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Módulo 1 Vídeo 1.8 - Mito Só o Judiciário pode punir empresa privada.

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Módulo 1 – Vídeo 1.8 - Mito: Só o Judiciário pode punir empresa privada.
Tem gente que acha que só o Judiciário pode punir empresa privada. O que você acha?
Você já viu que, com a Lei Anticorrupção, os órgãos e as entidades de todas as esferas e poderes podem responsabilizar também as empresas privadas que cometem atos lesivos contra a Administração Pública. Isso envolve tanto a investigação do fato quanto a aplicação das sanções previstas na Lei. Mesmo antes, sanções pesadas já eram aplicadas pela Administração nos casos de infração à legislação de licitações e contratos.
Com base na Lei de Licitações e Contratos (Lei nº 8.666/93), por exemplo, os órgãos públicos podem aplicar desde advertência ou multa contratual, até a declaração de inidoneidade da empresa em casos mais graves. Ao ser declarada inidônea, a empresa fica impedida de licitar ou contratar com a Administração por tempo indeterminado, só podendo ser reabilitada por decisão do órgão sancionador, após o ressarcimento dos danos causados e depois de pelo menos 2 anos da punição.
No Portal da Transparência, você pode consultar o Cadastro Nacional de Empresas Inidôneas e Suspensas, o CEIS. Este cadastro fornece transparência a todas as sanções que geram algum impedimento de licitar ou contratar com a Administração. Com uma simples consulta, os gestores públicos de todo o país podem verificar se a empresa está punida e, assim, garantir que ela não participe da licitação ou contrato, dando efetividade à punição.
Com a chegada da Lei Anticorrupção, esse poder sancionador aumentou, pois, como vimos, os ilícitos são mais amplos e envolvem outros atos lesivos que não se relacionam com as licitações e com os contratos públicos. Com base na Lei, as empresas que cometerem esses ilícitos podem ser apenadas pela Administração com multa e publicação da condenação em meios de comunicação de grande circulação, a fim de que a sociedade tenha conhecimento do ato.
A multa pode variar de 0,1 a 20% do faturamento bruto da empresa no ano anterior à instauração do processo. Ou ainda variar de 6 mil a 60 milhões de reais quando não for possível determinar o faturamento bruto. Vemos que a Lei é rigorosa e permite a aplicação de multas pesadas. O espectro de valores é bastante amplo, e a Lei estabelece, no artigo 7º, um conjunto de fatores a serem considerados na aplicação da sanção.
No governo federal, os parâmetros para o cálculo da multa foram regulamentados no Decreto nº 8.420/2015, objetivando dar o máximo de segurança aos órgãos e empresas no curso das apurações. No Portal da Transparência, você também pode consultar o Cadastro Nacional de Empresas Punidas, o CNEP, onde são publicadas as empresas sancionadas com base na Lei Anticorrupção e as punições aplicadas pelos órgãos e entidades de todo o país.
Na prática, as sanções só podem ser aplicadas com base em um processo administrativo que garanta a oportunidade de defesa à empresa. Para isso, a Lei Anticorrupção criou o Processo Administrativo de Responsabilização de Entes Privados – o PAR. O governo federal também regulamentou a Investigação Preliminar - IP. Esses dois procedimentos correcionais se assemelham ao PAD e à Sindicância Investigativa, mas aplicados a pessoas jurídicas.
Então, se, no juízo de admissibilidade, a corregedoria verifica indícios suficientes de autoria e materialidade, pode instaurar diretamente o PAR. Se os indícios estão presentes, mas não suficientes para um processo punitivo, a Corregedoria pode decidir pela instauração de uma IP, a fim de aprofundar as investigações e coletar todas as evidências necessárias para decidir pela instauração do PAR ou pelo arquivamento do caso.
O funcionamento do PAR é muito similar ao do PAD, mas cabe ao órgão definir, em seus normativos internos, as competências de cada autoridade envolvida, observando sempre o que determina a Lei Anticorrupção.
Uma questão importante a observar é que um mesmo ato lesivo cometido por uma empresa pode ser punido com base na Lei Anticorrupção e com base na Lei de Licitações e Contratos. Para evitar que processos distintos apurem um mesmo ato, o Decreto nº 8.420/2015 estabeleceu que, nestes casos, o fato seja apurado num único procedimento: o PAR, que ao final pode propor a aplicação de sanções da Lei de Licitações e Contratos e da Lei Anticorrupção.
Outro ponto importante é que a sanção de multa não se confunde com o ressarcimento pela empresa dos danos causados. Assim, nestes casos, além da instauração do PAR, a Administração pode também ingressar na esfera civil com processo de ressarcimento ao erário.
Para encerrarmos os nossos estudos sobre a Lei Anticorrupção, precisamos tratar do Acordo de Leniência, um instrumento de investigação que permite a rápida obtenção de provas e a identificação dos diversos atores envolvidos no ilícito. Trata-se de um acordo firmado com a empresa investigada, em que a Administração concede isenção ou atenuação de sanções em troca de uma efetiva colaboração da empresa com as investigações.
No Poder Executivo Federal, a CGU tem competência exclusiva para realizar os acordos. Assim, se cumprir os requisitos previstos na Lei Anticorrupção, a empresa pode propor o acordo até a conclusão do relatório final da Comissão de PAR. A proposta segue em sigilo para a CGU, e o PAR fica suspenso no curso das negociações. Mas lembre-se: o acordo não é um direito da empresa, e só é celebrado se houver interesse da Administração nas provas e nas informações apresentadas.

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