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Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� SP 1.2 “Eu em … Nem pensar!” Entender o câncer de próstata (fisiopatologia, classificação, fatores de risco (relacionar com herança genética), epidemiologia, prevenção, manifestações clínicas, diagnóstico; Epidemiologia: Adenocarcinoma da próstata é a forma mais comum de câncer em homens, representando 27% dos casos de câncer nos Estados Unidos em 2014. É incomum antes dos 50 anos de idade. Nas últimas décadas, a mortalidade por câncer de próstata diminuiu significativamente e, atualmente, causa apenas 10% das mortes por câncer nos Estados Unidos. Essa favorável redução na taxa de mortalidade nos homens com câncer de próstata está relacionada, em parte, com o maior número de detecções da doença por meio de triagem efetiva (descrita adiante), mas há controvérsias quanto à eficácia da triagem em salvar vidas. Esse aparente paradoxo está relacionado com a ampla variação na história natural do câncer de próstata, de uma doença agressiva e rapidamente fatal à doença indolor e sem importância clínica. De fato, é comum encontrar o carcinoma da próstata por acaso durante a necrópsia de homens que morrem devido a outras causas, e a quantidade de homens que morrem com o câncer da próstata é muito maior do que a de homens que morrem em decorrência desse câncer. Atualmente, não é possível identificar com certeza os tumores que terão comportamento mais agressivo. Assim, enquanto alguns homens são, sem dúvida, salvos pela detecção precoce e pelo tratamento do seu câncer da próstata, é igualmente certo afirmar que outros estão sendo “curados” de tumores clinicamente inconsequentes. Fatores de risco: • Os androgênios são de central importância. O câncer da próstata não se desenvolve em homens castrados antes da puberdade, o que indica que os androgênios de alguma forma proporcionam o “solo”, o contexto celular, no qual o câncer de próstata se desenvolve. Essa dependência dos androgênios se estende aos cânceres estabelecidos, que regridem durante um tempo em resposta à castração química ou cirúrgica. Notavelmente, os tumores resistentes à terapia antiandrogênica frequentemente adquirem amplificações de genes de receptores de androgênios ou mutações que permitem que os receptores de androgênio ativem a expressão dos seus genes-alvo, apesar da terapia. Assim, os tumores que recorrem em face das terapias antiandrogênicas ainda dependem dos produtos gênicos regulados pelos receptores de androgênio para seu crescimento e sobrevivência. No entanto, embora o câncer da próstata, como a próstata normal, dependa dos androgênios para sua sobrevivência, não há evidências de que os androgênios iniciem a carcinogênese, nem que os níveis de androgênio estejam associados ao risco de câncer de próstata. • A hereditariedade também contribui, existe um aumento do risco entre os parentes de primeiro grau dos pacientes com câncer de próstata. A incidência do câncer prostático é incomum entre asiáticos, sendo a mais elevada entre os afroamericanos e os escandinavos. Agressiva, a doença clinicamente significativa é mais comum em afro-americanos do que em caucasianos. Estudos de associação genômica ampla identificaram inúmeras variações genéticas associadas ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata. Embora cada variante contenha apenas um pequeno acréscimo de risco, o efeito é multiplicativo, de modo que os homens com alelos de risco múltiplo podem apresentar até 5 vezes mais risco em comparação com a população em geral. • O ambiente externo também desempenha seu papel, como evidenciado pelo fato de que, em imigrantes japoneses nos Estados Unidos, a incidência da doença aumenta (embora não no nível observado entre os nativos dos Estados Unidos). Além disso, à medida que a dieta asiática se torna mais ocidentalizada, a incidência do câncer de próstata clínico nessa região do mundo está aumentando. Contudo, a relação entre componentes alimentares específicos e o risco de câncer da próstata é obscura. • As aberrações genéticas adquiridas, assim como em outros cânceres, são os verdadeiros condutores da transformação celular. As variações no número de cópias em regiões cromossômicas específicas e rearranjos de genes estão frequentemente presentes nos tumores primários. Os rearranjos gênicos mais comuns no câncer de próstata criam genes de fusão que consistem no promotor regulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codificadora dos fatores de transcrição da família ETS. Os genes de fusão TMPRSS2-ETS estão presentes em aproximadamente 40% a 60% dos cânceres da próstata nas populações caucasianas, e ocorrem relativamente cedo na tumorigênese. Surpreendentemente, a prevalência desses rearranjos é menor entre os afro-americanos e outros grupos étnicos. Outras mutações comumente levam à ativação da via sinalizadora do oncogene PI3K/AKT (Cap. 6), entre as quais as mais comuns são as mutações que inativam o gene supressor de tumor PTEN, que atua como um freio à atividade de PI3K. Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� → Alguns genes contêm instruções para controlar o crescimento e divisão das células. Os genes que promovem a divisão celular são chamados oncogenes. Os genes que retardam a divisão celular ou levam as células à morte no momento certo são chamadas de genes supressores de tumor. Os cânceres podem ser causados por alterações do DNA que se transformam em oncogenes ou desativam os genes supressores de tumor. As alterações no DNA podem ser hereditárias ou adquiridas ao longo da vida. Mutações genéticas hereditárias As alterações hereditárias no DNA de determinados genes são responsáveis por 10% dos casos de cânceres de próstata. O câncer causado por genes hereditários é denominado câncer hereditário. Vários genes mutados hereditários foram associados ao câncer de próstata hereditário, incluindo: BRCA1 e BRCA2. Esses genes supressores de tumores normalmente reparam erros no DNA da célula. As mutações hereditárias nesses genes causam comumente câncer de mama e câncer de ovário em mulheres. Mas as alterações nesses genes (principalmente no BRCA2) representam uma pequena porcentagem dos cânceres de próstata. CHEK2, ATM, PALB2 e RAD51D. Mutações nesses genes podem ser responsáveis por alguns tipos de câncer de próstata hereditários. Genes de reparação de incompatibilidade do DNA (MSH2, MSH6, MLH1 e PMS2). Esses genes geralmente corrigem erros no DNA que são feitos quando uma célula está se preparando para se dividir em 2 novas células. Homens com mutações hereditárias nesses genes têm uma condição conhecida como síndrome de Lynch, também conhecida como câncer colorretal hereditário não poliposo e têm um risco aumentado para câncer colorretal, câncer de próstata e outros tipos de câncer. RNASEL (antigo HPC1). A função normal desse gene supressor do tumor é ajudar às células a morrer quando ocorrer algo errado dentro delas. As mutações hereditárias nesse gene permitem que células anormais vivam mais do que deveriam, o que pode levar a um risco aumentado de câncer de próstata. HOXB13. Esse gene é importante no desenvolvimento da próstata. As mutações nesse gene têm sido associadas ao câncer de próstata em estágio inicial. Felizmente, esta mutação é rara. Outras mutações genéticas hereditárias podem explicar alguns tipos de câncer de próstata hereditário. Pesquisas estão em andamento para encontrar esses genes. Mutações genéticas adquiridas Algumas mutações genéticas ocorrem durante a vida de uma pessoa e não são transmitidas os filhos. Essas alterações são encontradas apenas em células que vêm da célula mutante original e são denominadas mutações adquiridas. A maioria das mutações genéticas relacionadas ao câncer de próstata parece ser adquirida ao longo da vida, em vez de serem herdadas. Toda vez que uma célula se prepara para se dividir em duas novas células, deve copiar seu DNA. Esse processo não é perfeito e, às vezes, ocorrem erros, deixando o DNA defeituoso na nova célula. Não está claro com quefrequência essas mudanças no DNA podem ser eventos aleatórios e com que frequência são influenciadas por outros fatores, como dieta e hormônios. Em geral, as células da próstata que crescem e se dividem mais rapidamente têm uma maior probabilidade de que ocorram mutações. O desenvolvimento do câncer de próstata pode estar ligado ao aumento das taxas de determinados hormônios. Níveis elevados de andrógenos (hormônios masculinos, como a testosterona) promovem o crescimento celular da próstata e podem contribuir para o risco de câncer de próstata em alguns homens. Alguns estudos mostraram que homens com níveis elevados de outro hormônio, o fator de crescimento da insulina 1 (IGF-1), são mais propensos a desenvolver câncer de próstata. No entanto, outros estudos não encontraram uma ligação entre o IGF-1 e o câncer de próstata. Ainda são necessários mais estudos para dar sentido a essas conclusões. Alguns estudos mostraram que a inflamação da próstata pode contribuir para o câncer de próstata. Uma das teorias é que a inflamação pode levar a uma alteração no DNA celular, o que pode contribuir para que uma célula normal se torne cancerígena. Entretanto, mais pesquisas são necessárias para comprovar essa teoria. A exposição às radiações ou substâncias cancerígenas pode causar mutações no DNA em muitos órgãos do corpo, mas esses fatores não foram comprovados como importantes causas de mutações nas células da próstata. Prevenção: A prevenção do CaP não pode ser feita de forma eficiente, porque ainda não são conhecidos os fatores que modificam a maquinaria celular, tornando-a maligna. Hábitos dietéticos específicos talvez possam reduzir os riscos de CaP. Nesse sentido, tem-se recomendado alimentação com baixo teor de gordura animal, hábito Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� comum nos países onde a incidência da doença é baixa (o ideal é que sejam ingeridos diariamente apenas 15% do total de calorias sob forma de gordura). O consumo abundante de tomate cozido e seus derivados parece diminuir em 35% os riscos de CaP, segundo estudo realizado na Universidade de Harvard. O efeito benéfico do tomate resultaria da presença de grandes quantidades de licopeno, um betacaroteno natural precursor da vitamina A. Finalmente, complementação dietética com vitamina E (800 mg ao dia) e com selenium (200 µg ao dia) talvez tenha um efeito protetor contra o CaP, reduzindo riscos de ocorrência da doença em 32 a 63% dos pacientes analisados em dois estudos caso-controle. Como a testosterona contribui para o crescimento do câncer da próstata, é possível que o bloqueio parcial desse hormônio possa reduzir a incidência da doença. Com essa perspectiva, o Southwest Oncology Group, dos Estados Unidos, estabeleceu um projeto para explorar o eventual papel da finasterida na prevenção dos tumores malignos da próstata. Tal medicação bloqueia a enzima 5a-redutase, responsável pela ação da testosterona na célula prostática e não interfere significativamente com a função sexual do paciente, comum quando se utilizam outros antagonistas da testosterona. Cerca de 9.000 homens foram randomizados em dois grupos, recebendo placebo ou 5 mg/dia de finasterida, por 7 anos. Ao final do estudo, a incidência de câncer da próstata foi 24% menor nos pacientes recebendo finasterida, contudo, os casos de neoplasia identificados nesse grupo eram mais indiferenciados e, portanto, mais agressivos. A conclusão preliminar foi de que a finasterida não deveria ser utilizada na prevenção do câncer de próstata, até que o real impacto da piora histológica do tumor, observada nesses casos, possa ser dimensionada clinicamente. Fisiopatologia: Primariamente, todo homem já nasce "programado" para ter câncer de próstata, pois todos carregam em seu código genético os chamados oncogenes, que dão ordem para uma célula crescer e multiplicar-se. A ação desses oncogenes é controlada por um grupo de genes supressores, dos quais os mais conhecidos são o p53 e o p21. Esses genes promovem a apoptose (morte) da célula quando há alterações irreversíveis no material genético da célula. A maioria dos cânceres de próstata é composta por adenocarcinomas moderadamente diferenciados que produzem glândulas bem definidas. As glândulas são geralmente menores que as benignas e são revestidas por uma única camada uniforme de epitélio cúbico ou colunar baixo, perdendo a camada de células basais observadas nas glândulas benignas. Um contraste adicional em relação às glândulas benignas é que as malignas estão mais aglomeradas e caracteristicamente não apresentam ramificação e projeção papilar. O citoplasma das células tumorais varia de uma aparência pálida-clara (como nas glândulas benignas) à anfofílica distinta (roxo-escuro). Os núcleos apresentam aumento de tamanho e frequentemente contêm um ou mais nucléolos proeminentes. Alguma variação no tamanho e na forma nuclear é comum, mas, em geral, o pleomorfismo não é acentuado. Figuras de mitose são incomuns. Em graus crescentes, estruturas glandulares irregulares, glândulas cribriformes e lâminas de células ou células infiltrantes individuais estão presentes. Em aproximadamente 80% dos casos, o tecido prostático removido devido ao carcinoma também abriga presumíveis lesões precursoras, denominadas neoplasia intraepitelial prostática de alto grau (NIPAG). Muitas das alterações moleculares observadas nos cânceres invasivos também são observadas na NIPAG. Observações clínicas e experimentais sugerem que os androgênios, a hereditariedade, os fatores ambientais e as mutações somáticas adquiridas desempenham papéis na patogenia do câncer de próstata. • Os androgênios são de central importância. O câncer da próstata não se desenvolve em homens castrados antes da puberdade, o que indica que os androgênios de alguma forma proporcionam o “solo”, o contexto celular, no qual o câncer de próstata se desenvolve. Essa dependência dos androgênios se estende aos cânceres estabelecidos, que regridem durante um tempo em resposta à castração química ou cirúrgica. Notavelmente, os tumores resistentes à terapia antiandrogênica frequentemente adquirem amplificações de genes de receptores de androgênios ou mutações que permitem que os receptores de androgênio ativem a expressão dos seus genes-alvo, apesar da terapia. Assim, os tumores que recorrem em face das terapias antiandrogênicas ainda dependem dos produtos gênicos regulados pelos receptores de androgênio para seu crescimento e sobrevivência. No entanto, embora o câncer da próstata, como a próstata normal, dependa dos androgênios para sua sobrevivência, não há evidências de que os androgênios iniciem a carcinogênese, nem que os níveis de androgênio estejam associados ao risco de câncer de próstata. • A hereditariedade também contribui, existe um aumento do risco entre os parentes de primeiro grau dos pacientes com câncer de próstata. A incidência do câncer prostático é incomum entre asiáticos, sendo a mais elevada entre os afroamericanos e os escandinavos. Agressiva, a doença clinicamente significativa é mais Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� comum em afro-americanos do que em caucasianos. Estudos de associação genômica ampla identificaram inúmeras variações genéticas associadas ao aumento do risco de desenvolvimento do câncer de próstata. Embora cada variante contenha apenas um pequeno acréscimo de risco, o efeito é multiplicativo, de modo que os homens com alelos de risco múltiplo podem apresentar até 5 vezes mais risco em comparação com a população em geral. • O ambiente externo também desempenha seu papel, como evidenciado pelo fato de que, em imigrantes japoneses nos Estados Unidos, a incidência da doença aumenta (embora não no nível observado entre os nativos dos Estados Unidos). Além disso, à medida que a dieta asiática se torna mais ocidentalizada, a incidência do câncer de próstata clínico nessa região do mundo está aumentando. Contudo, a relação entre componentes alimentares específicos e o risco de câncer da próstataé obscura. • As aberrações genéticas adquiridas, assim como em outros cânceres, são os verdadeiros condutores da transformação celular. As variações no número de cópias em regiões cromossômicas específicas e rearranjos de genes estão frequentemente presentes nos tumores primários. Os rearranjos gênicos mais comuns no câncer de próstata criam genes de fusão que consistem no promotor regulado por androgênio do gene TMPRSS2 e na sequência codificadora dos fatores de transcrição da família ETS. Os genes de fusão TMPRSS2-ETS estão presentes em aproximadamente 40% a 60% dos cânceres da próstata nas populações caucasianas, e ocorrem relativamente cedo na tumorigênese. Surpreendentemente, a prevalência desses rearranjos é menor entre os afro-americanos e outros grupos étnicos. Outras mutações comumente levam à ativação da via sinalizadora do oncogene PI3K/AKT (Cap. 6), entre as quais as mais comuns são as mutações que inativam o gene supressor de tumor PTEN, que atua como um freio à atividade de PI3K. Manifestações clínicas: Nos Estados Unidos, a maioria dos cânceres de próstata consiste em lesões assintomáticas, pequenas, não palpáveis, descobertas na realização de uma biópsia por agulha fina para investigar o nível sérico elevado do antígeno prostático específico (PSA) (discutido posteriormente). Cerca de 70% a 80% dos cânceres da próstata originam-se nas glândulas externas (periféricas) e, por isso, podem ser reconhecidos como nódulos irregulares e duros no exame de toque retal. A minoria dos carcinomas é descoberta inesperadamente durante um exame histopatológico do tecido removido de uma HPB, por meio de ressecção transuretral. Por causa da localização periférica, é menos provável que o câncer de próstata cause obstrução uretral, do que a HPB, nos estágios iniciais. Os cânceres avançados localmente se infiltram na vesícula seminal e nas zonas periuretrais da próstata e podem invadir os tecidos moles adjacentes, a parede da bexiga urinária ou (menos comumente) o reto. Metástases ósseas, particularmente no esqueleto axial, são frequentes nos estágios avançados da doença e tipicamente causam lesões osteoblásticas (produtoras de ossos) que podem ser detectadas em uma cintilografia óssea. O estágio inicial é assintomático; Oligúria (deficiência de eliminação urinária) Polaciúria (eliminação frequente da urina) Disúria (dor ou dificuldade de urinar) Hematúria (presença de sangue na urina) Impotência sexual Diagnóstico: A análise do PSA é o exame mais usado no diagnóstico e no controle do câncer da próstata, mas, conforme será discutido, apresenta várias limitações. O PSA é um produto do epitélio prostático normalmente secretado no sêmen. Embora a triagem por PSA possa detectar os cânceres da próstata em seu estágio inicial, estudos sobre o histórico natural da doença (os chamados “estudos observe e espere”) confirmaram que muitos cânceres de próstata são clinicamente insignificantes, o que faz com que dispensem tratamento às vezes por décadas. O sobretratamento desses cânceres pode levar a complicações significativas, como morbidade e, particularmente, disfunção erétil e incontinência. Uma segunda limitação do PSA como biomarcador é que ele não é específico para câncer. A HPB, a prostatite, os infartos prostáticos, a instrumentação da próstata e a ejaculação também aumentam os níveis séricos do PSA. Inversamente, 20% a 40% dos pacientes com câncer da próstata, confinado ao órgão, apresentam nível de PSA abaixo dos níveis utilizados, como ponto de corte, para identificar pacientes com propensão ao câncer de próstata. Por causa desses problemas, os valores do PSA estão sendo reavaliados como teste de triagem. Por outro lado, uma vez diagnosticado o câncer, as medições seriadas do PSA são muito valiosas para o acompanhamento da resposta ao tratamento. Por exemplo, um nível Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� crescente de PSA após uma prostatectomia radical ou radioterapia para a doença localizada é indício de doença disseminada ou recorrente. Os tratamentos mais comuns para o câncer de próstata clinicamente localizado são a prostatectomia radical e a radioterapia. O prognóstico após uma prostatectomia radical baseia-se no estadiamento patológico, se as margens ressecadas estão livres do tumor e na gradação de Gleason. A gradação de Gleason, o estágio clínico e os valores séricos do PSA são importantes preditores do resultado pós radioterapia. Já que muitos cânceres da próstata se comportam de forma indolente, a vigilância ativa (“espera vigilante”) é uma abordagem apropriada no caso de homens mais velhos, pacientes com significativa comorbidade ou mesmo pacientes mais jovens com valores séricos de PSA baixos e cânceres pequenos de baixo grau. O carcinoma metastático avançado é tratado com privação de androgênio, conseguida pela orquiectomia ou pela administração de agonistas sintéticos do hormônio liberador do hormônio luteinizante (HLRL). Além disso, existem muitas terapias que reduzem a síntese de androgênios ou sinalizam o câncer de próstata metastático. Embora a terapia antiandrogênica induza remissões, clones independentes do estímulo androgênico surgem posteriormente e levam a uma progressão rápida da doença e ao óbito. Como já mencionado, esses clones mutantes continuam a expressar muitos genes que são dependentes de androgênio na próstata normal, o que sugere que mecanismos que reativam a sinalização androgênica se originam mesmo no quadro de terapia de privação do androgênio. Toque Retal: Quando se detecta tumores por esse método geralmente estão grandes. Só detecta alterações na zona periférica, na porção lateral ou posterior da glândula. Considera-se positivo, se: nodulações, induração ou assimetria lobar acentuada. Nesses casos deve-se solicitar uma biópsia. O toque retal pode ser positivo em casos de prostatites granulomatosas, infarto prostático, tuberculose e outros. Biopsia Trasnsretal da próstata guiada pelo Ultrassom: • É o que confirma o diagnóstico histopatológico. • Pode ser realizado ambulatorialmente. • Para a realização dele deve ser feito Clister+antibioticoterapia profilática. Esse exame consiste em retirar 12 fragmentos em todos os setores da próstata para análise. Apesar dessa imprevisibilidade, alguns parâmetros podem ser utilizados para se definir o prognóstico dos pacientes. São eles: 1. Estádio inicial: pacientes com estádios T1 e T2 apresentam grande possibilidade de cura definitiva após tratamento local. Os que apresentam estádio T3 têm menor índice de cura e aqueles com estádios T4, N1 ou M1 apresentam cura virtualmente inexistente. 2. Valor de PSA: os níveis séricos de PSA normalmente relacionam-se com extensão e estadiamento da doença. Consequentemente, na maioria dos casos, quanto maior o PSA, pior o prognóstico. Sabe-se que pacientes com PSA maior que 20 ng/mL têm grande chance de apresentar doença extraprostática, enquanto aqueles com PSA maior que 100 ng/mL praticamente quase sempre apresentam doença metastática. 3. Grau de Gleason: pacientes com Gleason 8 a 10 apresentam doença pouco diferenciada e agressiva e, portanto, têm pior prognóstico. 4. Volume de neoplasia: quando o volume tumoral é menor que 3 cm3, os pacientes normalmente apresentam doença localizada e quase sempre são curados com o tratamento local. Por outro lado, 80% dos pacientes com volume tumoral maior que 12 cm3 apresentam metástases linfonodais ou ósseas Após a realização da biópsia, o urologista pode confrontar com alguns resultados: 1. PIN - Neoplasia intraepitelial prostática - Parece estar relacionada a um risco aumentado de CaP apenas se tiver uma quantidade superior ou igual a 3 fragmentos com este resultado, portanto deve ser realizada uma nova biópsia após 6 meses. 2. ASAP - Proliferação atípica de pequenos ácinos - Apresenta um claro risco para CaP. Os fragmentos que apresentem ASAP devem ser encaminhados para imunoistoquímica para descartar a presença de adenocarcinoma. Caso o resultado seja negativopara malignidade, este paciente merece ser acompanhado de perto e sugere-se uma nova 81 Oncologia Básica para profissionais de saúde biópsia após 6 meses. 3. Adenocarcinoma de próstata. Mais de 95% dos CaPs são representados pelos adenocarcinomas, os demais correspondem aos carcinomas de células transicionais, tumores neuroendócrinos ou sarcomas. 70% dos Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� adenocarcinomas de próstata se originam da zona periférica, enquanto 20% na zona transicional e 10% na zona central. Descrever o estadiamento do Câncer de próstata e classificação da escala de gleason; Classificação histológica: Grau 1 - Células uniformes e pequenas, formação de glândulas regulares, pouca variação de tamanho e forma, com bordos bem definidos, densamente agrupadas, distribuídas homogeneamente e com pouco estroma. Grau 2 - Células variam mais em tamanho e forma, glândulas uniformes frouxamente agrupadas e com bordos irregulares. Grau 3 - Células variam ainda mais em tamanho e forma, glândulas muito pequenas, uniformes, anguladas ou alongadas, individualizadas e anarquicamente espalhadas pelo estroma. Podem formar massas fusiformes ou papilíferas, com bordas lisas. Grau 4- Muitas células fusionadas em grandes massas amorfas ou formando glândulas irregulares, distribuídas anarquicamente, com infiltração irregular e invasão de tecidos adjacentes. As glândulas podem apresentar células pálidas e grandes, com padrão hipernefroide. Grau 5 - Tumor anaplásico. Células agrupadas em grandes massas com invasão dos órgãos e tecidos vizinhos, podendo exibir necrose central. A diferenciação glandular pode não existir, exibindo um padrão de crescimento infiltrativo do tipo células soltas. Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� Escala de Gleason: Para avaliação do grau de diferenciação tumoral, que impacta diretamente no grau de agressividade, utilizou-se o Escore de Gleason. O padrão de Gleason mede o grau de diferenciação da arquitetura glandular e varia de 3 a 5 (5 é o mais indiferenciado e agressivo). O escore de Gleason nada mais é do que a soma dos dois padrões mais frequentes encontrados na amostra. Desta forma, uma peça com Escore de Gleason 5+3, apresenta comportamento mais agressivo que outra com Escore 3+5, uma vez que o primeiro apresenta um percentual maior de doença com padrão mais agressivo. Se o espécime inteiro exibe apenas um padrão tumoral, a mesma nota é atribuída duas vezes. O estadiamento clínico do adenocarcinoma de próstata é realizado pelo sistema TNM. O câncer da próstata é classificado (graduado) pelo sistema de Gleason, criado em 1967 e atualizado em 2014. De acordo com esse sistema, os cânceres da próstata são estratificados em cinco graus com base nos padrões glandulares de diferenciação. O grau 1 representa os tumores mais bem diferenciados, ao passo que os tumores grau 5 não exibem qualquer diferenciação glandular. A maioria dos tumores pertence aos padrões 3, 4 e 5. Uma vez que a maioria dos tumores apresenta mais do que um padrão, um grau primário é atribuído ao padrão dominante, e um grau secundário ao segundo padrão mais frequente. Os dois graus numéricos são então somados, a fim de se obter uma pontuação combinada do sistema Gleason. Os tumores que exibem apenas um padrão são tratados como se seus padrões primário e secundário fossem os mesmos e, assim, o número é dobrado. Portanto, os tumores mais diferenciados obtêm pontuação de 2 (1 + 1) e os menos diferenciados de 10 (5 + 5). Um novo sistema de estadiamento também baseado no padrão glandular foi recentemente aceito pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para ser usado inicialmente em conjunto com o sistema de Gleason; ele varia de 1 (prognóstico excelente) a 5 (prognóstico sombrio). Para se obter o escore total da classificação de Gleason, que varia de 2 a 10, o patologista gradua de 1 a 5 as duas áreas mais freqüentes do tumor e soma os resultados. Quanto mais baixo é o escore de Gleason, melhor será o prognóstico do paciente. Escores entre 2 e 4 significam que o câncer provavelmente terá um crescimento lento. Escores intermediários, entre 5 e 7, podem significar um câncer de crescimento lento ou rápido e este crescimento vai depender de uma série de outros fatores, incluindo o tempo durante o qual o paciente tem o câncer. Escores do final da escala, entre 8 e 10, significam um câncer de crescimento muito rápido. Gleason de 2 a 4 – existe cerca de 25% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 5 a 7 - existe cerca de 50% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Gleason de 8 a 10 - existe cerca de 75% de chance de o câncer disseminar-se para fora da próstata em 10 anos, com dano em outros órgãos, afetando a sobrevida. Estadiamento: O estádio clínico é definido pelo sistema TNM. A disseminação do câncer de próstata se faz por via linfática (para os gânglios ilíacos e obturatórios) e hematogênica (principalmente para os ossos da coluna, bacia, crânio e costelas) A União Internacional Contra o Câncer (UICC) propôs a utilização do sistema TNM em CaP, de modo a padronizar a classificação dos pacientes com a doença e permitir estudos comparativos mais precisos. Sob o ponto de vista clínico, é importante ressaltar que os métodos propedêuticos disponíveis tendem a subestimar a extensão da doença. Assim, por exemplo, entre 10 e 34% dos pacientes com estágios T2 apresentam infiltração das vesículas seminais, e entre 46 e 60% dos casos em estágio T3 evidenciam acometimento dos linfonodos ilíacos Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� Discutir as possibilidades terapêuticas do câncer de próstata; Tratamento: As decisões envolvendo o tratamento de pacientes com câncer de próstata levam em conta muitas variáveis, tanto do ponto de vista oncológico quanto social, clínico/laboratorial e de expectativa de vida. Para o planejamento do tratamento do câncer de próstata, deve-se levar em consideração características da doença como extensão local, presença de metástases ganglionares e à distância e o grau de Gleason. O objetivo do tratamento em pacientes com doença localizada é a cura, que pode ser alcançada por meio de cirurgia ou radioterapia. Já portadores de doença localmente avançada apresentam índices de cura muito inferiores. Nesses casos, a paliação dos sintomas e a prevenção de complicações são os objetivos principais do tratamento, que é realizado em geral com técnica combinada de radioterapia/cirurgia associados à hormonioterapia. Da mesma forma, pacientes com doença metastática são tratados com hormonioterapia para controle temporário da doença e paliação dos sintomas a ela relacionados. O grau histológico do tumor deve ser levado em conta no tratamento do câncer de próstata, uma vez que tumores com grau de Gleason menor que 7 (bem diferenciados) tendem a apresentar comportamento indolente e podem ser tratados de forma menos agressiva, enquanto que tumores com grau de Gleason maior que 8 (pouco diferenciados) são normalmente agressivos e costumam apresentar prognóstico ruim, apesar do tratamento. Nesses casos, justifica-se a abordagem combinada com cirurgia, radioterapia e hormonioterapia. De igual importância na tomada de decisões sobre o tratamento do câncer de próstata são as condições clínicas do paciente. Por exemplo, indivíduos que apresentam níveis de PSA baixos, tumores localizados, grau de Gleason menor que 7 e que apresentam comorbidades que limitam a expectativa de vida para menos de 10 anos podem ser tratados de forma menos agressiva ou até não tratados, dependendo da severidade dessas comorbidades e da preferência do paciente e da família. Tratamento do Câncer de Próstata Localizado De forma geral, o tratamento do câncer de próstata localizado pode ser eficientemente realizado por meio de cirurgia radical ou radioterapia. Muita controvérsiaexiste sobre qual dos métodos oferece os melhores resultados, tanto em termos de cura quanto em qualidade de vida e complicações. Evidentemente, cada um dos métodos apresenta vantagens e desvantagens e, conforme já mencionado, cada paciente deve ser manejado de acordo com suas características clínico/oncológicas e preferência pessoal. Evidências apontam que o valor Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� terapêutico da cirurgia radical é significativamente maior que o da radioterapia e atualmente a cirurgia é considerada o padrão-ouro no tratamento do câncer de próstata localizado. A superioridade da cirurgia é descrita após longo tempo de acompanhamento (mais de 15 anos). Além disso, a radioterapia pode deixar focos microscópicos de neoplasia na próstata e biópsias realizadas 2 anos após o tratamento mostram doença viável em até 70% dos casos. A cirurgia para o tratamento do câncer de próstata localizado é a prostatectomia radical associada à linfadenectomia ilíaco-obturatória bilateral. No procedimento, são ressecadas a próstata, as vesículas seminais e os gânglios pélvicos da cadeia referida acima. A prostatectomia radical pode ser realizada por via perineal ou suprapúbica, sendo esta a via mais realizada atualmente. Para o controle oncológico dos pacientes submetidos à cirurgia radical, utiliza-se a dosagem seriada de PSA a partir do 2º mês pós-operatório. O critério de cura mais aceito atualmente é a negativação dos valores de PSA já na primeira dosagem de controle. Estudos recentes (que juntos contam com mais de 2.000 homens operados) mostraram que nenhum paciente apresentou recidiva clínica na ausência da recidiva bioquímica de PSA. Por outro lado, quando o PSA se elevou no pós-operatório, até 68% dos pacientes apresentaram doença clínica num seguimento médio de 19 meses. Os resultados da prostatectomia radical em termos de controle do câncer de próstata mostram sobrevida livre de doença de até 75% e sobrevida câncer-específica de até 90% após 15 anos de seguimento. Apesar de a cirurgia ser atualmente um procedimento seguro e de técnica muito bem padronizada, não é isenta de complicações, tanto precoces quanto tardias. As precoces são relacionadas diretamente ao procedimento cirúrgico e envolvem infecções de ferida, sangramento intra e pós-operatório e tromboflebites. As complicações urológicas mais comuns relacionadas à prostatectomia radical são a impotência e a incontinência urinária. A incontinência ocorre em 2 a 10% dos pacientes e a impotência varia de 30 a 60%. Essa grande variação na incidência de ambas decorre de aspectos oncológicos, da técnica cirúrgica empregada e das condições clínicas do paciente, como idade, atividade sexual e sintomatologia urinária antes do tratamento. A radioterapia para o controle do câncer de próstata localizado apresenta taxas de cura próximas às da cirurgia radical exclusivamente quando as técnicas mais recentes, como a radioterapia externa tridimensional, o escalonamento de dose e a injeção de sementes radioativas no tecido prostático (braquiterapia), são empregadas. O sucesso oncológico da radioterapia no controle do câncer de próstata localizado depende da casuística analisada e da técnica utilizada, mas, em termos gerais, varia de 50 a 90% em 5 anos, quando considera-se a sobrevida livre de doença. As complicações mais frequentes relacionadas à radioterapia são: piora dos sintomas miccionais (sobretudo em pacientes já previamente sintomáticos), impotência e reações actínicas no reto e na bexiga, que, muitas vezes, são de difícil controle e prejudicam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Felizmente, a retite e a cistite actínicas têm ocorrido em um número cada vez menor de doentes em virtude do refinamento das técnicas atuais de radioterapia. Da mesma forma que na cirurgia, o acompanhamento oncológico dos pacientes após a radioterapia é realizado com dosagens seriadas de PSA. Espera-se que o PSA baixe a níveis indetectáveis 2 meses após a cirurgia e que permaneça assim no acompanhamento pós-operatório tardio. Quando existe elevação pós-operatória do PSA acima de 0,2 ng/mL, considera-se que houve recidiva bioquímica da doença. Nesse caso, a maioria dos pacientes apresentará doença clínica após 6 a 8 anos se não tratados de forma adjuvante. Já pacientes tratados com qualquer modalidade de radioterapia raramente apresentam negativação do PSA. Pelo contrário, o PSA normalmente se mantém detectável pela permanência da próstata e, inicialmente, ocorre elevação de seus níveis após o tratamento local. A redução do PSA após a radioterpia só acontece meses após o procedimento. Ainda existe muita controvérsia em relação aos níveis de PSA que definem cura para pacientes tratados com radioterapia. Considera-se atualmente como recidiva da doença três subidas consecutivas nos valores de PSA a partir do nadir (valor mínimo) atingido após o tratamento. Tratamento do Câncer de Próstata Localmente Avançado O câncer de próstata é considerado localmente avançado quando há extensão além dos limites da próstata (T3a), quando o tumor invade as vesículas seminais (T3b) ou quando invade reto, bexiga ou tecidos adjacentes (T4). Da mesma forma, pode-se incluir como portadores de doença localmente avançada os pacientes que apresentam gânglios pélvicos comprometidos (N1-3). Apesar do diagnóstico de extensão local ser feito radiologicamente ou após biópsia/cirurgia, o estadiamento multimodal (estádio tumoral, valor de PSA e grau de Gleason) é um importante método de identificação de pacientes com alto risco para doença avançada. O tratamento locorregional desses pacientes por meio de cirurgia ou radioterapia exclusivos não tem apresentado resultados animadores em termos de sobrevida livre de doença nem de sobrevida global, com a maioria dos pacientes apresentando metástases após 10 anos de acompanhamento. Por isso, o tratamento atualmente Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� considerado como padrão-ouro envolve a utilização de bloqueio androgênico associado à radioterapia. Os pacientes submetidos à cirurgia radical por tumor localizado que eventualmente apresentem recidiva local da doença são manejados com radioterapia adjuvante (ou de salvamento), sendo a hormonioterapia reservada para casos de falha da radioterapia de salvamento ou para pacientes com doença metastática. Tratamento do Câncer de Próstata Disseminado (Fase Hormônio-dependente) A dependência hormonal do câncer de próstata foi estabelecida há quase 50 anos em estudos experimentais que renderam a Huggins o Prêmio Nobel de Medicina e Fisiologia. Desde então, a dependência hormonal tornou-se a base do tratamento dos tumores metastáticos e, atualmente, o padrão ouro no tratamento do câncer disseminado de próstata é o bloqueio de androgênio. A hormonioterapia utilizada em pacientes com doença localmente avançada ou metastática pode ser realizada cirúrgica ou farmacologicamente: 1. Orquiectomia bilateral: é o método mais barato, apresenta fácil realização e tem como desvantagem a irreversibilidade. 2. Análogos de LHRH (goserelina e leuprolida): método igualmente eficaz, baseado no bloqueio da secreção hipofisária de LH e FSH. A utilização dos análogos não induz ginecomastia ou complicações cardiovasculares e é reversível. Entretanto, é o método mais caro e deve ser empregado apenas associado à utilização temporária de antiandrógenos, uma vez que pode haver exacerbação dos sintomas por aumento transitório da testosterona na fase inicial do tratamento. 3. Estrogenioterapia (dietilestilbestrol): método também eficaz e barato, relacionado a efeitos colaterais como ginecomastia e fenômenos tromboembólicos. Por esses efeitos, a sua indicação ficou bastante restrita na última década. Deve ser precedido de radioterapia mamária ou tamoxifeno e associado a droga antitrombótica, como o ácido acetilsalicílico. 4. Antiandrógenos (bicalutamida, flutamida, ciproterona e megestrol): os antiandrógenos atuam na inibição competitiva da testosteronaem nível periférico e apresentam a menor eficiência em termos de bloqueio androgênico. Como não causam redução dos níveis de testosterona, podem ser utilizados em pacientes que desejam manter a libido e a vida sexual. Os principais efeitos colaterais dos antiandrógenos são a ginecomastia e a toxicidade hepática. Portanto, os pacientes devem ser submetidos a irradiação preventiva nas mamas ou administração de tamoxifeno e a controle rigoroso de função hepática. Atualmente, consideram-se algumas alternativas para a monoterapia no tratamento do câncer de próstata metastático. Foi introduzido o conceito de bloqueio hormonal total, que consiste na associação entre análogos de LHRH (ou orquiectomia bilateral) e antiandrógenos periféricos e tem como racional o bloqueio da testosterona produzida nas adrenais. Essa modalidade de tratamento apresenta resultados duvidosos em termos de melhora de sobrevida, à custa de um aumento na incidência de efeitos colaterais. Deve, portanto, ser empregada no momento da falha do bloqueio realizado com monoterapia. Outro conceito introduzido no tratamento do câncer de próstata metastático é a terapêutica intermitente, que consiste no bloqueio hormonal farmacológico por 6 a 8 meses, seguido da interrupção deste até nova elevação de PSA. O racional dessa modalidade é a competição intratumoral entre as populações celulares hormônio-dependentes e hormônio-independentes, que impede a proliferação das células hormônio-independentes e mantém o tumor sensível ao bloqueio androgênico. Tratamento do Câncer de Próstata Disseminado Hormônio-independente A maioria dos pacientes com câncer de próstata metastático responde ao bloqueio hormonal por um período que pode variar de meses a anos. Na fase em que existe progressão da doença (normalmente diagnosticada pela elevação de PSA), apesar do bloqueio androgênico, as células adquirem autonomia e proliferam-se mesmo na ausência da testosterona. Nesse momento, o objetivo do tratamento é o controle dos sintomas com o menor índice de efeitos colaterais possível. As modalidades de tratamento mais utilizadas são o bloqueio hormonal total, a hormonioterapia de segunda linha (com drogas que agem em outros receptores de testosterona em nível celular) e a quimioterapia, baseada em mitoxantrona e corticoterapia. A eficácia dessas modalidades é pequena e a resposta é pouco duradoura, quando ocorre. Nessa fase da patologia, pode-se usar radioterapia para a paliação das dores ósseas decorrentes das metástases e drogas analgésicas de ação central. CUIDADOS PALIATIVOS Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� A despeito dos esforços no diagnóstico e na excelência do tratamento oncológico, o câncer da próstata segue como patologia que, se detectada tardiamente, já com disseminação metastática estabelecida, progride para estágios avançados com refratariedade a todas as formas de bloqueio androgênico. O resultado final nestes casos, em determinado tempo, é a morte. Felizmente, nos últimos anos, observou-se também um avanço nos conceitos sobre Medicina Paliativa. Entende-se como cuidado paliativo todos os esforços despendidos no intuito de: A) aliviar a cascata de sintomas associados à evolução final do câncer; B) promover o bem-estar do paciente, dignificando-lhe a fase terminal da doença; C) proporcionar conforto aos seus familiares e cuidadores. PRINCÍPIOS PARA O BOM CONTROLE DE SINTOMAS Abordagem multidisciplinar que contemple todas as competências necessárias ao bom acompanhamento do paciente, destacando-se o papel da Enfermagem, Serviço Social, Nutrição, Psicologia e Fisioterapia. Conhecimento da história natural desta doença que favoreça a adequada avaliação de fatores prognósticos, tais como idade, performance, status, estado mental e patologias associadas que possam influir na adoção de medidas paliativas. Comunicação com o binômio paciente-familiares no momento da execução das ações. Evidentemente, o bom controle de sintomas depende de mudanças, em toda política de saúde, que favoreça a captação de recursos e a dispensação, inclusive, de medicamentos básicos no alívio da dor, como os opióides e outras drogas controladas e de difícil disponibilidade. As mazelas socioeconômicas em nosso país dificultam o acesso da população ao arsenal de medicamentos utilizados no controle dos sintomas nesses pacientes e interferem, inclusive, com a política de desospitalização e controle domiciliar, adotado com muito sucesso em outros países. Neste campo, o apoio e a boa avaliação de um profissional do Serviço Social nos auxiliam no processo de acompanhamento dos doentes e seus familiares. Melhores resultados serão alcançados com a otimização na formação médica, que privilegie os cuidados paliativos como módulo necessário no currículo de nossas faculdades da área biomédica e ressalte a importância da antecipação dos sintomas para que o produto final possa ser uma morte digna, livre de sofrimento, com maior autonomia por parte do paciente. CONDUTAS PARA O CONTROLE DE SINTOMAS Para a grande maioria dos pacientes com significativo impacto no estado geral e com condições clínicas desfavoráveis, refratárias ao uso das terapias preconizadas é imprescindível o alívio do sofrimento imposto pela evolução letal da doença. A miscelânea de sintomas que caracteriza esta fase reflete o comportamento biológico do tumor com taxa de crescimento acelerada, produção de citoquinas e neuropeptidases envolvidas na modulação da dor e metabolismo intermediário. Nestes pacientes, os principais objetivos são o alívio da dor óssea, a correção e prevenção de fraturas patológicas, a abordagem da astenia/caquexia, da uropatia obstrutiva, do delírio e dos distúrbios metabólicos, bem como o entendimento dos distúrbios psicossociais tão característicos nesta fase final da vida e que influem, de forma dramática, no controle dos sintomas, alterando o produto final que deveria ser a “boa morte”. Apresentar possíveis diagnósticos diferenciais para câncer de próstata (HPB, prostatite) enfatizando diferenças clínicas e laboratoriais; Hiperplasia Prostática Benigna A hiperplasia prostática benigna (HPB) é uma causa extremamente comum de aumento da próstata resultante da proliferação de elementos estromais e glandulares. Acomete um número significativo de homens a partir dos 40 anos de idade e sua frequência aumenta progressivamente com a idade, e alcança 90% na oitava década de vida. O aumento da próstata em homens com HPB é uma importante causa de obstrução urinária. Embora a causa da HPB ainda não seja plenamente compreendida, está claro que o crescimento excessivo (dependente do androgênio) dos elementos glandular e estromal apresenta um papel essencial. A HPB não acomete homens castrados antes do estabelecimento da puberdade ou homens com doenças genéticas que bloqueiam a atividade do androgênio. A di-hidrotestosterona (DHT), o mediador do crescimento prostático, é sintetizada na próstata a partir da testosterona circulante pela ação da enzima 5α-redutase, tipo 2. A DHT se liga aos receptores nucleares do androgênio, que regulam a expressão de genes que sustentam o crescimento e a sobrevivência do epitélio prostático e das células estromais. Embora a testosterona também possa ligar-se aos receptores de androgênio e estimular o crescimento, a DHT é 10 vezes mais potente. Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� A HPB virtualmente ocorre sempre na zona transicional interna da próstata. A próstata afetada torna-se aumentada, pesando entre 60 g e 100 g e contém muitos nódulos bem circunscritos que causam protrusão na superfície de corte. Os nódulos podem conter espaços císticos, que correspondem aos elementos glandulares dilatados, ou ser sólidos. A uretra geralmente está comprimida pelos nódulos hiperplásicos, que deixam apenas uma estreita fenda de passagem. Em alguns casos, os elementos glandulares e estromais hiperplásicos, situados abaixo do epitélio da uretra intraprostática proximal, se projetam no lúmen da bexiga comomassa pedunculada e produzem obstrução uretral do tipo válvula de bola (Ball-valve) (também pode ser descrita como hipertrofia do lobo mediano). Características Clínicas Como a HPB envolve preferencialmente as porções internas da próstata, as manifestações mais comuns estão relacionadas com a obstrução do trato urinário inferior, frequentemente na forma de dificuldade de iniciar o fluxo de urina (hesitação) e interrupção intermitente do fluxo urinário durante a micção. Esses sintomas são frequentemente acompanhados por urgência e frequência urinárias, e noctúria, indicadores de irritação da bexiga urinária. As manifestações clínicas da hiperplasia prostática ocorrem em apenas cerca de 10% dos homens com evidência patológica de HBP. A presença de urina residual na bexiga urinária causada por obstrução crônica aumenta o risco de infecções do trato urinário. Em alguns homens acometidos, a HPB causa completa obstrução urinária, com resultante distensão dolorosa da bexiga e, na falta do tratamento apropriado, hidronefrose. O tratamento inicial é farmacológico, com o uso de agentes terapêuticos direcionados para a inibição da formação de DHT (como inibidores da 5α redutase) ou que relaxam o músculo liso prostático, bloqueando os receptores α-1 adrenérgicos. Várias técnicas cirúrgicas estão reservadas para os casos gravemente sintomáticos que resistem à terapia farmacológica. Hiperplasia prostática benigna • A HPB é caracterizada pela proliferação de elementos estromais e glandulares benignos. A DHT, um androgênio derivado da testosterona, é o estimulador hormonal mais importante da proliferação. • A HPB origina-se na zona de transição periuretral. Os nódulos hiperplásicos exibem proporções variáveis de glândulas e de estroma. As glândulas hiperplásicas são revestidas por duas camadas de células: uma camada colunar interna e uma camada externa de células basais planas. • Os achados clínicos resultam da obstrução do trato urinário e incluem hesitação, urgência, noctúria e fluxo urinário deficiente. A obstrução crônica predispõe a infecções recorrentes do trato urinário. Prostatite A prostatite é dividida em três categorias: (1) prostatite bacteriana aguda (2%-5% dos casos), causada pelos mesmos organismos associados às infecções agudas do trato urinário; (2) prostatite bacteriana crônica (2%-5% dos casos), também causada por uropatógenos comuns; e (3) síndrome da dor pélvica crônica (90%-95% dos casos). Esta última pode ser subdividida em casos inflamatórios, que estão associados a leucócitos em secreções prostáticas, e casos não inflamatórios, nos quais os leucócitos estão ausentes. O diagnóstico de prostatite não é comumente baseado na biópsia, pois os achados histológicos são inespecíficos e a biópsia de uma prostatite infectada pode resultar em sepse. * A exceção é a prostatite granulomatosa, que pode produzir endurecimento da próstata, levando à biópsia para descartar um câncer de próstata. Nos Estados Unidos, a causa mais comum é a instilação do bacilo de Calmette-Guérin (BCG) dentro da bexiga para tratamento do câncer da bexiga superficial. O BCG é uma cepa atenuada do bacilo da tuberculose que produz uma reação imune granulomatosa na próstata indistinguível da tuberculose. A tuberculose prostática disseminada é rara no Ocidente. A prostatite granulomatosa fúngica geralmente só é observada nos hospedeiros imunocomprometidos. A prostatite granulomatosa inespecífica é relativamente comum e representa uma reação de corpo estranho às secreções que extravasam para tecidos devido ao rompimento de ductos e ácinos prostáticos. Os granulomas prostáticos pós-cirúrgicos também podem ser observados. Características Clínicas A prostatite bacteriana aguda apresenta-se com início súbito de febre, calafrios, disúria, dor perineal e obstrução da saída da bexiga urinária (bloqueio na base da bexiga); pode ser complicada pela sepse. Se houver suspeita de prostatite aguda, exame retal digital é contraindicado, pois a pressão sobre o tecido esponjoso e sensível da próstata pode causar bacteremia. A prostatite bacteriana crônica geralmente está associada a infecções recorrentes do trato urinário intercaladas por períodos assintomáticos. Pode também manifestar-se por meio de lombalgia, disúria e desconforto perineal e suprapúbico. Tanto a prostatite bacteriana aguda quanto a crônica são tratadas com antibióticos. A síndrome da dor pélvica crônica é caracterizada por dor crônica localizada no períneo, área suprapúbica e pênis. Dor durante ou após a ejaculação é um achado relevante. A etiologia é incerta, e constitui um diagnóstico de exclusão. Na verdade, nem sequer está claro se a Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� dor está relacionada com uma anormalidade da próstata. O tratamento para a síndrome da dor pélvica crônica é empírico e depende da natureza dos sintomas. • A prostatite bacteriana pode ser aguda ou crônica. O microrganismo responsável é, geralmente, a E. coli ou outro bastonete gram-negativo. • A síndrome da dor pélvica crônica, apesar de compartilhar a sintomatologia com a prostatite bacteriana crônica, é de etiologia desconhecida e de difícil tratamento. • A prostatite granulomatosa pode ser infecciosa (p. ex., seguinte ao tratamento com BCG) ou não infecciosa. Caracterizar metástase e o seu mecanismo; A metástase, que é responsável por mais de 90% das mortes por câncer, é uma doença sistêmica definida como o desenvolvimento de tumores secundários a certa distância do local primário do câncer. Os tumores malignos primários podem frequentemente ser removidos cirurgicamente; no entanto, os tumores metastáticos podem migrar para todo o corpo, semeando e proliferando em órgãos distantes. A metástase representa um grande desafio para as atuais estratégias terapêuticas contra o câncer, uma vez que produz os efeitos mais nocivos. Essas terapias, que geralmente são eficazes para controlar tumores localmente circunscritos, frequentemente não são bem sucedidas no tratamento dos cânceres metastáticos, por vezes, imprevisíveis e inacessíveis. A maioria das pesquisas sobre câncer tem-se concentrado apenas nos tecidos derivados dos locais de tumor primários. Após o complexo processo de metástase ter sido concluído, essa pesquisa nem sempre pode revelar a biologia do tumor metastático em locais distantes. Apenas recentemente, os estudos têm-se voltado para o campo mais complexo e menos compreendido da metástase de tumores. Os mecanismos celulares e moleculares subjacentes a essas tendências diferentes são tema de debate constante e intensos esforços de investigação porque têm implicações importantes na determinação da capacidade de prever, identificar e erradicar a doença metastática ameaçadora da vida. Geralmente, acredita-se que o processo de metástase segue uma cascata estocástica, sequencial, que envolve intravasamento de células tumorais, disseminação através do sangue e/ou vasos linfáticos, extravasamento para órgão secundário, angiogênese e, finalmente, crescimento de tumor secundário. No entanto, nos últimos anos, estudos têm proposto perspectivas novas e interessantes sobre a natureza da doença metastática, impulsionando uma mudança conceitual na teoria metastática canônica. Esses modelos têm rompido com a estrutura de progressão do tumor aceita e levantam questões difíceis e intrigantes para os pesquisadores no campo da terapêutica do câncer. As áreas de progresso incluem não apenas a natureza das células tumorais que iniciam a metástase, quando e como elas migram da massa tumoral primária, como sobrevivem e proliferam em locais secundários, mas também os locais secundários para os quais elas migram preferencialmente e porquê. Por exemplo, evidências de estudos de perfil de expressão gênica sugeriram que a capacidade metastática pode ser uma característica intrínseca dos tumores que é adquirida muito mais cedo na progressão da doença do que se pensava anteriormente. Além disso, estudos recentes têm fornecido evidências crescentesnão apenas com relação ao grau até o qual as células tumorais são dependentes de células normais no microambiente imediato, mas também em relação à importância do sistema imunológico na progressão da doença _ informações vitais necessárias para aperfeiçoar novos modelos. Neste capítulo, vamos explorar algumas das descobertas recentes mais importantes desses e de outros estudos no âmbito das três grandes fases de metástase – início, migração e crescimento em um local distante – e discutir o estado atual da pesquisa sobre metástase. CONCEITOS BÁSICOS Uma das primeiras referências para a disseminação do câncer foi feita em 1595 por Nicolas Abraham de la Framboisiere, que descreveu que um tumor pode desenvolver “delitescência”, ou seja, uma disseminação para os órgãos internos. Mais tarde, em 1757, Henri Ledran reforçou esse conceito. Ele definiu o câncer em seu início como uma doença local, que, em fases posteriores, dissemina para os linfonodos locais e para a corrente sanguínea, podendo envolver os pulmões. Em uma tentativa de descrever os mecanismos envolvidos na metástase, Rudolf Ludwig Carl Virchow (1821-1902), que é considerado o pai da patologia celular, não descreveu a metástase como uma doença gerada pela disseminação das células cancerosas. Em contradição direta com o que poderia ser esperado, afirmou que a metástase é causada por agentes infecciosos ou venenos de cânceres primários. Esses agentes são transportados através do sangue ou linfa para locais distantes do corpo, nos quais, após a interação com os tecidos conjuntivos, formam-se as metástases. Atualmente, acredita-se que as metástases são derivadas de células cancerosas que escaparam da massa do tumor primário. Esse processo, também conhecido como cascata metastática, é composto por uma série de etapas que devem ser concluídas por uma célula tumoral para que seja atingido seu nicho metastático. Essas medidas incluem Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� mudanças na migração e propriedades de adesão célula-célula, degradação e invasão da membrana basal (MB) e da matriz extracelular (MEC), entrada (também conhecida como intravasamento) na corrente sanguínea e sobrevida em seu interior, identificação de um órgão adequado no qual se estabelecer e extravasamento seguido pela invasão do órgão metastático. Esse processo também depende do desenvolvimento de novos vasos sanguíneos no local alvo (angiogênese). É importante ter em mente, porém, que nem todos os tumores são metastáticos e nem todas as células no interior dos chamados tumores metastáticos são capazes de sofrer metástase. A fim de se superarem os controles de crescimento homeostático, o ataque imunológico e as restrições ambientais, características como instabilidade genética e fenotípica, juntamente de uma seleção do tipo darwinista – sobrevivência dos mais aptos – são cruciais para o desenvolvimento de células tumorais resistentes. Além disso, seguindo a hipótese de Steven Paget da “semente e solo” que afirma que é necessário um microambiente receptivo para as células malignas enxertarem tecidos distantes e formarem metástase, as pesquisas atuais têm destacado a importância crucial de eventos que podem ocorrer simultaneamente ou até antes dessa cascata, como a formação de nichos pré-metastáticos tornados mais adequados para alojar células metastáticas pelos fatores liberados pela massa tumoral primária. TRANSIÇÃO EPITELIAL-MESENQUIMATOSA NO DESENVOLVIMENTO DO CÂNCER A arquitetura do tecido fisiológico evita a migração, necessária para a invasão da célula tumoral e metástase. Isso é particularmente evidente em órgãos epiteliais e seus carcinomas derivados. A adesão célula-célula determina a assimetria celular, que oculta a função do órgão. Em muitos órgãos epiteliais, tais como as glândulas mamárias e da próstata, essa assimetria da célula é refletida por comunicações extracelulares locais específicas. Originalmente descrito como um dos mecanismos embriológicos mais importantes para a remodelagem do tecido, como a gastrulação e a formação do segmento, o processo de transição epitelial-mesenquimatosa (TEM) também tem sido associado à progressão do câncer e a metástases. Esse processo consiste em várias etapas: desintegração da adesão célula-célula (com a perda de marcadores epiteliais, como E-caderina e do ganho de marcadores mesenquimatosos, como vimentina), perda de polarização basoapical e aquisição de polarização frente-costas, e a remodelagem do citoesqueleto com alterações na actina cortical e fibras de actina sob estresse. Além de mobilidade aumentada, as células induzidas a passar por TEM podem apresentar resistência à apoptose, outro requisito fundamental para metástase bem-sucedida. Muito semelhante àquele observado no desenvolvimento embrionário, o processo de TEM na progressão do câncer envolve a ativação de vias de sinalização relacionadas com TEM observadas durante o desenvolvimento, como o TGF-b e repressores transcricionais de E-caderina como proteínas dedo de zinco (ZEB1 e ZEB2), proteína bHLH (Twist) e a família snail das proteínas dedo de zinco (Snail, Slug). Assim, as análises moleculares baseadas em TEM em embriologia foram aplicadas na progressão do câncer. Durante o desenvolvimento, TEM depende de atividades adicionais altamente controladas, espacial e temporalmente, de moléculas de sinalização distintas e específicas que não ocorrem sob circunstâncias normais. No câncer, a TEM pode ocorrer por meio de uma ativação oncogênica autônoma de moléculas sinalizadoras sem estímulos adicionais. Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� REMODELAGEM DAMB EMEC Outro passo importante na formação de cânceres localmente invasivos e suas metástases subsequentes é a invasão e o rompimento da MB e da MEC que circunda as células tumorais. Pode ocorrer, seja por forças mecânicas ou por degradação enzimática da MEC, um processo que acontece quando colágeno, laminina, fibronectina (FN) e vitronectina são degradados por metaloproteinases (MMP), catepsinas e/ou serinoproteases secretadas por células tumorais e células hospedeiras especialmente recrutadas pelo tumor, por exemplo, macrófagos, células endoteliais e fibroblastos. Além disso, a MEC que circunda as células do tumor funcionam como um repositório de fatores de crescimento essenciais para a progressão maligna. Fisiologicamente, a degradação da matriz é controlada pela secreção de enzimas em sua forma inativa, que pode ser ativada localmente, inibidores de protease e receptores da superfície celular para proteases (como u-PA), e enzimas associadas à membrana (como o MT-MMPs) que modulam onde a enzima vai agir. Por outro lado, a perda desse equilíbrio entre as MMP e seus inibidores é uma das principais características dos tumores invasivos e metastáticos. Esse processo, juntamente da TEM, contribui para a migração das células cancerosas da massa do tumor para o estroma do tecido conjuntivo reativo onde finalmente sofrem disseminação, passando através da parede endotelial dos vasos linfáticos para a circulação linfática e sistêmica. INTRAVASAMENTO, RESISTÊNCIA À APOPTOSE, EXTRAVASAMENTO E INVASÃO SECUNDÁRIA Após as células tumorais invadirem a MB epitelial e MEC, e migrarem através do estroma local, elas podem entrar em contato com a microvasculatura associada ao tumor. Por meio de processos mediados pela integrina, as células tumorais podem interagir e atravessar (especialmente pela dissolução mediada por enzimas proteolíticas) as células endoteliais da MB, aderir e passar entre as células do endotélio vascular e, depois, entrar na circulação sistêmica. As células de câncer metastático também devem se esquivar dos efetores imunológicos ou cooptar células imunes/inflamatórias para ajudá-las a concluir as etapas subsequentes da cascata metastática e resistir a forças de cisalhamento hidrostáticas (ou seja, a turbulência dentro dos vasos). Como as células tumorais são mais suscetíveis a serem destruídas do que as células que trafegam em grupos, acredita-seque contatos com plaquetas, leucócitos e endotélio vascular podem cobrir e proteger as células tumorais de destruição imune e mecânica durante o processo metastático. Outra etapa importante a ser superada pelas células tumorais circulantes é a apoptose, um mecanismo que pode proteger micro-organismos multicelulares de células duvidosas fixando-se fora de sua localização anatômica correta. Como as células epiteliais normais em geral sofrem anoikis, uma forma especializada de apoptose que ocorre quando a adesão ao substrato correto é interrompida, as células metastáticas devem desenvolver mecanismos de resistência a esse processo. Alguns desses mecanismos, para citar apenas alguns, são a ativação de vias de sobrevivência (por exemplo: PI3 quinase AKT), suprarregulação de MMP (que regula os receptores de morte para baixo, liberam fatores de crescimento e condicionam a MEC para a invasão), superexpressão de proteínas antiapoptóticas (Bcl-2 e BCL-XL) ou quinases de adesão focal e inativação de p53. As células tumorais podem, então, aderir, estimular a reação celular e passar através do endotélio microvascular, degradando a MB subjacente por meio da secreção de proteases e, em seguida, estabelecendo um tumor secundário em um novo local. Finalmente, trabalhos recentes indicam que fatores secretados por tumores primários podem promover, mesmo antes da chegada das células metastáticas, a migração de células progenitoras derivadas da medula óssea para futuros tecidos metastáticos (nichos pré- -metastáticos), fornecendo não só o “solo” promotor de crescimento para as células tumorais disseminadas, mas também tropismo metastático local para um determinado tipo de tumor primário. DETERMINANTES GENÉTICOS Nas últimas décadas, muitos pesquisadores têm se esforçado para entender e identificar as alterações moleculares que transformam uma célula normal em cancerosa. Em 1960, a primeira anormalidade cromossômica associada ao câncer foi identificada com a detecção de um cromossomo minúsculo anormal em células de leucemia mieloide crônica. Nowell e Hungerford nomearam essa anomalia cromossômica de “cromossomo Filadélfia”. Desde então, milhares de outras alterações cromossômicas, tais como deleções e duplicações foram identificadas em vários tumores malignos, uma indicação de que o câncer origina-se de células individuais que começam a proliferar e expandem devido a essas modificações genéticas. Além disso, a identificação de mutações de ganho de função de proto-oncogenes e de genes supressores tumorais de perda da função durante a progressão do tumor têm reforçado o conceito de que alterações genéticas sequencialmente adquiridas são necessárias e são responsáveis não só pelo desenvolvimento do câncer, mas também pelas transições entre os estágios do tumor progressivo. Embora uma relação entre essas anormalidades genéticas e Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� a proliferação das células tumorais tenha sido claramente demonstrada, a identidade de determinados genes que, especificamente, medeiam e induzem metástase, somente foi determinada recentemente. A primeira evidência de que o desenvolvimento de metástase era dependente das características intrínsecas das células tumorais veio de uma série de experimentos específicos nos quais células clonais de melanoma murino foram repetidamente injetadas por via intravenosa em camundongos. Colônias metastáticas foram colhidas de seus pulmões, resultando em clones com capacidade metastática diferente. Esse estudo mostrou também que a primeira linha celular era heterogênea com clones altamente metastáticos já presentes nessa população parental. Esses resultados contribuíram para a teoria de que a progressão metastática é uma consequência de mutações somáticas sequenciais que produzem populações de células variantes, juntamente de uma seleção de subpopulações agressivas e altamente metastáticas de células no interior do tumor – o “modelo de progressão somática”. Recentemente, perfis de expressão gênica dos tumores mostraram que “assinaturas” moleculares preditivas de metástase já estão presentes em amostras de tumor primário. Isso parece contradizer o modelo mencionado anteriormente, que defende que as assinaturas metastáticas somente devem ser evidentes mais tarde na progressão do tumor, pois o tempo é essencial para o acúmulo de mutações somáticas e para a produção de clones altamente metastáticos. No entanto, um modelo que se baseia apenas em características genéticas pré-determinadas também é insuficiente. Ele não consegue fornecer uma explicação de por que as células latentes subsequentemente dão origem a metástases completas, nem da existência de genes que são expressos em células metastáticas, mas não nos tumores primários. Para preencher essas lacunas, foi proposto um modelo integrador, que postula que a capacidade metastática é adquirida quando o tumor primário está crescendo e tornando-se localmente invasivo, enquanto que o crescimento de células tumorais em órgãos distantes implica em outra seleção de subpopulações heterogênicas genéticas subsequentes. Esse processo é motivado por alterações genéticas que conferem propriedades metastáticas a essas células cancerosas, que lhes conferem uma vantagem em várias etapas na jornada ao seu destino metastático. Os genes da metástase podem ser agrupados em três classes: iniciação, progressão e virulência. Os genes de iniciação da metástase conferem uma vantagem ao tumor primário ao facilitar a entrada das células tumorais na circulação e a chegada a seus locais metastáticos. Genes que estão envolvidos na motilidade, invasão ou angiogênese celular estão incluídos nessa classe. Os genes de progressão da metástase são definidos como genes que estão envolvidos em funções no tumor primário e também são fundamentais para a colonização metastática. O fator de crescimento endotelial vascular (VEGF, do inglês vascular endotelial growth fator) é um bom representante desse grupo, porque tem propriedades angiogênicas e também pode promover o recrutamento de células derivadas da medula óssea VEGFR1-positivas para nichos pré-metastáticos, influenciando a colonização de locais distantes. Os genes de virulência da metástase estão envolvidos na colonização metastática, mas não no desenvolvimento do tumor primário. Eles acentuam a capacidade metastática de células de câncer que atingiram com êxito os estágios de iniciação e progressão metastáticas. Isso significa que sua expressão alterada torna-se evidente apenas nas células tumorais em locais distantes. Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� Os mecanismos exatos que transformam genes específicos em mediadores de metástase estão ficando cada vez mais claros. Qualquer alteração que resulte na ativação de genes pró-metastáticos ou na supressão dos genes que interferem nas metástases pode estar envolvida, desde que confira uma vantagem seletiva para a célula cancerosa. Isso significa que rearranjos cromossômicos, aberrações ou mutações numéricas, bem como alterações epigenéticas, micro-RNA ou mecanismos translacionais ou pós-translacionais alterados, possam estar envolvidos. Nesse momento, existem poucos exemplos clinicamente validados para a maioria desses processos. Descobriu-se que o NEDD9, um gene que codifica uma proteína que aumenta a formação de contato focal e invasão, é amplificado em um modelo de melanoma metastático de camundongo e em melanomas humanos metastáticos. CDH1 é um gene supressor de tumor que codifica um receptor de adesão celular, E-caderina. A perda de função desse receptor é típica da transição epitelial para mesenquimatosa, um fenótipo que é fundamental para o comportamento invasivo das células cancerosas. Mutações inativadoras foram descritas, por exemplo, no câncer de mama e no gástrico. No entanto, o principal mecanismo de perda de E-caderina é o silenciamento epigenético por meio de hipermetilação do DNA. Outro exemplo de regulação epigenética da metástase é hipometilação do S100A4, uma proteínade ligação ao cálcio que está envolvida na regulação da progressão do ciclo celular e diferenciação, e que também está envolvida na metástase. Essa modificação epigenética está associada à ativação do gene em uma variedade de cânceres, como o meduloblastoma, o adenocarcinoma do pâncreas e o carcinoma endometrial. Além disso, vários micro-RNAs que promovem metástase foram descritos. miR-10b promove a migração e invasão celular em câncer de mama e miR-373 e miR-520C modulam metástase por meio da supressão de CD44. A família do miR-200 inibe a transição epitelial-a-mesenquimatosa, modulando também o desenvolvimento de metástase. Há indícios crescentes de que as alterações genéticas da célula cancerosa isoladamente não podem explicar o complexo processo metastático. Fatores genéticos do hospedeiro também podem ser um fator determinante, influenciando e modulando a colonização de locais distantes por células tumorais e formação de metástases. Estudos populacionais genéticos mostraram claramente a importância de fatores hereditários no desenvolvimento do câncer. Um exemplo é a associação de mutações de BRCA1 ao câncer de mama e de ovário familiar. Recentemente, experimentos usando o modelo murino de tumor mamário transgênico induzido pela expressão do oncogene do antígeno T médio do poliomavírus (PyMT) têm trazido evidências de que os polimorfismos constitucionais modulam não só a iniciação do câncer, mas também a progressão metastática. Os camundongos PyMT desenvolvem tumores palpáveis com uma penetração de 100% e 85 a 95% dos camundongos desenvolvem metástase pulmonar em cem dias. Quando camundongos do sexo masculino PyMT foram cruzados com diferentes estirpes puras, a progressão metastática foi significativamente modulada, sendo que alguns dos animais desenvolveram menos metástases pulmonares, enquanto outros tiveram um aumento de duas a três vezes da metástase pulmonar. Esses resultados sugerem que os loci polimórficos que modulam a eficiência metastática estão presentes na linha germinativa. Além disso, estudos posteriores demonstraram que a expressão de genes de assinatura da metástase foi diferente entre os tecidos mamários normais derivados de diferentes linhagens PyMT, sugerindo que essa variação genética hereditária que modifica e modula a metástase é visível até mesmo antes do aparecimento da doença. A tradução desses resultados para os seres humanos é muito difícil devido à heterogeneidade altamente genética na população humana. No entanto, já há alguns resultados promissores que mostram uma associação entre Sipa1, identificado no modelo PyMT como um gene modificador de eficiência da metástase, e a metástase em pacientes com câncer de mama. Uma importante implicação do efeito da origem genética é o fato de que ele não influencia somente o tumor primário, mas também todos os tecidos do corpo. Isso poderia potencialmente afetar o microambiente da metástase. A importância do microambiente na formação de metástases tem sido enfatizada ao longo dos últimos anos e ainda será discutida neste capítulo. À luz dos recentes avanços, os conceitos tradicionais sobre a natureza em desenvolvimento das células cancerosas geneticamente instáveis e sobre a importância da seleção de características pró-metastáticas em diferentes pontos da progressão do tumor estão sendo reavaliados. Ainda existem muito poucos exemplos clinicamente relevantes dos diferentes tipos de determinantes metastáticos – genéticos e epigenéticos, somáticos e hereditários – mas esses exemplos devem servir como precedentes para estimular a futura identificação de mais genes de metástase, sendo que cada um deles pode ser um alvo potencial para a terapia. REGULAÇÃOMICROAMBIENTAL DE PROGRESSÃOMETASTÁTICA Para que ocorra a metástase, as células cancerosas têm de se soltar, de maneira bem-sucedida, do tumor primário, intravasar para vasos sanguíneos ou linfáticos, sobreviver na circulação, disseminar para vasos capilares de órgãos distantes, extravasar para o parênquima e proliferar no órgão-alvo. Alterações isoladas Rízi� Xav��� - Med����a 4° se���t�� autônomas de células tumorais não são suficientes para que esse processo seja eficiente; o microambiente também desempenha um papel crucial. De fato, durante o desenvolvimento do câncer, ocorre um cruzamento de informações entre as células tumorais e as do estroma, não apenas mediadas pela interação célula-célula, mas também por citocinas parácrinas e sinalização do fator de crescimento. Os tumores primários são compostos por células de câncer, juntamente de um estroma de suporte composto por vários tipos de células não malignas, como fibroblastos, células endoteliais, células-tronco mesenquimatosas, células do sistema imune inatas, incluindo macrófagos, neutrófilos, células supressoras derivadas de mieloide, dendríticas e adaptativas do sistema imunológico, como linfócitos T e B. Embora o microambiente possa exercer efeitos inibitórios sobre as células malignas, as células cancerosas podem superar esses sinais inibitórios durante a progressão do tumor e, em vez disso, explorar e modificar essas células circundantes, resultando não apenas em um maior desenvolvimento do tumor primário, mas também na invasão e no processo de disseminação metastática. A importância das interações entre as células metastáticas e o microambiente foi claramente indicada por Paget, em 1889, em sua hipótese “semente e solo”. Paget concluiu, a partir de seus estudos de casos de câncer de mama avançado, que determinados órgãos pareciam ser mais propensos à metástase do que outros, e que isso não poderia ser explicado por fatores mecânicos, tais como o fluxo sanguíneo apenas. Ele sugeriu que o microambiente (solo) desses órgãos era mais receptivo, possibilitando assim a células tumorais (sementes) enxertarem e evoluírem para macrometástases. Ou, numa versão mais moderna, para produzir metástase, as células cancerosas precisam adquirir mutações que conferem a capacidade de se soltar do tumor primário, para sobreviver no sistema hematógeno ou linfático, e formar metástase em órgãos distantes. Esse órgão- -alvo deve ter características que possibilitem que as células cancerosas enxertem e proliferem, enquanto que outros órgãos podem permanecer não receptivos. Nos últimos anos, a atenção para o solo metastático voltou a crescer, e diversos grupos têm explorado e caracterizado o microambiente local e as células estromais, tanto no tumor primário como nos locais metastáticos. O MICROAMBIENTE NO LOCAL PRIMÁRIO A presença de células derivadas da medula óssea nos tumores primários foi observada pela primeira vez no século XIX e, durante muitos anos, foi considerada como uma simples consequência de uma falha na resposta imune às células tumorais. No entanto, logo ficou claro que os tumores não apenas são capazes de evadir da resposta imune, mas que também recrutam ativamente e modificam as células derivadas da medula óssea, transformando-as em promotoras de tumores, e não supressoras do tumor. Células do sistema imune nem sempre são acopladas com a detecção de antígenos do câncer, mas são frequentemente associadas ao rompimento do tecido causado pela inflamação. Além disso, vários estudos recentes têm mostrado uma associação entre determinados tipos de células inflamatórias no tumor primário que se correlacionam com o desfecho do paciente. Por exemplo, a infiltração de macrófagos está correlacionada com um prognóstico pobre em diversos tipos de cânceres, incluindo câncer de mama e câncer de tireoide, e a presença de células dendríticas maduras é associada a um bom resultado no câncer colorretal e de cabeça e pescoço. Além disso, células derivadas da medula óssea desempenham um papel importante na angiogênese do tumor, um processo fundamental para o crescimento do tumor primário e disseminação de células tumorais. Macrófagos, neutrófilos ou monócitos Tie2-positivos produzem fatores de crescimento, citocinas ou proteases (VEGF-A, MMPs etc.) que contribuem
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