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1 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Encéfalo 5M3 – INFARTO E HEMORRAGIAS TRAUMÁTICAS Infartou, morreu – se morreu célula, a parede da célula rompe espalha conteúdo célula ali no meio ativando toda cascata inflamatória. Parou o suprimento sanguíneo, um pedaço pelo menos do tecido vai morrer, o que fica em volta é reação inflamatória – área de penumbra. Na TC fica preto. Na ressonância brilha. INFARTO AGUDO: O objetivo da imagem em um paciente com AVC agudo é: • excluir hemorragia; • diferenciar entre tecido cerebral irreversivelmente afetado e tecido reversivelmente danificado (tecido morto versus tecido em risco); • identificar estenose ou oclusão das principais artérias extra e intracranianas; Desta forma, podemos selecionar pacientes candidatos à terapia trombolítica. SINAIS PRECOCES DE ISQUEMIA – FASE HIPERAGUDA (<12H): A TC tem a vantagem de estar disponível 24 horas por dia e é o padrão ouro para hemorragia. A hemorragia nas imagens de RM pode ser bastante confusa. Na tc, 60% dos infartos são vistos dentro de 3-6 horas e praticamente todos são vistos em 24 horas. A sensibilidade geral da tc para diagnosticar AVC é de 64% e a especificidade é de 85%. Abaixo estão listados os primeiros sinais tomográficos de infarto cerebral. • Parênquima cerebral hipodenso • Obscurecimento dos núcleos da base • Perda da diferenciação entre substância branca e cinzenta • Artéria cerebral média hiperdensa • Sinal da fita insular • Apagamento dos sulcos Sinais de AVC agudo: parênquima cerebral hipodenso na TC, obscurecimento dos núcleos da base, perda diferenciação entre substância branca e cinzenta (sinal da fita). Artéria cerebral pode ficar hiperdensa pq se o parênquima está menos denso, acaba realçando o vaso. E eventualmente esse vaso já está cheio de placa ateromatosa – fica muito mais evidente. Apagamento dos sulcos: se tem reação inflamatória no local tem edema – o cérebro que morre gera inchaço das estruturas envolta e acaba apagando sulcos e fissuras. Tecido cerebral hipoatenuante: A razão pela qual vemos isquemia na tc é que na isquemia o edema citotóxico se desenvolve como resultado da falha das bombas iônicas. Estes falham devido a um suprimento inadequado de atp. Um aumento de 1% no conteúdo de água cerebral resultará em uma diminuição da atenuação do tc de 2,5 hu. À esquerda, um paciente com tecido cerebral hipoatenuante no hemisfério direito. O diagnóstico é de infarto, pela localização (território vascular da artéria cerebral média (acm) e pelo envolvimento da substância cinzenta e branca, também muito típico de infarto. Lado esquerdo: diferença entre substância cinzenta (branca por fora) e substância branca (preta dentro); dá para ver o contorno do giro e sulcos bem preservados, parênquima com densidade normal. Lado direito: parênquima hipodenso, sem diferenciação entre substância branca e cinzenta, apagamento geral dos sulcos – sinais de morte celular – infarto em fase aguda. Território de ACM. 2 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Hipodensidade na TC, se fosse RM seria hipersinal em T2 e FLAIR. Na difusão, tudo o que é edema, o líquido fica restrito e restrição à difusão brilha. A hipoatenuação na tc é altamente específica para dano cerebral isquêmico irreversível se for detectada nas primeiras 6 horas. Pacientes que apresentam sintomas de avc e que demonstram hipodensidade na tc nas primeiras seis horas demonstraram ter maiores volumes de infarto, sintomas mais graves, evolução clínica menos favorável e até mesmo maior risco de hemorragia. Portanto, sempre que você vê hipodensidade em um paciente com acidente vascular cerebral, isso significa más notícias. Nenhuma hipodensidade na tc é um bom sinal. Corte de tc mostrando lesão hipodensa em forma de cunha (cabeça de seta), no hemisfério cerebral direito, com compressão ventricular e desvio de estruturas da linha média. Corte de tc mostrando lesão hipodensa em forma de cunha (setas brancas), no hemisfério cerebral direito, com compressão ventricular (cabeça de seta branca) e desvio de estruturas da linha média. Apagamento da fissura silviana e obscurecimento dos núcleos da base (cabeça de seta preta). Insula esquerda normal (seta preta). Obscurecimento dos núcleos da base: O obscurecimento dos núcleos da base é um sinal importante de infarto. É visto no infarto da artéria cerebral média e é um dos primeiros e mais frequentes sinais. Os núcleos da base estão quase sempre envolvidos no infarto da acm. Ramos lenticulares provocam infartos redondos – a área que cada uma dessas artérias irriga é menor. Quando o infarto é no núcleo da base, na ínsula, geralmente são menores – infartos lacunares. Sinal da fita insular: Isso se refere à hipodensidade e inchaço do córtex insular. É um sinal tomográfico inicial muito indicativo e sutil de infarto no território da artéria cerebral média. Essa região é muito sensível à isquemia por ser a mais afastada do fluxo colateral. Tem de diferenciar-se da encefalite herpética. Perda da diferenciação do córtex insular – hipodensidade. Perda de diferenciação corticomedular. A perda de definição da fita insular é outro sinal de infarto agudo. A fita insular esquerda não é claramente vista nesta imagem. O paciente apresentou uma hemiparesia direita densa. Informações clínicas: hemiparesia direita de início agudo. Hiperdensidade da cerebral média – sinal da corda: Isso é resultado de trombo ou êmbolo na mca. Abaixo esquerda, um paciente com um sinal de mca denso. Na angiografia por tc, a oclusão da mca é visível. 3 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Nos infartos acaba realçando essa densidade pq o parênquima em volta está mais preto. Não é normal ver os vasos – se está branco e vê está errado. INFARTOS HEMORRÁGICOS: 15% dos infartos da MCA são inicialmente hemorrágicos. Infartos isquêmicos podem se transformar em hemorragia. O território de ACM é o local mais comum pq os vasos perfurantes saem de um local e ascendem para irrigar os núcleos da base, são vasos muito finos. Se tem edema acaba tendo deslocamento das estruturas, ou seja, estica – infarto hemorrágico. Acontece nessa região – infartos insulares, de núcleo da base – perda da diferenciação dos núcleos da base – infarto de artérias reticulares. Depois de alguns dias aparece uma imagem hiperdensa – tem algo no meio do edema (preto) muito mais denso que o líquor – só pode ser sangue. Transformação hemorrágica de um infarto isquêmico. Piora pq o sangue no parênquima cerebral irrita o cérebro, se irrita o cérebro faz muito mais inflamação do que só a morte da célula. O sangue tem que ser totalmente absorvido, para isso ele vai ser degradado e até resolver pode fazer muito mais edema. A hemorragia é mais facilmente detectada com tc, mas também pode ser visualizada com sequências de RM gradiente-eco. Gradiente-eco pega na imagem tudo que é hemácia que tem hemoglobina que perdeu oxigênio – o ferro degradado fica preto. Perfusão cerebral na CT: Os achados neste caso são muito sutis. Há alguma hipodensidade no córtex insular à direita, que é a área que sempre olhamos primeiro. Nesse caso é sugestivo de infarto, mas às vezes em pacientes mais velhos com leucencefalopatia pode ser muito difícil. Foi realizado um cta (veja as próximas imagens). Pode fazer estudo de perfusão – injeta contraste para ver onde o vaso está ocluído. Áreas de infarto, sinal da fita e artéria cerebral média totalmente ocluída. Algumas áreas podem ter perfusão de luxo – aparece pq o vaso não está 100% ocluído. Perfusão cerebral na RM: Com a difusão de tc e rm podemos ter uma boa impressão da área infartada, mas não podemos excluir uma grande penumbra isquêmica (tecido em risco). Com estudos de perfusão, monitoramos a primeira passagem de um bolus de agente de contrasteiodado através da vasculatura cerebral. A perfusão nos dirá qual área está em risco. Aproximadamente 26% dos pacientes precisarão de um estudo de perfusão para chegar ao diagnóstico adequado. A limitação da perfusão por tc é a cobertura limitada. 4 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P A perfusão na RM é muito mais sensível do que na TC. É o exame padrão ouro para fazer diagnóstico, mas TC é o exame de escolha para o pronto socorro. A sequência de RM que usa para dizer que tem de fato infarto é a sequência que vê a inflamação na região. Infartou é isquemia, qualquer área do corpo que morre por conta da isquemia tem degeneração de célula – rompe parede de célula e faz reação inflamatória – muito líquido fica restrito naquela região. No cérebro, a restrição líquida, fica representada na sequência de difusão brilhando – sinal de infarto agudo. No FLAIR brilha, no T1 fica preto pq é líquido. No FLAIR líquido livre é preto, mas o líquido restrito é branco. Ressonância magnética: Em dp/t2 e flair, o infarto é visto como sinal alto. Essas sequências detectam 80% dos infartos antes de 24 horas. Eles podem ser negativos até 2-4 horas após o ictus! Abaixo t2 e flair demonstrando hiperintensidade no território da artéria cerebral média. Observe o envolvimento do núcleo lentiforme e do córtex insular. O sinal alto nas sequências de rm convencionais é comparável à hipodensidade na tc. É o resultado de lesão irreversível com morte celular. Portanto, hiperintensidade significa más notícias: cérebro morto. Ressonância magnética: Infarto subagudo frontal esquerdo que apresenta difusão restrita em dwi, sinal hipointenso em t1 e sinal hiperintenso em flair. Imagens t2* mostram área hipointensa de deposição de hemossiderina dentro da lesão. Observa-se leve compressão do ventrículo lateral ipsilateral. Mra é normal. Outro infarto recente é visto no pólo occipital esquerdo. Outros infartos antigos são vistos. Imagem ponderada em difusão (DWI): Dwi é a sequência mais sensível para imagens de avc. O dwi é sensível à restrição do movimento browniano da água extracelular devido ao desequilíbrio causado pelo edema citotóxico. Normalmente, os prótons da água têm a capacidade de se difundir extracelularmente e perder o sinal. Alta intensidade em dwi indica restrição da capacidade dos prótons da água de se difundir extracelularmente. 1ª região de artéria cerebral posterior esquerda 2ª região de artéria cerebral anterior bilateral. 3ª região de artéria cerebral média esquerda. Imagem ponderada em difusão (DWI): Os achados neste caso são muito sutis. Há alguma hipodensidade e inchaço na região frontal esquerda com apagamento dos sulcos em comparação com o lado contralateral. Você provavelmente só percebeu essas descobertas porque este é um artigo sobre derrame e você normalmente o leria como 'sem infarto'. Agora continue com as imagens dwi deste paciente. Quando olhamos para as imagens dwi é muito fácil e você não precisa ser um radiologista especialista para perceber o infarto. 5 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Na TC eventualmente podemos não ver toda a área de infarto. Na difusão o que vemos é tudo que morreu junto com a área de penumbra, pq a área de penumbra também está edemaciada – líquido restrito em área que ainda está preservada. Infarto com algumas horas de evolução não dá tempo de fazer o padrão de imagem patognomonico do infarto na TC. Mas na difusão o edema já está aparecendo – a célula morreu, 20min depois já começa a romper parede celular, degradar o meio, começa a vazar líquido para o meio restringindo o líquido – restrição à difusão brilha. Se não tem como fazer RM, pode repetir a TC 24h 48h depois para lançar mão do diagnóstico preciso – nem sempre os AVC são isquêmicos, podem ser transitórios – e aí na TC não vai mostrar nada. Quando comparamos os achados em T2 e DWI no tempo, notamos o seguinte: Na fase aguda, o t2 será normal, mas com o tempo a área infartada se tornará hiperintensa. A hiperintensidade em t2 atinge seu máximo entre 7 e 30 dias. Depois disso, começa a desbotar. O dwi já é positivo na fase aguda e depois torna-se mais brilhante com um máximo aos 7 dias. Dwi no infarto cerebral será positivo por aproximadamente 3 semanas após o início (no infarto da medula espinhal, o dwi é positivo apenas por uma semana!). Adc será de baixa intensidade de sinal com um máximo de 24 horas e, em seguida, aumentará a intensidade do sinal e, finalmente, torna-se brilhante no estágio crônico. Imagem no T2, Difusão e ADC para mostrar a evolução do edema e cicatrização do processo. Se tem isquemia no cérebro, não tem regeneração – tem morte do neurônio e tudo que era massa encefálica se desfaz, vai ser absorvido e o final do processo é a liquefação da região morta – não há formação de fibrose/cicatriz. É formação de um vácuo no meio do encéfalo – vira líquido. Em T2 pouco líquido que evolui para muito líquido – quase na densidade dos ventrículos. A difusão é preta para o líquido difuso e branca para o líquido restrito – como edema vai se desfazendo com o tempo e o parênquima absorvido, no final vira tudo líquor e a difusão também vai ficar preto naquela região – não tem mais líquido restrito. Assim se dá diagnóstico de infarto agudo ou crônico. No FLAIR a mesma coisa: líquido que tá restrito brilha e líquido difuso nos ventrículos fica preto. Pseudo-normalização de DWI: Isso ocorre entre 10-15 dias. O caso à esquerda mostra um dwi normal. Em t2 pode haver alguma hiperintensidade sutil no lobo occipital direito no território vascular da artéria cerebral posterior. O t1 após a administração de gadolínio mostra realce giral indicando infarto. Na difusão é muito difícil fazer diagnóstico de infarto recente – devia ver brilhar à difusão, mas ainda não chegou lá pq ainda não tem tanto líquido restrito – ressonância precoce. Nem tudo que brilha em DWI está morto Nem toda área de difusão é área de encéfalo morto. Primeiro pensou-se que tudo o que é brilhante no dwi é tecido morto. No entanto, agora existem alguns artigos sugerindo que provavelmente alguns deles podem ser danos potencialmente reversíveis. Se você 6 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P comparar as imagens do dwi na fase aguda com o t2wi na fase crônica, notará que o volume cerebral afetado no dwi é maior em comparação com a área final do infarto. Um ou dois giros foram perdidos – não compatível com a difusão. Na difusão tem a área da morte celular junto com a área de penumbra – pq tem edema e inflamação. Área de penumbra: A área com perfusão anormal pode ser tecido morto ou tecido em risco. Combinar as imagens de difusão e perfusão nos ajuda a definir o tecido em risco, ou seja, a penumbra. Área de penumbra: À esquerda, temos primeiro uma imagem de difusão indicando a área com alterações irreversíveis (tecido morto). No meio há uma grande área com hipoperfusão. À direita, a incompatibilidade difusãoperfusão é indicada em azul. Este é o tecido em risco. Este é o tecido cerebral que talvez possa ser salvo com a terapia. Difusão em amarelo. Perfusão em vermelho. Incompatibilidade em azul é penumbra. Na perfusão pode ter maior dificuldade ainda de identificar o que é área de morte celular ou não. A artéria pode estar ocluída e aí todo território vascular vai ter uma perfusão mais fria/menos quente – menos perfundido. É menos sangue que chega de forma difusa, mas quando faz a difusão, de fato, onde tem líquido restrito é só no meio e mesmo assim a área de infarto deve ser menor ainda. Não é tudo que está pouco perfundido que está infartado. Análise de infarto recente: À esquerda, paciente com início súbito de sintomas neurológicos. A rm foi realizada 1 hora após o início dos sintomas. Primeiro olhe para as imagens à esquerda e tente detectar a anormalidade. Essas imagens são normais e temos quecontinuar com o dwi. Veja as próximas imagens. T2 e dwi em um paciente com início súbito de sintomas neurológicos. No dwi observa-se grande área com difusão restrita no território da artéria cerebral média direita. Observe também o envolvimento dos gânglios da base. Há uma correspondência perfeita com as imagens de perfusão, portanto este paciente não deve ser submetido a nenhuma forma de terapia trombolítica. Pode lançar mão de perfusão para ter certeza, mas nem sempre precisa. T2 pode não ser tão evidente, T1 também não. Brilhando em difusão e frio na perfusão. 7 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Ramos lenticuloestriados podem se transformar em hemorragia. Densidade de sangue na TC fica branco. Sangue isodenso é pouco sangue. Se tem área hipodensa no núcleo da base com o centro isodenso ao parênquima cerebral, pode ter uma massa crescendo – não necessariamente hemorragia – metástases também sangram. Tem que fazer contraste, gradiente-eco. HEMORRAGIAS TRAUMÁTICAS: HEMORRAGIAS INTRACRANIANAS: Qualquer tipo de sangramento dentro do crânio ou cérebro é uma emergência médica. As causas mais comuns de hemorragia são trauma, acidente vascular cerebral hemorrágico e hemorragia subaracnoide devido a um aneurisma rompido. As complicações são o aumento da pressão intracerebral como resultado da própria hemorragia, edema circundante ou hidrocefalia devido à obstrução do lcr. Sangue na TC aparece de forma muito densa. Hemorragias extra-axiais: hematomas epidurais – entre as duas camadas da dura-mater. Hemorragias subdurais – fora do parênquima cerebral, entre a dura e a aracnóide. Tudo que está fora do parênquima cerebral é extra- axial e geralmente está relacionado às meninges. Geralmente as lesões axonais difusas e contusões cerebrais são intraaxiais – dentro do parênquima cerebral. A dura mater tem duas camadas, colada com a aracnoide. Da aracnoide para a pia mater tem um espaço – de onde vem as hemorragias subracnóideas. Hemorragias intracranianas: extra-axial Hemorragia extra-axial - extracerebral e intracraniana. A hemorragia subaracnóidea é o sangramento agudo sob a aracnóide. Mais comumente visto na ruptura de um aneurisma ou como resultado de trauma. O hematoma subdural é um sangramento entre a camada interna da dura-máter e a aracnóide-máter das meninges. Geralmente resulta de ruptura traumática das veias ponte que cruzam o espaço subdural em pacientes com terapia anticoagulante. Hematoma epidural está sangrando no espaço virtual entre a dura-máter e o crânio. Visto na fratura do osso temporal com ruptura da artéria meníngea média. Hemorragias intracranianas: intra-axial Hemorragia intra-axial - intracerebral. Contusão hemorrágica cerebral pequenas hemorragias pós- traumáticas localizadas próximas ao crânio na área do coupe e contra-golpe, mais comumente frontobasais e anteriores nos lobos temporais. Às vezes, em combinação com hematoma subdural ou hemorragia subaracnóidea. Lesão axonal difusa (dai). Lesão difusa ao nível da junção substância branca-cinzenta observada em lesões de alta velocidade. A tc tem baixa sensibilidade. Melhor visto na ressonância magnética. 8 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P ANATOMIA DAS MENINGES: • Dura-máter = camada externa resistente, aplicada de perto à mesa interna do crânio • Aracnóide = camada fina aplicada intimamente à dura-máter • Espaço subaracnóideo = espaço entre a aracnóide e a pia-máter que contém delicado tecido conjuntivo trabeculado e lcr • Pia mater = camada muito fina aplicada na superfície do cérebro As meninges são as três membranas que envolvem o cérebro e a medula espinhal: a dura-máter, a aracnóide e a pia-máter. O lcr está localizado no espaço subaracnóideo entre a aracnóide e a pia- máter. A dura-máter é a camada meníngea mais externa que cobre o cérebro e a medula espinhal. Consiste em duas camadas: a camada meníngea interna e a camada periosteal externa. A aracnóide é uma camada com fibras delicadas que se estendem pelo espaço subaracnóideo e se ligam à pia-máter. As granulações aracnóideas - também chamadas de granulações pacchionianas - são pequenas saliências da aracnóide-máter através da membrana externa da dura-máter para os seios venosos durais do cérebro e permitem que o líquido cefalorraquidiano saia do espaço subaracnóideo e entre na corrente sanguínea. A pia-máter é a camada mais interna que cobre o cérebro. A piamáter permite que os vasos sanguíneos passem e alimentem o cérebro. A aracnóide e a pia-máter juntas são às vezes chamadas de leptomeninges. HEMATOMA EPIDURAL: Um menino de 11 anos caiu da bicicleta:. Ele bateu no meio-fio com a cabeça. Seu nível de consciência foi reduzido. Ele apresentou bradicardia, hipertensão, postura anormal e pupila direita dilatada não reativa, todos sinais de herniação cerebral e aumento da pressão intracraniana. Achados de tc: hemorragia epidural frontotemporoparietal; a hemorragia é limitada em sua extensão pelas suturas cranianas; o hematoma representa o sangue fresco não coagulado, cuja atenuação é menor do que o sangue coagulado que o envolve. Hérnia horizontal subfalcina e uncal. Uma craniotomia foi realizada posteriormente e a artéria meníngea rompida foi cauterizada. 9 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Epidural – entre as duas camadas da duramater e a dura mater é dura e restringe o crescimento dos hematomas. É claro que pode ter vasos calibrosos que rompem e formam hematomas muito volumosos, mas quase sempre ele mantem um aspecto biconvexo: a convexidade da calota + a convexidade da expansão do hematoma entre as camadas da dura. TC: Lesões extra-axiais (hemorragias ou tumores) formam o efeito de massa – tudo que vem de fora empurra o parênquima, não se entremeia com os sulcos e giros. O principal sinal quando há uma estrutura empurrando o encéfalo é o apagamento dos sulcos e giros. Empurrando também desvia as estruturas da linha média, apaga todo ventrículo lateral do lado da lesão. Quando o parênquima cerebral é empurrado, acaba ocluindo vasos principalmente na região do tentório onde pode ocluir ACM e do polígono. Então uma hemorragia lá em cima na calota craniana acaba evoluindo para um infarto. Faz TC – rápido e barato. Sangue agudo = branco. Conforme vai envelhecendo vai mudando de densidade. Pode fazer herniações embaixo da foice, transtentoriais. Volumoso – tem que tratar, para onde o parênquima vai ser empurrado com esse tanto de sangue? Ou faz mais hemorragia dentro do parênquima ou infarto. HEMATOMA SUBDURAL: Um hematoma subdural é uma coleção de sangue entre a camada interna da dura-máter e a aracnóide. Ele não pode cruzar a linha média, mas pode estar localizado perto das dobras durais, como a foice ou o tentório. Geralmente resulta da ruptura das veias ponte corticais por traumatismo craniano e principalmente em pacientes tratados com anticoagulantes. É mais comum em idosos e alcoólatras com atrofia. Na atrofia cerebral, as estruturas subdurais venosas ficam menos “empacotadas” contra o crânio, o que lhes dá mais espaço para se mover e possibilidade de ruptura. Hematoma convexo-concavo ou formato de foice é subdural. Tem chance maior de escorrer, se expandir – pode ir desde o frontal até o parietal. Onde ele escorre ele comprime, apaga sulco e dá efeito de massa. Este paciente tem um hematoma subdural agudo. Há deslocamento da linha média (imagem à esquerda). O paciente foi operado e o hematoma foi evacuado (imagem à direita) 10 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Hematoma agudo, sangue está branco. As imagens mostram um hematoma subdural. Observe que o hematoma tem áreas hiperdensas e isodensas. Isso pode ser visto no sangramento hiperagudo, mas também pode ser visto no ressangramento. Há deslocamento de estruturas da linha média com obstrução dofluxo liquórico resultando em dilatação do corno temporal do ventrículo lateral direito (seta). Um hematoma subdural agudo é hiperdenso (sangue coagulado), um hematoma subagudo é isodens e um hematoma subdural crônico aparece hypodens ao parênquima cerebral (isodens ao lcr). Sinal de sangramento ativo no cenário agudo, um hematoma subdural pode aparecer heterogêneo, por causa dos componentes mistos da hemorragia: fluxo fresco de sangue não coagulado (hypodens) e sangue coagulado (hiperdenso). Hematoma subagudo já começa a mudar – o sangue não fica branco sempre. Hematoma subdural isodenso subagudo (3-21 dias): à medida que um hematoma subdural envelhece, a densidade do hematoma diminui e pode ser igual à densidade do cérebro, o que dificulta a detecção do hematoma. Aqui um caso de hematoma subdural isodenso que é muito difícil de detectar (setas). Observe que em um nível superior há um hematoma subdural bilateral. Em casos raros, um hematoma subdural agudo pode ser isodenso ao cérebro. Isso é observado em pacientes com anemia grave, coagulação intravascular disseminada ou se o hematoma for diluído com líquido cefalorraquidiano. Hematoma subdural subagudo (3-21 dias) – sangue não é hiperdenso, vai perdendo a oxihemoglobina e vai degradando as hemácias vão quebrando e os componentes celulares vão se desfazendo – o hematoma vai mudando de aspecto. Aqui está na densidade do parênquima. Sangramento na borda do hematoma com líquido acumulado na região subdural - O hematoma pode sangrar de novo, os vasos ficam expostos e podem sangrar novamente. Tem duas cores pq a parte de cima é muito mais líquida e a de baixo tem mais célula (é mais sólida). Todo o sangue irrita a meninge, a irritação meníngea tem um sinal característico: cefaleia. 11 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P O sangue vai mudando de aspecto e tem sangramento agudo com sangue denso, fácil de ver. O sangue muda de aspecto e fica isodenso ao parênquima – difícil de ver, aí vê o ventrículo empurrado, desvio das estruturas da linha média, apagamento dos sulcos. HEMATOMA SUBARACNÓIDE: As imagens mostram sangue hiperdenso no espaço subaracnóideo da fissura de sylvian (seta amarela). Observe a hemorragia subgaleal na região occipital direita (seta azul). Este é um tipo de lesão golpe/contra-golpe. Sangue entremeando os sulcos e fissuras. Sangue dentro das cisternas. Rompe vasos que estão entre aracnoide e pia mater. Esse sangue em contato com o parênquima irrita muito mais – causa mais sintomas e cefaleia e acaba degenerando muito mais o parênquima (edema e infarto). Outra lesão do tipo golpe/contra-golpe com hemorragias contusivas e hematoma subdural no lobo frontal esquerdo próximo à base do crânio (seta vermelha). Há uma hemorragia subaracnóidea à direita com fratura do osso parietal (seta amarela). Trauma grave – galo – hematoma subgaleal (entre a pele e o osso). A hemorragia vai preenchendo todo espaço subaracnóide. Subdural crônica – já absorveu o sangue – está bem discreto. Infartos de núcleo da base e insula são irrigados por artérias finas (ramos da ACM – lenticuloestriados). Quando tem o desarranjo dessa anatomia local com edema pode fazer a transformação hemorrágica de um infarto. Picos pressóricos podem provocar o rompimento de vasos muito finos, principalmente vasos finos que saem de troncos arteriais calibrosos – a pressão aumenta muito no tronco, aumenta muito no vaso fino e ele pode romper. Pct está na balada, tomando whisky com redbul e cheira cocaína – a pressão vai muito alta e o vaso rompe – pct abre quadro de cefaleia intensa e aguda – fez hematoma e extravasamento do sangue para o espaço subaracnóide. Tanta irritação meníngea acaba provocando edema de tudo e piora muito mais o quadro do paciente. Além disso, há hemorragia dentro do parênquima – hemorragia intrapenquimatosa geralmente provocada por rotura de aneurisma ou por picos pressóricos. Pct jovem, sexo feminino, em uso de ACO faz isso também. LESÃO AXONAL DIFUSA: Hemorragia subaracnóide traumática bilateral, predominantemente no vértice, mas estendendo-se aos sulcos centrais e acumulando-se na fossa interpedencular. Múltiplas pequenas contusões temporais direitas. Contusão do hemisfério cerebelar direito. Corpo caloso e hemorragias petequiais da cápsula interna esquerda. Características de acordo com dai. Espessamento leve da foice do cérebro, representando um provável pequeno hematoma subdural. 12 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Tem que ter trauma de alta energia – desaceleração brusca. Tem a conexão dos axônios na substância cinzenta bem no canto e aí tudo que está subcortical no parênquima, na transição entre substância branca e cinzenta, em trauma de alta energia pode ser tudo esticado. As fibras que estão saindo vão para o corpo inteiro – fibras motoras, sensitivas. No trauma de alta energia, quando tem desaceleração brusca do parênquima, pode ter rotura de várias dessas fibras e aí aparecem pontos de sangue no meio do encéfalo por conta do estiramento do axônio numa desconexão do axônio com o corpo neuronal e todas estruturas em volta (vasos, glia) rompem junto, por isso que sangra e forma lesões axonais difusas. Intensidade de sinal alterada temporal cortical e subcortical direita exibindo sinal alto t2/flair brilhante indicando contusão não hemorrágica. Áreas semelhantes, mas menores, são observadas no aspecto dorsal do tronco encefálico. Múltiplos focos puntiformes de restrição à difusão são observados na junção da substância branca-cinzenta de ambos os hemisférios cerebrais, denotando hemorragia petequial. O que brilha em T1 é sangue ou gordura, o líquor fica preto. Local mais comum: lobos temporais e frontais. HEMORRAGIA DE DURET; Um homem de 54 anos, tratado com anticoagulantes após substituição da válvula aórtica, desenvolveu forte dor de cabeça após ser atingido por uma bola. No dia seguinte, sua condição piorou com perda de consciência, dificuldade respiratória e pupila esquerda dilatada não reativa. A tc inicial de sua cabeça mostrou uma hemorragia subdural aguda ao longo da convexidade esquerda com subfalcina e herniação uncal. A hemorragia foi evacuada cirurgicamente. No pós-operatório a tc evidenciou sangramento agudo no tronco encefálico, que teve desfecho letal. Essa hemorragia do tronco cerebral é chamada de hemorragia de duret. São pequenas áreas lineares de sangramento no mesencéfalo e na ponte superior do tronco encefálico causadas por um deslocamento traumático para baixo do tronco encefálico com herniação do giro para-hipocampal através do hiato tentorial. 13 Laís Flauzino | DIAGNÓSTICO POR IMAGEM | 7°P Tipo de hemorragia intraparenquimatosa gravíssima. Trauma de alta energia – chacoalha estruturas e ponte e cerebelo também se movem. A ponte é impactada em cima do osso (base da sela túrcica). Forma hemorragia dentro do parênquima pontino. Batimento cardíaco, peristalse, etc tudo ali. Algo preto dentro do encéfalo que não é líquor – é ar! É pneumoencefálo. Hemorragia subdural. Sangue agudo. Na ponte tem sangue – vai se espalhando.