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Tema 4 - Dietoterapia nas alterações do estado nutricional_ desnutrição e obesidade

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DEFINIÇÃO
Conceito e tipos de desnutrição. Causas e consequências. Tratamento da desnutrição. Conceito
e classificação da obesidade. Causas e consequências. Tratamento da obesidade.
PROPÓSITO
Aprender a identificar um indivíduo com desnutrição ou obesidade ou em risco para propor uma
conduta dietoterápica mais adequada.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Descrever os tipos de desnutrição e suas alterações fisiológicas e metabólicas, assim como as
consequências e complicações no prognóstico do paciente
MÓDULO 2
Identificar as ferramentas para diagnóstico da desnutrição e conduta dietoterápica
MÓDULO 3
Identificar a obesidade como doença crônica e suas complicações, como também a conduta
dietoterápica
INTRODUÇÃO
O Brasil, assim como outros países em desenvolvimento, convive com a transição nutricional
normalmente determinada por uma alimentação inadequada e pelo estilo de vida. Os inquéritos
populacionais têm mostrado uma tendência contínua de redução da desnutrição no país,
associada ao aumento do excesso de peso em diferentes fases da vida. Esses distúrbios
nutricionais, a desnutrição e a obesidade podem afetar seriamente a saúde da população,
levando a sérias consequências, inclusive à morte. Os casos crescentes de sobrepeso e
obesidade contribuem para o aumento das doenças crônicas não transmissíveis.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a hipertensão arterial e a obesidade
correspondem aos dois principais fatores de risco responsáveis pela maioria das mortes e
doenças no mundo. O aumento da incidência e prevalência do sobrepeso e da obesidade
devem-se, principalmente, ao estilo de vida, consumo de alimentos ricos em açúcares e
gorduras, sedentarismo, à redução do consumo de fibras, dentre outros.
Nossa cultura dispõe de estímulos que desencadeiam a ingestão excessiva de alimentos
supérfluos, como sanduíches, refrigerantes, chocolates, biscoitos e salgadinhos. O aumento de
peso e o acúmulo de gordura corporal em forma de triglicérides pode ser diagnosticado através
da avaliação nutricional. O excesso de peso leva ao aparecimento de diversas outros males,
como doenças cardiovasculares, osteomusculares, respiratórias, dermatológicas, distúrbios
endócrino-metabólicos, neoplasias etc. Vale ressaltar que a obesidade interfere no âmbito social,
levando à incapacitação física, ao absenteísmo, aumento de licenças médicas, à depressão,
ansiedade, baixa autoestima e ao isolamento social. Enfim, a obesidade provoca grandes
prejuízos na qualidade de vida dos indivíduos e pode alterar a longevidade.
Fonte: rawpixel.com/Freepik.
O Brasil é um país heterogêneo em relação à distribuição dos determinantes socioeconômicos
da desnutrição. A distribuição regional da pobreza mostra variações importantes, destacando-se
a frequência duas a três maior de pobres nas regiões Norte e Nordeste do que nas regiões
Sudeste, Sul e Centro-Oeste. A distribuição regional da desnutrição segue a mesma distribuição
da pobreza, determinando, ainda com maior intensidade, as desvantagens das regiões Norte e
Nordeste. Pesquisas mostram que a frequência é de duas a três vezes maior de crianças com
baixa estatura no Norte e Nordeste do que nas regiões do Centro-Sul do país. Um dos focos mais
relevantes de medidas deve ser a prevenção do déficit estatural na população infantil,
considerado como produto da fome crônica, da desigualdade social e da miséria brasileira.
A desnutrição continua a ser um dos problemas importantes de saúde pública em razão das
consequências desastrosas para o crescimento, desenvolvimento e para a sobrevivência das
crianças. A baixa estatura tem sido relacionada ao atraso na capacidade intelectual, baixo
rendimento escolar, à menor capacidade física para o trabalho, além de ser considerado como
um determinante do maior risco para gerar crianças com baixo peso ao nascer entre as mulheres.
Fonte: anônimo/Freepik.
Frente a esses desafios, o profissional nutricionista tem importante papel na prevenção e no
tratamento dos distúrbios de peso, tanto para baixo peso quanto para o sobrepeso. Vamos
conhecer agora os quadros de desnutrição e obesidade e seus respectivos tratamentos.
MÓDULO 1
 Descrever os tipos de desnutrição e suas alterações fisiológicas e metabólicas, assim como
as consequências e complicações no prognóstico do paciente
A desnutrição é definida, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), como o desequilíbrio
celular entre o suprimento de energia e os nutrientes e o uso destes para o crescimento, a
manutenção e as funções específicas do corpo. É uma condição clínica decorrente de uma
deficiência, relativa ou absoluta, de um ou mais nutrientes essenciais (COZZOLINO, S. M. F;
COMINETTI, C., 2013 e SOBOTKA, L., 2008), ou seja, é quando o organismo se encontra carente
de nutrientes essenciais para seu funcionamento.
Tal problema pode se originar em virtude de dietas desbalanceadas, má alimentação, anorexia,
má absorção de nutrientes, dentre outros, sendo que a raiz do problema está na pobreza, que
envolve fatores sociais, econômicos e patológicos.
Fonte: anônimo/wikipédia.
Está comprovado que pessoas desnutridas estão mais propensas a ter doenças, pois a
desnutrição debilita o sistema imunológico, facilitando o aparecimento de doenças oportunistas.
Para reverter o quadro de desnutrição, é necessário adotar uma dieta equilibrada, a fim de
manter a quantidade essencial de água no organismo e combater a perda de peso.
PANORAMA MUNDIAL
Mundialmente, a desnutrição é considerada um grave problema de saúde pública, sendo mais
observada em países subdesenvolvidos e em desenvolvimento. Quando estudamos as
consequências da desnutrição, observamos que elas são graves para a saúde, como também
para a economia de um país, pois há atraso no desenvolvimento econômico, perpetuando a
pobreza, devido à perda de produtividade pelo estado físico debilitado e, de forma indireta, da
deficiência nas funções cognitivas e no aprendizado, além de aumentar gastos em saúde.
Em 2004, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) estimou que
852 milhões de pessoas no mundo apresentavam desnutrição entre os anos de 2000 e 2002,
sendo a maioria em países em desenvolvimento (FAO, 2004). A OMS revelou que, nesses países,
a desnutrição é responsável direta ou indiretamente por 54% das 10,8 milhões de mortes de
crianças com idade inferior a cinco anos (WHO, 2005).
A desnutrição pode se iniciar no útero e se estender até a vida adulta. Os bebês com baixo peso
e que sofreram retardo de crescimento intrauterino já nascem desnutridos e com risco de morte.
No Brasil, as maiores taxas de desnutrição estão nas regiões Nordeste e Norte, que são as mais
carentes do país, pois sofrem com a falta de higiene, saneamento básico e condições
inadequadas de moradia. Como a desnutrição está relacionada aos aspectos sociais, explica-se
o fato de essa região ser a mais atingida pela desnutrição. Medidas como a avaliação nutricional
devem ser realizadas com o objetivo de detectar precocemente sinais de desnutrição.
TIPOS DE DESNUTRIÇÃO
A desnutrição pode se apresentar de diversas maneiras devido à variedade de suas
manifestações clínicas. Ela vai desde casos leves, cuja ocorrência não põe em risco a saúde da
criança, até os considerados graves e de grande repercussão, como o kwashiokor e o marasmo,
responsáveis por altas taxas de mortalidade e que se manifestam de maneira distinta. Algumas
crianças podem ainda apresentar forma mista de desnutrição, conhecida como kwashiorkor-
marasmático.
MARASMO
É um tipo de desnutrição cuja deficiência é crônica de energia/calorias. É mais prevalente antes
de um ano de idade e representa o resultado extremo de adaptação à baixa ingestão ou à fome.
No marasmo, a depleção de tecido muscular esquelético e de gordura subcutânea ocorre na
tentativa de proteger de forma parcial os órgãos vitais, como cérebro, coração e vísceras. É um
quadro de magreza extrema com atrofia muscular, catabolismo proteico eperda intensa de tecido
adiposo. Normalmente, a criança apresenta peso abaixo de 60% da média para a idade (abaixo
de 12 meses) devido ao desmame precoce e à baixa ingestão alimentar de calorias. Em relação
à parte hormonal, ocorre o aumento das concentrações de cortisol e de ACTH, que levam à
diminuição da secreção de insulina e ao quadro de resistência insulínica. Observa-se também o
aumento da lipólise, o que eleva a utilização de ácidos graxos como fonte energética e de glicerol
para a gliconeogênese e a conservação de carboidratos pelas células. Os processos catabólicos
nos músculos e no tecido adiposo podem ser detectados nas crianças marasmáticas muito antes
de atingirem os 60% de peso esperado para a idade. Ocorre uma adaptação metabólica que é
evidenciada pelo metabolismo normal e pela ausência de hipoalbuminemia grave.
Fonte: anônimo/Brainly
 Criança com marasmo.
Em geral, a ausência de anormalidades metabólicas e de desarranjos celulares nesse tipo de
desnutrição indica uma habilidade, mesmo em crianças muito jovens, para manter a homeostase
por períodos prolongados de restrição alimentar. O aspecto físico da criança marasmática é
caracterizado por membros superiores e inferiores extremamente magros, com baixa estatura
para a idade, expressão facial envelhecida, abdômen saliente e pele enrugada e solta na região
das nádegas, além de apresentar baixa atividade física, diarreia, parasitoses, tuberculose,
hipotermia, anemia e desidratação, que afetam também o aspecto emocional e levam a criança
ao quadro de tristeza e irritação.
Fonte: anônimo/Cozzolino, S. M. F; Cominetti, C., 2013.
 Marasmo – adaptação metabólica a um regime de economia.
KWASHIORKOR
De acordo com a Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados
à Saúde, o kwashiorkor é um tipo grave de desnutrição que causa a despigmentação do cabelo,
da pele e a presença de edema. É a desnutrição com deficiência principalmente de proteínas,
vitaminas e minerais, sendo mais frequente após 18 meses de idade. A presença de edema é
considerada o diagnóstico diferencial do kwashiorkor, enquanto no marasmo existe perda grande
de gordura subcutânea e tecido muscular, com redução marcante no crescimento, mas sem a
presença de edema.
No kwashiorkor, a perda de peso é, em geral, menos grave do que a do marasmo, embora seja
muito variável. Muitas crianças têm baixo peso, enquanto outras têm até o peso normal para
idade, mesmo após a perda do edema. A causa principal desse tipo de desnutrição é o baixo
consumo de proteínas de alto valor biológico, de minerais e de vitaminas e o consumo de
alimentos mais ricos em carboidratos. O fígado é bastante afetado, havendo acúmulo de
gorduras, pois estas não conseguem ser transportadas de forma adequada para outros tecidos,
como músculos e tecido adiposo, por exemplo. O kwashiorkor apresenta baixas concentrações
de cortisol e, numa fase pré-kwashiorkor, a concentração de insulina está mais elevada, fazendo
com que haja inibição da proteólise muscular. A alteração mais importante está na redução da
concentração de proteínas plasmáticas. Uma concentração de albumina <3,5g/dl, geralmente, já é
um indicativo de desnutrição. A redução das concentrações das proteínas plasmáticas, como a
albumina, gera alteração no balanço hidroeletrolítico no organismo, com diminuição da pressão
coloidosmótica nos vasos sanguíneos e consequente extravasamento da água contida neles para
o meio intersticial, gerando o quadro de edema.
Fonte: anônimo/Wikipedia.
 Criança com kwashiorkor.
A pressão gerada pelas proteínas no plasma sanguíneo é motivada especialmente pela albumina
e pelas globulinas. A deficiência de albumina, no caso da desnutrição, também chamada de
hipoalbuminemia, faz com que haja diminuição da pressão colidosmótica, causando edema.
Esse extravasamento, que aumenta a quantidade de líquido no corpo, mascara a perda de peso.
A diminuição da pressão e do fluxo sanguíneo elevam a retenção de sódio e de água. Alguns
trabalhos identificam no kwashiorkor a redução das concentrações circulantes de hormônios da
tireoide, T4 e T3. As crianças com kwashiorkor apresentam lesões cutâneas com áreas de
descamação, hiper e hipopigmentação, além de perda global ou alternada da cor dos cabelos,
que leva à despigmentação e à perda da fixação capilar ao couro cabeludo e à alopécia. Elas
ainda tendem ainda a desenvolver deficiências na imunidade e infecções secundárias.
Fonte: anônimo/Quora.
 Kwashiorkor x marasmo.
KWASHIORKOR -MARASMÁTICO
Forma mista dos dois tipos de desnutrição, em que existe a falta de fontes energéticas e de
proteínas. A origem pode ser um marasmo que entrou em deficit proteico ou um kwashiorkor que
passou a sofrer déficit energético. Um exemplo prático é quando o paciente marasmático é
submetido a um estresse agudo, como trauma cirúrgico ou infecção, de forma que o kwashiorkor
se adiciona à desnutrição calórica prévia. Estão presentes: retardo da estatura e do
desenvolvimento neuropsicomotor e queda da resistência imunológica.
Fonte: anônimo/Veras (2014).
 Kwashiorkor-marasmático.
CAUSAS DA DESNUTRIÇÃO
As causas da desnutrição podem ser de caráter primário ou secundário.
Fonte: michaelheim/Shutterstock.
CAUSAS PRIMÁRIAS DA DESNUTRIÇÃO
O principal fator é a alimentação inadequada. O indivíduo tem uma alimentação
quantitativa ou qualitativamente insuficiente em calorias e nutrientes, que não
consegue suprir suas necessidades.
CAUSAS SECUNDÁRIAS DA DESNUTRIÇÃO
Alguma condição faz com que a ingestão de alimentos não seja suficiente para
atender as necessidades energéticas do organismo. Em associação, ocorre a
presença de verminoses, câncer, anorexia, infecções, intolerância alimentar,
digestão e absorção deficientes de nutrientes.
OUTROS FATORES DA DESNUTRIÇÃO
Outros fatores também podem ocasionar a desnutrição. São eles: o desmame precoce, falta de
condições sanitárias adequadas, fatores sociais, práticas alimentares culturais e condições
emocionais.
A desnutrição também pode ocorrer por afecções iatrogênicas, que são aquelas decorrentes da
intervenção médica que geram consequências prejudicais para a saúde, principalmente em
idosos, como, por exemplo, o uso de medicamentos quimioterápicos, digitálicos, anti-
inflamatórios não hormonais e neurolépticos. As reações medicamentosas constituem a principal
causa de manifestações iatrogênicas em todas as faixas etárias.
Existem também a perda de peso não intencional (MAHAN et al., 2013), que pode ser causada
por uma ingestão inadequada de alimentos e bebidas por via oral em quantidades insuficientes
para atender às atividades, por exemplo, o excesso de atividade física, o treinamento desporto
compulsivo, a incapacidade de absorção e metabolismo dos alimentos consumidos, doenças
consideradas hipermetabólicas, que elevam a taxa metabólica, e as necessidades de energia,
como o câncer, hipertireoidismo, AIDS, ou gasto de energia em excesso durante o estresse
psicológico ou emocional.
O consumo inadequado de alimentos pode levar ao aumento do aparecimento de doenças que
geram perda de peso, crescimento deficiente, baixa imunidade, danos na mucosa
gastrointestinal, perda de apetite, má absorção dos alimentos e alterações importantes no
metabolismo. O hormônio do estresse (cortisol), quando está em concentrações elevadas, terá
um papel muito importante na vinculação da desnutrição e no aparecimento de doenças crônicas
na vida adulta.
Fonte: bilahata/Freepik.
Fonte: anônimo/Sawaya, 2006.
 Ciclo consumo inadequado de alimentos/aumento de doenças.
CONSUMO INADEQUADO
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Fonte: Sawaya, 2006.
 Ciclo consumo inadequado de alimentos/aumento de doenças.
CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO
A desnutrição provoca diversas alterações no funcionamento normal do organismo. O indivíduo
desnutrido fica mais sujeito a sofrer infecções e ser acometido por outras doenças, pois a
desnutrição atinge o sistema imunológico. Em crianças, porexemplo, a desnutrição pode
comprometer o desenvolvimento mental e físico, e, em casos mais graves, pode levar à morte.
PRINCIPAIS CONSEQUÊNCIAS DA DESNUTRIÇÃO
Entre as principais consequências da desnutrição estão:
• Perda de massa muscular e de gordura;
• Emagrecimento;
• Desprendimento fácil do cabelo;
• Perda da cor do cabelo (despigmentação);
• Diminuição ou interrupção do crescimento;
• Anemia;
• Enrugamento e descascamento da pele;
• Alterações ósseas;
• Alterações em órgãos do sistema respiratório, imunológico e digestório;
• Alterações psicológicas, como depressão e apatia;
• Complicações clínicas e cirúrgicas;
• Morbimortalidade;
• Maior permanência nos hospitais;
• Aumento do custo da internação.
ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DOS ÓRGÃOS
- Todas as vísceras se apresentam com déficit de peso quando comparadas ao peso dos
mesmos órgãos em crianças não desnutridas da mesma idade.
- No pâncreas, há, inicialmente, atrofia das células acinosas. As ilhotas de Langerhans estão
conservadas em número. Funcionalmente, há diminuição da amilase, lipase e tripsina.
- No fígado, observa-se a presença da esteatose hepática, uma infiltração gordurosa do fígado,
que é mais intensa à medida que o grau de desnutrição aumenta, sendo mais frequente e forte no
kwashiorkor do que no marasmo. Quando a desnutrição se corrige, a esteatose desaparece, e as
células passam a apresentar aspecto de depleção proteica temporariamente. Podem ser vistos
também infiltrado celular linfócito e fibrose. Há diminuição da síntese de sais biliares e de sua
conjugação por causa dessas alterações.
- As glândulas salivares apresentam lesões de atrofia, causando prejuízo à mastigação e à
deglutição.
- No intestino delgado, todas as camadas são atingidas por progressivo processo de atrofia e
consequente redução das respectivas espessuras, havendo supercrescimento bacteriano, que
leva à desconjugação de ácidos biliares, redução dos sais biliares conjugados, com prejuízo da
digestão das gorduras e aumento dos ácidos biliares livres, que são lesivos à mucosa intestinal,
e redução das dissacaridases, especialmente da lactase. Isso leva ao comprometimento na
digestão e absorção de nutrientes, gerando quadros de diarreia.
- A epiderme sofre, em algumas partes, a hiperqueratose, que leva à descamação. Os capilares
mostram-se ingurgitados e cheios de leucócitos, podendo sofrer rupturas e pequenas
hemorragias. Na hipoderme, o tecido gorduroso, em geral, está ausente no quadro da
desnutrição.
- No sistema imune, os níveis de imunoglobulina poderão estar normais ou aumentados às custas
de infecções repetidas. Os fatores humorais responsáveis pela fagocitose estão diminuídos. A
produção de IgA em lágrimas, secreção nasofaringe e intestinal está diminuída.
- A desnutrição pode levar ainda ao mau funcionamento da hipófise, tireoide, dos gônadas e das
glândulas suprarrenais.
Observe o esquema a seguir com as principais alterações hormonais da desnutrição ao longo do
ciclo de vida.
Fonte: anônimo/Cozzolino, S. M. F; Cominetti, C., (2013).
 Principais alterações hormonais da desnutrição ao longo do ciclo de vida. Legenda: CRH:
Hormônio liberador de corticotropina; GHRH: Hormônio liberador do hormônio do crescimento;
GnRH: Hormônio liberador de gonadropina; TRH: Hormônio liberador do hormônio estimulador da
tireoide; ACTH: Hormônio adrenocorticotrófico; GH: Hormônio do crescimento; FSH: Hormônio
folículo estimulante; LH: Hormõnio luteizante; TSH: Hormônio estimulador da tireoide; IGF-1: Fator
de crescimento semelhante à insulina; T4: Tiroxina; T3: Tri-iodotironina.
Por fim, a desnutrição grave, especificamente o marasmo, o kwashiorkor e kwashiorkor-
marasmático podem afetar de maneira definitiva o desenvolvimento do ser humano, sendo
essencial a intervenção precoce, como o acompanhamento nutricional, e melhores condições
socioeconômicas, ambientais e educativas, já que a desnutrição tem, entre suas maiores causas,
a origem social.
ASSISTA AO VÍDEO A SEGUIR, QUE TRAZ
UMA VISÃO DA DESNUTRIÇÃO COMO
PROBLEMA GRAVE DE SAÚDE PÚBLICA.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS OS TIPOS DE DESNUTRIÇÃO E SUAS ALTERAÇÕES
FISIOLÓGICAS E METABÓLICAS. NO BRASIL, A DESNUTRIÇÃO AINDA É
UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA. MARQUE A RESPOSTA CORRETA:
A) Podemos definir o Kwashiorkor como um tipo de desnutrição cujo fator de deficiência é
principalmente Energia/Kcal, levando ao quadro de edema.
B) No marasmo, ocorrem alterações hormonais, como a diminuição da insulina e cortisol, que
podem levar à caquexia.
C) Kwashiorkor é um quadro de desnutrição cuja deficiência é principalmente de proteínas, o que
leva ao quadro de edema devido à hipoalbuminemia.
D) No Kwashiorkor, ocorre, principalmente, o aumento de proteínas, como albumina, que leva ao
quadro de edema, aumento da perda muscular e de gorduras.
2. A DESNUTRIÇÃO AINDA É UM PROBLEMA DE SAÚDE PÚBLICA NO
BRASIL, TENDO UM PERCENTUAL MAIOR NA REGIÃO NORDESTE. AS
CONSEQUÊNCIAS PODEM SER INÚMERAS. MARQUE A ALTERNATIVA
INCORRETA:
A) Os pacientes desnutridos podem apresentar cansaço devido ao quadro de anemia.
B) Presença de alterações ósseas e hepáticas.
C) Emagrecimento com alterações no sistema imunológico.
D) Diminuição do tempo de internação hospitalar.
GABARITO
1. Estudamos os tipos de desnutrição e suas alterações fisiológicas e metabólicas. No
Brasil, a desnutrição ainda é um problema de saúde pública. Marque a resposta correta:
A alternativa "C " está correta.
No kwashiorkor, a causa principal desse tipo de desnutrição é o baixo consumo de proteínas de
alto valor biológico, de minerais e de vitaminas e o consumo de alimentos mais ricos em
carboidratos. A alteração mais importante está na redução da concentração de proteínas
plasmáticas devido ao baixo consumo alimentar, por exemplo, a baixa concentração plasmática
de albumina. Esse quadro de hipoalbuminemia causa alteração no balanço hidroeletrolítico no
organismo com diminuição da pressão coloidosmótica nos vasos sanguíneos e consequente
extravasamento da água contida neles para o meio intersticial, gerando o edema. Dessa forma,
podemos afirmar que o kwashiorkor é um quadro de desnutrição cuja deficiência é principalmente
de proteínas, levando ao quadro de edema devido à hipoalbuminemia.
2. A desnutrição ainda é um problema de saúde pública no Brasil, tendo um percentual
maior na região Nordeste. As consequências podem ser inúmeras. Marque a alternativa
incorreta:
A alternativa "D " está correta.
A desnutrição leva ao aparecimento de várias complicações, doenças e alterações no sistema
imunológico, fazendo com que haja o aumento das chances de infecção e, portanto, o aumento da
permanência hospitalar. Por esse motivo, a resposta incorreta é a letra D.
MÓDULO 2
 Identificar as ferramentas para diagnóstico da desnutrição e conduta dietoterápica
A desnutrição constitui um problema universal de saúde pública, sendo uma patologia multifatorial
que leva a sérias complicações para a saúde. A intervenção nutricional deve ser realizada logo
nos primeiros sinais de desnutrição para que a recuperação seja rápida, eficaz e previna
complicações. A depleção proteico-calórica de micronutrientes, aliada à ingestão alimentar
deficiente, agrava os sinais de desnutrição e pode levar ao óbito em casos mais extremos.
Sendo assim, a avaliação nutricional é uma das ferramentas utilizadas para detectar os sinais de
desnutrição. Pacientes hospitalizados podem ter necessidades especiais em função da
desnutrição e dos desequilíbrios metabólicos impostos pela doença. A terapia nutricional deve
ser administrada de modo seguro e eficaz, sendo importante a formação da equipe
multidisciplinar para assegurar atenção adequada a esses pacientes.
Fonte: Marcos Paulo Prado/Unslpash.
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL
A avaliação do estado nutricional é uma ferramenta fundamental para o diagnóstico da
desnutrição e de fatores de risco nutricionais associados, sendo um ponto de partida para o
tratamento dietoterápico.Segundo o estudo de Norman (2008), a desnutrição é um problema
comum em pacientes com doenças crônicas ou graves em todo o mundo. A prevalência de
desnutrição hospitalar varia entre 20% e 50%, dependendo dos critérios utilizados para
determinar a desnutrição e as características do paciente.
Fonte: Agenturfotografin/Shutterstock.
Muitos trabalhos demonstram a alta taxa de desnutrição em pacientes hospitalizados, como o
estudo do Inquérito Brasileiro de Avaliação Nutricional (IBRANUTRI, 2001), realizado pela
Sociedade Brasileira de Nutrição Parenteral e Enteral (BRASPEN) com quatro mil pacientes
internados na rede pública hospitalar de vários estados brasileiros e do Distrito Federal. Esse
estudo é bem popular e importante, pois revela resultados impactantes no meio da nutrição. O
estudo demonstrou que 48% dos pacientes hospitalizados apresentavam algum tipo de
desnutrição, sendo 12,6% desnutridos graves e 35,5% com desnutrição moderada.
Este estudo revelou que 31,8% dos 813 pacientes avaliados nas primeiras 48 horas de
internação estavam desnutridos, ou seja, apresentavam desnutrição primária devido ao baixo
nível socioeconômico, associada à desnutrição secundária causada pela própria condição clínica
do paciente (câncer, infecção, entre outras). 44,5% dos 1108 pacientes hospitalizados durante 3 a
7 dias estavam desnutridos, com aumento da permanência desses pacientes no âmbito
hospitalar. Esse índice, que continuou subindo, atingiu aproximadamente 51,2%. As regiões Norte
e Nordeste tiveram maior prevalência, chegando a 78,8% na cidade de Belém, no Pará.
A avaliação nutricional pode ser realizada por métodos objetivos, como antropometria (imagem
ao lado), estimativa da composição corporal e parâmetros bioquímicos, e por métodos
subjetivos, como a avaliação subjetiva global. Quanto mais precoce for realizada a avaliação
nutricional, mais rapidamente poderá ser a intervenção no paciente.
Fonte: i yunmai/Unsplash.
 Método objetivo da avaliação nutricional.
 ATENÇÃO
Para detectar a desnutrição em crianças, deve-se também monitorar o estado nutricional para
avaliação das condições de saúde e detectar alterações em seu desenvolvimento. Para crianças
de até cinco anos de idade, recomendam-se a mensuração do peso e da estatura e a
comparação dessas variáveis com curvas ou padrões de referência para obtenção dos índices
antropométricos:
1) Peso para idade (P/I).
2) Estatura para idade (E/I).
3) Peso para estatura (P/E).
Para crianças acima de cinco anos de idade (adolescentes e adultos), recomenda-se atualmente
outro critério de classificação denominado Índice de Massa Corporal (IMC), obtido pelo peso
corporal mensurado em quilos e dividido pelo quadrado da estatura em metros (COZZOLINO, S.
M. F & COMINETTI, C., 2013; WAITZBERG, D., 2001).
A classificação do IMC (Kg/m2) para adultos, segundo WHO, 1997 (SILVA, S. M. C. S. & MURA,
J. D. P., 2016; ACUÑA, K. & CRUZ, T., 2004), é uma avaliação por método objetivo que podemos
classificar o indivíduo com baixo peso, peso normal (eutrófico) ou acima do peso, dependendo da
faixa em que ele se encontrará. Para encontrarmos o valor do IMC de um indivíduo, basta
dividirmos o peso atual em quilogramas pela altura em metros ao quadrado.
Índice de Massa Corporal >>> IMC = Peso (kg)/Altura²
Classificação do índice de massa corporal para adultos.
IMC (Kg/m²) Classificação
≥40 Obesidade grau III
35,00 a 39,99 Obesidade grau II
30,0 a 34,99 Obesidade grau I
25,00 a 29,99 Sobrepeso
18,50 a 24,99 Eutrófico (normal)
17,00 a 18,49 Magreza grau I
16,00 a 16,99 Magreza grau II
<16,00 Magreza grau III
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Classificação do EM de adultos, segundo o IMC. Fonte: OMS, 1995, 1997 e 1998.
Classificação do índice de massa corporal para idosos.
IMC (Kg/m²) Classificação
< 22 Baixo peso
22 a 27 Eutrófico
> 27 Sobrepeso
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Classificação IMC em Idosos. Fonte: Lipschitz, 1994.
AVALIAÇÃO SUBJETIVA GLOBAL (SGA)
A avaliação nutricional subjetiva é o método clínico de avaliação do estado nutricional, que
considera não apenas alterações da composição corporal, mas também alterações funcionais do
paciente. É o método simples, de baixo custo e não invasivo, podendo ser realizado à beira do
leito. Trata-se de uma boa opção na avaliação nutricional de pacientes cirúrgicos.
Fonte: Barbosa-Silva; Barros, 2002.
 Método subjetivo da avaliação nutricional.
TRATAMENTO DA DESNUTRIÇÃO
O tratamento da desnutrição varia de acordo com a gravidade da doença. De modo geral, ele
envolve as seguintes ações:
Eliminar as causas da desnutrição e propiciar condições no tempo necessário para que o
organismo possa se recuperar com o ganho de peso.

Favorecer o crescimento adequado das crianças.
Na grande maioria dos casos, o tratamento da desnutrição consiste em aumento gradual de
ingestão de calorias, que pode ser realizado através da oferta de um número maior de refeições
ao longo do dia, porém com pequenos volumes e bem nutritivas. Quando o paciente é capaz de
comer, esta via é sempre a preferencial de início da terapia nutricional. Na eventualidade de o
paciente não poder mastigar ou engolir e apresentar-se com função adequada do tubo digestivo,
deve ser alimentado por uma sonda enteral posicionada no estômago ou jejuno.
A oferta de alimentos e calorias deve ser lenta e gradual para evitar complicações, como diarreia
e desequilíbrios na água corporal, glicose e outras alterações hidroeletrolíticas, que podem levar
à síndrome da realimentação. Essa síndrome é uma manifestação clínica complexa que abrange
alterações hidroeletrolíticas (hipofosfatemia – baixa concentração de fosfato, hipomagnesemia –
baixa concentração de magnésio, hipernatremia – alta concentração de sódio, hipocalemia –
baixa concentração de potássio) associadas a anormalidades metabólicas em consequência do
suporte nutricional em pacientes gravemente desnutridos. As manifestações clínicas são:
disfunção neuromuscular (parestesias, convulsões, câimbras e fraqueza), edema agudo de
pulmão, hipoventilação e insuficiência respiratória e trombocitopenia. Pode ocorrer déficit na
coagulação sanguínea e disfunção leucocitária.
Fonte: Srdjan Randjelovic/Shutterstock.
O tratamento em pacientes gravemente desnutridos serve para corrigir, inicialmente, os distúrbios
hidroeletrolíticos e as deficiências de micronutrientes, como também para restaurar o volume
circulatório. Os grupos de risco são os indivíduos com quadro de anorexia, desnutrição calórico
proteica grave, alcoolismo crônico, jejum prolongado e subnutrição infantil. A principal deficiência
vitamínica do quadro de desnutrição é a deficiência de tiamina (vitamina B1). Foi visto que a
síndrome da realimentação é um quadro de alterações hidroeletrolíticas em pacientes desnutridos
e comum também em pacientes com deficiências de tiamina. Dessa forma, a introdução
alimentar nesses pacientes deve ser realizada de forma cautelosa para não piorar ainda mais o
quadro.
LEIA SOBRE DESNUTRIÇÃO GRAVE
Na desnutrição grave, as necessidades proteicas e de energia são maiores (em torno de 40 – 45
kcal/kg/dia e 1,5g/kg/dia, respectivamente) a fim de acelerar a repleção das deficiências. A
ingestão energética inicial deve ser cautelosa com cerca de apenas 50% do VET planejado, e, no
máximo, 500 a 1000kcal/dia para evitar complicações, como a síndrome da realimentação. Deve-
se aumentar gradualmente o valor energético total em uma semana até que as necessidades
diárias sejam alcançadas. A recuperação da massa muscular é um objetivo a longo prazo e
ocorre após semanas e até meses. Deve-se fornecer tiamina de 50 a 250mg/dia e quantidades
de potássio, fosfato e magnésio quando necessário para prevenir a deficiência. O excesso de
sódio e água deve ser evitado.
Pode ser ofertada a suplementação oral associada à alimentação para atingir as necessidades
nutricionais,caso ela não seja atingida, principalmente em idosos ou pacientes com alguma
doença hipercatabólica. Dessa forma, há contribuição adequada para a vigilância nutricional e
manutenção das recomendações diárias para os indivíduos desta faixa etária.
A alimentação deverá ser nutricionalmente adequada e elaborada de acordo com os hábitos
alimentares do paciente, com pequenos volumes e fracionamento aumentado. Deve-se ter
atenção especial à qualidade da alimentação durante a recuperação nutricional, sobretudo na
qualidade da proteína ingerida, para permitir o ganho em estatura em crianças sem que haja
aumento exagerado no fornecimento energético, que favorece o surgimento posterior de
obesidade.
Uma anamnese cuidadosa pode nos dar informações sobre a possibilidade de deficiências
nutricionais através dos hábitos alimentares e do consumo alimentar. As refeições que serão
programadas para o paciente com baixo peso deverão ser programadas e descontraídas em vez
de planejadas às pressas ou ingeridas rapidamente. Estes indivíduos precisam ser encorajados
a comer, mesmo sem fome. Uma dica é individualizar o programa alimentar ao longo do dia,
selecionando os alimentos de que o paciente goste. Além das grandes refeições, é necessário a
prescrição das pequenas refeições, como lanches, para aumentar a ingestão adequada de
energia. Quando não se consegue atingir o aporte calórico proteico, o que muitas vezes
acontece, pode ser prescrito suplemento líquido, tomado durante ou entre as refeições. Essa
estratégia é muito eficaz e fácil de preparar e consumir. Os suplementos nutricionais de lipídeos
são produtos enriquecidos que, muitas vezes, são alimentos terapêuticos prontos para uso para
aumentar o aporte calórico.
A distribuição de energia entre os macronutrientes na terapia nutricional do paciente desnutrido
normalmente é dividida em:
30% das Kcal sob forma de lipídeos, sendo a maioria como fontes de mono ou poli-insaturadas;

12 a 15% de Kcal de proteínas;

Até 58% restantes das Kcal em carboidratos.
O uso de suplementos comuns de vitaminas e minerais pode ser encorajado. Além de uma
ingestão de acordo com as necessidades de energia estimadas para o peso atual, recomenda-
se planejar a ingestão de 500 a 1000 Kcal a mais por dia. Se 2400 Kcal mantêm o peso atual,
seriam necessárias 500 a 1000 kcal a mais, perfazendo um total de 2900 kcal a 3400 kcal para
que o indivíduo ganhe peso. Esse aumento deve ser gradual a fim de evitar qualquer desconforto
gástrico, desequilíbrio eletrolítico, desânimo e disfunções cardíacas.
Fonte: user12715979/Freepik.
O manejo nutricional da perda de peso involuntária deve ser realizado cautelosamente avaliando
as causas para este quadro. A doença debilitante ou a má absorção requerem tratamento. A
terapia nutricional e as mudanças na dieta são importantes quando estão em conjunto com o
tratamento do distúrbio adjacente, tais como:
QUADROS DE ANSIEDADE, ESTRESSE E
DEPRESSÃO
Os antidepressivos normalmente são prescritos para auxiliar na recuperação desses pacientes,
mas deve-se averiguar se eles poderão afetar o apetite, contribuindo para a perda de peso.
DISFAGIA OU DIFICULDADE DE MASTIGAR
Dependendo da gravidade, deve-se ter o cuidado com a textura, consistência dos alimentos
ofertados e líquidos também para melhorar a capacidade de mastigação e deglutição, garantindo
a oferta adequada energético e proteica.
DOENÇA CELÍACA
É preciso garantir que todos os alimentos e ingredientes que contenham glúten sejam eliminados
da dieta.
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javascript:void(0)
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CÂNCER
Os cânceres gastrointestinais são especialmente prejudiciais, e alguns medicamentos podem
causar a perda de apetite, assim como a própria doença, levando à perda de peso e à
desnutrição.
HIPERTIREOIDISMO
A tiroxina em excesso pode causar perda de peso.
DOENÇA INFLAMATÓRIA INTESTINAL
É importante a verificação dos medicamentos e dos tratamentos da doença e o
acompanhamento médico, visto que, na doença inflamatória intestinal, o índice de desnutrição é
alto.
MEDICAMENTOS
Alguns medicamentos podem ocasionar a perda de peso. Importante verificar com o médico e
adotar estratégias nutricionais, como lanches e refeições reforçadas.
Clique e veja as sugestões para o aumento de ingestão de energia.
VEJA AS TABELAS
Sugestões para aumentar a ingestão de energia
Alimentos adicionais Kcal Proteína (g)
Adição de 500 Kcal (entre as refeições)
1 xicara de cereal seco 110 2
1 banana 80 0
1 xícara de leite integral 159 8
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javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
1 fatia de torrada 60 2
1 colher de chá de pasta de amendoim 86 4
TOTAL: 495 16
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Alimentos adicionais Kcal Proteína (g)
Adição de 500 Kcal (entre as refeições)
8 bolachas de água e sal 99 3
30g de queijo 113 7
1 xícara de sorvete 290 6
TOTAL: 502 16
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Alimentos adicionais Kcal Proteína (g)
Adição de 500 Kcal (entre as refeições)
6 biscoitos tipo club social (Graham) 165 3
2 colheres de sopa de pasta de amendoim 172 8
1 xícara de suco de laranja 122 O
2 colheres de sopa de uva passa 52 O
TOTAL: 511 11
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Alimentos adicionais Kcal Proteína (g)
Adição de 1000 Kcal (entre as refeições)
240 ml de iogurte de fruta integral 240 9
1 fatia de pão 60 2
60g de queijo 226 14
1 maçã 87 0
¼ de pizza de queijo de 40cm 306 16
1 banana pequena 81 1
TOTAL: 1000 42
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Alimentos adicionais Kcal Proteína (g)
Adição de 1000 Kcal (entre as refeições)
Café instantâneo com leite integral 280 15
1 xícara de queijo cottage 239 31
½ xícara de abacaxi 95 O
1 xícara de suco de maçã 117 3
6 biscoitos do tipo club social (Graham) 165 O
1 pera 100 1
TOTAL: 996 50
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
A educação alimentar é muito importante em todas as etapas da vida. Como a desnutrição é
muito comum na infância, torna-se essencial que as pessoas que fazem parte do processo de
educação e formação das crianças, como professores e a família, possam ter acesso a
informações sobre uma alimentação saudável e o correto aproveitamento dos alimentos. Para
aproveitar ao máximo o valor nutritivo dos alimentos, em especial das frutas e verduras, elas
devem ser consumidas frescas e in natura, para que não haja perda de nutrientes, como a
vitamina C. Evite cozinhar demais os alimentos, principalmente os vegetais, para que não haja
perda de vitaminas. Aproveite a água que sobrou do cozimento para preparar outros pratos,
como sopas, cozidos e sucos. Conserve os alimentos em temperaturas adequadas na geladeira
ou em temperatura ambiente entre 20 e 27ºC (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014).
Fonte: fetrinka/Freepik.
Fonte: odua/Freepik.
 ATENÇÃO
O nutricionista é um profissional com fundamentação técnica no campo da nutrição, que tem
competência na assistência dietoterápica hospitalar, prescrevendo, planejando, analisando,
supervisionando e avaliando a melhor terapia nutricional para o paciente (FERRAZ, L. F. &
CAMPOS, A. C. F, 2012). Tanto a desnutrição quanto a obesidade comprometem a saúde e
precisam ser avaliadas criteriosamente para que medidas possam tomadas de forma precoce.
ASSISTA AO VÍDEO A SEGUIR, QUE TRATA
DE MANEJO NUTRICIONAL E EDUCAÇÃO
ALIMENTAR NA PERSPECTIVA DE UM CASO
CLÍNICO.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. NESTE MÓDULO, ESTUDAMOS AS FERRAMENTAS PARA
DIAGNÓSTICO DA DESNUTRIÇÃO E ELABORAÇÃO DA CONDUTA
DIETOTERÁPICA. SENDO ASSIM, MARQUE A ALTERNATIVA INCORRETA:
A) A avaliação nutricional objetiva, que retrata um questionário sobre as condições de aceitação
da alimentação, deve ser feita precocemente em razão da importância de se detectar os riscos
de desnutrição.
B) A avaliação nutricional deve ser realizadarapidamente no paciente para detectar possíveis
riscos de desnutrição.
C) IBRANUTRI foi um estudo brasileiro importante para demonstrar a importância de se fazer
precocemente a avaliação nutricional em pacientes hospitalizados.
D) O IMC é uma das ferramentas de avaliação da composição corporal para se detectar a
desnutrição, porém os valores de classificação não são os mesmos para adultos e idosos.
2. EM RELAÇÃO À SÍNDROME DA REALIMENTAÇÃO, PODEMOS AFIRMAR
QUE:
A) É uma alteração metabólica com comprometimento na digestão dos alimentos, sendo
importante iniciar para o paciente a dieta liquida em pequenos volumes.
B) É uma alteração metabólica hidroeletrolítica, com aumento de potássio e fósforo e redução de
magnésio.
C) Recomenda-se iniciar preferencialmente a terapia nutricional via oral com o aporte calórico
proteico total para rápida recuperação do estado nutricional do paciente.
D) A fim de evitá-la, recomenda-se avaliar as concentrações de potássio, fosfato e magnésio
para a correção dessas concentrações plasmáticas e, em seguida, iniciar a dieta com poucos
volumes e maior fracionamento.
GABARITO
1. Neste módulo, estudamos as ferramentas para diagnóstico da desnutrição e
elaboração da conduta dietoterápica. Sendo assim, marque a alternativa incorreta:
A alternativa "A " está correta.
A avaliação nutricional objetiva não retrata um questionário sobre as condições de aceitação da
alimentação, mas, sim, a antropometria, que estima composição corporal e parâmetros
bioquímicos. Vimos que o IMC é um exemplo desta avaliação objetiva. Quanto mais precoce for
realizada, mais rapidamente poderá ser a intervenção nutricional no paciente. Portanto, a
alternativa A é a resposta incorreta.
2. Em relação à síndrome da realimentação, podemos afirmar que:
A alternativa "D " está correta.
A síndrome da realimentação é uma manifestação clínica complexa que abrange alterações
hidroeletrolíticas (hipofosfatemia – baixa concentração de fosfato, hipomagnesemia – baixa
concentração de magnésio, hipernatremia – alta concentração de sódio, hipocalemia – baixa
concentração de potássio) associadas às anormalidades metabólicas, que podem ocorrer em
consequência do suporte nutricional em pacientes gravemente desnutridos. Inicialmente, deve-se
corrigir os distúrbios hidroeletrolíticos e as deficiências de micronutrientes e, posteriormente,
iniciar a dieta lentamente, com pequenos volumes várias vezes ao dia, para evitar o aparecimento
desta síndrome.
MÓDULO 3
 Identificar a obesidade como doença crônica e suas complicações, como também a conduta
dietoterápica.
OBESIDADE
Atualmente, a obesidade tem sido considerada a mais importante desordem nutricional nos
países desenvolvidos e em desenvolvimento devido ao aumento da sua incidência. Ela pode ser
definida como uma doença crônica representada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal,
que acarreta prejuízos à saúde dos indivíduos. Este acúmulo de gordura no organismo está
associado a riscos para a saúde, devido à sua relação com várias complicações metabólicas.
Pode ser compreendida como um agravo de caráter multifatorial, pois suas causas estão
relacionadas a questões biológicas, históricas, ecológicas, econômicas, sociais, culturais e
políticas. Trata-se, simultaneamente, de uma doença e de um dos fatores de risco mais
importantes para outras doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e
diabetes mellitus.
Fonte: phanuwatnandee/Freepik.
A prevalência da obesidade vem aumentando entre adultos, tanto nos países desenvolvidos
quanto naqueles em desenvolvimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que pelo
menos 1 bilhão de pessoas apresentem excesso de peso, das quais 300 milhões são obesos.
Fonte: anônimo/OMS, 2016.
Panorama Mundial 2016: 11% homens e 15% mulheres obesos (IMC>30Kg/m²). No Brasil,
22,1%, entre adultos >18 anos: mulheres: 25,4% e homens:18,5%.
Fonte: anônimo/Vigitel, 2012.
Obesidade na comparação do Brasil com outros países.
O excesso de peso já é uma realidade para mais de 50% da população adulta brasileira, sendo
que, entre esses, mais de 20% são obesos. As taxas de obesidade e sobrepeso vêm
aumentando no mundo, e esse quadro pode ser explicado por mudanças comportamentais
ocorridas na nossa sociedade nas últimas décadas, principalmente aquelas relacionadas ao
sedentarismo e à alimentação inadequada. De acordo com os dados da OMS, a prevalência de
obesidade triplicou entre 1975 e 2016 em todo o mundo.
DADOS DO BOLETIM EPIDEMIOLÓGICO DO
MINISTÉRIO DA SAÚDE
Segundo o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, o excesso de peso cresceu 30%, e a
obesidade, 72% no Brasil entre os anos de 2006 e 2019. O aumento da taxa de obesidade
passou de 11,8% em 2006 para 20,3% em 2019, sendo que a prevalência de obesidade entre
mulheres foi de 21% e, entre homens, 19,5%.
A prevalência de obesidade também tende a aumentar com a idade: para jovens de 18 a 24
anos, foi de 8,7% e, entre os adultos a partir de 65 anos, 20,9%.
Também foi identificado que ela diminui com a escolaridade: para as pessoas com até oito anos
de escolaridade, a prevalência foi de 24,2%, mas entre aqueles com 12 anos ou mais, 17,2%.
Segundo dados do Vigitel (2019), a tabela 1 mostra as prevalências dos indicadores no início do
monitoramento e a variação de percentual no período. Esses dados reforçam a necessidade de
medidas mais assertivas no enfrentamento dessas condições.
Prevalências dos indicadores selecionados obtidas no início do monitoramento, no ano de 2019,
e a variação percentual no período.
Indicadores Início 2019 Variação % no período
Diabetes 5,5 7,4 34,5%
Hipertensão arterial 22,6 24,5 8,4%
Excesso de peso 42,6 55,4 30,0%
Obesidade 11,8 20,3 72,0%
Fumantes 15,7 9,8 -37,6%
Consumo abusivo de álcool 15,6 18,8 20,5%
Ativos no lazer 30,3 39,0 28,7%
Inatividade física 15,9 13,9 -12,6%
Recomendado de frutas e hortaliças 20,0 22,9 14,5%
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Fonte: Vigitel, 2019.
FISIOPATOLOGIA DA OBESIDADE
A obesidade é considerada um quadro de baixo grau de inflamação crônica sistêmica, sendo que
a obesidade abdominal tem forte impacto na secreção de adipocinas e resistência à insulina do
que a obesidade ginoide. Sabe-se que as células de defesa do organismo, especificamente os
macrófagos, são parte importante da função secretora do tecido adiposo e a fonte principal de
citocinas inflamatórias, como TNF-α e IL-6. A adipogênese (hipertrofia e hiperplasia dos
adipócitos) implica na diferenciação de pré-adipócitos em adipócitos maduros, os quais
secretam adipocinas, que levam ao quadro inflamatório que acomete os indivíduos obesos. Por
este motivo, a obesidade é considerada um quadro inflamatório. Diversos fatores podem
desencadear a resposta inflamatória no tecido adiposo em condições de sobrecarga nutricional,
dentre eles:
A microhipóxia, que ocorre com a hipertrofia dos adipócitos que ativa as vias do fator de
transcrição nuclear NFκβ.

Aumentando a expressão de genes envolvidos na inflamação.

Com maior liberação de citocinas e recrutamento de macrófagos para o tecido, como também o
estresse do retículo endoplasmático e ácidos graxos saturados, um mecanismo dependente da
ativação de receptor toll-like 4 (TLR4).
NFΚΒ
Fator de transcrição envolvido no controle da expressão de diversos genes ligados à
resposta inflamatória.
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TLR4
A ativação do TLR4 tem sido considerada um importante fator de ligação entre inflamação e
resistência à insulina em condições de obesidade e sobrecarga nutricional.
A sobrecarga nutricional de carboidratos e lipídeos que ocorre na obesidade acarreta aumento
do metabolismo celular, que desencadeia aumento na cadeia de transporte de elétrons na
mitocôndria, gerando este quadro de hipóxia, espécies reativas de oxigênio, o que favorece o
aparecimento do estresse oxidativo e aumento da produção de citocinas.
Assim, o excessode nutrientes e a obesidade estão relacionados ao estímulo dessas vias
principais, levando à produção de quimiocinas e citocinas pró-inflamatórias. Essas citocinas,
principalmente as quimiocinas, atraem monócitos da circulação, que, ao se infiltrarem no tecido
adiposo, transformam-se em macrófagos, aumentando a produção de citocinas como TNF-α e IL-
6, um fator importante para o desenvolvimento de resistência tecidual à insulina. Este quadro de
resistência à insulina, que acomete a maioria dos obesos, poderá levar ao surgimento de
comorbidades, que, consequentemente, podem desencadear doenças cardiovasculares e outras
complicações metabólicas (FRANCISQUETI et al., 2015).
A obesidade central está relacionada ao aumento do estresse oxidativo e à redução de enzimas
antioxidantes de produção endógena, como superóxido dismutase, catalase e glutationa
peroxidase, levando a um quadro inflamatório de baixo grau, devido ao aumento de proteínas pró-
inflamatórias, e à redução de substâncias anti-inflamatórias.
Fonte: anônimo/Silva et al. 2016.
 Interação entre balanço energético positivo, obesidade e resistência insulínica, via geração de
espécies reativas de oxigênio e citocinas inflamatórias.
CAUSAS DA OBESIDADE
O ambiente moderno é um potente estímulo para a obesidade, cujas causas são multifatoriais e
resultado de interação de fatores genéticos, metabólicos, sociais, comportamentais e culturais.
Na maioria dos casos, a obesidade ocorre em virtude da alta ingestão calórica e do
sedentarismo, em que o excesso de calorias se armazena como tecido adiposo, gerando o
balanço energético positivo. O balanço energético pode ser definido como a diferença entre a
quantidade de energia adquirida e a energia gasta na realização das funções vitais e de
atividades em geral. Pode tornar-se positivo quando a quantidade de energia adquirida é maior
do que a gasta, podendo variar entre indivíduos.
Fonte: user6724086/Freepik.
FATORES ASSOCIADOS À OBESIDADE
• Genéticos;
• Psicológicos;
• Ambientais;
• Culturais;
• Socioeconômicos.
Fonte: Francischi et al., 2000; Ferreira et al., 2006.
FATORES DE ESTILO DE VIDA
• Tabagismo;
• Álcool;
• Sedentarismo;
• Alimentação.
Fonte: Francischi et al., 2000; Ferreira et al., 2006.
Há três componentes primários no sistema neuroendócrino envolvidos com a obesidade:
COMPONENTE 1
Sistema aferente que envolve a leptina e outros sinais de saciedade e de apetite de curto prazo;
COMPONENTE 2
Unidade de processamento do sistema nervoso central;
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COMPONENTE 3
Sistema eferente, um complexo de apetite, saciedade, efetores autonômicos e termogênicos que
leva ao estoque energético. O balanço energético pode ser alterado por um aumento do consumo
calórico, pela diminuição do gasto energético ou por ambos.
Recomenda-se que influências culturais e sociais estejam associadas a determinantes genéticos
e fisiopatológicos. Assim, sugere-se que fatores fenotípicos possam despertar fatores
genotípicos, sendo ambos igualmente importantes para a gênese dessa doença. Nesse sentido,
dois mecanismos podem estar envolvidos:
O balanço energético positivo promove a produção de espécies reativas de oxigênio (ERO) e o
aumento da expressão de substâncias inflamatórias.

O aumento das substâncias inflamatórias pode inibir os sinais para secreção de insulina, a qual
tem atividade anti-inflamatória.
RISCOS DE OBESIDADE
As pessoas que possuem pai ou mãe obesos apresentaram risco quase duas vezes mais alto de
tendência à obesidade do que aqueles cujos pais não são obesos. As mulheres com um, três ou
mais filhos apresentam risco de obesidade quase duas ou três vezes mais alto do que as
nulíparas, respectivamente.
O risco de obesidade quando nenhum dos pais é obeso é de 9%. Quando um dos genitores é
obeso, eleva-se a 50%, atingindo 80% quando ambos estão nessa condição.
Fatores genéticos podem estar relacionados à eficiência no aproveitamento, armazenamento e
na mobilização dos nutrientes ingeridos, ao gasto energético, principalmente à taxa metabólica
basal (TMB), ao controle do apetite e ao comportamento alimentar. A obesidade pode estar
associada também a algumas desordens endócrinas, como o hipotireoidismo e problemas no
hipotálamo, mas essas causas representam menos de 1% dos casos de excesso de peso.
Outros fatores associados ao ganho excessivo de peso são as mudanças em alguns momentos
da vida, como casamento, viuvez, separação e determinadas situações de violência. Existem
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também os fatores psicológicos, como estresse, ansiedade, depressão, compulsão alimentar e
tratamentos com alguns medicamentos (psicofármacos e corticoides), a suspensão do hábito de
fumar, o consumo excessivo de álcool e a redução drástica de atividade física.
COMPLICAÇÕES
A obesidade pode levar a muitas complicações, que causam sérios problemas de saúde e até a
morte. Vamos conhecer quais são as principais.
Muitos distúrbios fisiopatológicos são causados pela obesidade, principalmente nas pessoas
com IMC maior que 30 kg/m2. São eles:
DISTÚRBIOS CARDIOVASCULARES
Hipertensão arterial sistêmica, hipertrofia ventricular esquerda com ou sem insuficiência cardíaca,
doença cerebrovascular, trombose venosa profunda, entre outros.
DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS
Diabetes tipo II, dislipidemia, hipoventilação, doença pulmonar restritiva.
A obesidade pode ainda gerar disfunções gastrointestinais, como hérnia de hiato e colecistite;
distúrbios dermatológicos, como estrias e papilomas; distúrbios geniturinários, como anovulação
e problemas gestacionais; distúrbios músculoesqueléticos, como osteoartrose e defeitos
posturais; neoplasias, distúrbios psicossociais, como sentimento de inferioridade e isolamento
social; e outras implicações, como o aumento do risco cirúrgico e anestésico e a diminuição da
agilidade física.
OBESIDADE
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javascript:void(0)
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Fonte: anônimo/Jejum intermitente sem mitos, 2018.
 Complicações da obesidade.
DIAGNÓSTICO
O IMC pode ser utilizado para diagnosticar a obesidade, sendo o cálculo mais usado para avaliar
a adiposidade corporal por ser simples e prático, embora não diferencie a massa de gordura da
massa magra. Pode ser menos preciso em indivíduos idosos devido à perda de massa muscular
e superestimá-la em indivíduos musculosos.
O IMC não reflete a distribuição da gordura corporal. A OMS recomenda-o para a classificação
de sobrepeso e obesidade para a população brasileira, incluindo a correlação com as
morbidades. Portanto, é ideal que o IMC seja usado em conjunto com outros métodos de
determinação de gordura corporal. O Ministério da Saúde aceita que, para o idoso (com 60 anos
ou mais), o IMC normal varie >22 a < 27 kg/m2, pela diminuição da massa magra e maior risco de
sarcopenia.
Fonte: Olivier Le Moal/Shutterstock.
Fonte: Fuss Sergey/Shutterstock.
A medida da circunferência abdominal reflete o conteúdo de gordura visceral. Essa medida pode
ser realizada no maior perímetro abdominal entre a última costela e a crista ilíaca, segundo
recomendações da OMS. Já a I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome
Metabólica recomenda medir a circunferência abdominal no ponto médio, entre o rebordo costal
inferior e a crista ilíaca. De acordo com o National Cholesterol Education Program (NCEP) –
Adult Treatment Panel III (ATP-III), o ponto de corte deve ser de 102cm para homens e 88cm para
mulheres (ABESO, 2016). A distribuição de gordura corporal está diretamente ligada à
morbidade e à mortalidade. A obesidade abdominal está diretamente ligada ao risco aumentado
para saúde, como diabetes, hipertensão hiperlipidemia, doenças coronarianas etc.
Existem outras formas de avaliar o peso e a composição corporal, desde a pesagem hidrostática
(peso submerso), composição corporal por absorciometria com raios X de dupla energia (DEXA)
e técnicas de imagem, como ressonância magnética, tomografia computadorizada, mas
apresentam custoelevado e uso limitado na prática clínica. É utilizada também a somatória de
medidas de pregas cutâneas por adipômetro, ultrassonografia e bioimpedância.
O crescente aumento da obesidade, em especial quando o IMC ≥ 40 kg/m2 e a sua associação
com comorbidades influenciem diretamente o bem-estar físico, emocional e psicossocial,
impactando significativamente sobre o declínio da qualidade de vida, com o aparecimento de
diversas doenças. É importante que o profissional nutricionista faça uma boa anamnese e
avaliação da composição corporal para a prescrição de um programa alimentar individualizado
(SILVA, 2016).
Pontos de corte para IMC estabelecidos para adultos.
Classificação de peso pelo IMC12(D)
Classificação IMC(kg/m2) Risco de comorbidades
Baixo peso < 18,5 Baixo
Peso normal 18,5-24,9 Médio
Sobrepeso ≥ 25 -
Pré-obeso 25,0 a 29,9 Aumentado
Obeso I 30,0 a 34,9 Moderado
Obeso II 35,0 a 39,9 Grave
Obeso III ≥ 40,0 Muito grave
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
Combinação das medidas de circunferência abdominal e IMC para avaliar
obesidade e risco para diabetes 231(A) e doenças cardiovascular15(A)
Circunferência abdominal (cm)
Risco de complicações
metabólicas
IMC (kg/m2)
Homem: 94-102 102+
Mulher: 80-88 88+
Baixo peso < 18,5 - -
Peso saudável 18,5-24,9 - Aumentado
Sobrepeso 25-29,9 Aumentado Alto
Obesidade ≥ 30 Alto Muito alto
 Atenção! Para visualização completa da tabela utilize a rolagem horizontal
 Pontos de corte para IMC estabelecidos para adultos. Fonte: ABESO, 2009.
TRATAMENTO
O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar, sendo o tratamento farmacológico
adjuvante das terapias prescritas com foco na mudança de hábitos de vida. Essas mudanças
estão relacionadas à alimentação com redução do consumo de calorias e ao aumento de
exercícios para elevar o gasto calórico. Não existe nenhum tratamento farmacológico a longo
prazo que não envolva mudança de estilo de vida.
A abordagem deve ser individual sobre a história do peso e dos problemas de saúde do paciente
com mudanças de estilo de vida e utilização de técnicas cognitivo-comportamentais, sendo que o
tratamento farmacológico não deve ser usado como recurso na ausência de outras medidas não
farmacológicas. A escolha do tratamento deverá ser baseada na gravidade do problema e na
presença de complicações associadas.
Fonte: shurkin_son/Shutterstock.
A perda de peso tem muitos benefícios, como, por exemplo: perda de 5% do peso corporal
mantida é um critério mínimo de sucesso, pois leva à melhora das doenças associadas, como
diabetes do tipo 2, hipertensão e dislipidemia. As metas de perda de peso deverão ser realistas,
ou seja, capazes de serem realizadas para gerar benefícios para a saúde do indivíduo. Uma meta
inicial de 5 a 10% de perda do peso inicial em seis meses é considerada possível de ser
realizada.
 ATENÇÃO
Existem atualmente três medicamentos aprovados para tratamento da obesidade no Brasil:
sibutramina, orlistate e liraglutida 3,0mg, segundo a ABESO de 2016.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
SIBUTRAMINA
ORLISTATE
LIRAGLUTIDA
A ação da sibutramina é bloquear a receptação de noradrenalina (NE) e serotonina (SE) e levar à
redução da ingestão alimentar, o que pode causar leve aumento da pressão arterial. Pode ser
recomendada para pacientes com IMC maior ou igual a 30 kg/m2, mas, em pacientes diabéticos
que possuem fator de risco cardiovascular, o uso desse medicamento é contraindicado.
O orlistate é um análogo da lipstatina de lipases gastrintestinais (GI), que se liga ao sítio ativo da
enzima através de ligação covalente e faz com que um terço dos triglicérides ingeridos
permaneçam não digeridos e não absorvidos pelo intestino, sendo eliminado pelas fezes. Este
medicamento não possui atividade sistêmica, e seu uso está associado a reduções significativas
da pressão arterial, que são ainda maiores em hipertensos, além de reduções da insulinemia e
da glicemia. O uso de orlistate foi associado à maior incidência de esteatorreia (diarreia nas
fezes), flatos com descarga de gordura e urgência fecal, ou seja, leva à disabsorção de gorduras
e, por este motivo, deve-se ter atenção especial à possibilidade de causar deficiência de
vitaminas lipossolúveis (A, D, E, K). Recomenda-se a suplementação de polivitamínicos em
pacientes que utilizem este medicamento a longo prazo, sendo prescrito duas horas antes ou uma
hora após a administração do orlistate.
A perda de peso relacionada ao uso de sibutramina e orlistate levou à redução da resistência à
insulina, com melhora dos marcadores bioquímicos e achados ultrassonográficos em pacientes
com esteato-hepatite não alcoólica.
A liraglutida é um antagonista do peptídeo semelhante ao glucagon-1 (GLP-1), que estimula
diretamente os neurônios que sintetizam pró-opiomelanocortina e transcrito regulador por cocaína
e anfetamina (POMC/CART), inibe, indiretamente, a neurotransmissão nos neurônios que
expressam neuropeptídio Y (NPY) e peptídeo relacionado ao agouti (AgRP), vias de sinalização
dependentes de GABA envolvidos com o controle do balanço energético, nos circuitos ligados a
recompensa e prazer, sendo sua ação independente do nervo vago. É um medicamento injetável
geralmente bem tolerado, com alguns efeitos adversos, como náuseas, vômitos e diarreia, com
efeitos positivos na perda de peso, redução da pressão arterial e na prevalência do diabetes
(ABESO, 2016).
Existem outros medicamentos para o tratamento da obesidade de uso off-label, tais como:
• Topiramato;
• Associação de bupropiona e naltrexone;
• Dimesilato de lisdexanfetamina.
A criação de protocolos e condutas relacionadas à prevenção e ao controle da obesidade
representa um grande desafio para os profissionais e serviços de saúde no Brasil. A ênfase em
práticas clínicas integradas ao processo de educação nutricional é prioritária para concretizar não
só o acesso, mas, principalmente, a incorporação de hábitos saudáveis de vida e alimentação.
Uma abordagem psicológica, que avalie e monitore o comportamento alimentar inserido no
processo de perda-ganho de peso e sua manutenção, deve também ser considerada e incluída
no tratamento da obesidade.
O caminho para esta estratégia exige a necessidade de atuação multidisciplinar nos serviços de
saúde, nos quais o processo saúde/doença seja permeado pelo olhar integrado e sincronizado
com os hábitos socioculturais das populações. Considerando que o aumento de obesidade no
Brasil esteja entrelaçado com as políticas de desenvolvimento, é fundamental descobrir um
caminho capaz de remodelar as práticas de saúde, alimentação, hábitos e estilos de vida.
USO OFF-LABEL
Uso de drogas farmacêuticas que não seguem as indicações homologadas para aquele
fármaco.
TRATAMENTO DIETOTERÁPICO
O tratamento dietético é mais bem-sucedido quando aliado a um programa de modificação
comportamental que envolva aumento no gasto energético, promovendo balanço energético
negativo.
A mudança da alimentação deve ser para a vida toda, sendo que as dietas muito restritivas,
rígidas e não sustentáveis devem ser evitadas. O programa alimentar precisa ser mais flexível,
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objetivando a reeducação alimentar, quantidade de calorias, as preferências alimentares do
paciente, o aspecto econômico, estilo de vida e requerimento energético para a manutenção da
saúde. A avaliação adequada deve ser focada não só na história alimentar, pois necessita incluir
a situação socioeconômica e motivação para controle do peso. É fundamental manter a ingestão
dietética diária recomendada (IDR) e micronutrientes suplementados, se necessário.
Fonte: nensuria/Freepik.
O cálculo da recomendação calórica pode ser realizado por equações, como as de Harris-
Benedict ou Mifflin-St.Jeor, ou determinada por calorimetria indireta e combinada com a atividade
física.
Necessidade de energia estimada (EER) para indivíduos com sobrepeso e obesidade (≥ 19
anos)
HOMENS
MULHERES
GET = 1086 – (10,1x idade) + {atividade física x [(13,7 x peso atual) + (416 x altura em m)]}
Nível de Atividade Física (AF):
• AF = 1,00 se estimada entre ≥ 1,0 e 1,4 (sedentário);
• AF = 1,12 se estimada entre ≥ 1,4 e 1,6 (pouco ativo);
• AF = 1,29 se estimada entre ≥ 1,6 e 1,9 (ativo);
• AF = 1,59 se estimada entre ≥ 1,9 e 2,5 (muito ativo).
GET = 448 – (7,95 x idade) + {atividade física x [(11,4 x peso atual) + (619 x altura em m)]}
Nível de Atividade Física (AF):
• AF = 1,00 se estimada entre ≥ 1,0 e 1,4 (sedentário);
• AF = 1,16 se estimada entre ≥ 1,4 e 1,6 (pouco ativo);
• AF = 1,27 se estimada entre ≥ 1,6 e 1,9 (ativo);
• AF = 1,44 se estimada entre ≥ 1,9 e 2,5 (muito ativo).
Necessidade de energia estimada (EER) para indivíduos eutróficos, com sobrepeso e obesidade
(≥ 19 anos)
HOMENS
MULHERES
GET = 864 – (9,72 x idade) + {atividade física x [(14,2 x peso atual) + (503 x altura em m)]}
Nível de Atividade Física (AF):
• AF = 1,00 se estimada entre ≥ 1,0 e 1,4 (sedentário);
• AF = 1,12 se estimada entre ≥ 1,4 e 1,6 (pouco ativo);
• AF = 1,27 se estimada entre ≥ 1,6 e 1,9 (ativo);
• AF = 1,54 se estimada entre ≥ 1,9 e 2,5 (muito ativo).
GET = 387 – (7,31 x idade) + {atividade física x [(10,9 x peso atual) + (660,7 x altura em m)]}
Nível de Atividade Física (AF):
• AF = 1,00 se estimada entre ≥ 1,0 e 1,4 (sedentário);
• AF = 1,14 se estimada entre ≥ 1,4 e 1,6 (pouco ativo);
• AF = 1,27 se estimada entre ≥ 1,6 e 1,9 (ativo);
• AF = 1,45 se estimada entre ≥ 1,9 e 2,5 (muito ativo).
O programa alimentar pode ser realizado para objetivar perda de peso entre 0,5 a 1kg por
semana, com metas realistas. Para que isto ocorra, deve-se criar um déficit de 500 a 1000
kcal/dia.
 SAIBA MAIS
Entre as fórmulas para cálculo do gasto energético total, destaca-se a do Instituto de Medicina,
em que há equações para cálculo do GET para homens e mulheres adultos acima de 19 anos de
idade, com sobrepeso ou obesidade, e para a manutenção de peso de meninos e meninas de 3
a 18 anos de idade, com sobrepeso. Estas fórmulas, geralmente, utilizam o peso atual para
estimativa do GET, lembrando que apenas 25% do tecido adiposo são metabolicamente ativos, o
que sugere superestimação do GET. Sendo assim, para essa interferência ser amenizada, a
utilização do peso ajustado parece ser bastante eficaz.
Dietas com calorias muito baixas, 400 a 800 kcal/dia, produzem perda de peso maior em curto
prazo em relação às dietas de baixas calorias, mas, a longo prazo, no período de um ano, a
perda de peso é similar. Devem conter 0,8 a 1,0g por quilo de peso ideal por dia de proteína de
boa qualidade e quantidades recomendadas de vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais.
As dietas de calorias muito baixas apresentam a ocorrência de perdas de nitrogênio e são
contraindicadas em pacientes com doença cardíaca instável, insuficiência cardíaca grave,
doença cerebrovascular, insuficiência renal aguda e crônica, doença hepática grave ou em fase
terminal, transtorno psiquiátrico que possa interferir em sua compreensão e execução. Os efeitos
colaterais das dietas de calorias muito baixas podem incluir fadiga ou fraqueza, tonturas,
constipação, pele seca, perda de cabelo, alterações menstruais e intolerância ao frio, e os efeitos
secundários mais graves são desenvolvimento de gota e cálculos biliares. Estas dietas devem
ser feitas apenas em ambiente médico adequado e sob rígida supervisão (ABESO, 2016).
Fonte: Andrea Cupolillo/Shutterstock.
Clique abaixo e leia sobre as diferentes dietas.
BAIXA CALORIA
As dietas de calorias muito baixas podem ser prescritas para pacientes com IMC superior ou
igual a 30kg/m2, um grupo com risco aumentado de morbimortalidade cardiovascular. Estudos
mostram que indivíduos eutróficos ou com sobrepeso não se beneficiam dessa restrição calórica,
pois perdem mais massa magra do que gordura. A duração do tratamento com as dietas de
calorias muito baixas são sugeridas em torno de 12 a 16 semanas e, após isso, deve-se
preconizar a adoção de outro tratamento, para que a perda de peso seja mantida. Essas dietas
parecem ser seguras quando aplicadas por curtos períodos, mas não devem ser usadas como
tratamento inicial. Só deve ser prescrita para paciente que já passou por tentativas anteriores
sem sucesso.
Dietas com baixas calorias, com 1000 a 1200 kcal/dia, reduzem 8% do peso corporal entre três e
seis meses, com diminuição de gordura abdominal, com perda média de 4% entre três e cinco
anos.
1200 A 1500 KCAL/DIA
Dietas com 1200 a 1500 kcal/dia para mulheres e 1500 a 1800 kcal para homens,
independentemente da composição de macronutrientes, frequentemente levam à perda de peso.
Os planos alimentares devem ser baseados numa distribuição de macronutrientes de 20 a 30%
de gorduras, 55 a 60% de carboidratos e 15 a 20% de proteínas. Estas dietas balanceadas têm o
objetivo de permitir ao paciente uma variedade de escolhas alimentares, adequar
nutricionalmente, levar maior aderência, que resulta em menor perda de peso, porém sustentada.
Os benefícios das dietas hipocalóricas balanceadas com quantidades moderadas de gordura
reduzem LDL colesterol, normalizam os triglicerídeos e diminuem a pressão arterial.
DASH (DIETARY APPROACHES TO STOP
HYPERTENSION)
A prescrição da dieta DASH (Dietary Approaches to Stop Hypertension) para pacientes obesos
tem demonstrado resultados positivos na perda de peso, apesar desta dieta ter sido
desenvolvida para redução da pressão arterial em pacientes hipertensos. Ela incentiva o
consumo de frutas, legumes, cereais integrais, nozes, sementes, lácteos com baixo teor de
gordura, carnes magras, limitação do consumo de álcool e de bebidas cafeínadas. Um limite
diário de energia não é um componente da dieta DASH original, mas é comum ocorrer a perda
de peso e redução da pressão arterial.
DIETAS DA MODA
As dietas da moda prescritas para o tratamento de pacientes obesos, segundo a ABESO (2016),
não apresentam evidências na segurança do tratamento de obesidade e sobrepeso. As mais
populares são as dietas do índice glicêmico, ricas em gordura e pobres em carboidratos, jejum
intermitente, sem glúten e sem lactose. Essas dietas da moda surgem com a promessa de
redução rápida, fácil e definitiva de peso, promovendo rápida perda de peso seguida de
recuperação, às vezes, imediata e em proporções maiores que a quantidade perdida (SILVA;
MURA, 2016). Além disso, são marcadas por drásticas restrições calóricas, que podem gerar
deficiências nutricionais e alterações metabólicas importantes.
O Ministério da Saúde publicou um guia alimentar em 2014 para elaboração de refeições
saudáveis, sugerindo que os alimentos in natura sejam preferidos, dando origem aos de origem
vegetal, os processados sejam usados em quantidade pequena, como ingredientes usados na
preparação ou acompanhamento dos alimentos in natura, e os ultraprocessados sejam evitados
ou minimamente consumidos. Sal, açúcar e óleo devem ser usados moderadamente para
temperar e preparar os alimentos.
Há muitas hipóteses que suportam a relação entre a perda de peso e os benefícios à saúde,
como melhora dos níveis de lipídeos plasmáticos e da sensibilidade insulínica, a redução da
pressão arterial e a diminuição da produção de substâncias relacionadas ao estresse oxidativo e
de substâncias de atividade pró-inflamatória. Essa melhora clínica pode promover a redução do
risco para doenças cardiovasculares, diabetes, alguns tipos de câncer etc. Além disso, a perda
de peso melhora a autoestima e a qualidade de vida.
ASSISTA AO VÍDEO A SEGUIR, SOBRE OS
ASPECTOS DO ATENDIMENTO
NUTRICIONAL PARA OBESIDADE E AS
FORMAS DE PREVENÇÃO.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. A INCIDÊNCIA DA OBESIDADE VEM AUMENTANDO DRASTICAMENTE
ENTRE ADULTOS E CRIANÇAS EM PROPORÇÕES EPIDÊMICAS EM
TODO O MUNDO, LEVANDO A DIVERSAS COMORBIDADES. NA
OBESIDADE, O TIPO DE GORDURA PODE INFLUENCIAR MAIS OU MENOS
O APARECIMENTO DAS COMORBIDADES. MARQUE A AFIRMATIVA
INCORRETA:
A) A distribuição de gordura corporal estádiretamente ligada à morbidade e à mortalidade. De
acordo com o National Cholesterol Education Program (NCEP) – Adult Treatment Panel III
(ATP-III), o ponto de corte deve ser de 88cm para mulheres e 102cm para homens.
B) A obesidade ginoide não está relacionada diretamente ao quadro inflamatório de baixo grau
quando comparada à obesidade mórbida.
C) A obesidade visceral está relacionada a um quadro de inflamação de baixo grau, com redução
das citocinas pró inflamatórias e aumento do estresse oxidativo.
D) Indivíduos com sobrepeso e obesidade estão envolvidos em um substancial aumento do risco
de comorbidades, como diabetes tipo II, hipertensão arterial, dislipidemia, entre outros.
2. OS PLANOS DE CONTEÚDO CALÓRICO MUITO BAIXO SÃO INDICADOS
PARA O TRATAMENTO DE PACIENTES OBESOS. ASSINALE A RESPOSTA
INCORRETA:
A) Esses programas promovem perda de peso maior em um pequeno prazo de tempo.
B) Essas dietas beneficiam pacientes com sobrepeso e obesidade com uma rápida perda de
peso, levando, assim, à diminuição das comorbidades.
C) Essas dietas não demonstram benefícios em pacientes eutróficos, pois levam à maior perda
de massa magra.
D) Essa dieta deve ser prescrita com cautela, sabendo que existem contraindicações, como
pacientes com insuficiência renal crônica, doença hepática e outros.
GABARITO
1. A incidência da obesidade vem aumentando drasticamente entre adultos e crianças em
proporções epidêmicas em todo o mundo, levando a diversas comorbidades. Na
obesidade, o tipo de gordura pode influenciar mais ou menos o aparecimento das
comorbidades. Marque a afirmativa incorreta:
A alternativa "C " está correta.
A obesidade visceral gera um quadro de inflamação crônica e de baixo grau, pois ocorre o
aumento da produção das citocinas pró-inflamatórias e aumento do estresse oxidativo, e não a
redução dessas citocinas e do estresse oxidativo. Esse aumento está relacionado fortemente ao
aparecimento de outras doenças, como as cardiovasculares.
2. Os planos de conteúdo calórico muito baixo são indicados para o tratamento de
pacientes obesos. Assinale a resposta incorreta:
A alternativa "B " está correta.
Dietas com calorias muito baixas, que estão entre 400 e 800 kcal/dia, produzem perda de peso
maior em curto prazo em relação às dietas de baixas calorias, mas, a longo prazo, no período de
um ano, a perda de peso é similar. Estas dietas devem ser feitas apenas em ambiente médico
adequado e sob rígida supervisão e podem ser prescritas para pacientes com IMC superior ou
igual a 30kg/m2, um grupo com risco aumentado de morbimortalidade cardiovascular. Estudos
mostram que indivíduos eutróficos ou com sobrepeso não se beneficiam dessa restrição calórica,
pois perdem mais massa magra. Portanto, a resposta incorreta é a alternativa B.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tratamento da obesidade é tão importante quanto o da desnutrição em razão das diversas
doenças que esses males podem causar. Em conjunto com os profissionais de saúde, é
importante que o usuário dos serviços de saúde reconstrua o modelo de vida saudável e
incorpore mudanças no estilo de vida. Não desprezando as limitações socioeconômicas,
presentes na vida da maioria dos usuários dos serviços públicos de saúde no Brasil, é
fundamental que a população portadora de excesso de peso assuma o ônus de reestruturar suas
práticas mais cotidianas, empenhando-se no aumento de seu tempo de prática de atividade
física, bem como opte por alimentos menos ricos em gorduras e menos energéticos. Sendo
assim, o profissional nutricionista tem um papel importante na prevenção e no tratamento desses
distúrbios de peso, tanto para baixo peso quanto para o sobrepeso.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
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