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Resenha O que é Direito Roberto Lyra Filho

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO SEMIÁRIDO
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS E HUMANAS
GRADUAÇÃO EM DIREITO
DISCIPLINA: Tópicos Especiais em Teoria do Direito
PROFESSOR: Thiago Arruda Queiroz Lima
ATIVIDADE AVALIATIVA - 1º UNIDADE
Resenha: O que é Direito – Roberto Lyra Filho
INTRODUÇÃO:
	A discussão acerca da definição do que é Direito na obra de Roberto Lyra inicia com as concepções sociais acerca da correlação entre Direito e lei. A discussão tem como cerne as impressões ideais dos indivíduos e as implicações na formação das sociedades. A importância do senso crítico para a construção do regime democrático atualmente instituído e a necessidade de contestação de ideologias reproduzidas por muitos anos, que só garantem a permanência das classes dominantes como detentoras dos meios de produção e controladoras do Estado.
DESENVOLVIMENTO:
Em sua obra, Roberto Lyra inicia a definição de Direito com uma análise sobre a equivalência de Direito e Lei. São analisadas as formas de escrita, em diversas línguas, das duas palavras, mas também são verificadas como distintas, apesar da correlação difundida socialmente.
A Lei é tida como um instituto garantidor das benesses das classes dominantes, enquanto o Direito está relacionado com a conquista da garantia do bem jurídico. A partir dessas concepções, é analisado o modo como se constituiu o Estado, através de uma análise histórica, e, com isso, é verificado as imposições instituídas pelas elites dominantes, que controlam o Estado e, devido a conversão das suas impressões subjetivas acerca da sociedade e do processo econômico em conteúdo legitimado, temos o controle das classes dominadas.
A partir dessa perspectiva, tomamos como exemplo o conceito de sociedade estamental difundido durante a Idade Média, em que as classes dominantes formadas pelo clero e pela nobreza impuseram sobre as classes dominadas a ideia de inércia quanto ao poder econômico dos indivíduos. Aqueles que nasciam pobres e pertencentes à classe dos camponeses e escravos, permaneceriam até o final da vida no mesmo modo, na mesma condição social, assim como pertencentes à nobreza permaneceriam ricos. Esse ideal difundido pelas classes dominantes da época permitiu que eles pudessem ter, durante séculos, o controle do Estado, do processo econômico e das classes mais baixas da sociedade. Somente após a Reforma Protestante e os primeiros questionamentos aos saberes difundidos pelos cientistas na época é que houve um abalo à estrutura estamental instituída.
	Dessa forma, têm-se que o Direito não pode ser visto como uma ótica de legalidade estrita, pois é convertido, assim, em dogma e se distancia do caráter científico e produtor de conhecimento. A característica que mais permite a evolução do saber dentro do Direito é o fato dele ser dinâmico e precisar se adaptar aos novos modos de vida e ideais adotados pela sociedade. Assim, é possível avançar no processo de aprendizagem e afastar-se de teorias estáticas, as quais, por muito tempo, permitiu a exploração de classes mais pobres da sociedade.
Dentro dessa perspectiva, o autor aprofunda as concepções sociais e aborda a temática das ideologias jurídicas. A ideologia é definida como um conjunto de ideias de um determinado grupo social, que estabelece um padrão de comportamento e impressões sob a perspectiva desses pensamentos. Essas impressões são reproduzidas pela sociedade, de maneira massiva, de modo a impossibilitar o mínimo de senso crítico sobre os ideais defendidos. E é devido ao caráter massivo dessas ideias, durante a formação do saber do indivíduo, que se fortalecem os dogmas difundidos pelas classes dominantes, pois dificilmente são questionados.
Dentro desse conceito temos a subdivisão do conceito de ideologia em: ideologia como crença; como falsa consciência e como instituição. A ideologia como crença é definida por um conjunto de ideias pré-concebidas que são institucionalizadas na sociedade como um dogma, de tal forma que sua contestação passa a ser vista como um ato ilógico por se tratar de ideais “óbvios”. A ideologia como falsa consciência é tida como uma conveniência na adesão de uma perspectiva falsa para manutenção de privilégios de uma classe superior. Já a ideologia como instituição é tida como um fato social, ou seja, um conceito já enraizado na sociedade, que praticamente se torna um instrumento de adesão automática por imposição social.
Além disso, são classificados os modelos de ideologia jurídica. Basicamente, os modelos são oriundos de duas correntes distintas: o positivismo e o jusnaturalismo. Ao analisar as impressões jurídicas sob as duas perspectivas temos a constatação concreta do que foi abordado inicialmente na obra, sobre preceitos dogmáticos presentes nas sociedades e a necessidade de uma teoria crítica à ordem instituída para o avanço no processo do saber individual.
No positivismo temos a convicção de que a forma de obtenção do progresso na sociedade seria através da manutenção da ordem jurídica e do conhecimento científico. Já o jusnaturalismo defende o direito como um instrumento pré-existente e anterior ao homem. Esses conceitos anteriores e inalterados são superiores às leis do homem. 
O positivismo, por sua vez, pode-se dividir em legalista, que corresponde ao ideal constituído basicamente pela lei, superior a qualquer possível questionamento advindo de algum costume implementado na sociedade; o historicista diz respeito à origem histórica ou sociológica de determinado fundamento instituído socialmente; e o psicologista, que busca explicar as motivações do indivíduo a formular determinada concepção e difundir junto ao seu grupo social.
O jusnaturalismo também possui suas subdivisões. São elas o direito natural cosmológico, que diz respeito a conceitos pré-existentes que norteiam a forma de como o homem deve conduzir a sua vida e formar a sociedade; o direito teológico, que surge após a formação do Homem Antigo, aborda que a maneira como as coisas acontecem são determinadas primariamente por uma força divina e; o direito antropológico é o rompimento com o poder divino, ou seja, o homem torna-se o único responsável pela condução da sua vida e da sociedade, portanto, é titular de todos os direitos universais existentes.
Diante dessas teorias, o autor sugere que para que seja alcançado o progresso no conhecimento humano, é necessária a busca por uma teoria que permita o questionamento de ideologias apresentadas, que seja estimulado o pensamento crítico e evitar que o indivíduo seja refém novamente de pré-conceitos a fim de estabelecer o controle do que é direito, lei ou justiça dentro de uma sociedade.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
	
	Acerca do que foi abordado pelo autor em sua análise histórica e social acerca do que é o Direito, entendo como a principal questão a visão de que consiste num bem em si mesmo, ou seja, uma prerrogativa a ser defendida através de garantias e de lei de um ordenamento jurídico. 
	Para a identificação desse bem da vida é necessária a visão crítica sobre a estrutura social em que o indivíduo está inserido. É fato que os costumes e modos de vida instituídos na construção da sociedade são, posteriormente, conectados junto à estrutura de poder do Estado para a formulação das leis que a regularão. 
	Dessa forma, como os apontamentos abordados na obra acerca dos interesses das classes dominantes no dizer do que seria o Direito numa sociedade, a teoria crítica do Direito surge como um instrumento de rompimento com essa estrutura de poder quase que estamental. Com a conquista dos direitos sociais, a adoção do regime democrático e da promulgação da Constituição Cidadã, por exemplo, tivemos o rompimento com diversos preceitos oriundos do patriarcado e do patrimonialismo em prol da proteção da liberdade, igualdade e dignidade da pessoa humana.
	É a partir dessa postura que poderá dar-se continuidade ao processo de aprendizagem e a garantia da dinamicidade do Direito, pois trata-se de conjunto de procedimentos a serem realizados que permitirão a superação constante de preceitos anteriormentetidos como dogmáticos nas sociedades.

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