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1 Laís Flauzino | OFTALMOLOGIA | 7°P MEDICINA Retina 2M3 – RETINA O vítreo – gelatina que fica logo depois do cristalino, na parte posterior do olho. Muitas coisas utilizadas na estética vieram do vítreo. DESCOLAMENTO DO VÍTREO POSTERIOR (DVP): • O DVP é um evento comum, muitas vezes relacionado à idade, podendo ocorrer precocemente em indivíduos míopes, afácicos, pseudofácicos (especialmente se houver rotura de cápsula posterior), pós-uveíte, trauma ou hemorragia vítrea. Ocorre mais em pcts mais idosos. Afácicos – que não tem o cristalino. Pseudofácicos – pcts que já operaram de catarata, tem uma pseudolente. Hemorragia vítrea – que tem algum tipo de sangramento no vítreo. • Quando relacionado à idade, geralmente ocorre de forma lenta e progressiva. • Menos de 10% dos pacientes menores de 50 anos apresentam DVP, enquanto nos indivíduos com mais de 70 anos, este percentual é de 63%. • O evento inicial é a liquefação e colapso do vítreo central, causando a separação de uma pequena porção do vítreo periférico. O vítreo liquefeito central normalmente é assintomático. Ocorre uma liquefação do conteúdo gelatinoso • O DVP mantém-se assintomático por anos, até que ocorra a separação nas margens do nervo óptico (DVP total), causando sintomas. “MOSCAS VOLANTES”. Moscas volantes – não é fixo, pode sumir e aparecer pq o cérebro aprende a ignorar • Apesar do nome, o vítreo permanece aderido à base. • Tração vítrea anormal pode causar rotura retiniana. Sinais e sintomas: • Maioria assintomáticos • Fotopsias (flashes de luz, causados pela tração do vítreo sobre a retina), • Floaters (opacidades que causam sombra sobre a retina) e visão de "nuvem" no campo visual. – moscas volantes • Os pacientes com DVP agudo sintomático devem ser examinandos com urgência. pcts sintomáticos apresentam também rotura retiniana na maioria das vezes, se tiver hemorragia vítrea indica rotura retiniana – o vítreo não tem sangue, então se tem sangue é a retina. • Hemorragia vítrea (HV) pode ocorrer secundária ao DVP, pela lesão de vasos retinianos superficiais produzida pela tração vítrea, sendo um importante marcador de risco para a presença de roturas. • 7-12% dos pacientes com sintomas de DVP agudo, sem HV, apresentam rotura retiniana. • 50-70% dos pacientes com sintoma de DVP agudo e com HV apresentam rotura retiniana. Conduta: • O paciente deve ser examinado com urgência e re-examinado em 2-4 semanas, pois o DVP evolui e novas roturas podem surgir. Fazer avaliação e repetir 1 mês depois • Os pacientes devem ser instruídos sobre os sinais de alarme e orientados a procurar o oftalmologista imediatamente caso apareçam. DESCOLAMENTO DE RETINA: O Descolamento de retina (DR) é a separação do EPR e da retina neurossensorial. 2 Laís Flauzino | OFTALMOLOGIA | 7°P MEDICINA A retina não se regenera. É na retina que tem a transformação do impulso nervoso em impulso elétrico que vai ser percebido no cérebro como visão. EPR: epitélio pigmentar da retina. O DR é classificado quanto ao tipo de alteração que o originou. São eles: 1. Descolamento regmatogênico: causado por uma rotura da retina, que permite o acúmulo de líquido no espaço sub-retiniano 2. Descolamento de retina tracional: causado por alterações vítreas que geram tração 3. Descolamento de retina misto: com componentes tracional e regmatogênico. 4. Descolamento de retina exsudativo: Consequente de quadros inflamatórios ou sistêmicos, que causam um prejuízo funcional do EPR Descolamento regmatogênico – rasgadura na retina Causas REGMATOGÊNICO • Miopia – olho grande, por a retina ser neurossensorial, ela não consegue se adaptar ao tamanho do olho, ela não cresce como o globo ocular e aí fica esticada, ficando mais frágil e fina. Importante fazer o mapeamento de retina. • História familiar • DR ou rotura olho contralateral • Trauma • DVP • Degenerações periféricas • Cirurgia de catarata TRACIONAL • Retinopatia diabética proliferava • Retinopatia falciforme • Retinopatia da prematuridade – a retina acaba de se formar por volta de 37 a 38s, pct prematuro forma a retina depois. • Trauma penetrante EXSUDATIVO • Tumores de coroide • Inflamação da coroide/esclera posterior • Sistêmicas: HAS grave, toxemia gravídica, hipoproteinemia • Neovascularização subrretiniana • Panfotocoagulação intensa Sintomas: • Fotopsias e floaters (moscas volantes), • escotomas de tamanho e localização variáveis (mancha preta), • imagem de cortina ou baixas extremas de visão Tratamento: - Clínico: reservado ao DR exsudativo, tratando-se a doença de base - CIRÚRGICO e o mais rápido possível 3 Laís Flauzino | OFTALMOLOGIA | 7°P MEDICINA RETINOPATIA DIABÉTICA: EPIDEMIOLOGIA • A prevalência de Diabetes Mellitus (DM) na população entre 30-70 anos no Brasil é de 7,6%, com 85% dos casos ocorrendo após os 40 anos. • Retinopatia diabética (RD) ocorre em 60% dos pacientes com DM tipo 2, e em quase 100% dos pacientes com DM tipo 1, após 20 anos de doença. • Além disso, 50% dos pacientes com DM1 apresentam RD proliferativa após 20 anos de doença, enquanto nos pacientes com DM2 este número é de 25% após 25 anos de doença. • A RD é a principal causa de cegueira na população economicamente ativa. FATORES DE RISCO • Tempo de doença - principal fator de risco para retinopatia diabética. A prevalência de RD em usuários de insulina e menos de 2 anos de doença é de apenas 2%, enquanto em pacientes com mais de 15 anos de doença é de cerca de 98% • Controle glicêmico - mau controle glicêmico: é o segundo fator de risco mais importante para o desenvolvimento e mau prognóstico da RD. *DM tipo 1 e necessidade de tratamento com insulina estão associados a maior incidência e pior prognóstico da RD. • Genética - alguns genes estão sendo estudados como possíveis fatores que aumentam/reduzem o risco de retinopatia diabética. • Hipertensão arterial - A presença de HAS aumenta a prevalência, a gravidade e a progressão da RD. • Tabagismo - agrava a hipóxia tecidual em pacientes com DM. • Nefropatia - A presença de nefropatia e proteinúria estão associadas a maior gravidade da retinopatia e risco de edema macular. • Gravidez - a retinopatia diabética tende a se agravar da gestação. FISIOPATOLOGIA A exposição crônica à hiperglicemia, através de mecanismos metabólicos complexos, promove danos às células endoteliais, espessamento da membrana basal e perda dos pericitos, formação de microaneurismas e aumento das zonas avasculares intercapilares. Este processo promove variados graus de oclusão capilar e não-perfusão retiniana. As alterações vasculares atingem tanto o plexo superficial quanto os plexos profundos da circulação retiniana. As alterações no endotélio, membrana basal e pericitos comprometem a barreira hematorretiniana interna, causando extravasamento de soro e proteínas para o espaço intersticial retiniano. Nos estágios avançados da doença, a isquemia acentuada causa neovascularização de retina e 4 Laís Flauzino | OFTALMOLOGIA | 7°P MEDICINA disco óptico, causada pelo aumento do VEGF (fator de crescimento do endotélio vascular) Começa a morrer vasos, novos vasos surgem, mas não são eficientes e acabam atrapalhando ao invés de ajudar. Anti VEGF é tratamento – para tentar frear a neovascularização e diminuir o edema. SCREENING DE RETINOPATIA DIABÉTICA • DM tipo 1 - Primeiro exame fundoscópico após 5 anos do diagnóstico. Realizar avaliação fundoscópica pelo menos 1 vez ao ano. • DM tipo 2 - Primeiro exame fundoscópico assim que for feito o diagnóstico. Reavaliações pelo menos 1 vez ao ano. • DMtipo 1 e tipo 2 e gestação - Realizar exame fundoscópico no primeiro trimestre e reavaliações de acordo com a presença ou não de retinopatia e de acordo com a gravidade da mesma. CLÍNICA • Microaneurismas - são a primeira manifestação da RDNP, aparecendo como lesões avermelhadas e arredondadas à fundoscopia começando geralmente no polo posterior e estendendo-se à média periferia. • Hemorragias intrarretinianas profundas, arredondadas, ou hemorragias superficiais, em chama de vela estão comumente presentes. Manifestam-se como áreas de bloqueio na AGF. • Exsudatos duros - derivam do extravasamento de plasma a partir dos microaneurismas, sendo compostos por lipoproteínas. • Exsudatos algodonosos correspondem a áreas de isquemia, indicando microinfartos na camada de fibras nervosas da retina. São mais comuns ao redor do nervo óptico. • Alterações microvasculares intrarretinianas (IRMAs) - capilares intrarretinianos dilatados, tortuosos e irregulares, tratando-se de sinal de gravidade da doença. Outro achado relevante é a presença de dilatação venosa, também conhecida como "beading" ou ensalsichamento venoso. • ** Embora o edema macular diabético seja a principal causa de perda visual nos pacientes com RDNP, a isquemia macular também pode causar perda visual. • Edema macular: por quebra da barreira hematorretiniana interna e extravasamento de plasma a partir dos capilares, é a principal causa de baixa visual em pacientes com retinopatia diabética. 5 Laís Flauzino | OFTALMOLOGIA | 7°P MEDICINA Vaso parecendo uma salsicha TRATAMENTO Medidas gerais: • Controle glicêmico - medida mais importante no controle da retinopatia. O controle glicêmico reduz a progressão da RDNP para RDP, reduz a incidência de edema macular diabético e reduz a necessidade de panfotocoagulação. Os diferentes estudos recomendam uma hemoglobina glicada < 6-7%. • Controle da HAS - mostrou-se eficaz em reduzir o risco de progressão da RD e o risco de perda visual. • Controle da dislipidemia, nefropatia e anemia também podem reduzir o risco de progressão da RD Panfotocoagulação Deve ser considerada para pacientes com RDNP grave ou muito grave, principalmente se portadores de DM tipo 2. Esta recomendação baseia-se no risco de evolução para RDP de alto risco. Tratamento do EMD (edema macular diabético): • Indica-se tratamento quando o edema macular envolve a região central e causa redução visual. As drogas de primeira linha são os anti-VEGF, sendo Ranibizumab, Aflibercept e Bevacizumab os mais utilizados. • Corticosteroides intravítreos (Triancinolona ou implante de Dexametasona) são considerados segunda linha de tratamento, por estarem associados a uma incidência aumentada de catarata e hipertensão ocular. • Cirurgia - Vitrectomia via pars plana (VVPP) pode ser útil no tratamento do EMD refratário, especialmente em casos em que observa-se tração a partir da hialoide posterior ou membrana epirretiniana. RETINOPATIA HIPERTENSIVA: • O olho é um dos principais alvos da hipertensão arterial sistêmica (HAS), podendo levar a lesões na retina, coroide e nervo óptico • A hipertensão arterial sistêmica afeta principalmente as arteríolas e os capilares, podendo causar não-perfusão em diversas porções da retina e consequente perda neuronal. A pressão do corpo não tem a ver com a pressão do olho. • Existe uma sobreposição importante entre as alterações causadas pela hipertensão arterial sistêmica e as causadas pela arterioesclerose SINAIS • Redução do calibre arteriolar, por espessamento da parede. Pode ser generalizado ou segmentar e geralmente é a primeira alteração observada. • Alteração do reflexo dorsal arteriolar (linha longitudinal no meio do vaso, formada pela reflexão da luz). O espessamento da parede retiniana causa redução do brilho e aumento da largura do reflexo dorsal. Trata-se de sinal precoce de arteriosclerose. • Quando o espessamento aumenta, o reflexo assume coloração vermelha, gerando as arteríolas em fio de cobre. Quando o espessamento aumenta ainda mais e o lúmen da arteríola praticamente desaparece, temos as arteríolas em fio de prata. • Tortuosidade arteriolar. • Cruzamento AV-patológico – a arteríola e a vênula têm adventícia em comum nos cruzamentos; com o espessamento da parede das arteríolas, as veias podem ser comprimidas nesses locais. O cruzamento AV normal é em ângulo agudo e sem alteração no trajeto da veia. O cruzamento patológico geralmente ocorre em ângulo reto. 6 Laís Flauzino | OFTALMOLOGIA | 7°P MEDICINA Clínica: Tratamento: Controle da HAS