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Diversidade e educação Apresentação Um dos grandes desafios do século 21 tem sido aquele de romper, em definitivo, com o preconceito e a exclusão. Não raro, porém, pessoas das mais variadas faixas etárias ainda sofrem algum tipo de discriminação por causa de sua condição social, visão de mundo, características físicas ou emocionais, etnia ou gênero. A Escola é um local fecundo para o crescimento do respeito à diversidade. Entretanto, ela própria pode ser também um fator que ocasiona a falta de equidade e de oportunidade na vida de seus alunos, como veremos nesta Unidade de Aprendizagem. Bons estudos. Ao final desta Unidade de Aprendizagem, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a diversidade humana e suas formas de expressão.• Identificar os desafios para a construção de uma educação de qualidade, no respeito à diversidade. • Promover a prática da equidade a partir da diversidade, tanto nas escolas como nos diferentes contextos sociais. • Desafio Leia o caso a seguir. Certo professor de história de uma turma da 6a série do ensino fundamental programou de trabalhar com seus alunos de História o tema sobre a importância da consciência de um tratamento igualitário entre os indivíduos, bem como sobre conceitos como racismo e preconceito, por ocasião da chegada do dia 20 de novembro, data dedicada à consciência negra. O professor aproveita para apresentar aos alunos um vídeo com a história de Zumbi dos Palmares, personagem histórico que representa a luta dos negros frente à escravidão no Brasil. Em seguida, o professor passa a explicar a seus alunos que Zumbi dos Palmares foi morto no dia 20 do mês de novembro e, por isso, a data é uma ocasião tanto para a valorização da cultura e da resistência dos negros, quanto uma ocasião para recordar a todos a importância de banir da sociedade qualquer forma de violência, injúria ou opressão. No entanto, o professor é interrompido por um de seus alunos: Sério, isso não é justo - bradou o estudante - Nunca assistimos filmes ou fazemos trabalho sobre brancos. Quer dizer, por que a gente não tem um “Dia da Consciência Branca”? O professor percebe que aquela é uma boa ocasião para aprofundar a temática, a qual já estava se dedicando. Mas, ficou um pouco desconcertado e não soube bem o que responder. Seu desafio consiste em ajudar ao professor, procurando apresentar algumas sugestões com as quais o professor poderia responder ao aluno, enquanto aprofunda a temática proposta. Se possível, pense também em estratégias que podem ser planejadas pelo professor, para serem apresentadas em um outro encontro com essa turma de alunos. Infográfico A diversidade humana é abrangente e pode ser agrupada de acordo com características comuns. É preciso considerar que tais agrupamentos são uma forma de organização, dentro de um sistema de referenciamento que a linguagem demanda. Ao utilizarmos, portanto, uma sigla, ou ao destacarmos um grupo de pessoas com base em certas características, é importante não desconsiderar a singularidade e a dignidade de cada pessoa. Veja a seguir os principais agrupamentos que dizem respeito à diversidade humana. Conteúdo do livro Acompanhe o trecho selecionado Diversidade e Educação do livro Diversidade e Educação e aprofunde seus conhecimentos sobre o conceito de diversidade, aprendendo um pouco mais sobre o tema. Nas páginas a seguir, o autor faz um paralelo entre diversidade e qualidade na educação. Boa leitura! SOCIEDADE, CULTURA E CIDADANIA Diego Coletti Oliva Diversidade e educação Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: Definir a diversidade humana e suas formas de expressão. Identificar os desafios para a construção de uma educação de quali- dade, com respeito à diversidade. Promover a prática da equidade a partir da diversidade, tanto nas escolas como nos diferentes contextos sociais. Introdução Neste capítulo, você aprenderá como surge o debate sobre diversidade e como tem impacto na sociedade, cultura e educação, levando em consideração as teorias mais modernas sobre o tema e todas as problema- tizações e os questionamentos necessários para trabalhar as diversidades e as diferenças enquanto parte de um conjunto de teorias que pensam uma educação para todos. Dessa forma, você encontrará não só as ideias-base dos textos clássicos sobre diversidades, mas também os desenvolvimentos feitos, por exemplo, na aplicação de políticas de diversidade dentro da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB). Encontrará também a contextualização do debate que envolve as temáticas de diferenças e de globalização, temas que influenciam diretamente nas diferentes abordagens do tema no Brasil. A educação tem sido o caminho central para esse debate, que merece ser aprofundado e desenvolvido. Por isso, as temáticas educacionais são a base das reflexões que serão aqui colocadas, levando em considera- ção suas conexões com as culturas locais e globais, bem como com as legislações e disputas em torno desse debate. Diversidade humana Para começar a pensar sobre diversidade, precisamos compreender, antes de qualquer coisa, o que esse conceito signifi ca, para, posteriormente, apro- fundarmo-nos nos debates sobre educação, legislação, cultura e sociedade. Entende-se por diversidade tudo aquilo que é abundante, mas não igual. A palavra remete a múltiplos elementos, que formarão um conjunto de atribu- tos, de aglomerados ou de nomeações. Falar sobre diversidade, então, é falar sobre diversas coisas, contextos e condições que interagem ou não entre si. Essa é uma defi nição a priori, que nos dá algumas coisas para pensar, mas que não explica o conceito de diversidade, o que entenderemos conforme nos aprofundamos neste capítulo. Para pensarmos mais densamente essa questão, nos fundamentamos em Paula (2013), que faz uma retomada do percurso de globalização que homo- geneíza, ou seja, torna semelhante, as relações entre sujeitos, mesmo que não sejam iguais. Ao mesmo tempo, acaba deixando evidente, nessa mesma tentativa de igualar, as diferenças entre os sujeitos. Globalização refere-se ao momento em que as fronteiras do mundo estão mais flexíveis, em que capitais, ideias e mercadorias rodam os países de forma mais rápida e mais direta, ou seja, é uma rede de conexões que envolve política, economia e cultura. A globalização extrapola as relações comerciais e financeiras, e a tecnologia é uma de suas marcas mais fortes, sobretudo quando pensamos sobre o acesso à internet e aos computadores de forma cada vez mais massiva, caracterizando uma forma rápida de se conectar com pessoas, conhecendo aspectos culturais e sociais do mundo todo. Cada vez mais, as tecnologias se mostram como uma grande potência, capaz de transpor as barreiras territoriais, ligando pessoas e ideias, tendo essa função como parte das dinâmicas sociais. Contudo, há alguns pontos da globalização que são complexos e críticos, como um massivo domínio de algumas culturas como base para transpor as barreiras, o predomínio da língua inglesa e também o avanço do capitalismo de forma desregrada e descontrolada. Nesse sentido, pensando sobre diversidade, a autora afirma que: Atualmente, podemos perceber que a diversidade está na ordem do dia, em pau- ta. Por que isso acontece se uma das características da sociedade globalizada são os paradigmas mais homogeneizantes? As diferenças agregam múltiplos processos de pertencimento – étnico, de gênero, geracional, geográfico, religioso, etc. – que têm sido hierarquizados e convertidos inadvertidamen- te em desigualdades. A ruptura desse ciclo implica em compreendermos a Diversidade e educação2 multiplicidade e a complexidade das relações. Tal compreensão nos leva a incorporar a ideia de que somos uma rede de subjetividade formada em inú- meros contextos cotidianos [...] (SANTOS, 1995 apud PAULA, 2013, p. 20.). Vale ressaltar que, assim como aponta a autora, as questõesde raça e etnia, gênero, geração, religião, entre outros marcadores da diferença, são caras ao debate sobre diversidade e serão aprofundadas posteriormente ao longo dos estudos. O importante, aqui, é que sejamos capazes de perceber a necessidade dessa ruptura com uma percepção homogeneizante da sociedade e de enxergar a complexidade e a multiplicidade dessas relações em nosso contexto. Quer saber mais sobre Globalização? Assista ao documentário “O Mundo Global Visto do Lado de Cá”, do cineasta Sílvio Tendler, lançado em 2002, que tem como ponto de partida a visão de Milton Santos, um dos principais teóricos e intelectuais da Geografia brasileira. Ao falar sobre a rede de subjetividade, Paula (2013) nos aponta um pouco da perspectiva que será inscrita neste capítulo: a de que todos os elementos constitutivos dos indivíduos devem ser considerados dentro do contexto em que eles vivem. Assim, jamais a universalidade de um grupo predominante funcionará para explicar as relações entre outros grupos, como já apontamos anteriormente com a massividade da língua inglesa, como um dos modos de viver “plenamente” a queda das barreiras mundiais e conseguir usufruir dos benefícios desse contexto. Paula (2013) também nos aponta um importante documento que marca o advento da discussão de diversidade no mundo: a Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura na sua 31ª sessão, no dia 2 de novembro de 2001, de onde saiu a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural. Esse documento trata os aspectos da diversi- dade a partir da cultura, e, nele, o tema que aqui tratamos é colocado como fundamental, e não só central, em debates sobre humanidades. Na referida declaração, a entidade afirma que “[...] a difusão da cultura e a educação da humanidade para a justiça, a liberdade e a paz são indispensáveis à dignidade humana e constituem um dever sagrado que todas as nações devem cumprir 3Diversidade e educação com espírito de assistência mútua [...]” (ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS PARA A EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E CULTURA, 2001). Já no relatório Investindo na diversidade cultural e no diálogo intercultural (UNESCO, 2009), há uma série de propostas, dividida em capítulos que abor- dam a diversidade cultural, como o documento acima, mas também educação, criatividade, entre outros, trazendo, em especial, a proposta de compreensão de diálogo intercultural. Esses dois documentos apresentam uma série de preceitos para se pensar a diversidade, como a educação justa, a conquista da paz, a diversidade cultural, elementos fundamentais para a dignidade humana, isto é, para a atuação livre de indivíduos com suas particularidades, dentro de seus contextos. A UNESCO também convoca que todos os Estados devem cumprir com esses preceitos da dignidade humana, ou seja, cada nação soberana deve contribuir para a diversidade dentro do seu território (UNESCO, 2009). Dentro dos Estados, além de declarações oficiais que falem sobre diver- sidade, temos a atuação de outros grupos e instituições. Com as conquistas de diversos movimentos sociais, antes pouco vistos ou contemplados, legal, discursiva e institucionalmente, o tema da diversidade passa a ser fundamental para entender e explicar a sociedade. Com o reforço e o advento dos diversos movimentos sociais, como o movimento negro, o movimento feminista e os movimentos de direitos humanos, além de atuações de organizações não- -governamentais, a diversidade passa a ser uma pauta de combate à discrimi- nação e à exclusão social de diversos sujeitos. Dessa forma, a escola, por exemplo, é um dos lugares das disputas simbóli- cas de poder e de verdades, assim como espaços médicos, prisionais e religiosos, espaços onde os temas referentes à diversidade e aos direitos humanos serão pautados e normatizados, assim como em outros espaços e momentos serão refletidos, ampliados e considerados. A escola é um espaço que nem sempre promoveu a diversidade, pois, durante muito tempo, teve seus muros fechados para uma pequena elite de iguais, produzindo um conteúdo que buscava ho- mogeneizar os sujeitos, acreditando, assim, que teria um resultado igual para todos. No entanto, essa homogeneização se mostrava uma impossibilidade, pois, mesmo entre sujeitos similares, ainda havia particularidades que a escola acabava por suprimir ou rejeitar, causando uma defasagem nos saberes. Diversidade e educação4 Os jesuítas são considerados os responsáveis pelos primeiros processos escolares dos quais temos registros no Brasil. Isso ocorreu com a colonização portuguesa, sendo os jesuítas os primeiros professores que tentaram sobrepor o conhecimento religioso à cultura local indígena. Ao estudar a diversidade, porém, é importante salientar que, antes da colonização portuguesa e da atuação dos jesuítas como professores dos indígenas, e até hoje, os indígenas tiveram e mantêm seus próprios processos de ensino e aprendizagem. Para entender a importância de olhar para a história da educação, assista ao vídeo “Por que estudar História da Educação?”, de Dermeval Saviani, publicado no canal Nova Escola. Acesse o link disponível a seguir. https://goo.gl/aem41m Para complementar essa introdução ao tema da diversidade, Paula (2013) nos lembra por que são fundamentais uma educação e uma sociedade com- prometidas com a diversidade: Somos, portanto, diferentes com características singulares. Essa constatação, infelizmente, não impediu que proporções cada vez maiores de tipos homofóbi- cos, racistas, fanáticos, machistas, xenófobos, fossem produzidos pelo mundo. Todos esses tipos têm em comum a ideia de superioridade, em nome da qual a humanidade sofre vítimas de guerras, genocídios, holocaustos, ditaduras, apartheids. A história apresenta exemplos de violências cometidas contra os diferentes: as “minorias”, como negros, mulheres, crianças, idosos, etc. Essa diferença, ao ser traduzida como desigualdade, tem propiciado e justificado práticas cada vez mais violentas. (PAULA, 2013, p. 19-20). 5Diversidade e educação A citação da autora nos traz questões fundamentais para esse ponto de partida, falar em diversidade é, muitas vezes, complexo, pois precisamos compreender as formas de exclusão, segregação e violência que grupo mar- ginalizados vivem ou viveram, ou seja, ao falarmos de diversidade também falamos de exclusão: Sob o manto da diversidade, o reconhecimento das várias identidades e/ou culturas é atravessado pela questão da tolerância, tão em voga, já que pedir tolerância ainda significa manter intactas as hierarquias do que é considerado hegemônico. Além disso, a diversidade é a palavra-chave da possibilidade de ampliar o campo do capital, que penetra cada vez mais em subjetividades antes intactas. Vendem-se produtos para as diferenças e, nesse sentido, é preciso incentivá-las. Ou seja, a diversidade foi entendida como uma forma de governamento exercido pela política pública no campo da cultura, como uma estratégia de apaziguamento das desigualdades e de esvaziamento do campo da diferença, tendo como função borrar as identidades e quebrar as hegemonias. (RODRIGUES; ABRAMOWICZ, 2013, p. 18). Para trabalhar a diferença, existem dois grandes modelos: 1. a diferença pode ser vista como um subtema dentro da diversidade, remetendo-se diretamente a ela como uma parte que a constitui, sendo a partir da multiplicidade de diferenças que se debate diversidade (essa perspectiva é a mais utilizada na educação); 2. abordar diretamente as diferenças como um tema próprio, uma pers- pectiva que traz à tona os conflitos e a impossibilidade de apagamento das multiplicidades, deixando claro que há diferenças e que estas de- vem ser debatidas e entendidas como tal, diferenciando-se da primeira perspectiva, que trabalha de modo mais coletivo. Os documentos anteriormente citados da UNESCO e da ONU trazem importantes reflexões para seus contextos. Todavia, a manutenção das ordens estabelecidas, das desigualdades,é claramente percebida, visto que, embora convoquem os países a se mover pela diversidade, pouco trazem de iniciativas efetivas de combate ao preconceito e de um debate direto sobre desigualdades e violência. Ao contemplarmos a diversidade por meio da diferença, estamos pensando também nos conflitos e nas produções normativas dos discursos quando falamos em multiplicidades. Coloca-se, então, que a diversidade, aqui, será Diversidade e educação6 trabalhada não no sentido da tolerância, mas no sentido do conflito e das pro- duções de saberes, produtivos e positivos. Como já apontava Michel Foucault (2008), pensa-se uma perspectiva na qual as relações de poder e as construções de saberes são opressoras e também produtivas, pois continuam a construir diferenças e outros tipos de saberes em cima da norma. Descarta-se também, aqui, a diversidade como uma produção atrelada à cul- tura, retomando a perspectiva atrelada às relações sociais. Quando retomamos a ideia de Paula (2013), de que a globalização impacta significativamente nos debates das diferenças, podemos compreender o quanto o conceito de cultura também fica difuso. Em um contexto de trocas mais rápidas e fronteiras mais maleáveis, a cultura se torna algo difícil de ser definida e identificada. A cultura é um conceito um tanto quando maleável e que tem servido de base para diferentes estratégias políticas e sociais de afirmação de identida- des, mas também serve de base para pensar o universal. Por muito tempo, foi usada como conceito para nomear um tipo específico de cultura: europeia, branca, colonizadora e cristã. Em outros momentos, a mesma palavra foi usada para reforçar a necessidade de debate de alguns temas colocados como “particulares”, como as questões de gênero e sexualidade. Nesta ambiguidade, destaca-se a importância de se trabalhar as questões culturais como um dos eixos, mas que também se mantenham as perspectivas das diferenças, dos contextos e dos diferentes marcadores que são parte do social. Por isso, ao pensar cultura no contexto de cada sociedade, ela pode ser mutável, e, assim, parte-se da sociedade para pensar os demais conceitos e uma diferença que fale da multiplicidade de forma crítica e contextual. Diversidade e educação de qualidade Quando pensamos no contexto da diversidade, uma das instituições de maior importância, mas também de maiores disputas discursivas, é a escola. Por ser um espaço de formação e de debates, as diversas instituições de ensino, sejam as escolas ou as universidades, sempre foram espaços de disputas entre diferentes discursos, e, nas questões das diferenças, não é diferente. Justamente por ser o espaço de formação por excelência, a educação se tornou uma área privilegiada para falar em igualdade, diversidade e combate a preconceitos e desigualdades. Muitos autores, autoras e intelectuais veem na educação a possibilidade de uma mudança cultural e social. Nas palavras de Freire (1996, p. 14): 7Diversidade e educação O educador tem que trabalhar com os educandos a rigorosidade metódica com que devem se aproximar dos objetos cognoscíveis (que se pode conhecer). Ensinar não se esgota no tratamento do objeto ou do conteúdo, mas se alonga à produção de condições em que aprender é possível, exigindo a presença de educadores e educandos criativos, investigadores e inquietos, rigorosamente curiosos, humildes e persistentes. Nas condições de verdadeira aprendiza- gem, os educandos e educadores vão se transformando em reais sujeitos da construção e reconstrução do saber ensinado. Assim, fica claro para o autor a importância de se considerer os diferentes aspectos que envolvem as condições sociais dos indivíduos, identificados em marcadores, como classe social, raça, gênero, etc., para que se possa pensar um processo de ensino-aprendizagem realmente produtivo e criativo, capaz de desenvolver no estudante a construção de um pensamento crítico e conectado com sua realidade. Ao falarmos das diferenças na perspectiva da escola, estamos falando em possibilidades de acesso e de permanência de todos os grupos dentro do espaço de formação e dentro das salas de aula, com segurança e direitos garantidos. Além disso, estamos pensando em combater a evasão de grupos antes negligenciados e abordar temas para além da chave universalizante caracterizada pelas narrativas: masculina, branca, heterossexual, europeia, cristã. Os marcadores da diferença influenciarão as narrativas históricas e as perspectivas culturais dentro da instituição educacional de forma geral. Pensando nisso, é justamente quando a educação se torna um projeto universal e de acesso aos direitos de todos e todas que começam a aparecer as principais dificuldades em lidar com turmas e culturas não mais homogêneas. Muitas vezes, os docentes, profissionais da educação e a própria estrutura da escola não estavam preparados para lidar com a diversidade, pois não havia uma boa preparação, nem histórica, nem de docentes, nem dos livros didáticos, que falasse de cultura e de sociedade para além dos marcos já mencionados. É importante ressaltar que, por um longo período da história brasileira, a educação não foi um direito de todos. Na verdade, foi uma das formas de distinção social de classes, na qual só ricos tinham acesso à uma educação ampla e de qualidade. É somente na história mais recente do nosso país que a educação torna-se um direito universal de todos os cidadãos. Vale destacar, por exemplo, a Constituição Federal de 1988, ao afirmar que: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho [...]” (BRASIL, 1988, art. 205º). Diversidade e educação8 É a partir desse momento, de uma educação inclusiva e que faz parte dos direitos básicos, que se toma uma nova ótica para entender e estender o ensino e as instituições educacionais. Contudo, a diversidade, enquanto perspectiva da tolerância, só aparecerá muitos anos depois, especialmente com a criação da LDB, em meados de 1996 (BRASIL, 1996). LDB refere-se a Leis de Diretrizes e Bases da Educação, o maior documento sobre principíos educacionais, suas aplicações e minúncias do Brasil. Seu texto completo está disponível nas páginas oficiais do governo brasileiro. Assim, o debate que ascende e que vai tomando formato e força dentro da educação é a ideia de que, por meio da diversidade, deve-se exercer a tole- rância ao diferente. A tolerância pautou e ainda pauta uma série de políticas públicas e educacionais, porém traz diversos problemas de invisibilização e de não enfrentamento, pois, como vimos anteriormente, a tolerância não exige respeito e pode implicar em ignorar as diferenças ou simplesmente aguentar os limites da diferença para cada sujeito. Dessa forma, o tema da diversidade pela tolerância vai ficando cada vez mais defasado, provando que, embora tenha um impacto na educação, torna- -se cada vez menos eficiente. Diversos educadores e acadêmicos, ao pensar a diversidade, aderem à ideia de diferença, uma vez que aqui está uma das possibilidades de saída de um estado letárgico que a tolerância pode gerar. Nas palavras de Michaliszyn (2012, p. 66-67): [...] “a homogeneidade é uma utopia. Ela é um parente próximo da unanimidade e a unanimidade é inibidora da dúvida, da crítica e, portanto, do crescimento” (ROSA, 1998, p. 45). Por isso, consideramos que não cabe à escola sustentar os princípios e as ideias que fundamentam a estrutura social em vigor, da mesma forma como imaginamos e desejamos uma escola comprometida com a mudança social e a transformação de estruturas sociais injustas e desumanas em modelos em que igualdade e a justiça social se façam presentes. A década de 90 é considerada um marco para esse debate, pois foi nesse período que diversas perspectivas se afirmaram. Embora hoje já se tenhauma crítica bem desenvolvida e bem pautada como essencial ao debate sobre 9Diversidade e educação diversidade e diferença, por muito tempo tal ideia foi pioneira e conseguiu destacar a necessidade de se falar sobre as diferenças. Contudo, o processo brasileiro para inclusão dessas perspectivas deu-se também por uma pressão internacional para que o país compreendesse em sua perspectiva educacional uma relação mais justa. Assim, as dificuldades com a escolarização em massa, como a aprendiza- gem pouco efetiva e o abandono da escola, entre outros problemas, passaram a ser compreendidas dentro do debate da diversidade a partir de uma perspectiva social de inclusão. Para conseguir contemplar esses debates, a década de 90 foi um marco significativo, pois encontramos mudanças fundamentais, principal- mente com a Lei de Diretrizes e Bases, homologada em 1996 (BRASIL, 1996). Diversidade nas leis e secretarias A Lei de Diretrizes e Bases (LDB) é importantíssima para pensar as relações da educação com o contexto social e os parâmetros da escola, e, dessa forma, nos aprofundaremos em compreender um pouco mais de nosso tema dentro da lei e das iniciativas do Estado. Como um marco na educação, assim como os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), a LDB deve ser entendida como um avanço no debate da educação, pois consegue, por meio de seu documento, pautar diretrizes modernas para o exercício da docência, bem como para os programas escolares e educacionais (BRASIL, 1996). A Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, é um documento outorgado para âmbito nacional que prevê detalhadamente todos os aspectos da escola- rização e da educação no Brasil; foi uma reafirmação ao direto de educação universal e como direito inalienável a todos e todas. É importante ressaltar que, dentro da universalização do ensino, prevê-se a obrigatoriedade do ensino fundamental (até o novo ano) por meio do acesso gratuito, inclusive para aqueles e aquelas que não concluíram essa etapa em fase etária prevista. Já para o ensino médio, propõe-se também a universalidade e o acesso gratuito, mas não mais obrigatório (BRASIL, 1996). Para este capítulo, o Art. 3° da LDB merece ser destacado: I — igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II — liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensa- mento, a arte e o saber; III — pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas; IV — respeito à liberdade e apreço à tolerância; V — coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI — gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; Diversidade e educação10 VII — valorização do profissional da educação escolar; VIII — gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da legis- lação dos sistemas de ensino; IX — garantia de padrão de qualidade; X — valorização da experiência extra-escolar; XI — vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. XII — consideração com a diversidade étnico-racial. (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013). (BRASIL, 1996, documento on-line) Os parágrafos destacados na lei nos trazem a percepção da importância do debate que está aqui sendo traçado. Previsto em lei, é imprescindível que, em cursos ligados à área da educação, seja pela pedagogia, seja pelas licenciatu- ras, se trate dos assuntos acima citados e se aborde as diferenças. Entretanto, descarta-se a perspectiva da tolerância, como já apontado anteriormente, prevendo um melhor uso teórico do debate a partir dos dissensos e da possibi- lidade de demonstrar os limites da inclusão por meio da obrigatoriedade, sem contexto ou sem auxílio efetivo da instituição e dos profissionais envolvidos: O sistema escolar, assim como a nossa sociedade, vai avançando para esse ideal democrático de justiça e igualdade, de garantia dos direitos sociais, culturais, humanos para todos. Mas ainda há indagações que exigem respos- tas e propostas mais firmes para superar tratos desiguais, lógicas e culturas excludentes. (BRASIL, 2007, p. 14). A citação do Ministério da Educação serve como base legal e institucional para compreendermos ainda mais a importância dos temas que aqui estão sendo trabalhados, pois entender como se estruturam as diferenças e como são naturalizadas é uma parte fundamental desse processo, assim como entender as iniciativas que buscam erradicar ou diminuir as desigualdades (BRASIL, 2007). Práticas de diversidades: escola, sociedade e cultura Neste tópico, conheceremos um pouco mais sobre um conceito profundamente relacionado aos temas de diversidades e diferenças: as culturas. Para se traba- lhar as diferenças a partir de uma perspectiva que não naturaliza a diversidade, precisamos estar sempre atentos aos valores e morais que foram construídos. Pensando especialmente a partir da perspectiva de Elias e Scotson (2000), por 11Diversidade e educação mais que não nos lembremos onde estão ancoradas as diferenças, vale sempre compreender que estas foram construídas socialmente. O conceito de cultura não será trabalhado com a perspectiva multicultu- ral que homogeiniza as diferenças. Tal perspectiva é aquela trabalhada na chave da diversidade para a tolerância, que expõe no seu cerne que todos são iguais acima das diferenças e, assim, não contempla os conflitos. Já a visão de cultura como parte significativa, fundamental e problemática das diferenças, entende que todos somos diferentes em nossas particula- ridades, por isso cada política ou conceituação precisa levar em conta os conflitos, e não buscar captar todas as diferenças em grandes conceitos universalizantes. Nesse sentido, a visão de que a globalização nos aproxima não cabe dentro desse conceito de cultura pelas diferenças, visto que, como abordado anteriormente, a globalização nublou as fronteiras, mas tem como parte de si uma homogeinização a partir do apagamento das diferenças e do massivo aumento de uma cultura do norte global, como Estados Unidos e Europa, como a cultura “certa” a ser seguida. Dessa forma, a globalização se mostra como um grande fator de conflito quando traz consigo um modo de aculturação. Nesse sentido, a cultura não é o que nos une em um lugar comum, mas é aquilo que pauta sentido, ora normatiza, ora particulariza, ora exclui, ora inclui, de um modo que coloca os sujeitos dentro de uma esfera de inteli- gibilidade, ou os exclui desta. A cultura nos ajuda, então, a compreender a realidade social. Dessa forma, a cultura levada a cabo aqui, aparece como parte dos processos de normatização discursiva das práticas de diferenciação, e não como o suporte que nos une em um lugar comum, mas sim como parte dos processos que explicam o social. Assim, o conceito de cultura passa a ser algo enraizado, sentido e trabalhado por nós: [...] é o que significa dizer que devemos pensar as identidades sociais como construídas no interior da representação, através da cultura, não fora dela. Elas são o resultado de um processo de identificação que permite que nos posicionemos no interior das definições que os discursos culturais (exteriores) fornecem ou que nos subjetivemos (dentro deles). Nossas chamadas subjeti- vidades são, então, produzidas parcialmente de modo discursivo e dialógico. Portanto, é fácil perceber porque nossa compreensão de todo este processo teve que ser completamente reconstruída pelo nosso interesse na cultura; e por que é cada vez mais difícil manter a tradicional distinção entre “interior” e “exterior”, entre o social e o psíquico, quando a cultura intervém (HALL, 1997, p. 9, tradução nossa). Diversidade e educação12 Assim, é importantíssimo entendermos a nossa própria relação com o mundo que nos cerca, mas também entender que cada pessoa terá diferentes relações com sua realidade, a alteridade, assim como nossa cultura não deve ser um processo de expectativa em cima de outros sujeitos e contextos, sendo, por isso, tão importante a compreensão de que a diversidade é conflitiva, e não agregadora.Assim se formula a diferença, dada a partir do outro e de nossas próprias limitações, que serão sempre tensionadas. Políticas de inclusão As políticas de inclusão social e educacional não datam de hoje, são políticas públicas reconhecidas como basilares na sociedade brasileira. Em 1961, a antiga LDB, conhecida pela sigla LDBEN, já abordava a educação especial, mas de forma altamente aquém ao que encontramos hoje. A LDB de 1961 afi rmava que: “A Educação de excepcionais, deve, no que for possível, enquadrar-se no sistema geral de Educação, a fi m de integrá-los na comunidade [...]” (BRA- SIL, 1961, documento on-line). É importante ressaltar alguns trechos desta já mencionada legislação, como o uso de “excepcionais”, termo comum na época, mas que não é mais usado para categorizar pessoas com defi ciências. Também devemos ressaltar que a lei não obrigava as escolas a tomarem medidas efi cazes, deixando em aberto com “no que for possível”. É com a Constituição Federal de 1988 que as políticas de inclusão começam a tomar novo formato, especialmente quando observamos o Art. 205º que rege, dizendo: “[...] a Educação como um direito de todos, garantindo o pleno desenvolvimento da pessoa, o exercício da cidadania e a qualificação para o trabalho [...]” (BRASIL, 1988). A importância desse trecho se destaca com o relato anterior, de 1961, pois não mais deixa espaços para a obrigação ou não da inclusão e inserção de alguns, passa a ser imposta constitucionalmente essa condição. Isso não quer dizer que o ano de 1988 mudou as relações sociais de diferença há muito colocadas no Brasil, porém foi um primeiro passo para as políticas que se seguiram, e ainda seguem, em processo de implantação. Pensar a educação para todos e todas foi uma mudança impactante, sendo que a uma parte significativa da população o acesso a educação não era garantido ou efetivamente pensado. É só em 2001, contudo, que o Plano Nacional de Educação implanta uma letra de lei mais eficaz e inclusiva, que aborda as deficiências como parte da educação escolar, colocando “[...] a garantia de vagas no ensino regular 13Diversidade e educação para os diversos graus e tipos de deficiência [...]” (BRASIL, 2001). O modelo mais próximo do que encontramos hoje, em termos de políticas de inclusão. Em 2005, o Ministério da Educação publicou um documento que pensava as políticas de inclusão, onde dizia: Uma política efetivamente inclusiva deve ocupar-se com a desinstitucionaliza- ção da exclusão, seja ela no espaço da escola ou em outras estruturas sociais. Assim, a implementação de políticas inclusivas que pretendam ser efetivas e duradouras deve incidir sobre a rede de relações que se materializam através das instituições já que as práticas discriminatórias que elas produzem extra- polam, em muito, os muros e regulamentos dos territórios organizacionais que as evidenciam. (PAULON, 2005, p. 8). O texto de Paulon (2005) nos deixa algumas pistas para compreender como a inclusão era trabalhada na perspectiva institucional. A autora está pensando justamente o papel das diferentes instituições em excluir os cida- dãos de seus processos sociais, como a escola, já relatada, um dos espaços de exclusão por excelência. Para Paulon (2005), é necessário combater as próprias hierarquias institucionais feitas para segregar os sujeitos. As políticas públicas de inclusão visam a pensar o acesso de alunos e alunas, mas também precisam (re)pensar as educadoras e educadores dentro das redes de ensino. Trabalhar com as diferenças geracionais entre professoras e alunos e com as diferenças de sujeitos portadores de deficiência exige compreender como incluí-los. É necessário descolonizar o ideal de como tratar os sujeitos diferentes, assim como em todas as outras categorias. Contudo, embora se reconheça aqui os importantes avanços das políticas de inclusão, é importante tecer algumas críticas, algumas já feitas em outros momentos deste texto. As políticas de inclusão não conseguem fazer os embates que as diferenças implicam e questionar os preconceitos, ficando estagnadas na mesma perspectiva da tolerância colocada pela diversidade. Assim, é importantíssimo entendermos a nossa própria relação com o mundo que nos cerca, mas também entender que cada pessoa terá diferentes relações com sua realidade. A alteridade, assim como nossa cultura, não deve ser um processo de expectativa em cima de outros sujeitos e contextos, por isso é tão importante a compreensão de que a diversidade é conflitiva, e não agregadora. Diversidade e educação14 BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm>. Acesso em: 03 dez. 2018. BRASIL. Lei nº 4.024, de 20 de dezembro de 1961. Fixa as Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Disponível em: <http://www2.camara.leg.br/legin/fed/lei/1960-1969/lei-4024- -20-dezembro-1961-353722-publicacaooriginal-1-pl.html>. Acesso em: 03 dez. 2018. BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da edu- cação nacional. 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Afirmando diferenças: montando o quebra-cabeça da diversidade na escola. Campinas: Papirus, 2015. BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. [2018]. Dispo- nível em: <http://www.seppir.gov.br/>. Acesso em: 03 dez. 2018. BRASIL. Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres. 2012. Disponível em: <http://www.spm.gov.br/sobre/a-secretaria>. Acesso em: 03 dez. 2018. CARVALHO, M. P. (Org). Diferenças e desigualdades na escola. Campinas: Papirus, 2013. CORREA, R. L. T. Cultura e diversidade. Curitiba: Intersaberes, 2012. MISKOLCI, R. Teoria queer: um aprendizado pelas diferenças. São Paulo: Autêntica, 2012. Diversidade e educação16 Dica do professor Deveríamos compreender o universo escolar a partir de dois enfoques, no que se refere à temática da diversidade: a escola é o lugar por excelência do encontro e da educação para a acolhidada diversidade, mas é também um fator que ocasiona a diversidade. Entenda como, assistindo ao vídeo a seguir. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. https://fast.player.liquidplatform.com/pApiv2/embed/cee29914fad5b594d8f5918df1e801fd/2fcf98d6bc7c4f0ef833655888c31d24 Exercícios 1) A diversidade humana é definida de muitas maneiras, mas podemos dizer que ela é resultante do nosso modo de pensar, que leva a comparações entre o eu e o outro. Em muitos casos, estas comparações enfatizam sobretudo os aspectos negativos dos outros, isto é, daquele que é diferente de mim. Faz-se necessário entender que as diferenças entre os seres humanos existem e que devemos respeitá-las. A educação é um espaço de excelência para o ensino a este respeito. Com relação ao tema "diversidade e educação", marque a alternativa CORRETA. A) As capacidades inatas do aluno se sobrepõem aos estímulos adequados recebidos na escola. B) No passado, educadores já trataram alunos de modo totalmente uniforme, para que os resultados fossem homogêneos. C) Mesmo em um sistema escolar com base na atenção integrada às diferenças individuais são comuns os " bolsões de fracasso escolar". D) O fator idade, alterado pela evasão escolar ou pela repetência, impede que o aluno, mesmo frequente, possa progredir nos estudos. E) O ponto de partida para atendimento de crianças com histórico de vida muito divergente dos demais é sempre o currículo escolar. 2) Pesquisas realizadas em diferentes países demonstram que atualmente é grande o acesso da população à educação, de modo especial à escola pública, sendo que o desafio é garantir a permanência e o sucesso escolar de todos os alunos, independente de sua faixa etária. A Declaração Mundial Sobre Educação para Todos (1990), no seu artigo 3o, afirma que é necessário universalizar o acesso à educação e promover a equidade, melhorando sua qualidade, bem como tomar medidas efetivas para reduzir as desigualdades. Educar com qualidade, considerando o paradigma da diversidade significa: A) Adotar um sistema de educação exclusivamente instrutivo ou de caráter disciplinar, a fim de lidar com a situação da diversidade. B) Considerar que no Ensino Médio, a instituição escolar deve ater-se à transmissão de conhecimentos avaliados como adequados. C) Rever e aperfeiçoar o sistema da educação pública e também o particular, para alcançar a qualidade desejada na educação. D) Ter uma clara visão de que a escola pública oferece um ensino de menor qualidade, no que diz respeito ao atendimento às diversidades. E) Universalizar o ensino significa torná-lo uniforme através da adoção de um currículo único. 3) As discussões sobre diversidade ampliam-se a cada dia devido às pesquisas, eventos na área, entre outros. Entre os conceitos abordados, vamos entender melhor como trabalhar a diferença e, para isso, analise as assertivas abaixo e indiquem se são verdadeiras (V) ou falsas (F) (. ) É possível abordar as diferenças como um tema próprio ou como um subtema dentro da diversidade. (. ) Trabalhar a diferença traz à tona os conflitos, por isso devemos debater as multiplicidades. (. ) Ao trabalharmos a diferença de modo coletivo a entendemos como uma parte que constitui a diversidade. (. ) Na educação a diferença é melhor trabalhada como tema próprio. Assinale a alternativa que apresenta a sequencia correta: A) V, F, V, V B) F, V, F, V C) V, V, V, F D) V, V, F, F E) F, F, V, F 4) A atenção à diversidade tornou-se uma expressão frequente, no processo educacional, em especial no âmbito da educação inclusiva. Com relação a esta atenção, pode-se afirmar que: A) A atenção à diversidade é uma estratégia especial usada para atender exclusivamente aos considerados deficientes. B) As escolas que não estão atentas às diversidades e não elaboram currículos diversificados possibilitam a baixa estima e a evasão. C) Dar atenção às diversidades pode impedir que os mais capacitados desenvolvam-se adequadamente. D) No ensino médio, a atenção às necessidades específicas dos alunos torna-se desnecessária. E) Para o professor de escola pública a atenção às diversidades é subjetiva, sendo a transmissão de conteúdos mais importante. 5) Tânia, uma aluna com politraumatismo, é hoje uma jovem que está terminando a formação profissional de nível superior em Pedagogia. Chegar a este nível só foi possível graças a sua tenacidade, ao apoio constante dos pais, ao estímulo dos colegas e a uma equipe de professores convencida de que as dificuldades dela seriam superadas com sua integração no grupo e com a adaptação do currículo às limitações sensoriais e intelectuais que ela apresentava. Num sistema educacional que apresente valores como os daquele em que Tânia estuda, é CORRETO esperar que: A) As ações em favor de alunos como Tânia devem ser exclusivamente do poder público. B) Ao considerar a diversidade, a integração dos alunos, em cada uma das séries, se dará de modo inteiramente homogêneo. C) A atenção do professor deverá estar centrada no currículo escolar, desenvolvendo as ações nele previstas. D) Em um sistema educacional como aquele em que Tânia estuda, o aluno especial é o único beneficiado. E) No tipo de educação oferecido a Tânia, há maiores chances de superação e equilíbrio frente às descompensações individuais. Na prática Pang (2005), especialista em questões culturais e de diversidade em escolas, acredita que muitos professores não levam em consideração o contexto cultural da escola e as origens culturais de seus estudantes e suas contribuições para a sala de aula. Segundo o autor, os professores devem procurar se familiarizar com o bairro onde a escola está localizada, no caso de morarem fora dele, por exemplo, fazendo compras em suas lojas, conhecendo seus líderes e lendo os jornais que ela produz. Dessa forma, serão familiarizados ao ritmo e à cultura dos estudantes. Pang também recomenda que os professores levem exemplos extraídos da vida das crianças para a sala de aula. Saiba + Para ampliar o seu conhecimento a respeito desse assunto, veja abaixo as sugestões do professor: Desigualdades e diversidade na educação Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. A diversidade cultural como princípio educativo Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. HUMANO Direção: Yann Arthus-Bertrand. Bettencourt Shueller Foundation, 2015. Color. Título original: Human. Aponte a câmera para o código e acesse o link do conteúdo ou clique no código para acessar. http://www.scielo.br/pdf/es/v33n120/02.pdf https://www.researchgate.net/publication/315381714_A_diversidade_cultural_como_principio_educativo https://www.youtube.com/embed/Ix6SBcbwhJ8
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