Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Propedêutica Cardiovascular INSPEÇÃO E PALPAÇÃO Ocorrem simultaneamente. Posição do paciente: O QUE DEVE SER ANALISADO: ➔ Pesquisa de abaulamento: A observação da região precordial deve ser feita de forma tangencial (examinador de pé do lado direito do paciente) e frontal (examinador fica junto aos pés do paciente, que permanece deitado). A presença de abaulamento pode significar: aneurisma da aorta, cardiomegalia, derrame pericárdico e alteração da própria caixa torácica. Crianças: a parede torácica é mais flexível, a dilatação e a hipertrofia cardíacas, principalmente do ventrículo direito, deformam com facilidade o precórdio. É importante diferenciar alterações da estrutura osteomuscular dos causados pelo crescimento do ventrículo direito. O que os distingue: ocorrência de impulso do precórdio → hipertrofia. ➔ Análise do ictus cordis: Ictus cordis pode ser chamado também de choque de ponta. Analisado através da investigação de localização, extensão, mobilidade, intensidade e tipo da impulsão, ritmo e frequência. Localização do ictus cordis: Varia com o biotipo do paciente. → Mediolíneos: no cruzamento da linha hemiclavicular esquerda com o 5º espaço intercostal; → Brevilíneos: 4º espaço intercostal (se desloca 2 cm para fora e para cima); → Longilíneos: 6º espaço intercostal (1 ou 2 cm para dentro da linha hemiclavicular). O que dificulta a inspeção e palpação: pacientes com enfisema pulmonar, obesidade, musculatura bem desenvolvida e/ou mamas grandes. Seu deslocamento: hipertrofia do ventrículo esquerdo → estenose aórtica, insuficiência aórtica, insuficiência mitral, hipertensão arterial, entre outros. Extensão: Quantas polpas digitais são necessárias para cobri-lo (normal: até 3). Intensidade/Amplitude: Normalmente a brusca é fraca → avaliada com a palma da mão. Mobilidade: Paciente em decúbito dorsal → decúbito laterais (direito e esquerdo) → marcar o local nessas posições. Intensidade: palpação → palma da mão sobre os batimentos. 1 Propedêutica Cardiovascular Ritmo e Frequência: Melhor avaliados na ausculta. A. Em condições normais, B. Na hipertrofia ventricular direita (massa da região precordial, mais nítido nas proximidades do esterno, que não corresponde ao ictus cordis) C. Na hipertrofia ventricular esquerda sem dilatação da câmara, D. Na hipertrofia ventricular esquerda associada à dilatação desta cavidade ➔ Análise dos batimentos ou movimentos visíveis ou palpáveis: Pode ser encontrado no precórdio e áreas vizinhas outros batimentos visíveis ou palpáveis. Turgência ou Estase Jugular: Outros batimentos visíveis à inspeção: Retração sistólica, pulsação supra-esternal ou na fúrcula e choque valvar. ➔ Pesquisa de frêmito cardiovascular: Sensação tátil determinada por vibrações produzidas no coração ou nos vasos. Características a serem investigadas: localização (usando como comparação as áreas de ausculta), situação do ciclo cardíaco e intensidade (avaliada em cruzes → 1+ a 4+). Correspondem a sopros. Locais para observar: Foco aórtico → segundo espaço intercostal direito paraesternal; Foco pulmonar → segundo espaço intercostal esquerdo paraesternal; Foco mitral → quinto espaço intercostal linha hemiclavicular; Foco tricúspide → quarto espaço intercostal paraesternal; Foco acessório → entre o pulmonar e o tricúspide. Avaliar: Localização: focos; Situação no Ciclo Cardíaco: sistólicos, diastólicos ou sisto-diastólicos; Intensidade: graduada em cruzes (1+ a 4+). Impulsão do mesocárdio: - Decúbito dorsal , elevação em 30 graus; - Pontas dos dedos nos 3, 4 e 5 EIE 2 Propedêutica Cardiovascular esquerdo; - Solicite ao paciente que expire e pause a respiração. Avaliará o impulso sistólico do ventrículo direito. Na DPOC, o impulso pode ser melhor avaliado em epigástrico. ➔ Palpação de pulsos: Carótida*, braquial, radial e ulnar, aorta abdominal, artéria femoral comum, artéria poplítea, artéria tibial posterior e artéria pediosa. *Auscultar antes de palpar → paciente pode ter placa de ateroma. Avaliar: Frequência: → Normal ou eusfigmia = 60 a 100 bpm; Taquisfigmia: > 100 bpm; → Bradisfigmia: < 60 bpm. Ritmicidade: → Rítmico (regular); → Arrítmico (irregular). Intensidade: quantificada em cruzes 0 a 4+ ou ausente, reduzido ou normal. → IMPORTANTE AVALIAR A SIMETRIA! Tipos de pulsos: Primeira seta: anacótico → pulso pequeno, de elevação lenta, retardado, com uma incisura ou ombro no ramo ascendente → estenose aórtica. Segunda seta: em martelo-d’água → expansão sistólica rápida e súbita → regurgitação aórtica. Pulsos assimétricos: aneurisma da aorta, aterosclerose de artérias periféricas. 3 Propedêutica Cardiovascular DOR TORÁCICA Dor anginosa ➔ Localização: tipicamente retroesternal (às vezes possui difícil localização); ➔ Intensidade: varia de acordo com o grau de isquemia: Leve - desconforto; Moderada - incomoda bastante o paciente; Intensa → muito incômodo, necessitando repouso e acompanhada de outros sintomas. ➔ Tipo: constritiva (sensação de aperto e outras vezes expressa como queimação, facada, formigamento). ➔ Quanto mais intensa, maior a chance de irradiação → mandibular, auricular, cervical, epigástrica (muito comum no diabético), interescapulovertebral, membros superiores (principalmente esquerdo). ➔ Fatores desencadeantes, duração e fatores de melhora: ● Angina estável → há fator desencadeante (esforço físico, estresse, frio), dura até 10 minutos e melhora com repouso; ● Angina instável → pode ter início no repouso, esforços menores desencadeiam a dor, mais persistente, durando até 20 minutos. ● IAM → igual a angina instável, porém dura mais de 20 minutos até horas. ➔ Fatores de piora → condições que aumentam o consumo de oxigênio como esforço físico, taquicardias, refeições copiosas e emoções. ➔ Fatores associados → dispneia, dudorese fria, náuseas, vômitos, tonturas e palpação. Angina de Prizmetal → vasoespasmo coronariano, se repete sempre no mesmo momento do dia. Mecanismo envolvido nos sinais e sintomas cardíacos: 1. Desequilíbrio entre oferta e consumo de O2; 2. Hipóxia celular (sem alterações necróticas - angina; com alterações necróticas - IAM); 3. Estímulo de terminações nervosas por substâncias químicas: ácido lático, potássio, prostaglandina e etc. Principal → aterosclerose. Fatores de risco: ● Sexo masculino; ● Homens > 55 anos e mulheres > 65 anos; ● Tabagismo; ● Diabetes; ● HAS; ● Dislipidemias; ● História familiar em idade precoce. Dor aórtica ➔ Lancinante, início súbito, retroesternal ou face anterior do tórax com irradiação para pescoço, região interescapular e ombros; ➔ Decorrente da ruptura na camada íntima do vaso com dissecção pelo sangue da camada íntima e média; ➔ Fatores de risco → HAS, aterosclerose, tabagismo, aneurismas anteriores, DM, síndrome de Marfan; ➔ Exame físico → diferença de PA entre os membros superiores. Dor pleurítica ➔ Dor aguda, intensa e em pontada; ➔ Desencadeada e com piora pela respiração ou tosse → ventilatório-dependente; ➔ Região paraesternal ou lateral do tórax (uni ou bilateral); ➔ Pleurite, TEP, pneumotórax. Dor pericárdica ➔ Semelhante à dor pleurítica; ➔ Aguda e irradia para pescoço e dorso; ➔ Localização → retroesternal; ➔ Atitude genupeitoral (posição em prece maometana); ➔ Pode ter sintomas gripais prévios ou durante o quadro. Dor esofágica Em aperto ou queimação retroesternal (simula dor anginosa); Dura horas; 4 Propedêutica Cardiovascular Desencadeada pela deglutição ou decúbito dorsal; Ocorre mais de uma vez ao mês; Pode estar associada a regurgitação e disfagia. Dor osteomuscular ➔ Após atividade física intensa; ➔ Reprodutível ao toque e piora aos movimentos; ➔ Pode ser intensa e restringir movimentos. DISPNEIA ➔ Dispneia de esforço → mais comum nas doenças cardíacas. Geralmente progressiva. É causada pela elevação da pressão capilar pulmonar por aumento da pressão no átrio esquerdo decorrente da disfunção ventricular esquerda. ➔ Ortopneia → impede o paciente de ficar deitado e o obriga a sentar ou ficar de pé. É causada pelo aumentoda congestão pulmonar pelo maior fluxo de sangue proveniente dos membros inferiores e da área esplâncnica. ➔ Dispneia paroxística noturna → paciente acorda após algumas horas de sono com intensa dispnéia, acompanhada de sufocação, tosse seca e opressão torácica, que obriga a sentar-se ou levantar-se. É causada pela sobrecarga volêmica gerada pela reabsorção dos edemas gravitacionais. ➔ Dispneia de decúbito: o paciente em posição deitada sente desconforto respiratório. Para aliviar: eleva a cabeça e o tórax. A ortopnéia é um tipo de dispneia de decúbito, mas nela o paciente precisa se sentar. Ao se deitar → aumento do retorno venoso → maior enchimento. ➔ Chieira ou chiado: presença de sibilos. Frequente na asma brônquica e na bronquite crônica. ➔ Hemoptise: eliminação do sangue puro procedente da traqueia, brônquios e pulmões. A expectoração sanguinolenta pode decorrer de passagem de eritrócitos de vasos pulmonares congestos para os alvéolos ou ruptura de vasos endobrônquicos dilatados. AUSCULTA FOCOS OU ÁREAS DE AUSCULTA Todo precórdio e as regiões circunvizinhas, incluindo a região axilar esquerda, o dorso e o pescoço, precisam ser auscultados. Foco ou área mitral: 5º espaço intercostal esquerdo na linha hemiclavicular e corresponde ao ictus cordis ou ponta do coração. Em cardiomegalia esse foco se desloca lateralmente na direção da linha axilar anterior. Foco ou área pulmonar: 2º espaço intercostal esquerdo, junto ao esterno. Nesse foco se tem condições ideais para a análise dos desdobramentos (fisiológicos ou patológicos) da 2ª bulha pulmonar. Foco ou área aórtica: 2º espaço intercostal direito, justaesternal. Melhor local para perceber fenômenos acústicos de origem aórtica → 3º e 4º espaço intercostal esquerdo → foco aórtico acessório. Foco ou área tricúspide: base do apêndice xifóide à esquerda. Fenômenos acústicos originados na valva tricúspide (sopro sistólico) são mais percebidos na área mitral. (Rivero-Carvallo). Outras áreas no precórdio: Borda esternal esquerda: entre a área pulmonar e a tricúspide. Borda esternal direita: do foco aórtico ao 5º espaço intercostal direito justaesternal. 5 Propedêutica Cardiovascular Endoápex ou mesocárdio: entre o foco tricúspide, o foco mitral e o aórtico acessório. Regiões infra e supraclaviculares: direita e esquerda. Regiões laterais do pescoço: caracterização do sopro de estenose aórtica (irradiação segue a direção do fluxo sanguíneo ejetado pelo ventrículo esquerdo). Regiões interescapulovertebrais: região interescapulovertebral esquerda → sopro da persistência do canal arterial. OBJETIVOS DA AUSCULTA DO CORAÇÃO Aspectos considerados: bulhas cardíacas, ritmo e frequência cardíaca, ritmos tríplices, alterações das bulhas cardíacas, cliques ou estalidos, sopros, ruído da pericardite constritiva, atrito pericárdico e rumor venoso. BULHAS CARDÍACAS Dois ruídos característicos que se repetem sequencialmente. Primeira Bulha (B1) "TUM'': fechamento das valvas mitral e tricúspide. A primeira bulha coincide com o ictus cordis e com o pulso carotídeo (no caso de arritmias, não há coincidência com o pulso). É analisada na região de ponta do coração, ápice. É o timbre mais grave e seu tempo de duração é maior que a segunda bulha. Na sístole. Alterações: Palpável em casos de estenose da válvula mitral, hipertensão arterial sistêmica e hipertireoidismo. A B1 palpável corresponde na ausculta como bulha hiperfonética. Hiperfonese: ocorre devido a contração ter início no momento em que as valvas se encontram baixas; decorre da diminuição do enchimento ventricular, tais como taquicardia, hipertireoidismo e contrações prematuras (extrassístoles). Alterações do desdobramento: a 1ª bulha desdobrada na área mitral e/ou tricúspide → discreto assincronismo na contração dos ventrículos. Na inspiração, aumenta o volume pulmonar além da expansão da caixa torácica → facilita o retorno venoso fazendo→ entre um maior volume de sangue no átrio direito → delay fisiológico do fechamento da valva tricúspide. Mascaramento: presença de sopro sistólico de regurgitação. Segunda Bulha (B2) “TÁ”: fechamento das valvas aórtica e pulmonar; constituída de quatro grupos de vibrações. É ouvido o pulmonar no foco pulmonar à borda esternal esquerda e o aórtico em toda a região precordial. Condição normal: componente aórtico precede o pulmonar; mais intensa nos focos da base (aórtico e pulmonar) → proximidade da parede torácica das estruturas que originam o som. Expiração: ambas as valvas se fecham simultaneamente → único ruído. Inspiração: componente pulmonar se retarda → sístole do ventrículo direito se prolonga em função do maior afluxo sanguíneo a este lado do coração. Alterações: Palpação no foco pulmonar indica hipertensão na circulação pulmonar; a palpação do foco aórtico indica HAS. A B2 corresponde na ausculta como hiperfonéticas nestes focos. Desdobramento: em vez do TUM-TA-TUM-TA-TUM-TA, ouve-se TLUM-TA-TLUM-TA-TLUM-TA. Terceira Bulha (B3): ruído protodiastólico de baixa frequência → origina das vibrações da parede ventricular subitamente distendida pela corrente sanguínea que penetra na cavidade durante o enchimento ventricular rápido. 6 Propedêutica Cardiovascular Mais audível na área mitral e com o paciente em decúbito lateral esquerdo. LOCALIZAÇÃO DOS FENÔMENOS ESTETOACÚSTICOS Durante a ausculta se encontram outros sons que não sejam as bulhas → tem que localizá-los exatamente na revolução cardíaca. Protossístole = terço inicial da sístole; Mesossístole = terço médio da sístole; Telessístole = terço final da sístole; Protodiástole = terço inicial da diástole; Mesodiástole = terço médio da diástole; Telediástole = terço final da diástole. RITMO E FREQUÊNCIA CARDÍACA Quando há 2 bulhas → ritmo de 2 tempos ou binário; Quando há 3 bulhas audíveis → ritmo de 3 tempos ou tríplice. ARRITMIAS CARDÍACAS Sopros: vibrações mais prolongadas do que as bulhas cardíacas → ocorre devido às alterações no turbilhonamento no fluxo sanguíneo no ciclo cardíaco (estreitamento ou alargamento do fluxo; alteração na velocidade do fluxo; alteração do volume do fluxo; refluxo de sangue para uma cavidade anterior). Características: ➔ Intensidade (classificada em cruzes 1+ até 4+ e e tem 6 graus, sendo o primeiro inaudível e o sexto audível sem o estetoscópio); OBS.: no grau 5 e 6 → presença do frêmito. Saber a manobra de Valsalva (acentua o sopro da insuficiência tricúspide - inspirar profundamente. Intensidade maior na expiração forçada) e de Rivero-Carvallo (intensidade menor com a inspiração profunda). Manobra Handgrip (insuficiência mitral). ➔ Frequência: depende do número de vibrações por segundo e velocidade de propagação; ➔ Timbre: musical, piante, raspante, aspirativo, ruflar, jato de vapor, sibilantes; OBS: Na estenose mitral, as valvas se tornam rígidas em decorrência da fibrose, e o ruído produzido pelo seu fechamento, além de mais intenso, adquire tonalidade aguda e timbre metálico. ➔ Configuração: formato que se adquire baseado no fonocardiograma (crescendo, decrescendo, platô, crescendo-decrescendo); ➔ Cronologia: fase do ciclo cardíaco em que ocorrem: sistólicos, diastólicos, sisto-diastólicos, contínuos. ➔ Duração: quanto da sístole ou da diástole são ocupados; ➔ Localização: foco ou região de ausculta cardíaca; ➔ Irradiação: ajuda na localização e intensidade. Estalidos: são ruídos que podem ser auscultados devido a alterações patológicas das válvulas mitral e tricúspide. ➔ Estalidos Diastólicos: estenoses das valvas mitral e tricúspide e, mais raramente, na insuficiência mitral e na comunicação interatrial. ➔ Estalido de abertura mitral: em decorrência das modificações anatômicas, a abertura da valva mitral passa a provocar um ruído seco, agudo e de curta duração. Sopro → sempre pensar em ventrículos. SOPRO SISTÓLICO: Classificados em sopro sistólico de ejeção e de regurgitação. Pode ser devido a uma insuficiência da valva mitral ou tricúspide. 7 Propedêutica Cardiovascular Sopro sistólico por ejeção → causado por estenose da valva aórticaou pulmonar e se origina durante o período de ejeção ventricular. OBS: A pressão intravascular está mais alta que nos ventrículos, por isso as valvas aórticas e pulmonares ficam fechadas e o sangue não sai para os ventrículos ocasionando o sopro. Características: Começa após a primeira bulha e o seu intervalo corresponde à fase de contração isovolumétrica. A pressão intraventricular se eleva e as valvas atrioventriculares se fecham → 1º bulha. A pressão intravascular está elevada dentro dos ventrículos → valvas sigmóides continuam fechadas. Originado na valva tricúspide → mais percebido nas proximidades da área mitral. Tem início após a B1 e termina antes da B2. Sopro sistólico por regurgitação → regurgitação de sangue dos ventrículos para os átrios. OBS: A pressão intraventricular já está mais alta do que no átrio durante o fechamento das valvas mitral e tricúspide. Por conta dessa diferença de pressão o sangue regurgita para a câmara de menor pressão desde o início da sístole e durante toda a contração sistólica o sangue continua regurgitando. Características: Pode ou não aparecer junto com a B1 e terminar junto com a B2 → pode mascarar ou não as bulhas cardíacas. SOPRO DIASTÓLICO: Podem ser traduzidos como estenose ou insuficiência (estenose mitral, regurgitamento da aorta). Aparecem durante a diástole, e conforme o momento em que nela se situam, podem ser chamadas de protodiastólicos (B3), mesodiastólicos e telediastólicos. Iniciam-se com o segundo ruído ou após um evidente intervalo subsequente à segunda bulha ou ocorrem de maneira imediata antes do primeiro ruído. Genericamente, eles podem se originar de regurgitação por meio de valvas semilunares ou como resultado do fluxo anterógrado por meio das valvas atrioventriculares. Abertura da valva atrioventricular → se não abrir ou fechar corretamente, por exemplo. ➔ Estenose Mitral: As cúspides da valva mitral não se abrem completamente durante a diástole, dificultando a passagem de sangue do AE para o VE → AUDÍVEL NA ÁREA MITRAL, característica de ruflar e apresenta um reforço pré-sistólico. B1 hiperfonética: quando o ventrículo esquerdo se contrai, os folhetos são vigorosos e subitamente empurrados para a posição de fechamento. ➔ Insuficiência aórtica: Na diástole, as cúspides da valva aórtica não ocluem o orifício, possibilitando o refluxo de sangue da aorta (Ao) para o ventrículo esquerdo (VE) → audível no 8 Propedêutica Cardiovascular foco aórtico (FAo) ou no foco aórtico acessório (FAO ac), irradiando-se para a ponta do coração, é proto e mesodiastólico e tem alta frequência. Como Descrever: Quantas bulhas? Normo, hipo, hiperfonéticas? Com sopros ou sem sopros - tipo, timbre, foco e se tem irradiação. Sopros sistólicos na região da ponta e no mesocárdio: de regurgitação. ➔ Insuficiência mitral → sopro audível no foco mitral. Suave e precedido por B1 hipofonética. Inicia-se na sístole ventricular e estende-se até a B2, com frequência encobrindo-a. Irradiação → região lateral do hemitórax esquerdo até a linha axilar média e também para o foco tricúspide e pode também ser ouvido na região infraescapular esquerda. Intensidade menor na manobra de Rivero-Carvallo e maior na manobra Valsalva. Com frequência - acompanhado da terceira bulha. Moderado ou forte (pelo menos +++). ➔ Insuficiência tricúspide → diferenças da IM - foco em região tricúspide ou mesocárdio. Irradiação, quando presente, para a região do apêndice xifóide e foco pulmonar. Fraco ou moderado (+ a +++). Intensidade maior na manobra Rivero-Carvallo e menor na expiração. Sempre vai haver frêmito. ➔ Comunicação interventricular → se situa no terceiro ou quarto espaço intercostal esquerdo, na região paraesternal. Bastante intenso (+++ ou ++++) e rude. Irradia-se para a região medioesternal e paraesternal direita - audível em todo o precórdio com frequência. A intensidade aumenta com a expiração e diminui com a inspiração. Frêmito na região paraesternal. ➔ Sopro funcional → intensidade baixa (+ a ++) e suave, ocupa os terços inicial e médio da sístole → protomesossistólico. Após esforço, anemia, gravidez, febre, hipertireodismo → aumento da velocidade do sangue. Comum em crianças (foco pulmonar). Não há frêmitos. Sopros sistólicos na região da base: de ejeção. ➔ Nos focos aórtico e aórtico acessório → nessas localizações, os sopros são funcionais OU devido à estenose da vávula aórtica - é intenso (++ ou mais). Irradia-se para a fúrcula esternal e bilateralmente para o pescoço. Sopro começa fraco e acentua-se do meio para o fim da sístole. Frêmito - frequentemente. ➔ No foco pulmonar → estenose da válvula pulmonar e comunicação interatrial OU natureza funcional. Sopro da estenose - é rude e irradia-se para a região infraclavicular esquerda. Frequente o frêmito. O sopro da comunicação interatrial é semelhante ao da EP. Intensidade baixa (+ ou ++) e B2 constantemente desdobrada (devido à sobrecarga de volume do ventrículo direito). Sopros diastólicos na região da ponta: Aumentam após exercícios físicos e emoções. ➔ Estenose mitral → ouvido na região do ictus e irradiado mais lateralmente, até a linha axilar. Aumenta com a expiração e decúbito 9 Propedêutica Cardiovascular lateral esquerdo. É fraco no início da diástole e aumenta de intensidade no final. ➔ Estenose da tricúspide → ouvido na região paraesternal esquerda baixa, aumentando com a inspiração. Sopros diastólicos na região de base: Insuficiência das válvulas aórtica ou pulmonar: ➔ IAo → audível nos focos aórtico e aórtico acessório. Irradia-se em direção à ponta. Não é muito intenso e possui caráter aspirativo. ➔ IP → mais audível no foco pulmonar. Pode induzir falso diagnóstico de IAo (insuficiência aórtica) por ser ouvido também no foco aórtico acessório. CASO CLÍNICO: Febre Reumática e Cardiopatia Reumática A febre reumática (FR) é uma doença inflamatória aguda, imunomediada e multissistêmica, que classicamente ocorre algumas semanas após um episódio de faringite por estreptococos do grupo A; ocasionalmente, a FR pode suceder infecções por estreptococos em outros locais, como na pele. A cardite reumática aguda é uma manifestação comum da fase ativa da FR que, com o tempo, pode progredir para cardiopatia reumática (CR) crônica, manifestando-se principalmente como anormalidades valvares. A CR é caracterizada principalmente pela doença valvar fibrótica deformante que envolve, em particular, a valva mitral Ainda um problema em países em desenvolvimento; afeta especialmente crianças e adultos jovens (5-15 anos) Patogenia: a febre reumática aguda resulta das respostas imunes do hospedeiro aos antígenos dos estreptococos do grupo A, que têm reação cruzada com as proteínas do hospedeiro. Aspectos Clínicos: FR é caracterizada por uma constelação de achados: (1) a poliartrite migratória das grandes articulações, (2) a pancardite, (3) os nódulos subcutâneos, (4) o eritema marginado da pele e (5) a coreia de Sydenham, um distúrbio neurológico caracterizado por movimentos rápidos, descontrolados e involuntários. Após o ataque inicial, os pacientes tornam-se mais vulneráveis à reativação da doença após novas infecções faríngeas e é provável que apareçam as mesmas manifestações em cada ataque recorrente. O dano às valvas é cumulativo. A turbulência induzida por deformidades valvares em desenvolvimento leva à fibrose adicional. As manifestações clínicas aparecem anos ou mesmo décadas após o episódio inicial de FR. 10
Compartilhar