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1 MOTRICIDADE E NEUROCIÊNCIA 2 Equipe de Elaboração Grupo ZAYN Educacional Coordenação Geral Ana Lúcia Moreira de Jesus Gerência Administrativa Marco Antônio Gonçalves Professor-autor Luciano de Assis Silva Coordenação de Design Instrucional do Material Didático Eliana Antônia de Marques Diagramação e Projeto Gráfico Cláudio Henrique Gonçalves Revisão Ana Lúcia Moreira de Jesus Mateus Esteves de Oliveira GRUPO ZAYN EDUCACIONAL Rua Joaquim Pinto Lara,N° 87 2ºAndar – Centro Piracema –MG CEP: 35.536-000 TEL: (31) 3272-6646 ouvidoria@institutozayn.com.br pedagogico1@institutozayn.com.br 3 Boas-vindas Olá! É com grande satisfação que o Grupo ZAYN Educacional agradece por escolhê-lo para realizar e/ou dar continuidade aos seus estudos. Nós do ZAYN estamos empenhados em oferecer todas as condições para que você alcance seus objetivos, rumo a uma formação sólida e completa, ao longo do processo de aprendizagem por meio de uma fecunda relação entre instituição e aluno. Prezamos por um elenco de valores que colocam o aluno no centro de nossas atividades profissionais. Temos a convicção de que o educando é o principal agente de sua formação e que, devido a isso, merece um material didático atual e completo, que seja capaz de contribuir singularmente em sua formação profissional e cidadã. Some-se a isso também, o devido respeito e agilidade de nossa parte para atender à sua necessidade. Cuidamos para que nosso aluno tenha condições de investir no processo de formação continuada de modo independente e eficaz, pautado pela assiduidade e compromisso discente. Com isso, disponibilizamos uma plataforma moderna capaz de oferecer a você total assistência e agilidade da condução das tarefas acadêmicas e, em consonância, a interação com nossa equipe de trabalho. De acordo com a modalidade de cursos on-line, você terá autonomia para formular seu próprio horário de estudo, respeitando os prazos de entrega e observando as informações institucionais presentes no seu espaço de aprendizagem virtual. Por fim, ao concluir um de nossos cursos de pós-graduação, segunda licenciatura, complementação pedagógica e capacitação profissional, esperamos que amplie seus horizontes de oportunidades e que tenha aprimorado seu conhecimento crítico a cerca de temas relevantes ao exercício no trabalho e na sociedade que atua. Ademais, agradecemos por seu ingresso ao ZAYN e desejamos que você possa colher bons frutos de todo o esforço empregado na atualização profissional, alémde pleno sucesso na sua formação ao longo da vida. 4 CARACTERIZAÇÃO DA DISCIPLINA Disciplina: Motricidade e Neurociência EMENTA Apresentar as contribuições da Neurociência, a partir de evidencias científicos do papel da motricidade para a aprendizagem e desenvolvimento. CONTEÚDO PROGRAMÁTICO Introduzindo o Conceito de Motricidade A Construção da Motricidade na Ontogênese Motridade e Aprendizagem Desenvolvimento do cérebro Regiões cerebrais e suas funções Área Motora Primária Áreas de Associação Secundárias Áreas de Associação Terciárias: Plasticidade do Cérebro Sistema nervoso Sistema Nervoso Central Encéfalo Cérebro Cerebelo Tronco Encefálico Medula Espinhal Sistema Nervoso Periférico MOTRICIDADE E NEUROCIÊNCIA GRUPO ZAYN EDUCACIONAL 5 Como a Neurociência pode ajudar no aprendizado Emoção Motivação Atenção Socialização A PERCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM A PERCEPÇÃO NO CONTEXTO FAMILIAR A PERCEPÇÃO NO CONTEXTO ESCOLAR ALUNO X PROFESSOR 6 Sumário A ORGANIZAÇÃO MOTORA DO SER HUMANO...............................................................7 A PSICOMOTRICIDADE EVOLUCIONISTA........................................................................12 PSICOMOTRICIDADE COMO INTEGRAÇÃO SUPERIOR DA MOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL...............................................................................................19 DEFININDO PSICOMOTRICIDADE....................................................................................24 COMPONENTES IMPORTANTES DA PSICOMOTRICIDADE.........................................28 A ESTIMULAÇÃO PSICOMOTORA....................................................................................30 REFERÊNCIA..........................................................................................................................33 7 A ORGANIZAÇÃO MOTORA DO SER HUMANO Segundo Fonseca (2009) a extraordinária, maravilhosa, prodigiosa, rápida e controlada habilidade motora ou práxica, auto engendrada corticalmente, transportou e descolou a espécie humana para a evolução do seu psiquismo. A motricidade humana, planificada e executada pelo córtex (BERNSTEIN, 1967; LURIA, 1973, ROTHI & HEILMAN, 1997 apud FONSECA, 2009), coordena a atividade dos músculos e comunica, em simultâneo, com as suas próprias consequências (outputs), que são imediatamente comparadas com os estados mentais superiores desejados. Ao mesmo tempo em que se desencadeia a resposta adaptativa motora, o controle motor como sistema aberto e flexível que é, computa sinais de referência (aferências sensoriais visuais, espaciais, tátil-cinestésicas, mecanorreceptoras, vestibulares, proprioceptivas, tônicas etc.) e sinais de erro da ação (sinais de retroação e proação críticos), permitindo, em tempo útil, operar de forma plástica reajustamentos e compensações posturais e cinéticas que não têm semelhança adaptativa com outros primatas. Como integra muitos níveis hierárquicos, o controle do movimento voluntário humano, não sendo o mais rápido nem o mais potente entre os vertebrados, é certa- mente o mais estruturado, flexível e complexo em termos neuropsicológicos e neuroquímicos, desde o nível mais baixo medular até o mais elevado pré-frontal. O nível mais baixo compreende a unidade motora, composta dos motoneurônios medulares e das centenas de fibras musculares que inervam os músculos, pois cada um deles é composto de muitas centenas dessas unidades contráteis. Na medula humana, foram já identificados cerca de 200.000 motoneurônios, cada um com as suas unidades motoras dependentes, cuja ativação provoca as contrações dos músculos dos membros, do tronco e do pescoço. (ECCLES, 1973; POPER & ECCLES, 1977 apud FONSECA, 2009). Em contrapartida, o nível mais elevado compreende o córtex motor localizado na área 4 de Brodmann onde, o corpo está representado como um mapa desde os dedos dos pés na sua superfície média, progredindo lateralmente pelos dedos das 8 mãos, com especial ênfase no dedo polegar, e terminando na sua superfície inferior com a língua (PENFIELD; RASMUSSEN, 1952 apud FONSECA, 2009). As células piramidais gigantescas específicas de cada área do corpo, mais largas na mão e na face, transmitem então o comando motor, direta e indiretamente, aos motoneurônios da medula, por meio dos seus longos axônios organizados em colunas para maior eficácia da sua descarga e inibição conjuntas (retroação positiva). O movimento voluntário envolve, deste modo, a excitação de células piramidais específicas selecionadas mentalmente e volitivamente a partir do homúnculo, e, só dessa forma, a ação desejada é desencadeada e executada com perfeito controle e se transforma em uma resposta integrada. O circuito humano cérebro-motricidade-cérebro é tão flexível e rápido, em termos neuromusculares, que o output do sistema de retroação pode ser alterado, modificando o sinal de referência. Os ganhos, em termos de evolução, de comportamento e de aprendizagem são substanciais. As consequências da ação são otimizadas em termos de alvo a atingir, porque os desvios dos objetivos a obter são minimizados, daí a importânciade a aprendizagem humana ser prolongada e envolver sistemas de retroação e proação tão diferenciados. A fabricação de instrumentos ou a fala, manipulação e articulação, seria inacessível sem estes circuitos neuronais evolutivamente aperfeiçoados. Os sistemas de proação, verdadeiros sistemas de controle antecipatório, têm de confiar na informação dos sensores, dos efetores e da consciência do Eu, ou seja, da sua experiência e vivência (KANDEL, SCHWARTZ e JESSEL, 2000 apud FONSECA, 2009). O ser humano opera mais corretamente em termos de motricidade e de práxia, porque, ao longo da evolução, adquiriu melhor controle postural (envolvendo o cerebelo) e motor (envolvendo os gânglios da base e o córtex), logo com melhores sistemas computacionais de retroação e proação. São talvez estas novas vantagens da motricidade humana, prodigiosamente organizada pelo Eu e pelo seu psiquismo complexo, que podem explicar logicamente a evolução humana. 9 Arremessar uma lança a um animal em movimento em uma situação real de caça, pela qual os nossos antepassados passaram com muita frequência, ilustra o funcionamento do sistema de proação. Em primeiro lugar, o sistema de proação tem de ser ativado rapidamente para apreensão do alvo em movimento no espaço; - em segundo lugar, o mesmo sistema tem de fornecer dados de predição sobre os eventos sensoriais em jogo, como, por exemplo, onde projetar e direcionar a lança, com que força e precisão, em que zona do alvo animal (na cabeça, no pescoço, no ventre etc.); e - em terceiro lugar, os mecanismos de proação e antecipação, dada a sua flexibilidade, podem modificar as operações dos mecanismos de retroação em nível medular. Lançar uma bola ao cesto, desenhar ou escrever implica o mesmo tipo de mecanismos de funcionamento neuropsicomotor. A circunstância de os movimentos serem orientados para fins e serem construídos com base em representações mentais internas, nomeadamente, a procura, a busca e a obtenção de resultados e de efeitos desejados, ligando rapidamente o pensamento à ação, e serem também melhorados e aperfeiçoados com a prática, a experiência e o treino, por meio da sua computação retroativa e proativa, deu origem, ao longo da Hominização, a novas capacidades de controle motor. Tais metafunções cognitivas e executivas, emergidas da própria ação e resultantes dela, favoreceram naturalmente a explosão impressionante de novos circuitos neuronais no cérebro humano. O cérebro humano produz ações e movimentos voluntários a partir de invariantes psicomotores. Primeiro, representando abstrativamente as suas consequências e antecipando os resultados a obter; segundo, processando e planificando quantidades enormes de informação, dentro e fora do corpo; e, finalmente, executando uma série de procedimentos efetores específicos, modulando, retroativamente e proativamente, a sua velocidade e precisão. O cérebro, ao longo da Hominização, para executar ações complexas na caça, na fabricação de instrumentos, no trabalho ou em outras ocupações, teve necessidade de as aprender primeiro em uma prática intensiva e diversificada e, posteriormente, teve de as representar mentalmente, teve, portanto, necessidade de mobilizar múltiplas informações visuais, táteis, proprioceptivas, vestibulares e cinestésicas e, 10 paralelamente, teve de introduzir progressivamente novas formas de controle motor, retroativas e proativas para atingir os seus objetivos e propósitos. Tal enquadramento mental da ação eficaz e utilitária significa que teve de a planificar antes de iniciar a sua execução. A representação desta planificação de movimentos é denominada programas motores, que especificam informações espaciais e físicas, ditas cinemáticas e dinâmicas, que acabam por fornecer ao cérebro, por retroação e proação, inúmeras fontes de informação inacessíveis a outros primatas. De fato, a finalidade de a motricidade humana ser mentalmente elaborada em termos de processamento e armazenamento de informação está em possibilitar que o ser humano interaja com o envolvimento de forma mais adequada, aberta e adaptada. A infinita variedade de comportamentos motores intencionais que o ser humano conquistou ao longo da evolução é governada pelas ações integradas dos vários sistemas motores do cérebro, desde os circuitos medulares simples dos reflexos até os circuitos corticais supercomplexos das praxias. Os reflexos não diferem dos movimentos voluntários que requerem a sua participação e integração. A diferença está no locus e na magnitude da resposta motora que deve estar apropriada à localização e à intensidade dos estímulos sensonais em Jogo. A ligação rápida do pensamento à ação deve-se, portanto, às vias piramidais, corticobulbares e corticoespinais, que são as vias mais poderosas e diretas a partir das quais O córtex cérebral pode controlar os motoneurônios medulares que inervam os músculos. Esta projeção direta e admiravelmente rápida do cérebro para o corpo, principalmente da área motora primária reservada às mãos e à boca, isto é, para motoneurônios distais das extremidades, demonstra, em síntese, que o êxito da motricidade humana está associado à maior complexidade e velocidade informacional que decorre dos sistemas sensoriais e dos sistemas motores. A riqueza comunicacional daí advinda permitiu evolutivamente que os centros corticais superiores controlassem toda a informação relevante que lhes chega do 11 envolvimento, da ação e do próprio corpo e que é absolutamente necessária para a execução de qualquer tarefa. Toda esta sinfonia psicomotora foi refinada pela aprendizagem ao longo da Hominização. Com a especialização sustentatória da coluna e locomotora das pernas, o ser humano, ao manter-se ereto, atingiu a libertação dos pés e, com ela, ascendeu à libertação das mãos, ou melhor, ao aperfeiçoamento da habilidade manual. Com estas duas etapas da evolução motora, atingiu-se evolutivamente a libertação da boca e da face, com o fino, sutil e delicado microcontrole da laringe, da faringe, do palato, da língua e dos lábios, e o ser humano entra m uma nova aventura evolutiva e comunicativa. A pirueta de uma bailarina, a resposta precisa e potente de um tenista, a virtuosidade dos movimentos dos dedos de um pianista, a coordenação e a concentração criadora e a fixação binocular de um leitor, de um artesão ou de um cirurgião, autênticas proezas práxicas, exigem competências psicomotoras notáveis e sutis que nenhum primata nem nenhum “robô” poderão alguma vez executar. 12 A PSICOMOTRICIDADE EVOLUCIONISTA A motricidade humana é neuropsicomotora, possui, portanto, uma qualidade inteligente, intrínseca, exclusiva e emergente na espécie humana (MATURANA & VARELA, 1998 apud FONSECA, 2009). O ser humano ao longo da Hominização conquistou o seu Eu e conquistou a percepção e o conhecimento do mundo pela ação (macromotricidade, micromotricidade, oromotricidade e grafomotricidade), não uma ação biologicamente fundamentada, mas uma ação psíquica e culturalmente sustentada, que decorre de funções cognitivas, que implicam atenção, observação, planificação, antecipação, regulação e, em uma palavra, implicam reflexão. Para estudiosos da motricidade como Fonseca, o paradigma nuclear da Psicomotricidade tal e qual a perspectivam, valoriza o papel da ação ao longo da evolução e na emergência da cognição. A ascensão da ação à cognição, porém, requer uma aprendizagem e um aperfeiçoamento contínuos, tal ocorreu no passado como podemos testemunhar pelos fósseis e acontecerá no futuro da espécie, pois não nascemos ensinados. Uma vez praticados e experienciados, os sistemas motores executam programas para cada um daqueles atos de forma fácil e fluente, sendo a maioria de forma automática, flexível, elegante, melódica e econômica, isto é, sem esforço. Apesar deo ser humano executar tais atos de forma consciente, pelo menos na sua intenção autogerada e na planificação de certas das suas ações sequencializadas, como no caso da condução automóvel, os detalhes e os pormenores dos movimentos, na generalidade, são controlados automaticamente. Com base nesta organização cortical intrínseca da motricidade e do psiquismo humano, a dominância manual, que subentende a divisão de tarefas entre as duas mãos, e, mais tarde, a especialização hemisférica, que subentende a divisão das funções não simbólicas e simbólicas entre os dois hemisférios, embora conectados pelo corpo caloso, tornaram-se outras duas novas vantagens adaptativas. Ambas no seu conjunto explicam o surgimento de uma extraordinária capacidade de fabricação de utensílios, não apenas da sua mera utilização, pois inventar é uma função mental bem mais complexa que simplesmente usar, e de uma extraordinária 13 capacidade de comunicação, não apenas de meras expressões gestuais, mas também de processos de expressão e transmissão de conhecimento. Esta organização cérebro e corpo consubstancia uma tendência filogenética indispensável ao sucesso evolutivo da espécie humana, onde cerca de 90% dos humanos são destros e 10% são esquerdinos (incluindo falsos canhotos e ambidestros). A maioria dos seres humanos usa a mão direita preferencialmente para funções práxicas mais finas, velozes e precisas em relação à mão esquerda, pois esta tende a ser mais dedicada a funções motoras de suporte e de auxilio, independentemente de sua ocorrência revelar uma certa diversidade cultural. A dominância manual da mão direita (controlada pelos centros motores do hemisfério esquerdo, o hemisfério também responsável pelas funções da linguagem) faz ressaltar a diferença de velocidade e de precisão na execução de micromovimentos, assim como a diferença de força na preensão e na manipulação de objetos de ambas as mãos. A via piramidal mais usada tende a estabelecer uma transmissão corticoespinhal mais veloz. Só em casos raros, que os há, o desempenho da mão esquerda é equivalente ao da mão direita. O perfil destro ou esquerdino de uma pessoa define claramente a superioridade de uma das suas mãos sobre a outra em inúmeras tarefas micromotoras, basta experimentar com o gesto gráfico da nossa assinatura pessoal. Em virtude da diferença da experiência prática entre as duas mãos, da repetição, da retroação e da proação das suas performances motoras na fabricação e na utilização de instrumentos, a atualização dos programas motores de cada uma das mãos distingue, com o tempo, as redes neuronais da mão mais utilizada no aperfeiçoamento progressivo das suas competências, elas tornam-se mais automáticas e fluentes, logo os seus centros de controle motor no hemisfério contralateral também se diferenciam. A dominância manual que reflete o aperfeiçoamento da habilidade manual ao longo da Hominização ilustra uma relevante vantagem neuroevolutiva com origem na utilização e na fabricação de utensílios que se projetou também na compreensão e na produção de gestos com significação comunicativa, favorecendo, desse modo, a 14 criação de circuitos neuronais mais em um hemisfério do que outro, mais no esquerdo do que no direito. Se a mão direita, em razão da fabricação e do uso de utensílios, privilegiou em termos de controle motor pela via piramidal o hemisfério esquerdo; por analogia, a comunicação gestual também favoreceu nele a criação de circuitos que antecederam a emergência da linguagem articulada, foi esta a trajetória evolutiva que se deu também na Hominização. As Neurociências confirmam, de fato, que o ser humano ao longo da sua história evoluiu do gesto à palavra, da comunicação não verbal à verbal, da linguagem corporal à linguagem falada, e não no sentido contrário. A explicação desta vantagem evolutiva parece reforçar que o gesto comunicativo da mão dominante (micromotricidade) induziu a articulação da linguagem com a boca (oromotricidade). A Neurologia e a Neuropatologia atuais demonstram que as funções de compreensão e de produção da linguagem oral são preferencialmente autoengendradas no hemisfério esquerdo na maioria dos seres humanos. (GESCHWIND, 1975; LEVY, 1980 apud FONSECA, 2009). Além desta vantagem adaptativa, a via monossináptica da motricidade humana apresenta outra característica neuroevolutiva distinta da dos primatas, pois encontra- se dividida nos seus filamentos por dois importantes substratos de forma susbtancialmente diferente: metade dos filamentos tem origem no córtex motor, ou seja, nas grandes células piramidais de Betz, na 5ª camada cortical da área 4, espelhando uma organização somatotópica perfeita onde cada uma das suas porções está encarregada da motricidade de uma parte particular do corpo, mais nas mãos e na face do que no resto do corpo, pressupondo uma correspondência sinergética entre motoneurônios frontais com os medulares. O conjunto destes filamentos controla, preferencialmente, a execução motora na sua ativação mais reflexa e mais automática. a outra metade tem origem nas áreas pré-motoras (áreas motoras suplementares, pré-suplementares e áreas pré-motoras laterais) também com uma organização neurológica mais privilegiada em umas regiões do que em outras, 15 funcionalmente mais centrada na melodia, na precisão, na supervisão, na visualização, na sequencialização, na inibição e na complexidade da motricidade, isto é, em termos funcionais, mais centrada na sua planificação, na sua autorregulação, no sentido da singularidade e da individualidade, logo na sua reflexão. O controle micromotor das mãos e dos dedos está assim facilitado, dada a ligação direta dos motoneurônios superiores com os inferiores, a velocidade e a precisão decorrente desta original e rápida conectividade neuronal, está na origem da destreza e da habilidade manuais do ser humano, embora os primatas a possam esboçar grosseiramente. Neurônios e músculos, ao entrarem em diálogo rápido pelos filamentos piramidais, estão mais disponíveis para estabelecer estreitas relações entre o planificar, o regular, o extrapolar e o antecipar das ações, bem como as decidir e executar em tempo útil, ao mesmo tempo em que permitem por referência a pronta correção dos seus erros executivos. Mover os dedos da mão individualmente e sequencialmente de acordo com a intencionalidade da ação é um dom da motricidade humana. Outros mamíferos e carnívoros não o conseguem fazer. Dada a representação que as mãos e a face têm no homúnculo invertido do córtex motor, ao contrário de outras partes do corpo, como os membros e o tronco, a via piramidal mais recente está mais relacionada com a micromotricidade, a oromotricidade e a grafomotricidade do que com a macromotricidade. A macromotricidade, que compreende a motricidade das pernas, recebe menos conexões da via piramidal, na medida em que é mais relacionada com a postura e com os padrões de locomoção bípede e depende mais dos centros motores subcorticais (sistema extrapiramidal), reticulares e cerebelosos filogeneticamente mais antigos. A macromotricidade que assume funções de estabilidade e de compensação de desvios posturais é mais lenta porque os prolongamentos axônicos são também mais compridos, e a condução das instruções leva mais tempo do cérebro ao corpo, ao contrário das outras formas de motricidade em que os prolongamentos são mais 16 curtos e a condução é mais rápida como na micromotricidade, na oromotricidade e na grafomotricidade. Trata-se de uma disposição filogenética da Hominização, a sua aquisição neurológica ontogenética revela-a inconfundivelmente, e, por esse fato, a conquista da postura antecipa na criança a conquista das praxias. Os estudos dos movimentos rápidos e repetitivos das extremidades, isto é, dos pés, da mão, dos dedos e da língua,sugerem diferentes velocidades e graus de controle da via piramidal. Por essa evidência, a sua utilização é tão relevante para o estudo da integridade do sistema nervoso. Os filamentos das vias piramidais rápidas comandam preferencialmente os neurônios que controlam os músculos e as articulações das mãos e dos dedos do lado contrário do corpo (cerca de três quartos das suas fibras cruzam a linha média da medula - decussação ao nível bulbar) e, sem eles, o fenômeno cultural humano não seria alcançável. Os neurônios motores dos ombros, dos braços e dos pulsos, obedecendo à lei de desenvolvimento neuronal próximo-distal, recebem comandos das áreas frontais e pré-frontais antes dos neurônios motores das mãos e dos dedos. É por isso que os seres humanos, ao contrário dos primatas, podem atingir alvos e manusear instrumentos com grande precisão. O ser humano pode, com um martelo, acertar na cabeça de um prego e pregá-Io com grande controle e precisão motora, o chimpanzé não. Os seres humanos podem tocar piano e flauta, os chimpanzés, apesar da sua destreza manual, não o fazem exatamente porque a disposição dos filamentos da sua via piramidal é diferente. As mãos e os dedos no cérebro humano, além da face, ao contrário do cérebro do primata, aparecem superdimensionadas, principalmente no que diz respeito ao polegar, aos lábios, à língua e à laringe. A sua representação cortical é desproporcionada em relação às suas proporções corporais dada a sua importância neurofuncional. A Hominização está assim retratada no córtex motor humano, e o esquema do homúnculo comprova-o. A manipulação e a articulação, capacidades micromotoras e oromotoras, estão nele mais fortemente representadas, e, por esse fato, o controle 17 muscular fino das mãos, dos dedos, do polegar, da laringe, da língua e dos lábios é mais rápido e sofisticado. As suas combinações múltiplas permitiram a realização de inúmeras proezas micropraxias (FONSECA, 2009). Cada músculo e articulação da mão e da face é tão bem representado no córtex motor, por meio de colunas axônicas diretamente dirigidas aos núcleos motores medulares, que o seu controle é mais independente e diferenciado. O controle motor não depende só do córtex motor, que é uma estrutura muito importante para a execução da motricidade, pois não é o seu iniciador, ele atua só depois do córtex pré-motor, sugerindo uma preparação prévia, retrógrada, antecipada, ou seja, pressupõe uma atividade psíquica que antecede a motricidade. Essa preparação, também designada planificação e, portanto, mais controlada, leva cerca de 250 milissegundos antes da ação ser disparada, uma função de planificação que antecede a de execução que transformou a motricidade em Psicomotricidade, uma vantagem evolutiva fundamental (FONSECA, 2009). Em síntese, a via piramidal tira assim proveito dos circuitos espinais, e ela pode ligar, de forma rápida e precisa, os inputs sensoriais locais com os outputs motores. A performance motora e a transformação sensorial resultantes de tais populações de neurônios hierarquicamente organizados são deveras mais proficientes porque as representações do envolvimento externo são mais perfeitamente integradas nos programas motores (CALVIN, 2004). A complexidade das neomotricidades, da macromotricidade, da micromotricidade, da oromotricidade e da grafomotricidade não só possibilitou a fabricação e o uso dos instrumentos, mas também permitiu ascender à linguagem. Em certa medida, tais formas de motricidade, desde os reflexos até a reflexão, tomaram-nos mais humanos, eis na concepção de Fonseca, o paradigma central da Psicomotricidade evolucionista. A Psicomotricidade evolucionista procura assim perspectivar uma evolução corporal anterior à evolução cultural, uma evolução motora anterior a uma evolução psíquica, consubstanciando uma remodelação biocultural que ilustra uma história coerente: - do inato ao adquirido; - da sobrevivência à reprodução; - do corpo ao cérebro; 18 - do cérebro à mente; - dos sentidos aos neurônios; - dos neurônios aos músculos; - do mielencéfalo ao telencéfalo; - dos genes ao organismo; - da consciência do Outro à consciência do Eu; - da somatognosia à ecognosia; - do endossistema ao ecossistema; - da macromotricidade à micromotricidade; - da oromotricidade à grafomotricidade; - dos gestos aos símbolos; - dos instrumentos à linguagem; - dos objetos às imagens; - das imagens às palavras; - da aprendizagem à cultura; - da arte à escrita; - da tecnologia à ciência; - dos atos aos pensamentos; e - do reflexo à reflexão. Fonseca (2009) ressalta que em termos (in)conclusivos, cada ser humano tem em si a história evolutiva da espécie armazenada no seu genoma. Somos evolutivamente, de fato, uma história dentro de outra, quanto melhor as compreendermos, melhor as perpetuaremos. 19 PSICOMOTRICIDADE COMO INTEGRAÇÃO SUPERIOR DA MOTRICIDADE E A EDUCAÇÃO INFANTIL De acordo com os referenciais curriculares nacionais para educação infantil (BRASIL, 1998), o movimento é uma importante dimensão do desenvolvimento e da cultura humana. As crianças se movimentam desde que nascem, adquirindo cada vez mais, maior controle sobre seu próprio corpo e se apropriando cada vez mais das possibilidades de interação com o mundo. Engatinham, caminham, manuseiam objetos, correm, saltam, brincam sozinhas ou em grupo, com objetos ou brinquedos, experimentando sempre novas maneiras de utilizar seu corpo e seu movimento. Ao movimentar-se, as crianças expressam sentimentos, emoções e pensamentos, ampliando as possibilidades do uso significativo de gestos e posturas corporais. O movimento humano, portanto, é mais do que simples deslocamento do corpo no espaço: constitui-se em uma linguagem que permite às crianças agirem sobre o meio físico e atuarem sobre o ambiente humano, mobilizando as pessoas por meio de seu teor expressivo. As maneiras de andar, correr, arremessar, saltar resultam das interações sociais e da relação dos homens com o meio; são movimentos cujos significados têm sido construídos em função das diferentes necessidades, interesses e possibilidades corporais humanas presentes nas diferentes culturas em diversas épocas da história. Esses movimentos incorporam-se aos comportamentos dos homens, constituindo-se assim numa cultura corporal. Dessa forma, diferentes manifestações dessa linguagem foram surgindo, como a dança, o jogo, as brincadeiras, as práticas esportivas etc., nas quais se faz uso de diferentes gestos, posturas e expressões corporais com intencionalidade. Ao brincar, jogar, imitar e criar ritmos e movimentos, as crianças também se apropriam do repertório da cultura corporal na qual estão inseridas. Nesse sentido, as instituições de educação infantil devem favorecer um ambiente físico e social onde as crianças se sintam protegidas e acolhidas, e ao mesmo tempo seguras para se arriscar e vencer desafios. Quanto mais rico e desafiador for 20 esse ambiente, mais ele lhes possibilitará a ampliação de conhecimentos a cerca de si mesmas, dos outros e do meio em que vivem (BRASIL, 1998). Eis que podemos introduzir o trabalho com movimento o qual contempla a multiplicidade de funções e manifestações do ato motor, propiciando um amplo desenvolvimento de aspectos específicos da motricidade das crianças, abrangendo uma reflexão acerca das posturas corporais implicadas nas atividades cotidianas, bem como atividades voltadas para a ampliação da cultura corporal de cada criança. A psicomotricidade é uma ciência ampla que engloba a tripolaridade do homem: o intelectual (aspectos cognitivos), o emocional (aspectos afetivos) e o motor (aspectos orgânicos) (GALVANI, 2002). Também, é uma ciência que está aberta a outras ciências e, com esta integração, é possível compreender o ser humano de forma maisampla e, consequentemente entender o que está por trás do movimento humano (NACARATO, 2002). A psicomotricidade é, hoje, concebida como a integração superior da motricidade, produto de uma relação inteligível entre a criança e o meio, e é instrumento privilegiado através do qual a consciência se forma e se materializa (FONSECA, 1998). O corpo é o ponto de referência que o ser humano possui para conhecer e interagir com o mundo, servindo de base para o desenvolvimento intelectual e para a evolução da afetividade, que é expressa através da postura, das atividades e do comportamento (OLIVEIRA, 2005). Para Fonseca (1998), a inteligência é multifacetada e composta por muitos tipos de capacidades ou competências, sendo o resultado de uma combinação complexa de influências genéticas e ambientais. Portanto, de acordo com Oliveira (2005), a inteligência é uma adaptação ao meio e, para que isso possa ocorrer, necessita, inicialmente, da manipulação dos objetos do meio pelo indivíduo. Quando um indivíduo percebe os estímulos do meio, através de seus sentidos, ativa suas sensações e seus sentimentos, e passa a agir sobre o mundo e sobre os objetos, através do movimento de seu corpo; desta forma estará experienciando, ampliando e desenvolvendo suas funções intelectuais (OLIVEIRA, 2005). 21 Wallon (1971 apud Oliveira, 2005) salienta a importância do aspecto afetivo anterior a qualquer tipo de comportamento, pois o mundo das emoções, mais tarde, dará origem ao mundo das interpretações. Para Coste (1992), toda e qualquer emoção tem sua origem no domínio postural, ou seja, em toda a atividade tônica. A emoção envolve: uma experiência cognitiva, acompanhada de uma estimulação fisiológica e de claras manifestações comportamentais (WEITEN, 2006). E é a exteriorização da afetividade, constituída essencialmente em sistemas de atitudes, que, para cada uma, correspondem a uma determinada espécie de situação (WALLON, 1971). Segundo Oliveira (2005), o indivíduo, para sentir-se bem na medida em que se desenvolve, precisa estar consciente de suas próprias experiências, da manipulação adequada e constante dos materiais que o cercam, e, também, das oportunidades de descobrir o mundo. Desta maneira, é nítido o envolvimento motor nas funções intelectuais e emocionais do ser humano atuando de modo interdependente na elaboração de uma atividade e proporcionando sua evolução. De acordo com Chiviacowsky et al (2005), a capacidade de processar informações de forma mais ou menos eficiente está relacionada a alguns aspectos importantes como o conhecimento básico da memória e as estratégias de utilização desse conhecimento, que se refletem tanto na velocidade quanto na qualidade do processamento. Adolescentes e adultos já aprenderam, através de experiências passadas, quais estímulos são relevantes para uma resposta particular e quais não o são. As crianças são mais limitadas nesse aspecto. Por causa disso podem ser consideradas menos precisas e velozes no reconhecimento de padrões tanto espaciais quanto temporais (capacidade de reconhecer uma determinada situação). A aprendizagem e o desempenho de habilidades motoras estão, dessa forma, estreitamente relacionados com o nível de desenvolvimento motor e, por consequência, à capacidade de processar informações. Estas informações são nosso mote e justificativa para introduzir a Psicomotricidade no curso de especialização em Educação Infantil. 22 Segundo Fernandes (2009) psicomotricidade e aprendizagem são um tema vasto, amplo e complexo, notadamente quando se adentra nas dificuldades de aprendizagem. O tema aqui tratado é de grande importância, uma vez que a maioria das crianças que têm dificuldades de aprendizagens na escola, tem dificuldades na percepção espacial, na lateralidade, na leitura, na escrita, na aritmética, e muitas apresentam letras irregulares e pouco legíveis, sendo isso uma preocupação frequente de todo educador que se depara com crianças nessas condições. A Psicomotricidade não contribui somente com crianças que já possuam alguma das dificuldades citadas acima. Para a criança que não possui dificuldades na aprendizagem, a educação psicomotora em muito facilitará o seu desenvolvimento e aprendizagem, através da educação física sistemática e ordenada, valendo salientar que a criança que tem problemas no seu desenvolvimento e aprendizagem necessita, muitas vezes, de uma reeducação psicomotora, ou seja, um trabalho voltado à provocação, readaptação, substituição ou complementação, tendo em vista possíveis funções prejudicadas. Observe-se, ainda, que a psicomotricidade, muitas vezes, é interpretada de forma errônea, pois muitos acreditam que o objeto de estudo da psicomotricidade seja apenas o movimento, cada vez mais perfeito, como um fim em si mesmo. Dentro dessa compreensão muitos professores estimulam seus alunos a treinamentos intensivos, sem perceberem que estão desenvolvendo gestos automáticos e mecânicos (OLIVEIRA, 1996, p.176). A criança, quando entra na escola, necessita ter um desenvolvimento neuropsicomotor que envolva a independência do ombro, braços e dedos e as funções psicológicas na sua integridade. Assim, a criança consegue fixar a atenção, ter domínio do próprio corpo, favorecida, portanto, pela educação psicomotora. Este trabalho psicomotor tem um olhar psicopedagógico, no qual a preocupação maior é a aprendizagem humana (FERNANDES, 2009). Para que uma criança tenha uma aprendizagem satisfatória, é necessário que seu desenvolvimento psicomotor seja harmonioso, em que a motricidade apresente-se como reação global e os fenômenos motores e os psicológicos se entrelacem. 23 A criança pequenina depende de outros para a sua sobrevivência, e, nesse período, já inicia uma relação muito intensa com a sua mãe. Segundo Fonseca (1995) a criança, nos seus primeiros anos de vida, quando ainda está pouco diferenciada nas diversas áreas de seu desenvolvimento, terá manifestações orgânicas e psicossomáticas diante de problemas enfrentados nas suas relações, especialmente com a mãe e em função de suas condições de vida. Fonseca afirma que a origem do problema de aprendizagem pode estar relacionada com o modelo de relação vincular que cada criança estabelece e que foi desenvolvido e articulado com a sua mãe, num determinado contexto familiar. Esse modelo tende a ser reproduzido na escola. Nascimento e Machado (1986) descrevem o processo de desenvolvimento da criança, revelando que, aos doze meses, essa criança já usa de 4 a 5 palavras, já é capaz de ficar de pé, locomover-se apoiado; aos dezoito meses, já empurra uma bola com o pé, vira duas ou três páginas de um livro de cada vez, tem marcha ligeira e corrida dura, constrói torres de 3 cubos e domina cerca de trinta palavras. Aos 24 meses corre sem cair, sobe escadas sozinha, usa o pronome possessivo meu, acompanhado de um substantivo, chuta a bola, emite círculos na escrita e faz frases de três palavras. Aos sessenta meses (5 anos), a criança já se equilibra na ponta dos pés, arma quebra-cabeça, colore dentro do limite, escova os dentes, penteia-se e lava o rosto, saltita sem dificuldade. Aos setenta e dois meses (6 anos), a criança já é capaz de desenhar livremente com leve pressão sobre o lápis, escreve e reconhece letras de imprensa, às vezes inverte na cópia, e já domina de 1000 a 1200 palavras. Geralmente quando a criança, em idade de estudar, entra para a escola, é que se percebe se ela possui algum problema de ordem psicomotora ou de dificuldade de aprendizagem. Segundo Meur (1991), em uma criança cujo esquema corporal é mal constituído, nota-se que ela não coordena bem os movimentos. Percebe-se atraso ao se despir, tem letra feia, a leitura expressiva não é harmoniosa ou não segue o ritmo da leitura ou então para no meio da palavra. Este comentário do autor leva àcompreensão do 24 quanto é importante o desenvolvimento psicomotor do individuo e sua relação com a aprendizagem. Definindo Psicomotricidade Sabe-se que o termo Psicomotricidade surgiu no início do século XIX por meio do discurso médico neurológico, o qual privilegiava a existência de muitas disfunções sem que o cérebro fosse lesado, ou que a lesão fosse claramente localizada. Nesse sentido, o esquema clínico que determinava uma lesão focal para cada sintoma já não podia explicar alguns fenômenos patológicos. Portanto, foi através da necessidade médica de encontrar tais etiologias, que pela primeira vez se nomeou a palavra Psicomotricidade, no ano de 1870. Em 1925, através da sua análise sobre os estágios e os transtornos do desenvolvimento mental e motor da criança, Henri Wallon trouxe suas contribuições para a psicomotricidade. Seu estudo foi baseado no desenvolvimento neurológico do recém-nascido e na evolução psicomotora da criança. Para Wallon, há uma relação entre motricidade e caráter, onde o movimento está relacionado ao afeto, a emoção, ao meio ambiente e aos hábitos da criança (OLIVEIRA, 2009). De acordo com Fonseca (1995), Wallon foi o principal responsável pelo nascimento da reeducação psicomotora. Para Rochael (2009), a estrutura da Educação Psicomotora é a base fundamental para o processo de aprendizagem da criança. O desenvolvimento evolui do geral para o específico; logo quando uma criança apresenta dificuldades de aprendizagem, a origem do problema, em grande parte, está no nível das bases do desenvolvimento psicomotor. Neuropsiquiatras, psicólogos, fonoaudiólogos têm mencionado sobre a importância do desenvolvimento psicomotor durante os três primeiros anos de vida, a julgar que este é um período significativo para aquisições a nível físico. Aquisições essas, que marcam conquistas igualmente importantes no universo emocional e intelectual. 25 Dentro dessa perspectiva, Aufauvre (1987 apud KAMILA ET AL, 2010) ressaltam que os três primeiros anos de vida têm significativa importância no processo de desenvolvimento sensorial, motor, cognitivo, linguístico, afetivo e social. Ainda, segundo Rochael (2009), crianças que apresentam desenvolvimento motor normal, aos três anos já possuem todas as coordenações neuromotoras essenciais, tais como: andar, correr, pular, aprender a falar, se expressar, se utilizando de jogos e brincadeiras. Estas aquisições são o resultado de uma maturação orgânica progressiva e fruto da experiência pessoal. No que se refere aos elementos que compõe o desenvolvimento da psicomotricidade, considera-se importante recorrer ao conteúdo de Oliveira (2002), uma vez que a autora sinaliza-os de forma esclarecedora, a saber: A Coordenação Global, Fina e Óculo-Manual; O Esquema Corporal; A Lateralidade; A Estruturação Espacial; A Orientação Temporal e, A Discriminação Visual e Auditiva. Um problema em um destes elementos poderá comprometer a aprendizagem. Assim sendo, constata-se a importância de ações que visem a promoção de saúde, a atuação preventiva na primeira infância, a fim de realizar precocemente a hipótese diagnóstica, procedendo aos encaminhamentos necessários para a realização do diagnóstico correto. A atuação preventiva torna possível uma diminuição no número de crianças com dificuldades na aprendizagem, além de possibilitar a implementação de intervenções precoces, visando minimizar os efeitos negativos de crianças que venham a apresentar dificuldades na aprendizagem escolar favorecendo o desenvolvimento global. Grosso modo podemos então definir Psicomotricidade como a relação entre o pensamento e a ação, envolvendo a emoção. Como ciência da educação, procura educar o movimento, ao mesmo tempo em que desenvolve as funções da inteligência (NASCIMENTO e MACHADO, 1986). 26 Entende-se que um acompanhamento a uma criança ou jovem em que prevaleça essa concepção, haverá maior possibilidade de conhecê-la de uma forma integral. Assim sendo, diz-se que um trabalho, que nasce com clareza, possibilitará encará-lo com efeitos positivos. A psicomotricidade é uma ciência encruzilhada ou, mais exatamente, é uma técnica em que se cruzam múltiplos pontos de vista, a qual utiliza as aquisições de numerosas ciências construídas (biologia, psicologia, psicanálise, sociologia e linguística). E diz mais que a psicomotricidade é uma terapia que se dispõe a desenvolver as faculdades expressivas do indivíduo, aludindo à expressão terapia psicomotriz (COSTE, 1981, p. 9). Como ciência, a psicomotricidade tem por estudo o homem, através do seu corpo em movimento, nas relações com seu mundo interno e externo. A Sociedade Brasileira de Psicomotricidade (ABP) define Psicomotricidade como: Uma ciência que estuda o homem através do seu movimento nas diversas relações, tendo como objeto de estudo o corpo e a sua expressão dinâmica. Ela se dá a partir da articulação movimento/corpo/relação. Diante do somatório de forças que atuam no corpo - choros, medos, alegrias, tristezas, etc. - a criança estrutura suas marcas, buscando qualificar seus afetos e elaborar as suas ideias. Vai constituindo-se como pessoa. São várias as classificações e as terminologias utilizadas para denominar as funções psicomotoras. De qualquer forma, os conceitos são basicamente os mesmos; o que muda é a forma de classificar e agrupar estes conceitos, daí a preferência pela denominação dos elementos de Oliveira (2002). Assim, as terminologias mais utilizadas e seus respectivos conceitos são os seguintes: Coordenação Global (C.G.) – Diz respeito à atividade dos grandes músculos, dependendo da capacidade de equilíbrio postural do indivíduo. Quanto maior o equilíbrio, mais econômica será a atividade do sujeito e mais coordenadas serão as suas ações. Isso leva a criança a adquirir a dissociação de movimentos, passando a ter condições de realizar múltiplos movimentos ao mesmo tempo, havendo uma conservação de unidade do gesto. 27 Coordenação Fina e Óculo-Manual (C. F. O.) – Segundo Goretti (2010), coordenação fina é a capacidade de realizar movimentos coordenados utilizando pequenos grupos musculares das extremidades. Oliveira (2002), acrescenta que esse elemento diz respeito à habilidade e destreza manual e constitui um aspecto particular da coordenação global. A mesma autora considera que a Coordenação Óculo-Manual se efetua com precisão sobre a base de um domínio visual previamente estabelecido ligado aos gestos executados, facilitando assim uma maior harmonia do movimento, sendo essencial para a escrita. Esquema Corporal (E.C.) – Este elemento é o saber pré-consciente a respeito do seu próprio corpo e de suas partes, permitindo que o sujeito se relacione com espaços, objetos e pessoas que o circundam. As informações proprioceptivas ou cinestésicas é que constroem este saber acerca do corpo e à medida que o corpo cresce, acontecem modificações e ajustes no esquema corporal (GORETTI, 2010). Lateralidade (Lat.) – é definida por Harrow apud Silva (2007) como: Consciência interna que a criança tem dos lados direito e esquerdo do seu corpo, não se tratando de um conceito adquirido, mas de programas de atividades cuja finalidade é o desenvolvimento de acuidades sensoriais e habilidades motoras, já que a criança é exposta a uma grande quantidade de estímulos que aumentam esta consciência. Como ela utiliza ambos os lados de seu corpo em muitos tipos de atividades, desenvolve a eficiência nos movimentos e aumenta o vocabulário motor. O hemisfério dominante do cérebro é oposto ao lado dominante do corpo. Estruturação Espacial (E. E.) – Para Oliveira (2002), é a consciência da relação do seu próprio corpo com o meio, depois a posição dos objetos em relação a si mesmo, e por fim aprender a perceber as relações das posições dos objetos entresi. Orientação Temporal (O. T.) – É a capacidade de avaliar o tempo dentro da ação, organizar-se a partir do próprio ritmo, situar-se no presente relacionando o antes e o depois. É avaliar o movimento no tempo, distinguindo o rápido do lento. Discriminação Auditiva (D. A.) – É a capacidade de perceber e identificar auditivamente e sem ambiguidade os fonemas e os sons existentes na língua falada. 28 Discriminação Visual (D. V.) – É a capacidade de perceber e discriminar adequadamente os símbolos visuais, detectando suas diferenças e semelhanças como tamanho, cores e formas. Componentes importantes da Psicomotricidade Esquema corporal O esquema corporal não é um conceito inicial ou uma entidade biológica ou física, mas o resultado e a condição da justa relação entre o indivíduo e o próprio ambiente. É um elemento básico indispensável à formação da personalidade da criança. É a representação global, científica e diferenciada que a criança tem de seu próprio corpo. Quando se diz “Esta criança está bem à vontade”, estende-se que ela domina bem o seu corpo e sabe como utilizá-lo. Isso ajuda no seu bem estar, facilitando também as suas relações interpessoais. Lateralidade A dominância lateral é definida durante o crescimento da criança. Isto quer dizer que a dominância se dá pelo lado mais forte, mais ágil da pessoa, que pode ser tanto o lado esquerdo como o direito. Ao se falar em direita e esquerda, não se deve confundir com lateralidade. Enquanto a lateralidade é a dominância de um lado em relação ao outro em nível de força e de precisão, o conhecimento direita e esquerda decorre da noção de dominância lateral. Esse conhecimento torna-se mais fácil de apreensão quando a lateralidade é mais acentuada e homogênea (MEUR,1991) Quando a lateralidade é homogênea a criança é destra ou canhota do olho, da mão e do pé. Quando tem a lateralidade cruzada, ela é destra da mão e do olho, e canhota do pé; sendo ambidestra, a criança é tão forte e destra do lado esquerdo quanto do lado direito (MEUR, 1991). Quando há contrariedade na dominância lateral, alguns problemas podem ocorrer, tais como: dificuldade no equilíbrio, em coordenar seus movimentos, dificuldade na grafia, na estruturação espacial, podendo ocasionar na criança, reações ou 29 insucesso, oposição, de fobia escolar, que afetam todo o afetivo da criança ocasionando dificuldades gerais na aprendizagem. (ALVES, AVM, p.8 s/d). Estruturação espacial A estruturação espacial é a orientação, a estruturação do mundo exterior, referindo- se primeiro ao seu referencial e depois a outros objetos ou pessoas em posição estática ou em movimento. Isso explica que a criança deve se situar no espaço, saber onde está, onde estão os objetos, uns em relação aos outros e em relação a ela própria, assim também como ela pode se organizar no espaço que a ela é disponível. Problemas na criança, de estruturação espacial, podem levar a dificuldades na discriminação visual, na capacidade de orientar-se e, ainda, levar a confundir n e u, b e p, 6 e 9, durante a sua aprendizagem escolar. Através do conhecimento e domínio espacial a criança começa a entender e aprender comandos como, ir para frente, ir para trás, para frente, para direita. Orientação temporal Segundo Meur (1991), a estruturação temporal, apresenta-se como a capacidade que a pessoa tem de situar-se em função de sucessão de acontecimentos, como: antes, após, durante; e da duração dos intervalos, como: noções de tempo longo, curto, de ritmo regular, irregular; noções de cadências rápidas e lentas (diferença entre correr e andar); de renovação cíclica de certos períodos; dias da semana, os meses, as estações, do caráter irreversível do tempo; o que já passou e não pode mais reviver. É importante que a criança, desde cedo, seja estimulada com atividades que a levem a perceber o tempo. Na realidade a ação do homem está sempre vinculada ao tempo. O dia-a-dia mostra formas interessantes para a compreensão dessa relação, por exemplo: a hora de ir para a escola, das refeições, os dias feriados. Essa relação ajuda a criança adquirir as noções de duração e rapidez e aprender a organizar-se. 30 Pré-escrita A estruturação espacial e orientação temporal, são pontos importantes que fundamentam a escrita, juntamente com o domínio do gesto. No exercício da escrita, precisa-se que se escreva horizontalmente da esquerda para a direita, e que se adquiram as noções de cima para baixo (MEUR, 1991). Importante que se trabalhe na criança exercícios que a levem ao preparo para a escrita, e que lhe sejam dadas oportunidades de realizar exercícios espontâneos, que possibilitarão o domínio com o lápis. A estimulação psicomotora O desenvolvimento da psicomotricidade faz-se através da evolução da criança, na sua troca com o meio, numa conquista que aos poucos vai ampliando sua capacidade de se adaptar as necessidades comuns, fazendo-se necessário para isso o espaço físico, a diversidade de material, jogos lúdicos, um ambiente arejado e agradável. O brincar é um meio natural que possibilita a criança explorar o mundo, descobrir-se, entender-se, conhecer os seus sentimentos, as suas ideias e a sua forma de reagir. O jogo e a brincadeira exigem movimentação física, envolvimento emocional e provoca desafio mental. Neste contexto, a criança só ou com companheiros integra- se ou socializa-se. É inegável que o exercício físico é muito necessário para o desenvolvimento mental, corporal e emocional do ser humano e em especial da criança. O exercício físico estimula a respiração, a circulação, o aparelho digestivo, além de fortalecer os ossos, músculos e aumentar a capacidade física geral, dando ao corpo um pleno desenvolvimento (ROCHAEL, 2009). Quanto à parte mental, se a criança possuir um bom controle motor, poderá explorar o mundo exterior, fazer experiências concretas que ampliam o seu repertório de atividades e solução de problemas, adquirindo assim, várias noções básicas para o próprio desenvolvimento intelectual, o que permitirá também tomar conhecimento do mundo que a rodeia e ter domínio da relação corpo-meio. 31 Como menciona Vygotsky (1991), a mudança de uma criança de um estágio de desenvolvimento para outro dependerá das necessidades que a criança apresenta e os incentivos que são eficazes para colocá-la em ação, sendo que a criança satisfaz certas necessidades no brinquedo. A estimulação psicomotora é indispensável no desenvolvimento motor, afetivo e psicológico do individuo para sua formação integral, ressaltando a importância da atividade lúdica, realizada através de atividades psicomotoras, no sentido de colaborar para o desenvolvimento integral da criança, e para que ela possa sedimentar bem os pré-requisitos, fundamentais também para a sua vida escolar. Mais importante do que as escolas ensinarem seus alunos tais habilidades, apenas com o objetivo de conseguirem executá-las de forma correta, ou até para que facilitem a execução de suas tarefas escolares, o professor precisa direcionar a aprendizagem para a formação integral do aluno. Como forma de fortalecer a compreensão da noção acima recorre-se a citação de Freire (1989): “[...] causa mais preocupação, na escola da primeira infância, ver crianças que não sabem saltar que crianças com dificuldades para ler ou escrever.” Ainda, nesse sentido, Chaves (2010) nos diz que descobrir as habilidades de saltar, correr, lançar, trepar, etc. é importante para o desenvolvimento pleno do aluno, como um organismo integrado, levando-se em conta que tais habilidades são consideradas como formas de expressão de um ser humano. Na concepção de Kishimoto (1996), “(...) os jogos colaboram para a emergência do papel comunicativo da linguagem, a aprendizagem das convenções sociais e a aquisição das habilidadessociais.” Através da atividade lúdica e do jogo, a criança forma conceitos, seleciona ideias, estabelece relações lógicas, integra percepções, faz estimativas compatíveis com o seu crescimento físico e o seu desenvolvimento global. Para a mesma autora, a evolução da brincadeira está intimamente relacionada com a aquisição da linguagem, a maneira como a criança brinca pode ser importante modo de avaliação do desempenho infantil. As brincadeiras podem ser o elemento chave para a estimulação linguística. 32 Conforme Matsuo (1997) a criança deverá participar diariamente de atividades estimulantes, pois a fixação dos hábitos e dos resultados depende da regularidade, completa e equilibrada quanto a variedade de exercícios. 33 REFERÊNCIA CALVIN, W. A evolução do pensamento. In: Scientific American, n. 17, 2004. CHAVES, W.M. A Psicomotricidade na prevenção das dificuldades de aprendizagem. II Encontro Fluminense de Educação Física Escolar. Disponível em: <http://cev.org.br/ biblioteca/apsicomotrcidade-prevencao-dasdificuldades- aprendizagem> Acesso em: 16 abril 2011. CHIVIACOWSKY, Suzete et al. Aprendizagem motora em crianças: efeitos da frequência autocontrolada de conhecimento de resultados. Rev. Bras. Cienc. 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