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EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE TUT 3 – PARKINSONISMO E DIST. DE MARCHA Distúrbios de marcha – Parte do cap. 94 - Marcha é parte integral das atividades cotidianas. Pode ser definida como uma maneira/estilo de caminhar. - Dividida em fase de apoio (60% do ciclo, quando uma perna suporta todo o peso e mantem contato com a superfície e serve de apoio para “avançar” e levantar a outra perna) e fase de balanço (quando a perna não faz apoio e avança para próximo passo). - A marcha se dá por meio de fases alternadas entre apoio e balanço, com braço movimentando em sentido inverso às pernas do mesmo lado para manter o equilíbrio. - Apoio subdivide-se em quatro fases: respostas de carga, apoio intermediário, apoio terminal e pré-balanço. Apoio pode ser unipedal ou bipedal. - No apoio, há o contato inicial (base do calcanhar) que é o início do ciclo da marcha e a fase de apoio. Apoio intermediário (unipedal) ocorre na metade da fase. Apoio terminal (calcanhar- fora) é o ponto onde o calcanhar da extremidade de referência sai do solo e avança o corpo para frente. - Fase do balaço subdividida em: balanço inicial, intermediário e terminal. - Etapa inicial do balanço é a aceleração, quando o dedo da extremidade em movimento deixa o solo e continua até a etapa intermediária ou no ponto onde a extremidade em balanço está diretamente sobre o corpo. O balanço terminal (desaceleração) é quando a perna se prepara para o contato inicial com o solo ou pronta para o suporte do peso (contato inicial), quando a fase de apoio é reiniciada. Há varias medida relacionadas com tempo e distancia da marcha, que descrevem movimento, variações e distúrbios. - O corpo, durante a marcha, movimenta-se em uma sutil curva sinusoidal. Isso ocorre por uma série de movimentos pélvicos que aumentam comprimento da extremidade inferior, alongando o passo e tornando possível ao pé o contato com o solo no momento apropriado do ciclo, minimizando o deslocamento vertical do tronco. - Isso possibilita à pelve de se mover em direção à perna de apoio, ajuda no equilíbrio, deixa o peso do corpo e CdM sobre a perna de apoio. De modo sincrônico, a pelve se inclina para baixo em direção à perna de apoio e impede o CdM de se movimentar para cima e para baixo de maneira excessiva. Rotação pélvica diminui ângulo entre fêmur e o solo, torna possível o passo normal. Isso minimiza os movimentos verticais e laterais do corpo durante a marcha, possibilitando a manutenção do equilíbrio. ALTERAÇÕES FISIOLÓGICAS DO ENVELHECIMENTO - Marcha depende de vários sistemas, como neurológico, musculoesquelético e cardiovascular. Na ausência de doença coronariana, IC ou descondicionamento rave, o DC não deveria ser um fator limitante na marcha usual. - Em homens mais velhos, a velocidade usual e a máxima da marcha estão fortemente associadas ao condicionamento físico. Um estilo de vida ativo pode manter a marcha normal pq preserva força muscular e estimula o equilíbrio. Alterações sensoriais como acuidade visual, sensibilidade plantar influenciam na marcha, tanto que, quando alteradas, favorecem as quedas. - O controle motor na marcha é importante nos períodos de apoio unipedal. Esse apoio está diminuído nos indivíduos mais velhos, embora ainda represente 74-80% do ciclo e marcha. Período bipedal é mais estável, é preditivo de velocidade e marcha e do comprometimento de cada passo. - Em pcte com queda repetitiva ou risco de queda, esse tempo está aumentado. Para idoso se sentir seguro enquanto caminha, o período de suporte unipedal não pode ser achado perigoso, visto que muitas pessoas mais velhas não podem manter esse tipo de apoio. - Estabilidade da marcha em todas as fases será aumentada por poder controlar os momentos musculares nas articulações de MMII. Tem mais variabilidade no comprimento e largura das passadas em “caidores” do que nos indivíduos sem quedas. - Período de apoio bipedal é maior em pessoas mais velhas. Quando se pede para andar mais rápido, dão mais passos, enquanto pessoas jovens aumentam o comprimento da passada, - Há perda do balanço normal dos braços, diminui rotação pélvica e do joelho, aumento altura de cada passo. Tem passos mais curtos, menos tempo unipedal, caminha com a pelve rotada anteriormente, bacia fletida e pés rodados para fora. Cifose torácica é comum nessa faixa etária, mas não é padrão normal. - Flexão plantar diminuída na fase final de apoio. Melhora da postura e aumento da força dos músculos abdominais para reduzir inclinação pélvica anterior podem auxiliar na manutenção do comprimento da passada e qualidade da marcha. DISTÚRBIOS PATOLÓGICOS DA MARCHA - Doenças provocam mais alterações na marcha que o envelhecimento normal. A maior parte são patologias neuromusculares e vestibulares. - Os distúrbios podem ser classificados de forma sindrômica ou pela causa subjacente. Síndromes incluem hemiparesia, paraparesia, sensorial, festinante, anserina, petits pas, apráxica, propulsiva, retropulsiva, atáxica, distônica, coreica, antálgica, vertiginosa e psicogênica. - Marcha do lobo frontal ou frontalizada: BdS alargada, postura ligeiramente fletida e passos pequenos e hesitantes. Uma vez iniciada, a pessoa pode interromper bruscamente. Associada a estágios avançados de Alzheimer, demências ou síndromes multi-infartos, doença de Binswanger e hidrocefalia de pressão normal. - Marcha sensorial atáxica: BdS alargada e movimento de “arrastar os prés”. Pernas são movimentadas para frente e para fora com os pés levantados. Há propriocepção está alterada, mas com auxílio da visão a marcha é quase normal. Romberg é positivo. Associada a doenças que afetam a coluna posterior, nervos periféricos ou coluna dorsal da medula espinal. - Marcha cerebelar atáxica: base larga e passos pequenos, irregulares e instáveis. Passos cambaleantes (“bêbado”). Se doença unilateral, a guinada é para o lado afetado. Equilíbrio e controle de tronco e perna também estão afetados. Ataxia com olhos abertos e fechados. Associada a eventos vestibulares agudos, AVE, alcoolismo crônico e doenças degenerativas. - Marcha espástica: observada em pctes com hemiplegia ou hemiparesia e paraparesias. Membro afetado é rígido. Ao caminhar, o balanço do braço afetado está prejudicado e os dedos do pé arranham ou se arrastam sobre o solo. Para ter elevação apropriada do membro inferior, o pcte deve balançar a perna afetada levemente em um arco externo a cada passo. Isso faz com que a marcha fique cruzada (“tesoura”), curta e instável. A bacia do lado afetado está hiperesten-dida, elevando a extremidade plégica ou parética e possi-bilitando a elevação do pé. Causas são infarto cerebral contralateral, lesões expansivas e trauma cerebral. - Marcha anserina: perda de força muscular envolvendo a cintura coxofemoral. Há movimento lateral troncular, afastando- se do pé que se levanta, rotação exagerada da pelve e rolamento da bacia a cada passo. Há dificuldade para subir escadas. Associado a hipo e hipertireoidismo, polimialgia reumática, osteomalácia e neuropatias prox. - Marcha festinante: associada a doença de Parkinson. Movimento apressado dos pés, simétrico e rápido. O tronco ereto se inclina para frente e a bacia e joelhos são mantidos em flexão. Assim, o CdM é deslocado para frente e alcança o limite da BdS. Ao caminhar, o CdM ultrapassa a BdS, gerando instabilidade. Os passos se tornam progressivamente mais rápidos para tentar conquistar o controle. O pcte não consegue interromper a marcha e corre o risco de quedas. - Marcha por déficits multissensoriais: distúrbios no sistema visual, proprioceptivo e vestibular. Há tontura, instabilidade e sensação de cabeça vazia que aparecem só durante a marcha ou quando viram rápido. Utilizam bengalas e andadores ou se apoiam em paredes e moveis. Comumem diabéticos crônicos não controlados. - Marcha vestibular: constante sensação de instabilidade ao caminhar, mas que sessa se parado. Tem bases largas, com tropeços laterais e ligeira tendência em caminhar em direção ao lado da disfunção, seguida de correção rápida para o lado oposto. Relacionado com labirintopatias, toxicidade medicamentosa (aminoglic) e tumores do ângulo pontocerebelar. - Marcha antálgica: indicadoras de processos inflam. articulares ou patologia de pés e articulações. - No exame clínico, deve-se diferenciar causas neurológicas das não neurológicas. Anamnese é pobre nas neurológicas, mas cabe perguntar sobre dificuldade no controle visceral, podendo sugerir localização da lesão. Pctes com doenças do SNC costumam tem hiperatividade do detrusor. Doença de Parkinson - Estudo de Braak publicado em 2003: neurodegeneração da doença de Parkinson começa nas regiões caudais do tronco cerebral, ascendendo no sentido caudorrostral. → Processo em 6 estágios: começa nos núcleos dorsais motores dos nervos glossofaríngeo e vago e no núcleo olfatório anterior → Manifestações não motoras como alterações no olfato (hiposmia), sono (transtorno comportamental do sono REM), depressão, constipação intestinal e disfunção erétil podem preceder os sintomas motores da DP. → Nos estágios 1 e 2, a patologia de Lewy está localizada na medula, tegmento pontino (através do nervo vago) e no núcleo olfatório anterior (através do bulbo olfatório). Nos estágios 3 e 4, há progressão da patologia de Lewy no mesencéfalo, prosencéfalo basal e mesocórtex. Finalmente, nos estágios 5 e 6, a patologia de Lewy atinge o neocórtex, afetando gradualmente áreas de associação sensorial de alta ordem e, ocasionalmente, áreas motoras primárias Parkinsonismo: síndrome manifesta por bradicinesia + pelo menos 1 dos sinais: tremor, rigidez e instabilidade postural. 4 categorias: - Primário: doença de parkinson - Secundário: indução por medicamentos, vascular, hidrocefalia de pressão normal, hipoxia, infecciosa, metabólica, toxinas, traumatismos, tumores. - Síndromes Parkinson-plus: paralisia supranuclear progressiva, atrofia de múltiplos sistemas, degeração estriatonigral, degeração corticobasal, demência por corpos de Lewy, doença de Alzheimer, demência vascular. - Doenças heredodegenerativas: doença de Huntington DOENÇA DE PARKINSON - Degeneração das células da camada ventral da parte compacta da substância nigra e do locus ceruleus. - Identificação dos corpos de Lewy, que são inclusões eosinofílicas intracitoplasmáticas constituídas por várias estruturas proteicas, beta-sinucleína, em neurônios remanescentes, na parte compacta da substância nigra, que leva a diminuição e morte dos neurônios e os sintomas. - No início das manifestações clínicas motoras, quando é geralmente feito o diagnóstico, baseado nos critérios clínicos vigentes, corresponde à perda de 60% dos neurônios dessas regiões e 80% da dopamina do estriado. ANATOMIA E FISIOLOGIA Distúrbios do movimento: doenças em que se observam movimentos anormais hipocinéticos ou hipercinéticos. São descritos como doenças extrapiramidais nas quais os movimentos anormais ocorrem por alterações na espontaneidade e rapidez dos movimentos voluntários ou por movimentos involuntários adicionais: distúrbios resultam de doenças dos gânglios da base, que pela ação de suas estruturas e NT (dopa, gaba e gluta) controlam os movimentos. - Tálamo que da ordem do movimento. Globo pálido interno e substancia negra parte reticular inibem o tálamo, se ele não está funcionando não tem modulação de movimento. Precisa inibir globo pálido interno e substancia negra parte reticular para não inibir o tálamo: isso é pelo estriato, quando a dopamina liga nos receptores D1 (via direta): ai o tálamo funciona EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE Via indireta: núcleo subtalamico estimula globo pálido interno e substancia negra parte reticular, inibindo tálamo e não tendo modulação do movimento. O globo pálido externo inibe o núcleo subtalamico, ai o tálamo vai funcionar. O estriato em repouso (sem dopamina) inibe o globo pálido externo, não conseguindo inibir subtalamico. Quando a dopamina liga nos receptores D2 o estriato para de inibir o globo pálido externo. - No Parkinson não tem produção de dopamina, então tem inibição do tálamo: bradicinesia ou rigidez: movimentos lentos e grandes, sem modulação. EPIDEMIOLOGIA - DP é a principal causa dos casos de parkinsonismo. Acomete + >50 anos de ambos os sexos, diferentes raças e classes sociais. Incidência e prevalência aumentam com a idade. 2ª doença neurodegenerativa mais comum, perdendo para DA. ETIOPATOGENIA - Causa da DP permanece desconhecida. Mecanismos etiopatogênicos diferentes estão relacionados com a morte dos neurônios dopaminérgicos da parte compacta da substância nigra Fatores relacionados: genéticos (25% dos portadores de DP têm pelo menos 1 parente de 1° grau com a doença), fatores ambientais (agente químico MPTP isolado a partir de heroína sintética induz parkinsonismo em primatas. Maior incidência em grupos expostos a toxinas agroindustriais e ingestão de água de poço), estresse oxidativo (contribui para lesão celular, mas não se sabe se é alteração primária ou consequência da DP) e anormalidades mitocondriais (deficiência na atividade do complexo I mitocondrial pode constituir evento primário ou ser decorrente de alterações). Possíveis fatores etiopatogenicos da DP idiopática: - Teoria do estresse oxidativo (acúmulo de radicais livres na substância nigra); Teoria da deficiência e anormalidades das mitocôndrias da substância nigra; Teoria da excitotoxicidade (atividade aumentada dos neurotransmissores excitatórios); Presença de fatores gliais e inflamatórios; Neurotoxinas ambientais (encontradas na água em zonas rurais, em algumas plantas, herbicidas ou pesticidas); Fatores genéticos CARACTERÍSTICAS CLÍNICAS: sinais cardinais da DP Bradicinesia é a característica + comum dessa doença no idoso, sendo o alentecimento ou dificuldade de iniciar o movimento voluntario ou automático. Diminui o balanço dos braços, n° de piscadas, aumento tempo para refeições e ativid. Rigidez muscular: plástica, resistência a movimentação passiva dos membros, pescoço e tronco, fragmentação do movimento, ao invés de ser continua é entrecortado, como uma roda denteada. Tremor de repouso: primeiro sintoma reconhecido em indivíduos portadores de doença de Parkinson geralmente, sendo que isso dificulta o dx nos idosos que tem tremor ausente. Tremor assimétrico,em um ou mais membros. Movimento rítmicos dos dedos das mãos: ato de contar dinheiro. Tende a piorar com estresse e desaparecer durante o sono. Instabilidade postural: mais tardia, pelas alterações dos reflexos posturais, mais quedas e pode não permitir idoso levantar ou se manter em pé sem ajuda. Se ocorrer na fase inicial da doença, deve-se suspeitar de outra causa de parkinsonismo. Sinais e sintomas parkinsonianos: fácies inexpressiva ou hipomimia, fala hipofônica, micrografia, não balançar o membro superior ao caminhar, acúmulo de saliva na cavidade bucal, aumento do tempo para realizar as refeições e dificuldade de realizar as atividades de vida diária (AVD). Manifestações motores características da DP: - Postura parkinsoniana: postura flexionada para frente, cabeça e tronco fletidos ventralmente, braços a frente do corpo, cotovelos e joelhos flexionados. - Marcha parkinsoniana: deslocamento em bloco, passos curtos e arrastados, sem movimentação dos braços para contrabalancear. No começo, pode ocorrer passos curtos e rápidos para tentar iniciar o movimento da marcha. - Bloqueio motor: freezing/congelamento: impossibilidade extrema e súbita de iniciar ou continuar um movimento, + evidente durante a marcha,ao passar uma porta ou transpor uma linha ou obstáculo no solo. Transtornos do humor têm alta prevalência na doença de Parkinson, relação com depressão maior, menor e distimia (depressão de longa duração). Comprometimento cognitivo, 80% tendo demência em fases + tardias e avançadas da doença. - Sintomas de dor, apatia, queimação, prurido, fadiga e insônia são frequentes. Pele fria, seborreia, constipação intestinal, incontinência urinária, disfunção erétil, diminuição da libido, hipotensão arterial e hipotensão ortostática podem compor o quadro fenomenológico da doença de Parkinson. Sintomas e sinais adicionais mais prevalentes da doença de Parkinson no idoso: fácies inexpressivas (hipomimia facial), fala hipofonica, micrografia, aumento no tempo das AVDs, marcha festinante, perda do balanço dos braços, depressão, ansiedade, comprometimento cognitivo, demência, caibras, acúmulo de saliva, hipotensão ortostática. DIAGNÓSTICO - Dx não é fácil. Labs e neuroimagem (TC ou RM) são úteis para descartar outras doenças. Não tem marcador biológico para DP. Critérios para diagnóstico da DP (Banco de Cérebros de Londres): - Primeira etapa: DX da síndrome parkinsoniana: Bradicinesia + pelo menos 1: rigidez muscular, tremor de repouso ou instabilidade postural. - Segunda etapa: Critérios de exclusão da DP: história de AVE de repetição com progressão em degraus dos sintomas, história de traumas cranianos repetidos, antecedente comprovado de encefalite, crises oclulógrias, uso de antipsicóticos desde o inicio dos sintomas, + que 1 caso de acometimento familiar, remissão prolongada dos sintomas, persistência de acometimento unilateral após 3 anos, paralisia ocular supranuclear, sinais cerebelares, acometimento autonômico precoce e acentuado, demência em fases iniciais, sinais piramidais (Babinski presente), presença de lesões expansivas intracranianas (tumores, hidrocefalia), exposição ao MPTP, resposta terapêutica ruim a altas doses de levodopa. - Terceira etapa: Critérios de sustentação: 3 ou + para dx: início unilateral, acometimento assimétrico, tremor de repouso, assimetria persistente afetando principalmente o lado de início da doença, resposta excelente à levodopa, resposta a levodopa por 5 anos ou mais, discinesia induzida pela terapia com levodopa, evolução clínica de 10 anos ou mais. Critérios de sustentação ao diagnóstico clínico da DP só podem ser preenchidos à medida que o pcte é acompanhado ao longo do tempo. - Diagnóstico definitivo continua sendo a confirmação por estudo neuropatológico. TRATAMENTO - Não há TTO medicamentoso ou cirúrgico que seja neuroprotetor ou que previna a progressão da doença. TTO visa controle dos sintomas. Levodopa continua sendo o padrão- ouro no TTO. TRATAMENTO FARMACOLÓGICO Precursor dopaminérgico (levodopa): levodopa está disponível já associada a inibidor da dopadescarboxilase periférica (benserazida ou carbidopa) que impede a sua transformação periférica em dopamina e diminui os efeitos colaterais dopaminérgicos como náuseas e vômitos. Usa 3- 4x/dia. Resposta sintomática para bradicinesia e rigidez tende a ser imediata. - Levodopa é metabolizada em dopamina pela descarboxilase dos L-aminoácidos aromáticos (dopadescarboxilase; AADC) e em 3-O-metildopa pela catecol-O-metiltransferase (COMT). Agonista dopaminérgico: estimulam diretamente receptores de dopamia, não são bem tolerados pelos idosos, com maior incidência de náuseas, vômitos, efeitos cardiovasculares e psiquiátricos. O pramipexol, agonista dopaminérgicos não ergolínico (vantagem não sofre metabolização hepatica) pode tanto ser utilizado como monoterapia nas fases iniciais, reduzindo o aparecimento de discinesias, como em associação com baixas dose de levodopa. Inibidores da catecol-0-metiltransferase (COMT): visa possibilitar um aumento da dose de dopamina no cérebro e reduzir o número de tomadas da levodopa sem aumentar as flutuações. Apenas entacapona disponível no Brasil. Sempre usa junto com a levodopa. Inibidores da monoaminoxidase tipo b (mao-b): selegilina é um inibidor irreversível da MAO-B que tem ação sobre os sintomas da doença de Parkinson por aumentar a neurotransmissão dopaminérgica, por ser metabolizada em anfetamina e metilanfetamina pode dar insônia e ideias delirantes. Rasagilina outro inibidor seletivo e irreversível da MAO-B, que aumenta os níveis de dopamina extracelular no estriado, não é metabolizada em anferamina. Amantadina: antiviral com modesto efeito benéfico e transitório, por 6 a 12 meses, tem sido utilizada para o controle das discinesias. Anticolinérgicos: biperideno e o triexifenidil, ação nos sintomas parkinsonianos é frustra e, em idosos, os efeitos colaterais como constipação intestinal, dificuldade visual, retenção urinária, alucinações, confusão mental e, principalmente, na cognição limitam o seu uso. - Embora a levodopa permaneça como a medicação mais efetiva para o TTO dos sintomas motores na DP, em certas situações como sintomas leves, tremor como sintoma predominante, idade <65a, pode-se optar por iniciar o tto cm inibidores de MAO-B ou agonistas dopaminérgicos, retardando início da levodopaterapia. TRATAMENTO NÃO FARMAOLÓGICO Fisioterapia neurológica, melhoram o desempenho motor e a qualidade de vida dos pctes. Há ganho na força muscular, flexibilidade, com melhora do equilíbrio, postura e redução da bradicinesia e rigidez. Fonoaudiólogo melhora voz e deglutição. Nutricionista permite aporte calórico, proteico e hidratação adequados, que tendem a diminuir o agravo das complicações frequentes no curso da doença. Concentração de alimentos de alto teor proteico em uma das refeições pode permitir uma estratégia farmacológica com maior disponibilidade da levodopa. COMPLICAÇÕES DA EVOLUÇÃO E TRATAMENTO DA DP Wearing-Off: deterioração de fim de dose: encurtamento do efeito do medicamento. Tenta reduzir intervalo de tomada, associar agonista dopaminérgico ou inibidor da COMT, introdução de levodopa de liberação lenta. Fenômeno On-Off: alternância de período de boa resposta a medicação e período insatisfatório: tende a ocorrer de forma abrupta, sem relação com a tomada do medicamento e com períodos maiores de imobilidade, períodos off. Discinesia relacionadas ao uso de levodopa: discinesias constituem outro grupo de complicações e se caracterizam por movimentos involuntários anormais como coreia, distonia dolorosa, atetose, mioclonia e tiques. Ajusta dose de levodopa (diminui, mas pode piorar períodos off), reduz e se possível suspende inibidores da COMT e inibidores MAO-B. EMANUELA HANNOFF PILON – MEDICINA 202 – 6ª FASE Bloqueio motor (freezing): impossibilidade súbita de iniciar ou continuar um movimento que tende a ocorrer ao cruzar um portal, entrar em um elevador: fisioterapia ajuda. Depressão: principal manifestação neuropsiquiátrica da DP: pode ter resposta satisfatória ao uso de antidepressivos tricíclicos (nortriptilina) com maior incidência de efeitos anticolinérgicos ou inibidores seletivos da recaptação da serotonina (paroxetina), e de inibidores de dupla receptação (venlafaxina). Demência: idade avançada, gravidade e duração da DP são fatores relacionados: uso de inibidores de acetilcolinesterase para o TTO de demência na DP, há evidências de que a rivastigmina é potencialmente efetiva. Alucinação e psicose: psicose pode ser decorrente a medicação, então ajusta a dose, suspensos nessa ordem se necessário: anticolinérgicos, amantadina, agonistas dopaminérgicos, evita usar antipsicótico em idosos. Síndrome de desregulação dopaminérgica: compulsão para ingerir medicação dopaminérgica ocasionando comportamentos motores complexos chamados de punding, pode estar associada a transtornos do controle de impulsos como vícios em jogos, compulsão por compras, comidas e hipersexualidade.TTO CIRÚRGICO: cirurgia estereotáctica opção estratégica para DP: pode ser por procedimento denominado ablativo, que resulta na lesão ou destruição de uma área específica do cérebro, sendo os alvos mais utilizados o tálamo, o globo pálido interno e o núcleo subtalamico. Pode ser por Estimulação profunda do cérebro (deep-brain stimulation), em que um estimulador com eletrodos é implantado por procedimento esterotáctico em alvo cerebral profundo ou por Transplante de células nervosas fetais para o estriado, que tem obtido resultados diversos: melhora sintomática, discinesias e processos neoplásicos em alguns pctes. Dx diferencial de D. Parkinson TREMOR ESSENCIAL: principal transtorno de movimento em idosos, é uma doença heterogênea, geralmente é postural ou cinético das mãos e antebraços, bilateral e com frequência 4- 6Hz, podendo acometer a cabeça, sem evidência de distonia associada. Tremor persistente, visível, metade dos casos tem HF. Impacto de incapacidade por afetar a escrita, movimento das mãos, tarefas laborais e AVDs. Trata quando tremor afeta AVD do idoso: propranolol e primidona DEPRESSÃO MAIOR: alta prevalência em pessoas idosas, cujo quadro pode constituir-se por falta de interesse, apatia, diminuição das AVD, postura curvada, fadiga, olhar para o infinito, pode confundir o profissional. PARKINSONISMO MEDICAMENTOSO OU INDUZIDO POR SUBSTÂNCIA: forma potencialmente reversível de parkinsonismo pelo uso de medicamentos de ação antidopaminpergicas: antipsicóticos (butirofenonas e fenotiazinas), antieméticos (metoclopramida, bromoprida), antagonistas dos canais de cálcio (cinarizina, flunarizina), anti- hipertensivos (metildopa, reserpina, anlodipino), amiodarona, lítio...Sintomas podem levar meses para desaparecer. PARKINSONISMO VASCULAR: + em hipertensos, com história de AVE ou que tem fatores de risco para DCV, DM, dislipidemia, tabagismo e doença coronariana. Resulta da oclusão das artérias lenticuloestriadas, que irrigam os núcleos da base, ou de outras lesões vasculares no mesencéfalo: múltiplos infartos lacunares subcorticais: produzem sintomas de parkinsonismo. Tremor é raro, geralmente só MMII acometidos, com rigidez, bradicinesia e instabilidade postural. - Critérios diagnóstico: sinais e sintomas parkinsonianos após AVE, progressão em degraus dos sintomas, síndrome parkinsoniana simétrica e predominante em MMII, outros sinais neurológicos focais e presença de fatores de risco para DCV, evidencia de lesões vasculares em substância branca e núcleos da base na neuroimagem, resposta ruim a terapêutica com levodopa. HIDROCEFALIA DE PRESSÃO NORMAL: ocasiona marcha com passos curtos, perda dos reflexos posturais e bloqueio motor, aparecimento posterior de incontinência urinária e demência: exames de imagem selam o diagnóstico. PARKINSONISMO TÓXICO: contato com algumas substâncias como o monóxido de carbono e o manganês ocasionando síndrome parkinsoniana. Parkinsonismo pelo MPTP é irreversível e muito semelhante a DP. Outras substâncias potencialmente indutoras de parkinsonismo: metanol, herbicidas, organofosforados. PARKINSONISMO PÓS ENCEFALITICO: menos tremor e mais rigidez e acinesia, além de produzir movimentos involuntários na cabeça e olhos, conhecidos como crises oculógiras. Parkinsonismo pode também ser decorrente de neurossífilis, traumatismo cranioencefálico, tumores cerebrais, doenças metabólicas (hipoparatireoidismo). OSTEOARTRITE DA COLUNA VERTEBRAL: cursa com imobilidade, pode simular a DP, análise mais global redireciona para o diagnóstico correto. SÍNDROMES PARKINSONISMO-PLUS: formas mais incapacitantes de parkinsonismo secundário, com sintomatologia “atípica”, nas quais o processo degenerativo acomete outras regiões SNC de forma mais intensa que na DP. - Sintomas atípicos ou sinais de alerta indicativos de possível Parkinson-plus: sinais parkinsonianos simétricos, acometimento precoce da fala e da deglutição, alterações precoces do equilíbrio e da marcha, presença de sinais piramidais (espasticidade e hiper-reflexia) e cerebelares (ataxia, dismetria), mioclonias, disfunções autonômicas precoces e acentuadas, demência em fase inicial da doença, pouca ou nenhuma resposta à levodopa desde o início do TTO. Paralisia supranuclear progressiva: primeiro sintoma é perda do equilíbrio e quedas durante a marcha, alterações da personalidade, depressão, irritabilidade, esquecimento, sinais de comprometimento do lobo frontal. Visão embaçada e dificuldade para controlar movimentos dos olhos: paralisia do olhar conjugado para baixo. Fala se torna arrastada, pouco articulada, disfagia. o Início dos sintomas mais tardio que na DP (por volta dos 60 a 70 anos) - Instabilidade postural com quedas frequentes no início do quadro o Disartria e disfagia; Redução do reflexo de piscar (“fixação do olhar”); Paralisia do olhar conjugado; Blefarospasmo e outras distonias focais (principalmente na região cervical); Demência em fases mais avançadas. Atrofia de multiplos sistemas: engloba síndrome de Shy- Drager, degeneração estriatonigral e atrofia olivopontocerebelar. Predomínio de bradicinesia e rigidez, alteração precoce da marcha, instabilidade postural e ocorrência de quedas. Subtipos: - AMS-P (predomínio do parkinsonismo, 80% dos casos): idade de início semelhante à DP, tremor não é muito evidente e os sintomas predominantes são a rigidez e a acinesia, parkinsonismo simétrico, progressivo, tendência precoce a quedas, hiper-reflexia, disartria e disfagia, disfunção autonômica: hipotensão ortostática, impotência sexual, incontinência urinária alterações da sudorese, atrofia da íris, apneia do sono, má resposta à levodopa. - AMS-C (predomínio de ataxia cerebelar): sinais piramidais e PS com ataxia da marcha, disfunções autonômicas precedem as alterações motoras, dificuldade na fala, demência e alterações visuais podem ocorrer, neuroimagem: atrofia cerebelar e aumento das cisternas cerebelopontinas. Degeneração corticobasal: geralmente após 60 anos, sinais de parkinsonismo associados a sinais de comprometimento cortical, com alterações de linguagem e percepção, apraxia e desorientação. Início assimétrico, mas já nas fases iniciais comprometimento cortical e ausência de resposta e levodopa. Doença evolui de forma mais rápida que a DP. - Síndrome rígido-acinética progressiva; Assimetria acentuada do parkinsonismo; Distonias frequentes/mioclonias associadas - Disfunção cortical associada: hiper-reflexia, apraxia, perda sensorial cortical; Movimentos em espelho ou levitação de um braço (“mão alienígena”); Má resposta à levodopa - Neuroimagem: atrofia assimétrica dos lobos frontal e parietal Demência com Corpos de Lewy: neurodegenerativa, declínio cognitivo progressivo, alucinações visuais (bem detalhadas), flutuações do nível de atenção e síndrome parkinsoniana. Evolução + rápida do que na DP. Lesões são mais difusas e envolvem extensas áreas do córtex cerebral. - Sd. parkinsoniana simétrica, de predomínio rígido-acinético; Flutuações cognitivas evidentes na ausência de estados confusionais agudos; Alucinações visuais recorrentes; Ocorrência de quedas e síncope; Hipersensibilidade ao uso de antipsicóticos; Resposta ao uso de inibidores da acetilcolinesterase. DOENÇA DE HUNTINGTON: distúrbio genético degenerativo, pode manifestar no idoso com rigidez e acinesia, HF e presença de demência concomitante norteiam o diagnóstico. Tríade: movimentos coreicos, distúrbios da personalidade e declínio cognitivo. OUTROS TRANTORNOS DO MOVIMENTO TRANSTORNOS DO MOVIMENTO INDUZIDOS POR MEDICAMENTOS: agentes que apresentam ação bloqueadora dos receptores D2 da dopamina como fenotiazinas, butirofenonas, metoclopramida, antipsicóticos típicos, flunarizina e cinarizina. Parkinsonismo: em torno dos 3 primeiros meses de uso das medicações:bradicinesia simétrica, tremor fino de extremidades. Distonia: síndrome caracterizada por contratura muscular sustentada, com movimentos repetidos ou postura anormal e viciosa, com movimentos de torção. Acatisia: inquietude motora: movimentos irrequietos das pernas, balanço do corpo, incapacidade de ficar sentado, parado, quieto. Discinesia: variedade de movimentos involuntários anormais, coreiformes, atetoides, rítmicos da língua, mandíbula ou extremidades. No idoso tende a acometer a face e a boca; COREIA: movimento irregular, espasmódico, rápido, dos segmentos distais dos membros, face e estruturas axiais. Pequena prevalência no idoso, com causa não estabelecida, diferenciando-se patologicamente por pequena perda celular no núcleo caudado e putame e sem alterações degenerativas no córtex cerebral. Nos idosos, a sintomatologia não interfere nas atividades de vida diária, sendo reservada a utilização de hidrato de cloral ou valproato nos casos de acometimento dos músculos orofaciais e do pescoço. ATAXIAS: sinal neurológico de incoordenação motora e desequilíbrio que pode estar presente em uma série de doenças cerebelares, vestibulares ou sensitivas, podendo ser adquiridas (metabólicas, infecciosas, vasculares, autoimunes) ou hereditárias e degenerativas. Fonte: Tratado de Geriatria e Gerontologia Livro da Liga de Geriatria e Gerontologia da UNESC
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