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Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Proliferação celular OBJETIVOS 1) Entender a fisiopatologia, epidemiologia, rastreamento, quadro clínico, tratamento, diagnóstico, prevenção, fatores de risco, estadiamento do CA de próstata, enfatizando a Classificação de Gleason. 2)Conceituar metástase do CA de Próstata e quais as vias de disseminação. 3) Compreender diagnóstico diferencial (HPB, Prostatite) - achados clínicos e laboratoriais que subsidiem a identificação. 4) Identificar as políticas públicas voltadas à prevenção de CA de Próstata, relacionando as principais dificuldades para a realização do exame de toque retal no ambiento de Atenção Básica de Saúde. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Entender a fisiopatologia, epidemiologia, rastreamento, quadro clínico, tratamento, diagnóstico, prevenção, fatores de risco, estadiamento do CA de próstata, enfatizando a Classificação de Gleason Sítios da doença O câncer de próstata pode desenvolver-se em sítios específicos dessa glândula, em que, de um modo geral, a doença se localiza, preferencialmente, na zona periférica na porção posterior (isso facilita o diagnóstico das lesões através do toque retal). As áreas central e de transição, onde a incidência é pouco frequente, o diagnóstico digital é mais dificultoso, sendo obtido apenas por exames de imagem. Temos, em resumo: → Tumores na zona de Transição → 20% → Tumores na zona Central → 10% → Tumores na zona Periférica → 70% Dentre esses tumores, cerca de 90 a 95% das neoplasias prostáticas são adenocarcinomas encontrados mais frequentemente na zona periférica da glândula, mas há presença de outros tumores que são agressivos e mais raros, como os sarcomas, carcinomas, epidermoides e carcinomas de células transitórias. O câncer da próstata é um tumor multifocal e heterogêneo, coexistindo áreas de maior e menor diferenciações tumorais, sendo que a graduação histológica desses tumores definida pelas áreas de maior anaplasia, principalmente pelo sistema proposto por Gleason. Etiologia e Fisiopatologia Modernamente, o Ca de próstata é classificado em dois subgrupos: 1. Lesão histológica clinicamente oculta ou “latente”; que seria a advinda de uma lesão chamada de Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN) 2. Doença clinicamente manifesta. Acredita-se que a prevalência de Ca de próstata “latente” seja igual em todas as etnias e em todas as partes do mundo, sendo proporcional à idade (algo em torno de 30% dos homens com 50 anos, e 60-70% dos homens > 80 anos). Já a prevalência da doença manifesta é amplamente variável conforme a etnia e a região geográfica, além de outros fatores. Foi a partir disso que se percebeu que tinha dois grandes passos na etiopatogênese dessa neoplasia: 1. Iniciação (que cria a doença “latente”) – que seria a idade como principal fator 2. Progressão (que torna a doença “clinicamente manifesta”), que já engloba os fatores de risco para ca de próstata e todos os eventos capazes de promover iniciação e/ou progressão do processo de transformação neoplásica da célula prostática. Só que as exatas relações etiopatgênicas ainda não foram plenamente esclarecidas, mas se acredita que elas são diretamente produto de uma combinação crítica de mutações somáticas adquiridas e alterações epigenéticas. Alterações Genéticas 1. É importante lembrarmos que os andrógenos têm um importante papel no câncer de próstata, uma vez que as células do câncer de próstata precisam desses hormônios para se ligar ao receptor androgênico (AR) e induzir a expressão de genes pró-crescimento e pró-sobrevida. Com isso, há aberrações genéticas fundamentais para o desenvolvimento do câncer de próstata em torno desses genes, tendo como exemplo os polimorfismos no gene do receptor de androgênio (AR), que em ARs (receptores de androgênios) com extensas curtas do códon CAG (que codifica a glutamina) geram maior sensibilidade aos andrógenos, sendo mais encontrada em afro- americanos, que está diretamente relacionado à maior incidência de Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG mortalidade por câncer de próstata nesse grupo. Tanto que os asiáticos, que possuem menor incidência, possuem extensões de repetições CAG mais longas. Essa importância do andrógeno na manutenção do crescimento e sobrevida das células do câncer de próstata pode ser vista no efeito terapêutico da castração ou do tratamento com antiandrogênicos, que consiguiram induzir a regressão da doença. No entanto, a maioria dos tumores se tornam resistente ao bloqueio androgênico, que seria o bloqueio dos receptores hormonais pelos antiandrogênios completa a supressão hormonal proporcionada pela castração cirúrgica ou medicamentosa. Eles podem escapar por hipersensibilidade em níveis baixos de andrógenos com ampliação do gene AR (receptor androgênico), além de mutações que permitem que a sua ativação por ligação a não androgênicos. Além de outras mutações ou alterações genéticas que ativam as vias de sinalização alternativas, que fazem com que não seja necessário o AR. 2. Das modificações na sequência do DNA, termos um tipo muito comum de mutação somática no câncer de próstata, em que vai ocorrer uma reorganização cromossômica que justapõe (ou seja coloca do lado) o gene de um fator de transcrição chamada da família ETS (geralmente o ERG) para próximo de um promotor TMPRSS2 regulado por andrógeno. O gene TMPRSS2 é “próstata- -específico” e tem sua expressão regulada por hormônios androgênios, enquanto o gene ERG (que não responde aos androgênios) pertence a uma família de fatores de transcrição para oncogenes, isto é, sua expressão aumenta a ativação dos oncogenes. A aproximação TM-PRSS2-ERG, em última análise, resulta na ativação de múltiplos oncogenes em resposta aos androgênios, o que torna as células epiteliais prostáticas normais mais invasivas e confirma o conceito de que os hormônios sexuais masculinos são importantes tanto para a iniciação quanto para a progressão do Ca de próstata, Alterações Epigenéticas Nesse tipo de alteração, temos as mudanças que ocorrem no padrão de expressão gênica que não dependem de modificações na sequência do DNA. Os genes podem ser estimulados ou “silenciados” em resposta a fenômenos bioquímicos como a hipo ou a hipermetilação do DNA, a acetilação das histonas (proteínas que “envelopam” o DNA) e a interferência no funcionamento do RNA, entre outros. O exemplo mais visto, que na verdade representa a alteração genética mais comum do Ca de próstata, é a hipermetilação do gene GSTP1. Este gene codifica uma enzima que protege a célula do estresse oxidativo (glutation-S- transferase), e sua hipermetilação diminui os níveis de GSTP1 no citoplasma, o que aumenta a exposição do núcleo à ação de radicais livres e acelera o surgimento de mutações genéticas cumulativas. A hipermetilação do GSTP1 parece imprescindível para a iniciação do Ca de próstata. Além disso, outros genes podem ser silenciados por alteração epigenéticas, como os genes supressores de tumores, PTEN, RB, pK16/1NK4a, MLH1. MSH2 e APC. ____________________________________________ O tipo histológico mais freqüente de Ca de próstata é o adenocarcinoma acinar, uma lesão que em > 70% das vezes aparece na zona periférica (posterior) da glândula, sendo potencialmente alcançável pelo toque retal. O diagnostico microscópico de Ca de próstataé um dos maiores desafios dentro da patologia clínica. Isso por que além das características morfológicas, temos uma escassa dificuldade de se conseguir uma quantidade suficiente para o exame histológico, já que na biopsia obtém geralmente poucas amostras de Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG glândulas malignas em muitas glândulas benignas. Morfologicamente as células malignas não são muito diferentes das células prostáticas normais e podem passar despercebidas e, além disso, há muitos mimetizadores benignos de câncer que podem levar um patologista desatento a um diagnóstico errôneo de câncer. As células tumorais também se organizam num padrão “glandular”. Contudo olhando ao microscópio com atenção, percebe-se que as glândulas neoplásicas são MENORES do que as glândulas normais, agrupando-se com maior proximidade entre si e apresentando pouca ou nenhuma ramificação. Outro ponto, é que a camada externa de células basais está tipicamente ausente nas glândulas malignas. Quando se analisa uma célula individualmente, nota-se a presença de um citoplasma anfofílico, com nucléolos proeminentes, apesar de que não existe um pleomorfismo celular acentuado. O grande achado patognomônico de Ca na biopsia é a presença de invasão perineural. Epidemiologia O câncer de próstata é o tipo mais comum de câncer entre a população masculina, representando 29% dos diagnósticos da doença no país. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) apontam para 65.840 novos casos de câncer de próstata a cada ano, entre 2020 e 2022. Homens com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade, estão mais propensos à doença. Nos últimos anos, a incidência do Ca. De próstata vem aumentando no Brasil, em parte pelo envelhecimento da população, mas também pela maior utilização dos métodos de rastreio diagnostico, bem como a melhoria dos serviços de informação. A dosagem de PSA (antígeno prostático especifico) permite a detecção precoce durante a fase assintomática, o que pode ser evidenciado pelo fato de 60-75% dos tumores atualmente diagnosticados serem impalpáveis ao toque retal e restritos à glândula, sem invasão de estruturas adjacentes ou metástases a distância. Fatores de riscos As causas do adenocarcinoma de próstata não são totalmente conhecidas, mas as evidências disponíveis sugerem que a origem depende de múltiplas interações entre fatores genéticos e ambientais. Foi somente nos anos de 1990, que estudos moleculares forneceram informações importantes relacionadas ao desenvolvimento e à progressão dessa doença com a identificação de genes associados à hereditariedade do câncer de próstata e alterações genéticas nas células prostáticas que poderiam relacionar o câncer a quadros prostáticos infecciosos e inflamatórios. Dentre os principais fatores de risco para o desenvolvimento deste tumor, temos: • Idade A incidência do câncer de próstata aumenta com a idade. A incidência, de certa forma, é maior após os 50 anos, alcançando um pico entre 60 e 70 anos de idade. A afirmação é tanta que, avaliando uma amostragem de óbitos com indivíduos mais velhos que 70 anos, praticamente 100% teriam morrido com câncer de próstata e, na sua maioria, assintomáticos. O câncer de próstata é, portanto, uma doença própria do homem e da idade. A presença da doença em faixas etárias inferiores é mais grave, de forma que o comportamento biológico do tumor é bastante agressivo e, muitas vezes, o doente quase que não tem chance de cura, uma vez que o diagnóstico é geralmente feito com a doença já disseminada. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG • Histórico Familiar Indivíduos com antecedentes familiares de câncer prostático possuem maior risco de desenvolver a doença. A ocorrência de tumor em um, dois ou três parentes de primeiro grau aumenta o risco em 2, 5 e 11 vezes, respectivamente. Estudos realizados nos países escandinavos concluiu que fatores hereditários eram responsáveis por 42% dos casos de câncer prostático; os restantes eram atribuídos a fatores relacionados ao meio ambiente. Um exemplo desse fator expressivo seria homens com mutações nas linhas germinativas do supressor de tumor BRCA2 que acaba possuindo um aumento no risco de desenvolver câncer de próstata 20x maior. • Raça A incidência na raça negra é maior do que a branca que é, por sua vez, maior que na raça asiática. Isso está relacionado, principalmente da extensão de repetições CAG, em que as repetições mais curtas são encontradas em afro-americanos, a intermediária em caucasiano e as longas em asiáticos. Quando essas extensões se apresentam curtas, acabam apresentando um aumento da sensibilidade a andrógenos, que tem um papel importante no desenvolvimento do câncer de próstata. Além disso, os níveis de testosterona em negros são relativamente alto, sendo um hormônio que estimula o tecido prostático. • Fatores ambientais Estudos que avaliaram a migração de certos grupos de japoneses para países americanos (de modo que estes indivíduos passaram a experimentar do mesmo estilo de vida desse continente) apresentaram a mesma incidência da doença que os nativos. Isso nos leva à conclusão que este tipo de câncer é influenciado por fatores ambientais. De fato, a Ásia apresenta o continente com menor incidência em câncer de próstata; ao passo em que a Escandinávia e os EUA são os países com maior incidência • Fatores hormonais Existe uma relação hormonal da doença com a biodisponibilidade dos andrógenos. • Fatores diéticos Sabemos que um elevado consumo de gorduras e carne vermelha aumenta não só o risco de CA de Próstata, mas também de outros cânceres e doenças crônicas. Um dos fatores protetores que reduz a chance do câncer de próstata, como o licopeno, um retinoide abundante em frutos vermelhos como o tomate, as vitaminas (A, D e E) e minerais (selêncio). Classificação e estadiamento O sistema utilizado para avaliar o grau de diferenciação do adenocarcinoma prostático é o escore de Gleason. Ele classifica a citoarquitetura tecidual em 5 graus distintos, sendo: → O grau 1 o mais bem diferenciado (isto é, o mais “parecido” com o tecido normal, com formação de glândulas contidas dentro de nódulos), → Grau 5 o menos diferenciado (sem formações glandulares, apenas células “soltas” infiltrando o estroma ou formando cordões e ninhos). → Os demais graus são intermediários entre esses dois extremos. Essa classificação se relaciona diretamente com o comportamento biológico do tumor e, por conseguinte, ao seu prognóstico. Como a doença tende a ser multifocal, em geral são encontrados pelo menos 2 graus distintos na mesma biópsia, e a pontuação final é dada pelo seu somatório. Por exemplo: quando o padrão dominante possui grau 3 e o padrão secundário possui grau 4, o Gleason final é 7. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Quando apenas um padrão é encontrado, deve- se duplicars eu grau para chegar ao Gleason (ex.: 5 + 5 = 10). Desse modo, o Gleason varia de 2 a 10. Obs.: Quando três ou mais padrões distintos estão presentes numa mesma amostra, são usados para o cálculo do Gleason a soma do grau mais comum e do maior, ou seja, o mais dominante e o mais indiferenciado. Hoje para fazer essa classificação, utilizamos a escala da ISUP (International Society of Urological Pathology), uma vez que ela conseguiu otimizar a comunicação e oferecer um maior entendimento sobre esse câncer A escala ISUP varia de 1 a 5. Os tumores ISUP 1 são tumores de crescimento bastante lento, e muitas vezes não requerem nenhum tratamento, somente a observação. Os tumores ISUP 2 e 3 têm crescimento intermediário, ao passo que os tumores ISUP4 e 5 são de crescimento e progressão mais rápidas. O estadiamento também é importante para a escolha da terapia apropriada. O estágio T1 refere ao câncer encontrado incidentalmente seja por uma TURP (RESSECÇÃO TRANSURETRAL DA PROSTÁTA) realizada para sintomas de HPB, podendo variar de T1a e T1b dependendo da extensão e do grau. Ou por biópsia de agulha realizada tipicamente devido a uma elevação dos níveis séricos do antígeno prostático específico (PSA) (estágio T1c). O estágio T2 correspondente ao câncer confinado a próstata, enquanto e os tumores T3a e T3b já apresentam extensão extraprostática, com invasão da vesícula seminal em T3a e sem invasão da vesícula seminal em T3b. O estágio T4 reflete a invasão dos órgãos contíguos, podendo também envolver as estruturas de suporte, como colo de bexiga, reto, esfíncter externo e etc. Se o tumor disseminou para os linfonodos próximos ele se enquadra no estágio N1 e independentemente da extensão é associado á uma evolução fatal. Se o tumor se disseminou para outras partes do corpo é inserido no estágio M, podendo variar de M1a em metástase nos linfonodos distante a M1c em outros locais distantes, enquanto o M1b caracteriza as metástases ósseas. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Quadro Clínico Como o tumor se origina na periferia da glândula, os indivíduos com doença localizada (intraprostática) são habitualmente assintomáticos. A presença de sintomas sugere doença localmente avançada ou metastática. A invasão da uretra ou do colo vesical resulta em sintomas urinários obstrutivos (diminuição da força do jato, hesitação em urinar e micção intermitente com gotejamento pós miccional). A hematúria geralmente denota invasão do trígono vesical pelo tumor. Com a progressão local e obstrução dos ductos ejaculatórios, podem ocorrer hematoespermia e diminuição do volume ejaculado. A impotência é uma complicação rara. As vezes o paciente se apresenta com lombalgia, decorrente de metástases ósseas, na ausência de sintomas urinários. Pode haver ainda anemia por ocupação medular e edema de membros inferiores por envolvimento dos linfonodos pélvicos e compressão das veias ilíacas. Rastreamento Segundo o Ministério da Saúde, o rastreio do câncer de próstata deve ser feito da seguinte forma: → Iniciar aos 50 anos ou aos 45 + fatores de risco (negros, histórico familiar etc.). → Uma vez iniciado o rastreio, ele deve ser anual. → Idade máxima de rastreio: 76 anos A suspeita de câncer da próstata é feita pela observação isolada de níveis elevados do PSA ou de alterações texturais ao exame digital da próstata (toque retal ou TR). Uma vez avaliados esses dois parâmetros, caso persista a hipótese de tumor, deverá ser solicitado estudo ultrassonográfico por via transretal e biópsia por agulha fina (sendo necessário a colheita de 12 fragmentos). Portanto, o aumento do PSA, o TR anormal complementados por US transretal para biopsia sextante definem o diagnóstico do câncer prostático. Contudo, PSA aumentado não é diagnóstico definitivo de câncer de próstata, mas apenas um indicativo importante. Apenas o toque retal é fundamental para o diagnóstico. Nódulos ou alterações texturais ao toque prostático devem ser investigados por meio de estudo histológico, especialmente se os níveis de PSA estiverem elevados. O valor preditivo positivo para o diagnóstico do tumor quando apenas o exame prostático for alterado é bastante baixo, ao redor de 25% a 28%. Contudo, exame digital suspeito na presença de níveis de PSA entre 4 a 10 ng/ml se associa à presença de tumor em aproximadamente metade dos casos. Nesse caso de níveis elevados de PSA associado a um toque sugestivo, a biópsia dirigia por US transretal é essencial. Diagnóstico • Toque Retal Tipicamente, o Ca de próstata produz uma consistência aumentada no parênquima. Portanto, qualquer região nodular ou endurecida deve ser considerada suspeita (toque retal positivo), ainda que tais achados não garantam 100% de certeza, pois existem causas benignas de nódulos prostático endurecido como: cálculos, prostatite, infarto prostático. Todavia, é importante ter em mente que cerca de 50% dos nódulos prostáticos palpáveis ao toque retal são malignos. Por esse motivo, a biopsia é recomendada sempre que o toque dor positivo, independente dos níveis de PSA. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG • PSA (antígeno prostático específico) É uma glicoproteína produzida exclusivamente pelo parênquima prostático e tem a função de liquefazer o coagulo seminal. O PSA é usado tanto como uma ferramenta diagnóstica (rastreamento) quanto como um meio de estratificar o risco de CaPs conhecidos. Fisiologicamente, circula em baixos níveis no sangue, com meia vida de 2-3 dias. Os limites da normalidade variam em função da faixa etária, e a tendência natural é o aumento dos níveis séricos ao longo da vida. É importante perceber que o PSA se trata de um marcador próstata-especifico e não câncer-especifico, o PSA pode aumentar no CaP, mas também em condições não malignas pode ser vistas alterações, principalmente em condições em que o volume glandular se altera (ex. HPB) ou onde ocorre alterações na arquitetura tecidual com ruptura da barreira de permeabilidade (ex.PROSTATITE). O PSA circula de duas formas: livre e complexada a carreadores. A soma do PSA livre com o PSA-ACT representa o PSA total. Um PSA "normal" tem sido definido tradicionalmente como < 4 ng/mL. É valido ressaltar que nas patologias prostáticas benignas, o PSA costuma se elevar para uma faixa entre 4-10ng/ml. Níveis > 10ng/ml são proporcionalmente mais específicos para câncer, e quando muito aumentados (>50NG/ML) tem grande valor positivo para a existência de metástases. Nos pacientes com diagnostico confirmado de câncer, podemos ter uma ideia aproximada do estágio tumoral através dos níveis de PSA: - Níveis < 20Ng/ml – doença restrita à próstata - Níveis entre 20-80ng/ml – doença regional extra prostática - Níveis >100ng/ml – doença disseminada Velocidade de ascensão do PSA: em pacientes com CaP, os níveis de PSA tendem a subir entre 50 e 100% ao ano, mas quando essa velocidade é superior a 200% ao ano, é provável que a doença de base seja uma prostatite e não neoplasia local. Ajuste por idade: De forma geral, o PSA tende a aumentar com a idade. Sabemos que grande parte do PSA produzido em pacientes mais idosos provavelmente é oriunda do tecido prostático hiperplasiado (HPB) e é por isso, aumenta-se o limite do valor normal em função da faixa etária, para não haver confusões no diagnóstico. • Ultrassonografia transretal com biopsia A biopsia prostática guiada pela ultrassonografia transretal é o exame de escolha para a confirmação do câncer de próstata. Atualmente, recomenda-se uma técnica de coleta de 12 fragmentos, englobando a próstata inteira, além das coletas adicionais em áreas suspeitas. A biopsia transretal associa-se a maior incidência de complicações sépticas, que surgem na forma de infecção urinaria. Por isso, para reduzir esse risco, antes do procedimento o paciente deve ser preparado com clister retal e receber antibioticoprofilaxia contra Gram-negativos e aeróbios (ex. metronidazol ou clindamicina em associação com o ciprofloxacino). • TC de Abdome e Pelve É pouco sensível para avaliar extensão extraprostatica e o envolvimento das vesículas seminas. Entretanto, trata-se de um exame razoável para avaliação do comprometimento linfatico da pelve (linfonodos obturadores) e do abdome (linfonodos para-aorticos). Gabrielle Nogueira – Med 3°períodoUniFG Deve ser sempre realizado em pacientes com maior risco de disseminação linfática, como apresentador no T3/T4, Gleason alto (>8) e PSA elevado (>10 ng/ml). • RNM com Sonda Endorretal Avalia de forma não invasiva a extensão extraprostatica e o envolvimento das vesículas seminais pelo tumor (estadiemnto T). O tecido neoplásico fornece um sinal hipointenso, em contraste com o parênquima glandular que possui sinal hipertenso. • Cintilografia Óssea (CO) Método mais sensível para detecção de metástases esqueléticas do Ca de próstata. Recomenda-se que a CO seja realizada apenas nos pacientes com maior probabilidade pré teste de doença difusa. Tratamento Os fatores mais importantes para a definição da conduta terapêutica no Ca de próstata são: a extensão da doença e as condições clínicas do paciente. Vários são os métodos disponíveis para tratar o câncer de próstata, e a opção por um tipo especifico de terapia deve levar em consideração as comorbidades do paciente, sua expectativa de vida, suas preferências e a possibilidade ou não de cura (após estimativa do prognostico em função do estadiamento, escore de Gleason e nível de PSA pré-tratamento). Tratamento estágios I e II Nos tumores bem diferenciados, restritos à glândula prostática, podemos escolher entre duas condutas: a) Expectante: principalmente para pacientes com expectativa de vida inferior a 10 anos, níveis de PSA baixos e baixo grau histológico (Gleason 2 a 4). Nestes casos, o seguimento é feito através do acompanhamento por meio da dosagens seriadas de PSA e toque retal a cada 6 meses, considerando a realização de nova biopsia transretal a cada avaliação. Na progressão da doença ou surgimento de sintomas, o tratamento pode vim a ser instituído. b) Terapêutica: pacientes jovens com expectativa de vida > 10 anos deve ser tratado ou com prostectomia radical, radioterapia ou crioterapia - Prostectomia Radical A prostectomia radical retropubica é a cirurgia mais frequentemente realizada. Também pode ser feita por vídeo laparoscopia (recuperação pós-operatória mais rápida). Remove-se a próstata, vesículas seminais e os gânglios, ressecando no mínimo a cadeia obturadora. Espera-se que o PSA se negative dentro das primeiras 4 semanas de pós-operatorio. A cura é bastante provável caso o paciente fique livre da doença (PSA indetectável por mais de 5 anos). Aumentos progressivos do PSA em três medidas consecutivas indicam recidiva local (no leito prostático) ou metástase à distância. A complicação mais comum é a disfunção erétil (devido à lesão do feixe vasculonervoso responsável pelo processo de ereção) entre 22 a 77%, seguida pela incontinência urinaria em 1 a 42% dos pacientes. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG - Radioterapia A radioterapia deve ser preferida em pacientes de alto risco cirúrgico. Existem duas modalidades: radioterapia externa e braquiterapia (implante de sementes radioativas dentro da próstata pela via perineal, sem necessidade de cirurgia). A braquiterapia pode ser indicada em casos claramente precoces, com PSA < 10ng, peso glandular estimado menor que 40g e Gleason < 6. Os principais efeitos adversos da radioterapia são a proctopatia e a cistopatia induzida por radiação. A radioterapia também pode ser feita como estratégia de “resgate” nos casos de margens cirúrgicas positivas ou recidiva bioquímica após a prostatectomia radical. - Crioterapia Técnica que consiste na inserção transperineal de uma agulha, capaz de induzir a congelação dos tecidos ao redor. Com isso se consegue destruir o tecido neoplásico. Tratamento do Estágio III (localmente avançado) Pacientes nesse estágio é indicada a radioterapia externa, devido aos tumores serem mais volumosos. Outra modalidade também indicada nestes casos (em associação com a RT ou PR) é a terapia hormonal. - Terapia Hormonal É importante salientar, que dentro do tumor, existem células andrógeno-sensível e andrógeno-resistente, e a resposta ao bloqueio hormonal, portanto, não dura indefinidamente, pois ocorre uma seleção natural dessas células que crescem sem precisar de testosterona. O padrão ouro é a orquiectomia bilateral (castração cirúrgica), mas muitos pacientes se recusam a receber este tratamento. Por isso, utiliza-se um arsenal farmacológico que pode substituir a retirada dos testículos. Algumas drogas agem pela redução dos níveis séricos de testosterona, enquanto outros bloqueiam diretamente a ação da testosterona na célula tumoral. Hoje o método mais indicado é o agonista do GnRH. Os antiandrogênicos periféricos representam a opção terapêutica com menor resultado, mas estão indicados em pacientes que desejam manter a atividade sexual, pois acaba mantendo os níveis séricos de testosterona. Uma das principais complicações do bloqueio hormonal é a síndrome da deprivação androgênica. Essa síndrome possui semelhanças com o climatério nas mulheres, é caracterizada por ondas de calor, perda de massa óssea, perda de massa muscular, anemia, impotência sexual. - Quimioterapia O CA de próstata é pouco responsivo a QT, e a toxicidade dos esquemas propostos ainda é muito grande. Seu emprego é reservado para casos hormônios resistentes. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Tratamento do estágio IV (avançado) No tratamento da doença avançada nos baseamos nas estratégias de castração química (terapia hormonal) ou cirúrgica (orquiectomia), a fim de remover o efeito trófico da testosterona. Isso permite uma importante melhora sintomática (obstrução, dor óssea, anemia) Quando as metástases podem ser identificadas, a terapia hormonal permanece como grande pilar do tratamento. Quanto as dores ósseas, temos como opção a radioterapia local, e o uso de glicocorticoides, pois atuam no bloqueio da produção de androgênios adrenais e como anti-inflamatório. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Conceituar metástase do CA de Próstata e quais as vias de disseminação Metástase é a formação de uma nova lesão tumoral a partir da primeira, mas sem continuidade (ou seja, sem comunicação) entre as duas. A formação de metástases envolve uma série de processos: (a) destacamento das células da massa tumoral original; (b) deslocamento dessas células através da matriz extracelular (MEC); (c) invasão de vasos linfáticos ou sanguíneos; (d) sobrevivência das células na circulação; (e) adesão ao endotélio vascular no órgão em que irão se instalar; (f) saída dos vasos nesse órgão (diapedese); (g) proliferação no órgão invadido; (h) indução de vasos para o suprimento sanguíneo da nova colônia. Antigamente, considerava a metástase um fenômeno que só acontecia em uma fase mais avançada, sendo um fenômeno tardio que as células com potencial de se fixar em outros órgãos iriam após várias alterações genéticas e epigenéticas aleatórias originar lesões secundárias. No entanto, hoje já se tem conhecimento que as células cancerosas mesmo na fase precoce têm propriedades de se implantar a distância do desenvolvimento do tumor. A capacidade de invadir tecidos, uma característica da malignidade, ocorre em quatro etapas: ( 1 ) afrouxamento dos contatos célula-célula ( 2 ) degradação da MEC ( 3 ) fixação aos novos componentes da MEC ( 4 ) migração das células tumorais. Normalmente, as células normais vão se encontrar unidas umas às outras e ao interstício por meio de algumas moléculas de adesão, como as caderinas. Nesse sentido, para as células tumorais se destacarem é necessárioque ocorram profundas alterações na expressão de moléculas de adesão, como a perda de algumas caderinas E. Além disso, é necessário tanto a degradação da membrana basal e da matriz intersticial da célula, que vai ser mediada por enzimas proteolíticas que são secretadas por células tumorais e células estromais, como as MMPs (Metaloproteínas da Matriz) e catepsinas. Por fim, a expressão de receptores para quimiocinas em células cancerosas resulta no deslocamento e a colonização de tecidos a distância. Isso por que as células tumorais, tanto isoladas como em blocos, vão se deslocar em direção aos vasos sanguíneos e linfáticos quando são atraídos por quimiocinas produzidas por células endoteliais, ocorrendo a penetração principalmente em capilares e vêulas de parede mais fina. Sobrevivência de células tumorais na circulação: A maioria das células tumorais que penetram na circulação é destruída pelas forças de cisalhamento da corrente sanguínea, pelo sistema complemento e por anticorpos e células citotóxicas circulantes, especialmente aquelas que ficam retidas em leitos capilares. Um mecanismo importante para escape dos mecanismos de defesa do organismo é ativação da coagulação sanguínea, que resulta em ativação de plaquetas e formação de uma capa de fibrina sobre as células tumorais. Além disso, alguns tumores mostram tropismo de órgão, provavelmente pela ativação da adesão ou por meio de receptores de quimiocina cujos ligantes são expressos por células endoteliais no local metastático. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Metástase do Câncer de Próstata Cerca de 70% dos CAP se originam na zona periférica do órgão. A extensão local da doença costuma acometer estruturas adjacentes, como as vesículas seminais, uretra, colo vesical e trigono vesical. A parede do reto só é comprometida rara e tardiamente. - As Metástases linfáticas são comuns, sendo atingidas em ordem decrescente de frequência, os linfonodos obturadores e para aórticos e a invasão de vesículas seminais aumenta ainda mais probabilidade de metástases linfonodais. - Metástases hematogenicas também acontecem, sendo as metástases ósseas a que ocorre em 70% dos casos no esqueleto axial, estando em ordem descrescente de frequência as regiões mais acometidas: coluna lombar, fêmur proximal, pelve, coluna torácica e costelas. Isso se deve a comunicação natural entre o plexo venoso periprostático e o plexo venoso avalvular vertebral. Em alguns casos, a primeira manifestação do carcinoma de próstata relaciona-se com metástases ósseas em forma de dor ou fraturas, sendo na maioria das metástases tipo osteoblásticas, que fazem com que uma área do osso pareça mais densa ou esclerótica e, nas radiografias, essas alterações aparecem como manchas mais brancas que o osso ao seu redor. Fosfatase acida prostática e o PSA estão elevados em quase todos os casos com metástases ósseas. Nas fases avançadas do tumor, praticamente todos os órgãos podem ser acometidos por metástases, notadamente os pulmões, fígado, suprarrenais, pleura e rins. As metástases pulmonares ocorrem em cerca de 25% dos pacientes que falecem por carcinoma de Próstata, sendo geralmente linfagítico. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Compreender diagnóstico diferencial (HBP e prostatite) – achados clínicos e laboratoriais que subsidiem a identificação Há três processos patológicos que podem afetar a glândula prostática: inflamção, aumento nodular maligno e tumores. - Prostatite A prostatite é uma inflamação que ocorre na glândula prostática que é dividida em várias categorias: prostatite bacteriana aguda e crônica, prostatite abacteriana crônica e prostatite granulomatosa. - A prostatite bacteriana aguda é tipicamente resultante de bactérias semelhantes às que causam as infecções do trato urinário. Elas chegam nesse órgão geralmente por refluxo intraprostático de urina da uretra posterior ou da bexiga urinária. Além disso, algumas vezes ela é acompanhada de manipulações cirúrgicas da uretra e da própria glândula prostática, como em cateterização, cistoscopia, dilatação uretral ou processos de ressecção na próstata. Clinicamente, a prostatite bacteriana aguda está relacionada a febre, calafrios e disúria (micção dolorosa ou desconfortável). No exame retal, a próstata vai está sensível e mole (sinais cardinais de inflamação), o diagnóstico pode ser feito pela cultura de urina e pelas características clínicas. No microscópico, é observado pequenos abscessos disseminados, áreas grandes e coalescentes de necrose focal, edema difuso, congestão e supuração mole de toda a glândula com exsudato inflamatório e presença de neutrófilos. - A prostatite bacteriana crônica é mais difícil de diagnosticar e tratar, em que no quadro clínico pode ser visto dores lombares, disúria, além de desconforto perineal e supra público. Ela pode ser também virtualmente assintomática e frequentemente os pacientes têm uma história de infecções recorrentes do trata urinário, como a cistite e uretrite. Uma das razões da persistência dessa bactéria é que a maioria dos antibióticos penetra pouco na próstata, fazendo com que as bactérias se encontrem protegidas no parênquima, colonizando constantemente o trato urinário Na maioria dos casos, não há ataque agudo antecedente e a doença aprece de modo insidioso, ou seja, começa aos poucos e tem evolução lenta, sem motivo obvio. O diagnóstico é feito geralmente por demonstração de leucocitose em secreções prostáticas obtidas por expressão mais com culturas bacterianas positivas. Observação! Em homens com sintomas de prostatite aguda ou crônica, biopsias ou amostrar cirúrgicas raramente são examinadas microscopicamente porque a doença é diagnosticada com base nos achados clínicos e laboratoriais. Principalmente na prostatite aguda é contraindicada, uma vez que pode provocar sepse (é um procedimento bastante invasivo, pode disseminar as bactérias que estão na inflamação). - Prostatite abacteriana crônica Atualmente é a forma mais comum de prostatite. Clinicamente, não dá para ser diferenciada da prostatite bacteriana crônica, mas um fator que pode ajudar a descartar essa patologia, é que na prostatite abacteriana crônica não há história de infecção recorrente do trato urinário. No diagnóstico, a secreção prostática obtida por expressão da glândula contém mais de 10 leucócitos por campo de alta potência (no aumento de 100x) e as culturas bacterianas são uniformemente negativas. - Prostatite granulomatosa Ela pode ser encontrada de duas maneiras dependendo se o agente infeccioso foi identificado ou não, podendo ser específica e inespecífica. Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG • Específica Na específica, há o conhecimento do agente infeccioso, que pode ser à instilação de BCG na bexiga superficial. A *BCG (vacina com bacilo da tuberculose) causa processo inflamatório que irá tratar o câncer. O BCG diferente da tuberculose propriamente dita é uma cepa de micobactéria atenuada, mas que origina um quadro histológico indistinguível do observado na tuberculose sistêmica. Os granulomas de próstata são iguaizinhos ao granuloma que a gente vê na tuberculose. A fúngica é vista apenas em hospedeiros imunocomprometidos • Inespecífica Essa forma é relativamente comum e é produzida por conta de reação a secreções de ductos e ácinos prostáticos rompidos. Alguns dos homens apresenta uma história recente de infecção do trato urinário, mas não são vistas bactérias no tecido. - Hiperplasia Prostática Benigna (HPB) ou Hiperplasia Nodular, A HPB é um distúrbio em que ocorre uma hiperplasia do estroma prostáticoe das células epiteliais, causando a formação de nódulos grandes, que podem causar obstrução parcial ou completa da uretra quando em tamanhos grandes por comprimir e estreitar o canal uretral. Ela mesmo com a presença desses nódulos, não é considerada uma lesão pré-maligna. Essa doença é extremamente comum em homens acima de 50 anos de idade com a incidência de 20% em homens com 40 anos de idade, aumentando para 70% aos 60 anos e 90% aos 80 anos. É importante ressaltar que não existe uma correlação direta entre as alterações histológicas e os sintomas clínicos, uma vez que apenas 50% dos indivíduos que tem alterações microscópicas visíveis de HPB, apresentam u aumento clinicamente detectável da próstata e, destes indivíduos, apenas 50% desenvolvem sintomas clínicos. - Etiologia e patologia: Ainda não há um uma evidência clara de aumento de proliferação das células epiteliais na HPB humana e, por isso, acredita-se que o principal componente da HPB não esteja relacionado a um processo hiperplásico, mas sim a um prejuízo de morte celular resultante do acúmulo de células senescentes na próstata, que são as células que perderam sua capacidade de renovação celular e, apesar de não possuírem mais metabolismo, também se recusam a morrer por completo. ANDRÓGENOS Os andrógenos desempenham um grande papel no desenvolvimento HPB, pois podem não apenas aumentar a proliferação celular, mas também inibir a morte celular. A diidrotestosterona (DHT) vai ser o principal componente andrógeno da próstata e ele é formado por meio da conversão da testosterona pela enzima 5 alfa-redutase 2 principalmente na célula estromal, uma vez que as células epiteliais não possuem essa enzima. Quando se tem a presença da DHT, ela vai se ligar ao receptor andrógeno nuclear (AR) presente nas células prostáticas estromais e epiteliais, formando um complexo mais estável do que a ligação com outras testosteronas. É essa ligação que vai permitir a ativação da transcrição de genes dependentes de andrógenos, que acaba resultando numa maior produção de inúmeros fatores do crescimento e seus receptores, favorecendo o crescimento prostático. O DHT não é diretamente um fator mitótico para as células prostáticas, os principais fatores são os membros da família do fator de crescimento de fibroblastos (FGF), principalmente o FGF-7 (fator de crescimento de queratinócitos), que provavelmente devem atuar aumentando a proliferação das Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG células estromais e reduzindo a morte das células. Além disso, podemos ter FGFs1 e 2 + TGF beta que promovem a proliferação de fibroblastos. - Macroscopia e microscopia Na HBP, ocorre um aumento da próstata que chega a pesar entre 60 a 100g, quando o normal é em torno de 20g. Há presença de nódulos grandes, relativamente nítido, na região periuretral, que variam de cor e consistência, podendo ser amarelo-rosado de consistência mole em nódulos que glândulas, já em nódulos compostos principalmente pelo estroma fibromuscular, tem uma cor cinza-pálido e duro. Enquanto os primeiros excretam um líquido prostático branco leitoso, o segundo não apresenta exsudação de fluido e é demarcado de modo menos claro em relação ao tecido circundante. O diagnóstico da HPB geralmente não pode ser feito na biópsia por agulha por que a histologia dos nódulos glandulares e glandulares-estromais mistos da HPB não pode ser apreciada em amostras limitada - Aspectos clínicos Grande parte dos aspectos clínicos envolvem os problemas que incluem o sistema urinário. Isso por que o aumento maior da próstata e a contração medida por músculo liso da próstata causa obstrução uretral, consequentemente, o aumento da resistência ao fluxo urinário provoca hipertrofia e distensão da bexiga juntamente com retenção urinária. Além disso, a incapacidade de esvaziar completamente a bexiga cria um reservatório de urina residual, que frequentemente pode gerar infecções. Os pacientes também apresentam aumento da frequência urinária, noctúria, dificuldade em iniciar e interromper o fluxo, gotejamento por sobrefluxo, disúria (micção dolorosa) e um maior risco de infecção bacteriana da bexiga e urina. - Diagnóstico O diagnóstico de HPB deve ser feito de acordo com uma boa história clínica, toque retal, exame de urina e uma dosagem plasmática das escorias nitrogenadas (ureia e creatinina) e do PSA. A história clinica é útil para afastar outras etiologias, uma vez que a presença de febre caracteriza a prostatite infecciosa por exemplo. A HPB no Toque Retal costuma revelar uma próstata de tamanho aumentado, mas de consistência fibroelastica (igual a ponta do nariz), diferente dos nódulos endurecidos que é sugestivo de adenocarcinoma. Em relação aos exames laboratoriais, solicita- se o Exame de Urina tipo I (EAS) para descartar outras doenças, como a presença de piuria (piócitos na urina) que é indicativo de prostatite. A ureia e creatinina avalia uma importante complicação da HPB que é a nefropatia obstrutiva. Já o PSA sérico nos casos de HPB costuma estar entre 4- 10ng/ml e quanto maior a próstata, mais alto os níveis de PSA, lembrando que acima de 10ng/ml o diagnóstico de adenocarcinoma é mais provável. - Tratamento As opções terapêuticas são indicadas de acordo com os sintomas do paciente. - Em pacientes com sintomas leves e sem complicações é indicado apenas a observação e o acompanhamento anual. - Já os pacientes com sintomatologia moderada o tratamento farmacológico é indicado. Geralmente utiliza drogas antiandrogenicas que promovem atrofia do epitélio, como a Gabrielle Nogueira – Med 3°período UniFG Finasterida. Ou os bloqueadores da alfa- adrenérgicos, que diminuem o tônus prostático. - E nos pacientes com sintomatologia grave devem ser submetidos a intervenção cirúrgica. Identificar as políticas públicas voltadas à prevenção de CA de Próstata, relacionando as principais dificuldades para a realização do exame de toque retal no ambiento de Atenção Básica de Saúde O movimento Novembro Azul teve origem em 2003, na Austrália, com o objetivo de chamar a atenção para a prevenção e o diagnóstico precoce de doenças que atingem a população masculina. No Brasil, o MS colocou-se favorável à abordagem integral da saúde dos homens. Recentemente, o Ministério lançou, com apoio técnico do INCA, a página Câncer de próstata; falando causa, sintomas, tratamento e prevenção em seu portal na Internet. O INCA também postou a cartilha Câncer de próstata: vamos falar sobre isso? com informações para que as pessoas possam entender mais acerca da doença e decidirem o que é melhor para a própria saúde. A cartilha incentiva a conversa com o profissional de saúde. Além disso, o Instituto também produziu o vídeo Saúde do homem – um alerta, fazendo ao mesmo tempo um convite para que o homem se cuide. Em 2015, o MS e o INCA editaram nota técnica na qual sugerem, entre outras coisas, a capacitação dos profissionais da atenção básica para que esclareçam os homens sobre os sintomas do câncer de próstata; a promoção da qualificação dos agentes comunitários e das equipes de saúde da família para que também possam orientar a população; a implementação de estratégias educacionais, de comunicação e de divulgação de medidas preventivas, promoção e atenção à saúde masculina; e a instauração de políticas nacionais voltadas para a saúde do homem e da pessoa idosa - Biopsicossocial Os pacientes acometidos pelo procedimento tendem a apresentar sintomas depressivos e medos relacionados à morte e isolamento. Os efeitos causados pelo procedimento cirúrgico são devastadores, pois agridem a integridade emocional e social do sujeito,visto que além da disfunção sexual, a incontinência urinária é um dos principais efeitos colaterais da prostatectomia radical e inibe a permanência do homem no convívio em sociedade habitual. Diante dessa realidade, o papel do psicólogo é considerado fundamental no período pré- cirurgia, desmistificando crenças limitantes e esclarecendo dúvidas do paciente, e principalmente no período pós-cirúrgico para uma reabilitação de uma rotina saudável, bem como para possibilitar o manejo adequado de situações de ordem física e emocional, caracterizadas pela psicoeducação e auto percepção corporal.
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