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55 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Unidade II 5 INSTRUMENTO DE ANÁLISES CONTÁBEIS E CUSTOS 5.1 Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Segundo Iudícibus e Marion (2007), a Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) tem como objetivo principal apresentar de forma resumida o resultado apurado em relação ao conjunto de operações realizadas em um determinado intervalo, normalmente de doze meses, mostrando seu resultado (lucro ou prejuízo) do período. A DRE é um sistema de informação indispensável para a empresa, pois é utilizado pelos administradores para prestar contas sobre os aspectos públicos de responsabilidade da sociedade, perante acionistas, credores, governo e a comunidade em geral. Têm, portanto, por objetivo revelar, a todas as pessoas interessadas, as informações sobre o patrimônio e os resultados da instituição. Como o próprio nome sugere, a DRE é formada por contas de resultado. Estas, por sua vez, são compostas de custos, despesas e receitas da organização (BORNIA, 2002). Ela é constituída por receitas que foram ou serão recebidas e por despesas que foram ou serão pagas, o que indica que o lucro inevitavelmente transita pelo caixa da empresa. Segundo Gomes, Gomes e Almeida (2002) o desempenho da empresa é medido usualmente pelo resultado contábil, embasado na contabilidade e na adoção de critérios de reconhecimento de lucro. Os resultados desse processo são apresentados através da DRE, que relaciona receitas, despesas, ganhos e perdas da organização. Porém, ela não apresenta os efeitos de todos os eventos que afetam o caixa da companhia, nem reflete os fluxos de recursos dentro e fora da sociedade durante determinado período. Na DRE é possível aferir um resumo anual de todo fluxo de caixa ocorrido no período. É no resultado final que identificamos se há uma rentabilidade do ano ou não, e ele aponta os indicadores que estão fora de contesto, facilitando a verificação do causador e entendimento deste resultado. DRE são lucros obtidos dentro da empresa, baseados nas vendas de mercadorias, serviços prestados, impostos pagos e outras despesas geradas (BORNIA, 2002). Essa demonstração tem um objetivo final, verificar todos os ganhos adquiridos de maneira evidente e clara, de modo que faça com que a instituição tome decisões financeiras cabíveis para melhorar seus rendimentos. Os valores aferidos estão distribuídos na DRE da seguinte maneira: 56 Unidade II Receitas Deduções Custos Despesas Tributos s/ lucro Participações Me rcadorias Serviços Tributos sobre vendas Abatimentos Custo da mercadoria vendida Custo do serviço prestado Custo do produto vendido Despesas administrativas Despesas comerciais Despesas financeiras IRPJ CSLL Empregados/entidades etc. Resultados das atividades descontinuadas Receita líquida Lucro bruto Lucro antes de impostos Lucro líquido Figura 19 Vamos pensar “operacionalmente”. Há uma lanchonete. Nela, vende-se mercadoria (hambúrgueres, batata frita etc.) e produtos (revenda de refrigerante, água etc.). Existe também a prestação de serviço: o atendimento no salão e a organização de pequenos eventos, como aniversários. Se for vendido um hambúrguer, será gerada uma receita de mercadoria. Contudo, a carne do hambúrguer foi comprada a R$ 4,00 para ser armazenada em seu estoque. Esse valor é um custo da mercadoria vendida. Durante a realização da festa de 15 anos na área VIP, foram cobrados R$ 5.000,00 pela locação do espaço. Nesse valor, estava incluso o serviço de garçons e recepcionista. O valor de R$ 5.000,00 foi uma geração de receita de serviço prestado e os gastos com os funcionários são classificados como custo do serviço prestado. No início do ano foi necessário pagar uma parcela do IPTU. Isso impacta nos resultados? Sim e deve ser lançado nas despesas financeiras. Vamos imaginar que no empreendimento exista uma regra: se o cliente deixa a bebida cair, é necessário repô-la sem qualquer tipo de cobrança. Isso impactará nos resultados? Claro! É possível lançar, como venda, as duas bebidas e estornar uma como abatimento na DRE. Logo, em sua DRE, haverá o custo de duas bebidas e a receita de apenas uma. Portanto, todas e quaisquer entradas e saídas devem ser, obrigatoriamente, registradas na DRE. A seguir temos um modelo da demonstração com todas as informações necessárias. 57 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Quadro 9 Previsão de receitas Janeiro Receita total produtos Receita total serviços Projeção da Demonstração do Resultado Receita bruta ( - ) Impostos sobre receita bruta 5% ISS 0,65% PIS 3% Cofins ( = ) Receita líquida ( - ) Custos variáveis ( = ) Lucro bruto ( - ) Gastos com pessoal Salários Impostos (13º, férias, INSS, FGTS, 1/3 férias, outros) ( - ) Despesas fixas mensais ( - ) Gastos gerais/administrativos ( - ) Verba para marketing ( - ) Depreciação ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda e juros ( - ) Pagamentos empréstimos ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda (Lair) ( - ) Imposto de Renda e Contribuição Social (24%) ( = ) Lucro líquido Agora vamos explicar cada um dos itens que compõem a DRE. Este instrumento inicia-se com as receitas brutas, ou seja, tudo aquilo que entra como finanças na organização. Uma instituição pode ter como fonte de receita produtos (bens tangíveis), receitas (bens intangíveis) ou os dois. Na DRE deve-se separar os dois itens, porque na etapa de pagamento de impostos o Imposto sobre Serviço (ISS) é calculado apenas sobre os serviços, já os impostos PIS e Cofins são calculados sobre as duas fontes de receita. É sobre a receita bruta total que são descontados os impostos PIS, Cofins e ISS. Após os descontos dos tributos obtém-se a receita líquida. 58 Unidade II Observação O lucro líquido (final da DRE) deve ser sempre menor que a receita bruta. A partir da receita líquida são deduzidos os custos variáveis que incluem o pagamento dos fornecedores e os custos de venda. Desta conta obtém-se o lucro bruto. Trata-se da receita líquida deduzida dos custos de produção, que, por sua vez, objetiva mostrar a lucratividade das operações da empresa. Do lucro bruto são deduzidas todas as despesas fixas e operacionais da organização, que vão desde os pagamentos de salários e tributos trabalhistas até a depreciação dos bens materiais. Ao final das deduções, temos o Lucro antes do Imposto de Renda e Juros. Aí então a companhia deve subtrair desse valor os empréstimos da organização (caso existam) e o resultado é chamado de Lucro antes do Imposto de Renda. Dele, subtrai-se o Imposto de Renda e a Contribuição Social, para só então chegarmos ao lucro líquido. Se compararmos a receita bruta com o lucro líquido, podemos aferir a lucratividade da instituição. Vamos entender sobre os valores que são abatidos sobre o lucro bruto: Despesas com pessoal – salários e impostos: nestes valores são somados os salários, contribuições sociais e encargos trabalhistas. Por exemplo: Considere que o salário do funcionário em questão é de R$ 2.000 por mês. Qual o custo total deste mesmo funcionário para a empresa? Para saber o valor gasto mensalmente com um funcionário é preciso, primeiramente, considerar alguns dados e custos anuais também. Veja quais são eles a seguir: • FGTS anual: 12 x 8% do salário ao mês = 12 x R$ 160,00 = R$ 1.920,00. • Férias: valor integral = R$ 2.000. • 1/3 de férias: salário/3 = R$ 666,66. • 13º salário: valor integral = R$ 2.000. • FGTS mensal: 8% do salário mensal = R$ 160. • Provisão mensal: soma de todos os demais custos abordados anteriormente (FGTS anual + Férias + 1/3 de férias + 13º salário) divididos por 12 meses = 1920 + 2000 + 666,66 + 2000 = 6.586,66 / 12 = R$ 548,88. Considere ainda o custo de R$ 8 por dia pagos como vale-transporte e mais R$ 15 diários para vale-alimentação do seu funcionário, bem como outras despesas que sua empresa possa vir a ter devido a oferecerbenefícios, por exemplo. 59 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS • Vale-transporte: 22 x R$ 8 = R$ 176,00. • Vale-alimentação: 22 x R$ 15 = R$ 330,00. Para encontrar o valor final, lembre-se ainda das deduções permitidas e previstas em lei, como é o caso do desconto do INSS e de parte do que é gasto com vale-transporte: • INSS: 9% do salário = R$ 180,00; e • Vale-transporte: 6% do salário = R$ 120,00. Confira o fechamento parcial – visto que podem existir variações conforme benefícios, descontos, números de dias trabalhados e horas extras – desta folha. • Total de custos: R$ 1.214,88. • Total de deduções: R$ 300,00. • Gasto mensal totalizado do funcionário (salário + demais custos): R$ 2.914,88. Portanto, o custo de um funcionário para uma empresa é o salário somado a 45% de encargos sobre o salário. • Despesas fixas mensais: incluem aluguel, energia, condomínio, salários (estes deduzidos na parte de gastos com pessoal), limpeza. São aquelas com que a organização terá que arcar todos os meses, indiferentemente da quantidade vendida e da receita aferida. • Gastos gerais administrativos: são os gastos gerais da organização como material de escritório, manutenção, reformas. Eles se diferem dos gastos operacionais, porque os gastos operacionais estão diretamente ligados à fabricação do produto final a ser vendido (matéria-prima, por exemplo). • Verba para marketing: toda organização deve reservar uma verba para investimento em marketing. Manutenção do site, material promocional, brindes e outros devem estar previstos nesta verba. • Depreciação: é um valor que os bens imóveis da organização vão perdendo ao longo de tempo. Depreciação corresponde ao encargo periódico que determinados bens sofrem, por uso, obsolescência ou desgaste natural. A taxa anual de depreciação de um bem será fixada em função do prazo, durante o qual se possa esperar utilização econômica. A quota de depreciação a ser registrada na escrituração contábil da pessoa jurídica, como custo ou despesa operacional, será determinada mediante aplicação da taxa de depreciação sobre o valor do bem em reais (PORTAL DA CONTABILIDADE, [s.d.]). 60 Unidade II Vejamos um exemplo: • Valor de edificações da sede: R$ 105.000,00 • Taxa anual de depreciação: 4% • Valor da depreciação no ano: R$ 105.000,00 x 4% = R$ 4.200,00 • Valor da depreciação mensal: R$ 4.200,00 : 12 meses = R$ 350,00 Ao final dos descontos de todos os valores sobre o lucro bruto, encontra-se o Lucro antes de Juros e Imposto de Renda, que corresponde ao resultado da organização após o lucro bruto ter todas as despesas financeiras descontadas. O Imposto de Renda (IR) e a Contribuição Social (CSLL) são impostos pagos levando em base o faturamento da empresa (lucro presumido) ou sobre o resultado total obtido por meio da contabilidade completa (lucro real); por este motivo, este pagamento se dá ao final da DRE. É importante se calcular o Lajir, porque deve-se considerar despesas com juros, amortizações e receitas com rendimentos de aplicações financeiras, valores que dificilmente podem se perpetuar em uma instituição, e que após um determinado período, irá sair dos descontos dos ganhos organizacionais (BORNIA, 2002). Do Lajir é descontado o valor dos empréstimos que a organização tem. Não confunda tais empréstimos com capital social. Muitas organizações recorrem a linhas de créditos bancárias para investimento e ampliação das atividades organizacionais, e o valor da parcela do empréstimo deve ser descontada do Lajir. Nem todas sociedades têm este valor a ser pago (empresas que não têm empréstimos), e caso não tenham, o Lajir será igual ao Lair. Lair é o Lucro antes do Imposto de Renda que traz o resultado obtido por um negócio sem a aplicação das taxas financeiras que acontecem na execução da cobrança do Imposto de Renda. O Lair pode ser um valor interpretado como um indicativo se o mês foi ou não lucrativo para a organização e ele servirá como base para o pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social da empresa. Se o Lair for negativo (prejuízo), não há pagamento de Imposto de Renda da Pessoa Jurídica. Lembrete Lair não é o resultado da DRE, apenas o valor encontrado antes do pagamento de impostos. O último desconto a ser efetuado na DRE é o pagamento do Imposto de Renda e da Contribuição Social. A CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido), de acordo com Cogan (2005), é um tributo federal que incide sobre todas as pessoas jurídicas (PJ) e suas arrecadações são revertidas para a seguridade social (serviços públicos destinados a aposentadoria, seguro-desemprego, direitos à saúde). A CSLL (CSSL) foi instituída pela Lei n. 7.689, de 1988. A alíquota de desconto é de 9% para pessoas jurídicas em geral e 15% no caso das pessoas jurídicas consideradas instituições financeiras, de seguros privados e de capitalização. Já o Imposto de Renda de Pessoa Jurídica é um tributo a ser pago por 61 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS todas as empresas devidamente registradas e com um registro de CNPJ. A exceção fica por conta das instituições enquadradas no regime Simples Nacional. Nesse caso, é assegurada a forma simplificada de pagamento das obrigações tributárias. A pessoa jurídica, seja comercial ou civil o seu objeto, pagará o imposto à alíquota de 15% sobre o lucro, e sociedades que atuam com atividades filantrópicas, culturais, recreativas e científicas são isentas do pagamento do Imposto de Renda. Após todos estes descontos chegamos ao lucro líquido da organização. Trata-se do rendimento real de uma empresa, ou seja, efetivamente, o que ela lucrou depois de honrar todos os seus compromissos financeiros. Para melhor entendermos como se desenvolve uma DRE, vamos elaborar um instrumento de análises com base em uma agência de viagens fictícia. Ela será hipoteticamente chamada de Future UP e apresentará os seguintes dados financeiros no ano de 2019: Tabela 3 – Investimento em bens de R$ 15.327,65 Gastos bens Qnt. Unidade Valores Computadores 4 R$ 1,229.00 R$ 4.916,00 Impressora HP Laserjet P1102w Laser 1 R$ 344.00 R$ 344,00 Cadeira p/ escritório exec. de courino com regulagem de altura - importada - Plicosa HK 8 R$ 107,97 R$ 863,80 Conjunto de 2 mesas tamburato + Armário + Balcão 2 portas + 3 nichos exec. + porta revi. 2 R$ 2,792.91 R$ 5.585,02 Cesto de lixo 2 R$ 12,50 R$ 25,00 Auto DVD Player Booster BMTV-9750 1 R$ 599.00 R$ 599,00 TV Samsung 32” LED 1 R$ 1,099.00 R$ 1.099,00 Telefone s/ fio, Ident. de ch., até 5 ramais, secretária e viva voz Intelbras Ts 6130 5 R$ 230.00 R$ 1.150,00 Suporte galão de água 5 Lt 1 R$ 29.99 R$ 29,99 Frigobar Consul CRC12A - 120 L 1 R$ 646.84 R$ 646,84 Cafeteira elétrica 15 xícaras - Britânia CP 15 1 R$ 69.00 R$ 69,00 Total R$ 15.327,65 Tabela 4 – Custos fixos mensais de R$ 22.037,24 Gasto mensal/despesas fixas Aluguel R$ 2.800,00 R$ 2.800,00 Condomínio R$ 490,00 R$ 490,00 IPTU R$ 200.00 R$ 200,00 Internet R$ 29,80 R$ 29,80 Plano de telefonia VOIP R$ 399.00 R$ 399,00 Luz R$ 150.00 R$ 150,00 Água (condomínio) - Salários - 4 diretoras sócias + 2 auxiliares operacionais (estagiários) R$ 9.722,00 R$ 9.722,00 62 Unidade II Gasto mensal/despesas fixas Encargos sobre salário R$ 4.834,44 R$ 4.834,44 Pró-labore R$ 678,00 R$ 2.712,00 Auxiliar de limpeza 1 vez por semana 4 R$ 80.00 Contador R$ 700.00 R$ 700,00 Total R$ 22.037,24 Desta maneira é possível desenvolver a DRE da agência da seguinte forma: Tabela 5 – Empréstimo de R$ 119.407,28 (em 48 parcelas) Previsão de receitas 2019 Receita total anual (apenas serviços) R$ 672.812,88 Projeção da Demonstração do Resultado Receita bruta R$ 672.812,88 ( - ) Impostos sobre receita bruta 5% ISS (apenas serviços) R$ 33.640,64 0,65% PIS (sobre receita bruta) R$ 4.373,28 3% Cofins (sobre receita bruta) R$ 20.184,39 ( = ) Receita líquida R$ 614.614,57 ( - ) Custos variáveis R$ 80.737,55 ( = ) Lucro bruto R$ 533.877,02 ( - ) Gastos com pessoalSalários R$ 149.208,00 Impostos (13º, férias, INSS, FGTS, 1/3 férias, outros) R$ 58.013,28 Transporte R$ 10.944,00 Alimentação R$ 27.360,00 Plano de saúde R$ 2.880,00 ( - ) Despesas fixas mensais R$ 57.225,60 ( - ) Gastos gerais/administrativos R$ 1.764,29 ( - ) Verba para marketing R$ 144.000,00 ( - ) Depreciação R$ 1.532,85 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda e Juros R$ 80.949,01 ( - ) Pagamentos empréstimos R$ 14.328,87 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda (Lair) R$ 66.620,13 ( - ) Imposto de Renda e Contribuição Social (24% sobre Lair) R$ 15.988,83 ( = ) Lucro líquido R$ 50.631,30 63 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Para uma empresa que tem receita bruta de R$ 672.812,88 e lucro líquido de R$ 24.786,07, pode-se afirmar que a Future UP possui uma lucratividade de, aproximadamente, 7,5%. 6 BALANÇO PATRIMONIAL, BALANÇOS SUCESSIVOS E ANÁLISES A PARTIR DO BP (LUCRATIVIDADE, RENTABILIDADE, LIQUIDEZ E ENDIVIDAMENTO) Entre os vários instrumentos contábeis que uma organização deve apresentar um dos principais é o Balanço Patrimonial (BP), que também é conhecido com Balanço Contábil. As definições de Cogan (2005) mostram que o Balanço Patrimonial é um relatório gerado ao final do ano exercício (em geral as empresas consideram o ano exercício janeiro a dezembro) e deve ser obrigatoriamente assinado por um profissional de contabilidade. Essa demonstração informa toda a situação patrimonial, ou seja, os bens, direitos e obrigações de uma insituição. Além disso, é possível identificar todos os investimentos e suas fontes de recursos. O BP apresenta toda a situação econômico-financeira da empresa, possibilitando ao gestor ter uma posição patrimonial da sociedade e conhecer todos os bens, direitos e obrigações em determinado período. Além disso, o BP permite que as fontes de recursos para os investimentos organizacionais sejam conhecidos e fornece informações sobre a evolução do patrimônio da instituição, possibilitando o planejamento tributário, distribuição de lucros e pró-labore. A previsão da obrigatoriedade de escrituração contábil e apuração do BP é decorrente de lei (Código Civil Brasileiro, artigo 1.179 e seguintes e 6.404/76 – Lei das S/A, artigo 176 e seguintes). A contabilidade deve escriturar toda a movimentação financeira, inclusive bancária, contendo a movimentação das contas: caixa, bancos conta corrente, bancos conta aplicações, numerários em trânsito etc. O BP é apresentado em forma de quadro, no qual do lado direito ficam os passivos organizacionais e o patrimônio líquido e do lado esquerdo ficam os ativos. Os passivos representam as obrigações com terceiros, ou seja, os pagamentos a serem realizados, e o patrimônio líquido engloba o capital social (capital investido pelos sócios) e o lucro líquido acumulado de anos anteriores. Já os ativos organizacionais são os bens e direitos da organização, sendo que bens são tudo aquilo que a empresa já possui e direitos correspondem ao que a instituição pode vir a ter, como, por exemplo, o pagamento de clientes (COGAN, 2005). Quadro 10 Balanço Patrimonial Ativo Passivo Bens + direitos Obrigações com terceiros Patrimônio líquido Obrigações com a empresa (sócios, lucros acumulados) Total do ativo Total do passivo + PL 64 Unidade II Os valores que compõem o BP são agrupados por ordem de liquidez, ou seja, as que se transformam mais rapidamente em dinheiro vêm primeiro, na parte de cima do Balanço (GUSMÃO; ALMEIDA, 2009). Conforme elas se tornam menos líquidas, ou seja, mais difícil a sua transformação rápida em dinheiro, vão ficando mais abaixo. No quadro anterior é possível reparar que o total do ativo é igual ao total do passivo. Isso quer dizer que ao final do ano exercício e da elaboração do BP as duas colunas devem se igualar; logo, o total do ativo deve ser idêntico ao total do passivo somado ao patrimônio líquido. Em uma análise mais aprofundada do BP, é possível perceber que os ativos e passivos estão divididos em circulantes e não circulantes. Desta forma, veja a definição dos termos que o compõem: • Ativos circulantes: direitos que a empresa possui e que consegue realizar, ou seja, transformar em dinheiro até um ano. As principais contas do circulante são, caixa, bancos, contas a receber e estoques. Observação Altos valores de estoques não são favoráveis à organização, porque para serem transformados em dinheiro os estoques devem ser vendidos, e caso não o sejam, haverá dinheiro parado. Por isso, planeje seu estoque de modo a ter produtos em circulação e não parados. • Ativos não circulantes: compostos de bens e direitos que só se transformam em dinheiro em período superior a um ano. Neles, estão os direitos de mais longo prazo, no realizável de longo prazo e os bens da empresa, como o imobilizado e os investimentos. Assim como o ativo, o passivo também está classificado desta forma: • Passivo circulante: obrigações com vencimento de um prazo de até um ano, tais como: fornecedores, empréstimos e impostos. • Passivo não circulante: composto de obrigações com vencimento superior a um ano, como empréstimos de longo prazo (acima de 12 parcelas). Patrimônio líquido é o local onde estão os recursos diretamente investidos pelos sócios e os lucros acumulados. Vamos compreender como um BP é montado. Uma agência de turismo iniciou suas atividades em 2019 com capital social (investimentos dos sócios) de R$ 150.000,00. Além deste valor, fizeram um empréstimo de R$ 50.000,00 dividido em 36 parcelas de R$ 1.478,00 (já inclusos os juros). Este montante foi gasto da seguinte forma: 65 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS • R$ 55.000,00 em máquinas e móveis. • R$ 65.000,00 colocados na conta bancária da agência para suprir urgências financeiras. • A agência no primeiro mês vendeu R$ 18.000,00, a receber em 30 dias. • Para venda de R$ 18.000,00, a agência deverá pagar R$ 13.000,00 aos fornecedores. • R$ 15.000,00 ficou no caixa da empresa para despesas menores. • Foi comprado um veículo no valor de R$ 55.000,00 para possibilitar visitas aos clientes. • Os sócios investiram R$ 15.000,00 em ações de outra empresa. A partir destas informações, montaremos o BP do referido período. Tabela 6 Balanço Patrimonial – exercício mês 1 Ativo Passivo Ativo circulante Passivo circulante Conta bancária: R$ 65.000,00 Empréstimo: 12 x R$ 1.478,00 (R$ 17.736,00) A receber: R$ 18.708,00 Fornecedores: R$ 13.000,00 Caixa: R$ 15.000,00 Salários: R$ 7.500,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Realizável a longo prazo Empréstimo: 24 x R$ 1.478,00 (R$ 35.472,00) - Imobilizado Patrimônio líquido Móveis e maquinários: R$ 55.000,00 Capital social: R$ 150.000,00 Veículo: R$ 55.000,00 Lucros acumulados: - Investimento Total do patrimônio líquido: R$ 150.000,00 Ações de outra empresa: R$ 15.000,00 Total do ativo = R$ 223.708,00 Total do passivo + PL = R$ 223.708,00 Vejam que tudo aquilo que é um direito, investimento ou bem da agência do exemplo está alocado na coluna direta do BP, já tudo o que deve ser remunerado, quitado e é de terceiros está na coluna esquerda, de passivos. Percebam também, que ao final da elaboração do BP os valores totais da coluna da direita, obrigatoriamente, devem ser os mesmos valores da coluna do total da esquerda. O empréstimo é dividido em duas partes: a circulante (parcelas em um ano) e as não circulantes (parcelas em mais de um ano até terminar). 66 Unidade II Lembrete O total do ativo é igual ao total do passivo. Uma forma mais simples de se elaborar um BP é a dos chamados balanços sucessórios, em que cada movimentação da empresa é registrada em um balancete. Considere o exemplo e as informações do balanço anterior para o desenvolvimento dos balanços sucessivos: Tabela 7 – Movimentação 1: para abrir agência, iniciou-se com um capital social de R$ 150.000,00 mais um empréstimo de R$ 50.000,00 Balanço Patrimonial – exercício mês 1 Ativo Passivo Ativo circulantePassivo circulante Conta bancária: R$ 200.000,00 Empréstimo: R$ 50.000,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Realizável a longo prazo - - Imobilizado Patrimônio líquido - Capital social: R$ 150.000,00 - Lucros acumulados: - Investimento Total do patrimônio líquido: R$ 150.000,00 - Total do ativo = R$ 200.000,00 Total do passivo + PL = R$ 200.000,00 Tabela 8 – Movimentação 2: os sócios retiram R$ 55.000,00 do banco para comprar os móveis e maquinários da empresa Balanço Patrimonial – exercício mês 1 Ativo Passivo Ativo circulante Passivo circulante Conta bancária: R$ 145.000,00 Empréstimo: R$ 50.000,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Realizável a longo prazo - - Imobilizado Patrimônio líquido Móveis e maquinários: R$ 55.000,00 Capital social: R$ 150.000,00 - Lucros acumulados: - Investimento Total do patrimônio líquido: R$ 150.000,00 - Total do ativo = R$ 200.000,00 Total do passivo + PL = R$ 200.000,00 67 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Tabela 9 – Movimentação 3: os sócios retiram mais R$ 55.000,00 do banco para comprar um carro para a agência e R$ 15.000,00 para o caixa Balanço Patrimonial – exercício mês 1 Ativo Passivo Ativo circulante Passivo circulante Conta bancária: R$ 75.000,00 Empréstimo: R$ 50.000,00 Caixa R$ 15.000,00 Ativo não circulante Passivo não circulante Realizável a longo prazo - - Imobilizado Patrimônio líquido Móveis e maquinários: R$ 55.000,00 Capital social: R$ 150.000,00 Veículo: R$ 55.000,00 Lucros acumulados: - Investimento Total do patrimônio líquido: R$ 150.000,00 - Total do ativo = R$ 200.000,00 Total do passivo + PL = R$ 200.000,00 Um Balanço Patrimonial Sucessório é feito da seguinte forma: a cada movimentação um novo registro é feito até que se encerre o ano exercício. Longe de vê-lo exclusivamente como um registro patrimonial, ele traz importantes dados sobre as fontes e utilizações de recursos na empresa. O BP é uma ferramenta contábil obrigatória para quase todas as empresas e fundamental para a análise da situação financeira dos empreendimentos. Com este instrumento é possível analisar vários aspectos do empreendimento, como suas principais fontes de recursos, grau de endividamento, liquidez e rentabilidade, o que permite que as decisões sejam tomadas com muito mais segurança a partir dessas informações (GUSMÃO; ALMEIDA, 2009). 6.1 Indicadores possíveis de serem analisados a partir do BP Figura 20 68 Unidade II Rentabilidade Saber qual a rentabilidade da empresa é importante para visualizar se o seu negócio está “valendo” a pena ou se ele acabará acumulando dívidas e prejuízos. Em outras palavras, trata-se do percentual de remuneração do dinheiro aplicado (YAMASHITA; BOEGER, 2005): Indicadores: Retorno sobre os ativos = Lucro líquido / Ativo total Retorno sobre o patrimônio líquido = Lucro líquido / Patrimônio líquido Lucratividade A lucratividade é um indicador de eficiência da produção e vendas da organização, apresentado de forma percentual e que indica qual é o lucro que a empresa consegue gerar sobre o trabalho que desenvolve. Trata-se de um dos principais indicadores econômicos da sociedade, ligado diretamente com a competitividade do negócio. Enquanto a rentabilidade avalia o quanto o empreendimento está sendo rentável, a lucratividade avalia quanto é o ganho de lucro (YAMASHITA; BOEGER, 2005). Lucratividade = (Lucro líquido / Receita bruta) x 100 Liquidez A liquidez representa a facilidade que um ativo tem em ser transformado em dinheiro para averiguar o crédito de uma empresa, ou seja, sua capacidade monetária para cumprir com suas obrigações do passivo. Os índices de liquidez estão divididos em quatro categorias e quanto menor ele for maior o risco de endividamento e não cumprimento dos passivos (YAMASHITA; BOEGER, 2005). Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante Liquidez seca = (Ativos circulantes - Estoques) / Passivos circulantes Liquidez geral = (Ativos circulantes + Realizável a longo prazo) / (Passivo circulantes + Exigível a longo prazo) Liquidez imediata: Disponível / Passivos circulantes Indicadores de endividamento É o ativo total que está comprometido para custear o endividamento da empresa com terceiros (passivos exigíveis). Endividamento = Passivo total / Ativo total Grau de endividamento = Passivo / Patrimônio líquido 69 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Estes índices não devem ser analisados de forma isolados, mas em conjuntos, pois a análise isolada de algum deles pode indicar uma visão deturpada da saúde financeira da organização. Por exemplo, quando uma empresa faz um empréstimo para aumentar sua capacidade produtiva o passivo sobe muito, porém se trata de um investimento. Então, é um passivo, que trará bons retornos para a companhia. Através destes indicadores – BP, lucratividade, rentabilidade, DRE, liquidez, endividamento – é possível calcular o tempo de retorno do investimento em uma organização. Vamos entender como funcionam os indicadores. Consideremos o exemplo a seguir: A agência de turismo Week Business Travel é especializada em serviços para o público corporativo dentro do segmento de eventos e incentivos. Tem por objetivo proporcionar o melhor custo x benefício, com tranquilidade e sem preocupações aos clientes, que geralmente são grandes empresas. Ao final do seu primeiro ano exercício, os gestores apresentaram os seguintes dados contábeis: Tabela 10 Previsão de receitas 2019 Receita total anual R$ 682.960,00 Projeção da Demonstração do Resultado Receita bruta ( - ) Impostos sobre receita bruta 5% ISS (apenas serviços) R$ 34.148,00 0,65% PIS (sobre receita bruta) R$ 4.439,24 3% Cofins (sobre receita bruta) R$ 20.488,80 ( = ) Receita líquida R$ 623.883,96 ( - ) Custos variáveis R$ 81.955,20 ( = ) Lucro bruto R$ 541.928,76 ( - ) Salários R$ 61.779,60 ( - ) Impostos (13º, férias, FGTS, 1/3 férias) R$ 37.067,76 ( - ) Transporte R$ 11.088,00 ( - ) Alimentação R$ 29.700,00 ( - ) Despesas fixas mensais R$ 46.560,28 ( - ) Gastos gerais/administrativos R$ 31.879,92 ( - ) Verba para marketing R$ 18.000,00 ( - ) Depreciação R$ 1.657,44 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda e Juros R$ 304.195,76 ( - ) Pagamentos empréstimos R$ 504,48 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda (Lair) R$ 303.691,28 ( - ) Imposto de Renda e Contribuição Social R$ 72.885,90 ( = ) Lucro líquido R$230.805,38 70 Unidade II Balanço Patrimonial dez/19 Ativo circulante Caixa R$ 291.358,10 Contas a receber R$ 27.893,10 Estoque - Ativo não circulante (+) Imobilizado - (+) Gastos pré-operacionais - (+) Construção - (+) Móveis e utensílios R$ 3.025,65 (+) Equipamentos R$ 10.813,63 (+) Outros R$ 2.735,68 (-) Depreciação anual R$ 1.657,44 Total ativo R$ 337.483,60 Passivo circulante dez/19 (+) Contas a pagar R$ 24.213,92 (+) Salários a pagar R$ 8.547,30 (+) Impostos a pagar R$ 3.088,98 Passivo não circulante (+) Empréstimos e financiamentos R$ 29.310,84 Total do passivo R$ 65.161,04 Capital social R$ 81.026,34 Lucro acumulado R$ 191.296,22 Total patrimônio líquido R$272.322,56 Total passivo + Patrimônio líquido R$ 337.483,60 A partir da DRE e do BP foram calculados os seguintes indicadores: Indicadores de rentabilidade Retorno sobre os ativos = Lucro líquido / Ativo total 230.805,38 / 337.483,60 = 0,68 Retorno sobre o patrimônio líquido = Lucro líquido / Patrimônio líquido 230.805,38 / 272.322,56 = 0,84 Esses índices mostram que a empresa tem alto grau de rentabilidade, o que indica que seu gerenciamento de custos e finanças são bem executados e a companhia não apresenta risco de falência. 71 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Indicador de lucratividade Lucratividade = (Lucro líquido / Receita bruta) x 100 230.805,38 / 682.960,00 = 0,33 Este indicador mostra que que a lucratividade da empresa está em 33%, ou seja, é uma instituição considerável de lucratividade que trazretorno aos seus sócios. Indicador de liquidez Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante 319.251,20 / 35.850,20 = 8,9 Liquidez seca = (Ativos circulantes - Estoques) / Passivos circulantes A empresa não tem estoque. 319.251,20 / 35.850,20 = 8,9 Tais índices mostram se em curto prazo os ativos são suficientes para cobrir as obrigações. Isto significa dizer que os ativos de curto prazo da empresa são 8,9 maiores que as obrigações de curto prazo. O resultado maior que 1 indica que a companhia demonstra folga no disponível para quitar com as obrigações. Indicadores de endividamento Trata-se do ativo total que está comprometido para custear o endividamento da empresa com terceiros (passivos exigíveis). Endividamento = Passivo total / Ativo total 65.161,04 / 337.483,60 = 19% Grau de endividamento = Passivo / Patrimônio líquido 65.161,04 / 272.322,56 = 23% Esse índice revela o grau de endividamento da empresa, isto é, se ela financia seu ativo com recursos próprios (patrimônio líquido) ou de terceiros (passivo circulante + exigível a longo prazo) e em qual proporção. Quanto maior for o índice, maior será o montante de dinheiro de terceiros que está sendo empregado para gerar lucros. Significa que 19% dos ativos da sociedade são financiados por terceiros e que seu grau de endividamento é de 23%, o que é considerado baixo (YAMASHITA; BOEGER, 2005). 72 Unidade II Percebam como os indicadores fornecem uma visão ampla sobre o gerenciamento dos custos, das finanças e da estrutura patrimonial da organização. Sem esses indicadores é impossível ao gestor prezar pela saúde financeira da organização. 6.2 Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) A Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC), apesar de obrigatória apenas a partir de 2007, já possuía adeptos em função da praticidade que oferece no controle de informações financeiras. Conforme estudado, os ativos e passivos possuem grupos e subgrupos. Entre eles, temos os grupos que determinam o prazo, isto é, circulante ou não, de acordo com o exercício social. A DFC acompanha as variações que acontecem no grupo de disponibilidades do ativo, ou seja, atua no regime de caixa da organização (RICCI, 2010). Lembrete No BP, o ativo é o conjunto de bens e direitos da entidade e o passivo é composto de obrigações. As disponibilidades tratam da liquidez da organização. Delas podemos trazer como exemplo, nas entradas de caixa, as vendas à vista, o recebimento de valores referentes a notas fiscais emitidas, os juros recebidos. Pensando na redução da liquidez, na saída de caixa, temos os pagamentos à vista aos fornecedores, os juros bancários etc. O fluxo de caixa, assim como as outras demonstrações, demanda organização padronizada para seus lançamentos. Quadro 11 Atividades operacionais Atividades de investimento Atividades de financiamento Representam o monte de recursos que a empresa gerou com vendas de seus produtos/serviços Representam o quanto a empresa investiu do seu lucro (excedente) Representam o quanto a empresa necessitou buscar de dinheiro fora (banco, sócios, empréstimos) Quando se fala em lançamentos de fluxo de caixa é importante ressaltar que os valores deverão impactar nas disponibilidades da empresa. Algumas transações, apesar de reduzirem o lucro (por meio da DRE) e contribuírem para a formação de preços, não interferem no fluxo de caixa, como a depreciação, a amortização e a exaustão (RICCI, 2010). Também são considerados apenas na DRE os provisionamentos como férias e 13º salário. 73 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Consta a seguir a representação de uma DFC: Quadro 12 DFC Atividades operacionais Vendas à vista Recebimento de clientes Recebimento de juros Pagamento de fornecedores Pagamento de impostos Pagamento de despesas diversas Caixa líquido – Atividades operacionais Ativdades de investimento R$ - Aquisição de imobilizado Venda de investimentos Venda de imobilizado Recebimento de empréstimos Aquisição de investimentos Aquisição de imobilizado Desembolso de empréstimos Caixa líquido – Atividades de financiamento Atividades de financiamento RS - Aumento de capital Emissão de novas ações Empréstimo/financiamentos Pagamento de dividendos Recompra de ações da empresa Pagamento de empréstimos Caixa líquido – atividades de financiamento R$ - Variação de atividades e equivalente R$ - Saldo inicial de caixa e equivalentes Saldo final de caixa e equivalentes Para uma melhor compreensão da atuação do Demonstração do Fluxo de Caixa na organização, apresentaremos a seguir o movimento financeiro da empresa Mieldazis S.A., por meio de Demonstrações de Balanço Patrimonial (BP), Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL). 74 Unidade II Tabela 11 Mieldazis S.A. Balanço Patrimonial Ativo Ano 20x1 Ano 20x2 Passivo Ano 20x1 Ano 20x2 Ativo circulante Passivo circulante Disponibilidades Fornecedores R$ 300,00 R$ 600,00 Banco R$ 150,00 R$ 250,00 Empréstimos a pagar R$ 400,00 R$ 600,00 Direitos realizáveis Tributos a pagar R$ 200,00 R$ 400,00 Estoque R$ 550,00 R$ 510,00 Passivo não circulante Cliente R$ 600,00 R$ 850,00 Exigível a longo prazo Ativo não circulante Financiamentos R$ 500,00 R$ 100,00 Realizável a longo prazo R$ 100,00 R$ 100,00 Patrimônio líquido Investimento R$ 400,00 R$ 400,00 Capital social R$ 1.000,00 R$ 1.000,00 Obras de arte Lucros retidos R$ 100,00 R$ 310,00 Imobilizado Veículo R$ 600,00 R$ 800,00 Intangível Marcas e patentes R$ 100,00 R$ 100,00 Ativo R$ 2.500,00 R$ 3.010,00 Passivo R$ 2.500,00 R$ 3.010,00 Tabela 12 Mieldazis S.A. DRE (+) Receitas brutas R$ 3.000,00 (-) Deduções das receitas R$ - (=) Receita líquida R$ 3.000,00 (-) Custos R$ 1.600,00 (=) Lucro bruto R$ 1.400,00 (-) Despesas operacionais R$ 900,00 (=) Lucro antes dos impostos R$ 500,00 (-) Provisão para imposto de renda R$ 200,00 (=) Lucro líquido R$ 300,00 75 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Tabela 13 Mieldazis S.A. Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMLP) Capital Reserva legal Reserva estatutária Reserva de reavaliação Lucro retido Total do PL Saldo inicial 20x1 R$ 1.000,00 R$ - R$ - R$ 100,00 R$ 1.100,00 Modificações R$ - Aumento de capital R$ - R$ - Lucro do período R$ 300,00 R$ 300,00 Destinação do lucro R$ - Reserva legal R$ - Reserva estatutária R$ - Dividendos - R$ 90,00 - R$ 90,00 Saldo final 20x2 R$ 1.000,00 R$ - R$ - R$ - R$ 310,00 R$ 1.310,00 Vamos começar a montar a Demonstração do Fluxo de Caixa. Temos uma diferença de R$ 100,00. Ao analisar a conta de clientes (realizáveis no BP), veremos que no 1º ano ela fechou com R$ 600,00 (BP), e no mesmo período (DRE) tivemos R$ 3.000,00 de receita líquida. Com isso, tínhamos a receber, ao longo do ano 20X1, o montante de R$ 3.600,00. A conta clientes apresenta como saldo do ano 20X2 o total de R$ 850,00. Logo, podemos afirmar que recebemos, de fato, o valor de R$ 2.750,00 durante o período. Ainda analisando as disponibilidades (liquidez), precisaremos saber o valor do pagamento a fornecedores. Contudo, não é possível fazer isso antes de analisar as compras realizadas. Para melhor compreender as compras, faz-se necessário analisar o custo das mercadorias vendidas (CMV). A fórmula mais utilizada para isso é apresentada a seguir. CMV = Estoque inicial + Compras + Estoque final R$ 1.600,00 = R$ 550,00 + “X” + R$ 510,00 Compras = R$ 1.560,00 Seguindo a mesma linha de raciocínio dos recebimentos, simularemos as compras a prazo. Nossa obrigação com fornecedores era de R$ 300,00 (BP) e efetuamos R$ 1.560,00 (CMV) em compras. Com isso, sabemos que teria R$ 1.860,00 a pagar constando no Balanço Patrimonial no passivo circulante. Contudo, o saldo lá registrado é de R$ 600,00, o que nos leva a deduzir que já efetuamos um pagamento de R$ 1.260,00. Analisando ainda as atividades operacionais da DFC, temos as despesas que constam na DRE.Podemos identificar que nenhuma delas foi provisionada (regime competência) para pagamento no passivo circulante (regime de caixa). Com isso, é possível concluir que todo esse valor foi reduzido das disponibilidades (BP). 76 Unidade II Ao verificar as atividades de investimento, detectamos que temos apenas a variação no imobilizado. Ele era de R$ 600,00 e passou para R$ 800,00, o que nos leva a concluir que tivemos uma redução nas disponibilidades, de R$ 200,00, para pagar a aquisição desse imobilizado. Se tivéssemos identificado um aumento de capital, poderíamos relacioná-lo à compra desse imobilizado para a empresa, mas não foi o caso. E, finalmente, trataremos das atividades financeiras. Os grupos a serem avaliados serão o exigível a longo prazo, o patrimônio líquido e os empréstimos e financiamentos do passivo circulante. Em nosso exemplo verificamos a conta empréstimos a pagar, do PC, com saldo inicial de R$ 400,00 e final de R$ 600,00. Com isso, entendemos que os R$ 200,00 de diferença serviram de aporte nas disponibilidades (talvez até para a aquisição daquele imobilizado analisado anteriormente). No grupo de exigível a longo prazo verificamos, na conta de financiamentos a pagar, uma redução de R$ 400,00, sinalizando o pagamento de empréstimos. Portanto, deduzimos que houve uma diminuição nos disponíveis do balanço. Analisando agora o PL, verificamos que o capital social não variou. Contudo, a conta de lucros retidos apresentou um aumento de R$ 210,00. Com isso fica fácil identificar que esse crescimento ocorreu em função do resultado da DRE. Entretanto, se olharmos a DRE, seu resultado foi de R$ 300,00. E agora? Chegou a hora de utilizarmos a DMPL. Ao examinarmos essa demonstração, verificamos que houve distribuição de dividendos de R$ 90,00. Como a conta de dividendos a pagar não foi lançada no passivo circulante, significa que o valor já foi pago, reduzindo assim as disponibilidades do ativo circulante. Ao lançar tudo isso na DFC encontraríamos, como variação de caixa, o valor de R$ 100,00 já identificado no BP, em disponíveis. Vamos conferir: Tabela 14 DFC Atividades operacionais Vendas à vista R$ - Recebimento de clientes R$ 2.750,00 Recebimento de juros R$ - Pagamento de fornecedores R$ 1.260,00 Pagamento de impostos R$ - Pagamento de despesas diversas R$ 900,00 Caixa líquido – atividades operacionais R$ 590,00 Ativdades de investimento Venda de investimentos R$ - Venda de imobilizado R$ - Recebimento de empréstimos R$ - Aquisição de investimentos R$ - 77 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS DFC Aquisição de imobilizado R$ 200,00 Desembolso de empréstimos R$ - Caixa líquido – atividades de financiamento R$ 200,00 Atividades de financiamento Aumento de capital R$ - Emissão de novas ações R$ - Empréstimo/financiamentos R$ 200,00 Pagamento de dividendos R$ 90,00 Recompra de ações da empresa R$ - Pagamento de empréstimos R$ 400,00 Caixa líquido – atividades de financiamento R$ 290,00 Variação de atividades e equivalente R$ 100,00 Saldo inicial de caixa e equivalentes R$ 150,00 Saldo final de caixa e equivalentes R$ 250,00 O que a DFC mostra acerca dos custos organizacionais? Que a empresa analisada se encontra em uma situação de solvência. Faz-se favorável adquirir mais imobilizado e pagar dívidas a longo prazo, principalmente se obtiver desconto de juros. 6.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Antes da Lei n. 11.638 de 2007, esse controle acontecia pela Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA), pois dentro do PL do Balanço Patrimonial existia uma conta chamada lucros ou prejuízos acumulados que unificava os valores (YAMASHITA; BOEGER, 2005). Com a substituição da conta de lucros ou prejuízos acumulados – por uma única conta de mensuração denominada prejuízos acumulados –, a “conta” dos lucros foi desmembrada para possibilitar melhor compreensão e controle. Então, pode surgir o questionamento: trata-se da mesma coisa e apenas mudou de nome? Não! A DMPL é mais abrangente. Com ela podemos fragmentar cada ação do PL para melhor controle, inclusive a ação da “antiga” DLPA. Vamos conhecer o demonstração? Vejamos a seguir: Tabela 15 Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Lucros ou prejuízos acumulados em 31/12/2018 R$ 7.350,00 Lucro líquido do exercício de 2019 R$ 5.600,00 Saldo disponível R$ 12.950,00 78 Unidade II Demonstração dos Lucros ou Prejuízos Acumulados (DLPA) Reserva legal (5% do lucro líquido da DRE) - R$ 280,00 Reserva estatutária (de acordo com o estatuto) - R$ 1.120,00 Dividendos (30% lucro ajustado = DRE – Res. legal – Estat.) - R$ 2.100,00 Lucros ou prejuízos acumulados em 31/12/2012 R$ 9.450,00 Conseguimos identificar, na 1ª linha da tabela, o saldo dessa organização referente aos lucros e/ou prejuízos acumulados nos anos anteriores a 2019. Na segunda linha foi lançado o resultado do exercício atual. Reforço que o valor lançado deverá ser o mesmo da DRE. Com isso conseguimos o saldo disponível (acumulado) para as providências do exercício em andamento. Para ele, percebe-se que foram lançados valores para a reserva legal, a reserva estatutária e os dividendos. Lembrando, a reserva legal é uma parcela – obrigatória por lei – sobre o lucro líquido para atender às necessidades da empresa. A reserva estatutária é regida conforme o estatuto da sociedade e os dividendos são os valores distribuídos aos sócios a partir de uma fragmentação do lucro gerado – em geral, 30% do lucro ajustado – ou seja, do lucro líquido, depois de subtraídas as demais reservas (legal, estatutária, contingência etc.). Consequentemente, o relatório da tabela oferece o saldo final dos lucros/prejuízos acumulados, mas não informa, por exemplo, quanto há de capital na empresa. Se pensarmos que o capital também é participante do grupo do patrimônio líquido, chegamos à conclusão de que se faz necessário ampliar esse controle. Tabela 16 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL) Capital Reserva legal Reserva estatuária Reserva de reavaliação Lucro acumulado Total do patrimônio líquido Saldo em 31/12/2018 R$ 45.000,00 R$ 4.000,00 R$ 1.400,00 R$ 7.350,00 R$ 57.750,00 Modificações: R$ Aumento de capital $ 10.000,00 R$ 10.000,00 Lucro de período R$ 5.600,00 R$ 5.600,00 Destinação do lucro R$ Reserva legal R$ 280,00 - R$ 280,00 R$ Reserva estatutária R$ 1.220,00 - R$ 1.220,00 R$ Dividendos - R$ 2.100,00 - R$ 2.100,00 Saldo em 31/12/2018 R$ 55.000,00 R$ 1.680,00 R$ 5.120,00 R$ - R$ 9.450,00 R$ 71.250,00 Fica bem mais claro e amplo verificar na DMPL a localização de cada valor que pertence ao PL. O relatório também auxilia no controle das reservas, uma vez que há valores mínimos e máximos acumulados a se manter. O capital e sua evolução ficam ainda mais nítidos, permitindo melhor tomada de decisão quanto às novas integralizações. 79 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Logo, de acordo com a Lei n. 11.638, de 2007, a DLPA foi substituída pela DMPL, em função de tratar, em seu conteúdo, das variações dos prejuízos. 6.4 Payback De acordo com as orientações do Sebrae (s.d.), a viabilidade econômica e financeira é definida como uma ferramenta para o empreendedor que busca abrir uma empresa ou criar um projeto, auxiliando-o a realizar uma avaliação do futuro investimento, assim demonstrando se é viável ou não. O relevante de aplicar tal método de viabilidade é esclarecer se o plano de investimento será capaz de pagar futuramente as despesas e os custos, e em quanto tempo o fará, propondo melhorias em base do conhecimento da sociedade. Investimento Lucro Payback Figura 21 Segundo Biagio e Batocchio (2005), Payback é o período no qual o retorno do valor do capital aplicado é alcançado. Trata-se da quantidade de meses ou anos que serão necessários para que o fluxo de caixa iguale-se com o capital investido. Essa equação leva em consideração os valores reais do fluxode caixa, mas ignora o valor do dinheiro no tempo calculado. Para se analisar quanto tempo levará para que seu lucro líquido acumulado cubra o valor do seu investimento, se utiliza uma técnica chamada de cálculo de Payback, segundo Gitman (2001), muito usada e sendo a mais simples e de fácil compreensão, servindo tanto a empresas grandes para pequenos investimentos como para pequenas empresas. Payback é um termo em inglês, que significa retorno em português, e na definição feita por Padoveze (2010), ele diz se tratar de um método para medir o tempo que se precisa para que os recursos iniciais de algum investimento sejam recuperados. É muito usado para calcular projetos de riscos elevados, indicando ser viável quando o resultado do prazo for menor que o esperado. 80 Unidade II Considere um hostel, inaugurado em janeiro de 2019, cujos valores de investimento somaram R$ 297.573,00. Na tabela a seguir temos o investimento, as entradas (lucro líquido mensal) e os abatimentos no valor devido: Tabela 17 Período Entrada (lucro líquido) Abatimento(valor devido – lucro líquido) jan/19 297.573,00 0 fev/19 18.039,15 -279.533,85 mar/19 20.175,66 -259.358,19 abr/19 9.167,78 -250.190,41 mai/19 9.841,58 -260.031,99 jun/19 3.377,27 -263.409,26 jul/19 2.118,40 -261.290,86 ago/19 17.583,66 -243.707,20 set/19 4.482,65 -239.224,55 out/19 5.474,96 -244.699,51 nov/19 566,08 -245.265,59 dez/19 5.621,40 -239.644,19 jan/20 19.449,03 -220.195,16 fev/20 20.560,59 -199.634,57 mar/20 22.837,26 -176.797,31 abr/20 11.107,20 -165.690,11 mai/20 8.726,78 -174.416,89 jun/20 1.838,37 -176.255,26 jul/20 3.595,34 -172.659,92 ago/20 20.075,21 -152.584,71 set/20 6.114,70 -146.470,01 out/20 4.073,69 -150.543,70 nov/20 1.157,25 -149.386,45 dez/20 7.328,15 -142.058,30 jan/21 22.062,96 -119.995,34 fev/21 26.936,99 -93.058,35 mar/21 29.408,54 -63.649,81 abr/21 16.674,42 -46.975,39 mai/21 3.399,44 -50.374,83 jun/21 3.099,73 -47.275,10 jul/21 8.519,58 -38.755,52 ago/21 26.410,06 -12.345,46 set/21 11.254,58 -1.090,88 81 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Para que o projeto saia do papel e se torne um hostel como pretendido, foi necessário o investimento inicial de R$ 297.573. E com base no Payback, o resultado foi de que em um período de vida de dois anos e nove meses o investimento será recuperado, sendo dada uma margem de estimativa de quatro anos de vida para o projeto. O planejamento antecipado de cada detalhe e passo foi o grande responsável pelos dados positivos apresentados, desde o planejamento de liquidação com o empréstimo inicial no prazo de dois anos, gerando uma taxa mínima de juros, acarretando assim na rentabilidade e na lucratividade do investimento. Tendo posse de todas as informações referentes ao mercado – concorrência, taxa de juros, impostos, salário – e de um planejamento meticuloso, foi possível calcular o correto valor de serviços, para que, com base nos cálculos, o lucro líquido de 2019 fosse de R$ 77.377,85. Portanto, o Payback do hostel no exemplo se dará em dois anos e nove meses. Outra maneira de se calcular o Payback é dividindo o investimento total pela média de fluxo de caixa. PB (Payback) = Investimento inicial / Resultado médio do fluxo de caixa Caso uma empresa tenha feito um investimento de R$ 80.000,00 e o resultado médio mensal de seu fluxo de caixa corresponda a R$ 3.000,00, tem-se: PB = 80.000 / 3.000 = 26,7 meses (aproximadamente 27 meses, ou seja, 2 anos e 3 meses) No momento de efetuar projeções para o cálculo do Payback considere a possibilidade de perdas, principalmente no que se refere à inadimplência ou a atrasos de alguns clientes, o que afeta diretamente, ao fluxo de caixa. Vejamos outro exemplo: O setor de tecnologia e desenvolvimento de uma empresa que fabrica assentos de aviões está em busca de redução de custo na manufatura de cada assento sem abrir mão da qualidade e do prazo de entrega. Após uma minuciosa pesquisa, o gerente do departamento encontrou disponível no mercado uma máquina de montagem que irá reduzir em 10% o custo da fabricação do assento. Sabendo que cada assento tem um custo de R$ 300,00 e que são produzidas 20 mil peças mês, qual seria o Payback (retorno do investimento), uma vez que o investimento para a aquisição da nova máquina vai custar R$ 2,5 milhões? Primeiramente, analisemos os dados: • Custo atual do assento: R$ 300,00 • Redução de custo (nova máquina): 300,00 - 10% = 270 82 Unidade II • Gestão de custos (economia) por peça: 300 - 270 = R$ 30,00 • Investimento nova máquina: R$ 2.500.000,00 • Quantidade média produzida mês: 20.000 unidades • Quantidade média produzida ano: 240.000 unidades (12 meses x 20.000 assentos/mês). Vejamos: • Payback: Investimento/economia = 2.500.000 / 30 = aproximadamente 84.000 assentos. • 84.000 assentos/20.000 assentos mês = aproximadamente 4 meses para retorno, o que mostra que é vantajoso investir na nova máquina. Sobre o método Payback, ele é vantajoso por: ser simples e de fácil cálculo; permitir analisar os riscos do projeto; aumentar a segurança na tomada de decisão; e possibilitar a verificação de se é viável ou não o investimento. Por outro lado, este método pode: trabalhar com médias e não valores fixos; não considerar as altas e baixas sazonalidades; e fornecer resultados de curto prazo, sendo arriscado utilizá-lo para projetos de longa duração. Saiba mais Quer entender melhor sobre gestão de custos em turismo? Leia o artigo a seguir: ESTEVAM, M. K. et al. Precificação e análise de custos em um complexo turístico institucional. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CUSTOS, 26., 2019, Curitiba. Anais […]. Curitiba: Congresso Brasileiro de Custos, 2019. Disponível em: https://anaiscbc.emnuvens.com.br/anais/article/view/4691/4709. Acesso em: 7 maio 2020. 7 VARIAÇÃO CAMBIAL E INCIDÊNCIA NOS CUSTOS TURÍSTICOS E IMPORTÂNCIA DO GERENCIAMENTO DE CUSTOS PARA O TURISMO Gerenciar os custos turísticos vai muito além de análises dos indicadores econômicos-contábeis. Nenhuma demonstração deve ser analisada individualmente e tampouco isolada do cenário econômico no qual se está inserido. A riqueza do controle está justamente na visão holística da organização com as variáveis externas que podem influenciar os custos turísticos. Um dos fatores que mais influencia na gestão de custos turísticos é a variação cambial. Muitos elementos do setor turístico, como, por exemplo, querosene de aeronaves, petróleo, taxas aeroportuárias internacionais, vistos, combustível de navios, taxas de slots e taxas de atracamento de navios, são cotados em dólar (SEUL; SOOCHEONG, 2011). 83 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS A taxa de câmbio é a relação entre duas unidades monetárias, pois indica em moeda nacional o valor equivalente à moeda estrangeira, e no Brasil, normalmente, o parâmetro é o dólar americano. Nosso país adota um modelo de gerenciamento de câmbio conhecido como modelo flutuante (o sistema brasileiro de política cambial pode ser conhecido como flutuação suja ou flutuação administrada), o que significa que este modelo preza pela liberdade econômica de negação do câmbio, deixando que o mercado se autorregule através da oferta e da demanda, portanto, quanto mais gente está disposta a comprar dólar, mais alta será sua cotação, e quando o mercado se contrai e menos pessoas querem comprar dólar, mais baixa se torna a taxa cambial. Nas situações em que a taxa fica muito alta ou muito baixa, o Banco Central intervém, comprando dólar (para retirar do mercado e aumentar o valor) ou disponibilizando dólares no mercado (para aumentar a oferta e diminuir a cotação) (DEBORTOLI; TRETIN, 2010). Saiba mais Para localizar informações adicionais a respeito da política cambial brasileira, leia o seguinte artigo: PRATES, D. M.; CUNHA, A. M.; LÉLIS, M. T. C. A gestão do regime de câmbio flutuante no Brasil. Salvador: Anpec, 2008. Disponível em: http:// www.anpec.org.br/encontro2008/artigos/200807211144430-.pdf.Acesso em: 7 maio 2020. Figura 22 Observação Uma saída para os turistas com a alta do dólar é viajar para países com moedas menos valorizadas, como os da América Central e do Sul, mas para isso é necessário avaliar o purchasing power parity (PPP). 84 Unidade II Além de todos os preços dos produtos e serviços turísticos que já sofrem a influência do câmbio, precisamos ter ideia de que o turista analisa a variação cambial antes de decidir o seu destino. Os turistas estrangeiros verificam o poder de compra da sua moeda em relação ao Real no Brasil, e claramente o turista brasileiro irá verificar como o Real anda sendo cotado em outros países. Por exemplo, em 2019 a média de cotação do dólar de turismo no Brasil foi de R$ 4,53, o que quer dizer que para ter $ 100,00 (cem dólares) o brasileiro precisaria pagar R$ 453,00. Isso pode encarecer muito uma viagem. Por outro lado, um turista americano que decida vir ao Brasil precisará de apenas $ 1 para ter mais de R$ 4,00. Logo, a alta do dólar pode favorecer a entrada de turistas estrangeiros no Brasil, mas pode dificultar a ida dos brasileiros ao exterior. Observação Existe uma cotação para o dólar turismo e outra cotação para o dólar comercial. O primeiro pode ser comprado por pessoa física e costuma ser mais caro, por ser negociado em quantias menores. Já o segundo só pode ser negociado por empresas ou instituições financeiras em transações comerciais e investimentos. Porém, não podemos pensar que a alta do dólar irá impactar apenas os turistas que decidem sair do Brasil. Como vários elementos do segmento turístico estão cotados em dólar (petróleo, querosene, taxas), a alta do dólar pode impactar, também, o turismo interno, pois passagens, alimentos e taxas tendem a ficar mais caros. O que muitas operadoras de turismo fazem é criar uma reserva de dólares quando ele está sendo cotado por um valor mais baixo e manter o preço dos seus pacotes quando a taxa cambial aumenta. Conforme Figo (2016), a CVC, uma das maiores operadoras de turismo no Brasil, conseguiu congelar o valor do dólar na comercialização de seus pacotes. Em uma época que o dólar estava cotado a R$ 3,36, devido à ampla reserva a operadora conseguiu vender os pacotes com o dólar a R$ 2,84. A medida visava incentivar o turismo emissivo ao exterior e aumentar a participação da operadora no mercado nacional. A taxa de câmbio é ainda um critério utilizado para as empresas que atuam com turismo decidir entre investir no turismo interno ou no turismo internacional, a partir de uma possível demanda que é influenciada pelo câmbio (SEUL; SOOCHEONG, 2011). Em novembro de 2019, o dólar turismo chegou a ser vendido a R$ 4,73 nas casas de câmbio em São Paulo, um dos mais altos valores da história, desde a implantação do câmbio flutuante em 1999. O que as agências, operadoras e demais estabelecimentos que estão envolvidos com o turismo devem fazer é acompanhar a variação do dólar e o comportamento de consumo dos turistas e gerenciar as situações de acordo com suas capacidades, congelando a cotação caso tenham alguma reserva, ofertando produtos e destinos substitutos e facilitando o pagamento. Gerenciar custos em turismo é fundamental não apenas para a precificação dos produtos, mas para gerenciamento holístico de toda a cadeia produtiva do setor, que inclui transporte, hospedagem, alimentos e bebidas e também passeios. Quando um efetivo gerenciamento de custos acontece no segmento turístico é possível averiguar 85 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS o quanto custa a operacionalidade, os bens e serviços produzidos de cada setor, desta forma identificar produtividade, desperdícios, falhas podendo estabelecer melhorias e correções, tudo contribuindo para um melhor preço de venda, aumentando a rentabilidade da empresa (DEBORTOLI; TRETIN, 2010, p. 3). Ainda, “possibilita a confecção de um sistema de informações gerenciais que auxilia no processo de gestão, criando vantagens competitivas no mercado concorrente. Um sistema de informação eficiente e eficaz é pré-requisito para o sucesso gerencial” (DEBORTOLI; TRETIN, 2010, p. 3). Desta maneira, acompanhar a varação cambial para gerenciar de forma efetiva os custos do segmento turístico possibilita que a organização tenha conhecimento, e propriedade, de cada um de seus produtos e os custos que incidem sobre eles, mostrando as possibilidades de desconto, promoções, lucros e prejuízos (RICCI, 2010). O gerenciamento de custos no turismo auxilia, também, no controle, fornece dados para estabelecimento de padrões, orçamentos e previsões e depois auxilia no acompanhamento do previsto com o realizado; ainda, auxilia na tomada de decisões, fornecendo informações a respeito de diminuição de produtos, desperdícios, despesas com custos fixos e variáveis, formação de preço entre outras relevantes (DEBORTOLI; TRETIN, 2010, p. 4). Investimento Precificação Lucro Desenvolvimento Custos em turismo Tomada de decisões Diferenciação Figura 23 86 Unidade II 7.1 Purchasing power parity (PPP) Uma métrica popular de análise macroeconômica para comparar a produtividade econômica e os padrões de vida entre os países é a paridade do poder de compra ou paridade do poder aquisitivo (PPP). A PPP é uma teoria econômica que compara as moedas de diferentes países através de uma abordagem de “cesta de mercadorias”. De acordo com esse conceito, duas moedas estão em equilíbrio – conhecidas como as moedas em pé de igualdade – quando uma cesta de mercadorias tem o mesmo preço em ambos os países, levando em consideração as taxas de câmbio. Para fazer uma comparação significativa de preços entre países, uma ampla gama de bens e serviços deve ser considerada. No entanto, é difícil obter essa comparação individual devido à grande quantidade de dados que devem ser coletados e à complexidade das analogias que precisam ser desenhadas. Para ajudar a facilitar essa comparação, a Universidade da Pensilvânia e as Nações Unidas uniram forças para estabelecer o Programa Internacional de Comparação (ICP) em 1968. Com esse programa, as PPPs geradas pelo ICP baseiam-se em uma pesquisa mundial que compara os preços de centenas de vários bens e serviços. O programa ajuda macroeconomistas internacionais a estimar a produtividade e o crescimento global. A cada três anos, o Banco Mundial lança um relatório que compara a produtividade e o crescimento de vários países em termos de PPP e dólares americanos. Tanto o Fundo Monetário Internacional (FMI) quanto a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) usam pesos baseados em métricas de PPP para fazer previsões e recomendar políticas econômicas. As políticas econômicas recomendadas podem ter um impacto imediato a curto prazo nos mercados financeiros. Além disso, alguns comerciantes de divisas usam PPP para encontrar moedas potencialmente supervalorizadas ou subvalorizadas. Os investidores que possuem ações ou títulos de empresas estrangeiras podem usar os números de PPP da pesquisa para prever o impacto das flutuações da taxa de câmbio na economia de um país e, portanto, o impacto em seus investimentos. A versão relativa do PPP é calculada com a seguinte fórmula: S = P1/P2, em que: S = taxa de câmbio da moeda 1 para a moeda 2 P1 = custo do bem x na moeda 1 P2 = custo do bem x na moeda 2 A construção de índices de competitividade de preços para o turismo em um destino selecionado requer várias etapas a serem realizadas: 87 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS • Primeiro, os países de origem são escolhidos. Como visitantes de diferentes origens terão padrões distintos de compras, um conjunto de mercados de origem deve ser destacado. • Segundo, os mercados de destino são escolhidos. Estes incluem os principais concorrentes dos países selecionados como destino. Isso reflete o fato de que competitividade é um conceito essencialmente relativo. A competitividade de preço de um destinosó pode ser totalmente compreendida em comparação com destinos alternativos, o visitante pode escolher. • Terceiro, os padrões de gastos de turistas de diferentes mercados de origem devem ser identificados. A fim de calcular os índices de competitividade de preços, é necessário anexar pesos a bens diversos e serviços consumidos pelos turistas para refletir os padrões de compra. Para muitos destinos turísticos, esses pesos são disponíveis na forma de parcela da despesa de cada um dos itens da cesta do turista. • O quarto passo envolve a compilação de dados de preços relevantes. Os dados de preços podem ser compilados para cada um dos os itens que compreendem as despesas dos turistas. Uma importante fonte de dados sobre os preços pagos pelos visitantes por bens e serviços em diferentes destinos é o International Comparison Program (ICP). Os dados de preços para 255 categorias de produtos e serviços podem ser extraídos do ICP desde 1985 e atualizados para os valores atuais usando informações desagregadas do índice de preços ao consumidor para cada destino turístico concorrente. • Quinto, os dados de compartilhamento de preços e despesas são agregados. Para calcular a competitividade de preços, é necessário anexar pesos a diferentes produtos e serviços consumidos pelos turistas para refletir padrões de compra. Os pesos utilizados são a parcela da despesa de cada um dos itens na cesta de turismo (por exemplo, alojamento, alimentação, compras, entretenimento etc.). • Sexto, são calculadas paridades de poder de compra para gastos com turismo. A correspondência entre padrões de compras turísticas e dados de preços permite o cálculo da PPP para cada categoria de gasto turístico. As PPPs indicam os níveis de despesa necessários em diferentes destinos para comprar a mesma cesta de bens e serviços turísticos. Finalmente, as PPPs são ajustadas pelas taxas de câmbio para derivar índices de competitividade de preços. A ideia por trás do índice é medir o nível de preços de bens e serviços em um destino concorrente em relação aos preços em um destino selecionado. 8 EXEMPLO DE UMA ANÁLISE DE CUSTOS EM UMA AGÊNCIA DE TURISMO O turismo se destaca cada vez mais no mercado como um dos maiores geradores de renda no país. Entre os vários segmentos existentes na área, um que vem se destacando é o de viagens corporativas. Que é um mercado especializado em atuar com empresas nacionais, realizando seus processos de viagens. 88 Unidade II A agência corporativa é uma empresa especializada em serviços para o público corporativo dentro do segmento de eventos e incentivos. Tem por objetivo proporcionar o melhor custo x benefício, com tranquilidade e sem preocupações aos clientes, que geralmente são grandes instituições. Os principais produtos e serviços da empresa são: • Reservas em hotéis nacionais e internacionais. • Serviço de transfer. • Equipe terceirizada para montagem de eventos, congressos e feiras. • Locação de veículos. • Despachante. • Compra on-line. • RSVP. • Câmbio. • Elaboração de roteiros. • Web check-in. • Seguro viagem. • Assistência de embarque. • Pacotes prontos e personalizados para cada cliente. Tabela 18 – Investimento Descrição Valor Eletrônicos R$ 10.813,63 Material R$ 2.423,67 Higiene R$ 312,01 Móveis R$ 3.025,65 Softwares R$ 8.000,00 Total R$ 24.574,96 89 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Tabela 19 Custos fixos Valor Aluguel, condomínio, taxas e IPTU R$ 2.000,00 Telefone R$ 780,00 Luz R$ 100,00 Salários R$ 11.636,28 Total R$ 14.516,28 Será necessário um valor total de R$ 88.555,40 para abertura da empresa, dos quais 40% virão do financiamento bancário. Tabela 20 – Projeção da demanda Empréstimo do Banco BNDES Valor financiado R$ 35.422,16 Carência 12 meses Forma de pagamento 48 parcelas Valor R$ 896,14 Tabela 21 – Projeção de janeiro Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 130 R$ 5.200,00 Hotel R$ 30,00 110 R$ 3.300,00 Transfer R$ 20,00 0 R$ 0,00 Carro R$ 30,00 50 R$ 1.500,00 Total R$ 10.000,00 Tabela 22 – Projeção de fevereiro Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 150 R$ 6.000,00 Hotel R$ 30,00 120 R$ 3.600,00 Transfer R$ 20,00 5 R$ 100,00 Carro R$ 30,00 90 R$ 2.700,00 Total R$ 12.400,00 Tabela 23 – Projeção de março Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 220 R$ 8.800,00 Hotel R$ 30,00 240 R$ 7.200,00 Transfer R$ 20,00 0 R$ 0,00 90 Unidade II Produto Preço Projeção Receita Carro R$ 30,00 130 R$ 3.900,00 Total R$ 19.900,00 Tabela 24 – Projeção de abril Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 637 R$ 25.480,00 Hotel R$ 30,00 523 R$ 15.690,00 Transfer R$ 20,00 2 R$ 40,00 Carro R$ 30,00 259 R$ 7.770,00 Total R$ 48.980,00 Tabela 25 – Projeção de maio Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 741 R$ 29.640,00 Hotel R$ 30,00 732 R$ 21.960,00 Transfer R$ 20,00 23 R$ 460,00 Carro R$ 30,00 455 R$ 13.650,00 Total R$ 65.710,00 Tabela 26 – Projeção de junho Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 757 R$ 30.280,00 Hotel R$ 30,00 744 R$ 22.320,00 Transfer R$ 20,00 38 R$ 760,00 Carro R$ 30,00 605 R$ 18.150,00 Total R$ 71.510,00 Tabela 27 – Projeção de julho Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 683 R$ 27.320,00 Hotel R$ 30,00 568 R$ 17.040,00 Transfer R$ 20,00 13 R$ 260,00 Carro R$ 30,00 563 R$ 16.890,00 Total R$ 61.510,00 91 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Tabela 28 – Projeção de agosto Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 759 R$ 30.360,00 Hotel R$ 30,00 759 R$ 22.770,00 Transfer R$ 20,00 0 R$ 0,00 Carro R$ 30,00 621 R$ 18.630,00 Total R$ 71.760,00 Tabela 29 – Projeção de setembro Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 760 R$ 30.400,00 Hotel R$ 30,00 724 R$ 21.720,00 Transfer R$ 20,00 57 R$ 1.140,00 Carro R$ 30,00 703 R$ 21.090,00 Total R$ 74.350,00 Tabela 30 – Projeção de outubro Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 1.124 R$ 44.960,00 Hotel R$ 30,00 1.427 R$ 42.810,00 Transfer R$ 20,00 372 R$ 7.440,00 Carro R$ 30,00 795 R$ 23.850,00 Total R$ 119.060,00 Tabela 31 – Projeção de novembro Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 899 R$ 35.960,00 Hotel R$ 30,00 899 R$ 26.970,00 Transfer R$ 20,00 0 R$ 0,00 Carro R$ 30,00 507 R$ 15.210,00 Total R$ 78.140,00 Tabela 32 – Projeção de dezembro Produto Preço Projeção Receita Aéreo R$ 40,00 501 R$ 20.040,00 Hotel R$ 30,00 523 R$ 15.690,00 Transfer R$ 20,00 22 R$ 440,00 Carro R$ 30,00 449 R$ 13.470,00 Total R$ 49.640,00 92 Unidade II Tabela 33 – Demonstração do Resultado do Exercício (DRE) Receita total anual 682.960,00 Receita bruta ( - ) Impostos sobre receita bruta 5% ISS (apenas serviços) 34.148,00 0,65% PIS (sobre receita bruta) 4.439,24 3% Cofins (sobre receita bruta) 20.488,80 ( = ) Receita líquida 623.883,96 ( - ) Custos variáveis 81.955,20 ( = ) Lucro bruto 541.928,76 ( - ) Salários 61.779,60 ( - ) Impostos (13º, férias, FGTS, 1/3 férias) 37.067,76 ( - ) Transporte 11.088,00 ( - ) Alimentação 29.700,00 ( - ) Despesas fixas mensais 46.560,28 ( - ) Gastos gerais/administrativos 31.879,92 ( - ) Verba para marketing 18.000,00 ( - ) Depreciação 1.657,44 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda e Juros 304.195,76 ( - ) Pagamentos empréstimos 504,48 ( = ) Lucro antes do Imposto de Renda (Lair) 303.691,28 ( - ) Imposto de Renda e Constribuição Social 72.885,90 ( = ) Lucro líquido 230.805,38 Tabela 34 – Balanço Patrimonial (BP) Balanço Patrimonial dez/19 Ativo circulante Caixa 291.358,10 Contas a receber 27.893,10 Estoque - Ativo não circulante (+) Imobilizado - (+) Gastos pré-operacionais - (+) Construção - (+) Móveis e utensílios 3.025,65 (+) Equipamentos 10.813,63 (+) Outros 2.735,68 (-) Depreciação anual 1.657,44 Total ativo 337.483,60 Passivo circulante dez/19 93 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Balanço Patrimonial dez/19 (+) Contas a pagar 24.213,92 (+) Salários a pagar 8.547,30 (+) Impostos a pagar3.088,98 Passivo não circulante (+) Empréstimos e financiamentos 29.310,84 Total do passivo 65.161,04 Capital social 81.026,34 Lucro acumulado 191.296,22 Total patrimônio líquido 272.322,56 Total passivo + Patrimônio líquido 337.483,60 Análise de rentabilidade da empresa • Lucro líquido: R$ 230.805,38 • Receita líquida de 2014: R$ 623.883,96 • Total do ativo 2014: R$ 319.251,20 Margem líquida 230.805,38 / 623.883,96 = 0,3699 Giro do ativo 623.883,96 / 319.251,20 = 1,9542 Rentabilidade da empresa Margem líquida x Giro do ativo. 0,3699 x 1,9542 = 0,7228 Para cada real investido, a empresa terá R$ 0,72 de rentabilidade. Análise da lucratividade • Lucro antes do Imposto de Renda e Juros 2014 (Lucro operacional): R$ 303.691,28 • Receita líquida de 2014: R$ 623.883,96 Margem de lucro operacional ou lucratividade da empresa = 303.691,28 / 623.883,96 = 0,4867 = 48% Para cada real investido, a empresa terá R$ 0,48 de lucro. Índice de liquidez corrente Esse índice mostra se em curto prazo os ativos são suficientes para cobrir as obrigações. Liquidez corrente = Ativo circulante / Passivo circulante 94 Unidade II 319.251,20 / 35.850,20 = R$ 8,91 Índice de endividamento Índice de endividamento = Total do passivo / Total do ativo 65.161,04 / 337.483,60 = R$ 0,19 ou 19% Significa que 19% dos ativos da empresa são financiados por terceiros. Índice de cobertura Indica a saúde financeira da empresa. Representa a capacidade que a instituição tem em pagar sua dívida. Espera-se que esse índice não fique abaixo de: Índice de cobertura = Lajir /Juros 303.691,28 / 1.700.263,68 = 0,18 ou 18% Tabela 35 – Payback Período Valor devido Entrada(lucro líquido mensal) Valor atual Mês1 88.555,40 10.180,39 78.375,39 Mês 2 78.375,39 4.229,14 74.145,87 Mês 3 74.145,87 14.322,84 59.823,03 Mês 4 59.823,03 24.412,04 35.410,99 Mês 5 35.410,99 27.909,79 7.501,79 Mês 6 7.501,79 21.879,19 -14.377,99 De acordo com o Payback, a empresa se pagou no sexto mês de funcionamento. Saiba mais A fim de ler a respeito da gestão de custos na hotelaria, acesse o artigo a seguir: VIEIRA, W. Q.; SOUZA, M. J. B. Gestão de custos nos hotéis de lazer da região sul do Brasil. Turismo: visão e ação, v. 7, n. 3, p. 427-438, set./dez. 2005. Disponível em: https://www.redalyc.org/pdf/2610/261056112003.pdf. Acesso em: 7 maio 2020. 95 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Resumo Nesta unidade falamos sobre os principais instrumentos contábeis de gestão de custos e pudemos, também, ver alguns exemplos práticos de tais instrumentos. Para construir o resultado da organização, é necessário controlar os gastos dela, por isso deve-se conhecer bem o que são e o que interfere em cada um deles. A contabilidade mensura, registra e controla as informações financeiras das instituições. Trata-se de ferramenta essencial para a tomada de decisões estratégicas e para a gestão de custos. A fim de estudarmos melhor os instrumentos contábeis que dão subsídios à gestão de custos em turismo, vimos: Balanço Patrimonial, Demonstração do Resultado do Exercício, Demonstração do Fluxo de Caixa, Payback e Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido. Conseguimos rever o quanto o Balanço Patrimonial impacta na organização da empresa. Esse controle, por meio da regulamentação das demonstrações, oferece muito material para a tomada de decisão e projeção estratégica do negócio. Processos de inovação e de reposicionamento utilizam dados do Balanço Patrimonial em sua totalidade. Dentro do BP estudamos, além dos ativos, passivos e patrimônio líquido, a depreciação. A depreciação incide sobre o ativo imobilizado – para o caso dos bens tangíveis – e esse desgaste impacta diretamente no Balanço Patrimonial, pois deverá ser abatido do ativo imobilizado, diminuindo-o a cada período. Quando aquele bem atingir 100% de depreciação, os lançamentos negativos se encerram e o item é retirado do ativo. Deve-se salientar a importância de compreender profundamente os conceitos de patrimônio, bens, direitos e obrigações, ativo e passivo, além de todos os outros assuntos tratados aqui. Vale reforçar que o Balanço Patrimonial é o controle de maior impacto na tomada de decisão das organizações e faz-se essencial conhecermos cada um de seus encantos. Já a Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC) acompanha as variações que acontecem no grupo de disponibilidades do ativo, ou seja, atua no regime de caixa da organização. As disponibilidades tratam da liquidez da empresa. Delas podemos trazer como exemplo, nas entradas de caixa, as vendas à vista, o recebimento de valores referentes a notas fiscais emitidas e os juros recebidos. Na Demonstração do Resultado do Exercício vimos que o seu principal objetivo é detalhar cada etapa/movimentação que compõe o resultado 96 Unidade II líquido da companhia em um exercício através do confronto das receitas, custos e despesas apuradas, gerando informações significativas para tomada de decisão. Por fim, observamos que de forma ampla o gerenciamento de custos em turismo não se centra apenas na análise dos instrumentos, é necessário ter uma visão periférica e holística do segmento, entendendo todas as variáveis que influenciam nos custos, principalmente a variação cambial, que é uma das maiores interferências externas nas organizações turísticas. Exercícios Questão 1. Diversos são os fatores que implicam em volatilidade da moeda nacional. A ação dos Bancos Centrais em diminuir ou aumentar as taxas de juros de referência implicam em aumento ou diminuição do dólar americano, por exemplo, em relação à moeda doméstica. O nível de renda, a saúde da economia doméstica ou o volume de integração da economia no sistema das cadeias globais de valor são variáveis explicativas do valor do câmbio. Por ser uma importante questão do ramo do turismo é essencial que se saibam os regimes cambiais existentes. Acerca deste tema, avalie as afirmativas a seguir. I – Um país terá cotação fixa da moeda caso a autoridade monetária local tenha optado pelo uso do regime conhecido por câmbio fixo. II – Em um determinado país, a autoridade monetária local optou pelo uso do câmbio flutuante, isso significa que o valor da moeda doméstica variará de acordo com o desejo do mercado. III – Em um regime de bandas, a autoridade monetária permite que a moeda nacional flutue, desde que entre patamares mínimo e máximo estabelecidos pela própria autoridade. IV – No Brasil, o regime cambial adotado pela autoridade monetária é fixo. Estão corretas apenas: A) I e II. B) II. C) II e III. D) IV. E) I, II e III. Resposta correta: alternativa E. 97 GESTÃO DE CUSTOS E FINANÇAS EM EMPRESAS E PRODUTOS TURÍSTICOS Análise das afirmativas I – Afirmativa correta. Justificativa: como o próprio nome nos permite intuir, o regime de câmbio fixo determina um valor da moeda local em relação às demais. As forças de oferta e demanda não influenciarão a cotação nominal da moeda local. II – Afirmativa correta. Justificativa: o regime de câmbio flutuante prevê que a cotação da moeda doméstica em relação às demais será determinado pelas forças de mercado. III – Afirmativa correta. Justificativa: o regime de bandas tem um nome bastante intuitivo. As forças de mercado determinam a cotação da moeda doméstica, desde que não se ultrapasse o valor máximo ou mínimo estabelecido pelo Banco Central. IV – Afirmativa incorreta. Justificativa: o regime cambial adotado pelo Banco Central do Brasil é de flutuação suja, ou seja, a moeda pode ter variação na cotação nominal, no entanto, em momentos de maior incerteza o Banco Central age vendendo ou comprando dólar e, consequentemente, suavizando os movimentos. Questão 2. Diante de um aumento do nível de preços em solo norte-americano, o Federal Reserve System (FED) resolve praticar uma política monetária contracionista, ou seja, na tentativa de controlar os preços, o banco aumenta a taxa de juros na expectativa de que esse movimento diminua
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