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AULA 1 - DIREITOS HUMANOS 2021

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DIREITOS HUMANOS 
AULA 1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Profª Tiemi Saito 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Olá! Nesta aula, daremos início aos estudos sobre os Direitos Humanos, 
uma temática que é, ao mesmo tempo, muito comentada no senso comum e 
pouco compreendida em sua essência e extensão. Para tentar compreendê-la 
melhor, abordaremos de forma geral o sistema universal de proteção aos 
Direitos Humanos, discutindo o conjunto de instrumentos legais – nacionais e 
internacionais – órgãos, competências e procedimentos voltados à garantia 
desses direitos. 
Nesse sentido, será objeto dos nossos estudos uma visão global a 
respeito do processo histórico de proteção universal dos Direitos Humanos, 
partindo da noção de que não há um início bem-definido e declarado, mas que 
sua evolução é dinâmica e acompanha a própria evolução da sociedade ao 
longo dos anos. 
Veremos, ainda, quais são os órgãos de proteção dos Direitos Humanos 
no sistema global que se originam de tratados internacionais dos quais os 
Estados são signatários, e, por outro lado, aqueles que derivam da Carta da 
Organização das Nações Unidas (ONU). Estudaremos também o Conselho de 
Direitos Humanos, aprofundando nossas análises acerca da Revisão Periódica 
Universal, dos Procedimentos Especiais e do Procedimento de Queixas. 
Por fim, dentro da noção de Sistema Convencional, fracionaremos o 
estudo no sentido de contemplar os nove principais tratados de Direitos 
Humanos que fundamentam os mecanismos convencionais não contenciosos 
estabelecidos pelas Nações Unidas. 
TEMA 1 – SISTEMA UNIVERSAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS 
Embora os Direitos Humanos não apresentem um início específico na 
história, uma vez que acompanham as evoluções sociais, alguns documentos e 
acontecimentos internacionais foram de extrema importância para a construção 
do atual sistema global de proteção aos Direitos Humanos. Vejamos quais são 
eles. 
1.1 Histórico de proteção universal de direitos 
A Organização das Nações Unidas, fundada pela Carta das Nações 
Unidas, em 1945, no cenário pós-guerra, é a entidade que estrutura, coordena 
 
 
3 
e produz os documentos internacionais, proporcionando uma noção de sistema 
global de promoção da paz e da segurança em âmbito internacional. 
Em 1948, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948) 
promoveu um grande passo em prol da instrumentalização do sistema 
universal de direitos humanos, servindo de base fundamental para a formação 
de valores e princípios que influenciaram mais tarde os demais sistemas 
(europeu, interamericano e africano) de proteção aos direitos. 
Nesse sentido, é possível afirmar que essa declaração inovou ao 
proclamar diretrizes gerais que orbitam em torno da dignidade da pessoa 
humana, bem como universalizar a proteção aos direitos humanos que devem 
ser reconhecidos a todos os seres humanos, sem distinção de qualquer 
natureza. 
No que se refere à sua natureza jurídica, é importante salientar que, em 
um primeiro momento, do ponto de vista formal, a Declaração Universal dos 
Direitos Humanos foi aprovada como uma Resolução, e não um tratado, o que 
não lhe conferia uma obrigatoriedade vinculante, mas, de antemão, já 
influenciava o movimento internacional para a criação de sistemas de proteção 
aos direitos humanos. 
Porque o cenário encontrava-se ainda bipolarizado quanto à 
proclamação de direitos de primeira dimensão (direitos liberais) e de segunda 
dimensão (direitos sociais), tornou-se necessária a adoção de dois tratados 
distintos de direitos humanos: o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e 
Culturais, em 1966 (Brasil, 1992). 
Como os direitos civis e políticos ensejam medidas de abstenção da 
atuação do Estado, pois se configuram como direitos de liberdade em sua 
essência, entende-se que a sua aplicabilidade deve ser imediata, enquanto os 
direitos econômicos, sociais e culturais devem ter uma aplicação progressiva, 
já que, para sua garantia, o Estado precisa atuar, planejar e prever leis 
orçamentárias, políticas públicas e as demais medidas necessárias. 
Entre os direitos reconhecidos pelo Pacto Internacional sobre Direitos 
Civis e Políticos, podemos citar o direito à vida, à igualdade entre homens e 
mulheres, à proibição de tortura e de penas ou tratamentos cruéis, desumanos 
ou degradantes, à proibição de escravidão, de servidão e de submissão a 
trabalho forçado, à liberdade e à segurança pessoal, à integridade do preso, à 
 
 
4 
não prisão por descumprimento de obrigação contratual, ao direito de 
circulação, ao juízo natural, à presunção de inocência, à tipicidade penal, à 
personalidade jurídica, à vida privada, à liberdade de pensamento, consciência 
e religião, à liberdade de expressão, ao direito de reunião (que pode ser objeto 
de restrições impostas em conformidade com a lei e que são necessárias numa 
sociedade democrática, no interesse da segurança nacional, da segurança 
pública ou para proteger a saúde e a moral públicas ou os direitos e as 
liberdades de outrem), direito de associação, inclusive de constituir sindicatos, 
proteção à família, proteção à criança, direito de participação política, igualdade 
perante a lei e igual proteção da lei, proteção às minorias, entre outros. 
No que tange ao Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais 
e Culturais, podemos destacar como direitos reconhecidos a igualdade entre 
homens e mulheres, o direito ao trabalho, o direito a condições de trabalho 
justas e favoráveis, a liberdade sindical, a segurança social, a proteção e a 
assistência à família, o direito a um nível de vida adequado de alimentação, 
vestimenta e moradia, o direito à saúde, à educação, à vida cultural. 
Para que se garanta, por exemplo, o direito à saúde, é preciso que o 
Estado adote medidas necessárias para a redução da mortalidade e da 
mortalidade infantil, buscando melhorias no que se refere ao desenvolvimento 
da criança e do adolescente, promova melhorias referentes à higiene do meio 
ambiente e industrial, viabilize a profilaxia, o tratamento e o controle de 
doenças epidêmicas, assegure o acesso a serviços médicos etc. 
Nesse sentido, fundamenta-se quanto aos direitos econômicos, sociais e 
culturais a necessidade de uma aplicação progressiva que adote de maneira 
efetiva as medidas necessárias para a garantia destes, evitando ao máximo o 
retrocesso social. A junção de todos os referidos documentos – a Declaração 
Universal dos Direitos Humanos, o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e 
Políticos e o Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais 
– constitui a Carta Internacional dos Direitos Humanos (ONU, [S.d.]), também 
conhecida como International Bill of Rights, que sustenta o Sistema Universal 
de Direitos Humanos (Fachin, 2019). 
 
 
5 
TEMA 2 – ÓRGÃOS DE PROTEÇÃO UNIVERSAL DE DIREITOS HUMANOS 
NO SISTEMA GLOBAL 
Na medida em que os direitos humanos foram se incorporando às 
discussões em âmbito global, a violação desses direitos deixou de ser um 
problema meramente interno de cada Estado e passou a integrar a pauta da 
comunidade internacional. 
Diante disso, surge a noção de responsabilidade internacional dos 
Estados em matéria de Direitos Humanos, e, assim, o Estado que descumprir 
suas obrigações internacionais ferindo direitos humanos poderá responder por 
seus atos ou omissões perante a comunidade internacional. 
Para promover a proteção aos direitos humanos e fiscalizar o 
cumprimento das obrigações internacionais, tornou-se necessária a instituição 
de órgãos e mecanismosconvencionais, que são originados de tratados 
internacionais, e extraconvencionais, que derivam da própria Carta da ONU e 
da atuação de seus órgãos. 
No âmbito do Sistema Convencional, os Estados signatários dos 
tratados comprometem-se a garantir e proteger os direitos ali instituídos, e suas 
atuações e omissões são monitoradas por comitês que verificam o 
cumprimento das obrigações estatais de acordo com o documento 
internacional, recebem e verificam as petições ou comunicações de violação de 
direitos. 
Já o Sistema Extraconvencional aplica-se a todos os Estados, mas tem 
como fundamento a Cooperação Internacional em matéria de Direitos 
Humanos, que dispõe de mecanismos temáticos que visam à proteção de tais 
direitos, sugerindo medidas que devem ser tomadas para a sua garantia. 
TEMA 3 – O CONSELHO DE DIREITOS HUMANOS 
O Conselho de Direitos Humanos compõe o Sistema de Direitos 
Humanos da ONU como principal órgão de incentivo e promoção desses 
direitos em âmbito global. É encarregado de promover o respeito universal a 
tais direitos com base na universalidade, na imparcialidade, na objetividade, na 
não seletividade e na cooperação internacional entre os Estados. 
Substituiu a Comissão de Direitos Humanos em 2006 e é composto de 
representantes de 47 Estados, cuja distribuição se dá de maneira geográfica 
 
 
6 
equitativa, atualmente com 13 assentos para a África, 13 assentos para Ásia-
Pacífico, 8 assentos para a América Latina e Caribe, 7 cadeiras para a Europa 
Ocidental e outros Estados e 6 cadeiras para a Europa do Leste. 
Os membros do conselho são eleitos pela maioria absoluta dos 
membros da Assembleia Geral, por voto direto e secreto, para o mandato de 
três anos, sendo vedada a recondução imediata após o exercício de dois 
mandatos subsequentes. Para tanto, dois critérios devem ser observados pelos 
candidatos: o primeiro é a sua contribuição para a promoção e a proteção dos 
direitos humanos, e o segundo está relacionado aos compromissos que 
assumiram durante a campanha. 
O conselho realiza pelo menos três sessões ordinárias durante o ano e 
possibilita a convocação de sessões especiais, desde que haja o voto 
afirmativo de pelo menos 1/3 dos membros da casa. Suas atuações contam 
com o auxílio de Comitês Consultivos. 
3.1 Revisão Periódica Universal 
A Revisão Periódica Universal (RPU) foi estabelecida pela Resolução n. 
60/251, em 2006 (Fachin, 2019), quando da criação do Conselho de Direitos 
Humanos. Trata-se de um instrumento de cooperação internacional que busca 
promover a avaliação mútua entre os Estados quanto à situação de direitos 
humanos, propondo um conjunto de recomendações pautado no tratamento 
igualitário para todos os países. 
É por meio da RPU que, com base na universalidade, na abrangência e 
no tratamento igual a todos os Estados, estes têm a oportunidade de declarar 
as ações que têm tomado para melhorar a situação dos direitos humanos e 
compartilhar as melhores práticas que vêm alcançando êxito. 
3.2 Procedimentos Especiais 
Os Procedimentos Especiais foram instituídos pela Resolução n. 1.235 
(Fachin, 2019), por meio da qual é possível examinar informações indicativas 
de violações massivas de direitos humanos e práticas de discriminação racial. 
Para tanto, atribuem-se mandatos a relatores especiais para tratar desses 
temas. 
 
 
7 
Para o processamento desses procedimentos, como, por exemplo, a 
análise de uma comunicação individual, não é necessário observar o 
esgotamento dos recursos internos, e é possível desenvolvê-los por experts no 
assunto em Grupos de Trabalhos (GTs) específicos com mandatos renováveis 
de três anos ou de um ano. 
3.3 Procedimento de Queixas 
O Procedimento de Queixas é iniciado por comunicações individuais 
para verificar, diante de informações consistentes, graves violações a direitos 
humanos. O processamento desse instrumento deve seguir parâmetros de 
imparcialidade, objetividade, eficiência, orientação às vítimas, celeridade, 
cooperação dos Estados e confidencialidade. 
Para tanto, a comunicação individual que alega a violação de algum(ns) 
direito(s) humano(s) deve passar por uma análise sumária do Presidente do 
GT, que poderá rejeitá-la por anonimato ou por se tratar de alegação 
manifestamente infundada. A comunicação é encaminhada ao Estado para que 
se manifeste quanto às fundamentações e o cumprimento dos requisitos de 
admissibilidade da demanda é analisado pelo próprio GT. 
Constatada a admissibilidade da comunicação, o GT analisará o mérito, 
ou seja, os fatos ali relatados, a fim de verificar se individualmente ou em 
conjunto com outras petições há um padrão de violação de direitos humanos 
no Estado em questão. Se assim for, o procedimento é encaminhado ao GT de 
Situações, que formulará as recomendações acerca das medidas que devem 
ser tomadas e, caso entenda que efetivamente houve violação, poderá 
encaminhar o procedimento ao Conselho de Direitos Humanos. 
TEMA 4 – O SISTEMA CONVENCIONAL E OS COMITÊS TEMÁTICOS 
O Sistema Convencional é constituído principalmente de Tratados 
Internacionais de Direitos Humanos das Nações Unidas, os quais serão 
abordados a seguir. Contudo, importa observar que cada um desses tratados 
institui um Comitê Temático que busca, em síntese, a promoção da ratificação 
e da implementação de documentos pelos Estados, o recebimento e a 
avaliação dos Relatórios Periódicos dos Estados signatários, o recebimento 
 
 
8 
das comunicações individuais e as respectivas recomendações, bem como a 
promoção de debates. 
4.1 Poderes e competências gerais dos Comitês Temáticos 
A principal atuação dos Comitês deve estar voltada ao monitoramento 
dos relatórios produzidos pelos Estados Partes, pois é o instrumento por meio 
do qual serão demonstrados os avanços e desafios no cumprimento das 
respectivas convenções. 
Assim sendo, o procedimento do sistema de relatórios inicia-se pela 
submissão do relatório pelo Estado ao Secretário Geral das Nações Unidas, 
que agenda uma data dentro do período de sessões para que o comitê o 
analise. O comitê, por sua vez, pode requerer informações adicionais e inquirir 
o Estado sobre assuntos específicos por meio de uma lista de questões e 
temas a ele enviada, a fim de viabilizar um diálogo construtivo entre a 
delegação estatal e o comitê. 
As respostas do Estado devem ser elaboradas por escrito e serão 
devidamente analisadas junto a eventuais outras fontes de informações, como, 
por exemplo, em instituições nacionais de Direitos Humanos, a fim de que o 
relatório seja formalmente apreciado pelo comitê. Essa apreciação se dá em 
sessões orais e culminará na elaboração de observações e recomendações 
visando a avanços na implementação dos Direitos Humanos, com instruções 
práticas para a solução dos problemas apresentados. 
TEMA 5 – MECANISMOS CONVENCIONAIS NÃO CONTENCIOSOS 
Os Tratados Internacionais de Direitos Humanos das Nações Unidas, 
que formam o Sistema Convencional, podem ser listados a partir da 
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial 
(1965), do Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos (1966) e seus 
protocolos facultativos, do Pacto Internacional sobre Direitos Econômicos, 
Sociais e Culturais (1966) e seu protocolo facultativo, da Convenção sobre a 
Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher (1979) e seu 
protocolo facultativo, da Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou 
Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes (1984) e seu protocolo facultativo, 
da Convenção sobre os Direitos da Criança (1989) e seus protocolos 
 
 
9 
facultativos, da Convenção Internacional sobrea Proteção dos Direitos de 
Todos os Trabalhadores Migrantes e suas Famílias (1990), da Convenção 
sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência (2006) e da Convenção para a 
Proteção de Todas as Pessoas contra Desaparecimentos Forçados (2006). 
Como o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e Políticos e o Pacto 
Internacional sobre Direitos Econômicos, Sociais e Culturais já foram objeto de 
análise, verificaremos os demais tratados que compõem os mecanismos 
convencionais não contenciosos do Sistema Internacional de Proteção aos 
Direitos Humanos. 
5.1 Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação 
Racial 
Diante dos termos da Convenção sobre a Eliminação de todas as 
Formas de Discriminação Racial, o Estado Parte responsabiliza-se 
internacionalmente pelos atos racistas praticados e pela imissão em apurar os 
casos de discriminação racial por particulares. 
Para tanto, endente-se por discriminação racial, de acordo com o art. 1º 
da Convenção (Brasil, 1969): 
qualquer distinção, exclusão restrição ou preferência baseadas em 
raça, cor, descendência ou origem nacional ou étnica que tem por 
objetivo ou efeito anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou 
exercício num mesmo plano ( em igualdade de condição), de direitos 
humanos e liberdades fundamentais no domínio político econômico, 
social, cultural ou em qualquer outro domínio de vida pública. 
Para o monitoramento da proteção e a garantia dos direitos assegurados 
nessa convenção, instituiu-se o Comitê para Eliminação da Discriminação 
Racial e adotaram-se os mecanismos de relatórios, comunicações interestatais 
e petições individuais. 
5.2 Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher 
A Convenção sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação 
contra a Mulher descreve como discriminação contra a mulher, em seu art. 1º 
(Brasil, 2002), 
 
 
10 
toda a distinção, exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha 
por objeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento, gozo 
ou exercício pela mulher, independentemente de seu estado civil, 
com base na igualdade do homem e da mulher, dos direitos humanos 
e liberdades fundamentais nos campos político, econômico, social, 
cultural e civil ou em qualquer outro campo. 
Em um primeiro momento, a convenção previa apenas como formas de 
monitoramento dos seus termos a instituição do Comitê para Eliminação da 
Discriminação contra as Mulheres e o mecanismo de relatórios. Contudo, 
posteriormente, por meio de protocolo facultativo, foi instituído o sistema de 
petições individuais para que qualquer mulher vítima de violação aos seus 
direitos pudesse denunciar o caso perante o comitê. 
5.3 Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos ou Degradantes 
A Convenção contra a Tortura e Outros Tratamentos ou Penas Cruéis, 
Desumanos ou Degradantes, adotada pela ONU em 1984, designou como 
tortura, em seu art. 1º (Brasil, 1991), 
qualquer ato pelo qual dores ou sofrimentos agudos, físicos ou 
mentais, são infligidos intencionalmente a uma pessoa a fim de obter, 
dela ou de uma terceira pessoa, informações ou confissões; de 
castigá-la por ato que ela ou uma terceira pessoa tenha cometido ou 
seja suspeita de ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou 
outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em discriminação de 
qualquer natureza; quando tais dores ou sofrimentos são infligidos 
por um funcionário público ou outra pessoa no exercício de funções 
públicas, ou por sua instigação, ou com o seu consentimento ou 
aquiescência. Não se considerará como tortura as dores ou 
sofrimentos que sejam consequência unicamente de sanções 
legítimas, ou que sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. 
Diante dos termos estabelecidos por essa convenção, os Estados têm o 
dever de adotar medidas de cunho administrativo, legislativo e judicial para 
impedir a prática de atos de tortura em toda a extensão de sua jurisdição. Não 
é possível, portanto, a alegação de qualquer circunstância excepcional, como 
ameaça ou estado de guerra, instabilidades políticas internas etc. 
Para o monitoramento desse tratado, quatro mecanismos podem ser 
utilizados – o Comitê contra Tortura, os relatórios periódicos dos Estados, as 
comunicações interestatais e as petições individuais. 
 
 
11 
5.4 Convenção sobre os Direitos da Criança 
A Convenção sobre os Direitos da Criança (Fachin, 2019), adotada pela 
ONU em 1989, considera criança toda pessoa menor de 18 anos, salvo quando 
atingida por meio da legislação nacional a maioridade antes, impondo aos 
Estados a adoção de medidas administrativas, legislativas e outras que se 
fizerem necessárias para a implementação dos direitos reconhecidos nesse 
tratado, sempre observando o interesse da criança. 
O monitoramento do cumprimento dos termos dessa convenção pode 
ser realizado pelo Comitê para os direitos das crianças e pelo mecanismo de 
relatórios periódicos dos Estados Partes. 
A convenção conta ainda com três protocolos facultativos, um que trata 
do envolvimento de crianças em conflitos armados (2000), outro que se refere 
a venda de crianças, prostituição e pornografia infantil (2000) e, por fim, o que 
diz respeito ao procedimento de comunicações (2011). 
5.5 Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os 
Trabalhadores Migrantes e suas Famílias 
A Convenção Internacional sobre a Proteção dos Direitos de Todos os 
Trabalhadores Migrantes e suas Famílias foi adotada pela ONU em 1990, por 
meio da Resolução n. 45/158 (Fachin, 2019), em virtude da consciência da 
comunidade internacional quanto à situação de vulnerabilidade que 
frequentemente os trabalhadores migrantes e membros de suas famílias 
enfrentam no Estado onde conseguem um emprego. 
Há, portanto, dispositivos que buscam a proteção dos direitos desses 
trabalhadores e de suas famílias independentemente da sua situação 
migratória, no sentido de dispor acerca da não discriminação, dos direitos de 
todos os trabalhadores migrantes, dos direitos adicionais de migrantes 
documentados, das disposições aplicáveis a categorias especiais de 
trabalhadores migrantes e membros de suas famílias, da promoção de 
condições saudáveis, equitativas, dignas e legais no que se refere à migração 
internacional destes, entre outras situações. 
 
 
12 
5.6 Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência 
A Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência busca 
promover, proteger e assegurar o exercício pleno e equitativo de todos os 
direitos humanos para pessoas com deficiência e promover o devido respeito 
pela sua dignidade, que lhe é inerente. Para tanto, entende como pessoas com 
deficiência aquelas que “têm impedimentos de longo prazo de natureza física, 
mental, intelectual ou sensorial, os quais, em interação com diversas barreiras, 
podem obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdades de 
condições com as demais pessoas” (Brasil, 2009). 
O monitoramento dessa convenção conta com a atuação do Comitê 
sobre os direitos das pessoas com deficiência, os relatórios periódicos e, por 
meio de protocolo facultativo, com o sistema de petições individuais. 
5.7 Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra 
Desaparecimentos Forçados 
A Convenção para a Proteção de Todas as Pessoas contra 
Desaparecimentos Forçados (Fachin, 2019) dispõe que nenhuma pessoa será 
submetida a essa prática e não admite qualquer justificativa para isso. O 
desaparecimento forçado constitui a prisão, a detenção, o sequestro ou 
qualquer outra forma de privação da liberdade perpetrada pelo Estado por meio 
de seus agentes ou diante de seu apoioe a recusa em admitir tal ato ou 
declarar o paradeiro da pessoa desaparecida. 
Para monitoramento da observância dessa convenção, não há previsão 
de relatórios periódicos, mas o comitê pode requerer informações sempre que 
entender necessário. Ademais, é possível que este receba comunicações 
individuais ou interestatais de eventuais violações aos direitos humanos 
protegidos por esse tratado. 
NA PRÁTICA 
Para que possamos compreender melhor o funcionamento do Sistema 
Universal de Direitos Humanos e a função dos comitês, especialmente no 
cumprimento dos termos da Convenção sobre Direitos das Pessoas com 
Deficiência, vamos analisar um caso prático. 
 
 
13 
Um homem albino tanzaniano apresentou comunicação ao Comitê sobre 
os Direitos das Pessoas com Deficiência narrando que, no seu trabalho, foi 
atacado por dois homens desconhecidos que amputaram seu braço esquerdo. 
Na ocasião, os fatos foram levados ao conhecimento das autoridades do 
Estado, mas não houve qualquer investigação no sentido de buscar os 
culpados ou estabelecer um quantum indenizatório. 
O Comitê apresentou sua decisão final em 2017 e identificou violação 
aos art. 5º (igualdade e não discriminação), 15 (prevenção contra a tortura ou 
tratamentos ou penas cruéis, desumanos ou degradantes) e 17 (proteção da 
integridade das pessoas), em conjunto com o art. 4º (obrigações gerais) da 
convenção. 
FINALIZANDO 
Nesta aula, foi possível compreender de maneira geral como os Direitos 
Humanos foram ganhando espaço na comunidade internacional, demonstrando 
uma verdadeira preocupação global pelo estabelecimento de parâmetros, 
valores e princípios que orbitam em prol da dignidade da pessoa humana. 
Diversos documentos, mecanismos e instrumentos tornaram-se 
essenciais para o desenvolvimento das dimensões desses direitos, entre os 
quais destacamos a Declaração Universal dos Direitos Humanos, que 
constituiu um verdadeiro parâmetro universal para os demais Sistemas de 
Proteção aos Direitos Humanos, e as Convenções Internacionais de Proteção 
aos Direitos Humanos, que constituem um verdadeiro mecanismo convencional 
que atua na promoção e na monitoria da atuação dos Estados Partes na 
proteção dos Direitos Humanos. 
 
 
14 
REFERÊNCIAS 
BRASIL. Decreto n. 65.810, de 8 de dezembro de 1969. Diário Oficial da 
União, Poder Legislativo, Brasília, DF, 10 dez. 1969. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1950-1969/D65810.html>. Acesso 
em: 26 fev. 2019. 
_____. Decreto n. 40, de 15 de fevereiro de 1991. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 18 fev. 1991. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0040.htm>. Acesso 
em: 26 fev. 2019. 
_____. Decreto n. 592, de 6 de julho de 1992. Diário Oficial da União, Poder 
Legislativo, Brasília, DF., 7 jul. 1992. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/1990-1994/D0592.htm>. Acesso 
em: 26 fev. 2019. 
_____. Decreto n. 4.377, de 13 de setembro de 2002. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 16 set. 2002. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/2002/D4377.htm>. Acesso em: 26 
fev. 2019. 
_____. Decreto n. 6.949, de 25 de agosto de 2009. Diário Oficial da União, 
Poder Legislativo, Brasília, DF, 26 ago. 2009. Disponível em: 
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/decreto/d6949.htm>. 
Acesso em: 26 fev. 2019. 
FACHIN, M. G. (Org.). Guia de proteção dos direitos humanos. Curitiba: 
InterSaberes, 2019. 
ONU – Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos 
Humanos. 1948. Disponível em: <http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/texto
s/integra.htm>. Acesso em: 26 fev. 2019. 
_____. Carta Internacional dos Direitos Humanos. Disponível em: 
<https://nacoesunidas.org/direitoshumanos/declaracao/>. Acesso em: 28 fev. 
2019.

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