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Módulo 1 - Vídeo - 1.7 - Mito Corregedoria não pode investigar empresa privada.

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Módulo 1 - Vídeo - 1.7 - Mito: Corregedoria não pode investigar empresa privada.
Tem gente que acha que corregedoria não pode investigar empresa privada. E você, o que acha?
Com a edição da Lei nº 12.846/2013, conhecida como Lei Anticorrupção ou Lei da Empresa Limpa, os órgãos e entidades de todas as esferas e Poderes passaram a responsabilizar também as empresas privadas que cometem atos lesivos contra a administração pública. Antes disso, as empresas corruptoras eram processadas e julgadas apenas na esfera judicial, nas ações civis de improbidade administrativa.
Os órgãos públicos só podiam aplicar sanções administrativas às empresas privadas em casos de infração à legislação de licitações e contratos. Porém, muitos atos de corrupção ocorrem em outras circunstâncias, por exemplo, se uma empresa agropecuária pagar propina a um fiscal para fraudar uma vistoria. Nesse caso, a relação entre a instituição pública e a privada foi corrompida, ainda que não se trate de uma licitação ou contrato com a empresa.
Como os atos de corrupção serão sempre praticados por uma pessoa, o representante da empresa e os demais envolvidos, como os dirigentes e os administradores, continuam a responder por seus atos, em ação penal por crime de corrupção ativa, e em ação civil por ato de improbidade administrativa. O fiscal que recebeu a propina também tem a sua conduta apurada nas três esferas, administrativa, civil e penal, podendo ser apenado em todas elas.
Sabemos que as apurações nas 3 esferas são independentes. Da mesma forma, a responsabilidade individual das pessoas envolvidas difere da responsabilidade da empresa. A Lei Anticorrupção trata da responsabilidade da pessoa jurídica envolvida no ato de corrupção ou lesão contra a administração pública.
Segundo a Lei, a responsabilidade da empresa é objetiva, ou seja, não depende da comprovação de sua culpa. Além disso, a empresa poderá ser responsabilizada mesmo quando o benefício gerado pelo ato ilícito não tenha sido recebido concretamente. Então, para que uma pessoa jurídica seja responsabilizada, é necessário comprovar o cometimento de um ou mais dos ilícitos previstos na Lei Anticorrupção, demonstrando que a prática de tal ato foi em interesse ou benefício próprio, exclusivo ou não.
No caso do exemplo citado, para que a empresa seja responsabilizada, é preciso comprovar que, de fato, ela prometeu, ofereceu ou deu a propina ao fiscal, demonstrando que o pagamento está relacionado a algum interesse ou benefício da empresa, ainda que ela não seja a única favorecida pelo suborno.
O artigo 5º da Lei Anticorrupção dispõe dos ilícitos que podem ser apurados com base na Lei Anticorrupção: corrupção de agentes públicos, fraude em licitações e contratos, prejuízo à atividade de investigação ou fiscalização de órgãos públicos, entre outras irregularidades.
As empresas também serão responsabilizadas pela prática desses atos lesivos contra a administração pública estrangeira, coibindo a prática do suborno transnacional por empresas brasileiras. Assim, no mercado global, o Brasil cumpre com o seu compromisso de combate à corrupção junto à comunidade internacional.
Outra inovação importante para o combate à corrupção é a previsão de que a responsabilidade da empresa se mantém, ainda que ela sofra alterações contratuais, incorporação, fusão, entre outras. A Lei impede o uso dessas operações como um subterfúgio para escapar da penalidade, reforçando as condições para a efetiva responsabilização das pessoas jurídicas envolvidas em atos lesivos contra a administração.
Além da punição dos ilícitos, a Lei também procura fomentar um ambiente de integridade no setor privado. As empresas que adotam um programa estruturado de integridade, além de reduzir seus riscos de corrupção, têm um atenuante, caso respondam a um processo de responsabilização.

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