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e-Book 2 Laíssa S. Ribeiro MECÂNICA DOS SÓLIDOS Sumário INTRODUÇÃO ������������������������������������������������� 3 CENTROIDES E MOMENTOS DE INÉRCIA ������ 5 Definição de centroide ���������������������������������������������������������� 5 Centroide de figuras planas compostas ��������������������������� 10 Momento de primeira e segunda ordem ��������������������������� 20 Teorema dos eixos paralelos ��������������������������������������������� 27 CONSIDERAÇÕES FINAIS ����������������������������33 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS & CONSULTADAS ��������������������������������������������35 INTRODUÇÃO O estudo sobre os fenômenos físicos que envolvem os movimentos são de importância fundamental para qualquer estudante ou futuro profissional das áreas da engenharia� Isto é justificado pelo fato de que o movimento ou a ausência dele, está diretamente ligado a diferentes outros fenômenos essenciais para a vida� Há movimento em praticamente tudo, nas estru- turas de prédios em que moramos, nas pontes que atravessamos, nos motores que impulsionam uma aeronave, em partículas dos organismos, em corpos sólidos, líquidos ou gasosos, e no mundo� Neste contexto, a unidade inicialmente abordará as definições de centro de gravidade, centro de massa e centroide� Conceitos essenciais para calcular diversas áreas, como um terreno para construção, formato e massa de um recipiente ou até mesmo para avaliação dos movimentos dos planetas no sistema solar� Assim, será possível compreender a aplicação prática do centroide em figuras planas compostas, através das fórmulas e expressões matemáticas de descrição� Em seguida, nesta unidade, vamos aprender as condições e características que descrevem sobre o movimento nulo dos corpos rígidos, denominado como momento de inércia� Para, por fim, diferenciar as condições de momento de primeira e segunda ordem e interpretar o teorema dos eixos paralelos� 5 CENTROIDES E MOMENTOS DE INÉRCIA Você já sabe que o estudo da mecânica analisa as forças de movimento que afetam os corpos� E a Mecânica dos Sólidos, nosso foco nesta disciplina, estuda o equilíbrio e a dinâmica de corpos rígidos� Por este motivo, apesar de a mecânica ser o estudo da física sobre os movimentos e seus causadores, o momento de inércia, ou seja, o repouso dos cor- pos rígidos sólidos, líquidos ou gasosos também é estudado, pois se refere a um movimento nulo� Em diferentes áreas da engenharia e suas aplica- bilidades, devemos reconhecer as diversas forças capazes de proporcionar o equilíbrio ou, ao menos, compensá-lo, gerando um movimento de inércia� Assim, analise os conceitos de centroide e a sua descrição física aplicados a figuras planas compos- tas� Para em seguida, compreender os momentos de inércia, as condições associadas ao momento de primeira e segunda ordem e a interpretação do teorema dos eixos paralelos� DEFINIÇÃO DE CENTROIDE Ao estudarmos os conceitos referentes ao cen- troide, devemos levar em consideração as teorias que envolvem os centros de gravidade e de massa, 6 pois os conceitos e fórmulas que dão origem a estes centros serão fundamentais nos estudos que abordam os centroides� Portanto, o centro de gravidade é um ponto em que se resulta o peso de todo um sistema de pontos materiais� Ou seja, é o ponto de aplicação da força gravitacional que tem a capacidade de manter todas as forças de atração em equilíbrio� Por outro lado, consideramos o centro de massa como o ponto que pode pesar toda massa que está concentrada em um corpo (ASSIS, 2015)� O centroide é definido como o centro geométrico de um objeto� Se a forma geométrica do material analisado for uniforme ou homogênea, o centroide e o centro de massa serão iguais� Por outro lado, se o centroide possuir forma uniforme ou homogênea e estiver submetido em um campo gravitacional, este será igual ao centro de gravidade (HIBBELER, 2019)� As fórmulas usadas para determinar tanto o centroi- de como o centro de gravidade representam uma equivalência na soma dos momentos de todas as partes que compõem um sistema e o momento da resultante� Existem casos que o centroide se localizará em um ponto externo ao objeto, como ocorre em um anel, 7 onde este se encontrará no centro e em algum eixo de simetria do corpo (HIBBELER, 2019)� Caso a forma de uma área for arbitrária, as coor- denadas x e y são usadas para definir o local do centroide C e determinadas através das fórmulas: (1) De acordo com Hibbeler (2019), os numeradores encontrados nestas equações representam o ele- mento da dA (momento de área) em volta dos eixos y e x, como disposto na Figura 1� Sendo assim, os denominadores simbolizam a área total A� Figura 1: Definição de centroide� y ȳ x x A dAC y ȳ x x Fonte: Adaptado de Hibbeler� (2019, p� 679) Caso a área seja simétrica e em torno de um eixo, a localização do centroide pode ser parcial ou completamente especificada� Como é mostrado 8 na figura 1, o centroide desta área se encontra em um eixo� Pois bem, como analisado anteriormente, o cen- troide possuirá igualdade ao centro de gravidade (W) quando tiver forma homogênea e estiver em um campo gravitacional� Consideramos que uma placa possui forma homogênea e espessura uni- forme, a intensidade ∆W (força que a terra exerce sobre um corpo) do peso sobre o elemento desta placa será expressa pela forma: ∆W = γt ∆A onde: γ = peso específico do material por unidade de volume t = espessura da placa homogênea ∆A = área do elemento Similarmente, consideramos a intensidade W do peso total de uma placa de acordo com a expressão, em que A simboliza a área total da placa� W = γtA Caso o sistema de unidades for baseado nas unidades utilizadas nos EUA, o peso específico γ será medido em lb/ft3, a espessura t em ft (pés) e 9 as áreas ∆A e A em ft2� Já o ∆W e o W são mensu- rados em pounds� Mas caso use as unidades de medidas do sistema internacional (SI), as unidades são diferentes, como o γ em N/m3, o t em metros e as áreas ∆A e A em m2� Sendo assim, os valores dos pesos ∆W e o W serão em Newtons� Para que se use o SI de unidades, nota-se que na maior parte das vezes um material é caracteriza- do através de sua massa específica ρ (massa por unidade de volume) ao invés de peso específico γ� Sendo assim, o peso específico do material pode ser obtido pela relação γ = ρg, onde g = 9,81 m/ s2� Se o ρ for expresso em kg/m3, notamos que o γ será medido em (kg/m3)(m/s2), ou seja, N/m3� Portanto, ao abordarmos as equações de momen- tos, iremos substituir o ∆W e o W e dividimos os termos por γt, obtendo assim: ∑My: x̄A = x1∆A1 + x2∆A2 + ... + xn∆An ∑Mx: ȳA = x1∆A1 + x2∆A2 + ... + yn∆An Se optarmos por aumentar o número de elementos o qual divide a superfície da área A e ao mesmo tempo, reduzir o tamanho de cada um deles, tere- mos então, no limite: x̄A = ∫xdA ȳA = ∫xdA (2) 10 Segundo Beer et al� (2013), essas duas equações irão definir as coordenadas de x̄ e ȳ do centro de gravidade de uma placa homogênea� O ponto en- contrado entre as coordenadas x̄ e ȳ é o centroide C da superfície A da placa� Caso a placa não seja homogênea, as equações serão usadas apenas para determinar o centroide da superfície, não determinando o centro de gravidade� CENTROIDE DE FIGURAS PLANAS COMPOSTAS Uma figura plana é caracterizada pela ausência de massa, que relaciona o momento do peso com o momento estático de área� Logo, em suas equações troca-se a força aplicada pela área� No caso de a figura plana ser composta por dife- rentes figuras básicas, a resultante dos momentos estáticos será a soma algébrica dos momentos das figuras componentes, assim como a área total da figura composta será a soma das áreas das figuras componentes� Uma figura plana é aquela que possui comprimento e largura, portanto constitui o grupo das figuras bidimen- sionais� Como exemplo, temos as figuras geométricas SAIBA MAIS 11 de triângulos, retângulos, quadrados, círculos,trapézio e losango� E uma figura composta é a combinação de várias formas, de modo que cada uma possui a sua própria localização do centroide� Contudo, você precisa entender que existem diver- sas formas de dividir uma placa plana, como por exemplo em retângulos e triângulos� Sendo assim, a abscissa do centro de gravidade G de uma placa pode ser determinada a partir das abscissas x̄1, x̄2,���, x̄n dos centros de gravidades das outras partes� (BEER et al�, 2013) Também devemos considerar que o momento do peso de toda a placa em relação ao eixo y será igual à soma do momento de todos os pesos que estiverem espalhados pela placa em relação ao próprio eixo y (Figura 2)� A ordenada Ȳ do centro de gravidade será encon- trada de modo semelhante, em que igualam os momentos relacionados ao eixo x. Sendo assim, temos: ∑My: X̄(W1 + W2 +...+ Wn) = x̄1W1 + x̄2W2 +...+ x̄nWn ∑My: Ȳ(W1 + W2 +...+ Wn) = y1W1 + y2W2 +...+ ynWn 12 Figura 2: Centro de gravidade de uma placa plana� ΣW W1 W2 W3 y y z X G G1 G2 G3 x O z x OY Fonte: Adaptado de Beer et al� (2013, p� 228) As equações a seguir podem ser compactadas para resolver as coordenadas X̄ e Ȳ do centro de gravidade: X̄∑W = ∑x̄W Ȳ∑W = ∑ȳW A Figura 3 a seguir mostra o centroide de uma área composta� Figura 3: Centroide em área composta� x O y x O y X C C1 C2 C3 A2 A3 A1 ΣA Y Fonte: Adaptado de Beer et al� (2013, p� 229) 13 Como analisado anteriormente, em uma placa homogênea o centro de gravidade coincide com o centroide C da superfície� Portanto, para determinar a abscissa do eixo X̄ b do centroide precisamos analisar que o momento de primeira ordem Qy da superfície composta relacionada com o eixo y pode ser dado tanto como o produto de X̄ pela área total e também pela soma dos momentos de primeira ordem das demais áreas relacionadas ao eixo y (Figura 3)� A ordenada de Ȳ do centroide será determinada da mesma forma, a qual se considera o momento de primeira ordem Qx da área composta� Sendo assim, possuímos: Qy = X̄(A1 + A2 +...+ An) = x̄1A1 + x̄2A2 +...+ x̄nAn Qx = Ȳ(A1 + A2 +...+ An) = ȳ1A1 + ȳ2A2 +...+ ȳnAn ou, em resumo: Qy = X̄∑A = ∑x̄A Qx = Ȳ∑A = ∑ȳA (3) momentos de primeira ordem de uma superfície composta ou podem ser utilizadas na obtenção das coordenadas X̄ e Ȳ do centroide� Portanto, de acordo com Hibbeler (2019), con- siderando uma forma composta, se a área e a localização do centroide de cada uma das formas compostas forem conhecidas, pode-se eliminar a 14 necessidade de integração para obter o centroide da área completa� Desta forma, usaremos as equações análogas às anteriores, mas trocando as integrais por sinais de somatório finito, ou seja: (4) Nas expressões acima, X̄ e ȳ simbolizam as distân- cias algébricas ou coordenadas x, y do centroide de cada parte da forma composta, enquanto ∑A simboliza a área total (soma das áreas das partes compostas)� Caso uma parte composta possua uma região vazia em seu interior, esta é vista como uma parte composta adicional com área negativa� Analise a seguir a aplicação da equação na prática, através da resolução das problemáticas expostas nos exemplos 1 e 2� EXEMPLO 1 Conforme a Figura 4, localize o centroide C da área da seção transversal da viga T� 15 Figura 4: Centroide em viga� (a) C 25 mm 57,5 mm 10 mm 10 mm 32,5 mm 25 mm 50 mm 65 mm 15 mm15 mm 50 mm 15 mm 40 mm 40 mm y x ȳ ȳ x x (b) C –40 mm 50 mm 15 mm 40 mm –7,5 mm y ȳ (c) C y Fonte: Adaptado de Hibbeler (2019, p� 680) Na solução 1 da Figura 4(a) notamos que o eixo y se localiza ao longo do eixo de simetria, de forma que x̄ = 0� Para obter ȳ, o eixo x, em que é eixo de referência, será definido passando pela base da área, que é segmentada por dois retângulos, então, a localização ȳ do centroide é informada para cada um� Com o uso da Equação 4, obteremos: 16 Na solução 2, com base nos mesmos dois segmen- tos, poderemos localizar o eixo x na parte superior da área, conforme Figura 4(b)� Portanto: Como C está abaixo do eixo x, o sinal ficará negati- vo� Sendo assim, podemos notar que a soma dos dois valores encontrados, 42,75 mm + 22,25 mm = 65 mm, simboliza também a profundidade da viga� Já a solução 3 da Figura 4(c) será considerada a área da seção transversal, o qual é um único re- tângulo grande menos dois retângulos pequenos� Sendo assim, obtemos: EXEMPLO 2 17 A Figura 5 a seguir mostra uma área plana, a partir dela, encontre (a) os momentos de primeira ordem com relação aos eixos x e y, (b) a localização do centroide� Figura 5: Área plana� y x 60 mm 30 mm 20 mm 40 mm 30 mm Fonte: Adaptado de Beer et al� (2013, p� 230) Para iniciarmos a solução do problema, devemos verificar os componentes da área, formada por um retângulo, um triângulo e um semicírculo e também pela subtração de um círculo das demais áreas, portanto a área deste círculo será dada como negativa� A área e as coordenadas do centroide de cada componente serão definidas e dispostas na tabela 1 a seguir, com base nos eixos de coordenadas mos- 18 trados� Sendo assim, notamos que a coordenada do centroide do triângulo é negativa em relação aos eixos� E por fim, os momentos de primeira ordem das áreas também estão dispostos na tabela 1� Figura 6: Componentes da área� y y x 60 mm r1 = 30 mm r1 = 30 mm = 12,73 mm 4r1 3π r2 = 20 mm 30 mm 30 mm 40 mm 52,73 mm r2 = 20 mm 20 mm 40 mm 30 mm y x x = + – y 20 mm –10 mm x + 30 mm 40 mm y x Fonte: Adaptado de Beer et al� (2013, p� 230) Tabela 1: Cálculo dos componentes� Compo- nente A, mm 2 x̄, mm ȳ, mm x̄A, mm3 ȳA, mm3 Retângulo (60)(40) = 2,4 x 103 30 20 +72 × 10 3 +48 × 103 Triângulo 1/2 (60)(30) = 0,9 x 103 20 –10 +18 × 10 3 –9 × 103 Semicírculo 1/2π (30) 2 = 1,414 x 103 30 52,73 +42,5 × 10 3 +74,6 × 103 Círculo –π (20) 2 = -1,257 x 10³ 30 40 –37,8 × 10 3 –50,3 × 103 19 Compo- nente A, mm 2 x̄, mm ȳ, mm x̄A, mm3 ȳA, mm3 ∑A = 3,457 x 103 ∑x̄A = +94,7 × 103 ∑ȳA = +63,3 × 103 Fonte: Elaboração própria� a) Os momentos de primeira ordem da área serão baseados nas Equações (3), portanto, teremos: Qx = ∑ȳA = +63,3 × 103 × Qx = 63 × 103 mm3 Qy = ∑x̄A = +94,7 × 103 mm3 Qy = 95 × 103 mm3 b) A localização do centroide será feita utilizando as equações utilizadas para definir o centroide em área composta e substituindo os valores da tabela 1� Sendo assim, temos: X̄∑A = ∑x̄A X̄(3,457 × 10³ mm²) = 94,7 x 10³ mm³ X̄ = 27,4 mm Ȳ∑A = ∑ȳA Ȳ(3,457 × 10³ mm²) = 63,3 x 10³ mm³ Ȳ = 18,3 mm Observe o resultado final do centroide através da Figura 7 abaixo: 20 Figura 7: Centroide da área plana� y x Y = 18,3 mm C X = 27,4 mm Fonte: Adaptado de Beer et al� (2013, p� 230) MOMENTO DE PRIMEIRA E SEGUNDA ORDEM A integral ∫xdA das equações (2) citadas anterior- mente é denominada de momento de primeira ordem da área A quando relacionada ao eixo y, o qual é informada por Qy. Semelhantemente, a integral ∫ydA irá definir o momento de primeira ordem da área A em relação ao eixo x, em que é caracterizada por Qx� Desta forma, obtemos: Qy = ∫ydA Qx = ∫ydA (5) 21 Se observarmos e compararmos as equações (2) e (5), verificamos que os momentos de primeira ordem da área A podem ser representados como produtos da área coordenadas do centroide: Qy = x̄A Qx = ȳA (5) Por meio do resultado obtido nas equações (6), as coordenadas do centroide de uma determinada área podem ser determinadas através da divisão dos momentos de primeira ordem pelo próprio valor da área� Os momentos de primeira ordem da área são muito utilizados na mecânica dos sólidos para a obtenção de tensões de cisalhamento em vigas por meio de ação de carregamentos transversais� Através das equações (6), notamos que, caso o centroide de uma área se encontre localizado sobre um eixo de coordenadas, o momento de primeira ordem da área em relação a esse eixo será nulo� Ao contrário, se o momento de primeira ordem de uma determinadaárea for nulo, quando relacionado a um eixo de coordenadas, consequentemente o centroide da área se localizará sobre esse eixo (BEER et al�, 2013)� 22 A Figura (8) abaixo mostra a área A simétrica em relação ao eixo y, sendo assim, podemos notar que para cada elemento de superfície dA de abscissa x encontra-se um elemento dA de igual área e com abscissa –x� Consequentemente, a integral na primeira das equações (5) é zero e, então, Qy = 0� O resultado de x̄ = 0, portanto, se uma área A tiver um eixo de simetria, o centroide C se localizará sobre esse eixo� Figura 8: Centroide no eixo� dA’ dA C A y O –x x x Fonte: Adaptado de BEER et al� (2013, p� 226) Observamos que, se a área possuir dois eixos si- métricos, o centroide C deverá estar localizado na interseção dos dois eixos (Figura 9)� Essa função possibilita determinar o centroide de áreas tais 23 como elipses, círculos, quadrados, triângulos e demais figuras simétricas� Figura 9: Centroide em figuras simétricas� B’ B’ B B D’ D’ D D (a) (b) C Fonte: Adaptado de BEER et al� (2013, p� 226) Na figura 10 podemos verificar uma área simé- trica em relação a um centro O quando em cada elemento de superfície da dA de coordenadas x e y houver um elemento dA’ de área semelhante com coordenadas –x e –y. Sendo assim, temos as integrais nulas nas equações (5) e o Qx = Qy = 0� E nas equações (2), também temos x̄ = ȳ = 0, por- tanto, o centroide da superfície coincide com o centro de simetria O� 24 Figura 10: Centroide no centro de simetria� –y y y x –x dA dA’ A O Fonte: Adaptado de BEER et al� (2013, p� 226) Nota-se na Figura (10) que uma figura que apresentar um centro simétrico não detém necessariamente um eixo de simetria, da mesma proporção que uma figura que apresenta dois eixos simétricos não possui necessariamente um centro de simetria� Mas em uma figura com dois eixos de simetria que formam um ângulo reto entre si, o ponto de 25 interseção destes eixos é considerado um centro de simetria� Deste modo, notamos que para calcular o centroide de uma área, foi considerado o momento de pri- meira ordem de área em volta de um determinado eixo� Então, para realizar o cálculo foi necessário calcular a integral na forma ∫xdA� Por outro lado, em algumas partes da resistência dos materiais, é preciso executar o cálculo de uma integral do momento de segunda ordem de uma determinada área� Esta integral também é conhecida como momento de inércia e é descrita como ∫x2dA� Quando estudamos sobre o momento de inércia de uma área, devemos considerar o segundo mo- mento de área em relação a um eixo de referência, utilizando equações que envolvem força e estabi- lidade dos componentes estruturais ou elementos mecânicos� (HIBBELER, 2011) E quando a área é irregular, a sua descrição mate- mática deve considerar um componente diferen- cial e a integração da área total para encontrar o momento de inércia� Utilizaremos a Figura 11 abaixo para definir for- malmente o momento de inércia, considerando a área A que está em relação ao plano x – y. 26 Figura 11: Momento de inércia� y O x dA yr r Fonte: Hibbeler (2010, p� 570) Conforme definido por Hibbeler (2010), os momen- tos de inércia de um elemento diferencial dA em volta dos eixos x e y são dIx = y2dA e dIy = x2dA� Se formos considerar uma área inteira, o momento de inércia será estabelecido por integração, ou seja, Ix = ∫Ay2dA Iy = ∫Ax2dA (7) Também somos capazes de demonstrar o momen- to de segunda ordem de um elemento diferencial 27 que está em volta do polo O ou eixo z (Figura 11), o qual é chamado de momento polar de inércia, representado por dJO = r2dA� Nesta expressão, r é uma distância perpendicular entre o polo (eixo z) e o elemento dA� Para a área completa, o momento polar de inércia é expresso como: Jo = ∫Ar2dA = Ix + Iy (8) A relação que há entre JO será possível desde que r2 = x2 + y2 (Figura 11)� Com base no que foi mostrado anteriormente, notamos que Ix, Iy e JO serão sempre positivos, já que compreendem o produto entre o quadrado de uma distância e uma área� E, as unidades para o momento de inércia compreendem o comprimento elevado à quarta potência, como m4, mm4 ou pé4, pol4� (HIBBELER, 2010) TEOREMA DOS EIXOS PARALELOS Ao abordarmos o teorema dos eixos paralelos, de acordo com Beer et al� (2013) devemos conside- rar o momento de inércia I de uma determinada superfície A em relação a um eixo AA’ (Figura 12)� A distância entre um elemento de superfície de área dA e AA’ será simbolizado por y. Portanto, teremos: 28 Logo, um eixo BB’ será traçado em paralelo a AA’ e passará pelo centroide C; esse eixo é definido como eixo centroidal� Figura 12: Eixo centroidal� dA C B’ A’ B y y’ d A Fonte: Adaptado de Beer et. al. (2013, p� 485) Como mostrado anteriormente, a distância entre o elemento dA e BB’ é representado por y’, portanto y = y’ + d, em que d é caracterizado pela distância entre os eixos AA’ e BB’� Sendo assim, substituímos y pela integral apresentada anteriormente, teremos: I = ∫y2dA = ∫(y’ + d)2 dA = ∫y’2dA + 2d ∫y’dA + d2∫dA Na primeira integral temos o momento de inércia I da superfície relacionado ao eixo centroidal BB’� 29 Já a segunda integral demonstra o momento de primeira ordem da superfície relacionado com a BB’� Como podemos observar, o centroide C desta superfície está no eixo BB’, portanto, a segunda integral nesse caso será nula� Por fim, notamos que a última integral é equivalente a área total A da superfície� Então, teremos: I = Ī + Ad2 (9) A Equação (9) anterior é caracterizada pelo momento de inércia I de uma determinada superfície com relação a um eixo AA’ que é igual ao momento de inércia da superfície quando relacionado ao eixo centroidal BB’ que está paralelo ao eixo AA’, mais o produto da área A e do quadrado da distância d entre os eixos (BEER et al� 2013)� Toda a descrição mencionada anteriormente de- fine o teorema dos eixos paralelos� Sendo assim, se substituirmos I por k2A e Ī por k̄2A, portanto, demonstramos o teorema dos eixos paralelos de outra forma, como: k2 = k̄2 + d2 (10) Outro teorema que se assemelha é utilizado para relacionar o momento de inércia polar JO de uma 30 superfície que está em relação ao ponto O ao mo- mento de inércia polar J̄ em relação ao centroide C da superfície� A distância entre O e C será informada por d, deste modo temos Jo = J̄c +Ad2 ou k20 = k̄2c + d2 (11) Com base nesses conceitos, de acordo com Hi- bbeler (2019), se conhecermos o momento de inercia presente em torno de um eixo do centroide, é possível definir o momento de inércia de uma determinada área em torno de um eixo paralelo através do teorema dos eixos paralelos� A figura 13 a seguir mostra outra forma de apli- cação do teorema em que devemos considerar o momento de inércia do elemento diferencial dA determinado e que se localiza em uma distância arbitrária y’ = dy, partindo do eixo x. Ou seja, dIx = (y’ + dy)2 dA� Desta forma, para toda a área, possuímos: Ix = ∫A (y' + dy)2 dA = ∫Ay'2 dA + 2dy ∫A y' dA + dy ² ∫AdA 31 Figura 13: Teorema dos eixos paralelos� d O y y’ y’ x x’ x’ dx dy C dA Fonte: Hibbeler (2019, p� 682) A análise inicial será do primeiro termo que fica do lado direito, este demonstra o momento de inércia da área em volta do eixo x’, � Enquanto o segundo termo é igual a zero, pois o eixo x’ passa pelo centroide C, ou seja, , onde � Com isso, temos: Ix = Īx' + Ady2 (12) De modo semelhante usaremos a equação para Iy, em que: Iy = Īy' + Ady2 (13) 32 Desta forma, podemos observar que as Figuras 12 e 13 resultam em equações que se assemelham e que são fundamentais para a resoluções de exercí- cios que abrangem o teorema dos eixos paralelos� E em casos em que a área é constituída por outra forma simples, ou seja, é uma área composta, o momento de inércia será igual a soma algébrica dos momentos de inércia de cada uma das partes que a compõe,como mostra a figura 14� Figura 14: Teorema dos eixos paralelos em área composta� x x Fonte: Adaptado de Autora (2021)� Por fim, o teorema dos eixos paralelos permite de- terminar o momento de inércia em relação ao eixo paralelo quando o momento de inércia da área já é conhecido em relação ao eixo central da figura� CONSIDERAÇÕES FINAIS Com o objetivo de proporcionar soluções práticas no âmbito das engenharias, esta unidade realizou um estudo da mecânica dos sólidos em relação ao equilíbrio de corpos rígidos� Dentre suas aplicabilidades, devemos reconhecer as diferentes forças que são capazes de propor- cionar o equilíbrio ou compensá-lo, suscitando um momento de inércia� Neste contexto, delineamos as definições de centro de gravidade que representa um ponto onde o peso do corpo está concentrado; de centro de massa que coincide com o centro de gravidade quando a aceleração da gravidade é constante; e de cen- troide como a localização do centro geométrico de uma figura� Conceitos essenciais para calcular diversas áreas e auxiliar na aplicação prática do centroide em figuras planas bidimensionais e figuras planas compostas, através das fórmulas e expressões matemáticas� Em seguida, estudamos as condições e caracterís- ticas que descrevem o movimento nulo dos corpos rígidos em relação aos eixos x e y, conhecido como momento de inércia� 34 E, finalizamos com as análises das condições de momento de primeira e segunda ordem e com a interpretação do teorema dos eixos paralelos, quando conhecemos o momento de inércia para uma determinada área em relação ao seu eixo centroidal� Referências Bibliográficas & Consultadas ASSIS, Arnaldo Rezende de� Mecânica dos Sólidos� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2015� [Biblioteca virtual] BEER, F� P�; JOHNSTON, E� R�; DEWOLF, J� T�; MAZUREK, D� F� Mecânica dos Materiais� Porto Alegre: AMGH, 2015� [Minha Biblioteca] BEER, F� P�; JOHNSTON, E� R�; DEWOLF, J� T�; MAZUREK, D� F� Mecânica vetorial para engenheiros: estática� 9� ed� São Paulo: AMGH, 2013� CRAIG JR�, R� R� Mecânica dos materiais� 2� ed� Rio de Janeiro: LTC, 2017� [Biblioteca virtual] FREEDMAN, R� A�; YOUNG, H� G� Física I: mecânica� 12� ed� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2008� GERE, J� M� Mecânica dos materiais� São Paulo: Cengage Learning, 2017� [Biblioteca virtual] HIBBELER, R� C� Resistência dos Materiais� 7� ed� SP: Pearson Prentice Hall, 2010� [Biblioteca virtual] HIBBELER, R� C� Resistência dos Materiais� 10� ed� SP: Pearson Prentice Hall, 2019� NEWTON, Isaac� The Principia: a new translation by I� B� Cohen and A� Whitman� Los Angeles: University of California Press, 1999� POPOV, Egor� Introdução à Mecânica dos Sólidos� São Paulo: Blucher, 1978� [Minha biblioteca] RUIZ, C� C� P� Fundamentos de mecânica para engenharia: Estática�1� ed� Rio de Janeiro: LTC, 2017� [Minha biblioteca] SCIAMMARELLA, C� A�; SCIAMMARELLA, Federico M� Mecânica dos sólidos experimentais� Rio de Janeiro: LTC, 2017� [Minha biblioteca] SHAMES, Irving Heman� Mecânica para engenharia: estática� 4� ed� São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2002� Introdução Centroides e Momentos de Inércia Definição de centroide Centroide de figuras planas compostas Momento de primeira e segunda ordem Teorema dos eixos paralelos Considerações finais Referências Bibliográficas & Consultadas
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