dos impactos e a responsabilidade social e ambiental da organização ficam evidentes. CERTIFICAÇÃO ISO 14001 Já se sabe que a norma ISO 14001 é a única norma do conjunto ISO 14000 que certifica ambientalmente uma organização; entretanto, o certificado não significa que a organização tenha atingido um ótimo desempenho nem que esteja utilizando as melhores tecnologias disponíveis. Como o processo de certificação é reconhecido internacionalmente, isso permite que as organizações se diferenciem daquelas que somente atendem à legislação ambiental, mas que não possuem certificação ambiental. Para se obter a certificação, as seguintes etapas precisam ser observadas: Compromisso da empresa com o meio ambiente via política ambiental da organização. A partir do estabelecimento dessa política, serão desdobrados objetivos, metas e procedimentos a serem seguidos por todos os colaboradores. Criação dos procedimentos para controle da documentação. Treinamento para a capacitação dos funcionários. Diagnóstico ou pré-auditoria que permitirá identificar os pontos vulneráveis existentes nos procedimentos ambientais da organização, possibilitando sua correção. Certificação que deverá ser executada por uma entidade credenciada, chamada de terceira parte, para emitir o certificado de conformidade com a norma ISO 14001. Nessa fase, a organização se submeterá a uma auditoria ambiental que deverá comprovar sua conformidade com os padrões de qualidade exigidos pela legislação ambiental, manuais e procedimentos instituídos e utilizados pela organização. UMA ORGANIZAÇÃO QUE TENHA O SEU SGA CERTIFICADO PELA ISO 14001 TERÁ CONTROLE SOBRE SEUS RESÍDUOS SÓLIDOS, EFLUENTES LÍQUIDOS E EMISSÕES ATMOSFÉRICAS, DANDO- LHES O DESTINO E O TRATAMENTO ADEQUADOS E ATENDENDO À LEGISLAÇÃO VIGENTE. MAS ISSO NÃO QUER DIZER QUE ESSA ORGANIZAÇÃO NÃO ESTEJA CAUSANDO IMPACTOS AO MEIO AMBIENTE. Para solicitar a certificação segundo a série ISO 14001, uma empresa deve: Tomar medidas concretas para implantar o sistema de gestão ambiental. Listar os aspectos ambientais característicos da atividade empresarial. Identificar os impactos ambientais e avaliar suas significâncias. Implantar os controles operacionais caso os impactos ambientais sejam significativos. Conhecer a legislação pertinente relacionada com a atividade empresarial. Dinamizar as áreas de apoio para sustentar o sistema. As organizações certificadas demonstram aos clientes que o sistema está funcionado de maneira adequada. A NORMA ISO 14001:2015 Para enfrentar os riscos ambientais, a norma ISO 14001 foi revisada em 2015, sendo, por isso, denominada ISO 14001:2015. ESSA NORMA PREENCHE OS REQUISITOS NECESSÁRIOS PARA QUE AS EMPRESAS ENFRENTEM AS AMEAÇAS AMBIENTAIS QUE AFETARÃO OS NEGÓCIOS NOS PRÓXIMOS ANOS. A partir dessa revisão, ela tornou-se mais acessível para as pequenas e médias empresas, assim como para as organizações do setor de serviços. Novas exigências foram incorporadas, como: Integração da gestão ambiental na estratégia da empresa. Melhoria da comunicação com as partes interessadas. Soluções ambientais que vão além da prevenção da poluição. Consideração de todo o ciclo de vida. Melhoria do desempenho ambiental. A NORMA REVISADA ESTABELECEU PADRÕES MAIS ELEVADOS DE DESEMPENHO ORGANIZACIONAL COM UM CONJUNTO DE EXIGÊNCIAS DE GESTÃO EM TODA CADEIA DE VALOR DA ORGANIZAÇÃO, DESDE OS FORNECEDORES E CICLOS DE PRODUÇÃO E DE VENDA ATÉ A FASE DA DISTRIBUIÇÃO FINAL. INCLUIU-SE TAMBÉM UMA DIVERSIDADE DE ATIVIDADES, COMO AQUISIÇÃO, TRANSPORTE, AQUISIÇÃO DE BENS E SERVIÇOS, ENTRE OUTRAS. As novas mudanças estão sintonizadas com a necessidade de adaptação das empresas às exigências do mercado. A norma é uma contribuição para a consolidação do desenvolvimento sustentável em linha com a ISO 26000, que estabelece as diretrizes para responsabilidade social. ATENÇÃO A próxima revisão da norma ISO 14001 está prevista para o ano de 2021; então, fique atento! Um bom profissional está sempre em contínua formação e atualização. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. EM RELAÇÃO AOS PILARES DO SGA, ESCOLHA A ALTERNATIVA CORRETA: A) Identificaros indicadores de desempenho gerencial. B) Identificar os indicadores de desempenho operacional. C) Identificar os indicadores de desempenho climático. D) Identificar os impactos significativos e elaborar controles operacionais. E) identificar os indicadores de satisfação da concorrência. 2. PARA SE OBTER A CERTIFICAÇÃO ISO 14001, ALGUMAS ETAPAS DEVEM SER OBSERVADAS. ANALISE AS APRESENTADAS A SEGUIR: I- COMPROMISSO DA EMPRESA COM O MEIO AMBIENTE. II- CRIAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS PARA CONTROLE DE DOCUMENTAÇÃO. III- DIAGNÓSTICO OU PRÉ-AUDITORIA. IV- QUANTIDADE DE MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA POR PRODUTO. V- CONCENTRAÇÃO DE POLUENTES NA ÁGUA. ESTÃO CORRETOS: A) I e II. B) I, II e III. C) I, II, III e IV. D) I, II, III e V. E) I, III, IV e V. GABARITO 1. Em relação aos pilares do SGA, escolha a alternativa correta: A alternativa "D " está correta. Identificar os impactos significativos e elaborar controles operacionais são um dos pilares do SGA. As alternativas A, B e C abordam indicadores de desempenho relacionados com a avaliação de desempenho ambiental. A alternativa E não tem relação com o tópico tratado. 2. Para se obter a certificação ISO 14001, algumas etapas devem ser observadas. Analise as apresentadas a seguir: I- Compromisso da empresa com o meio ambiente. II- Criação dos procedimentos para controle de documentação. III- Diagnóstico ou pré-auditoria. IV- Quantidade de matéria-prima utilizada por produto. V- Concentração de poluentes na água. Estão corretos: A alternativa "B " está correta. As alternativas I, II e III estão corretas. As alternativas IV e V são relacionadas à avaliação de desempenho ambiental. MÓDULO 3 Reconhecer a avaliação do desempenho ambiental AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL (ADA) Imagem: Stock.adobe.com Para permanecerem em um mercado competitivo e exigente como o atual, as empresas devem buscar a ecoeficiência de seus processos. ENTÃO COMO É POSSÍVEL AVALIAR SE OS OBJETIVOS DE DESEMPENHO AMBIENTAL ESTÃO SENDO ATINGIDOS? A RESPOSTA É A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL (ADA) A SER TRABALHADA NESTE MÓDULO De acordo com a ABNT NBR ISO 14001, o desempenho ambiental traduz os resultados mensuráveis da gestão de uma organização em relação aos seus aspectos ambientais. Esse desempenho é, portanto, o resultado de um sistema de gestão sobre os elementos das atividades da organização que podem gerar um impacto negativo no meio ambiente. SAIBA MAIS A avaliação de desempenho ambiental é definida como um processo de gestão com o objetivo de gerir, por meio de informações confiáveis e verificáveis, se o desempenho ambiental de determinada organização está de acordo com os critérios estabelecidos por ela mesma. Existem várias expressões relacionadas ao desempenho ambiental, como ciclo de melhoria contínua e indicadores ambientais, entre outros. As empresas e organizações que possuem sistemas de gerenciamento ambiental e utilizam práticas sustentáveis, como os métodos de P+L, ecoeficiência e SGA ISO 14001, devem possuir procedimentos para avaliar se os resultados obtidos vêm apresentando uma evolução positiva ao longo do tempo. Os resultados desse desempenho podem ser medidos com base na política ambiental, nos objetivos e nas metas ambientais da organização e em outros requisitos de desempenho ambiental, inclusive via norma NBR ISO 14031, que traz exemplos de indicadores de desempenho ambiental que podem ser utilizados para avaliar as organizações. A ADA possui alguns instrumentos, como a avaliação de impacto ambiental (AIA), sistemas de gestão ambiental (SGA) e a avaliação do ciclo de vida (ACV). Com a elaboração da norma ISO 14031, a avaliação do desempenho ambiental passa a ser orientada por essa norma. A ISO 14031 foca os procedimentos para se realizar uma ADA; no entanto, ela não padroniza ou estabelece regras para a realização. A ADA, de acordo com a norma, permite auxiliar a organização na: Identificação dos aspectos ambientais (emissão de resíduos, ruídos, poeiras etc.). Determinação dos aspectos e impactos que serão tratados como significativos. Estabelecimento de critérios para medir o desempenho ambiental. Monitoração e avaliação do desempenho ambiental com base nesses critérios. ASSIM COMO AS AUDITORIAS AMBIENTAIS, A ADA APRESENTA OS RESULTADOS DO DESEMPENHO AMBIENTAL DE UMA EMPRESA OU INDÚSTRIA, FORNECENDO INFORMAÇÕES QUE AJUDAM A IDENTIFICAR QUAIS ÁREAS APRESENTAM DIFICULDADES E AINDA PRECISAM SER MELHORADAS. ATENÇÃO Na ADA, o processo de coleta de informação e avaliação é contínuo, fornecendo informações atualizadas. Dessa maneira, a empresa pode verificar se está atingindo os objetivos propostos e agir para incrementar a eficiência da empresa. Vale lembrar que a norma ISO 14031 não contempla a certificação do desempenho ambiental atingido. A avaliação do desempenho ambiental deve comparar o desempenho ambiental do período anterior com o atual por intermédio de dados coletados no passado, verificando a tendência do desempenho ambiental atual. A ADA pode ser realizada em qualquer tipo de organização, independentemente de tamanho, dimensão, estrutura organizacional e atividade econômica, seguindo o modelo gerencial PDCA. O MODELO GERENCIAL PDCA É SEGUIDO PELA NORMA ISO 14001 PARA INDICAR AS ESPECIFICAÇÕES PARA A IMPLANTAÇÃO DE UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA). ETAPAS DE IMPLEMENTAÇÃO Imagem: Stock.adobe.com Com relação às características de cada fase da implementação de uma avaliação de desempenho ambiental, temos: ETAPA PLANEJAR Durante a fase de planejamento da ADA, escolhem-se os indicadores ambientais para posteriormente verificar os dados de desempenho. É recomendado que a organização leve em consideração os aspectos ambientais significativos. Na etapa de planejamento, é possível considerar a política ambiental, os requisitos legais, os acordos ambientais e os custos de matérias-primas, água e energia, além de outros benefícios ambientais. ETAPA FAZER Nessa etapa, ocorre a execução propriamente dita dos processos definidos e a coleta de dados. ETAPA CHECAR Na etapa checar, há uma análise dos dados e sua conversão estatística. A verificação serve para observar se os objetivos foram cumpridos. ETAPA AGIR Nessa etapa, são identificados os processos que precisam de melhorias e é feita a tomada de decisão a partir dos resultados obtidos. É fundamental que os interessados verifiquem se os objetivos foram cumpridos e estabeleçam novas metas de melhoria contínua. Os resultados da ADA deve ser publicado internamente para alinhar os funcionários. INDICADORES UTILIZADOS NA ADA Imagem: Stock.adobe.com A AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL PRECISA SER FEITA COM BASE EM INDICADORES QUE DEVEM SER RELEVANTES PARA OS OBJETIVOS DESEJADOS PELA ORGANIZAÇÃO. Os indicadores utilizados na ADA têm de ser informados de forma clara e compreensível para todos os funcionários, apresentando seu significado, resultado atual, evolução e os desafios ambientais da organização. Esses indicadores são divididos em duas categorias: 1. Indicadores de desempenho ambiental (IDA): Indicadores de desempenho gerencial (IDG). Indicadores de desempenho operacional (IDO). 2. Indicadores de condição ambiental (ICA). DE ACORDO COM A NORMA ISO 14031, OS IDA SÃO OS INDICADORES DE DESEMPENHO AMBIENTAL QUE AVALIAM A EFICIÊNCIA DA EMPRESA DE ACORDO COM SEU GERENCIAMENTO (IDG) E SUAS OPERAÇÕES (IDO). Os indicadores de desempenho gerencial estão relacionados com o objetivo de tornar o processo produtivo mais eficiente e eficaz por meio da modernização de equipamento e da introdução da produção mais limpa, assim como de iniciativas de prevenção à poluição. Esses indicadores fornecem informações sobre treinamento, requisitos legais, utilização dos recursos, gestão de custos ambientais, compras, desenvolvimento de produtos, documentação e ação corretiva. SAIBA MAIS Os indicadores de desempenho operacional estão ligados ao funcionamento da organização e forneceminformações sobre a quantidade de insumos e matéria-prima utilizados, consumo de energia e água, quantidade de produtos e subprodutos do processo (emissões, efluentes, ruídos, vibrações, calor, radiação e luz), entre outros. Por fim, os indicadores de condição ambiental fornecem informações sobre as condições ambientais e a relação entre meio ambiente, atividades, produtos e serviços da organização. Quando há boas práticas nos IDG, elas são detectadas nos resultados práticos: os riscos ao meio ambiente são reduzidos, enquanto os ICA serão positivos. Alguns exemplos de indicadores de desempenho ambiental e de indicadores de condição ambiental serão apresentados a seguir: INDICADORES DE DESEMPENHO OPERACIONAL (IDO) • Quantidade de matéria-prima utilizada por produto. • Quantidade de energia e água consumida no processo produtivo. • Quantidade de produtos com defeito. INDICADORES DE DESEMPENHO GERENCIAL (IDG) • Números de treinamentos realizados para os funcionários para capacitação ambiental. • Número de ações para modernização de equipamentos. • Número de iniciativas de prevenção à poluição. INDICADORES DE CONDIÇÃO AMBIENTAL (ICA) • Concentração de poluentes na água. • Concentração de poluentes no ar. • Concentração de contaminantes no solo. As organizações podem avaliar a necessidade de buscar aprimoramentos a fim de prevenir a poluição, reduzir a quantidade de recursos utilizados e minimizar os resíduos gerados. Algumas possibilidades são a adoção de energias e tecnologias limpas, a manutenção e calibração de equipamentos e a substituição dos equipamentos atuais por outros mais eficientes. Mediante o aprimoramento dos IDG, a empresa pode criar esforços para a redução do consumo de matérias-primas e a implementação de programas sustentáveis, estabelecendo metas corporativas. A norma ISO 14031 pode auxiliar as organizações como diretriz para a avaliação do desempenho ambiental, apoiando a empresa na análise das metas propostas e fornecendo subsídios às melhorias nos IDG que impactarão nos resultados nos IDO. javascript:void(0) javascript:void(0) javascript:void(0) ROTULAGEM AMBIENTAL Imagem: Stock.adobe.com A rotulagem ambiental é uma metodologia voluntária que vem sendo praticada mundialmente para indicar o desempenho ambiental de produtos ou serviços. TRATA-SE DE UM MECANISMO DE IMPLEMENTAÇÃO DAS POLÍTICAS AMBIENTAIS DIRIGIDO AOS CONSUMIDORES, AUXILIANDO-OS NA ESCOLHA DE PRODUTOS MENOS AGRESSIVOS AO MEIO AMBIENTE. Essa metodologia tem a função de comunicar os benefícios ambientais do produto, objetivando aumentar o interesse do consumidor por produtos de menor impacto. Ela deve ser usada com ética e transparência para não confundir e iludir os consumidores. Os rótulos precisam salientar as características ambientais dos produtos por meio de expressões corretas e comprováveis pelo usuário. Os tipos de rotulagem pelas normas são: ROTULAGEM TIPO I – NBR ISO 14024 Procedimentos para o desenvolvimento de programas de rotulagem ambiental, como avaliar e demonstrar sua conformidade, além dos procedimentos de certificação para a concessão do rótulo. ROTULAGEM TIPO II – NBR ISO 14021 Requisitos para autodeclarações ambientais, incluindo textos, símbolos e gráficos, no que se refere aos produtos. ROTULAGEM TIPO III – ISO 14025 Tem alto grau de complexidade devido à inclusão da ferramenta de avaliação do ciclo de vida. AVALIAÇÃO DE CICLO DE VIDA (ACV) Foto: Stock.adobe.com A avaliação de ciclo de vida (life cycle assessment – LCA) é um método utilizado para avaliar o impacto ambiental de produtos e serviços. A ACV REPRESENTA A HISTÓRIA DO PRODUTO DESDE A ETAPA DE EXTRAÇÃO DAS MATÉRIAS- PRIMAS ATÉ A FASE DE PRODUÇÃO, DISTRIBUIÇÃO, CONSUMO E PÓS-USO. A ACV de um produto, processo ou atividade é uma avaliação sistemática que quantifica os fluxos de energia e de materiais no ciclo de vida do produto. Uma contribuição importante dela é identificar onde estão os impactos mais relevantes nesse ciclo, permitindo a busca por novas maneiras de se realizar a operação produtiva e de identificar novas alternativas em termos de matérias-primas. VOCÊ SABIA Muitas vezes, o impacto não é percebido claramente pelo consumidor nem pela sociedade, como ocorre no caso de um grande consumo de água no processo produtivo, por exemplo. As normas sobre a avaliação de ciclo de vida tratam de princípios gerais, estrutura e metodologia requerida para analisar o ciclo de vida de um produto, determinando o escopo do estudo e identificando os impactos causados ao ambiente natural e as melhorias que devem ser introduzidas para reduzi-los. São elas: ABNT NBR ISO 14040: Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Princípios e estrutura. ABNT NBR ISO 14044 Gestão ambiental – Avaliação do ciclo de vida – Requisitos e orientações. RESPONSABILIDADE SOCIAL EMPRESARIAL Imagem: Stock.adobe.com A responsabilidade social empresarial é um tema de relevância atualmente. Os fundos de investimento relacionados às empresas socialmente responsáveis têm apresentado um considerável crescimento. SAIBA MAIS Na década de 1990, a valorização da responsabilidade social empresarial foi impulsionada no Brasil. Normas e certificações foram criadas com o objetivo de atestar que a organização, além de ter procedimentos internos corretos, participa de ações não lucrativas em áreas, como, por exemplo, cultura, assistência social, educação, saúde, proteção do meio ambiente e defesa dos direitos comunitários. No processo produtivo, são analisadas as relações trabalhistas, o respeito aos direitos humanos, a contratação de mão de obra, inclusive de fornecedores, a gestão ambiental e a natureza do produto/serviço. Nas relações com a comunidade, a análise se volta para as ações desenvolvidas e os problemas sociais solucionados. Nas relações com os empregados, por sua vez, são analisados os benefícios concedidos, o clima organizacional, a qualidade de vida no trabalho e as ações para aumento da empregabilidade. NORMAS BRASILEIRAS SOBRE RESPONSABILIDADE SOCIAL A ABNT NBR ISO 26000 é uma norma de uso voluntário que estabelece diretrizes sobre a responsabilidade social sem o objetivo de certificação. Tal norma indica que essa responsabilidade deve estar integrada em toda a organização e levar em conta os interesses das partes. A ISO 26000 reflete o propósito de as organizações fazerem considerações socioambientais em seus processos decisórios. Ela ainda reforça a responsabilidade dos impactos das suas decisões na sociedade e no meio ambiente, o que implica um comportamento ético e transparente que contribua para o desenvolvimento sustentável. Foto: Stock.adobe.com OS PRINCÍPIOS ESTABELECIDOS PELA NORMA SÃO: RESPONSABILIZAÇÃO; TRANSPARÊNCIA; COMPORTAMENTO ÉTICO; RESPEITO PELOS INTERESSES DAS PARTES INTERESSADAS, PELO ESTADO DE DIREITO E PELAS NORMAS INTERNACIONAIS DE COMPORTAMENTO; E DIREITO AOS SERES HUMANOS. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. QUAIS ALTERNATIVAS ESTÃO RELACIONADAS AOS INDICADORES DE DESEMPENHO OPERACIONAL? I- QUANTIDADE DE MATÉRIA-PRIMA UTILIZADA POR PRODUTO. II- QUANTIDADES DE PRODUTOS COM DEFEITOS. III- NÚMERO DE INICIATIVAS DE PREVENÇÃO À POLUIÇÃO. IV- NÚMERO DE TREINAMENTOS DE CAPACITAÇÃO REALIZADOS. V- CONCENTRAÇÃO DE POLUENTES NA ÁGUA. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) I. B) I e II. C) I, II e III. D) II, III e IV. E) I, II, III e V. 2. O OBJETIVO DA AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO AMBIENTAL É: A) Verificar se a empresa está cumprindo as metas de acordos globais de emissão de gases. B) Verificar se as metas internas da empresa estão sendo cumpridas adequadamente. C) Avaliar se as organizações estão seguindo as normas estabelecidas pela ISO 14004. D) Avaliar se a empresa está cumprindo as determinações da ISO 14001. E) Avaliar se as metas propostas pelos órgãos governamentais estão sendo cumpridas. GABARITO 1. Quais alternativas estão relacionadas aos indicadores de desempenho operacional? I- Quantidade de matéria-prima utilizada por produto.II- Quantidades de produtos com defeitos. III- Número de iniciativas de prevenção à poluição. IV- Número de treinamentos de capacitação realizados. V- Concentração de poluentes na água. Assinale a alternativa correta. A alternativa "B " está correta. As afirmativas I e II estão corretas por estarem relacionadas aos indicadores de desempenho operacional. As afirmativas III e IV estão relacionadas aos de desempenho gerencial, enquanto a alternativa V diz respeito aos indicadores de condição ambiental. 2. O objetivo da avaliação de desempenho ambiental é: A alternativa "B " está correta. A avaliação de desempenho ambiental verifica se a organização está cumprindo metas e objetivos estabelecidos internamente. MÓDULO 4 Identificar os passos do processo para implantar um SGA AS ETAPAS PARA IMPLANTAR UM SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL ESTÍMULOS PARA A ADOÇÃO DE MÉTODOS DE GESTÃO Imagem: Stock.adobe.com Diversos motivos podem levar uma empresa a adotar os métodos de gestão ambiental, uma vez que, além dos interesses econômicos, é possível haver o surgimento de estímulos internos ou externos. ESTÍMULOS INTERNOS Entre os estímulos internos que motivam uma organização a se envolver com a implementação de técnicas de gestão ambiental, estão: 1. A necessidade de redução de custo – Benefícios financeiros podem ser obtidos com a redução de matéria-prima por unidade produzida e a utilização mais eficiente de energia, água e materiais auxiliares durante o processo produtivo. 2. Incremento na qualidade do produto – Como consequência da obtenção da qualidade ambiental, ocorre a elevação na qualidade do produto relacionada a fatores, como, por exemplo, funcionalidade, confiabilidade, durabilidade e maior facilidade na manutenção. 3. Melhoria da imagem do produto e da empresa – Um produto ambientalmente correto tem uma imagem positiva perante seus consumidores, e essa imagem pode ser fortalecida com normas que agreguem um selo de qualidade ambiental ao produto. 4. A necessidade de inovação – Uma empresa precisa de inovação para buscar uma diferenciação em relação a seus concorrentes, manter-se no mercado em condições de competitividade vantajosa ou lançar novos produtos. A modificação da embalagem de um produto pode ter impacto no mercado. O sistema de gestão ambiental incorpora de forma sistemática a inovação como componente fundamental da estrutura organizacional. ESTÍMULOS EXTERNOS Quanto à implementação de sistemas de gestão ambiental, os seguintes estímulos externos podem servir de incentivo: 1. Demanda do mercado – Há um crescente aumento das exigências ambientais por parte de clientes e consumidores finais, o que obriga as empresas a melhorarem sua forma de atuar, modificando seus processos e produtos. 2. A concorrência – A introdução de métodos de gestão ambiental pode ser motivada pelos concorrentes. 3. O descarte de produtos pós-uso – A responsabilidade das empresas sobre seus produtos vai até o momento em que o consumidor os descarta, como no caso das pilhas e baterias de celulares, ou seja, o produtor assume o compromisso de recuperação quando o material é descartado após o consumo. ESTRUTURA E ORIENTAÇÕES PARA O USO DA NORMA Contexto da organização Entendimento da organização e seu contexto. Compreensão das necessidades e expectativas das partes interessadas. Definição do escopo do sistema de gestão ambiental. Sistema de gestão ambiental. • Estabelecer, implementar, manter e melhorar continuamente um sistema de gestão ambiental, incluindo os processos necessários e suas interações de acordo com a norma. Liderança Liderança e comprometimento. Política ambiental. Papéis e responsabilidades. Planejamento Ações para abordar riscos e oportunidade. • Determinar os aspectos ambientais de suas atividades e seus impactos ambientais. • Identificar requisitos legais e outros requisitos. • Planejar as ações. • Aspectos ambientais. • Requisitos legais. • Riscos e oportunidades identificados. Objetivos ambientais e planejamento para alcançá-los. • Objetivos ambientais. • Planejamento das ações para alcançar os objetivos ambientais. Apoio Recursos. Competência. Conscientização. Comunicação. Documentação da informação. • Criar e atualizar. • Controlar a informação documentada. Operação Planejamento e controle operacional. • Implementar o controle de processo. Preparação e resposta a emergências. • Responder à situação de emergência real. Avaliação de desempenho Monitoração, medição, análise e avaliação. Avaliação do atendimento aos requisitos legais. Auditoria interna. Análise crítica pela direção. Melhoria Não conformidade e ação corretiva. Melhoria contínua. Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal AS ETAPAS PARA IMPLANTAR O SGA De modo bastante simplificado, o SGA precisa cumprir alguns requisitos quanto ao PPDCA. Eles serão apresentados e especificados a seguir. javascript:void(0) PPDCA Esta sigla deriva do inglês problem find, plan, do, check e act, isto é, o PPDCA é a mesma coisa que o PDCA. Entretanto, na sigla PPDCA, está inserida a etapa de encontrar o problema. Quando ele é encontrado, aplica-se o ciclo PDCA. POLÍTICA AMBIENTAL PLANEJAMENTO IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA E PREVENTIVA REVISÃO PELA GERÊNCIA POLÍTICA AMBIENTAL A alta administração precisa definir a política ambiental da organização e assegurar que ela: a) Seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. b) Inclua o comprometimento com a melhoria contínua e a prevenção de poluição. c) Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e às normas ambientais aplicáveis, assim como aos demais requisitos subscritos pela organização. d) Forneça a estrutura para o estabelecimento e a revisão dos objetivos e das metas ambientais. e) Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados. f) Esteja disponível para o público. PLANEJAMENTO No que diz respeito ao planejamento, a organização tem de: a) Estabelecer e manter procedimento(s) para identificar os aspectos e os impactos ambientais de suas atividades, além de produtos ou serviços que tenham impactos significativos no meio ambiente. b) Identificar e ter acesso à legislação e a outros requisitos aplicáveis aos aspectos ambientais de suas atividades, produtos ou serviços. c) Estabelecer e manter objetivos e metas ambientais documentados em cada nível ou função pertinentes à organização. d) Manter um programa de gestão ambiental para atingir seus objetivos e metas. IMPLEMENTAÇÃO E OPERAÇÃO Quanto à implementação e operação, deve-se atentar para os seguintes pontos: a) Estrutura e responsabilidade – As funções, as responsabilidades e as autoridades devem ser definidas, documentadas e comunicadas. b) Treinamento, conscientização e competência – A organização tem de identificar as necessidades de treinamento e os funcionários cujas tarefas possam criar um impacto significativo sobre o meio ambiente. Eles devem, por conta disso, receber treinamento apropriado. c) Comunicação em relação aos seus aspectos ambientais e ao sistema de gestão ambiental – A organização precisa estabelecer e manter procedimentos para a comunicação interna entre vários níveis e funções da organização. d) Documentação do sistema de gestão ambiental – A organização deve estabelecer e manter informações, em papel ou em meio eletrônico, para descrever os principais elementos do sistema de gestão e a interação entre eles. e) Controle operacional – A organização tem de identificar as operações e atividades associadas aos aspectos ambientais significativos de acordo com sua política, seus objetivos e suas metas. Ela deve, portanto, planejar tais atividades para assegurar que elas sejam executadas sob condições específicas. f) Preparação e atendimento a emergências – A organização precisa estabelecer e manter procedimentos para identificar o potenciale atender a acidentes e situações de emergência, bem como para prevenir e mitigar os impactos ambientais que possam estar associados a eles. VERIFICAÇÃO E AÇÃO CORRETIVA E PREVENTIVA Neste requisito, a organização deve seguir abordagem baseada nos seguintes pontos: a) Monitoramento e medição – Estabelecer e manter procedimentos documentados para monitorar e medir periodicamente as características principais de operações e atividades que possam ter um impacto significativo sobre o meio ambiente. b) Não conformidade e ações corretiva e preventiva – Estabelecer e manter procedimentos para definir a responsabilidade e a autoridade para tratar e investigar as não conformidades, adotando medidas tanto para mitigar quaisquer impactos quanto para iniciar e concluir ações corretivas e preventivas. c) Registros – Estabelecer e manter procedimentos para identificação, manutenção e descarte de registros ambientais. Esses registros precisam incluir registros de treinamento e resultados de auditorias e análises críticas. d) Auditoria do sistema de gestão ambiental – Estabelecer e manter programas e procedimentos para auditorias periódicas do sistema de gestão ambiental. REVISÃO PELA GERÊNCIA A alta administração da organização tem de analisar criticamente o sistema de gestão ambiental para assegurar sua conveniência, adequação e eficácia. A análise crítica deve abordar a eventual necessidade de alterações na política, nos objetivos e em outros elementos do sistema de gestão ambiental, assim como o comprometimento com a melhoria contínua. Desse modo, apresentamos o planejamento dos processos para implantação do sistema de gestão ambiental segundo a norma NBR ISO 14001. Embora bastante detalhada na exigência dos procedimentos que devem ser adotados para a implantação de um SGA, ela não estabelece metas, podendo ser adotada por empresas de qualquer tipo e tamanho. Em relação aos benefícios demonstrados a partir da implementação de um SGA em conformidade com a norma ISO 14001, podemos identificar a melhoria dos processos gerenciais, das práticas e dos procedimentos que controlam as atividades da organização capazes de apresentar efeitos sobre o meio ambiente. VERIFICANDO O APRENDIZADO 1. NA ÁREA DE OPERAÇÃO DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL, PODEMOS CITAR COMO TÓPICOS ESSENCIAIS: I) IMPLEMENTAÇÃO DE CONTROLES OPERACIONAIS. II) ATIVIDADES TRIVIAIS EXECUTADAS. III) AUDITORIAS PERIÓDICAS DO SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL. IV) MANUTENÇÃO E DESCARTE DE REGISTROS AMBIENTAIS. V) ESTABELECIMENTO E MANUTENÇÃO DE PROCEDIMENTOS PARA IDENTIFICAR O POTENCIAL E ATENDER A ACIDENTES E SITUAÇÕES DE EMERGÊNCIA. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) I. B) I e II. C) I e V. D) II, III e IV. E) I, II, III e V. 2. QUANTO À POLÍTICA AMBIENTAL, A ALTA ADMINISTRAÇÃO TEM DE DEFINIR QUE: I) SEJA APROPRIADA À NATUREZA, À ESCALA E AOS IMPACTOS DA SUA ATIVIDADE. II) INCLUA O COMPROMETIMENTO COM A MELHORIA CONTÍNUA. III) INCLUA O COMPROMETIMENTO COM O ATENDIMENTO À LEGISLAÇÃO VIGENTE. IV) DEFINA ESTRUTURAS E RESPONSABILIDADES. V) IMPLANTE OS CONTROLES OPERACIONAIS. ASSINALE A ALTERNATIVA CORRETA. A) I. B) I e II. C) I, III e V. D) I, II e III. E) I, II, III e V. GABARITO 1. Na área de operação do sistema de gestão ambiental, podemos citar como tópicos essenciais: I) Implementação de controles operacionais. II) Atividades triviais executadas. III) Auditorias periódicas do sistema de gestão ambiental. IV) Manutenção e descarte de registros ambientais. V) Estabelecimento e manutenção de procedimentos para identificar o potencial e atender a acidentes e situações de emergência. Assinale a alternativa correta. A alternativa "C " está correta. As alternativas I e V estão corretas. Na área de operação do sistema de gestão ambiental, esses tópicos são essenciais. 2. Quanto à política ambiental, a alta administração tem de definir que: I) Seja apropriada à natureza, à escala e aos impactos da sua atividade. II) Inclua o comprometimento com a melhoria contínua. III) Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação vigente. IV) Defina estruturas e responsabilidades. V) Implante os controles operacionais. Assinale a alternativa correta. A alternativa "D " está correta. As alternativas I, II e III estão corretas. A política ambiental é definida pela alta administração. CONCLUSÃO CONSIDERAÇÕES FINAIS Vimos neste conteúdo que, com o crescimento econômico mundial, os problemas ambientais se agravaram e tiveram maior visibilidade devido ao aumento das contaminações e à possibilidade de esgotamento dos recursos naturais. Destacamos, por isso, que o conceito de desenvolvimento sustentável passou a ser entendido no meio empresarial como um modo de as empresas assumirem formas de gestão mais eficientes. São exemplos desse entendimento as práticas de produção mais limpa, a ecoeficiência e o sistema de gestão ambiental representado pela série de normas ISO 14000 e pela norma ISO 14001. AVALIAÇÃO DO TEMA: REFERÊNCIAS ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR ISO 14001: Sistemas de gestão ambiental – requisitos com orientação para uso. Rio de Janeiro: ABNT, 2015. BRAGA, B. Introdução à engenharia ambiental. 2. ed. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. CERQUEIRA, J. Sistemas de gestão integrados. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. DIAS, R. Gestão ambiental: responsabilidade social e sustentabilidade. 3. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2017. DONAIRE, D.; OLIVEIRA, E. C. de. Gestão ambiental na empresa: fundamento e aplicação. 3. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2018. MIHELCIC, J. R.; ZIMMERMAN, J. B. Engenharia ambiental: fundamentos, sustentabilidade e projetos. 2. ed. Rio de Janeiro: GEN, 2018. SEIFFERT, M. E. B. Sistemas de gestão ambiental (SGA-ISO 14001): melhoria contínua e produção mais limpa na prática e experiências de 24 empresas brasileiras. São Paulo: Atlas, 2011. EXPLORE+ Para se aprofundar no tema estudado, leia estes artigos: Utilização da produção mais limpa como estratégia sustentável aplicada às operações logísticas, de Tássia Faria de Assis e colaboradores (2020). Implementação do sistema de gestão ambiental em uma indústria sucroalcooleira do estado de Pernambuco, de Igor Gomes Pereira Monteiro e colaboradores (2020). Aplicação dos conceitos de produção mais limpa em uma empresa fabricante de escapamentos: um estudo de caso, de Monique Rodrigues Gomes e colaboradores (2019). Avaliação de desempenho ambiental industrial: elaboração de um referencial metodológico, de Andréia Marize Rodrigues e colaboradores (2015). No portal da Revista produção online, da Associação Brasileira de Engenharia de Produção, você pode ainda encontrar outros artigos interessantes sobre a gestão ambiental de empresas e organizações. CONTEUDISTA Ney Joppert Junior
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