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Revista Brasileira de Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 ISSN 2238-5428 1 1. Curso de Educação Física da Faculdade Estácio de Vitória, ES, Brasil. Endereço para correspondência Rua Herwan Modenesi Wanderlei, Quadra 6, Lote 1 29090-350 Jardim Camburi, Vitória, ES E-mail joas172011@hotmail.com Submetido em 03/08/2020 Aceito em 24/08/2020 Artigo de Revisão RESPOSTA DA PRESSÃO ARTERIAL APÓS UMA SESSÃO DE EXERCÍCIO AERÓBIO - UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Joas Cristian de Paula Moreira, Juliana da Silva Alvarenga, Letícia Pinto de Assis, Matheus Erick Rodrigues Miranda 1 RESUMO Introdução: O presente artigo é uma revisão bibliográfica que parte da compreensão de que a atividade física é recomendada para controlar aspectos fisiológicos, e um deles é a pressão arterial, tendo comprovado de que uma única sessão de exercícios tem a capacidade de reduzir os níveis de pressão arterial sistólica (PAS), pressão arterial média (PAM) e pressão arterial diastólica (PAD). Objetivo: Realizar uma revisão bibliográfica dos efeitos na pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio. Métodos: Foram revisados 28 artigos que abordaram uma sessão de exercício de no mínimo 30 minutos com monitoração pós-exercício de no mínimo 60 minutos. Resultados: Dos 17 estudos realizados com indivíduos normotensos, 14 apresentaram queda da PAS, 14 apresentaram queda da PAD e 2 apresentaram queda da PAM. Dos 5 estudos realizados com indivíduos pré-hipertensos, os 5 apresentaram queda de PAS e 4 apresentaram queda de PAD. Dos 11 estudos realizados com hipertensos, os 11 apresentaram queda de PAS e PAD. Conclusão: Houve hipotensão pós-exercício (HPE) em todos os grupos analisados, independente da intensidade ou duração do exercício. Palavras-chaves: Pressão arterial; exercícios aeróbios; hipertensão; hipotensão pós-exercício. ABSTRACT Introduction: This article is a bibliographic review that starts from the understanding that physical activity is recommended to control physiological aspects, and one of them is blood pressure, having proven that a single exercise session has the ability to reduce the levels of systolic blood pressure (SBP), mean blood pressure (MAP) and diastolic blood pressure (DBP). Objective: Perform a bibliographic review of the effects on blood pressure after an aerobic exercise session. Methods: 28 articles were reviewed that addressed an exercise session of at least 30 minutes with post-exercise monitoring of at least 60 minutes. Results: Of the 17 studies conducted with normotensive individuals, 14 showed a decrease in SBP, 14 showed a decrease in DBP and 2 showed a decrease in MAP. Of the 5 studies carried out with pre-hypertensive individuals, 5 showed a decrease in SBP and 4 showed a decrease in DBP. Of the 11 studies carried out with hypertensive patients, 11 showed a decrease in SBP and DBP. Conclusion: There was post-exercise hypotension (PEH) in all groups analyzed, regardless of the intensity or duration of the exercise. Keywords: blood pressure; aerobic exercises; hypertension; post-exercise hypotension. mailto:joas172011@hotmail.com Revista Brasileira de Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 ISSN 2238-5428 2 INTRODUÇÃO O exercício aeróbio é comumente utilizado pela população brasileira como práticas de lazer devido à sua diversidade de modalidades e o seu fácil acesso (MINISTÉRIO DO ESPORTE, 2015), sendo um enorme fator que promove saúde aos seus praticantes, mesmo que estes não conheçam os benefícios associados. A atividade física é frequentemente recomendada para controlar aspectos fisiológicos, e um deles é a pressão arterial. Estudos apontam que uma única sessão de exercícios tem a capacidade de reduzir os níveis de pressão arterial sistólica, pressão arterial média e pressão arterial diastólica, seja em indivíduos normotensos (FORJAZ et al, 1998a; FORJAZ et al, 1998b) ou hipertensos (CARVALHO et al, 2015; CUNHA et al, 2006). Alguns autores nos mostram que o exercício físico com intensidade constante provoca efeito hipotensor superior ao exercício físico de intensidade variável (CUNHA et al, 2006) e que a magnitude e duração desse efeito está relacionada à sua duração (FORJAZ et al, 1998b). Existem diversos estudos que abordam a resposta da pressão arterial relacionados a exercícios aeróbios (ABAD et al, 2010; TOMASI, SIMÃO e POLITO, 2008; CUNHA et al, 2006). Dada a importância da pressão arterial como um dos fatores determinantes de saúde e qualidade de vida (BRITO et al, 2008), é relevante realizar uma revisão sistemática sobre a resposta pressórica frente ao exercício aeróbio. Uma melhor compreensão dos efeitos agudos do exercício aeróbio sobre a PA leva a uma prescrição de exercício com melhores estratégias para o tratamento não farmacológico de doenças como a hipertensão que está intimamente ligada a PA. Assim, o objetivo deste artigo é realizar uma revisão bibliográfica dos efeitos na pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio. MATERIAL E MÉTODOS Trata-se de um estudo bibliográfico do tipo revisão de literatura, visando verificar os efeitos provocados na pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio, o que nos permitiu analisar essa variável em diferentes sessões de exercício aeróbio, com distintas populações. Para seleção dos estudos, foi utilizado o modelo sistemático de pesquisa na base de dados da Biblioteca Eletrônica Científica Online (SciELO), do Sistema Online de Busca e Análise de Literatura Médica (MEDLINE) e do PUBMED, sem restrições de data até março de 2020. Os procedimentos de busca utilizados foram através de palavras-chave nos idiomas português e inglês: hipertensão (hypertension); atividade física (physical activity); exercício físico (physical exercise) e exercício aeróbio (aerobic exercise). Consideraram-se os artigos publicados no idioma inglês e português, utilizando como critério de inclusão o seguinte desfecho: Mensuração da pressão arterial antes e após o exercício físico; realizados em humanos; com duração mínima de 30 minutos de exercício e que acompanharam o comportamento da PA após o exercício aeróbio por no mínimo 60 minutos. Após levantamento, foram selecionados 55 estudos que abordam os efeitos causados na pressão arterial pós-atividades físicas classificadas como aeróbias. Foram feitas leituras dos 55 estudos previamente selecionados e coletas dos dados pertinentes à resposta da pressão arterial após a atividade física realizada, assim permitindo uma reanálise e seleção de 28 artigos que atenderam a todos os critérios de inclusão para compor as referências do presente estudo. A tabela 1 ilustra os estudos que compuseram esta revisão, com seus respectivos dados referentes a uma sessão de exercício aeróbio. RESULTADOS A tabela 1 apresenta os dados relativos sobre o efeito hipotensor pós-exercício em indivíduos normotensos. Revista Brasileira de Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 ISSN 2238-5428 3 Tabela 1: Comportamento da pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio em indivíduos normotensos Normotensos Estudo Amostra Sexo N Exercício Intensidade Duração Monitorização Pós- Exercício Efeito Pós- Exercício Moraes et al. Sedentários (38±4 anos) M 8 Cicloergô metro 70% FCreserva 35 min. 60 min. ↓PAS 30, 45 e 60 /↓PAD aos 45 min. Sousa et al. Ativos (21,9±3,4 anos) F 19 Dança (Samba) Vigorosa 60 min. 60 min. ↓PAS menor entre 20 a 60 min de recuperaçã o. Pescatello et al. Sedentários (41±2 anos) M 6 Cicloergô metro 40 e 70% VO2máx 30 min. 13h. ↓PAS momentos 1, 2, 6, 7 e 12h/ PAD NS Forjaz et al. Sedentários (33±2 anos) M/F 30 Cicloergô metro 50% VO2pico 45 min. 24 h. ↓PAS PAD (média 24h) MacDonal d et al. Sedentários (35±16 anos) M/F 10 Cicloergô metro 50 e 75% VO2pico 30 min. 60 min. ↓PAS 5-15 ./↓PAD entre 5-45 min. Em ambas as intensidade s Forjaz et al. Sedentários (22±1 anos) M/F 10 Cicloergô metro 50% VO2pico 45 min. 90 min. ↓PAS 30-90 ./↓PAD entre 15-90 min. Forjaz et al. Sedentários (22±1 anos) M/F 12 Cicloergô metro 30, 50 e 80% VO2pico 45 min. 90 min. ↓PAS PAD entre 30-90 min. em todas as intensidade s Headley et al. Sedentários (25±1 anos) M 19 Esteira ergométric a 50-60% FCreserva 40 min. 120 min. ↓PAS 30- 120 min./PAD NS Birch et al. Ativos (20±1 anos) F 15 Cicloergô metro 60% VO2máx. 30 min. 60 min. ↓PAS PAD aos 5 e 15 min. J. C. P. Moreira, J. S. Alvarenga, L. P. Assis & M.E.R. Miranda Rev. Bras. Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 4 Blanchard et al. Sedentários (44±1 anos) M 47 Cicloergô metro 40 e 60% VO2máx. 40 min. 14 h. ↓PAS PAD em 40% do VO2máx. (média 14h) Forjaz et al. Sedentários (24±1 anos) M/F 23 Cicloergô metro 30, 50 e 75% VO2pico 45 min. 90 min. ↓PAS PAD em 50% e 75% do VO2pico Alderman et al. Ativos (18-35 anos) M/F 90 Esteira ergométric a 70-85% e 50-55% VO2máx. 30 min. 60 min. ↓PAS 5, 30 e 60 ./↓PAD aos 5 e 30 min. Pescatello et al. Sedentários (18-55 anos) M 49 Cicloergô metro 40 e 60% VO2máx. 30 min. 9 h. ↓PAD ↑PAS (média 9h) Kaufman et al. Sedentários (19-29 anos) M 8 Esteira ergométric a 67% FCmáx. 50 min. 60 min. ↓PAS PAD Kaufman et al. Sedentários (35-62 anos) M 8 Esteira ergométric a 67% FCmáx. 50 min. 60 min. ↓PAS PAD Senitko et al. Sedentários (25±5 anos) M/F 16 Cicloergô metro 60% VO2pico 60 min. 60 min. ↓PAM 30 e 60 min. Senitko et al. Ativos (27±4 anos) M/F 16 Cicloergô metro 60% VO2pico 60 min. 60 min. ↓PAM 30 e 60 min. A tabela 2 apresenta os dados relativos sobre o efeito hipotensor pós-exercício em indivíduos pré- hipertensos. Tabela 2: Comportamento da pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio em indivíduos pré-hipertensos. Pré-Hipertensos Estudo Amostra Sex o N Exercício Intensidade Duração Monitorização Pós-Exercício Efeito Pós- Exercício MacDonal d et al. Sedentários (23±4 anos) M/F 8 Cicloergô metro 70% VO2pico 30 min. 30 min. ↓PAS 15 e 30 /↓PAD aos 15 min. MacDonal d et al. Sedentários (23±4 anos) M/F 9 Ergômetr o de braço e Cicloergô metro 65% VO2pico (braço) e 70% VO2 pico (perna) 30 min. 60 min. ↓PAS PAD 5-60 min. em ambos os exercícios Resposta da pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio – uma revisão bibliográfica Rev. Bras. Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 5 MacDonal d et al. Sedentários (25±5 anos) M/F 11 Cicloergô metro 70% VO2pico 30 min. 90 min. ↓PAS 5-60 min./PAD NS Park et al. Sedentários (47±3 anos) M/F 21 Caminha d a 50% VO2pico 40 min. 12 h. ↓PAS durante 11h. ( )/↓P AD durante 10h. (média) Pescatello et al. Sedentários (19-45 anos) F 7 Cicloergô metro 50% VO2máx. 30 min. ≈24 . ↓PAS PAD (média aproximada de 24h.) A tabela 3 apresenta os dados relativos sobre o efeito hipotensor pós-exercício em indivíduos hipertensos. Tabela 3: Comportamento da pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio em indivíduos hipertensos. Hipertensos Estudo Amostra Sexo N Exercício Intensidad e Duração Monitorização Pós-Exercício Efeito Pós- Exercício Blanchar d et al. Sedentários (44±1 anos) M 47 Cicloergô metro 40 e 60% VO2máx. 40 min. 14 h. ↓PAS PAD na intensidade de 40% do VO2máx. Pescatell o et al. Sedentários (44±4 anos) M 6 Cicloergô metro 40 e 70% VO2máx. 30 min. 13 h. ↓PAS em 1, 2, 8 e 12 ./↓PAD entre 2- 13h. Moraes et al. Sedentários (38±4 anos) M 10 Cicloergô metro 70% FCreserva 35 min. 60 min. ↓PAS 45-60 ./↓PAD aos 60 min. Rueckert et al. Sedentários (50±2 anos) M/F 18 Esteira ergométri c a 70% FCreserva 45 min. 120 min. ↓PAS durante 120 ./↓PAD aos 10, 20 e 120 min. J. C. P. Moreira, J. S. Alvarenga, L. P. Assis & M.E.R. Miranda Rev. Bras. Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 6 Taylor- Tolbert et al. Sedentários (60±6 anos) M 11 Esteira ergométri c a 70% VO2máx. 45 min. 24 h. ↓PAS primeiras 16 ./↓PAD nas primeiras 12h. Pescatell o et al. Sedentários (38±2 anos) F 7 Cicloergô metro 60% VO2máx. 40 min. 24 h. ↓PAS PAD nas primeiras 7h. Pontes et al. Sedentários (adultos) M/F 16 Corrida aquática 50% VO2pico 45 min. 30 min. ↓PAS PAD nos 30 min. Quinn. Sedentários (42±8 anos) M/F 16 Esteira ergométri c a 50 e 75% VO2máx. 30 min. 24 h. ↓PAS PAD em ambas intensidade s nas primeiras 6h. Cleroux et al. Sedentários (44±2 anos) M/F 13 Cicloergô metro 50% VO2pico 30 min. 90 min. ↓PAS PAD em todo o período Kaufman et al. Sedentários (44-57 anos) M 8 Esteira ergométri c a 67% FCmáx. 50 min. 60 min. ↓PAS PAD Bennett et al. Sedentários (31-62 anos) M 7 Esteira ergométri c a Exercício Intermitent e 50 min. 90 min. ↓PAS PAD em todo o período Sedentários = Não praticantes de atividade física regular e sistematizada/Recreacionalmente ativos; Ativos = Praticantes de atividade física regular e sistematizada/Atletas profissionais; M = Masculino; F = Feminino; VO2máx = Volume máximo de oxigênio; VO2pico = Volume de oxigênio pico; FCmáx. = Frequência cardíaca máxima; FCreserva = Frequência cardíaca de reserva; PAS = Pressão arterial sistólica; PAD = Pressão arterial diastólica; PAM = Pressão arterial média; ↓ Redução significativa; ↑ Aumento significativo; NS= Não significante. DISCUSSÃO Influência da intensidade do exercício Ainda não é verificada na literatura a intensidade mais eficiente para a ocorrência da hipotensão pós-exercício, variados estudos têm analisado o efeito de diferentes intensidades sobre a resposta hipotensiva que se observa após o exercício aeróbio. Um estudo de Pescatello et al (2004) procurou analisar o efeito da intensidade sobre a hipotensão pós-exercício em normotensos e hipertensos estágio 1. Em intensidades leves e moderadas, nos exercícios realizados em bicicleta, foi relatada hipotensão pós-exercício. Os resultados levaram os autores a concluírem que ambas as intensidades (leve 40% e moderado 60% do consumo máximo de oxigênio)provocaram hipotensão pós-exercício durante o dia (monitorado durante 9 horas após o término da sessão) e que exercícios dinâmicos de baixa intensidade como caminhar contribuem para o controle da pressão arterial em homens hipertensos. Alguns estudos verificaram que exercícios aeróbios de intensidade vigorosa produziram maior magnitude (FORJAZ et al, 2004) e duração Resposta da pressão arterial após uma sessão de exercício aeróbio – uma revisão bibliográfica Rev. Bras. Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 7 (PIEPOLI et al, 1994) da hipotensão, quando comparados a exercícios de intensidade moderada. Porém outras investigações não encontraram diferenças na magnitude e duração da hipotensão que pudessem ser de fato atribuídas à intensidade do exercício em sujeitos normotensos (FORJAZ et al, 1998b), e hipertensos (PESCATELLO et al 2004). Influência da duração do exercício Em relação à duração do exercício, ainda não se tem conhecimento de qual o tempo mais ideal para a sessão de exercício para que haja a ocorrência da hipotensão pós-exercício. Existem estudos na literatura que procuraram evidenciar o papel da duração do exercício na influência da HPE. Forjaz et al (1998) compararam o efeito da duração do exercício sobre a magnitude e duração da hipotensão pós-exercício e foi verificado que o exercício com a duração de 45 minutos resultou numa hipotensão com maior magnitude e duração que a sessão com duração de 25 minutos, quando comparados com o grupo controle. Outro estudo, realizado por Guidry et al (2006), comparou o efeito da duração da sessão de exercício na resposta hipotensiva após a sua pratica em 45 homens com pressão arterial elevada. Aleatoriamente os sujeitos realizaram duas sessões com intensidades de 40 ou 60% do consumo máximo de oxigênio em bicicleta, sendo uma sessão com duração de 15 e outra com duração de 30 minutos. Foi aferida a pressão arterial através do MAPA (Monitoração Ambulatorial da Pressão Arterial). Durante 9 horas a pressão arterial sistólica aumentou após todas as condições, mas quando comparado com o dia controle foi verificada redução após ambas as durações de exercício com as duas intensidades. A pressão arterial diastólica reduziu depois de todas as condições de exercício durante 9 horas após as sessões. O efeito hipotensivo do exercício de baixa intensidade e curta duração pode ser comparado ao efeito de uma sessão com intensidades mais elevadas e com maior duração. Dados mais recentes (JONES et al, 2007) mostram que a relação entre intensidade e duração parece ser mais determinante na produção da hipotensão pós-exercício em normotensos do que a ação isolada dessas variáveis. Ou seja, uma sessão de exercício com menor intensidade e longa duração poderia ocasionar os mesmos resultados na hipotensão pós-exercício que uma sessão de alta intensidade e curta duração. Esse fato pode possibilitar a aplicação do exercício independentemente do estado clínico do sujeito, sendo que hipertensos devem treinar de forma mais segura com intensidades controladas. Mecanismos fisiológicos da hipotensão pós- exercício O mecanismo fisiológico causador da HPE ainda é desconhecido, mas algumas hipóteses podem ser consideradas, todas relacionadas à resistência vascular periférica ou débito cardíaco. Durante o exercício a atuação do Sistema Nervoso Simpático é exacerbada em relação ao Sistema Nervoso Parassimpático, sendo mediado pela liberação de catecolaminas (TANNO; MARCONDES, 2002), promovendo vasoconstrição geral para que a musculatura em atividade gere vasodilatação (MONTEIRO; FILHO, 2004). Uma das hipóteses para a HPE é a reativação vagal após o término do exercício, que diminui a FC (IMAI et al., 1994), e consequentemente o débito cardíaco. Ligado a esse conceito, o barorreflexo contribui na alteração da atividade nervosa simpática, aumentando a vasodilatação e consequentemente diminuindo a PA (HALLIWILL; TAYLOR; ECKBERG, 1996). Outro possível mecanismo associado à HPE é o Sistema-Renina-Angiotensina, mais especificamente a conversão de angiotensina I e angiotensina II em angiotensina (1-7). A angiotensina (1-7) atua controlando ou se opondo às características vasopressoras da angiotensina II através da estimulação de prostaciclinas e/ou NO (GOESSLER; POLITO, 2013) e (DARTORA, 2012). Embora esses mecanismos possam justificar a hipotensão, não é possível afirmar qual deles ou se todos eles são os responsáveis pela HPE, e isso se dá devido à escassez de estudos que comprovem de fato qual o mecanismo fisiológico envolvido na HPE. CONCLUSÃO A hipotensão pós-exercício foi observada em indivíduos normotensos, pré-hipertensos e hipertensos, sendo atingido maior tempo de J. C. P. Moreira, J. S. Alvarenga, L. P. Assis & M.E.R. Miranda Rev. Bras. Reabilitação e Atividade Física, Vitória, v.9 n.1, p. 1-10, set. 2020 8 magnitude da queda da PA pelo grupo de hipertensos. Apenas uma sessão de exercício aeróbio é capaz de promover hipotensão após sua realização, independente da duração e intensidade a qual o indivíduo foi submetido, e a relação entre essas variáveis são determinantes para a magnitude da HPE. Sendo assim, estudos adicionais devem ser realizados objetivando a análise de diferentes variações de intensidade e duração a fim de analisar seus efeitos e suas possíveis aplicações para a prevenção e o tratamento da hipertensão arterial. REFERÊNCIAS ABAD, C. C. C.; SILVA, R. S.; MOSTARDA, C.; SILVA, I. C. M.; IRIGOYEN, M. C. Efeito do exercício aeróbico e resistido no controle autonômico e nas variáveis hemodinâmicas de jovens saudáveis. Revista Brasileira de Educação Física e Esporte, v. 24, n. 4, p. 535-544, 2010. ALDERMAN, B. L.; ARENT, S. M.; LANDERS, D. M.; ROGERS, T. J. Aerobic exercise intensity and time of stressor administration influence cardiovascular responses to psychological stress. Psychophysiology, v. 44, n. 5, p. 759-766, 2007. 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