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ENSINO A DISTÂNCIA JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca do Centro Universitário Avantis - UNIAVAN Maria Helena Mafioletti Sampaio CRB 14 – 276 CDD 21ª ed. 790.192. - Recreação e lazer. Santos, Ana Paula. S237j Jogos, recreação e lazer. /EAD/ [Caderno pedagógico]. Ana Paula Santos. Balneário Camboriú: Faculdade Avantis, 2019. 122 p. il. Inclui Índice ISBN: 978-85-5456-213-7 ISBNe: 978-85-5456-212-0 1. Recreação e lazer. 2. Educação física - Ludicidade. 3. Esporte e recreação – Ensino a Distância. I. Centro Universitário Avantis - UNIAVAN. II. Título. PLANO DE ESTUDOS Olá! Você já deve ter percebido que o avanço tecnológico tem gerado transformações importantes na sociedade atual, e principalmente nas possibilidades de recreação e lazer. Especialmente em crianças e jovens ocorreu uma mudança de paradigma na forma de brincar, de jogar, de divertir-se e de socializar, sendo a escola geralmente o ambiente mais utilizado para uma vivência plena dessas possibilidades. Nesta disciplina, Recreação e Lazer, ao refletir sobre a importância do lúdico no contexto da sociedade atual, você vai aprender como propor dinâmicas recreativas mais significativas em diferentes faixas etárias, reconhecendo o potencial de cada indivíduo afim de realizar um trabalho voltado ao aprimoramento do desenvolvimento cognitivo, motor e socioafetivo dos participantes. Para tanto, a recreação será relacionada à atividade física, à natureza, ao processo educacional, ao desenvolvimento motor, aos eventos realizados na escola e a outros contextos sociais. Confira na Ementa, e nos objetivos da disciplina todo caminho que iremos percorrer para você apoderar-se das competências e habilidades fundamentais à sua atuação futura como professor de Educação Física escolar. Bons estudos! EMENTA Conceitos e finalidades; fatores socioculturais e lúdicos; lazer e comunidade; lazer e meio ambiente; Lazer e Recreação para grupos especiais (Pessoa com de Deficiência, idosos, crianças, jovens e adultos); organização e planejamento de eventos recreativos; brincadeiras e brinquedos; jogos cooperativos; dinâmicas recreativas em diferentes contextos. OBJETIVOS DA DISCIPLINA • Discutir os principais conceitos e finalidades da recreação e lazer na sociedade • Relacionar recreação e lazer, compreendendo suas principais semelhanças e diferenças • Analisar os fatores socioculturais e lúdicos relacionados à recreação e ao lazer. • Reconhecer as principais possibilidades da recreação na sociedade. • Apontar as características cognitivas, motoras e socioafetivas de cada fase do processo de desenvolvimento humano. • Organizar e estruturar atividades recreativas condizentes com as características específicas de cada faixa-etária. • Reconhecer a importância dos jogos e brincadeiras e sua aplicação no contexto escolar. • Apontar as especificidades dos Jogos, brinquedo e brincadeiras como conteúdo na Base Nacional Comum Curricular. • Explicar exemplos de dinâmicas recreativas que estimulam as habilidades motoras. • Descrever os principais tipos de eventos recreativos e de lazer existentes e suas possibilidades de aplicação do ambiente escolar. • Discutir às praticas de recreação e lazer na sociedade contemporânea, e os espaços mais propícios para a sua vivência plena. • Demonstrar exemplos de dinâmicas recreativas aplicáveis à diferentes contextos. O PAPEL DA DISCIPLINA PARA A FORMAÇÃO DO ESTUDANTE Uma vez que os jogos e as brincadeiras são importantes elementos dos conteúdos de ensino preconizados pela Base Nacional Comum Curricular – BNCC, o conhecimento adquirido através desta disciplina, possibilitará aos estudantes a elaboração de atividades recreativas adequadas às faixas etárias e aos objetivos de conhecimentos da Educação Física nos anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, bem como em todo ciclo da Educação Infantil. A disciplina pretende levar o aluno da teoria à prática, lhe fornecendo um completo suporte teórico para sustentar a sua futura prática profissional com excelência. Para tanto, serão elucidados os conceitos e finalidade da recreação e do lazer, dos jogos, brinquedos e brincadeiras, bem como as possibilidades da recreação na sociedade atual. Especificamente trataremos a recreação no contexto educacional, com ênfase na BNCC e na organização de eventos, através de exemplos de dinâmicas recreativas em diferentes contextos e de acordo com as áreas motoras a serem desenvolvidas durante o período escolar. Acredita-se que esse conteúdo fornecerá os subsídios necessários para o futuro licenciado ingressar no mercado de trabalho com mais confiança e credibilidade. PROFESSORA APRESENTAÇÃO DA AUTORA Ana Santos é doutora, com pós doutorado, em Ciências do Movimento Humano pela Universidade do Estado de Santa Catarina - UDESC (2017). Mestre em Ciências do Movimento Humano - UDESC (2012). Bacharel (UDESC 2007) e Licenciada em Educação Física - Avantis (2016), com especialização em Educação à Distância. Professora universitária e conteudista. Tem experiência na área de Educação Física, atuando principalmente nos seguintes temas: Desenvolvimento motor e aprendizagem. Atividade Física e Saúde na infância e na Adolescência. Educação Física Adaptada. Neurociências e motricidade humana. Organização de eventos e Recreação e Lazer. Currículo lattes: http://lattes.cnpq.br/3239393344505586 Email: ana.santos@avantis.edu.br http://lattes.cnpq.br/3239393344505586 SUMÁRIO UNIDADE 1 - INTRODUÇÃO À RECREAÇÃO E LAZER ....................................................................9 1 INTRODUÇÃO À UNIDADE .................................................................................................................................... 10 1.1 CONCEITOS E FINALIDADES DO LAZER E DA RECREAÇÃO ............................................................ 10 1.2 FATORES SOCIOCULTURAIS DO LAZER .................................................................................................... 19 1.2.1 A carta internacional de educação para o lazer ................................................................................. 24 1.3 FÓRUM .......................................................................................................................................................................25 CONSIDERAÇÕES FINAIS ........................................................................................................................................25 EXERCÍCIOS FINAL ................................................................................................................................................... 26 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................28 UNIDADE 2 - A RECREAÇÃO NA SOCIEDADE E AS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS ...................................................................................................................................................................................................29 2 INTRODUÇÃO À DISCIPLINA ............................................................................................................................. 30 2.1 AS POSSIBILIDADES DA RECREAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL .....................................................31 2.2 A RECREAÇÃO EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS .....................................................33 2.2.1 Características da primeira infância ............................................................................................................34 2.2.2 Características da segunda infância ......................................................................................................... 37 2.2.3 Característicasda adolescência ...................................................................................................................39 2.2.4 Características dos adultos ................................................................................................................................41 2.2.5 Características dos idosos .................................................................................................................................43 2.2.6 Características das pessoas com deficiência .................................................................................... 47 2.3 FÓRUM ..................................................................................................................................................................... 49 CONSIDERAÇOES FINAIS ....................................................................................................................................... 49 EXERCÍCIOS .................................................................................................................................................................. 50 REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................................................52 UNIDADE 3 - A LUDICIDADE E AS DINÂMICAS RECREATIVAS ..................................55 3 INTRODUÇÃO À DISCIPLINA............................................................................................................................. 56 3.1 O UNIVERSO LÚDICO: AS POSSIBILIDADES NO ÂMBITO ESCOLAR ........................56 3.1.1 A Brincadeira ...................................................................................................................................................................62 3.1.2 O Brinquedo .....................................................................................................................................................................63 3.1.3 Os Jogos .............................................................................................................................................................................64 3.2 O PAPEL DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA ........................................................................................67 3.2.1 Os jogos e as brincadeiras na Base Nacional Comum Curricular .......................................68 3.3 FÓRUM ......................................................................................................................................................................72 CONSIDERAÇOES FINAIS ........................................................................................................................................72 EXERCÍCIO FINAL ........................................................................................................................................................73 REFERÊNCIAS ................................................................................................................................................................75 UNIDADE 4 - AMBIENTES E POSSIBILIDADES DAS ATIVIDADES RECREATIVAS E DE LAZER ............................................................................................................................................77 4 INTRODUÇAO Á UNIDADE IV .............................................................................................................................78 4.1 A VIVÊNCIA PLENA DA RECREAÇÃO E DO LAZER: POSSIBILIDA DES NO ÂMBITO ESCO- LAR ......................................................................................................................................................................................78 4.2 ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS RECREATIVOS E DE LAZER ............................................................ 80 4.3 OUTROS AMBIENTES E POSSIBILIDADES DE ATIVIDADES RECREATIVAS .........................87 4.3.1 DINÂMICAS RECREATIVAS EM DIFERENTES CONTEXTOS .............................................................89 4.4 FÓRUM .................................................................................................................................................................... 94 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................... 94 EXERCÍCIOS FINAL..................................................................................................................................................... 95 REFERÊNCIAS ............................................................................................................................................................. 96 1 unidade INTRODUÇÃO À RECREAÇÃO E LAZER 10 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER INTRODUÇÃO À UNIDADE Neste capítulo, você irá aprender as diferentes definições e finalidades de lazer e recreação, compreender as suas diferenças e semelhanças, e quais são as atividades que representam esses conceitos. Você verá que o conceito de lazer mudou bastante ao longo dos anos e que o paradigma atual é o lazer como uma prática fundamental aos diferentes grupos populacionais, uma vez que proporciona divertimento, entretenimento, bem-estar, emoções, relaxa mento. Vivenciar momentos de lazer faz com que as pessoas, em particular os adultos, possam driblar o estresse vivenciado diariamente, muitas vezes ocasionados em função das obrigações laborais e familiares, contribuindo assim para a prevenção de diversos males da vida contemporânea, como ansiedade, depressão, entre outros. O interesse dos pesquisados por esses conceitos surgiu exatamente dessa preocupação: como ocupar o tempo livre dos trabalhadores com atividades prazerosas?! No entanto, ainda persiste o ‘’peso na consciência’’ por muitos trabalhadores quando em seu tempo livre não estão se dedicando a atividades produtivas, do ponto de vista laboral. Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Discutir os principais conceitos e finalidades da recreação e lazer na sociedade • Relacionar recreação e lazer, compreendendo suas principais semelhanças e diferenças • Analisar os fatores socioculturais e lúdicos relacionados à recreação e ao lazer. 1.1 CONCEITOS E FINALIDADES DO LAZER E DA RECREAÇÃO Lazer, do latim, significa licere, ser lícito, permitido. Sua definição tem sido bastante disseminada, significando o ato de realizar atividades sem obrigação alguma, de modo livre e autônomo, com a obtenção de prazer e satisfação. São exemplo de atividade de lazer a prática de esportes, encontro com os amigos, pescar, dançar, tocar instrumentos musicais, ler, pintar, ir à shows musicais, ao cinema, cozinhar, etc. Em relação a cozinhar, por exemplo, é preciso considerar alguns pontos. Pois há diferença entre preparar uma comida para uma dona de casa ou merendeira da escola, e para o casal que resolve fazer uma janta no sábado à noite. Além disso, é diferente a leitura de um livro para o adolescente que estudo para o vestibular e para 11 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER quem lê um livro à noite pelo prazer da leitura. Qual a diferença? Segundo Ribeiro (2014), para ser considerado lazer as atividades precisam apresentar algumas características, como definiu o autor francês Dumazedier (2008): Tabela 1: Características do lazer Caráter Característica principal Liberatório Liberação das obrigações institucionais (profissionais, familiares, sociopolíticas e espirituais) e deriva de uma livre escolha. A liberação significa que a pessoa se encontra no seu tempo livre, surge após o cumprimento das obrigações. Desinteressado Lazer não relacionado a nenhum fim lucrativo, utilitário, material ou profissional. Ao participar de uma atividade de lazer não se deve objetivar nada além da satisfação causada pela atividade. Hedonístico Lazer caracterizado pela busca de um estado de prazer, atravésde alguma ativida- de interessante. A busca por este estado de prazer, satisfação, constitui a natureza hedonística. Pessoal No lazer, buscamos satisfazer nossas necessidades, através da escolha e atividades que poderão trazer o descanso, o divertimento e/ou o desenvolvimento da persona- lidade. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2014) Figura 1. A pescaria é uma atividade de lazer para se realizar no tempo livre. Fonte: https://www.shut- terstock.com/ Desse modo, Ribeiro (2014) coloca que as atividades de lazer devem atender a todas estas características, e considerando o exemplos citados, como o da merendeira ou do adolescente que lê livros objetivando passar no vestibular, suas atividades são https://www.shutterstock.com/ https://www.shutterstock.com/ 12 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER vivenciadas em um tempo ligado às obrigações e, mesmo que a dona de casa goste fazer comida e o estudante de estudar, não atendem ao caráter desinteressado. O mesmo exemplo pode ser dado à um pescador, do qual pesca com propósito de ganhar dinheiro para proporcionar o sustento de sua família. Ainda no caso do pescador, mesmo sendo uma atividade prazerosa para o trabalhador, porém, se a pessoa ‘’tem que fazer’’ não há opção. Por isso, as obrigações familiares, mesmo sendo prazerosas, não pode ser considerada como lazer. Viajar é uma ótima atividade de lazer, mas quando se viaja à trabalho aí não pode ser considerada uma atividade de lazer. Além disso, temos também algumas necessidades fisiológicas como comer, tomar banho, mas que podem nos proporcionar prazer: quando eu opto por jantar em um restaurante novo na minha cidade, ou quando eu tomo um banho de piscina refrescante, por exemplo. De acordo com Silva e Gonçalves (2010) a liberdade, a espontaneidade são características do lazer, que proporcionam estados mentais mais positivos. Um ponto importante a se considerar é que nem sempre iremos vivenciar o prazer ou um estado psicológico positivo nas atividades de lazer, uma vez que não há previsibilidade nesse tipo de atividade. Tem-se a possibilidade de queda ao andar de patins, o espetáculo pode ser cancelado, o time que eu torço pode perder o jogo, o ônibus pode quebrar durante a viagem. Porém, o que é importante ponderar, conforme salienta Ribeiro (2014), é que toda atividade de lazer deve haver, necessariamente, a busca pelo prazer. Dumazedier (1973, p.34) compreende o lazer como: [...] um conjunto de ocupações às quais o indivíduo pode entregar- se de livre vontade, seja para repousar, seja divertir-se, ou ainda para desenvolver sua informação ou formação desinteressada, sua participação voluntária, ou sua livre capacidade criadora após livrar- se das obrigações profissionais, familiares e sociais. Um aspecto interessante que pode ser adicionado ao conceito de Lazer, preconizado por Dumazedier (2012), é o ócio. É altamente válido que no seu tempo livre o indivíduo opte por ‘’não fazer nada’’, como forma de relaxar e aquietar a mente. O termo ócio, derivado do latim otium, significa o fruto das horas vagas, do descanso e da tranquilidade, e possui também o sentido de ocupação suave e muito prazerosa. No espanhol, ócio tem o mesmo significado de lazer. 13 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Figura 2: Dolce far niente, expressão italiana que significa ‘’a doçura de não fazer nada’’ ou ainda ‘’agra- dável ociosidade’’. Fonte: https://www.shutterstock.com/ SAIBA MAIS: “A melhor coisa que podemos dar a uma criança é o nada”, Atualmente é imprescindível que as crianças vivenciem o ‘’ não fazer nada’’, uma vez que convivemos em uma sociedade que cada vez mais tem exigido que façamos tudo e o tempo todo. E por mais estranho e paradoxal que possa parecer, o ‘’nada’’ é muita coisa. Ele representa o ócio, o tempo livre, o vazio, o silêncio, e é nele que reside a criatividade, a liberdade, a possi- bilidade de a criança Ser. Dentro deste contexto faz-se necessário que a criança seja livre para observar, escolher, experimentar o mundo de diversos modos. Fonte: https://lunetas.com.br/tempo-livre-e-silencio-o-poder-do-ocio-na-vida-das-criancas/ A compreensão do conceito de ócio é ainda um pouco obscura e, três termos aparecem como sinônimos: ócio, tempo livre e lazer. A importância de pensar a articulação entre os conceitos de ócio, tempo livre e lazer se deve, principalmente, ao fato das atividades laborais (trabalho) serem questionadas como práticas dominantes na sociedade moderna (AQUINO E MARTINS, 2007). De modo geral, Aquino e Martins (2007), coloca que o termo lazer é utilizado cada vez mais, podendo ser utilizado em sua concepção real ou ser associado a palavras como entretenimento, turismo, divertimento e recreação, porém o sentido do lazer é tão https://www.shutterstock.com/ https://lunetas.com.br/tempo-livre-e-silencio-o-poder-do-ocio-na-vida-das-criancas/ 14 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER polêmico quanto a origem e o sentido do termo ócio. O lazer encontra-se submetido a um lugar de destaque, com funções de descanso, desenvolvimento da personalidade e diversão. Por outro lado, o ócio, representa algo mais do que essas categorias, ele está no âmbito do liberatório, do gratuito, do hedonismo e do pessoal, sendo estes fatores não condicionados inteiramente pelo social e sim pelo modo de viver de cada um, relacionado com o prazer da experiência (AQUINO, MARTINS, 2007, p.482). Quando estamos no nosso tempo livre, tem-se a opção de permanecer no ócio ou realizar diversas atividades que nos interessam. De acordo com Dumazedier (1973), as atividades de lazer podem ser classificadas em cinco tipos: Tabela 2: Classificação das atividades de lazer Atividades físico-esportivas são aquelas em que o movimento se faz presente e inclui os esportes tradi- cionais (ex: vôlei, futebol), os de aventura (escalada, rapel) , os alternativos (ioga, tai chi), os radicais (skate, surf ), as artes marciais (capoeira, judô), a dança, a caminhada, etc. Podem ser praticados de forma individual ou em grupos em diferentes ambientes. Atividades artísticas Incluem as manifestações de arte, a busca pelo contato com o belo, e incluem: os espetáculos de dança, de música, o teatro, as artes plásticas, a literatura, a pintura, o circo, etc. Atividades manuais O desejo do participante está na manipulação de objetivo, de utensílios e da natureza. Como exemplo, podemos citar o tricô, o crochê, o bordado, a confecção de bijuterias. A jardinagem, a culinária, etc. Atividades intelectuais Nessas atividades há o contato com as informações racionais e incluem: os jogos de xadrez, dama, a leitura, a participação em cursos (desde que não sejam motivadas por necessidades das obrigações). Atividades sociais Motivadas pela possibilidade de contato e encontro com pessoas. Podemos considerar atividades sociais as festas, os churrascos, a participação em encontros de convivências, frequentar bares e baladas, etc. Atividades turísticas A motivação desse tipo de atividade é a quebrar da rotina e o interesse por conhecer novas paisagem. Incluem os passeio, as viagens e as excursões. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2010) O ideal seria que no tempo livre todos tivessem a possibilidade de participar dessas atividades, mas nem todas as pessoas tem acesso. Os motivos geralmente estão associados a falta de tempo e de condições socioeconômicas, e também, pelo fato de vivemos numa sociedade que supervaloriza o trabalho. Além disso, o lazer é também um direito social, e 15 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER deve ser ofertado a todos os brasileiros através de programas ou projetos governamentais (RIBEIRO, 2014). Já o termo recreação vem do latim recreare, que significa recriar, restauração, renovação. Comumente recreação e lazer são tratados como sinônimos. Seus conceitos aparecem atrelados como lazer e recreação, recreação/lazer. No entanto, seus significados são bastante diferentes (RIBEIRO, 2014). Entende-se como recreação aquelas atividades queproporcionam entretenimento aos seus participantes. Para Bueno (2018), a recreação é importante não apenas como forma de entretenimento, mas também como auxílio no desenvolvimento global do indivíduo, nos domínios cognitivos, socioafetivo, físico-motor. De maneira geral, a recreação parece ter surgido de forma natural e espontânea através de divertimentos e brincadeiras infantis, e que mais tarde essas mesmas ocupações passaram a pertencer a vida adulta. Silva e Gonçalves (2010) apontam que, nos primórdios da civilização humana a recreação já existia, quando os homens das cavernas se organizavam para realizar as comemorações religiosas. Já na era grega, a recreação buscava a harmonia e a perfeita integração entre corpo e espírito; no império romano o divertimento das pessoas era assistir aos combates (as mortes e as tragédias ocasionadas em função da guerra), contemplando-os como batalhas entre animais ferozes e gladiadores. Na idade média, participava-se de torneios, jogos e lutas, mas somente os nobres participavam. Dai então, no renascimento, a recreação surge como objetivo educacional, quando se tem o surgimento da liberdade em ação dada à criança. Para Silva e Gonçalves (2010), a recreação pode ser entendida como um momento ou situação que proporciona alegria e prazer, que busca satisfazer as vontades e o desejos alcançados pelo lazer. Os mesmos autores citam ainda que a recreação, quanto ao comportamento e a forma de participação do indivíduo, pode ser compreendida de três formas: • Passiva: a participação do indivíduo é como espectador • Ativa: a participação do indivíduo ocorre de forma direta, com a participação em jogos e brincadeiras. • Mista: Além de observar o indivíduo tem participação efetiva nas ações propostas. De acordo com Bueno (2018), o maior propósito da recreação é integrar a pessoa no contexto social, desenvolvendo aspectos como o conhecimento mútuo e a participação em grupo, de modo a proporcionar uma ocupação para o tempo ocioso, através da descoberta de atividades lúdicas, promotoras de socialização. Bueno (2018) relata ainda que a recreação pode ser utilizada como meio e como fim: A recreação como fim refere-se ao entretenimento sem a intenção ou objetivo de se conquistar algo além de diversão. Já 16 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER a recreação como meio é quando se usa a atividade de recreação com o aprendizado. Na escola, por exemplo, a recreação é uma grande aliada para fins didáticos, pois além das crianças se divertirem elas aprendem. De modo geral, podemos ponderar que a recreação é um tipo de atividade inserida nas práticas de lazer, porém, recreação não é lazer, mas sim, um tipo de lazer. Ficou confuso? Compreenda a relação entre recreação e lazer através das imagens a seguir. Figura 3: Ir viajar até cidade que possui um parque aquático: LAZER Fonte: https://www.shutterstock.com/ Figura 4: Atividades realizadas no parque aquático – RECREAÇÃO Fonte: https://www.shutterstock.com/ file:///C:/Users/anadi/OneDrive/Avantis%20EAD%202019/62.%20RECREA%c3%87%c3%83O%20E%20LAZER/../../../../Avantis/Desktop/Cadernos EAD 2019/Recreação/%7bWWW.W3.ORG/20 https://www.shutterstock.com/ 17 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER É importante que nas práticas de lazer o lúdico faz-se presente. O termo lúdico, embora bastante utilizada no contexto educacional, não existe no dicionário da língua portuguesa, tampouco em outros idiomas, desse modo, discuti-se sobre os múltiplos significados da palavra “jogo”, associando-a ao conceito de ludicidade. De maneira informal o lúdico pode ser definido como uma forma de educação divertida e estimulante, que desenvolve a criatividade através de jogos, música e dança. De acordo com Lopes apud Massa (2015), há cinco palavras que são usadas por leigos ou por especialistas e que se referem as diferentes manifestações lúdicas, confira: • Brincar: Derivado de brinco, possui uma série de significados como, por exemplo: foliar, divertir-se, entreter-se, gracejar, jogar, proceder levianamente, e etc. • Jogar: Derivado do latim jocare e não de ludus, é raiz da palavra jogo em várias línguas (como francês, espanhol, italiano, português e romeno). Termo associado com atividades recreativas, distração, entretenimento, divertimento, prática de desporto, astúcia, fingimento e luta. • Brinquedo: Derivada também da palavra brinco, representa objetos feitos para entretenimento infantil, bem como as próprias brincadeiras. Relaciona-se aos artefatos construídos para fins lúdicos. • Recrear: Derivada da palavra recreare, cujo significado é “criar de novo”, relaciona- se com atividades lúdicas realizadas no tempo livre. O verbo recrear também significa trazer alegria, satisfazer, aliviar o outro do trabalho árduo e ter tempo de folga, entre outros. • Lazer: Derivada da palavra licere, do latim ‘’tempo livre’’, está associada ao descanso, ócio, repouso, liberdade, para se fazer o que quiser. Relaciona-se com o tempo livre. Dentro deste contexto, podemos perceber que a recreação está muito próxima do lúdico, que, por sua vez, está intimamente associado ao jogo (GONÇALVES, HERNANDEZ, RONCOLI, 2018). Os mesmos autores colocam que ‘’no processo de desenvolvimento humano, o ato de brincar (e também de jogar) é uma importante ferramenta, por possibilitar momentos simbólicos de descobertas, convivência social e formação moral. Ainda, através dos jogos, brincadeiras e brinquedos, o indivíduo conhece aspectos inerentes à exploração do mundo, desenvolve autoconhecimento, valores éticos e morais, além de conhecimento próprio da cultura em que está inserido. De acordo com Bueno (2018), o lúdico diz respeito ao fazer de conta, isso é importante principalmente para o desenvolvimento infantil, uma vez que a imaginação possibilita a criança a transformação do seu mundo, através do desenvolvimento do seu próprio potencial de criação. Dentro deste contexto, Girardello (2007) acredita que a imaginação 18 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER na infância tem uma sensibilidade especial, já que as crianças tendem a se entregar mais livremente à fantasia e que a plenitude das atividades imaginárias durante a infância, contribui, em boa parte, para a saúde mental na vida adulta. REFLEXÃO Considerando o processo de Desenvolvimento infantil (primeira infância/ 2-5 anos e segunda infância/ 6 aos 11 anos), qual a importância do lúdico nas aulas de Educação Física na Educação Infantil e nos primeiros anos do Ensino Fundamental? Existem diferentes tipos de atividades recreativas, que de acordo com Ribeiro (2010) elas podem ser descritas como: jogo, brincadeira, gincana, atividades de socialização ou quebra-gelo, rodas cantadas, ‘‘caças’’ e jogos e brincadeiras tradicionais infantis. Veja o significado de cada uma dessas atividades: Tabela 3: Classificação das atividades recreativas Jogo Atividade em que há́ competição entre dois ou mais participantes e busca-se a vitória. Tem regras e normas a serem cumpridas, tem final previsto (quer seja por pontos, por tempo, por número de repetições ou por tarefas cumpridas). Brincadeira Atividade que possui um único objetivo: brincar e se divertir. Não há competição entre equipes e sua duração depende, sobretudo, da motivação dos participantes. Pode ser realizada em qualquer faixa etária. Gincana Atividade competitiva em que os participantes necessitam cumprir algumas tarefas e recebem pontos por elas. Nas gincanas há uma ordenação dessas tarefas ou provas e os pontos recebidos são acumulativos. No julgamento das tarefas, é con- siderada a habilidade ou, também, a rapidez com que os participantes cumprem as tarefas predeterminadas. Atividades de socialização Diversas brincadeiras utilizadas pelo monitor para que um grupo de pessoas desco- nhecidas entre si comece a se entrosar; também conhecidas como “quebra-gelo”. Rodas cantadas São brincadeiras em que os participantes cantam e utilizam letra e música parase divertirem. Pode ocorrer em círculo ou não. Jogos cooperativos São atividades em que os participantes jogam uns com os outros ao invés de uns contra os outros. Apesar de serem chamados de “jogos”, não se busca a vitória, ao contrário, utiliza-se o esforço cooperativo para atingir um objetivo comum, se diver- tir e não para fins de exclusão dos jogadores. Joga-se não para derrotar alguém ou conquistar algo, mas para superar desafios. 19 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Caças Atividade competitiva, em que as equipes devem cumprir uma sequência de tarefas (missão) relacionadas para poder vencer. O exemplo clássico é o “caça ao tesouro”. Jogos tradicionais infantis São jogos e brincadeiras da cultura popular, ligados ao folclore e, por isso, represen- tam a produção cultural de um povo em um determinado momento histórico. Ex.: amarelinha, pular corda, jogo das bolinhas de gude, jogo do elástico, 5 Marias etc. Fonte: Adaptado de Ribeiro (2010, p. 115 a 120) De acordo com Silva et al. (2010), o que impera na sociedade contemporânea é o significado de recreação como a reprodução de jogos e brincadeiras, conforme descrito na tabela 3. Segundo os autores, em função da sua tradição histórica e cultural em nossa sociedade, a recreação continua sendo perpetuada a partir da ênfase em aspectos técnico- operacionais, em detrimento de outros. Sobre a diferenciação entre recreação e lazer, Silva et al. (2010), simplificam o entendimento desses dois conceitos ao afirmar que, em geral, utiliza-se o termo ‘’recreação’’ para designar o conjunto de atividades, enquanto o ‘’lazer’’ para abordar o fenômeno cultural. A seguir, abordaremos o lazer dentro desta perspectiva para uma maior compreensão. 1.2 FATORES SOCIOCULTURAIS DO LAZER Uma vez definido e classificado o lazer, além de estabelecida a sua relação com o trabalho, com o tempo livre e com a recreação, faz-se importante entendermos quais os benefícios que essa prática pode proporcionar, ao atuar de maneira eficaz na sociedade. O conceito de lazer apresentado por alguns autores clássicos, como Marcellino (2012), apontam a cultura como um elemento central na sua discussão. Sob essa ótica, o mesmo autor apresenta em seu livro intitulado ‘’Estudos do lazer: uma introdução’’, quatro pontos que devem ser considerados para a caracterização do lazer (p. 157-158): 1. Lazer é a “cultura vivenciada no ‘tempo disponível’ das obrigações profissionais, escolares, familiares e sociais, combinando os aspectos tempo e atitude”; 2. Lazer é “fenômeno gerado historicamente e do qual emergem valores questionadores da sociedade como um todo e sobre o qual são exercidas influências da estrutura social vigente”; 3. Lazer é “um tempo privilegiado para a vivência de valores que contribuam para mudanças de ordem moral e cultural”; 4. Lazer é “portador de um duplo aspecto educativo, veículo e objeto de educação”. 20 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER SUGESTÃO DE LIVRO Caro(a) acadêmico(a), para compreender um pouco mais sobre lazer , leia o livro Estudos do Lazer escrito por Nelson Carvalho Marcelino, 2012, 5.Ed. Sprint. Acesse: http://andrepereira261.blogspot.com/2011/04/estudos-do-lazer-u- ma-introducao.html Corroborando com esses achados, podemos destacar a opinião de Gomes (2004, p.125) do qual considera o lazer como: uma dimensão da cultura constituída por meio da vivência lúdica de manifestações culturais em um tempo/espaço conquistado pelo sujeito ou grupo social, estabelecendo relações dialéticas com as necessidades, os deveres e as obrigações, especialmente com o trabalho produtivo Dentro deste contexto, para o autor, o lazer pode ser representado através de quatro elementos interligados: tempo, espaço-lugar, ações/atitude e manifestações culturais, veja: Figura 5. O lazer e seus elementos, interligados como pétalas de uma flor, enraizados através do lúdico. Fonte: do autor. http://andrepereira261.blogspot.com/2011/04/estudos-do-lazer-uma-introducao.html http://andrepereira261.blogspot.com/2011/04/estudos-do-lazer-uma-introducao.html 21 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Conforme ilustrado na imagem 5 estes elementos são enraizados no lúdico, e, mesmo passíveis de pressão e interferência do contexto, não adquirem caráter obrigatório e tampouco são vistos como um conjunto de ocupações a serem cumpridas (SILVA et al, 2010). Gomes (2008) afirma que esses quatro elementos expressam um exercício coletivamente construído, ‘’no qual os sujeitos se envolvem em função dos seus desejos’’(p.6) que são para o autor: • O tempo, que corresponde ao usufruto do agora, do momento presente e não se limita aos períodos institucionalizados para o lazer; • O espaço/lugar, que vai além do espaço físico por ser um “local” do qual os sujeitos se apropriam no sentido de transformá-lo em ponto de encontro para o convívio social; • As manifestações culturais, que constituem as práticas vivenciadas como fruição da cultura e, por isso, detém significados singulares para quem as vivencia; • A atitude, que se fundamenta na ludicidade - aqui entendida como expressão humana de significados da/na cultura referenciada no brincar consigo, com o outro e com a realidade. Desse modo, o lazer implica em “produção” de cultura — no sentido da reprodução, construção e transformação de diversos conteúdos culturais usufruídos por parte de pessoas, grupos e instituições, ou ainda, o lazer representa um fenômeno sociocultural que se manifesta em diferentes contextos (histórico, social, político, etc.) (GOMES, 2008). Diante do exposto, parece ser indiscutível a necessidade da prática do lazer no modelo de vida da sociedade contemporânea, não é mesmo? REFLEXÃO Mas afinal, para que serve o lazer? Pesquisas identificam o lazer como uma real necessidade humana e alertam que poucas pessoas se permitem vivenciá-lo como tal (GONÇALVES, HERNANDEZ, RONCOLI, 2018). Os mesmos autores abordam que os benefícios das atividades de lazer, contemplam três aspectos principais: os efeitos psicológicos, os efeitos sociais e os efeitos fisiológicos. Quando aos efeitos psicológicos, esse diz respeito ao comportamento humano, ou seja, como nos sentimentos quando realizamos atividades que nos gerem satisfação e prazer, bem como as possibilidades de modificar o estado de humor diante dessas atividades, 22 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER contribuindo para a saúde mental, e para o não surgimento de doenças psicossomáticas como a depressão e a ansiedade, por exemplo (GONÇALVES, HERNANDEZ, RONCOLI, 2018). De modo geral, pode-se considerar uma relação positiva entre saúde mental, bem- estar e lazer. Quanto aos efeitos sociais, os mesmos autores evidenciam aqui a necessidade do lazer em nossa sociedade, já que praticar atividades que envolvam outros indivíduos nos permite estabelecer um relacionamento mútuo, desenvolvendo respeito e empatia com quem se realiza a atividade. É consenso na literatura que as atividades em grupo, promovem a interação social, beneficiam a saúde física e mental dos seus praticantes. EXEMPLO: A Copa Vidigal, realizada na favela do Rio de Janeiro, representa a importância social do lazer. Essa copa de futebol realizada numa área de extrema pobreza e violência, teve como objetivo resgatar a paz através do esporte dentro de uma área que estava traumatizada com uma guerra entre traficantes. Ela propiciou sensação de vitória, derrota por meio da prática esportiva, e principalmente a união e a paz entre os participantes e comunidade em geral. A iniciativa virou um documentário, visualize o trailer através do link: • https://www.youtube.com/watch?v=7Wakhn_Zu7g Por fim, quanto aos efeitos fisiológicos da prática de lazer, podemos citar as alterações bioquímicas que ocorrem durante a prática de atividades prazerosas, como a liberação de neurotransmissores responsáveis pela sensação de prazer e as alterações musculoesqueléticas que também promovem benefícios à saúde. Para Silva etal, (2010) a busca pela compreensão dos diferentes significados de lazer presentes em nosso contexto sociocultural, torna-se fundamental. É preciso entender as estreitas relações existentes entre o lazer e as outras dimensões da vida do homem (trabalho, saúde, educação, família, política), já que tais relações representam um espaço fértil para o questionamento das contradições existentes em nosso meio sociocultural. Um ponto que gera bastante debate é a relação entre lazer e trabalho, já comentado anteriormente, pelo fato de haver na sociedade contemporânea, uma alienação por conceitos de produtividade, conceito esse ligado ao princípio do desempenho, visto como “um dos mais protegidos valores da cultura moderna” (SILVA et al., 2010). E então, 23 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER quando o lazer se faz presente, é estimulada a prática compulsória de atividades que destacam a moda ou “status” . Diante deste cenário cabe aqui salientar que o lazer é um direito do ser humano, previsto na Constituição Federal de 1988. O Lazer aparece no Título II, Capítulo II, Artigo 6º, como um dos direitos sociais, sendo dever do Poder Público incentivá-lo, como forma de promoção social (BRASIL, 1988). Ainda na Legislação Brasileira, encontramos o tema lazer no Estatuto da Criança e do adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990. As possibilidades de discussão sobre a temática do lazer constam também no Capítulo IV que trata “Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e ao Lazer”. Neste capítulo o lazer relaciona-se ao processo educacional e no Art. 59. consta que ‘’os municípios, com apoio dos Estados e da União, estimularão e facilitarão a destinação de recursos e espaços para programações culturais, esportivas e de lazer voltadas para a infância e a juventude’’ (BRASIL, 1988) Quanto à possível relação estabelecida entre o lazer e educação, vale ressaltar as constatações de Marcellino apud Silva et al. (2010) : (1) o lazer como um veículo privilegiado de educação; e (2) para a prática criativa e crítica das atividades de lazer, é necessário o aprendizado, o estímulo, a iniciação, que possibilitem a passagem de níveis menos elaborados, simples, para níveis mais elaborados, com o enriquecimento do espírito crítico, seja por meio da prática ou da observação. LINK: O vídeo ilustra a relação entre Lazer e Educação Física, como ele está presente nas aulas e enfatiza a importância de os escolares conhecerem seus direitos. • https://www.youtube.com/watch?v=32K47NakQwU&t=307s Pensar o aspecto educativo do lazer pode sinalizar a instrumentalização para o desenvolvimento de práticas educativas cujo o foco esteja no lazer (SILVA; ISAYAMA, 2017). Os mesmos autores, pensando numa possibilidade de interfaces entre lazer e educação no contexto da educação integral brasileira, acreditam que o lazer pode ser um objeto do processo de aprendizagem, e que essa lógica permite pensar que as práticas de atividades de lazer na educação integral podem assumir uma força produtiva, numa relação de educação e lazer que supere a dicotomia lazer/ trabalho (SILVA; ISAYAMA, 2017). Sendo assim, os autores consideram que o lazer como objeto das ações nas escolas de tempo integral pode apresentar aos sujeitos a possibilidade de apropriar e (re) 24 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER construir diversas maneiras de organização da cultura tornando possível uma reflexão/ ação na produção do currículo escolar. 1.2.1 A carta internacional de educação para o lazer A carta internacional de educação para o lazer, consiste em um documento que tem como objetivo disseminar junto aos governos, às organizações não-governamentais, às instituições de ensino, os conteúdos, os significados e os benefícios do lazer e da educação para e pelo lazer. Ela objetiva também preparar a comunidade escolar (prefeitura, escolas, pais e alunos) e as instituições envolvidas na capacitação de recursos humanos, sobre os princípios nos quais poderão se desenvolver políticas e estratégias de educação para o lazer (SILVA; RAPHAEL; SANTOS, 2006). A Associação Mundial de Recreação e Lazer (WLRA, 1993) advoga a educação para o Lazer em todos os cenários e foros apropriados e conta com a iniciativa de todos os países para o apoio de implementação de estratégias e programas de educação para o lazer. De acordo com a carta, no âmbito escolar, a meta geral da educação para o lazer é contribuir para que os alunos, em seus diversos níveis, alcancem uma qualidade de vida desejável através do lazer. Isto pode ser obtido pelo desenvolvimento e promoção de valores, atitudes, conhecimento e competências de lazer através do desenvolvimento pessoal, social, físico, emocional e intelectual (Wolrd Leisure and Recration Association, 1993). A educação para o lazer deverá sofrer adaptações às necessidades locais, levando em consideração os diferentes sistemas sociais, culturais e econômicos, como também, ser um processo de aprendizado contínuo, que incorpora o desenvolvimento de atitudes, valores, conhecimentos e aptidões. Isso permite aos sujeitos novos horizontes, possibilitando a melhoria na qualidade de vida, com condições objetivas e progressivas, implementando a todos, as riquezas socialmente produzidas, historicamente acumuladas e que representam possibilidades de construção da cultura humanizada (ITENS 4.2 e 4.3) (SILVA; RAPHAEL; SANTOS, 2006, p.122). Dentro deste contexto, os autores salientam a necessidade de se considerar que o lazer não é conteúdo único de uma disciplina, ele deve ter o seu potencial detectado em cada disciplina, currículo e atividade extracurricular, como também, estar incluso naquelas 25 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER mais apropriadas (direta e indiretamente), visando enriquecer os seus programas e estimular o interesse no aprendizado por parte do aluno. SAIBA MAIS Para ter acesso ao conteúdo completo da ‘’Carta internacional de educação para o lazer’’, acesse: http://www.saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1.asp?cod_noticia=195 1.3 FÓRUM • Proposta 1: Utilize a plataforma da UNIAVAN e discuta com seus colegas de disciplina ‘’chat ou fórum’’, as metas globais de ensino de lazer na comunidade e descreva as principais estratégias para o alcance dessas metas. Para a realização desta atividade faça a leitura da ‘’Carta internacional de educação para o lazer’’, que consta no box saiba mais. • Proposta 2: Utilizando também a plataforma da UNIAVAN, socialize com os colegas de disciplina quais seriam as possibilidades de se trabalhar a temática da ‘’ Educação para o Lazer’’, através das aulas de Educação Física Escolar. Para isso, você deverá descrever como abordar (teoricamente e na prática) os conteúdos, os significados e os benefícios do lazer durante as aulas, podendo, por exemplo, apresentar quais as principais atividades de lazer dos povos indígenas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Podemos perceber neste capítulo a importância do conhecimento acerca dos conceitos de lazer. Sendo assim, considerando os contextos históricos, político e social que envolvem a conceituação do lazer, bem como os benefícios gerados por suas práticas, vimos que abster de um tempo livre para vivenciá-lo de forma plena é algo não tão natural em um mundo onde a produtividade faz-se tão presente. Há um provérbio Japonês que descreve claramente esse paradigma da sociedade atual: ‘’treine enquanto eles dormem, 26 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER estude enquanto eles se divertem, persista enquanto eles descansam, e então, viva o que eles sonham’’. Não há espaço para o ócio, para o dolce far niente, para o tempo livre. É importante repensar esses valores! Estudos mostram que muitas sociedades no mundo estão adoecendo em função do excesso de compromissos, que leva ao estresse, ansiedade e a depressão; vive-se uma insatisfação crescente, falta entusiasmo no trabalho e na vida, de maneira geral. O profissional de Educação Física, sabendoda importância do lazer na sociedade, poderá através das suas práticas de atividades recreativas proporcionar alegria, bem- estar, auto estima à diferentes esferas da sociedade. Aliás a recreação, tem sido amplamente utilizada como educação, sendo conteúdo importante nas aulas de Educação Física Escolar. Jogos, brincadeiras, brinquedos, rodas cantadas, atividades de socialização e caças são algumas das possibilidades educacionais que a recreação promove. Indubitavelmente, a recreação e o lazer são instrumentos para impulsionar o indivíduo a desenvolver-se, aperfeiçoar-se, a promover auto responsabilidade. O lazer é um direito de todos, garantido por lei, isso porque ele atua na formação plena do ser, promovendo autoconhecimento e melhor visão do mundo e de seus semelhantes. Por fim, diante da esfera sociocultural do qual apresentamos o lazer e a recreação, é importante ressaltar que os benefícios do lazer são necessários em todas as fases do desenvolvimento humano e esse é o tema do capítulo que veremos a seguir. EXERCÍCIOS FINAL QUESTÃO 1: Em relação às características básicas da recreação, seus conceitos e finalidades, pode-se afirmar que: I. A recreação tem que ser encarada por quem a pratica como um fim nela mesma. O objetivo é recrear-se. II. A prática de atividades recreativas estimula a competitividade do participante. A recreação deve estar sempre ligada ao desporto. III. A recreação tem que ser escolhida livremente e praticada espontaneamente. Cada pessoa pode optar pelo que gosta de fazer, de acordo com seus interesses. IV. A recreação deve ser imposta pelo recreador pois muitas vezes as pessoas não tomam a iniciativa devido à timidez. É correto o que se afirma em: 27 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER A. I e III. B. II e IV C. III e IV. D. I, II e III E. I, II, IV QUESTÃO 2: Considerando o contexto dos jogos e brincadeiras, e a importâncias dessas atividades para a formação das crianças em idade escolar, assinale a alternativa correta: A. Jogos e brincadeiras devem ser trabalhados de modo tradicional e padronizado, já que a observância às diferenças da região e cultura pode levar a deturpações do sentido de jogar e brincar. B. É brincando, vivendo o lúdico, propondo jogos que a criança irá aprender, pois são atividades interessantes que despertam a curiosidade e o prazer em construir conhecimentos, interagindo com o meio físico e social. C. O jogo é toda e qualquer atividade em que existem regras e estas não podem ser alteradas. D. Jogos e brincadeiras são atividades lúdicas, portanto não podem estabelecer regras. E. Teatro e festa à fantasia não devem ser incentivados, pois deve-se mostrar somente a realidade às crianças. QUESTÃO 3. Existem semelhanças entre conceitos de Recreação, Lazer, Jogo e Brincadeira. Em relação ao jogo e à brincadeira, assinale a alternativa CORRETA. A. A brincadeira acontece quando o/a participante consegue compreender suas regras. B. Os jogos e as brincadeiras são atividades estritamente infantis. C. O jogo e a brincadeira são atividades incompatíveis com o desenvolvimento cognitivo. D. Jogo é uma brincadeira com regras, e brincadeira, um jogo sem regras. E. No jogo, o participante não pode brincar. 28 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER REFERÊNCIAS AQUINO, C. A. B., MARTINS, J. C. O. Ócio, lazer e tempo livre na sociedade do consumo e do trabalho. Rev. Mal-Estar Subj. v.7,n.2, p. 479-500, 2007. BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. BRASIL. Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 jul. 1990. BUENO, G. Recreação: ação de recrear. 1.ed. Sorocaba, sc. 2018. DUMAZEDIER, J. Questionamento Teórico do Lazer. São Paulo: SESC, 1973. GIRARDELLO, G., Infância: Imaginação e Educação em debate. São Paulo: Papirus, 2007. GOMES, C. L. Lazer, trabalho e educação: Relações históricas, questões contemporâneas. 2.ed. rev. amp. Belo Horizonte: Editora UFMG, 2008. GOMES, C. L. LAZER URBANO, CONTEMPORANEIDADE E EDUCAÇÃO DAS SENSIBILIDADES. Revista Itinerarium, v.1 2008 . GOLÇALVES, P. S.; HERNANDEZ, S. S. S.; RONCOLI, R. N. Recreação e lazer. Ed. Sagah, 2018. MASSA, M. de S. Ludicidade: da Etimologia da Palavra à Complexidade do Conceito. APRENDER - Cad. de Filosofia e Psic. da Educação. V.9, n.15, p.111-30, 2015 MARCELLINO, N. C. Estudos do Lazer: uma introdução. 5.ed. Campinas: Autores Associados, 2012. RIBEIRO, O. C. Lazer e Recreação. Série eixos, 2014. SILVA, M. de S.; ISAYAMA, H. F. LAZER E EDUCAÇÃO NO PROGRAMA ESCOLA INTEGRADA. Educ. rev., v.33, 2017. SILVA, R. L.; RAPHAEL, M. L.; SANTOS, F. S. Carta internacional de educação para o lazer como ferramenta de intervenção pedagógica efetiva no campo do saber. Revista Pensar a Prática, UFG, v.9, n.1, 2006. WLRA. Carta Internacional de Educação para o Lazer. Disponível em: < http://www. saudeemmovimento.com.br/conteudos/conteudo_exibe1. asp?cod_noticia=195 > 29 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 2 unidade A RECREAÇÃO NA SOCIEDADE E AS DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS 30 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 2. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA Neste capítulo iremos verificar as possibilidades da recreação na sociedade levando em consideração as diferentes fases do desenvolvimento humano. Descreveremos com a recreação pode ser desenvolvida nas escolas, no trabalho, no tempo livre, através da prática de atividade física ou no contato com a natureza. De maneira mais abrangente, iremos descrever cada fase do processo de desenvolvimento humano e elencar as principais características, cognitivas, motoras e socioafetivas na primeira infância, segunda infância, adolescência, vida adulta e terceira idade. Abordaremos também as características básicas das pessoas com deficiência – física, visual, intelectual e auditiva. Acredita-se que o entendimento sobre as características de cada faixa etária é de suma importância ao professor de Educação Física que busca organizar e estruturar práticas recreativas mais eficazes. Desse modo, cabe ao professor escolher atividades que respeitem os limites de cada faixa etária, bem como adaptar as atividades quando houver a participação de pessoas com deficiência. É oportuno então criar práticas inclusivas, prazerosas e que gerem diversão, bem-estar e alegria a todos os envolvidos, sendo que para isso, não há necessidade em modificar o conteúdo programático, mas sim adaptá-lo à realidade de cada indivíduo e no meio onde estão inseridos (escola, no trabalho, no projeto social, no Spa, no hotel, etc). Por fim, é importante salientar que há atividades de adultos que não servem para crianças e vice-versa, desse modo a compreensão de cada uma das fases deverá servir como guia de modo a orientar o professor na escola no planejamento correto das atividades, com o intuito de aumentar as chances de a recreação cumprir os objetivos aos quais se propôs. Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Reconhecer as principais possibilidades da recreação na sociedade. • Apontar as características cognitivas, motoras e socioafetivas de cada fase do processo de desenvolvimento humano. • Organizar e estruturar atividades recreativas condizentes com as características específicas de cada faixa-etária. 31 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 2.1 AS POSSIBILIDADES DA RECREAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL Se considerarmos que as atividades recreativas envolvem os jogos, as brincadeiras, os brinquedos, as rodas cantadas, os caças, etc., veremos que são muitas opções de atividades recreativas na sociedade contemporânea. Porém a realização dessas práticas depende do interesse pessoal de cada indivíduo, já que para alguns jogos cooperativos podem não ser tão atrativos e motivantes quanto uma competição de futebol. No capítulo anterior verificamos que apesar do lazer serum direito de todos os cidadãos, isso não garante o seu usufruto, já que não há uma prática deliberada em nossa sociedade. Sendo assim, mesmo com os avanços que os trabalhadores conquistaram desde a Revolução Industrial, existem muitos indivíduos que ainda não ne sentem dignos de usufruírem momentos de lazer como deveriam em função da dificuldade de ‘’se desligarem’’, deixarem de ser produtivos. Dentro deste contexto podemos citar o desempregado. Se ele não está em busca de um novo emprego, ela pode ser considerada na visão de muitos como ‘’vagabundo’’, ‘’mandrião’’. Não há tempo para vivenciar o ócio em uma sociedade que visa o lucro e o rendimento a qualquer custo. Apesar disso, verificamos que o entendimento de recreação e lazer têm avançado muito, a importância deles para a saúde física e mental também. Políticas públicas voltadas ao lazer têm se dedicado à construção de espaços públicos, com a criação de parques, praças e ciclovias, que possibilitam a todos vivenciar o lazer no seu tempo livre. O lazer com a recreação é democrático, ele está presente na escola, na rua, na natureza, no trabalho. De acordo com Gonçalves, Hernandez e Roncoli (2018), há diferentes possibilidades de recreação na sociedade atual: • Recreação e escola: O ensino escolar contemporâneo pede diferentes formas de transmissão do conhecimento, que fuja do ensino tradicional comumente monótono e repetitivo, e por esse motivo a recreação se torna uma potente forma de auxiliar no aprendizado de crianças e adolescentes. Logicamente se analisarmos o intervalo entre as aulas (recreio), verificamos que neste momento os escolares realizam as atividades que apresentam maior prazer em desenvolver. No entanto, é importante que a recreação esteja presente no desenrolar das aulas, como parte integrante no desenvolvimento dos conteúdos propostos. Isso exigirá dos professores uma melhor didática e inovação na elaboração do seu plano de aula. Nas universidades essa exigência já é mais nítida, em função de muitos acadêmicos trabalharem durante o dia e estudarem a noite, muitas universidades têm adotado modelos de ensino pautados em metodologias ativas para tornar o processo de ensino-aprendizagem mais atraente e menos tedioso. 32 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER • Recreação e atividade física: Muitas escolhas de lazer estão atreladas à prática de atividades físicas. Por esse motivo, a importância do ambiente construído, das políticas públicas relacionadas ao lazer, na construção de parques, praças, clubes, ciclovias, que possibilitam uma diversidade de atividades físicas - do relaxamento ao andar de bicicleta. Muitas pessoas buscam na atividade física um momento de relaxamento, diversão, já que ela representa um ‘’ansiolítico natural’’ em meio aos transtornos de ansiedade comumente presenciado em nossa sociedade contemporânea. Os benefícios da atividade física já estão bem documentados pela literatura, tanto para saúde física quanto para mental, sendo, portanto, a prática de atividades físicas prazerosas (recreativas) fundamental para quem almeja obter uma melhor qualidade de vida. • Recreação e natureza: O contato com a natureza é sem dúvida uma ótima opção para quem busca fugir da agitação da cidade. Ir à praia, pescaria, passeio montado a cavalo, acampamento são exemplos de atividades recreativas de natureza. Associado à essas práticas podemos citar os esportes de aventura, como o surfe, o mergulho, o rapel, o trekking, o rafiting, excelentes alternativas para quem busca desafios, ou simplesmente um momento de contato com a natureza. Na infância, o contato com a natureza tem sido cada vez mais priorizado, principalmente em função do elevado tempo em tela, característica principal do comportamento sedentário. • Recreação e trabalho: Com as mudanças que vem ocorrendo nas ultimas década em relação ao trabalho, é comum vermos profissionais desenvolvendo tarefas extenuantes e possuindo pouco tempo para relaxar e se dedicar à saúde e ao seu bem-estar. Muitas empresas têm buscado proporcionar momento e espaços voltados às atividades recreativas dos seus funcionários como forma de promover o bem-estar dos trabalhadores e mantê-los eficientes em seus ofícios. A ginástica laboral é um exemplo de atividade que tem a finalidade de compensar e promover a saúde física e mental dos trabalhadores estando cada vez mais presente nas empresas. Diante desse contexto, um fato importante a se considerar é a relevância de um profissional de Educação Física na instrução dessas atividades, seja como forma de evitar acidentes e risco, como também para a organização e estruturação das atividades com o intuito de aumentar as chances de a recreação cumprir os objetivos aos quais se propôs. A seguir iremos verificar todas as possibilidades da recreação em diferentes fases do 33 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER processo de desenvolvimento humano, elencando os fatores característicos de cada fase do desenvolvimento humano e como esses aspectos influenciam de forma decisiva nas opções de lazer que vivenciamos. 2.2 A RECREAÇÃO EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS As atividades recreativas proporcionam diversos benefícios em diferentes fases do processo de desenvolvimento humano. Ela contribui de maneira holística, no contexto cognitivo, motor e social do indivíduo. Por meio dessas atividades é possível desenvolver a socialização, a criatividade, aprimorar a saúde física e mental. O profissional de Educação Física deve ficar atento quando for aplicar as atividades recreativas, de modo a escolher os jogos e as brincadeiras mais adequadas de acordo com a faixa etária dos participantes das atividades. Uma mesma atividade pode ser aplicada em diferentes faixas-etárias, desde que seja adaptada de acordo com a sua organização e estratégias de modo a se adequar às características motoras, cognitivas e de personalidade daquele grupo (SILVA; GONÇALVES, 2010). Pular corda, por exemplo, é uma atividade que pode ser desenvolvida com um grupo de crianças de 3 anos de idade que acabara de aprender a saltar com os dois pés unidos. O monitor amarra uma das extremidades da corda em uma árvore e, com movimentos lentos, manipula a outra extremidade da corda de um lado para o outro, ou como se a corda imitasse um movimento de ‘’cobra’’. Essa atividade pode ser realizada ao som de música, ou comandos verbais para tornar a atividade mais lúdica. Em crianças a partir de seis anos, cujo desenvolvimento motor já possibilita a realização de habilidades motoras de forma combinada, a atividade pode ser realizada individualmente, onde a própria criança manipula a corda ao mesmo tempo em que combina o movimento de saltar dos pés, ou em grupos, ao som de comandos musicais do tipo ‘’gire de um pé só, põe a mão no chão, dá uma rodadinha’’. Em adolescentes pode ser proposto desafios como ‘’quem consegue pular o maior número de vezes?’’, ou ainda, ‘’vamos fazer um double under (salto duplo da corda)?’’. Em adultos podem ser propostos desafios similares aos adolescentes e até mesmo, como resgate nos jogos tradicionais infantis, as atividades propostas para crianças. Na terceira idade, deve-se ter atenção redobrada ao propor a atividade, em função do risco de quedas. O profissional tem que ter em mente que, muitos idosos podem não conseguir pular a corda, exigindo do professor adaptações de modo a facilitar a atividade ao mesmo tempo em que permite o desafio, a diversão e a segurança a esse público-alvo. 34 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER De acordo com Bueno (2018), quando criança, tudo parece recreação já que não há obrigações nenhuma, as crianças passam o tempo se divertindo e sem preocupação com nada. Já na vida adulta, a falta de tempo compromete os momentos de entretenimento e diversão, já na terceira idade, na grande parte das vezes os aposentados tem tempo disponível para viajar ou apenas realizar atividades de entretenimento.SAIBA MAIS Aprenda a fazer o double under brincando : • https://www.pood.com.br/blog/double-under-aprenda-brincando/ A seguir iremos apresentar as características biopsicossociais de crianças, adolescentes, adultos, idosos e pessoas com deficiência, de modo a contribuir para organização e estruturação de atividades recreativas. 2.2.1 Características da primeira infância Na primeira infância, a recreação ocupa grande espaço da vida das crianças. Nessa fase, a criança demonstra a sua inteligência por meio de gestos e expressões, pela forma que manuseia os brinquedos e da maneira que interage nas brincadeiras. Nesta etapa do processo de desenvolvimento humano, o brinquedo exerce papel fundamental, uma vez que contribui para o aprimoramento do desenvolvimento motor, cognitivo, afetivo e social, além de desenvolver a criatividade. Faz-se importante a brincadeira com seus pares, uma vez que a sinapses cerebrais relacionadas à socialização começam a se desenvolver. Grande parte das propostas de atividades direcionada à essa faixa etária deverá priorizar o lúdico e o faz de conta, com atividades que estimulem principalmente as áreas do desenvolvimento motor. Dentro deste contexto, Gallahue e Ozmun (2013), coloca que o desenvolvimento no período da infância é marcado por alterações estáveis e progressivas das áreas cognitiva, afetiva e motora. Para os mesmos autores, é na brincadeira que as crianças dedicam maior parte de seu tempo; com isso, tomam consciência de seus corpos e de suas capacidades motoras, já que brincar também serve como importante meio de desenvolver habilidades https://www.pood.com.br/blog/double-under-aprenda-brincando/ 35 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER motoras refinadas e elementares. Por volta dos 2 anos o ambiente passa a ter grande efeito no desenvolvimento da criança, desse modo, quanto mais estímulos a criança estiver, mais a sua potencialidade estará sendo desenvolvida. Comumente verificamos escolas de Educação infantil considerarem que desenvolver o potencial das crianças é prepará-las para vida, no sentido de realização de operações concretas, raciocínio lógico-matemático e escrita correta e, nesse sentido, precocemente estimulam à criança ao ensino formal das letras e dos números, considerando fantástico as crianças de três anos que sabem escrever o próprio nome, por exemplo. Dentro desta perspectiva, os pais, que vivem em uma sociedade competitiva onde ser produtivo ‘’é o que há’’, se gabam pelo fato de seus filhos, precocemente, saberem realizar esses feitos. Cabe ressaltar que nessa faixa etária a criança necessita primordialmente desenvolver o lúdico, realizar atividades recreativas e prazerosas, adequadas para os seus níveis de desenvolvimento. Pais, professores, deixe-as serem crianças! Um conselho: Não restrinja os movimentos das crianças, já que é por meio deles que a criança desenvolverá a sua inteligência. SAIBA MAIS Assista o vídeo do sábio Dr. José Angelo Gayarsa e compreenda como a Educa- ção tem restringido o movimento das crianças, e qual a contribuição do movimen- to no processo de desenvolvimento infantil. https://youtu.be/Peur4mGK-a0 Tabela 4. Características das crianças de 3 à 6 anos DOS 3 À 6 ANOS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS COGNITIVO - Posturas e atitudes egocêntricas concentra a atenção em si. - Pouca capacidade de manter atenção por muito tempo, exigindo troca de ativida- des constantes. - Vivem no mundo da fantasia, da imaginação e do faz de conta, exigindo atividades lúdicas. - Próximo dos 6 anos há transição do jogo simbólico para o jogo com regras. - Compreende as regras, mas pode não segui-las. 36 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER MOTOR - Desempenham com coordenação habilidades motoras fundamentais, como andar, correr; - Melhora gradual nas habilidades manuais como abrir, fechar, empilhar, recortar, encaixar; - Apreciam atividades de equilíbrio como subir em arvores e saltar num pé só; - Em função da tecnologia, podem apresentar atrasos motores e falta de motivação para a realização de atividades mais ativas. SOCIOAFETIVO - Começa a formar vínculo com as pessoas mais velhas; - Participação em jogos compostos por pequenos grupos de indivíduos; - Utiliza a linguagem verbal para expressar os sentimentos às pessoas próximas. - Gosta de aventura e de sentir independente; - Pode ter ‘’amigos imaginários’’; - Gosta de elogios; - Forte apego e laço familiar. Fonte: Adaptado de Silva; Gonçalves (2010) Figura 6: O brinquedo como ferramenta para o desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança. Fonte: https://www.shutterstock.com/ file:///C:/Users/anadi/OneDrive/Avantis%20EAD%202019/62.%20RECREA%c3%87%c3%83O%20E%20LAZER/../../../../Avantis/Desktop/Cadernos EAD 2019/Recreação/%7bWWW.INFOSPACE.COM/CONTACT/INDEX.HTML%3eCONTACTUS%7d 37 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 2.2.2 Características da segunda infância Considerando os estágios de desenvolvimento de Piaget, vemos que a segunda infância é o período das operações concretas, onde as crianças tornam-se capazes de realizar operações mentais, ações internalizadas, como combinar, separar, ordenar e transformar objetos e ações. As crianças nessa fase são capazes do descentramento, isto é, elas podem focar sua atenção sobre diversos atributos de um objeto ou de um evento simultaneamente e compreender as relações entre as dimensões ou atributos (COLE e COLE, 2003). Elas entendem que os objetos têm mais de uma dimensão – por exemplo, peso e tamanho – e que estas dimensões podem ser separadas, podendo ser, por exemplo, uma bola de boliche pequena e pesada, ao mesmo tempo. Utilizam princípios lógicos e entendem que há relações hierárquicas entre as diversas categorias e objetos. Na segunda infância parece que o indivíduo está constantemente procurando a forma mais eficiente de movimento dentro das habilidades que já atingiu, uma vez que o seu crescimento e o seu estilo de vida passam a mudar (COLE e COLE, 2003). Segundo Bee (2003), nesse período encontramos um aumento na velocidade, uma coordenação cada vez melhor e maiores habilidades em algumas tarefas físicas especificas. Sobre os progressos no desenvolvimento motor que ocorrem na segunda infância, Cole e Cole (2003, p.492) afirmam que, As crianças tornam-se mais fortes e mais ágeis e seu equilíbrio melhora. Elas correm mais depressa, atiram bolas mais longe e têm maior probabilidade de pegá-las, pulam mais longe e mais alto do que faziam quando eram menores. Também aprendem a andar de skate, de bicicleta, a pilotar barcos, a dançar, a nadar e a subir em árvores, além de adquirir toda uma série de outras habilidades físicas durante esse período. Em média, os meninos tendem a ser superiores nas habilidades motoras que requerem poder e força, tais como correr, pular e arremessar; enquanto as meninas são excelentes nas habilidades motoras finas, como desenhar, escrever e em habilidades motoras amplas que combinam equilíbrio e movimento do pé, como pular em um pé só e saltitar (COLE e COLE, 2003). Confira na tabela 5 algumas das principais características dessa faixa etária. 38 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Tabela 5. Características das crianças de 7 à 12 anos DOS 7 À 12 ANOS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS COGNITIVO - Transição do egocentrismo para a socialização; - Segue as regras estabelecidas no jogo; - Participação na construção de jogos, como a definição de funções, regras elabora- das, etc; - Possibilidade de participar de grandes jogos, com regras cada vez mais elaboradas e variadas; - Compreensão e armazenamento das experiências já vivenciadas, relacionando-as com as novas; - Necessidade de motivação no desenvolvimento do seu intelecto, com ações lúdi- cas e estimulantes que proporcionem reflexões e descobertas. MOTOR - Combinação das habilidades motoras fundamentais; - Boa coordenação motora global e precisão nas habilidades de locomoção, manipu- lação e estabilização; - É uma etapa primordial se experimentar o maiornúmero de atividades esportivas, grandes jogos e atividades que demandam o aprimoramento da aptidão física, sem a especialização precoce. - Gosto por atividades que desafiam as habilidades motoras, como saltar mais longe, subir em arvore, etc; - Pode haver diferença no desenvolvimento motor entre os meninos e as meninas; - Em função da tecnologia, podem apresentar atrasos motores e falta de motivação para a realização das atividades. SOCIOAFETIVO - Influência direta dos amigos, pais, mídia, tendência ao modismo; - Necessidade de competir e de apresentar suas habilidades no grupo de convívio; - Disposição à formação de grupos que apresentem os mesmos interesses; - Gosto por brincar com crianças menores; - As meninas estão preocupadas como a imagem social e os meninos ainda são mais infantis; - Necessidade de motivação para o convívio social. Fonte: Adaptado de Silva; Gonçalves (2010) Figura 7. Jogos e brincadeiras tradicionais na segunda infância: o cabo de guerra. Fonte: https://www.shutterstock.com/ https://www.shutterstock.com/ 39 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Um aspecto que merece destaque nessa faixa etária é o uso excessivo da tecnologia (celular, tablet, vídeo game) em detrimento às atividades recreativas, como andar de bicicleta e patins, por exemplo. O estímulo ao movimento deve ser reforçado nessa fase, já que os hábitos adquiridos na infância tendem a persistir na vida adulta. Muitos transtornos característicos dessa idade, como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH, Transtorno do Espectro do Autismo – TEAH, por exemplo, terão seus sintomas amenizados através de atividades recreativas que envolva, essencialmente, o movimento e o contato com a natureza. FIQUE ATENTO Por que as crianças precisam de contato com a natureza? Conheça o novo transtorno que estamos sofrendo, em particular as crianças: O transtorno de déficit de natureza! • https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2016/06/estamos-so- frendo-o-transtorno-de-deficit-de-natureza.html 2.2.3 Características da adolescência A adolescência é um período complexo e dinâmico do ponto de vista físico e emocional no processo de desenvolvimento humano. É neste período em que ocorrem várias mudanças no corpo, que repercutem diretamente na formação da personalidade e na atuação pessoal da sociedade (ELENA; VALLE; MATOS, 2011). Do ponto de vista da prática da atividade física a adolescência também é um período crítico. A Organização Mundial de Saúde estima que, no mundo, cerca de 80 % dos adolescentes são insuficientemente ativos (OMS, 2015). SAIBA MAIS São considerados insuficientemente ativos crianças e adolescentes (5-17 anos) que não cumprem as recomendações sobre a prática regular de atividade física, que são: 60 minutos diários de atividade física modera à intensa. https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2016/06/estamos-sofrendo-o-transtorno-de-deficit-de-natureza.html https://epoca.globo.com/colunas-e-blogs/blog-do-planeta/noticia/2016/06/estamos-sofrendo-o-transtorno-de-deficit-de-natureza.html 40 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Para a maior parte dos estudiosos do desenvolvimento humano, ser adolescente é viver um período de mudanças físicas, cognitivas e sociais que, juntas, ajudam a traçar o perfil desta população. Atualmente, fala- se da adolescência como uma fase do desenvolvimento humano que faz uma ponte entre a infância e a idade adulta. Nessa perspectiva de ligação, a adolescência é compreendida como um período atravessado por crises, que encaminham o jovem na construção de sua subjetividade. Porém, a adolescência não pode ser compreendida somente como uma fase de transição. Na verdade, ela é bem mais do que isso (FROTA, 2007.p.0) Faz-se necessário o desenvolvimento de ações que aumentem a participação dos adolescentes em atividades físicas, especialmente o sexo feminino e os adolescentes menos favorecidos socioeconomicamente. Nesse sentido, o mesmo autor salienta que a escola representa um importante meio de promoção da atividade física, sobretudo por meio das aulas de educação física (FARIAS JUNIOR et al; 2012). Um fator a se refletir é quanto à qualidade das aulas de Educação Física Escolar na atualidade. Será que os esportes tradicionais aproximam ou afastam os adolescentes da prática de atividade física? Quais recursos o professor no Ensino Médio poderá utilizar para conseguir uma maior participação desses jovens durante as aulas e fora da escola? As atividades recreativas seriam uma boa opção? Como forma de esclarecer esses questionamentos, são descritas a seguir as principais características cognitivas, motoras e socioafetivas dos adolescentes, confira: Tabela 6. Características dos Jovens e Adolescentes a partir dos 13 anos A PARTIR DE 13 ANOS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS COGNITIVO - Reflexão entre meninos e meninas sobre atividades que tenham contato com o corpo; - Necessidade de autoafirmação; - Conflitos de personalidades; - Desprezo por atividades físicas. MOTOR - Tendência ao aperfeiçoamento das habilidades motoras, ênfase nas ativida- des esportivas; - Os meninos necessitam de atividades de intensidade vigorosa, exigindo força, resistência e velocidade; - As meninas geralmente se interessam por atividades de menor esforço físico; - As atividades deve envolver a ação de grandes grupos musculares; - Notável diferença no desempenho entre os sexos. 41 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER SOCIOAFETIVO - Maior interesse por assuntos culturais e artísticos; - Aprecia atividades ao ar livre e junto à natureza, promovendo a aproximação do grupo social ao ambiente natural; - A estética assume papel de aceitação no grupo social; - Plena identificação com o sexo oposto. Fonte: Adaptado de Silva; Gonçalves (2010) No que concerne a reflexão anterior, sobre como motivar os adolescentes a praticarem atividades físicas tanto na escola quanto no seu tempo livre, pode-se pensar na possibilidade da recreação associada aos esportes de aventura ou radicais, como o skate, o Le parkour, o Slackline. Figura 8. O Slackline, por ser uma possibilidade de recreação em meio à natureza, é uma excelente opção para atrair os adolescentes à pratica de atividades física no seu tempo livre. 2.2.4 Características dos adultos Atualmente, os adultos têm vivenciado uma jornada de trabalho de, mais ou menos, oito horas diárias, associada ao cuidado da casa e a educação dos filhos. Em função das diversas exigências do mercado de trabalho, como a produtividade e competitividade extrema, por exemplo, é impossível não refletir sobre a relação entre estresse e trabalho. 42 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Dessa forma, o estresse ocupacional é definido por Kyriacow e Sutcliffe apud Friedrich, Macedo, Reis (2015, p.60) como ‘’uma reação caracterizada por tensão, frustração, ansiedade e exaustão emocional devido a aspectos do trabalho, definidos pelos indivíduos como ameaçadores’’. O gradativo aumento das doenças ocupacionais está relacionado, entre outros aspectos, ao acentuado ritmo de trabalho e à intensidade do que é exigido ao trabalhador na execução de suas funções laborais (CARDOSO et al. 2017). Atualmente uma das principais causas de afastamento no trabalho ocorre em função da Síndrome de Burnout. A síndrome de burnout pode ser considerada uma resposta crônica aos estressores interpessoais advindos da situação laboral, uma vez que o ambiente de trabalho e sua organização podem ser responsáveis pelo sofrimento e desgaste que acometem os trabalhadores. Nessa mesma direção, o burnout é constituído por três dimensões, que são exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal no trabalho (Maslach & Jackson, 1981 apud Cardoso et al, 2017, p.56). Quando não tratada, a síndrome de Burnout pode gerar comprometimentos piores como a Depressão, por exemplo, considerada um dos principais problemas de saúde pública na sociedade contemporânea e a principal causade afastamento no trabalho, futuramente. Dentre os fatores que podem levar à essa e outras Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) está também a inatividade física, considerada o quarto maior fator de risco de morte no mundo (OMS, 2015). Dentro deste contexto, podemos ponderar que, se grande parte dos adultos não praticam atividades físicas e que se no seu tempo livre não realizam atividades físicas, isso se torna um grande problema de saúde pública na sociedade atual. Em função dessa problemática algumas iniciativas mundiais têm sido criadas, tanto para o enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis, quanto para o combate à inatividade física. Em 2018, por exemplo, a Organização Mundial de Saúde lançou uma campanha mundial intitulada ‘’Be active’’ do qual estipula como meta para o combate à falta de exercícios físicos a redução, de 10% até 2025 e em 15% até 2030, da inatividade física. A ideia é que por meio dessas iniciativas os adultos se conscientizem sobre a importância da prática de atividades físicas regulares. A seguir são elencadas algumas das principais características dessa população, veja: 43 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Tabela 7. Características dos adultos ADULTOS CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS COGNITIVO - Revalorização das atividades físicas e esportivas; - Dificuldade de se expor perante um grupo de pessoas; - Geralmente entendem e aceitam derrotas e vitórias. MOTOR -Grande diferença de habilidades entre os sexos; - Ápice de suas competências motoras e intelectuais; - Utilização da experiência tática na realização das atividades; pensam e depois executam a ação. SOCIOAFETIVO - Aceitação do sexo oposto nas atividades; - Maior participação em atividades em grupos do que individuais; - Dificuldade para conhecer pessoas. Fonte: Adaptado de Silva; Gonçalves (2010) Figura 8. O yoga é considerado uma prática excelente para os adultos aliviarem o estresse e as tensões do dia a dia. Fonte: https://www.shutterstock.com/ 2.2.5 Características dos idosos Com o aumento da expectativa de vida, o número de idosos vem crescendo substancialmente nas últimas décadas. Acredita-se que em 2050 30% da população https://www.shutterstock.com/ 44 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER brasileira terá 60 anos ou mais. Sendo assim, políticas públicas voltadas para um envelhecimento ativo têm sido muito valorizadas, em função dos diversos benefícios que o exercício traz na terceira idade, com melhora da capacidade funcional, por exemplo. Além dos benefícios à saúde física, muitos idosos buscam a prática de atividades recreativas para a melhora do convívio social, o que garante uma melhor qualidade de vida, de maneira geral. Apesar dos vários benefícios da atividade física documentados na terceira idade, uma grande proporção de idoso leva uma vida sedentária. Políticas públicas também têm sido criadas para estimular e garantir que pessoas inativas se tornem mais ativas à medida que envelhecem, como o ‘’Envelhecimento ativo’’, do qual contempla a importância da atividade física e do lazer nessa população. Considera que, para que haja um envelhecimento de boa qualidade, impõe-se uma sistemática estratégia de prevenção e tratamento (reabilitação) das doenças crônico- degenerativas a ser desenvolvida principalmente por meio da adoção de um conjunto de hábitos saudáveis de vida, que têm no exercício físico um aspecto fundamental. Isso porque os níveis atividade física parecem estar correlacionados com a atenuação do processo de declínio cognitivo e com melhores índices de qualidade de vida em idosos, principalmente naqueles com doenças crônicas (CASTRO et al., 2017). Para Castro, Lima e Duarte (2013, p.288): Estratégias que envolvem jogos, esportes, recreacão e lazer representam ferramentas eficientes da atencão primária no sentido de priorizar o envelhecimento saudável. Porém, destaca-se a importância de inserir o idoso enquanto coautor no processo de elaboracão dos programas de exercícios físicos, sugerindo, planejando e executando acões. Tal medida pode promover pró-atividade, autonomia e capacidade de gerir a própria atividade física, valoriza, assim, o caráter socioeducativo da intervencão. Os mesmos autores relatam a importância das políticas públicas destinadas à promocão do envelhecimento ativo e saudável contemplarem as características individuais e preferências desse público. Sendo assim descreveremos a seguir as principais características cognitivas, motoras e socioafetivas de idosos, confira: 45 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Tabela 8. Características da terceira-idade TERCEIRA-IDADE CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS COGNITIVO - Necessidade de elogios em momentos oportunos; - Interesse e entusiasmos na prática de jogo, quando envolve outros idosos; - Honestidade com os jogadores; - Não gosta de se expor perante o grupo; - Compreende as regras simples do jogo. MOTOR - Perda da capacidade funcional, diminuição da independência. - Constante perda de equilíbrio, principalmente em atividades que envolvem mudanças de direção realizadas com rapidez; - Perda da força muscular, flexibilidade e agilidade; - Geralmente apresentam problemas articulares e osteoporose. SOCIOAFETIVO - Apreciam as atividades realizadas em grupo e que favoreçam a socialização e a solidariedade; - Necessidade de interação social com pessoas da mesma faixa-etária; - Valorização da participação nas atividades, não se importando com os resulta- dos. Fonte: Adaptado de Silva; Gonçalves (2010) Figura 9. Atividades recreativas, de forma lúdica e estimulante, são comumente praticadas nos grupos da terceira idade. Fonte: https://www.shutterstock.com/ 46 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER De modo a resumir as características principais de cada fase do processo de desenvolvimento humano, a figura 10 descreve as principais atividades recreativas mais adequadas para cada faixa etária, confira: Figura 10. Atividades recreativas adequadas para cada faixa etária Fonte: Elaborada pela autora 47 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 2.2.6 Características das pessoas com deficiência A inclusão faz parte de um movimento educacional, político e social, de luta pela inserção das pessoas dentre a sociedade independentemente de suas diferenças, e de ser em aceitos e respeitados em seu meio social, a inclusão permite aos alunos uma educação de qualidade proporcionando às pessoas com deficiência experiências significativas (FREIRE, 2008). Dentre os diversos conteúdos da Educação Física, as atividades recreativas é uma das maneiras de estar incluindo as pessoas com deficiência já que trata-se de um conteúdo que exige socialização e cooperação dos alunos. Mas será que essas aulas de inclusão realmente acontecem na prática? Estudos têm demonstrado que alunos com deficiência não sentem-se totalmente incluídos nas aulas de Educação Física (ALVES, DUARTE, 2014). Nesse sentido, questiona-se se o professor de Educação Física está preparado em dar aula para alunos com deficiência. De acordo com Mantoan (2006) o professor tem que inovar em suas aulas e fazer com que os alunos se interajam entre si, construindo conceitos entre eles, valores, respeito, buscando entender as dificuldades e limitações que cada aluno tem. Os profissionais da Educação Física devem proporcionar aos alunos aulas atrativas, com atividades recreativas, sempre buscando trazer a estes meios de se sentirem incluídos. Para Betti e Zuliani (2002) a Educação física como parte do currículo da Educação básica tem a obrigação de estar integrando e incluindo o aluno na cultura corporal de movimento, e assim buscando estratégias para possibilitar a inclusão destes alunos. Veja no quadro abaixo as principais deficiências e suas características principais. Tabela 9. Características das principais deficiências PESSOA COM DEFICIÊNCIA CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS AUDITIVA - Apresenta perda total ou parcial na condução ou percepção de sinais sonoros; - Podem apresentar sentimentosde inferioridade; - Se bem estimulados, apresentam facilidade no convívio social; - Utilizam Libras com forma de comunicação e/ou leitura labial; - Importante a demonstração (visual) para melhor compreensão da atividade; - Importante a utilização de gestos. Substituir o apito por cartões ou bandeiras. 48 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER INTELECTUAL - Quociente intelectual significativamente inferior à média populacional; - Apresentam dificuldade no entendimento de regras e explicação de atividades complexas; - Apresentam atrasos motores importante; - Podem apresentar comportamentos inadequados e instabilidade emocional; - As explicações devem ser claras e objetivas; - É importante o incentivo à prática junto aos outros, evitar o isolamento. - O professor muitos vezes precisará adaptar as regras e as atividades propostas, o conteúdo não modifica. VISUAL - Perda parcial ou total da visão; vai desde à baixa visão à cegueira total; - Apresentam atrasos motores, geralmente pela falta de estímulos na infância; - Podem apresentar baixa percepção de competência, como também baixa autoestima; - Apresenta ótima percepção auditiva e tática; - Os comandos verbais do professor devem ser claros e objetivos; utilizar apitos e outros comandos sinaléticos. - Oferecer jogos que explorem as percepções táteis e auditivas, com adaptação dos materiais de modo à gerar som (tipo chocalho) ou alto-relevo; FÍSICA - Perda total ou parcial das funções motoras, com a ausência ou não de um ou mais membros do corpo (amputação). - Apresenta estratégias para locomoção, como cadeira de rodas, muletas ou próteses. - Apresenta comprometimento motor importante em função dos mem- bros afetados; - O professor deve explorar diversas formas de participação do aluno, não subestimá-lo. Fonte: Adaptado de Silva; Gonçalves (2010) Figura11. Em um acampamento, deficiente físico vivenciando momentos de lazer em meio a natureza. Fonte: https://www.shutterstock.com/ 49 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 2.3 FÓRUM • Proposta 1: Você conhece alguma instituição que desenvolva projetos sociais no contraturno escolar? Poderia agendar um bate papo com um dos responsáveis e coletar informações de como são organizadas e estruturadas as atividades desenvolvidas? Há ênfase nas recreativas? Como ocorre a divisão por faixa etária? Durante o fórum compartilhe com os colegas algumas das atividades recreativas desenvolvidas nos projetos (jogos, caças, brincadeiras, etc.). • Proposta 2: Você já participou de uma gincana escolar, certo? Você lembra das atividades recreativas que eram desenvolvidas? Bom, agora pense você, como futuro profissional de Educação Física escolar que ficou responsável em planejar uma gincana para os alunos do Ensino Fundamental I, Fundamental II e Ensino Médio. Como você iria organizar cada atividade, de acordo com a faixa etária de cada ciclo de ensino? Depois organize um fórum no sistema UNIAVAN para discutir com os colegas quais atividades recreativas possam existir nesse evento. CONSIDERAÇOES FINAIS As possibilidades da recreação na sociedade moderna dependem diretamente da faixa etária que o indivíduo se encontra. Na infância e adolescência, por exemplo, a escola é o local mais propício para o desenvolvimento das atividades recreativas. Desse modo, as aulas de Educação Física escolar são essenciais para a promoção do lazer ativo, já que é fundamental que as crianças e adolescentes usufruam o seu tempo livre com a prática de atividades recreativas, ao invés de atividades que promovam o comportamento sedentário, como os jogos digitais e programas de televisão. Uma ótima opção para vivenciar esse tempo com mais prazer e liberdade é, principalmente na adolescência, a prática de esportes (radicais e/ou de aventura) realizados junto à natureza. Pessoas com deficiência deverão igualmente serem estimuladas pelos seus pais e professores a se manterem ativas regularmente e devem participar de maneira efetiva de todas as aulas de Educação Física escolar, independente da deficiência, a inclusão deve se fazer presente. 50 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Optar por momentos de recreação na vida adulta é uma tarefa ainda mais difícil, uma vez que as atividades laborais ocupam grande parte do dia, no entanto devem ser priorizadas, principalmente como forma de prevenção e tratamento de doenças crônicas degenerativas tão comuns na vida adulta. É fundamental atividades que possibilitem diminuir o estresse e as tensões do dia a dia, como forme de evitar a depressão. Por fim, não menos importante, a prática de atividades recreativas na terceira idade é fundamental para os idosos melhorarem sua capacidade funcional e as valências de aptidão física de modo a serem independentes na realização das atividades de vida diária e terem uma maior qualidade de vida e longevidade. Eleva-se a importância do profissional de Educação Física para o desenvolvimento dessas atividades. É fundamental que ele compreenda as características principais das diferentes fases do processo de desenvolvimento humano, de modo a planejar e estruturar programas de recreação eficientes, que aumentem as chances de a recreação cumprir os objetivos aos quais se propõe. EXERCÍCIOS QUESTÃO 1: A maioria das atividades recreativas podem ser aplicadas nas diversas faixas etárias, sofrendo adaptações em sua aplicação, sua organização e suas estratégias ministradas. Desse modo, os professores / recreadores tem a função de organizar atividades recreativas para diversas faixas etárias compreendendo o desenvolvimento cognitivo, motor e socioafetivo dos praticantes. Dentro deste contexto, relacione as faixas etárias a seguir com as atividades que melhor as representam na tabela. ( I) 7-12 anos ( II ) Adolescentes ( III ) Adultos ( IV) Idosos ( ) Apreciação de atividade junto à natureza, promovendo a aproximação do grupo social ao ambiente natural. Tendência ao aperfeiçoamento das atividades motoras, enfatizando as atividades esportivas. Necessidade de autoafirmação. ( ) Ápice de suas competências motoras e intelectuais. Geralmente entendem e acei- tam derrotas e vitórias. Maior participação em atividades coletivas que em individu- ais. 51 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER ( ) Apreciação das atividades realizadas em grupo, favorecendo a socialização e a solidariedade. Necessidade de interação social com pessoas da mesma faixa etária. Valorização da participação nas atividades, não se importando com resultados espe- cíficos. ( ) Gosto por atividades que desafiem as habilidades motoras como subir em árvo- res, corridas e saltos. Possibilidade de participar de grandes jogos, com regras cada vez mais complexas e variadas. Necessidade de ações que proporcionem reflexões e descobertas. A sequência correta é: A. II, III, IV, I B. III, II, I, IV C. IV, III, II, I D. I, III, IV, II E. II, IV, I, III QUESTÃO 2: Nesta idade elas se tornam-se mais fortes e mais ágeis e seu equilíbrio melhora. Elas correm mais rápido, lançam bolas mais longe e têm maior probabilidade de pegá-las, saltam mais longe e mais alto do que faziam quando eram pequenas. Também aprendem a andar de skate, de bicicleta, a pilotar barcos, a dançar, a nadar e a subir em árvores, além de adquirir toda uma série de outras habilidades físicas nessa fase. Tal descrição diz respeito à qual fase do processo de desenvolvimento humano. A. Primeira infância B. Segunda infância C. Adolescência D. Adultos E. Idosos QUESTÃO 3: Pesquisas têm comprovado que escolares com deficiência não se sentem totalmente incluídos nas aulas de Educação Física. Nesse sentido, questiona- se se o professor de Educação Física está preparado em lecionar aula para alunos com deficiência. Dentro do contexto é correto afirmar que: I. O professor deve incluir as deficiências mais tranquilas durante as aulas, para não perder o foco da atividade principal. II. Independente da deficiência o aluno pode, e deve ser incluído.III. Na deficiência visual a explicação verbal deve ser clara e objetiva. IV. As atividades recreativas devem ser adaptadas para que a pessoa com deficiência possa participar. 52 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER É correto o que se afirma em: A. I, II e III B. I, II e IV C. II, III e IV D. III apenas E. III e IV apenas REFERÊNCIAS ALVES, M. L. T., DUARTE, E. 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Dentro da escola, descreveremos como os jogos e brincadeiras estão inseridos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e de que maneira ele deve ser tematizado na Educação infantil e nas aulas de Educação Física Escolar nos anos iniciais do Ensino Fundamental I. De modo a facilitar a compreensão, apresentaremos neste capítulo a diferença entre jogos cooperativos e competitivos. Você irá perceber como os jogos cooperativos expressam uma das possibilidades de atuação do profissional de Educação Física nos mais variados contextos. Especificamente nas aulas de Educação Física escolar, este capítulo irá enfatizar as possibilidades da recreação e os seus benefícios para o processo de desenvolvimento integral das crianças através do movimento. Para tanto, serão descritas algumas possibilidades de jogos e brincadeiras adequadas para o desenvolvimento de habilidades motoras na infância. Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Reconhecer a importância dos jogos e brincadeiras e sua aplicação no contexto escolar. • Apontar as especificidades dos Jogos, brinquedo e brincadeiras como conteúdo na Base Nacional Comum Curricular. • Explicar exemplos de dinâmicas recreativas que estimulam as habilidades motoras 3.1 O UNIVERSO LÚDICO: AS POSSIBILIDADES NO ÂMBITO ESCOLAR A ludicidade está presente no processo educacional e é parte essencial da vida das crianças, sendo aprimorada por meio de dinâmicas recreativas, realizada sob a forma de jogos, brincadeiras e ao manusear brinquedos. Segundo o dicionário Aurélio ludicidade 57 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER refere-se à “qualidade do que é lúdico”. Alguns definem Ludicidade pelo seu caráter livre, uma vez que depende parte da criança a escolha por participar ou não de uma determinada brincadeira. No mundo capitalista em que vivemos atualmente, o lúdico está sendo extraído do universo infantil. As crianças estão brincando cada vez menos, em função de vários fatores como a tecnologia, a violência urbana, ausência de ambiente construído à prática de lazer, amadurecimento precoce e também as diversas atividades que lhes são atribuídas, como o curso de inglês, natação, aula de música, por exemplo. ‘’As crianças não brincam mais!’’ virou praticamente um mantra do mundo moderno. No entanto, há de se cuidar com essa afirmação, uma vez que é dever dos adultos responsáveis mediar essa relação e possibilitar as crianças o acesso aos jogos, aos brinquedos e as brincadeiras. Se analisarmos a fundo, em muitas regiões brasileiras comumente presenciamos as crianças brincando em grande parte do seu tempo livre. Iniciativas nacionais têm buscado averiguar essas questões e conscientizar as escolas sobre a importância do brincar, já que, muitas delas não utilizam a brincadeira com recurso educacional. Uma dessas iniciativas é o projeto intitulado ‘’Território do Brincar: diálogo com as escolas’’, do Instituto Alana em parceria com 6 escolas. Trata-se de um projeto de pesquisa da cultura infantil brasileira. A metodologia do projeto consistiu em percorrer por quase dois anos diversas regiões brasileiras, visitando visitou diferentes comunidades (rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, litoral e sertão). Eles documentaram essa jornada em filmes, fotos, textos e áudios – se transformou em publicações, documentários, ex posições e diálogos sobre a infância brasileira. Através das publicações oriundas desta pesquisa, os autores nos convidam para aprofundarmos o olhar sobre a infância, a educação e o brincar de modo a dialogar e inspirar educadores a potencializarem o brincar dentro e fora da escola. IMPORTANTE Território do Brincar – Diálogos com escolas A parceria do Território do Brincar com escolas foi realizada através de video- conferências mensais com temas organizados pela equipe do Território do Brincar no Instituto Alana com a presença de palestrantes da área e um projeto de pesquisa realizado em cada escola parceira sobre a brincadeira de casinha, acesse: https://youtu.be/ng5ESS9dia4 58 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Essa conscientização ocorre porque muitas escolas ainda encontram dificuldades que as impedem de utilizar a brincadeira como um recurso facilitador para a aprendizagem (CORDAZZO, VIEIRA, 2007). Atualmente, essa realidade é ainda mais presente, já que as crianças são frequentemente inseridas num mundo de apetrechos tecnológicos que são extremamente atrativos às crianças, com o uso excessivo de cores e animações. Cabe ao professor utilizar metodologias mais afins do lúdico, porém, levando em consideração que se trata de um processo em que o foco está no ensino de conteúdo, e não apenas lazer. Para Cordazzo e Vieira (2007), utilizar a brincadeira como um recurso de ensino- aprendizagemé aproveitar a motivação própria das crianças para tornar o processo de aprendizagem atraente. Escolas da Finlândia, referência mundial em educação, acreditam que esse processo deve relacionar-se ao prazer. Desse modo, as crianças têm que se sentir em casa (à vontade) na escola. Na Educação Infantil as aulas são voltadas para aplicação de jogos e brincadeiras, através do contato com a natureza, músicas, esportes, danças e outras atividades lúdicas. Aliás, do Ensino Infantil ao Médio, as escolas finlandesas dedicam ao menos 15 minutos para recreação a cada hora. A Finlândia é referência mundial ao descobrir que a brincadeira é a ferramenta que mais ajuda no aprendizado das crianças. Outra combinação quem tem funcionado nas escolas finlandesas é o aprendizado com a atividade física. Na sala de aula, enquanto o conteúdo é transmitido, os alunos precisam se movimentar, não existem carteiras. A professora faz uma pergunta e a resposta é transmitida através de movimento. Veja o vídeo a seguir e confira o projeto Vida Ativa na Finlândia, que tem como resultado alunos felizes e concentrados. SAIBA MAIS: Nas escolas da Finlândia as salas de aulas não possuem carteira, eles estimu- lam o movimento durante as aulas, através de atividades educativas e recreativas. https://www.youtube.com/watch?v=zbIsBvvIWOo Palma et al (2015) acreditam que as contribuições dadas pelos estudiosos da área do lazer e ludicidade têm repercutido nos sistemas educacionais, despertando nos educadores o interesse quanto à apropriação destes no âmbito do ensino escolar. Há uma consciência cada vez maior de que, nos processos de desenvolvimento e aprendizagem, os escolares mobilizam componentes internos, conferem significações próprias aos 59 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER estímulos que lhe chegam do ambiente e agem sobre eles. Por esse motivo, os jogos e as brincadeiras parecem ser um fator que desencadeia motivações importantes para as aprendizagens. Os conhecimentos adquiridos pela criança a partir da vivência dos jogos e brincadeiras praticados em casa, na rua, no centro comunitário, no clube podem – e devem – ser considerados como ponto de partida para novas aprendizagens no cenário da escola. Além disso, as brincadeiras realizadas nos recreios e nos tempos livres nesta instituição não só não devem passar despercebidos pelos educadores, como também precisam ser resgatados nos contextos das aprendizagens ditas formais, como na própria sala de aula, nas aulas de educação física, de música, de artes, etc (PALMA et al, 2015, p.106). Essa e outras propostas metodológicas inovadoras devem ser valorizadas pelos educadores e, por isso, a compreensão dos conceitos do universo lúdico é necessária. O lúdico significa algo sempre agradável e prazeroso para aquele que realiza a atividade. Sempre que estivermos propondo aos alunos atividades que além de prazer, lhe trarão conhecimento, estaremos trabalhando o lúdico. Esse é exatamente o lema das escolas da Finlândia. Mas isso não é algo tão recente, Platão e Aristóteles já reconheciam o valor do lúdico para a educação de suas crianças (ALVES, 2009). Na infância, as atividades lúdicas auxiliam na construção da inteligência, das emoções, na linguagem e nas interações sociais. PARA REFLETIR Será que as metodologias de ensino utilizadas nas escolas brasileiras favo- recem à aprendizagem dos alunos? Se o lúdico é parte do cotidiano escolar da Educação Infantil, cabe perguntar: ele tem sido acolhido na pratica pedagógica? Brincadeira, brinquedo e jogo são termos que fazem parte do universo lúdico, e que muitas vezes podem se confundir, já os autores o utilizam de acordo com o idioma apresentado. Cordazzo e Vieira (2007) esclarecem que, a palavra em português que indica a ação 60 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER lúdica infantil é qualificada pelos verbos brincar e jogar, sendo que brincar refere-se à atividade lúdica não estruturada, e jogar envolve atividade com regras, vencer ou perder. Desse modo, a função do brinquedo é a brincadeira. O brinquedo tem o objetivo de estimular a brincadeira e motivar a criança para atividade (CORDAZZO, VIEIRA, 2007). Jogos e brincadeiras são essenciais à infância. Kishimoto (2000), afirma que definir a palavra brincadeira ou jogo não é tarefa fácil, já que ao pronunciarmos estas palavras, cada pessoa pode entendê-la de modo diferente. Segundo Freire (1994), autor conceituado na área da Educação Física, brincadeira, brinquedo e jogo possuem o mesmo significado, porém no jogo implica a existência de regras e de perdedores e ganhadores quando sua prática. Podemos entender que a brincadeira é um importante fator na formação psicomotora e de experiência do aprendiz. Quando a criança tem liberdade para pensar, inventar, descobrir, criar e procurar soluções para os problemas que há nos jogos e brincadeiras, ela está aprendendo e ampliando seu conhecimento. De acordo com Valesco (1996), a brincadeira por ser espontânea, sem nenhum compromisso, e por ser de interesse da criança, promove sua atenção e dedicação, fazendo com que haja o aprendizado de novas palavras, situações e habilidades e sentimentos. Apesar de alguns autores utilizarem as expressões jogos, recreação e lazer como sinônimos, existem diferença entre esses conceitos. Não se pode afirmar com precisão que uma atividade recreativa é ‘’lazer’’, e se um jogo se trata de qualquer atividade recreativa. Para esta análise é necessário entender como se desenvolve cada atividade. Confira no infográfico a seguir as atividades que caracterizam cada uma das expressões. 61 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Figura 12. O universo lúdico e as dinâmicas recreativas Fonte: Do autor A seguir iremos abordar detalhadamente cada uma dessas dinâmicas recreativas, seus conceitos, benefícios e relevância, confira! 62 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 3. 1.1 A Brincadeira A brincadeira é uma atividade bastante presente na infância e vem sendo explorada no campo científico. Tem se pesquisado a sua relação com o desenvolvimento e com a saúde e, entre outros focos de investigação, como ela influencia nos processos de educação e de aprendizagem das crianças (CORDAZZO, VIEIRA, 2007). Através do brincar a criança assimila valores, assume comportamentos, desenvolve diversas áreas de conhecimento, exercita-se fisicamente e aprimora habilidades motoras (SILVA, 2017). Na interação com outras crianças aprende a dar e receber ordens, a emprestar e tomar emprestado, a compartilhar momentos bons e ruins, a ter tolerância e respeito, enfim, seu raciocínio é estimulado de forma prazerosa (SILVA, 2017). É no brincar que está umas das principias expressões do comportamento infantil. A brincadeira faz a criança interagir com o seu ambiente material e emocional, gerando conhecimento, cultura e também estabelece e certifica sua maneira própria de ser e estar no universo (PINATI et al., 2007). Quando a criança brinca os sinais, os gestos, os objetos e os espaços têm valor e significados próprios, muitas vezes bem distantes da realidade. Na brincadeira as crianças recriam e repensam o que aconteceu e o que lhes deram origem, sabendo que estão brincando (PINATI et al., 2007). A brincadeira também desenvolve a comunicação, até mesmo a brincadeira mais solitária. Através do faz de conta, a criança imagina que está conversando com alguém ou com os seus próprios brinquedos. Desse modo, o desenvolvimento da linguagem ocorre com a ampliação do vocabulário e o exercício da pronúncia das palavras e frases (CORDAZZO, VIEIRA, 2007). De acordo com Silva (2017), tanto na brincadeira como no jogo existem fatores que impulsionam a ludicidade, o que se chama leis da diversão, são elas: • A aventura: aventura refere-se a quebra da rotina, a novidade. Uma atividade de aventura permite que os participantes saiam da rotina. • A competição: Diz respeito aos desafios envolvidos na superação de limitespessoais e coletivos. A superação é um fator primordial da competição • A fantasia: a imaginação e a recriação de significados nos jogos e brincadeiras estão contidas na lei da diversão. Construir e imitar personagens e cenas, fazem parte da fantasia. • A vertigem: Refere-se ao frio na barriga. A sensação de incerteza, de algo inesperado, caracteriza a vertigem nos jogos e brincadeiras. 63 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Silva (2017) faz uma analogia para explicar o sucesso de uma atividade proposta: ao considerar cada uma das leis da diversão como uma estrela, se uma atividade proposta tiver três ou quatro estrelas, ela será ótima (SILVA, 2017). AUTO ATIVIDADE Você já deve ter participado de várias brincadeiras, certo? Escolha uma que contemple pelo menos 4 das chamadas leis da diversão, ou seja, uma brincadeira considerada 4 estrelas! 3.1.2 O Brinquedo Segundo Vygotsky (1995), é por meio do brinquedo que a criança percebe o mundo ao seu redor e determina seu conteúdo ao brincar. Para o autor, o brinquedo caracteriza-se como fonte de desenvolvimento. O brinquedo é fundamental para o desenvolvimento infantil. As crianças, diferentemente dos adultos, tendem a buscar prazeres imediatos, não se preocupando com o passado nem com o futuro, apenas com as realizações do momento presente (MARTINELI, 2009). O mesmo autor acredita que os estudos sobre o brinquedo e sua relação com os processos de ensino aprendizagem necessitam ser intensificados na Educação Física a partir de uma perspectiva sociocultural. SAIBA MAIS O LEGO® é considerado por muitos, o melhor brinquedo para uma criança. Ele consiste em blocos colori- dos de montar, que tem como tradição estimular a criatividade da criança, tanto que a origem do nome LEGO deriva-se da frase dinamarquesa ‘’leg goft’, que significa ‘’brincar bem’’. O lego desenvolve as áreas da motrici- dade fina (precisão e preensão manual), organização espacial (noções de posição, forma, tamanho, dimensão), além de raciocínio, imaginação e criatividade. Ele também pode apresentar benefícios para a saúde psicológica de crianças e adultos, uma vez que esse tipo de jogo pode ajudar a externalizar nosso sistema de emoções e crenças, colocando em prática o funcionamento processos mentais que permitem que cada indivíduo ofereça a sua visão de mundo, de modo a manifestar vários tipos de pontos de vista, promovendo desse modo o diálogo e a empatia. 64 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Figura 13. LEGO® é um brinquedo que desenvolve habilidades diversas. Fonte: https: //www.shutterstock.com/ 3.1.3 Os Jogos Os jogos, assim como as brincadeiras contemplam o mundo mágico infantil, pois são as principais formas de autodescoberta e vivencia de própria criança, partindo da percepção de seus limites e de suas possiblidades, explorando seu ambiente por meio de experiências saudades e produtivas (SILVA, 2017). Segundo Silva (2017), o jogo é definido como uma atividade voluntária, exercida dentro determinados limites de tempo e espaço, segundo regras livremente consentidas, mas absolutamente obrigatórias, dotado de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão e alegria, além de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. O jogo infantil pode ser compreendido como parte da cultura popular de um povo, em determinado momento histórico, assim como as brincadeiras cantadas e folclóricas. A origem desses jogos é desconhecida, já que não se sabe quem os criou. Pondera-se apenas que são advindos de práticas deixadas por adultos, de vestígios de romances, poesias, mitos e rituais religiosos (PINATI et al., 2017). Para os autores, a tradição e o universo dos jogos se consolidaram através dos povos antigos como os da Grécia e do Oriente, que naquela época já brincavam de amarelinha, de soltar pipas, jogar pedrinhas – práticas também presentes nos dias atuais. 65 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Os jogos transmitem a cultura de um povo, por esse motivo, devem fazer parte do repertório das atividades recreativas dos professores de Educação Física. Mas, você sabe a diferença entre jogos competitivos e cooperativos? De modo geral, o que os diferem não é sua natureza, mas a presença ou não de regras que definem claramente seu caráter competitivo ou cooperativo. Porém, é preciso levar em consideração qual o público que a atividade se destina e adequar a abordagem de acordo com o contexto, no sentido de tornar a prática prazerosa ou mais desafiante. Confira na tabela 10, a diferenciação entre essas duas abordagens. Tabela 10. Principais diferenças entre os jogos competitivos e cooperativos Fonte: Broto (1999, p.65) 66 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Um aspecto relevante nos jogos é o desafio que eles provocam nos participantes, o que gera interesse e prazer. Por isso é importante que o participante descubra livremente o jogo, mesmo que o resultado não seja a que esperávamos. Não nos cabe interromper o pensamento do participante ou atrapalhar a simbolização que ele está desenvolvendo. Devemos apenas sugerir, estimular, explicar, sem impor nossa forma de agir para que a criança aprenda descobrindo e compreendendo, e não por simples imitação (ALVES, 2010). É função do professor, mediar, analisar e avaliar a potencialidade educativa dos diferentes jogos, permitindo assim um trabalho pedagógico mais envolvente. O mesmo autor nos faz refletir sobre o assunto ao relatar que até numa partida de futebol, em que a competição faz-se presente, esta não evolui sem a forte cooperação entre os jogadores de uma mesma equipe. Percebe-se através das “torcidas” nas arquibancadas, o estimulo à cooperação, por exemplo. Os jogos cooperativos expressam uma das possibilidades de atuação do profissional de Educação Física nos mais variados contextos. Para Vieira (2013), o jogo cooperativo é um conjunto de experiências lúdicas que possibilitam todos os envolvidos de avaliar, compartilhar, refletir sobre nossa relação com nós mesmos e com os outros. Para Vieira (2013, p.1), nas aulas de Educação Física os jogos cooperativos possibilitarão: • o aluno jogar pelo prazer de jogar, não para conseguir necessariamente um prêmio, uma vitória, se estimularmos atividades não competitivas, reforçaremos nos alunos à participação e não o fato de conseguir um prêmio; • o aluno se divertirá sem o temor de não alcançar os objetivos desejados, onde em sua grande maioria só são conseguidos por uns pouco; • a participação de todos os alunos será favorecida os mais capazes e os menos capazes, aqueles que sempre ganham e aqueles que sempre perdem. Esses jogos servirão para estimular o aumento da autoestima fazendo desaparecer o medo do fracasso; • os participantes se verão como companheiros de jogo, com relações de igualdades, não como inimigos os quais devem superar e não existirá a necessidade “de passar por cima dos demais” para poder jogar ou vencer; • o aluno tentará superar a si mesmo e não superar os demais, desta maneira ele conhecerá suas próprias aptidões pelo próprio esforço e não por comparações com os demais; • se vivenciará uma atividade coletiva e conjunta, e não individualizada, sem centrar em nenhum aluno ou grupo, mas sim jogando todos juntos estimulando um valor básico humano a solidariedade; 67 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER todos os alunos terão um papel importante para desenvolver, todos serão protagonistas do jogo. A rotulação de bons e maus será mínima até deixar existir no grupo. Diante desse contexto, acredita-se que ao proporcionarmos dinâmicas recreativas das quais possibilitam um jogar cooperativamente teremos mais chances de considerar o outro como um parceiro, ao invés de tê-lo como adversário. O propósito dos jogos cooperativos é demonstrar que nos jogos e esportes, bem como na vida, existem alternativas para se jogar além da competição, comumente tida como única, ou melhor, forma de se jogar e viver. 3.2 O PAPEL DO LÚDICO NA EDUCAÇÃOFÍSICA Platão e Aristóteles já reconheciam o valor do lúdico para a educação de suas crianças. No entanto, é a partir da consideração do “sentimento de infância”, concretizado por volta do século XVIII, que o lúdico é efetivamente associado à educação da criança pequena (ALVES, 2009). O discurso em torno da importância da atividade lúdica para o desenvolvimento e aprendizagem da criança que circulava em território europeu, também chegou ao Brasil, ganhando suas escolas voltadas à educação da criança pequena. Dentro deste contexto, vale ressaltar que o lúdico é essencial para o desenvolvimento físico e mental da criança, auxiliando na construção do seu conhecimento e socialização, aprimorando os aspectos cognitivos e afetivos (ALVES, 2010). Como um importante instrumento pedagógico, o lúdico tem o poder de melhorar a autoestima e desenvolver a inteligência cognitiva da criança, já que o processo de ensino aprendizagem, quando utiliza meios lúdicos, cria um ambiente gratificante e atraente, servindo como estímulo para o desenvolvimento integral da criança. O mesmo autor relata a importância de o professor buscar sempre se especializar, ampliar sua compreensão sobre o lúdico e utilizar com mais frequência técnicas que envolvam jogos, proporcionando o desenvolvimento integral de seus alunos. Além disso, quanto mais o adulto vivenciar sua ludicidade, maiores as chances desse profissional trabalhar com a criança de forma prazerosa, já que a formação lúdica proporciona ao educador uma melhor compreensão sobre suas possibilidades, possibilitando-o desbloquear resistências e ter uma visão clara sobre a importância do jogo e do brinquedo para a vida da criança, do jovem e do adulto. Por último, ressalta-se a importância dos profissionais envolvidos com a educação, aproveitar as situações prazerosas que os jogos e brincadeiras proporcionam, e considerá- 68 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER los como excelentes auxiliares para fornecer limites, estabelecer liberdade, conviver com regras, tornar-se um cidadão. No processo de desenvolvimento humano, as crianças e jovens em idade escolar apresentam maior evolução quanto aos aspectos cognitivos, sociais, afetivos e emocionais, por isso, quando propormos atividades recreativas a esse público, estaremos contribuindo para o seu pleno desenvolvimento. Recreação e lazer são conteúdos que vão além do simples fato de divertir e entreter (GOLÇALVES, HERNANDEZ, RONCOLI, 2018). Sendo assim, os conteúdos presentes nas aulas de Educação Física escolar devem envolver os conhecimentos e habilidades pautadas na Cultura Corporal de Movimento, de modo a valorizar a atuação do indivíduo na sociedade, promovendo saberes que serão utilizados pelos escolares para além dos muros da escola. Conforme sugere Gonçalves, Hernandez e Roncoli (2018), é interessante pensar a recreação a partir da construção de normas e valores, de modo a permitir o avanço social, das dimensões conceitual, procedimental e atitudinal. Pensar a Educação Física a partir dessas dimensões é discutir de forma reflexiva os seus conteúdos, já que nem todos os saberes e formas culturais são suscetíveis de constarem como conteúdos curriculares - o que exige da escola uma seleção rigorosa. Felizmente, os jogos e brincadeiras fazem parte dos conteúdos preconizados pela Base Nacional Comum Curricular - BNCC (BRASIL, 2017), atuam como eixo estruturante na Educação Infantil e unidade temática no Ensino Fundamental. 3.2.1 Os jogos e as brincadeiras na Base Nacional Comum Curricular Na primeira etapa da Educação Básica, e de acordo com os eixos estruturantes da Educação Infantil (interações e brincadeiras), devem ser assegurados seis direitos de aprendizagem e desenvolvimento, para que as crianças tenham condições de aprender e se desenvolver: conviver, brincar, participar, expressar, conhecer-se. A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças. Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções (BRASIL, 2017, p. 37). 69 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Dentro desta perspectiva, o brincar, é considerado um direito de aprendizagem e desenvolvimento na Educação Infantil. Devendo, portanto, a criança brincar, cotidianamente de diversas formas, em diferentes espaços e tempos, com diferentes parceiros (crianças e adultos), ampliando e diversificando seu acesso a produções culturais, seus conhecimentos, sua imaginação, sua criatividade, suas experiências emocionais, corporais, sensoriais, expressivas, cognitivas, sociais e relacionais. Já no Ensino Fundamental, as Brincadeiras e Jogos são tematizadas através das aulas de Educação Física, componente curricular que tematiza as práticas corporais em suas diversas formas de codificação e significação social uma das seis unidades temáticas abordadas ao longo do Ensino Fundamental. A unidade temática Brincadeiras e jogos explora aquelas atividades voluntárias exercidas dentro de determinados limites de tempo e espaço, caracterizadas pela criação e alteração de regras, pela obediência de cada participante ao que foi combinado coletivamente, bem como pela apreciação do ato de brincar em si. Essas práticas não possuem um conjunto estável de regras e, portanto, ainda que possam ser reconhecidos jogos similares em diferentes épocas e partes do mundo, esses são recriados, constantemente, pelos diversos grupos culturais. Mesmo assim, é possível reconhecer que um conjunto grande dessas brincadeiras e jogos é difundido por meio de redes de sociabilidade informais, o que permite denominá-los populares (BRASIL, 2017, p.214). Dentro deste contexto, o documento salienta a importância da distinção entre jogo como conteúdo específico e jogo como ferramenta auxiliar de ensino. Não é raro que, no campo educacional, jogos e brincadeiras sejam inventados com o objetivo de provocar interações sociais específicas entre seus participantes ou para fixar determinados conhecimentos. O jogo, nesse sentido, é compreendido como meio para se aprender outra coisa, como no jogo dos “10 passes” quando utilizado para ensinar retenção coletiva da posse de bola, concepção não adotada na organização dos conhecimentos de Educação Física na BNCC. Neste documento, as brincadeiras e os jogos têm valor em si e precisam ser organizados para ser estudados. Veremos que são igualmente relevantes os jogos e as brincadeiras presentes na memória dos povos indígenas e das comunidades tradicionais, pois tranzem consigo formas de conviver, oportunizando o reconhecimento de seus valores e formas de viver em diferentes contextos ambientais e socioculturais brasileiros. A seguir são elencados os objetivos de conhecimentos da Educação Física nos 70 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER anos iniciais e finais do Ensino Fundamental, com as respectivas habilidades a serem desenvolvidas nos alunos, confira (BRASIL, 2017): 1o ao 2o ano - Brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional: Experimentar, fruir e recriar diferentes brincadeiras e jogos da cultura popular presentes no contexto comunitário e regional, reconhecendo e respeitando as diferenças individuais de desempenho dos colegas. Explicar, por meio de múltiplas linguagens (corporal, visual, oral e escrita), as brincadeiras e os jogos populares do contexto comunitário e regional, reconhecendo e valorizando a importância desses jogos e brincadeiras para suas culturas de origem. Planejar e utilizar estratégias para resolver desafios de brincadeiras e jogos populares do contexto comunitário e regional, com base no reconhecimento das características dessas práticas. Colaborar na proposição e na produçãode alternativas para a prática, em outros momentos e espaços, de brincadeiras e jogos e demais práticas corporais tematizadas na escola, produzindo textos (orais, escritos, audiovisuais) para divulgá-las na escola e na comunidade. 3o ao 5o ano - Brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo; Brincadeiras e jogos de matriz indígena e africana • Experimentar e fruir brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e recriá-los, valorizando a importância desse patrimônio histórico cultural. • Planejar e utilizar estratégias para possibilitar a participação segura de todos os alunos em brincadeiras e jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana. • Descrever, por meio de múltiplas linguagens (corporal, oral, escrita, audiovisual), as brincadeiras e os jogos populares do Brasil e de matriz indígena e africana, explicando suas características e a importância desse patrimônio histórico cultural na preservação das diferentes culturas. • Recriar, individual e coletivamente, e experimentar, na escola e fora dela, brincadeiras e jogos populares do Brasil e do mundo, incluindo aqueles de matriz indígena e africana, e demais práticas corporais tematizadas na escola, adequando- as aos espaços públicos disponíveis. 71 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 6o ao 7o ano - Brincadeiras e jogos eletrônicos • Experimentar e fruir, na escola e fora dela, jogos eletrônicos diversos, valorizando e respeitando os sentidos e significados atribuídos a eles por diferentes grupos sociais e etários. • Identificar as transformações nas características dos jogos eletrônicos em função dos avanços das tecnologias e nas respectivas exigências corporais colocadas por esses diferentes tipos de jogos Na BNCC, as unidades temáticas de Brincadeiras e jogos, Danças e Lutas estão organizadas em objetos de conhecimento conforme a ocorrência social dessas práticas corporais, das esferas sociais mais familiares (localidade e região) às menos familiares (esferas nacional e mundial). Entendendo a importância dos jogos e brincadeiras, fica claro que estes devem ser estimulados no âmbito escolar, já que favorecem o desenvolvimento da criança, nos aspectos cognitivo, social, afetivo e motor. Nas aulas de Educação Física muitas atividades recreativas são desenvolvidas através do movimento. De acordo com Rosa Neto (2002), o desenvolvimento motor pode ser dividido em sete áreas: motricidade fina, motricidade global, equilíbrio, esquema corporal, organização espacial, organização temporal e lateralidade. No contexto escolar é fundamental que as áreas motoras sejam desenvolvidas e aprimoradas através atividades lúdicas e estimulantes. Na tabela 11, são descritas cada área motora com algumas sugestões de atividades que melhor os representam. Tabela 11. As habilidades motoras desenvolvidas por meio dos jogos e brincadeiras Jogos brincadeiras Motricidade fina jogos de encaixe (lego), jogo de pega-varetas, quebra-cabeça, alinhavos, acertar o alvo, boliche, dobraduras, massinha de modelar, bolinha de sabão, atividades de ligar os pontilhados, pintar com os dedos dos pés, fazer bijuterias com miçangas, fazer um laço. Atividades escolares: recortar, colar, fazer bolinhas com papel crepom, pinturas (tintas, canetinha e lápis de cor, dedos), Motricidade global Saltar de diferentes formas, com um pé só, com os dois pés, por cima de objetos, andar com uma bola entre as pernas, atividades de rastejar, escalar. Circuito com obs- táculos (banco, elástico, corda, bola, cones), jogos com música, brincadeiras com bola. Equilíbrio Amarelinha, “pé de lata”, jogos de troca de nível (subir e descer, correr e parar), trave de equilíbrio, equilíbrio com bastões, circuito de equilíbrio (andar por cima de uma banco, corda ou linhas da quadra); realizar diferentes posições, com diversos materiais (auxiliares ou não). 72 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Esquema corporal Brinquedo cantado, jogo de mímica (imitação de expressões faciais, animais); brin- cadeiras no espelho com imitação de posturas, movimentos de relaxamento sentado ou deitado, contornar o corpo do colega no chão com giz, quebra-cabeça do corpo humano. Organização espacial Jogos de quebra cabeça e encaixe, manusear vários materiais e classificar (grande / pequeno, grosso / fino, mole / duro). Figuras geométricas, dentro fora (coelhinho sai da toca), jogo twister, Organização temporal Estimular a composição de frases, conversar, cantar, brincadeiras com música (ritmo), palmas, bater o pé e parar, dança da cadeira, tocar instrumentos musicais, pular corda, reloginho. Lateralidade Jogos de arremesso, jogo com bolas, saci-pererê, circuitos, máscara, binóculo, olho mágico. Músicas com movimento esquerdo e direito, dança de roda. 3.3 FÓRUM • Proposta 1: Utilize a plataforma da UNIAVAN e discuta com seus colegas de disciplina ‘’chat ou fórum’’, exemplos de jogos cooperativos que para serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física escolar. Quem sabe você conheça novas formas de transformar jogos competitivos em cooperativos para colocar em prática. • Proposta 2: Quais seriam as habilidades motoras desenvolvidas nos jogos exemplificados na proposta 1? Para tornar essa atividade mais significativa, utilize a plataforma da UNIAVAN e socialize com os colegas de disciplina sua resposta. CONSIDERAÇOES FINAIS Neste capítulo vimos como o universo lúdico se insere na vida das crianças através das brincadeiras, do brinquedo e dos jogos. Dentro deste contexto, a escola constitui- se como um meio privilegiado para se trabalhar o aspecto lúdico, servindo tanto como instrumento para facilitar o processo de ensino aprendizagem (ex: escolas da Finlândia) quanto como um conteúdo, eixo de aprendizagem e unidades temática pertencente à Base Nacional Comum Curricular de todas as escolas de Educação Básica do Brasil. Na Educação infantil e nas aulas de Educação Física Escolar nos anos iniciais do 73 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Ensino Fundamental I, a brincadeira, o brinquedo e os jogos são fortemente valorizados por contribuírem de forma decisiva no desenvolvimento cognitivo, afetivo, social e motor das crianças. Além de favorecer a autoestima, o desenvolvimento da solidariedade e da empatia, como os jogos cooperativos por exemplo. Em relação aos jogos cooperativos, seria interessante se as escolas desenvolvessem uma Pedagogia da Cooperação e especificamente nas aulas de Educação Física escolar, tais possibilidades ocorrem através das dinâmicas recreativas, das brincadeiras cantadas, dos estafetas, dos esportes, caças e dos jogos tradicionais infantis. Por esse motivo, considerando que o papel da Educação Física escolar na infância visa, de maneira específica, o aprimoramento das habilidades motoras e das capacidades físicas e de maneira geral, o desenvolvimento da cultura corporal de movimento, as possibilidades de jogos e brincadeiras adequadas para o desenvolvimento de habilidades motoras na infância devem ser priorizadas, já que atualmente eleva-se a importância da competência motora na infância para trajetórias positivas de saúde ao longo da vida. EXERCÍCIO FINAL QUESTÃO 1: Uma classificação comum para jogos refere-se a jogos cooperativos e jogos competitivos. O jogo cooperativo é aquele que envolve atividades de compartilhar, unir pessoas, despertar a coragem para assumir riscos com pouca preocupação com o fracasso e o sucesso em si mesmos. Sobre as características importantes do jogo cooperativo, assinale a alternativa CORRETA. A. O jogo cooperativo é preocupante e tenso. B. Existe pressa para acabar o jogo e recomeçar outro com novos participantes. C. No jogo cooperativo, é importante ganhar a competição. D. Solidariedade e descontração. E. Existe rivalidade entre os participantes e a necessidade de premiação. QUESTÃO 2: As possibilidades de inserirmos os jogos cooperativos nasaulas de Educação Física escolar são diversas. Eles apresentam valores importante para as crianças e jovens. Em relação aos jogos cooperativos, assinale a alternativa correta: A. Compreender a competição e as emoções relacionadas a ela é uma oportunidade para que as crianças passem a lidar com a realidade do mundo competitivo de 74 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER maneira mais serena e equilibrada. B. No ambiente competitivo bem administrado também estão presentes a necessidade do respeito, a superação de limites e a amizade. C. No jogo cooperativo, aprende-se a considerar o outro que joga como um adversário, e não como parceiro. D. Joga-se por gostar do jogo, pelo prazer de jogar, pela cooperação, a aceitação, a participação e a diversão. E. Deve valorizar o fato de “Ganhar”, “Vencer”, formando assim pessoas vencedoras na vida. QUESTÃO 3: A competição esportiva implica contradições. Por um lado, representa um estímulo à superação, favorece o esforço contínuo, a perseverança, a melhora da satisfação pessoal e o controle emocional, beneficia a motivação dos praticantes e as relações pessoais. Por outro lado, pode provocar rivalidade, hierarquia, seleção e exclusão, gerar estereótipos e favorecer o individualismo entre os participantes. Acerca do dilema do profissional de Educação Física em sua intervenção, no que tange à competição, julgue os itens que se seguem. (ENADE 2007): I. Para se promover a transformação social, devem ser potencializados o trabalho cooperativo, a corresponsabilidade nas tomadas de decisões coletivas e a reflexão em grupo acerca do sentido do respeito pelo adversário, deixando de lado os jogos competitivos. II. II. Para se adotar uma postura crítica no que se refere à competição, é necessário substituí-la nos programas educacionais pela cooperação. III. Deve-se dar valor à competição, mas também a cooperação, favorecendo o diálogo entre os participantes e estimulando a tolerância e a solidariedade, sem posicionar- se totalmente contra ou totalmente a favor de uma ou de outra forma de jogar. IV. Para o reconhecimento da competição como meio de educar-se, e não como finalidade em si mesma, deve-se respeitar as regras e aceitar o êxito dos outros e as próprias derrotas. É correto o que se afirma em: A. I e III. B. II e IV C. III e IV. D. I, II e III E. I, II, IV 75 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER REFERÊNCIAS ALVES, L. BIANCHIN, M.A. O jogo como recurso de aprendizagem. Rev. psicopedag. [online]. 2010, vol.27, n.83 BROTTO, F. O. Jogos Cooperativos: Se o importante é competir, o Fundamental é cooperar. São Paulo, O autor, 1995. BRASIL. Base Nacional Comum Curricular: Educação Infantil e Ensino Fundamental. Brasília: MEC/Secretaria de Educação Básica, 2017. CORDAZZO, S.T.D e VIEIRA, M.L. A brincadeira e suas implicações nos processos de aprendizagem e de desenvolvimento. Estud. pesqui. psicol.[online]. v.7, n.1, pp. 0-0 , 2007. FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. 4. ed. São Paulo: Scipione, 1994 GOLÇALVES, P.S; HERNANDEZ, S.S.S, RONCOLI, R.N. Recreação e lazer. 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EFDeportes.com. v. 17, n. 176. VYGOSTKY, L. S. Uma perspectiva histórico-cultural da educação. Petrópolis: Vozes, 1995. 76 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 77 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 4 unidade AMBIENTES E POSSIBILIDADES DAS ATIVIDADES RECREATIVAS E DE LAZER 78 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 4 INTRODUÇAO Á UNIDADE IV A literatura atual tem confirmando os benefícios das atividades culturais, recreativas e de lazer para o desenvolvimento da interação social, contato com o meio ambiente, diminuição do estresse, e seu enorme potencial educativo, principalmente para crianças e jovens em idade escolar. Mesmo sabendo que os espaços públicos são lugares bastante propícios para a realização de atividades recreativas, no Brasil esses espaços (ruas, praças, quadras) permanecem subutilizados para vivências de recreação e lazer. A violência urbana e a carência de políticas públicas voltadas ao lazer parecem ser um dos principais motivos desse descaso. Sendo assim, muitas vezes, a escola é o lugar mais propício, e também o mais seguro, para a realização de atividades recreativas. Nesse capítulo iremos enfatizar as possibilidades de lazer na escola! Abordaremos brevemente como se dá a organização de eventos recreativos e de lazer, elencando os principais eventos desse tipo. Além disso, apontaremos a importante relação entre recreação e natureza, e como essa relação se aplica no contexto educacional. Por fim, apresentaremos uma amostra das diversas possibilidades de dinâmicas recreativas aplicáveis aos diferentes contextos, como forma a subsidiar a futura prática profissional do professor de Educação Física Escolar. Ao final deste capítulo, você deve apresentar os seguintes aprendizados: • Descrever os principais tipos de eventos recreativos e de lazer existentes e suas possibilidades de aplicação do ambiente escolar. • Discutir às práticas de recreação e lazer na sociedade contemporânea, e os espaços mais adequados para sua vivência plena. • Demonstrar exemplos de dinâmicas recreativas aplicáveis à diferentes contextos. 4.1 A VIVÊNCIA PLENA DA RECREAÇÃO E DO LAZER: POSSIBILIDA DES NO ÂMBITO ESCOLAR Em função da tecnologia e da violência urbana, podemos verificar, na atualidade, uma mudança de paradigma quanto à forma que as crianças têm brincado, vivenciado o seu tempo livre. O usufruto da cultura corporal de movimento mudou, é inegável! As crianças se movimentam menos, logicamente porque grande parte da movimentação da infância que ocorria através dos jogos e brincadeiras de interação com os seus pares, 79 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER tornou-se agora a movimentação rápida apenas do polegar, a convivência diária com os amigos digitais ‘’ smartphones, tablets e videogames’’. Como resultado, as crianças interagem cada vez menos com os seus amigos reais, o que acaba por comprometer sua saúde integral; seu repertório de jogos e brincadeiras infantis é praticamente nulo, devido ao combo ‘’ comportamento sedentário + inatividade física ’’ que as crianças tem se alimentado. A imagem 14 ilustra essa triste realidade, confira: Figura 14: Mudança de paradigma do tempo livre na infância. Fonte: https://perasperaadalta.blogspot.com/2019/04/1980-2019-infancia-feliz.html O mais preocupante desta constatação é que, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2015), crianças ou adolescentes (5-17anos) que permanecem mais de 2 horas do seu dia em ‘’tempo em tela’’ (usando smarphone, tablet, videogame, TV), apresentam comportamento sedentário; e os que não realizam 60 minutos diários de atividade física moderada à intensa, são considerados insuficientemente ativos. Vale lembrar que, segundo a mesma organização, a Inatividade física é o quarto maior fator de risco de morte no mundo, ou seja, um sério problema de saúde pública que exige medidas preventivas desde a mais tenra idade. Dentrodesta realidade, a escola atua sob a forma de Educação em saúde, conscientizando os escolares sobre a importância de se manter um estilo de vida ativo dentro e fora da escola. Desse modo, são vislumbradas diversas possibilidades visando motivar os alunos para a realização de atividades físicas diárias e parece que as atividades 80 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER recreativas e de lazer são excelentes ferramentas para conquistarmos essa adesão. Além do conteúdo curricular (que contempla os jogos e as brincadeiras), há outras possibilidades de propiciarmos prazer, diversão aos nossos alunos, veja: • Realizar eventos recreativos e de lazer (Rua de Lazer, Colônia de férias, Acampamentos, Festa do Pijama, Gincanas, etc). • Resgatar os jogos tradicionais infantis através do ‘’Recreio Ativo’’, proporcionado nos intervalos das aulas jogos e brincadeiras como por exemplo: pular corda, pé de lata, esconde-esconde, cantigas de roda, etc. • Utilizar jogos recreativos (ex: Quiz) na sala de aula como forma de dinamizar o processo de ensino-aprendizagem. • Relacionar a recreação com a natureza numa perspectiva da inteligência naturalista, proposta por Gardner - autor da Teoria das Inteligências Múltiplas. • Utilizar os arredores das escolas, os parques, praças e ruas para promoção de atividades de lazer • Propiciar no contraturno escolar, projetos socioeducacionais relacionados à recreação e ao lazer aos alunos que se encontram em situação risco social, por exemplo. • A aplicação de dinâmicas de grupos e jogos cooperativos para que sejam ensinados valores como solidariedade, compaixão, empatia, união, respeito ao próximo. O profissional de Educação Física, dentro do âmbito escolar pode agir como agente transformador dessa realidade, conscientizando os escolares e toda a comunidade escolar sobre a importância das atividades de recreação e lazer em nosso dia a dia. A seguir iremos elucidar algumas dessas possibilidades, de modo a oferecer aos futuros profissionais de Educação Física os subsídios para a realização de práticas recreativas mais significativas e prazerosas na escola. 4.2 ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS RECREATIVOS E DE LAZER Organizar um evento recreativo é uma tarefa que exigirá do profissional bastante criatividade, pesquisa planejamento, organização, coordenação, controle. De maneira geral, considera-se que todo evento recreativo e/ou de lazer é um acontecimento que visa propor a um grupo de pessoas diversas atividades lúdicas, desafiantes, descontraídas com o intuito principal de proporcionar prazer e integração entre os participantes. Antes de adentrarmos na esfera dos eventos recreativos e de lazer, vale exemplificar 81 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER alguns tipos de eventos deste tipo, dos quais você já deve ter participado: Rua de Lazer, Colônia de férias, Acampamento, Festa do Pijama, Gincana, entre outros. O mais interessante, é que todos eles podem ser direcionados à comunidade escolar, e por isso, aplicável pelo profissional de Educação Física, veja: Rua de Lazer Esse evento é uma prática comum em diferentes cidades brasileiras e consiste no fechamento de ruas para o trânsito, geralmente aos domingos e feriados. Trata-se de uma iniciativa que depende muito mais da prefeitura para a sua realização, do que das escolas propriamente dita. Envolve o cumprimento de leis para a sua concretização, sendo essas que definem os procedimentos necessários para que o evento ocorra. Aliás, para que o evento ocorra é fundamental o interesse da comunidade. Sendo assim, o papel da escola é atuar como agente de conscientização sobre a importância da recreação e do lazer, uma vez que há muito preconceito por parte dos motoristas e da população em geral, que consideram o fechamento das ruas um sério transtorno no trânsito. FIQUE ATENTO O QUE VEM A SER A RUA DE LAZER? A Rua de Lazer nasceu nos Estados Unidos, como “playstreet,” nos anos 50. Ela foi introduzida no Brasil nos anos 70 através do movimento “Esporte Para Todos”. A rua é um espaço em que as pessoas circulam, se conhecem, se comunicam; as pessoas podem nela transitar por um breve instante ou permanecerem ali por muito tempo. Muitas vezes estamos tão preocupados e estressados com o cotidiano que não percebemos que a rua pode se tornar um espaço de desenvolvimento de atividades lúdicas. A proposta da Rua de Lazer é transformar a agitação do dia-a-dia de uma rua em uma festa coletiva, na qual as pessoas possam extravasar seus sonhos e se entregarem à atividades que lhes proporcionem prazer (ALMEIDA e da COSTA, 2017). A importância desse tipo de evento advém do fato de que muitas cidades não apresentam espaços públicos como praças, parque e outros que sejam seguros para as crianças brincarem. Além das Ruas de Lazer proporcionarem ludicidade, aprendizado, saúde e alegria a diferentes grupos sociais (crianças, adolescentes, adultos, idosos, pessoas com deficiência) elas promovem o espírito de pertencimento do homem à sua comunidade. 82 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Figura 15. Rua de Lazer. Muitas vezes, andar de roller só é possível no asfalto, e o fechamento das ruas favorecem esse tipo de prática. Fonte: https://www.shutterstock.com SAIBA MAIS Veja neste e-book como fazer para fechar uma rua de lazer. Acesse: https:// criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/10/ruas_de_lazer.pdf Colônia de férias A colônia de férias é um evento direcionado às crianças e jovens que encontram-se no período de recesso escolar, ou seja, férias! Em sua programação consta a organização de equipes esportivas para a realização de torneios e/ou campeonatos, a realização de jogos e brincadeiras, além de atividades que visam o contato direto com a natureza. Ela pode ser realizada na própria escola ou em outros locais pré-determinados. O principal objetivo deste tipo de evento é garantir momentos de entretenimento e lazer, sem nenhuma obrigação de cunho escolar, buscando a livre participação dos alunos, de https://www.shutterstock.com https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/10/ruas_de_lazer.pdf https://criancaenatureza.org.br/wp-content/uploads/2018/10/ruas_de_lazer.pdf 83 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER modo a promover uma maior socialização entre eles. Para Silva (2012), pode-se humanizar as vivências de lazer nas colônias, a partir da mediação e não da reprodução das atividades planejadas. Desse modo, as colônias de férias ganham outras dimensões, ‘’qualificado pelas relacões entre os significados (conteúdos) e os significantes (formas de expressão dos mesmos), da contínua convivência e comunicação entre os sujeitos” (SILVA, 2012, p.25). O professor de Educação Física ao planejar uma colônia de férias, deve ter atenção especial às atividades propostas, de modo a elaborar atividades que contribuam de maneira significativa para o desenvolvimento dos escolares, que apresentem objetivos claros e que sejam estruturadas levando em consideração a faixa etária dos participantes. Figura 16. Colônia de férias. Atividades lúdicas e estimulantes em meio à natureza sem a preocupação com as obrigações escolares. Fonte: https://www.shutterstock.com Acampamento De acordo com Camargo (1979) os acampamentos, são opções de lazer para crianças e adolescentes viajarem nas férias ou em outro período do ano, possibilitando aos participantes a realização de jogos e brincadeiras, passeios, tudo em contato com a natureza. As atividades geralmente são sugeridas pelos professores (animadores/ 84 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER monitores), mas seria interessante que, no momento do planejamento, essas fossem apresentadas aos participantes de modo a discutir possíveis aceitação ou rejeição. Vale ressaltar que a participação dos escolares deve ser voluntária, focada na livre-adesão, ou seja, não pode ser algo forçado, obrigatório, até porque o intuito deste tipo de evento é proporcionar momento de convivência sadia e alegre. Além disso,os acampamentos, como instrumento de cultura e lazer, também apresentam o seu caráter educacional, ao ensinar valores como solidariedade, respeito mútuo, convivência, trabalho em equipe, empatia. Pelo fato de ser realizado em meio a natureza, o acampamento favorece uma maior consciência ambiental. Vale ressaltar que, o profissional de Educação Física, além de atuar na organização do evento, poderá atuar como líder e propor alguns princípios e condutas visando um ótimo convívio entre os participantes. Desse modo, com o intuíto de manter um ambiente democrático e mais ordenado, esses princípios poderão conter definição dos horários de dormir, divisão de tarefas entre outros. Figura 17. Acampamento. Quando há trilhas ecológicas a percorrer, o acampamento pode ser uma exce- lente alternativa para estimular à prática de atividades físicas na adolescência. Fonte: https://www.shutterstock.com 85 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Festa do Pijama A festa do pijama visa promover a socialização das crianças através jogos e brincadeiras lúdicas realizadas antes e após a hora de dormir. É necessário pernoitar, dormir fora de casa: as crianças dormem e acordam juntas, assistem filme, brincam de caça ao tesouro, bingo, decoram almofadas. Geralmente a Festa do Pijama é realizada nas comemorações de aniversário ou em alguma data festiva na escola, em que os professores, juntamente com as crianças permanecem na escola e transformam a sala de aula em um local para dormir, com muita diversão e descontração. A contação de histórias, o bate-papo ou a sessão cinema são opções mais calmas, e por isso podem ser realizadas antes de dormir. Figura 18. Festa do Pijama. É diversão garantida em todas as idades. Quando realizada na escola pode contemplar a realização de atividades recreativas, como ‘’guerra de almofadas’’, por exemplo. Fonte: https://www.shutterstock.com Gincanas De acordo com Poit (2013), a gincana é uma atividade de recreação e esporte constituída de diversas estações criativas e com objetivos a serem atingidos pelas equipes. O desafio é vencer provas inusitadas. As equipes são organizadas de modo a seguir as regras que visam o respeito e a interação social, promovendo a integração entre os participantes 86 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER (BARBOZA, et al., 2016). Os mesmos autores colocam que, algumas tarefas são direcionadas intencionalmente para que possam desenvolver a imaginação, a liberdade e o espírito de liderança. Hoje as gincanas além da busca pela diversão, do lúdico, predominando o caráter recreativo com provas simples e complexas, mas com competição caracterizada, os organizadores se orientam por razões que vão além dos objetivos culturais e esportivos, preocupando-se com valores humanitários, sociais e comportamentais (BARBOZA et al, 2016, p.1). Figura 19. Na gincana, uma das possibilidades é o caça ao tesouro, em que as equipes devem desven- dar uma série de pistas para encontrar o tesouro. Fonte: https://www.shutterstock.com No âmbito escolar, muitas vezes, o profissional deverá, com base nos seus conhecimentos sobre os diversos tipos de eventos, escolher, junto com a direção da escola, a melhor tipologia para realizar um evento. Poit (2013) acredita que organizar um evento é realizar com antecedência todas as providências preparatórias necessárias para assegurar as melhores condições à sua 87 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER realização, sem dificuldades administrativas, disciplinares e estruturais. Por isso, é fundamental a adequação das atividades às faixas etárias, o cuidado em não utilizar em demasia a competição. É preciso criar condições para que haja um ambiente prazeroso, como um nível técnico adequado quanto à sua programação. De modo a contribuir para o sucesso do evento recreativo e de lazer, o entendimento de cada etapa desse processo é fundamental. Conforme sugere Matias (2013), as etapas são: • Concepção: Nessa etapa é importante se ter uma ideia do evento que se pretende realizar. Faz-se necessário o levantamento do maior número de demandas: reconhecimento das necessidades do evento; elaboração de alternativas para suprir as demandas; identificação dos objetivos específicos, por exemplo. • Pré-evento: Refere-se ao planejamento do evento. Engloba todas as etapas de preparação e desenvolvimento do evento. São definidas e realizadas atividades como: serviços iniciais e de secretaria, detalhamento do projeto, etc. • Per ou transevento: É a fase decisiva do evento. Estão inseridos a coordenação de execução, o financeiro, o técnico administrativo e social do evento. Refere-se ao transcorrer das atrações do evento. São aplicados os itens previstos no pré-evento. Nessa fase a aplicação do check-list, torna-se essência. • Pós evento: Refere-se ao processo de encerramento do evento, a avaliação dos participantes e da equipe organizadora. Compara-se os resultados esperados com os obtidos, para identificação dos pontos positivos e negativos do evento. 4.3 OUTROS AMBIENTES E POSSIBILIDADES DE ATIVIDADES RECREATIVAS Pesquisas têm demonstrado que o contato com a natureza favorece o desenvolvimento integral na infância, contribuindo para o desenvolvimento cognitivo, social, físico e psicológico da criança. Em meio a natureza as crianças brincam de diferentes maneiras e estimulam todo o seu potencial de imaginação (MACHADO et al., 2016). No entanto, em função da violência urbana e do crescimento desorganizado das cidades, as crianças acabam não vivenciando as brincadeiras de ruas, em função da insegurança que os pais sentem nesses espaços. O que percebemos é que muitas praças e áreas pouco habitadas que antigamente constituíam áreas de lazer, após o processo de urbanização, 88 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER passaram a não existir mais (GONÇALVES, HERNANDEZ E RONCOLI, 2018). Por esse motivo, de acordo com Machado et al. (2016), os parques urbanos, os parques infantis e o pátio da escola, são lugares que os pais escolhem levar os seus filhos para realizarem atividades recreativas de forma segura e onde o contato com a natureza torna- se mais acessível. Na busca por tais momentos, já a exploração de todas as possibilidades que a diversidade das características geográficas de cada localidade pode oferecer. Assim, as atividades na natureza desafiam a criatividade praticantes e de empresas que tem se dedicado a proporcionar momentos de entretenimento e de conexão entre o ser humano e os demais elementos e seres que compõe o nosso planeta (GONÇALVES, HERNANDEZ E RONCOLI, 2018, p.99). Além desses espaços, como os parques urbanos, como os parques infantis e o pátio da escola, serem bastante propícios para as crianças se movimentarem com maior liberdade, eles permitem, na maioria das vezes o contato com a natureza e isso contribui de maneira decisiva para o desenvolvimento de crianças e jovens. Há, na atualidade diferentes problemas físicos e mentais que são ocasionados pela falta do contato com a natureza, intitulado ‘’transtorno de déficit de natureza’’. Pesquisadores consideram que o contato com a natureza pode contribuir para a diminuição de distúrbios como o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), por exemplo. Vale ressaltar que o interesse pela preservação ambiental tem sido bastante considerado nos últimos anos, e por isso é pauta também dos conteúdos escolares. Gonçalves, Hernandez e Roncoli (2018), afirmam que pelo fato de as escolas terem, em sua grande maioria, espaços limitados para a prática de atividades naturais, muitas delas precisam deslocar os alunos, por meio de excursões, aos parques, praias e praças afim de desenvolver propostas pedagógicas relacionadas à natureza. Nesse sentido, os mesmos autores citam o caso das escolas que tem optado por criar jardins sensoriais, ou seja, delimitam um espaço na escola pra abrigarem flores e outras plantas, de modo a possibilitar aos escolares o contato com a natureza.Além disso, esses jardins possibilitam a estimulação sensorial da visão, do olfato das crianças, contribuindo para o seu desenvolvimento perceptivo e integração. Diante desse contexto, podemos considerar que as possibilidades de recreação são ampliadas quando os escolares estão em contato direto com a natureza. Sendo assim, é fundamental que o professor de Educação Física utilize os recursos ambientais na elaboração das suas aulas, tornando as práticas mais significativas. Subir em árvore, 89 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER brincar com lama e folhas, são práticas hoje quase que extintas do contexto infantil. Através dessas atividades as crianças aprimoram o desenvolvimento motor e desenvolvem maior consciência sobre a importância da preservação ambiental. 4.3.1 DINÂMICAS RECREATIVAS EM DIFERENTES CONTEXTOS As atividades propostas a seguir, podem ser aplicadas nas aulas de Educação Física escolar, em eventos recreativos (ex: gincana), ou durante o recreio, como forma de propor um resgate nas brincadeiras infantis no intervalo das aulas. Ainda, o professor de Educação Física, numa perspectiva multidisciplinar, poderá propor aos professores de sala, a utilização de atividades recreativas durante as aulas, como Quiz (jogo de perguntas e respostas), mímicas, estafetas, por exemplo. A seguir, veremos a organização de algumas atividades na formação de duplas piques, em círculos e atividades com bola, confira! SAIBA MAIS Quiz como ferramenta no processo de ensino- aprendizagem. Trata-se de um jogo de perguntas e respostas, podendo ser realizado em equi- pes ou individual. As perguntas valem pontos e vence o grupo [ou o aluno] que acertar mais questões. Com o Quiz, ‘’as aulas tornam-se mais lúdicas, interativas e dinâmicas, o que permite aos estudantes maior facilidade de aprendizagem’’. Acesse: • http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV117_MD1_ SA19_ID7810_17092018214720.pdf http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV117_MD1_SA19_ID7810_17092018214720.pdf http://www.editorarealize.com.br/revistas/conedu/trabalhos/TRABALHO_EV117_MD1_SA19_ID7810_17092018214720.pdf 90 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Atividades em duplas Tabela 12. Dinâmicas recreativas para se realizar em dupla Imitar e cair Um aluno à frente e outro atrás, ao sinal do professor, o da frente deverá se deslocar, fazendo vários movimentos diferentes, e o de trás irá acompanhá-lo, imitando seus movimentos. Após alguns segundos, ao sinal do professor, os dois param e o que está à frente protege o seu corpo para trás, sem dobrar os joelhos, e o que está atrás deve- rá segurá-lo, não podendo deixar o amigo cair no chão. Depois, trocam-se as posições e recomeça a atividade. Carrinho maluco A mesma formação anterior, sendo que o aluno que está à frente será o carrinho, o que está atrás, o motorista. Este “carro” se locomoverá da seguinte forma: quando o motorista colocar o seu dedo indicador na parte superior “das costas”, do carro este irá andar para frente, e, ao retirar o dedo, o carro ficará parado. Para dobrar à direita ou à esquerda, basta colocar a mão no ombro direito ou esquerdo do carro. Para a ré, colocam-se as duas mãos, uma em cada “ ombro” do carrinho. Depois, trocam-se as posições. Saci Um em frente ao outro. Um segura a perna direita (que está estendida e elevada à frente) do outro. As mãos direitas são colocadas nos ombros. Ao sinal do professor irão fazer um giro de 360 ° graus, e logo após, um novo giro, trocando-se as posições das pernas e das mãos. O espelho A mesma posição anterior. Um aluno irá fazer vários movimentos diferentes, dinâmicos ou não, e outro (espelho) terá que imitá-lo. Depois, trocam-se as posições, e quem era imagem passa a ser espelho. OBSERVAÇÃO: Incentive os alunos, peça-lhes que façam movimentos bem criativos. O fotógrafo e o modelo Um aluno será o fotógrafo, que deverá fotografar, de forma bem dinâmica, o modelo em várias situações (praticando esportes, na praia, na passarela, a escolha do próprio modelo e etc.). Diga aos alunos que tanto fotógrafo quanto modelo são muito criativos e de nível internacional. OBSERVAÇÃO: Após 3 (três) a 5 (cinco) fotos, trocam-se as funções, ou seja, quem era fotógrafo passa a ser modelo. Fonte: Adaptado de Ferreira Neto (2002, p. 12-13) AUTO ATIVIDADE Hoje, na aula de Educação Física para os alunos do 10 ano do Ensino Fun- damental I, as atividades serão, em sua grande maioria, realizadas em duplas. Imagine você como professor desta turma e liste 5 (cinco) atividades recreativas que possam ser realizadas em duplas, considerando a idade dos escolares (6-7 anos) e o espaço físico de uma quadra esportiva. Não vale citar as atividades descritas neste capítulo. 91 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Piques Tabela 13. Dinâmicas recreativas em forma de piques Mão no pega O aluno pegador, ao tocar no colega, faz um novo pegador, que terá que colocar uma das mãos na parte do corpo que foi tocada, ficando a outra mão disponível para pegar um novo colega. Pique cola americano O aluno pegador corre atrás dos demais; aqueles que forem pegos deverão ficar “colados”, com as pernas afastadas. O pegador continua “colando” e os colegas que estiverem livres, deverão passar por baixo das pernas deles, salvando-os. Um em frente ao outro. Um segura a perna direita (que está estendida e elevada à frente) do outro. As mãos direitas são colocadas nos ombros. Ao sinal do professor irão fazer um giro de 360 ° graus, e logo após, um novo giro, trocando-se as posições das pernas e das mãos. Pique cola brasileiro A mesma atividade, porém o “colado” fica agachado, para ser salvo. O colega tem que saltar sobre ele. Avião O pegador não poderá pegar os colegas que estiverem na posição de um avião (exer-cício de ginástica olímpica). Fonte: Adaptado de Ferreira Neto (2002, p. 20-21). AUTO ATIVIDADE Hoje, na aula para os alunos do 50 ano do Ensino Fundamental, as atividades serão, em sua grande maioria, realizadas na forma de piques. Imagine você como professor desta turma e liste 5 (cinco) atividades recreativas que possam ser realizadas desse modo, considerando a idade dos escolares (10-11 anos) e o espaço físico de um campo de fute- bol. Não vale citar as atividades descritas neste capítulo. 92 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER Atividades em círculos Tabela 14. Dinâmicas recreativas para se realizar em círculos Meus novos vizinhos Um grande círculo; ao sinal do professor, os alunos deverão cumprimentar seus vizinhos da esquerda e da direita, com um abraço. Ao outro sinal, deverão formar um novo círculo, sendo que o aluno que estava ao lado dos outros dois deverá procurar novos companheiros, não podendo ficar ao lado dos colegas anteriores. Segue a atividade até que todos tenham ficado ao lado de todos. Eu estou assim Dois círculos, um interno, outro externo. Os alunos do círculo interno ficarão com os olhos fechados, os do círculo externo irão “modelar” o corpo dos colegas, fazendo lindas poses. Depois, irão procurar um espaço e farão com o seu corpo a mesma pose que fizeram com o corpo do seu companheiro; estes, ao sinal do professor, abrirão os olhos e irão descobrir quem os “modelou”. A seguir, trocam-se os círculos. Esta ativida- de é ótima para a Educação Infantil! Na frente eu não pego Um grande círculo, sendo que dois alunos deverão ficar de fora. Estes deverão estar separados por uma pequena distância. Um será o pegador e o outro o perseguido. Ao sinal do professor, o pegador correrá atrás do perseguido por fora do círculo e este, para não ser pego, deverá entrar na frente de um colega que está no círculo. Neste momento, este colega passa a ser o pegador e o pegador anterior passa a ser o perse- guido, e assim a atividade continua. Catada de frutas A turma será dividida em quatro círculos com números iguais de alunos. Os círcu- los serão dispostos nos quatros cantos da quadra. Cada aluno os círculos estarão representandouma fruta (maçã, pêra, mamão, abacaxi e uva). Assim, num círculo com cinco alunos, cada um representará uma fruta acima citada. Ao sinal do professor, os círculos girarão, e, quando ele disser salada de frutas derão se desfazer e formar outros círculos, apenas com um tipo de fruta. Será vencedor o grupo de frutas que primeiro se encontra, em sua totalidade. Tacos entrelaçados Um grande círculo onde todos estão de mãos dadas. Os alunos devem observar bem os colegas que estão do seu lado direito e do seu lado esquerdo. Reforce para que eles não tenham dúvida de quem está segurando sua mão direita e quem está segu- rando sua mão esquerda. Após a observação detalhada, todos deverão largar as mãos, e se misturarem no centro, aleatoriamente. Quando o professor disser “Mandrake!”, todos ficarão imóveis fazendo unia linda pose, com as mãos para cima. Em seguida, pede que, sem saírem de seus lugares, dêem as mãos aos colegas que estavam no círculo, inicialmente, ou seja, dará a mão direita ao seu colega que estava à direita e a mão esquerda ao que estava à esquerda. Após todos terem dado as mãos, terão que formar o círculo inicial. OBSERVAÇÃO: Se todos os alunos derem as mão certas, não haverá erro. Esta atividade também é ótima de ser feita na piscina. Fonte: Adaptado de Ferreira Neto (2002, p.25-28) 93 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER AUTO ATIVIDADE Hoje, na aula para a turma do EJA – Educação Jovens e Adultos, a aula de Edu- cação Física será em forma de circulo. Imagine você como professor desta turma e liste 5 (cinco) atividades recreativas que possam ser realizadas considerando a presença de jovens e adultos. Não vale citar as atividades descritas neste capítulo. Atividades com bola Tabela 15. Dinâmicas recreativas com bolas Bola em colunas Material: duas bolas Duas colunas, com os alunos sentados em ziguezague, ou seja, um ao lado do outro, porém em sentido contrário. Ao sinal do professor, os primeiros alunos de cada coluna deverão passar a bola para o companheiro próximo, até chegar ao último, que retornará. A atividade termina quando a bola chegar ao local de origem. Bola quente Material: duas bolas. Mesma formação da atividade anterior, porém todos os alunos com as pernas estendidas, bem próximos, e com as mãos para trás. A bola será colocada sobre as pernas dos primeiros alunos de cada coluna. Ao sinal do professor, deverão passar a bola, sem o auxílio das mãos, em hipótese nenhuma. A bola tem que ir até o último aluno e voltar até o aluno que iniciou a atividade. Abracadabra Material: duas bolas. Mesma formação da atividade anterior, porém não tão próximos, e as mãos à vontade. A bola deverá ser passada em ziguezague, o último aluno da co- luna, ao recebê-la, deverá levantar-se e dizer bem alto: “abracadabra”; neste momento, todos os companheiros farão uma vela (exercício da ginástica olímpica). Ele, de posse da bola, deverá se deslocar entre as velas até o início da coluna, reiniciando a ativida- de. A atividade terminará quando todos os alunos falarem abracadabra. Roda Circular Material: duas bolas do mesmo tamanho, mas de cores diferentes. Um grande círculo. Os alunos serão numerados e intercalados em 1 e 2. Os alunos de número 1 formam um grupo e os de número 2, outro grupo. Ao sinal do professor, o primeiro aluno do grupo n°1 passa a bola pela direita aos seus companheiros e o de n° 2 passa a bola pela esquerda aos seus companheiros, conforme a figura acima. Até chegar aos alunos que estão em primeiro lugar nos seus grupos. Bobinho duplo Material: 2 bolas. Dois círculos com número igual de alunos, um em cada lado da quadra, não muito próximos. O professor deverá numerá-los. O número 1 de um círculo corresponde ao número 1 do outro, e assim sucessivamente. Cada círculo terá uma bola, que os alunos passarão entre si. Quando o professor anunciar um número, como, por exemplo, 3, os alunos cujos números foram anunciados deverão deixar o seu círculo e tentar pegar a bola do círculo vizinho. O aluno que conseguir pegar a bola primeiro marca um ponto para o seu grupo. A atividade continua até que todos os números forem anunciados. Fonte: Adaptado de Ferreira Neto (2002, p.25-28) 94 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER AUTO ATIVIDADE Hoje, na aula para os estudantes do 10 ano do Ensino Médio, as atividades serão, em sua grande maioria, realizadas com bola. Imagine você como professor desta turma e liste 5 (cinco) atividades recreativas que poderão ser realizadas. Ao propor as atividades, considere a idade dos escolares (14 anos) e o espaço físico de uma quadra esportiva. Não vale citar as atividades descritas neste capítulo, ok?! SUGESTÃO DE LIVRO Caro(a) acadêmico(a), para conhecer outras atividades, além das sugeridas, leia o livro Recreação na escola escrito por Raul Ferreira Neto, 2002, Ed. Sprint. Fonte: http://www.intaead.com.br/ebooks1/livros/ed%20fisica/33.%20Re- crea%E7%E3o%20na%20Escola%20-%20Raul%20Ferreira%20Neto.pdf 4.4 FÓRUM • Proposta 1: Utilize a plataforma da UNIAVAN e discuta com seus colegas de disciplina ‘’chat ou fórum’’, como a falta do contato com a natureza pode prejudicar o desenvolvimento do ser humano e contribuir para gerar estresse e ansiedade. • Proposta 2: Utilizando também a plataforma da UNIAVAN, socialize com os colegas de disciplina quais seriam as atividades que proporcionam contato com a natureza e que poderia ser realizada na escola. CONSIDERAÇÕES FINAIS Neste capítulo, vimos que as possibilidades de desenvolvimento das atividades recreativas na escola são diversas. Desse modo, é fundamental que a comunidade 95 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER escolar organize práticas culturais, recreativas e de lazer, seja através da realização de eventos (gincanas, colônias de férias, acampamentos, festa do pijama, festa da família); nas aulas de Educação Física escolar; no recreio/intervalo; sob a forma de projetos sociais no contraturno escolar; ou ainda, nos entornos da escola, como as ruas de lazer. Eleva-se também a importância de se adotar ações mais voltadas à recreação e ao lazer na sala de aula, com o objetivo de propiciar praticas educacionais mais atrativas e prazerosas aos alunos. Além disso, a prática de lazer quando associada a natureza, ampliam as possibilidades das crianças e adolescentes participarem de atividades recreativas, contribuindo para o seu desenvolvimento integral, já que esse contato proporciona uma melhor saúde mental e maior conscientização sobre a preservação ambiental, pauta das ações pedagógicas na atualidade. Podemos concluir, portanto que, a escola se configura um lugar bastante propício para que as crianças vivenciem práticas de recreação e lazer. Os profissionais envolvidos com a Educação devem conscientizar os escolares sobre a problemática do uso excessivo da tecnologia e promover ações mais afins dos jogos e brincadeiras. O professor de Educação Física exerce papel preponderante nesse processo de modo a dinamizar diferentes acoes educativas, dentro e fora da escola. EXERCÍCIOS FINAL QUESTÃO 1: No âmbito da saúde mental, espera-se que a atividade física sob a perspectiva de lazer e recreação contribua para benefícios individuais e coletivos, reduzindo a ansiedade e promovendo a integração na sociedade. Dentro deste contexto podemos considerar que algumas atividades específicas contribuirão decisivamente nesse processo: I. Atividades que promovam o contato com a natureza. II. Atividades que estimulam a produtividade dos funcionários como um curso de correção postural no ambiente do trabalho. III. Atividades prazerosas como participar de um acampamento ou de uma rua de lazer IV. A atividade física para contribuir com a saúde mental exige um treinamento físico rigoroso e constate, por esse motivo não basta a realização de atividades prazerosas para promover tais benefícios. 96 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER É correto o que se afirma em: A. I e II, apenas. B. II e IV apenas. C. I, II e III.D. I, II e IV E. I e III apenas QUESTÃO 2: Organizar um evento é realizar com antecedência todas as providências preparatórias necessárias para assegurar as melhores condições à sua realização, de modo a contribuir para o sucesso do evento recreativo e de lazer, são descritas cada etapa desse processo, que são: A. Concepção, pré-evento, transverto, pós-evento. B. Ideia, planejamento, evento propriamente dito e encerramento. C. Concepção, abertura do evento, evento e pós-evento. D. Congresso técnico, Cerimônia de abertura, evento e premiação. E. Organização, planejamento, direção e controle. QUESTÃO 3: Trata-se de um jogo de perguntas e respostas, podendo ser realizado sob a forma de equipes ou individual. As perguntas valem pontos e vence o grupo [ou o aluno] que acertar mais questões. Tal jogo pode ser chamado de: A. Jogo da memória B. Quiz C. Caça ao tesouro D. Abracadabra E. Meus novos vizinhos REFERÊNCIAS ALMEIDA , C.P.C; DA COSTA, L.P. Meio Ambiente, Esporte, Lazer e Turismo: Estudos e Pesquisas no Brasil 1967– 2007. Rio de Janeiro: Gama Filho, 2007. BARBOZA, A. L; RODRIGUES, E.N; POÇAS, R.M. PINHEIRO, F.M.C. Gincana Universo. v.1, n.1, 2016. 97 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER FERREIRA NETO, R. Recreação na escola. 2ed: Sprint. 2002. GOLÇALVES, P. S.; HERNANDEZ, S. S. S., RONCOLI, R. N. Recreação e lazer. Porto Alegre: Sagah, 2018. MACHADO, Y. S.; SCHUBERT, P. M. P.; ALBUQUERQUE, D. da S. e KUHNEN, A. Brincadeiras infantis e natureza: investigação da interaçãocriança-natureza em parques verdes urbanos. Temas psicol. v.24, n.2 p. 655-67, 2016. LÓPEZ FERNÁNDEZ, I. Y MALAVÉ MADRONA, P. Las gincanas como recurso metodológico en el área de educación física. Tándem. Didáctica de la Educación Física, v.31, p.110-119, 2009. POIT, D. R. Organização de eventos esportivos. 5 ed. São Paulo: Phorte, 2013 SILVA, D.A.M.Colonias de Férias Temáticas. 1ed. Campinas, SP: Alínea, 2012. WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global recommendations on physical activity for health. Geneva: WHO; 2015 Disponível em: http://www.who.int/mediacentre/factsheets/ fs385/en/. Acesso em 20 de setembro de 2018. 98 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER uniavan.edu.br 99 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 100 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 101 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 102 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 103 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 104 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 105 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 106 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 107 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 108 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 109 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 110 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 111 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 112 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 113 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 114 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 115 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 116 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 117 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 118 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 119 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 120 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 121 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER 122 JOGOS, RECREAÇÃO E LAZER unidade REFERÊNCIAS EXERCÍCIOS FINAL CONSIDERAÇÕES FINAIS 1.3 FÓRUM 1.2 FATORES SOCIOCULTURAIS DO LAZER 1.2.1 A carta internacional de educação para o lazer 1.1 CONCEITOS E FINALIDADES DO LAZER E DA RECREAÇÃO INTRODUÇÃO À UNIDADE unidade REFERÊNCIAS EXERCÍCIOS CONSIDERAÇOES FINAIS 2.3 FÓRUM 2.2 A RECREAÇÃO EM DIFERENTES FAIXAS ETÁRIAS 2.2.1 Características da primeira infância 2.2.2 Características da segunda infância 2.2.3 Características da adolescência 2.2.4 Características dos adultos 2.2.5 Características dos idosos 2.2.6 Características das pessoas com deficiência 2.1 AS POSSIBILIDADES DA RECREAÇÃO NA SOCIEDADE ATUAL 2. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA unidade REFERÊNCIAS EXERCÍCIO FINAL CONSIDERAÇOES FINAIS 3.3 FÓRUM 3.2 O PAPEL DO LÚDICO NA EDUCAÇÃO FÍSICA 3.2.1 Os jogos e as brincadeiras na Base Nacional Comum Curricular 3.1 O UNIVERSO LÚDICO: AS POSSIBILIDADES NO ÂMBITO ESCOLAR 3. 1.1 A Brincadeira 3.1.2 O Brinquedo 3.1.3 Os Jogos 3. INTRODUÇÃO À DISCIPLINA unidade REFERÊNCIAS EXERCÍCIOS FINAL CONSIDERAÇÕES FINAIS 4.3. FÓRUM 4.2 OUTROS AMBIENTES E POSSIBILIDADES DE ATIVIDADES RECREATIVAS 4.2.1 DINÂMICAS RECREATIVAS EM DIFERENTES CONTEXTOS 4.1 ORGANIZAÇÃO DE EVENTOS RECREATIVOS E DE LAZER 4. A VIVÊNCIA PLENA DA RECREAÇÃO E DO LAZER: POSSIBILIDA DES NO ÂMBITO ESCOLAR INTRODUÇAO Á UNIDADE IV