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PROCESSO CIVIL 
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A Sentença e 
a Coisa Julgada 
 
 
 
 
 
 
 A Sentença 
 
 
 Noções Gerais 
 
Conceito: 
A sentença é o ato final do processo, pelo qual o juiz dá cumprimento à obrigação jurisdicional do 
Estado. A sentença definitiva resolve a lide. 
 
Requisitos da Sentença: 
O art. 458 do Código de Processo Civil traz os requisitos essenciais da sentença: 
a) relatório: é a exposição, que o juiz faz, de todos os fatos e razões de direito que as partes 
alegaram, e da história relevante do processo; 
b) motivação: consideração das questões suscitadas e fundamentação da convicção em face do 
material de conhecimento encontrado antes, durante e depois da instrução; 
c) dispositivo: é a conclusão, em que o juiz enfatiza sua decisão. 
 
 Art. 458. São requisitos essenciais da sentença: 
 
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a suma do pedido e da resposta do réu, bem 
como o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo; 
 
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito; 
 
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões, que as partes Ihe submeterem. 
 
! Sentença nula: é a sentença que não tem relatório, fundamentação e dispositivo. 
 
 
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 Espécies e Efeitos da Sentença 
 
Noções Iniciais: 
A sentença pode ser: 
a) terminativa: extingue o processo sem julgamento do mérito e pode ser mais concisa (art. 
459); 
b) definitiva (ou de mérito): extingue o processo com julgamento do mérito. 
 
Art. 459. O juiz proferirá a sentença, acolhendo ou rejeitando, no todo ou em parte, o pedido 
formulado pelo autor. Nos casos de extinção do processo sem julgamento do mérito, o juiz 
decidirá em forma concisa. 
 
Parágrafo único. Quando o autor tiver formulado pedido certo, é vedado ao juiz proferir 
sentença ilíquida. 
 
Extinção do Processo Sem Julgamento de Mérito: 
Extingue-se o processo sem julgamento de mérito no caso de: 
a) indeferimento da petição inicial; 
b) abandono do processo; 
c) falta de pressuposto processual ou condição da ação; 
d) desistência; 
e) outro fato que por lei acarrete essa conseqüência (art. 267). 
 
Extinção do Processo Com Julgamento de Mérito: 
O processo se extingue com julgamento do mérito quando a sentença acolher ou rejeitar o pedido do 
autor, pronunciar a decadência ou a prescrição, as partes transigirem, o réu reconhecer a procedência 
do pedido ou o autor renunciar ao direito sobre que se funda a ação (art. 269). As sentenças 
definitivas ou de mérito, conforme as ações em que são proferidas, podem ser meramente 
declaratórias, condenatórias ou constitutivas. 
 
1) Sentenças Meramente Declaratórias: 
São aquelas que simplesmente declaram a existência ou inexistência de uma relação jurídica, ou, 
excepcionalmente, da autenticidade ou falsidade de documento. Funda-se no art. 4º do Código de 
Processo Civil. O efeito dessa sentença é meramente declaratório, satisfazendo dessa forma, a 
pretensão do autor e retroage à época em que se formou a relação jurídica, ou em que se verificou a 
situação jurídica declarada. É, pois, efeito ex tunc. 
 
2) Sentenças Condenatórias: 
São as que, além de declarar o direito, impõe também ao réu uma obrigação, como a condenação ao 
pagamento de uma indenização por perdas e danos. 
 
3) Sentenças Constitutivas: 
São as que, além de declarar o direito, criam, modificam ou extinguem uma relação jurídica, como na 
renovatória de aluguel ou no divórcio. 
 
Sentença Conforme a Natureza do Pedido: 
A sentença não pode decidir: 
a) além do que foi pedido (“ultra petita”); 
b) aquém do que foi pedido (“infra ou citra petita”); 
c) fora da questão proposta na inicial (“extra petita”). 
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Art. 460. É defeso ao juiz proferir sentença, a favor do autor, de natureza diversa da pedida, 
bem como condenar o réu em quantidade superior ou em objeto diverso do que Ihe foi 
demandado. 
 
Parágrafo único. A sentença deve ser certa, ainda quando decida relação jurídica condicional. 
 
Obrigações de Fazer e Não Fazer: 
 
Art. 461. Na ação que tenha por objeto o cumprimento de obrigação de fazer ou não fazer, o juiz 
concederá a tutela específica da obrigação ou, se procedente o pedido, determinará 
providências que assegurem o resultado prático equivalente ao do adimplemento. 
 
§ 1o A obrigação somente se converterá em perdas e danos se o autor o requerer ou se 
impossível a tutela específica ou a obtenção do resultado prático correspondente 
 
§ 2o A indenização por perdas e danos dar-se-á sem prejuízo da multa (art. 287) 
 
§ 3o Sendo relevante o fundamento da demanda e havendo justificado receio de ineficácia do 
provimento final, é lícito ao juiz conceder a tutela liminarmente ou mediante justificação prévia, 
citado o réu. A medida liminar poderá ser revogada ou modificada, a qualquer tempo, em 
decisão fundamentada. 
 
§ 4o O juiz poderá, na hipótese do parágrafo anterior ou na sentença, impor multa diária ao 
réu, independentemente de pedido do autor, se for suficiente ou compatível com a obrigação, 
fixando-lhe prazo razoável para o cumprimento do preceito. 
 
§ 5o Para a efetivação da tutela específica ou a obtenção do resultado prático equivalente, 
poderá o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar as medidas necessárias, tais como a 
imposição de multa por tempo de atraso, busca e apreensão, remoção de pessoas e coisas, 
desfazimento de obras e impedimento de atividade nociva, se necessário com requisição de força 
policial. 
 
! O § 5º foi introduzido pela Lei 10.444/2002 que incluiu a possibilidade de o juiz impor de ofício ou a requerimento do credor, multa por tempo de atraso o que não constava 
do dispositivo anterior. A mesma Lei acrescentou o § 6º. 
 
§6º - O juiz poderá, de ofício, modificar o valor ou a periodicidade da multa, caso verifique que 
se tornou insuficiente ou excessiva. 
 
Art. 461-A – Na ação que tenha por objeto a entrega de coisa, o juiz ao conceder a tutela 
específica, fixará o prazo para o cumprimento da obrigação. 
 
§ 1º - Tratando-se de entrega de coisa determinada pelo gênero e quantidade, o credor a 
individualizará na petição inicial, se lhe couber a escolha; cabendo ao devedor escolher, este a 
entregará individualizada, no prazo fixado pelo juiz. 
 
§ 2º - Não cumprida a obrigação no prazo estabelecido, expedir-se-á em favor do credor 
mandado de busca e apreensão ou de imissão na posse, conforme se tratar de coisa móvel ou 
imóvel. 
 
§ 3º - Aplica-se à ação prevista neste artigo o disposto nos §§ 1º a 6º do art. 461. 
 
 
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Influência no Julgamento da Lide: 
 
Art. 462. Se, depois da propositura da ação, algum fato constitutivo, modificativo ou extintivo 
do direito influir no julgamento da lide, caberá ao juiz tomá-lo em consideração, de ofício ou a 
requerimento da parte, no momento de proferir a sentença. 
 
Publicação e Alteração: 
A sentença, como os atos processuais em geral, é ato público. Deverá ser dada à publicidade por 
meio da publicação. Enquanto não publicada não produzirá os efeitos que lhe são próprios. Depois da 
publicação da sentença, o juiz não pode mais alterá-la, salvo no caso de inexatidões materiais ou erro 
de cálculo.Também poderá haver alteração no caso de embargos de declaração, oferecidos por uma 
das partes, para esclarecer obscuridade, dúvida ou contradição, ou quando foi omitido ponto sobre 
que deveria pronunciar-se a sentença. 
 
Art. 463. Ao publicar a sentença de mérito, o juiz cumpre e acaba o ofício jurisdicional, só 
podendo alterá-la: 
 
I - para Ihe corrigir, de ofício ou a requerimento da parte, inexatidões materiais, ou Ihe retificar 
erros de cálculo; 
 
II - por meio de embargos de declaração. 
 
Título de Hipoteca Judiciária: 
 
Art. 466. A sentença que condenar o réu no pagamento de uma prestação, consistente em 
dinheiro ou em coisa, valerá como título constitutivo de hipoteca judiciária, cuja inscrição será 
ordenada pelo juiz na forma prescrita na Lei de Registros Públicos. 
 
Parágrafo único. A sentença condenatória produz a hipoteca judiciária: 
 
I - embora a condenação seja genérica; 
 
II - pendente arresto de bens do devedor; 
 
III - ainda quando o credor possa promover a execução provisória da sentença. 
 
 
 
 
 
 A Coisa Julgada 
 
 
 Noções Gerais 
 
Conceito: 
Coisa julgada é a qualidade que a sentença adquire, de ser imutável, depois que dela não couber mais 
recurso (art. 5°, XXXVI, Constituição Federal; art. 6°, § 3°, LICC). A coisa julgada pode ser formal 
ou material. 
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 Art. 467. Denomina-se coisa julgada material a eficácia, que torna imutável e indiscutível a 
sentença, não mais sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. 
 
Coisa Julgada Formal: 
A coisa julgada formal consiste no fenômeno da imutabilidade da sentença pela preclusão dos prazos 
para recursos. 
 
Coisa Julgada Material: 
Coisa julgada material é a eficácia, que torna a sentença de mérito imutável e indiscutível, não mais 
sujeita a recurso ordinário ou extraordinário. Alcança a parte dispositiva da sentença. A coisa julgada 
material projeta sua força para o exterior do processo em que foi proferida a sentença de mérito, 
proibindo que a matéria já julgada seja novamente discutida em outros processos, por já se achar a 
questão julgada em definitivo. 
 
" 
Na extinção do processo sem julgamento do mérito, há coisa julgada formal e não 
material, vez que, dentro do processo, não havendo mais recurso, a sentença se torna 
inalterável, podendo todavia, a questão ser reaberta em outro processo. 
 
Art. 468. A sentença, que julgar total ou parcialmente a lide, tem força de lei nos limites da lide 
e das questões decididas. 
 
Partes da Sentença que Não Fazem Coisa Julgada: 
Não fazem coisa julgada (art. 469): 
a) a motivação ou a fundamentação da sentença de mérito (a parte dispositiva faz); 
b) a apreciação de questão prejudicial salvo no caso de declaratória incidental (art. 469 e 470). 
 
Sentenças que Não Fazem Coisa Julgada: 
Salvo as sentenças definitivas, ou de mérito, os demais atos decisórios, mesmo classificados como 
sentença, não produzem coisa julgada, tais como: 
a) sentenças terminativas: as sentenças que extinguem o processo sem julgamento do mérito; 
b) as sentenças proferidas em processo de jurisdição voluntária ou graciosa; 
c) as sentenças proferidas em processo cautelar; 
d) as decisões interlocutórias; 
e) os despachos de mero expediente. 
 
Art. 469. Não fazem coisa julgada: 
 
I - os motivos, ainda que importantes para determinar o alcance da parte dispositiva da 
sentença; 
 
II - a verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença; 
 
III - a apreciação da questão prejudicial, decidida incidentemente no processo. 
 
Art. 470. Faz, todavia, coisa julgada a resolução da questão prejudicial, se a parte o requerer 
(arts. 5o e 325), o juiz for competente em razão da matéria e constituir pressuposto necessário 
para o julgamento da lide. 
 
Art. 471. Nenhum juiz decidirá novamente as questões já decididas, relativas à mesma lide, 
salvo: 
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I - se, tratando-se de relação jurídica continuativa, sobreveio modificação no estado de fato ou 
de direito; caso em que poderá a parte pedir a revisão do que foi estatuído na sentença; 
 
II - nos demais casos prescritos em lei. 
 
Art. 472. A sentença faz coisa julgada às partes entre as quais é dada, não beneficiando, nem 
prejudicando terceiros. Nas causas relativas ao estado de pessoa, se houverem sido citados no 
processo, em litisconsórcio necessário, todos os interessados, a sentença produz coisa julgada 
em relação a terceiros. 
 
Art. 473. É defeso à parte discutir, no curso do processo, as questões já decididas, a cujo 
respeito se operou a preclusão. 
 
Art. 474. Passada em julgado a sentença de mérito, reputar-se-ão deduzidas e repelidas todas 
as alegações e defesas, que a parte poderia opor assim ao acolhimento como à rejeição do 
pedido. 
 
 
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 Questões de Concursos 
 
 
01 - (Ministério Público/SP – 82) A sentença que julga improcedente a demanda é 
( ) a) mandamental. 
( ) b) constitutiva. 
( ) c) condenatória. 
( ) d) declaratória negativa. 
( ) e) constitutiva negativa. 
 
 
02 - (Ministério Público/SP – 82) A sentença que julga improcedente a demanda é 
( ) a) A coisa julgada material atinge toda a sentença. 
( ) b) Somente a parte dispositiva da sentença é alcançada pela coisa julgada material. 
( ) c) A fundamentação, requisito essencial, por sua relevância à determinação do 
dispositivo da sentença, também se recobre da qualidade da res judicata. 
( ) d) A qualidade da coisa julgada alcança todas as questões prejudiciais decididas 
incidentalmente no processo. 
( ) e) A verdade dos fatos, estabelecida como fundamento da sentença, faz coisa julgada. 
 
 
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 Gabarito 
 
 
 
01.D 02.B 
 
 
 
 
 
 
 Bibliografia 
 
 
• Primeiras Linhas de Direito Processual Civil 
 Santos, Moacyr Amaral 
 Editora Saraiva 
 
• Resumo de Processo Civil 
 Maximilianus Cláudio Américo Führer 
 Malheiros 
 
• A Nova Reforma Processual 
 Flávio Cheim Jorge, Fredie Didier Jr., Marcelo Abelha Rodrigues 
 Editora Saraiva, 2002 
 
 
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