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Módulo 2 - vídeo 2.1 - Caso Prático 1 Observar normas e regulamentos Descumprimento da Lei de Acesso á informação

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Módulo 2 - vídeo 2.1 - Caso Prático 1 – Observar normas e regulamentos / Descumprimento da Lei de Acesso á informação
Janaina é estudante universitária e está elaborando o seu trabalho de conclusão do curso de Bacharel em Ciências Jurídicas. Para subsidiar sua pesquisa envolvendo casos de assédio moral e sexual, encaminha uma solicitação a um Ministério, por meio do e-SIC, o Sistema Eletrônico do Serviço de Informações ao Cidadão. 
Em resposta, André, servidor do Ministério, encaminhou planilhas de dados, acompanhadas de cópias digitalizadas das respectivas denúncias, para Janaina.
Será que André, ao encaminhar as planilhas e as denúncias solicitadas, violou o dever funcional de observar as normas legais e regulamentares (previsto no artigo 116, inciso III, da Lei nº 8.112/90), e está sujeito ao recebimento de advertência?
 Sim.
Diferentemente do que ocorre com o cidadão, que pode fazer tudo aquilo que não seja proibido pela lei, o princípio da legalidade orienta a Administração Pública, seus órgãos e agentes, a somente fazer aquilo que esteja autorizado em lei.
A conduta do agente público deve estar de acordo com as normas legais e regulamentares. Do contrário, caracterizará infração ao dever funcional previsto no artigo 116, inciso III, da Lei nº 8.112/90.
A infração ocorre com a inobservância não só de uma lei, mas, sim, de qualquer norma ou regulamento, tais como decretos, regimentos, portarias, instruções, resoluções, ordens de serviço, decisões e interpretações vinculantes dos órgãos ou unidades competentes.
Para que a conduta seja considerada uma infração disciplinar, é preciso identificar qual dispositivo da lei ou de uma norma interna foi desrespeitado. No exemplo que citamos, André não observou a Lei de Acesso à Informação que determina que a Administração Pública deve assegurar a proteção da informação sigilosa e da informação pessoal. Ao responder ao pedido de Janaína, ele deveria ter ocultado os dados dos envolvidos, protegendo toda informação sigilosa ou pessoal existente nas denúncias.
Também devemos, sempre, atentar para algumas questões. Primeiro, entender que uma mera divergência de opinião entre servidores quanto à forma de atendimento a uma norma não caracteriza um desvio de conduta. Desde que a norma seja respeitada, não há infração disciplinar ao dever do artigo 116, inciso III, da Lei nº 8.112/90.
No caso do André, ele não pode, por conta própria, escolher se protege ou não as informações pessoais contidas na denúncia. A Lei de Acesso à Informação define que cabe aos órgãos e entidades públicos assegurar a proteção dessas informações. O que André deve fazer é optar pelo melhor recurso disponível, na sua instituição, para, em atendimento à Lei, realizar a proteção das informações.
Se André entender que a norma deve ser mudada, pode discutir o seu ponto de vista com os colegas e com os superiores e, assim, contribuir com a melhoria daquele normativo. Mas, até que isso ocorra, ele tem o dever que agir de acordo com as regras definidas e garantir que todos os cidadãos recebam o tratamento previsto pela Lei.
Como vimos, uma norma devidamente editada tem presunção de legalidade e deve ser cumprida pelo servidor, ainda que ele discorde de algum ponto e decida propor melhorias ao normativo. As ordens recebidas também devem ser cumpridas, a menos que sejam manifestamente ilegais.
A Lei nº 8.112/90 ampara o servidor nesse ponto e prevê que ele deve representar contra qualquer ilegalidade, omissão ou abuso de poder, informando ao superior hierárquico da autoridade que se desviou da norma.
Outra questão importante: o servidor não pode alegar o desconhecimento de uma norma como justificativa para a sua falta. Ao assumir o cargo público, o servidor passa a ter o dever de se manter atualizado com as normas e procedimentos na sua área de atuação, independentemente dos treinamentos e capacitações oferecidos pela instituição.
Para encerrarmos o caso de André, precisamos verificar se o descumprimento da norma implica ou não em uma infração mais grave. Ao deixar de proteger as informações pessoais constantes das denúncias, André descumpriu um dispositivo da Lei de Acesso à Informação e esta Lei estabelece punições específicas e mais graves para o descumprimento de seus artigos. 
Assim, a infração de descumprimento de norma prevista no artigo 116, inciso III, da Lei nº 8.112/90 é, nesse caso específico, absorvida pela infração à Lei de Acesso à Informação, que prevê punição mínima de suspensão.

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