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VIGILÂNCIA E CONTROLE DE ZOONOSES, ARBOVIROSES E COMBATE A ANIMAIS PEÇONHENTOS MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS) CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE (CONASEMS) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) Brasília (DF) 2023 PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 24 MINISTÉRIO DA SAÚDE (MS) CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE (CONASEMS) UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL (UFRGS) Brasília (DF) 2023 PROGRAMA SAÚDE COM AGENTE E-BOOK 24 VIGILÂNCIA E CONTROLE DE ZOONOSES, ARBOVIROSES E COMBATE A ANIMAIS PEÇONHENTOS Catalogação na fonte – Coordenação-Geral de Documentação e Informação – Editora MS – OS 2023/0xxx 2023 Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Esta obra é disponibilizada nos termos da Licença Creative Commons – Atribuição – Não Comercial – Compartilhamento pela mesma licença 4.0 Internacional. É permitida a reprodução parcial ou total desta obra, desde que citada a fonte. A coleção institucional do Programa Saúde com Agente pode ser acessada, na íntegra, na Biblioteca Virtual em Saúde do Ministério da Saúde: http://bvsms.saude.gov.br Elaboração, distribuição e informações: MINISTÉRIO DA SAÚDE Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação na Saúde Departamento de Gestão da Educação na Saúde Coordenação - Geral de Ações Estratégicas de Educação na Saúde (CGAES) SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 4º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-3394 E-mail: sgtes@saude.gov.br Secretaria de Atenção Primária à Saúde Departamento de Saúde da Família Esplanada dos Ministérios Bloco G, 7º andar CEP: 70058-90 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315-9044/9096 E-mail: aps@saude.gov.br Secretaria de Vigilância em Saúde SRTVN 701, Via W5 Norte, lote D, Edifício PO 700, 7º andar CEP: 70719-040 – Brasília/DF Tel.: (61) 3315.3874 E-mail: svs@saude.gov.br CONSELHO NACIONAL DE SECRETARIAS MUNICIPAIS DE SAÚDE Esplanada dos Ministérios, Bloco G, Anexo B, Sala 144 Zona Cívico - Administrativo CEP: 70058-900 – Brasília/DF Tel.: (61) 3022-8900 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL Av. Paulo Gama, 110 - Bairro Farroupilha CEP: 90040-060 – Porto Alegre/RS Tel.: (51) 3308-6000 Coordenação - geral: Célia Regina Rodrigues Gil - MS Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Hishan Mohamad Hamida – Conasems Isabela Cardoso de Matos Pinto - MS Leandro Raizer – UFRGS Lívia Milena Barbosa de Deus e Méllo - MS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Supervisão - geral: Rubensmidt Ramos Riani Coordenação técnica e pedagógica: Carmen Lúcia Mottin Duro Cristina Crespo Diogo Pilger Fabiana Schneider Pires Valdívia Marçal Elaboração de texto: Débora Cristina Modesto Barbosa Revisão técnica: Alayne Larissa M. Pereira - SAPS/MS Andréa Fachel Leal – UFRGS Camila Mello dos Santos – UFRGS Carmen Lúcia Mottin Duro - UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Jéssica Rodrigues Machado - SAPS/MS José Braz Damas Padilha – SVS/MS Lanusa T. Gomes Ferreira – SGTES/MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patrícia da Silva Campos – Conasems Wendy Payane F. dos Santos - SAPS/MS Designer educacional: Alexandra Gusmão – Conasems Juliana Fortunato – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems Priscila Rondas – Conasems Colaboração: Fabiana Schneider Pires - UFRGS Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS Katia Wanessa Silva – SGTES/MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems Marcia Cristina Marques Pinheiro – Conasems Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Roberta Shirley A. de Oliveira – SGTES/MS Rosângela Treichel Saenz Surita – Conasems Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – Conasems Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno – Conasems Alexandre Itabayana – Conasems Bárbara Napoleão – Conasems Lucas Mendonça – Conasems Ygor Baeta Lourenço – Conasems Fotografias e ilustrações: Banco de Imagens do Conasems Freepik Revisão: Gehilde Reis Paula de Moura Normalização: Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI Valéria Gameleira da Mota – Editora MS/CGDI Brasil. Ministério da Saúde. Vigilância e controle de zoonoses, arboviroses, e combate a animais peçonhentos [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde, Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Sul. – Brasília: Ministério da Saúde, 2023. xx p. : il. – (Programa Saúde com Agente; E-book 24) Modo de acesso: World Wide Web: ISBN xxx-xx-xxx-xxxx-x 1. Agentes Comunitários de Saúde. 2. Doenças e Vetores. 3. Vigilância de zoonoses . I. Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde. II. Universidade Federal do Rio Grande do Sul. III. Título. CDU 614 Ficha Catalográfica Título para indexação: Healthcare agent workers' Fundamentals Tiragem: 1ª edição – 2023 – versão eletrônica Coordenação-geral: Cristiane Martins Pantaleão – Conasems Hishan Mohamad Hamida – Conasems Leandro Raizer – UFRGS Luciana Barcellos Teixeira – UFRGS Direção técnica: Isabela Cardoso de Matos Pinto - SGTES/MS Célia Regina Rodrigues Gil – DEGES/SGTES/MS Organização: Núcleo Pedagógico do Conasems Supervisão-geral: Rubensmidt Ramos Riani Coordenação técnica e pedagógica: Cristina Fatima dos Santos Crespo Valdívia França Marçal Elaboração de texto: Débora Cristina Modesto Barbosa Revisão técnica: Andréa Fachel Leal – UFRGS Diogo Pilger – UFRGS Érika Rodrigues De Almeida – SAPS/MS Fabiana Schneider Pires – UFRGS José Braz Damas Padilha – SVS/MS Michelle Leite da Silva – SAPS/MS Patrícia Campos – Conasems Designer educacional: Alexandra Gusmão – Conasems Juliana de Almeida Fortunato – Conasems Pollyanna Lucarelli – Conasems Priscila Rondas – Conasems Colaboração: Antonio Jorge de Souza Marques – Conasems Daniela Riva Knauth - UFRGS Josefa Maria de Jesus – SGTES/MS Katia Wanessa Silva – SGTES/MS Lanusa Terezinha Gomes Ferreira - CGAES/MS Marcela Alvarenga de Moraes – Conasems Marcia Cristina Marques Pinheiro – Conasems Rejane Teles Bastos – SGTES/MS Roberta Shirley A. de Oliveira – CGAES/MS Rosângela Treichel – Conasems Suellen da Silva Ferreira– SGTES/MS Assessoria executiva: Conexões Consultoria em Saúde LTDA Antonio Jorge de Souza Marques Coordenação de desenvolvimento gráfico: Cristina Perrone – Conasems Diagramação e projeto gráfico: Aidan Bruno – Conasems Alexandre Itabayana – Conasems Bárbara Napoleão – Conasems Lucas Mendonça – Conasems Ygor Baeta Lourenço – Conasems Fotografias e ilustrações: Biblioteca do Banco de Imagens do Conasems Imagens: Freepik, Brasil Escola e Wikipédia Revisão: Gehilde Reis Paula de Moura - Conasems Normalização: Luciana Cerqueira Brito – Editora MS/CGDI Este é o seu e-book da disciplina Vigilância e controle de zoonoses, arboviroses e combate a animais peçonhentos. Quando o assunto é doença, modo de transmissão, principais vetores e ações de prevenção e controle, a vigilância em saúde e as zoonoses ganham destaque, visto que surgem com a proposta de articular saberes, setores e conhecimento, para criar estratégias de vigilância, prevenção e controle de doenças e agravos de importância de Saúde Pública. É importante ressaltar que essas ações sendo desenvolvidas de forma articulada com outros setores e saberes proporcionam, além de um olhar ampliado para os problemas de saúde, estratégias mais assertivas para solução e antecipação de intervenções que reduzem problemas evitáveis. Estude este material com atenção e consulte-o sempre que necessário! Acompanhe também a aula interativa, a teleaula e realize as atividades propostas para assimilar as informações apresentadas. Bons estudos! BEM-VINDA (0)! LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ACE -Agente de Combate às Endemias ACS -Agente Comunitário de Saúde APS - Atenção Primária à Saúde LISTA DE FIGURAS 34 - Figura 1 - Ciclo de vida do Aedes aegypti 41 - Figura 2 - Aedes aegypti 44 - Figura 3 - Principais sintomas dos arbovírus: dengue,chikungunya e Zika 56 - Figura 4 - Ciclos epidemiológicos (silvestre e urbano) da febre amarela no Brasil 68 - Figura 5 - Ciclo epidemiológico e a transmissão do vírus da febre do Nilo Ocidental 69 - Figura 6 - Ciclo biológico do carrapato 77 - Figura 7 - Espécies de triatomíneos 81 - Figura 8 - Ciclo de transmissão vetorial da doença de Chagas 83 - Figura 9 - Ciclo de vida da Leishmania 84 - Figura 10 - Ciclos epidemiológicos de transmissão da raiva 83 - Figura 11 - Ciclo biológico do Toxoplasma gondii 84 - Figura 12 - Apresentações clínicas de esporotricose humana SUMÁRIO 7 20 49 67 85 88 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ECTOPARASITAS ATIVIDADES DAS UNIDADES DE VIGILÂNCIA DE ZOONOSES PARASITOSES: DOENÇA DE CHAGAS, LEISHMANIOSES, MALÁRIA, FILARIOSE LINFÁTICA ARBOVIROSES: DENGUE, ZIKA, CHIKUNGUNYA, FEBRE AMARELA, FEBRE DO NILO, FEBRE MAYARO E FEBRE OROPOUCHE CONTROLE DE POPULAÇÕES DE ANIMAIS DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA, VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE ZOONOSES RETROSPECTIVA REFERÊNCIAS BACTERIOSES E RIQUETSIOSES ANIMAIS PEÇONHENTOS 90 96 98 DOENÇAS TRANSMITIDAS POR VETORES E ECTOPARASITAS Que tal começarmos por resgatar alguns conceitos como agente etiológico, vetor e hospedeiro? O trabalho conjunto e complementar entre os Agentes de Combate às Endemias (ACE) e os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) “é estratégico e desejável para identificar e intervir, oportunamente, nos problemas de saúde-doença da comunidade, facilitar o acesso da população às ações e aos serviços de saúde e prevenir doenças”. Também, um dos fatores essenciais para conseguirmos atender às reais necessidades de saúde da população e, consequentemente, impactar os indicadores de saúde referentes às principais zoonoses que acometem a comunidade (BRASIL, 2019, p. 19). Integrar significa discutir as ações, considerando a realidade local, seu território e suas prioridades, tendo o compromisso com a saúde da população, para que se tenha um cuidado efetivo pautado na qualidade de vida. Que tal, começarmos por resgatar alguns conceitos como agente etiológico, vetor e hospedeiro? 8 O conhecimento epidemiológico sobre as doenças nos permite classificá-las e obter uma medida de sua importância, de seus impactos e da possibilidade de prevenção. O conhecimento da história natural de uma doença nos permite prevenir, tratar e entender toda a sua evolução, como também a importância de cada intervenção. O modo de transmissão é o elemento introdutório dessa discussão, visto que traz à tona a forma com que o agente infeccioso se transporta para o hospedeiro, ou seja, como ocorre o contágio, abrindo espaço para trabalharmos, quem são os agentes infecciosos e seus vetores; como se dá a interação; como é a distribuição e frequência da doença. Assim, passamos a ter condições de refletir sobre a nossa prática profissional, principalmente, naquilo que é referente às ações de prevenção e de controle. Está aí o nosso relevante objetivo com essa disciplina. Qual a importância de saber o modo de transmissão das doenças e o seu agente de transmissão? 9 Que tal começarmos falando sobre vetores? Você lembra o que são vetores? A Organização Mundial da Saúde tem ressaltado em suas publicações, a relevância das doenças transmitidas por vetores, já que essas doenças repercutem, de forma significativa, nas taxas de morbimortalidade e são problemas de saúde pública (BRASIL, 2021) 10 Vetores são seres vivos que possuem a capacidade de transportar organismos patogênicos (agente etiológico/ agente infeccioso de uma doença). Eles fazem a articulação entre o agente etiológico e o hospedeiro, produzindo a infecção de pessoas ou animais. No caso de zoonoses que apresentam grande disseminação no país, são criados programas específicos para auxiliar no manejo adequado de cada situação (vigilância de fatores de risco e controle de vetores). Vamos focar nosso conteúdo nessas ações, pois é neste cenário que você, Agente de Combate às Endemias (ACE), faz o mapeamento das áreas de risco, vigilância entomológica, vigilância epidemiológica, avaliação das ações realizadas, orientações e ações direcionadas ao controle dos vetores e dos riscos de contágio das doenças. A abordagem do conteúdo será separada por doença e / ou agravo e, consequentemente, pelos agentes infecciosos e vetores envolvidos. Então, apenas para relembrar: agente etiológico é considerado agente infeccioso responsável por causar doenças infecciosas com potencial de transmissão para outros seres vivos, da mesma espécie ou não, e o hospedeiro é uma pessoa ou animal vivo que em circunstâncias naturais, permite a subsistência e o alojamento de um agente infeccioso (BRASIL, 2021). 11 Ah, muitas vezes, quando realizamos essa discussão, sempre, pensamos numa relação em que: vírus, bactéria, parasito está dentro do vetor. Mas é importante ressaltarmos que podemos ter situações em que isso ocorre de forma diferente. Você lembra do conteúdo da aula de Noções de Microbiologia e Parasitologia do curso? Vamos resgatar alguns elementos sobre o parasitismo que vocês estudaram lá? 2 12 O parasitismo é a relação desarmônica entre espécies diferentes, sendo que um (parasito) se beneficia, e o outro é prejudicado (hospedeiro). Ele ocorre, basicamente, de duas formas: O parasito tem uma dependência do hospedeiro e fica alojado internamente a ele, como no caso de vermes e protozoários, e neste caso, é classificado como endoparasitas. 1 O parasito vive na parte externa, sobre o hospedeiro (na pele, no pelo), como o carrapato, a pulga, e neste caso são chamados de ectoparasitos (NEVES, 2016). Antes de prosseguir a leitura, tente se lembrar de alguns outros parasitos que você conhece e procure classificá-los como ectoparasitos ou endoparasitos. Todos esses parasitos que você pensou, apresentam a mesma gravidade na população humana? 13 As duas doenças têm maior frequência na infância, sendo de fácil transmissão, principalmente, pelo período de contato próximo e duradouro de crianças nas creches e escolas, podendo assim acometer várias pessoas da mesma família, ou instituição. Outro aspecto compartilhado pelas duas doenças é que, apesar de terem alta transmissibilidade, apresentam baixa letalidade e baixa taxa de complicações importantes. As duas principais ectoparasitoses são: Veremos que não. Temos duas ectoparasitoses que são importantes, por sua frequência na população, mas que não causam grandes complicações no ser humano. PEDICULOSE ESCABIOSE 14 Você consegue lembrar quais são? Agora que você já resgatou alguns conceitos, que tal conhecermos um pouco mais sobre a pediculose e a escabiose? No caso da pediculose da cabeça, comumente conhecida como piolho, a doença é causada pela infestação do couro cabeludo pelo parasito Pediculus humanus capitis (BRASIL, 2002). É uma doença mais frequente em meninas e, atualmente, atinge todos os grupos socioeconômicos, apesar de, historicamente, termos muitos relatos e dados atribuindo maior frequência em crianças de famílias socioeconômicas menos favorecidas. 15 O tamanho e a quantidade de cabelos estão relacionados com a infestação de piolhos, por isso a indicação de cortar o cabelo como medida de controle. A pediculose do couro cabeludo não está relacionada com o tamanho dos cabelos, mas sim com o diâmetro e o espaçamento entre os fios de cabelo, tendo preferência pelos mais espessos e os mais densamente implantados. Assim, ao contrário da falsa crença de que "quanto mais cabelos... mais piolhos", seria de interesse enfatizar que Pediculus humanus capitis é um habitante normal do couro cabeludo e não dos cabelos (NEVES, 2016). Apesar de encontrarmos a pediculose mais em meninas, vale a pena verificar se é mito ou verdade que: 16 Por serem ectoparasitas, os piolhos, conseguemsobreviver fora do couro cabeludo, por até, aproximadamente, 2 dias, pois apresentam uma dependência metabólica apenas parcial, mas não conseguem “voar” para outro hospedeiro. Sendo assim, sua transmissão ocorre, preferencialmente, pelo contato direto com os cabelos da pessoa infestada. Quer saber mais sobre o modo de transmissão? Acesse: BRASIL. Ministério da Saúde. Dermatologia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. (Série Cadernos de Atenção Básica; n. 09). Clique aqui ou escaneie o QR Code. O controle/tratamento da pediculose consiste basicamente em lavar os cabelos com shampoos e aplicação de loções específicas para pediculose, além de realizar a remoção total dos parasitos e seus ovos (lêndeas). Todas as pessoas de convívio frequente com a criança também devem ser examinadas e tratadas, se necessário (NEVES, 2016). Outro mito e verdade importante de ser discutido é: Se possível, massagear o cabelo com óleo/azeite antes de passar o pente fino. Isso imobilizará o parasito, fazendo com que a extração seja mais eficaz (NEVES, 2016). 17 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guiafinal9.pdf Agora que você estudou um pouco mais sobre pediculose, que tal assistir ao vídeo para saber mais sobre os cuidados para controlar a pediculose? Você sabe quais são os cuidados necessários para controlar a pediculose? Assista ao vídeo do Núcleo Telessaúde Estadual do Rio Grande do Sul intitulado: “Quer saber mais sobre Cuidados com a pediculose: o piolho”, disponível em: https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/13384/1/T elessauders_pediculose.mp4 Acesso em: 17 abr. 2023. O agente etiológico da escabiose é o ácaro Sarcoptes scabiei. É endêmico em países em desenvolvimento, por sua disseminação ter associação com pessoas de menor poder aquisitivo (maior aglomeração), condições sanitárias precárias e compartilhamento de objetos contaminados. O contágio ocorre, essencialmente, de duas formas: contato direto, íntimo e duradouro com pessoa infectada, ou contato duradouro, frequente e íntimo com objetos contaminados, como roupas, lençóis e toalhas compartilhados. Apesar do termo estar em desuso, devido às características pejorativas, a escabiose ainda é popularmente conhecida como sarna, e em algumas regiões do país como, pereba, curuba, pira e quibá. E a escabiose? O que é? 18 https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/13384/1/Telessauders_pediculose.mp4 https://ares.unasus.gov.br/acervo/html/ARES/13384/1/Telessauders_pediculose.mp4 A sarna que acomete gatos e cachorros não é a sarna humana. É importante saber que os ácaros que infestam animais domésticos, causando escabiose, podem também atingir o homem, mas o parasito não consegue completar seu ciclo de vida. Quer saber mais sobre o modo de transmissão? Acesse: BRASIL. Ministério da Saúde. Dermatologia na Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2002. (Série Cadernos de Atenção Básica; n. 09). Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/ guiafinal9.pdf . Acesso em: 17 abr. 2023. Manter a doença sob controle é o grande objetivo, pois assim evitam-se os surtos. Outro ponto importante é adotar medidas como: lavar as roupas de banho e de cama com água quente (pelo menos a 55°C); usar roupas, toalhas e lençóis individuais; cortar as unhas. A probabilidade de contágio das pessoas mais próximas (integrantes da família, creche e instituição) é grande, sendo importante a investigação e os tratamentos dos comunicantes também. O tratamento tanto da pediculose quanto da escabiose é feito através de medicações tópicas e orais. Não são doenças de notificação compulsória, mas pela alta contagiosidade, possibilitando surtos, é importante que a pessoa seja afastada das atividades, até iniciar o tratamento, assim como é fundamental que a população saiba dos cuidados necessários. Na sequência de nossa conversa, falaremos sobre as Arboviroses. 19 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guiafinal9.pdf https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guiafinal9.pdf ARBOVIROSES: DENGUE, ZIKA, CHIKUNGUNYA, FEBRE AMARELA, FEBRE DO NILO, FEBRE MAYARO E FEBRE OROPOUCHE Abordaremos sobre as principais arboviroses que são listadas como problemas de Saúde Pública no país e onde o(a) ACE, conjuntamente com o(a) ACS desenvolvem “atividades de promoção da saúde, de prevenção de doenças e agravos, em especial aqueles mais prevalentes no território, e de vigilância em saúde, por meio de visitas domiciliares regulares e de ações educativas individuais e coletivas”, sendo terreno comum para o ACE executar “ações de controle de doenças utilizando as medidas de controle químico, biológico, manejo ambiental e outras ações de manejo integrado de vetores”, quando necessário (BRASIL, 2017). Iniciaremos a discussão pelas arboviroses urbanas, que têm como vetor o mosquito Aedes aegypti, seguido das arboviroses de transmissão silvestre. Algumas arboviroses têm destaque nas discussões sobre doenças transmitidas por vetores, como dengue, Zika, chikungunya e febre amarela, devido a sua emergência e reemergência no país, e por serem problemas de saúde pública mundial. É importante ressaltar que as arboviroses apresentam algumas características em comum, como sintomatologia semelhante, mesmo vetor e formas de transmissão similares, mas também apresentam características distintas como grau de gravidade, letalidade e prevalência que precisam ser conhecidos, pois impactarão no manejo dos casos. Os serviços de saúde e profissionais nele atuantes precisam estar atentos a essas características, pois isso ajudará na adoção das medidas mais assertivas para a prevenção e o controle da doença. 21 As Arboviroses são doenças causadas por vírus transmitidos por artrópodes hematófagos, sendo que a maioria dos arbovírus de importância em saúde pública pertencem aos gêneros Flavivirus, Alphavirus ou Orthobunyavirus, que são transmitidos através da picada de insetos. De acordo com Brasil, 2017, destacam-se, neste cenário, como vírus neroinvasivos de maior interesse epidemiológico a: ● dengue, ● chikungunya ● Zika Você sabe o que são arboviroses? 22 Mas por que esses insetos são de importância para Saúde Pública? O Brasil, como país de extensão territorial importante, com presença de vegetação tropical e clima quente, além de apresentar cidades populosas, com aglomerados urbanos invadindo espaços rurais e área de mata, torna-se o local com as principais características para disseminação desses insetos. E esses insetos são os principais vetores de arboviroses de ciclo urbano (dengue, chikungunya e Zika) de alta prevalência, e risco para a população. A identificação do inseto vetor se faz necessária para que os programas de vigilância e controle das populações de insetos sejam realizados corretamente e de forma eficaz, assim como as orientações para prevenção e manejo ambiental. 23 Você sabe qual o mosquito de maior relevância nacional, que é responsável pela transmissão de importantes doenças urbanas, sendo uma dessas sem transmissão urbana há mais de 80 anos? ? Que tal ler a matéria divulgada no site do Ministério da Saúde? BRASIL. Ministério da Saúde. Brasil integra debate da OMS sobre iniciativa global de controle das arboviroses. Clique aqui ou escaneie o QR Code. O trabalho realizado pelo Ministério da Saúde do Brasil para prevenção e controle das arboviroses – dengue, Zika, chikungunya e febre amarela – ganhou destaque, em 2022, na reunião Global Integrated Arboviruses Initiative, promovida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Como muitas dessas arboviroses são causadas por um mesmo vetor transmissor, vamos fazer uma divisão por vetores transmissores, para que as ações de prevenção e controle possam ser abordadas conjuntamente, e as similaridades e diferenças serem evidenciadas. Se você pensou noAedes aegypti, acertou. 24 https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2022/marco/brasil-integra-debate-da-oms-sobre-iniciativa-global-de-controle-das-arboviroses O Aedes aegypti tem papel de destaque nas ações de saúde pública, visto que, comprovadamente, é o principal vetor de transmissão das arboviroses urbanas: dengue, chikungunya e Zika. Doenças essas de disseminação nacional (BRASIL, 2021). A febre amarela de ciclo urbano também é transmitida pelo Aedes aegypti, mas sua transmissão em meio urbano não ocorre desde 1942. O Aedes aegypti é um mosquito de disseminação nacional, que se desenvolve na água limpa e parada, em locais quentes como as regiões tropicais e subtropicais. O repasto sanguíneo das fêmeas, assim como a oviposição, ocorre quase sempre durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer (BRASIL, 2016). Aedes aegypti 25 Fonte: FIOCRUZ, 2019. É um mosquito essencialmente urbano cujo ciclo de vida é completo após as quatro fases: ovo, larva, pupa e adultos. Figura 1 - Ciclo de vida do Aedes aegypti 26 As arboviroses transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti constituem-se um dos principais problemas de saúde pública no mundo (BRASIL, 2021), sendo a dengue a arbovirose urbana de maior relevância nas Américas. “As infecções por arbovírus podem resultar em um amplo espectro de síndromes clínicas, desde doença febril branda até febres hemorrágicas e formas neuroinvasivas. Entretanto a maior parte das infecções humanas por arbovírus são assintomáticas ou oligossintomáticas (poucos e leves sintomas)” (BRASIL, 2017, p.7). É um mosquito de hábito hematófago, pertencente à ordem Diptera, subordem Nematocera, família Culicidae (BRASIL, 2016, p. 43). Agora que você sabe um pouco mais sobre o mosquito Aedes aegypti e sobre arboviroses, que tal aprofundarmos nas doenças: dengue, Zika, chikungunya? 27 A dengue é a arbovirose de destaque, não apenas no Brasil, mas nas Américas como um todo. Vem apresentando um crescimento exponencial nas últimas quatro décadas, proporcionando risco importante à população mundial, por isso é considerada um dos principais problemas de saúde pública mundial. Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgados em Brasil (2009, p. 11) estimam que cerca de “2,5 bilhões de pessoas (2/5 da população mundial) estão sob risco de contrair dengue e que ocorram anualmente cerca de 50 milhões de casos”. Outro dado alarmante é que deste total, “cerca de 550 mil necessitam de hospitalização e pelo menos 20 mil morrem em consequência da doença”. Dengue 28 Eles são conhecidos como: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4, sorotipos intimamente interligados e proporcionam imunidade vitalícia contra o sorotipo adquirido (homóloga), mas apenas imunidade parcial e temporária para outros sorotipos (heteróloga). No Brasil, temos uma ampla distribuição do Aedes aegypti em todas as regiões, com circulação simultânea, mais frequente de três sorotipos virais (DENV1, DENV2 e DENV3), onde o DENV2 é o que tem apresentado maior intensidade de circulação. É uma doença infecciosa cuja transmissão ocorre através da picada da fêmea do Aedes aegypti infectada com vírus da dengue (DENV), do gênero Flavivirus, pertencente à família Flaviviridae. É uma doença que acomete pessoas de todas as idades, mas os casos mais prevalentes são de adultos jovens (BRASIL, 2009). Você sabia que a dengue apresenta quatro sorotipos distintos? 29 Porque havendo a circulação de mais um sorotipo no país, a probabilidade da pessoa contrair mais de um sorotipo torna-se maior e Infecções subsequentes aumentam o risco do desenvolvimento de dengue grave e até morte. A dengue é uma doença febril aguda que pode oscilar de casos leves e assintomáticos a casos graves. De forma geral, apresenta curso de evolução benigna, mas pode causar óbito. Por que a presença do sorotipo DENV4 no Brasil é preocupante? 30 Outro ponto importante a salientar é que a principal forma de transmissão é a vetorial. Ela ocorre pela picada de fêmeas de Aedes aegypti infectadas, no ciclo humano-vetor-humano. Sendo assim, a transmissão da doença ocorre através da picada da fêmea do mosquito vetor em uma pessoa sadia. A fêmea do Aedes aegypti adquire o vírus, através da picada a uma pessoa doente, e uma vez infectado, esse vetor continua a transmitir a doença durante toda a sua vida. O Aedes aegypti adulto, principal transmissor da dengue, da chikungunya e da febre amarela urbana, é escuro, com faixas brancas nas bases dos segmentos tarsais e com um desenho em forma de lira no mesonoto. Figura 2 - Aedes aegypti Fonte: https://www.freepik.com 31 Colocar de forma mais atrativa a caixa de texto Mosquito da dengue dentro da imagem essa caixa azul não combina MOSQUITO DA DENGUE MOSQUITO ADULTO LARVA OVOS PUPA feito https://www.freepik.com Seus ovos são depositados pela fêmea, nas paredes internas dos depósitos que servem como criadouros. O repasto sanguíneo das fêmeas, assim como a oviposição, ocorre quase sempre durante o dia, nas primeiras horas da manhã e ao anoitecer. A fêmea grávida é atraída por recipientes escuros ou sombreados, com superfície áspera, nos quais deposita os ovos – ela distribui cada postura em vários recipientes. 32 Casos de dengue no Brasil cresceram 43,9% em 2022, segundo Ministério da Saúde. Cláudia Codeço, coordenadora do InfoDengue da Fiocruz, diz que o avanço dos casos pode ter sido efeito da redução de ações preventivas durante a pandemia de covid-19 e do período chuvoso neste início de 2022. E como está a frequência da dengue após a pandemia? 2022 Focando nos dados mais recentes do Brasil, nas primeiras Semanas Epidemiológicas de 2022, percebe-se uma taxa de incidência de pouco mais de 40 casos por 100 mil/hab., o que configura um aumento de mais de 40% de casos, quando comparado com 2021 (BRASIL, 2022). 33 O diagnóstico pode ser atrasado, pois como as pessoas infectadas com dengue podem apresentar sinais clínicos semelhantes a outras arboviroses, os profissionais de saúde podem apresentar dificuldades na suspeita inicial e, consequentemente, na adoção adequada do manejo clínico. Isso pode predispor à ocorrência de formas graves da doença, e de forma mais esporádica, óbitos. Na figura 3, é possível fazer essa comparação. Fonte: FIOCRUZ, 2015 Figura 3 - Principais sintomas dos arbovírus: dengue, chikungunya e Zika. 34 Fonte: BRASIL, 2021. Outro ponto comum entre a dengue, Chikungunya e Zika é que essas arboviroses podem ser transmitidas ao homem por via vetorial, vertical e transfusional, sendo a frequência de cada via diferente entre eles, conforme podemos ver no quadro 1. Dengue (DENV) Chikungunya (CHIK) Zika (ZIKV) VETORIAL Mais frequente Mais frequente Mais frequente VERTICAL Raros Gestantes virêmicas podem provocar infecção neonatal grave (raro se <22ª semana gestacional) Pode ocorrer durante a gestação, causando malformação fetal e aborto TRANSFUSIONAL Raros Raros Quadro 1 - Descrição da transmissão das arboviroses dengue, chikungunya e Zika, segundo via vetorial, vertical e transfusional. A grande preocupação não está apenas no aumento da prevalência da doença, mas também na magnitude e no grau de letalidade dos casos de febre hemorrágica da dengue, assim como na possibilidade de contágio de outras doenças que têm o mesmo vetor como transmissor. Com o aumento dos períodos chuvosos, o problema se agrava muito, pois há um aumento na probabilidade de epidemias, visto que, uma boa parte dos fatores que contribuem para a ocorrência desse agravo é produzida pelo homem no ambiente urbano: os criadouros. Como comentado, o cenário torna-se propício para a disseminação de outras doenças urbanas que têm o mesmo vetor, a fêmea dos mosquitos Aedes aegypti: Zika e chikungunya. 35 A febre chikungunya é causadapelo vírus chikungunya (CHIKV), pertencente ao gênero Alphavirus, da família Togaviridae, transmitido ao ser humano através da picada da fêmea do mosquito do Aedes aegypti. Ele possui quatro genótipos: 1. Oeste Africano, 2. Oceano Índico (IOL), 3. Leste-Centro-Sul Africano (ECSA), 4. Asiático. Agora que você já leu sobre a principal arbovirose circulante no país, que tal conhecermos um pouco sobre a febre chikungunya e a Zika? Elas são as outras duas arboviroses transmitidas pelo mosquito do Aedes aegypti. Chikungunya 36 Ela possui três fases de evolução: febril ou aguda, pós-aguda e crônica com sintomatologia muito semelhante à da dengue. A sua principal manifestação clínica, que a difere das outras arboviroses, são as fortes dores nas articulações (artralgias), que em mais de 50% dos casos, tornam-se crônicas, podendo persistir por anos e até mesmo causando incapacidades, influenciando assim na redução da produtividade e da qualidade de vida (BRASIL, 2021). No Brasil, são encontrados apenas os dois últimos genótipos (BRASIL, 2021). A doença apresenta baixa letalidade, mas alta taxa de ataque (75%-95%), o que pode provocar epidemias, devido à densidade do vetor, presença de indivíduos susceptíveis e intensa circulação de pessoas em áreas endêmicas (BRASIL, 2021). Os primeiros casos confirmados no Brasil foram encontrados nos estados do Amapá e da Bahia e datam de 2014. Atualmente, é uma doença disseminada em todo o país (BRASIL, 2017). 37 Por isso o nome chikungunya, que em Makonde significa “aqueles que se dobram”, descrevendo a aparência encurvada de pessoas que sofrem com a artralgia característica da doença (BRASIL, 2017). Quanto à suscetibilidade e imunidade desenvolvida para o vírus Chikungunya (CHIKV), acredita-se que também seja duradoura e protetora contra novas infecções, mesmo que produzidas por diferentes genótipos desse vírus. A Zika é causada pelo vírus Zika (ZIKV) do gênero Flavivírus, pertencente à família Flaviviridae. Ela é transmitida ao ser humano através da fêmea do mosquito do Aedes aegypti. São conhecidas duas linhagens do vírus: uma africana e outra asiática, que podem ser transmitidas pelas vias já descritas, vetorial, vertical e pós-transfusional, mas também pela via sexual (BRASIL, 2021). É considerada uma arbovirose de manifestações clínicas leves e autolimitadas, sendo que 50% dos indivíduos infectados que apresentam sintomatologia: manifestam exantema pruriginoso, como queixa principal e, em alguns casos, artralgia, mas com menor intensidade que a apresentada nos casos de chikungunya (BRASIL, 2021). Devido ao seu potencial teratogênico, ganhou repercussão nacional ao estar associada a casos graves de malformações congênitas (casos de microcefalia entre recém-nascidos), que inicialmente estavam restritos à região Nordeste (em 2015), mas depois foram disseminados para todo o país (BRASIL, 2017). Essa disseminação do ZIKV tem sido associada a um aumento da incidência de manifestações neurológicas graves. Zika 38 Não há evidências científicas que permitam assegurar o tempo de duração da imunidade conferida às pessoas infectadas pelos vírus Zika. Acesse o material complementar e leia mais informações sobre a Zika. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 39 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=2 A Febre amarela é uma doença viral aguda, de elevada letalidade nas suas formas graves, tornando-se uma zoonose de grande importância nacional. Graças a medidas eficazes como a vacinação (imunoprevenível), o último registro de um caso de febre amarela urbana no Brasil, data de 1942. Seu agente etiológico, o vírus da febre amarela, é um arbovírus do gênero Flavivírus, da família Flaviviridae que é transmitido por artrópodes (vetores) da família Culicidae ao ser humano. Você conhece alguma outra doença cujo vetor é o mosquito do gênero Aedes aegypti, mas que atualmente só há a transmissão silvestre ativa? Febre Amarela 40 Acesse esse material complementar e veja mais sobre a doença endêmica no Brasil. Clique aqui ou escaneie o QR para fazer download. Nas Américas, temos dois ciclos de transmissão: “o urbano, no qual o vírus é transmitido pelo Aedes aegypti ao homem, que é o hospedeiro principal, sendo uma transmissão homem/mosquito/homem, e o silvestre, em que o vírus circula entre mosquitos silvestres (Haemagogus janthinomys e Haemagogus leucocelaenus) e primatas não humanos” (BRASIL, 2001), sendo o homem um hospedeiro acidental. A infecção do mosquito ocorre quando este pica um macaco ou um ser humano infectado como apresentado na figura 4. Fonte: BRASIL, 2020 Figura 4 - Ciclos epidemiológicos (silvestre e urbano) da febre amarela no Brasil 41 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=12 Você sabe qual outro mosquito atua como vetor de arbovírus? O pernilongo. A febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma infecção viral aguda, causada por um arbovírus, membro da família Flaviviridae, mais especificamente do gênero Flavivírus, o mesmo gênero dos vírus da dengue, da febre amarela e da Zika. Ela tem como vetor, principalmente, os mosquitos gênero Culex (pernilongo), apesar de existirem outros gêneros também infectados. O culex é um vetor de grande densidade nacional, potencializando assim o contágio e transmissão em âmbito nacional. Febre de Nilo 42 A Febre do Nilo Ocidental apresenta várias linhagens. • a linhagem 1 é subdividida em três sublinhagens, incluindo a sublinhagem 1ª, abrangendo os isolados africanos, europeus e do Oriente Médio; • a sublinhagem 1b compreende cepas da Australásia; • a sublinhagem 1c, também conhecida como linhagem 5, compreende isolados de vírus da Índia” (BRASIL, 2021, p. 653). Apenas os vírus das linhagens 1 e 2 foram associados a surtos significativos em humanos. Essa febre é uma arbovirose que apresenta a maioria dos casos com sintomas leves de febre passageira, até casos mais graves com sinais de acometimento do sistema nervoso central (SNC) ou periférico. Os casos graves são mais frequentes em pessoas com mais de 50 anos. 43 A transmissão para o ser humano ocorre pela picada do mosquito infectado pelo repasto sanguíneo em aves infectadas conforme figura 4. Figura 5 – Ciclo epidemiológico e a transmissão do vírus da febre do Nilo Ocidental Fonte: BRASIL, 2021 O ciclo de transmissão do vírus na natureza envolve aves silvestres e mosquitos, sendo que o VNO pode infectar humanos, equinos, primatas, outros mamíferos, apesar de algumas espécies de aves atuarem como reservatórios e amplificadores do vírus. O ser humano e os equídeos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, pois, uma vez infectados, devido a viremia de curta duração e baixa intensidade, não conseguem infectar os mosquitos. 44 O Culex apresenta ciclo de vida semelhante ao do Aedes aegypti: ovo, larva, pupa e adultos, com a diferença que, para haver desenvolvimento da larva, o criadouro deve ter grande quantidade de material orgânico. Ou seja, encontra-se larvas de culex em reservatórios poluídos, com água barrenta e em esgotos (BRASIL, 2016). São as fêmeas do culex que transmitem a doença, ocorrendo a infecção, obrigatoriamente, à noite, preferencialmente, durante o repouso ou ao anoitecer (BRASIL, 2016). São medidas de proteção: uso de repelentes, uso de tela em janelas, redução dos criadouros, melhoria de saneamento básico, controle químico e biológico dos criadouros que não possam ser descartados. Outras doenças causadas por arbovírus, mas em sua forma silvestre, são a febre do Mayaro e a febre Oropuche. 45 A Febre do Mayaro é uma arbovirose infecciosa febril aguda, transmitida por mosquitos silvestres, principalmente, do gênero Haemagogus(Haemagogus janthinomys) que são mosquitos que apresentam hábitos estritamente diurnos e vivem nas copas das árvores. (BRASIL, 2021). Seu agente etiológico é o vírus Mayaro (MAYV), da família Togaviridae, gênero Alphavirus. Seu ciclo epidemiológico é semelhante ao da Febre Amarela Silvestre, sendo os primatas os principais hospedeiros do vírus. O homem é considerado um hospedeiro acidental. Estudos têm demonstrado que outros gêneros de mosquitos podem participar do ciclo de manutenção do vírus na natureza: como Culex, Sabethes, Psorophora, Coquillettidia e Aedes. E que outros hospedeiros vertebrados como pássaros, marsupiais, xenartras (preguiças, tamanduás e tatus) e roedores, podem atuar como amplificadores na manutenção do vírus em seu ambiente natural (BRASIL, 2022). É uma arbovirose que cursa geralmente para quadros clínicos benignos, sendo endêmica na região Amazônica (região Norte e Centro-Oeste), em áreas de mata, rural ou silvestre. Já a Febre do Oropouche é uma arbovirose, causa febre, cefaléia seguida de mialgia, e pode evoluir, raramente, para meningite. Os sintomas duram poucos dias, mas podem ocorrer recaídas. Febre do Mayoro e Febre do Oropouche 46 O vírus Oropouche (VORO) é transmitido principalmente pelo mosquito da espécie Culicoides paraensis (borrachudo, maruim ou pólvora), mas também já foi identificado na espécie Culex quinquefasciatus (muriçoca ou pernilongo). Acomete principalmente as pessoas residentes na região Amazônia, sendo as principais epidemias registradas nos estados do Pará, Acre, Maranhão, Tocantins e de Rondônia. Os casos mais recentes de notificação datam de 2017. Tanto a Febre do Mayaro, quanto a Febre do Oropouche não são contagiosas, ocorrendo a transmissão apenas pela picada de mosquitos infectados com os respectivos vírus. 47 Texto errado correto é: O vírus Oropouche (VORO) é transmitido principalmente pelo mosquito da espécie Culicoides paraensis (borrachudo, maruim ou pólvora), mas também já foi identificado na espécie Culex quinquefasciatus (muriçoca ou pernilongo). Acomete principalmente as pessoas residentes na região Amazônia, sendo as principais epidemias registradas nos estados do Pará, Acre, Maranhão, Tocantins e de Rondônia. Os casos mais recentes de notificação datam de 2017. Tanto a Febre do Mayaro, quanto a Febre do Oropouche não são contagiosas, ocorrendo a transmissão apenas pela picada de mosquitos infectados com os respectivos vírus. feito A febre do Mayaro e a Febre do Oropouche compõem a lista nacional de doenças de notificação compulsória imediata, conforme Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de setembro de 2017 (BRASIL, 2017). Como não há vacina para imunoprevenir as arboviroses Mayaro e Oropouche, e o seu ciclo silvestre não é possível de ser eliminado, as medidas de prevenção consistem em: evitar o contato com áreas de ocorrência e/ou minimizar a exposição à picada do vetor, seja evitando a exposição em áreas de mata, durante o período de maior atividade do mosquito transmissor da doença; usar roupas compridas e repelentes para ajudar a evitar contato com o vetor silvestre e diminuir o risco de infecção; usar de cortinas, mosquiteiros, principalmente em área rural e silvestre e, principalmente, se possível, evitando a exposição em área afetada (com transmissão ativa) (BRASIL, 2022). 48 BACTERIOSES E RIQUETSIOSES Agora vamos tratar das seguintes zoonoses: Febre Maculosa, Doença de Lyme, Peste, Hantavirose e Leptospirose. 50 Olá, Bia! Vi, sim! Ontem, percebi que além das capivaras e gambás que já ficam ali, agora estão com três cavalos, e segundo eles é para ajudar na locomoção do material reciclável que coletam. Olá, Camila, bom dia! Que bom encontrá-la aqui! Você viu a quantidade de hospedeiros amplificadores que estamos tendo na comunidade? Então, não bastasse a quantidade de entulho, resto de comida e materiais que acumulam nos terrenos, agora teremos que rever nossas orientações, com a chegada desses “novos moradores”. Precisamos efetivar o manejo ambiental. 51 Temos algumas zoonoses, como a peste, leptospirose, febre maculosa brasileira, hantavirose, febre amarela, e febre do Nilo Ocidental, que ganharam repercussão brasileira, por serem zoonoses monitoras por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde. São doenças de notoriedade, pelo seu potencial. Quando avaliamos, especificamente, as riquetsioses, entendemos que são zoonoses, causadas por bactérias da Família Rickettsiaceae, gêneros Rickettsia. Pensando no ser humano como hospedeiro, as bactérias do gênero Rickettsia são os únicos agentes etiológicos, transmitidos por carrapatos. Os carrapatos, principalmente da classe Arachnida, têm como hospedeiro diversas espécies de anfíbios, répteis, aves e mamíferos, sendo divididos em três famílias: Ixodidae, Argasidae e Nuttallielidae. 52 É importante ressaltar que, uma vez infectado, o carrapato permanecerá assim por toda a sua vida. Não ocorre transmissão inter-humana e é incomum a transmissão materno-fetal, sendo o tempo de aderência das ninfas do carrapato importante para a transmissão da doença. Outro ponto importante é participação de animais como: cães, equídeos (cavalos), roedores (capivara) e marsupiais (gambá), como hospedeiros amplificadores para que o carrapato tenha contato com o homem em seu peridomicílio. As enfermidades transmitidas por carrapatos têm um caráter zoonótico. O ser humano é um hospedeiro acidental, ou seja, a manutenção da circulação desses agentes patogênicos não depende do ser humano para existir. A distribuição é sazonal, tanto dos carrapatos vetores quanto dos hospedeiros vertebrados e dependem também do comportamento humano que pode aumentar o risco de contato com carrapatos infectados. Os Carrapatos possuem mecanismos de perfuração e penetração da pele que auxiliam na sua permanência extracorpórea por períodos significativos, tornando-se vetores importantes para transmissão de diversos patógenos a seres humanos e a outros animais. Os carrapatos são artrópodes ectoparasitas hematófagos, que transmitem elevado número de agentes etiológicos relacionados a zoonoses, afetando a saúde do homem, bem como dos animais domésticos e silvestres (BRASIL, 2022). Ocupa a segunda colocação entre os vetores transmissores de doenças, perdendo apenas para mosquito/inseto. 53 O que é um hospedeiro/reservatório amplificador? É um animal no qual as alterações associadas, temporariamente, nas dinâmicas da população, que determinam um crescimento súbito do tamanho da população hospedeira, podem bruscamente aumentar a quantidade do agente infeccioso. 54 Você sabia que depois dos insetos (dípteros), são os carrapatos que apresentam maior importância como vetores de doenças humanas? Vamos conhecer um pouco mais sobre a Febre Maculosa Brasileira (Rickettsia rickettsii) que é considerada a riquetsiose mais prevalente e reconhecida no país. É uma doença infecciosa febril aguda, que apesar de ocorrer de forma esporádica, apresenta alta letalidade (próximo a 50%). Sua transmissão concentra-se nas regiões Sul e Sudeste, tanto em áreas urbanas quanto rurais (BRASIL, 2022). É transmitida pela picada do carrapato infectado, principalmente, pelo “carrapato estrela” (“carrapato de cavalo” ou “rodoleiro”) do gênero Amblyomma (A. cajennense, A. aureolatum e A. ovalee), acomentendo, majoritariamente, homens entre 20 a 49 anos, com histórico recente de exposição a carrapatos e/ou contato com áreas e animais amplificadores/transportadores de carrapatos, ou seja, áreas de mata, rios, cachoeiras, com presença de equídeos, roedores e marsupiais. Uma vez infectado, o carrapato poderá transmitir a doença durante sua vida (18 – 36 meses). Além da Rickettsia rickettsii, a febre maculosa pode ser adquirida pela Rickettsiaparkeri, que na cepa Mata Atlântica caracteriza-se por uma doença com manifestações clínicas mais brandas (sem relato de óbitos). Febre Maculosa 55 O hospedeiro adquire imunidade, possivelmente, duradoura contra reinfecção, após infectado. Para que ocorra a transmissão da doença, é preciso que o carrapato infectado permaneça entre 4 a 6 horas no ser humano. Os meses de maior atenção são os meses entre abril e outubro, referentes ao período de aumentos das atividades dos carrapatos (larval e ninfa), destacando-se o mês de outubro como de maior incidência. O ciclo biológico do carrapato é apresentado abaixo. Fonte: USP. UNIVESP, s.d. Figura 6. Ciclo biológico do carrapato 56 Os sintomas são inespecíficos, podendo ser confundidos com outras doenças: febre elevada, dor de cabeça, dor no corpo, mal-estar generalizado, náuseas e vômitos. 57 O tratamento é através de antibioticoterapia. Área de transmissão Área de risco Área predisposta Área de alerta segundo ensaio soroepidemiológico e com validade preestabelecida. Para melhor manejo dos casos e vetores/hospedeiros, é importante realizar uma análise de risco, realizando a classificação das áreas infestadas (aquelas nas quais a investigação de foco de carrapato tenham identificado carrapatos do gênero Amblyomma) em: Para saber mais sobre a Febre Maculosa, acesse: BRASIL. Ministério da Saúde. Febre maculosa: aspectos epidemiológicos, clínicos e ambientais. Brasília: Ministério da Saúde, 2022. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 58 https://www.gov.br/saude/pt-br/centrais-de-conteudo/publicacoes/publicacoes-svs/febre-maculosa/febre-maculosa-aspactos-epidemiologicos-clinicos-e-ambientais.pdf Em contrapartida, em zonas mais temperadas do hemisfério Norte, é a doença transmitida por carrapatos mais frequente, com dezenas de milhares de casos reportados anualmente (BRASIL, 2022). A doença é causada por espiroquetas do complexo Borrelia burgdorferi, tendo como manifestações clínicas a febre alta inicial, seguida por uma série de recidivas. Tanto a Febre Maculosa Brasileira, quanto a Doença de Lyme, por serem doenças transmitidas pelo carrapato, apresentam risco aumentado de infecção em humanos. Há bactérias de outras ordens, que não a Rickettsiales, que também são transmitidas por carrapatos. Entre elas destacam-se as borrelioses, especialmente a doença de Lyme. A doença de Lyme é também transmitida por carrapatos. As ninfas do carrapato devem ficar aderidas à pele do hospedeiro, por pelo menos 24 horas, para que haja a transmissão. É uma doença de baixa incidência no Brasil, tendo-se registro de casos isolados em estados como São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Norte e Amazonas. Após conhecer um pouco mais sobre a Febre Maculosa Brasileira e a Doença de Lyme, veja quais são as medidas de manejo e controle mais adequadas? Clique aqui ou escaneie o QR Code. Doença de Lyme 59 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=14 Roedores são mamíferos pertencentes à ordem Rodentia, com grande capacidade de adaptação e sobrevivência em situações adversas de clima e altitudes (sinantrópico). Das três espécies consideradas sinantrópicas, apenas a ratazana possui maior relevância para a saúde pública. As três espécies de ratos urbanos são Rattus norvegicus (ratazana ou rato de esgoto), Rattus rattus (rato de telhado ou rato preto) e Mus musculus (camundongo). Tanto a Hantavirose quanto a leptospirose são doenças que têm o roedor como seu principal vetor, mas no caso da Hantavirose o vetor é o rato silvestre e da lepstospirose animais sinantrópicos, domésticos e selvagens. Para falarmos das próximas zoonoses, é importante falar dos roedores, pois ganharão notoriedade, por atuarem como vetor e/ou reservatório nas doenças que trataremos a seguir: Hantavirose, Leptospirose e Peste. Hantavirose e Leptospirose 60 O agente etiológico da Hantavirose é o vírus RNA, pertencente à família Bunyaviridae, gênero Hantavirus, transmitido ao ser humano através de mamíferos, principalmente, roedores silvestres. Os marsupiais e morcegos, também, podem ser vetores, em menor escala. É uma doença que oscila de febril aguda a quadros pulmonares e cardiovasculares mais graves, com alta letalidade (40%). Acomete mais homens, com idade de 20-39 anos, residentes/trabalhadores da zona rural, principalmente, das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do país. Como a transmissão ocorre, majoritariamente, pela inalação de aerossóis, originados de secreções dos roedores silvestres infectados (fezes, urina, saliva), é fundamental a identificação rápida, para evitar surtos, devido à facilidade de contágio. A transmissão percutânea, por mucosa e de pessoa a pessoa, pode ocorrer de forma mais eventual. As cepas patogênicas das hantaviroses se dividem em do “Velho Mundo” (Europa e Ásia – FHSR - Febre Hemorrágica com Síndrome Renal) e do “Novo Mundo” (Américas – SCPH). No Brasil, temos sete variantes associadas a casos da Síndrome Cardiopulmonar Por Hantavírus - SCPH (Araraquara, Juquitiba/ Araucária, Castelo dos Sonhos, Anajatuba, Laguna Negra, Paranoá e Rio Mamoré), sendo essas variantes disseminadas por roedores de espécies distintas, presentes em regiões específicas do país. 61 São eles: Roedores silvestres Necromys lasiurus transmitem a variante Araraquara, mais frequente no Cerrado e Caatinga. Roedores Oligoryzomys nigripes, reservatório do vírus Juquitiba, presente nas áreas de Mata Atlântica. Oligoryzomys utiaritensis, identificado como reservatório da variante Castelo dos Sonhos, e Calomys callidus, que alberga a variante Laguna Negra, ambas detectadas em uma área de transição entre Cerrado e Floresta Amazônica. O roedor Oligoryzomys microtis foi capturado na Floresta Amazônica albergando a variante Rio Mamoré, e Holochilus sciurus, no estado do Maranhão, como reservatórios das variantes Anajatuba e Rio Mamoé (BRASIL, 2021, p. 940). 62 ● redução de fontes de abrigo e de alimentação de roedores, redução ao máximo de todos os resíduos que possam servir de proteção e abrigo para os roedores no peridomicílio; ● eliminação de todas as fontes de alimentação internas e externas às habitações; ● impedimento do acesso dos roedores às casas e aos locais de armazenamento de grãos (BRASIL, 2013). Para prevenção da doença e controle dos vetores, é fundamental a adoção de medidas como: Quando paramos para avaliar os fatores ambientais que estão associados com o aumento no registro de casos de hantavirose, é possível listar, principalmente, o aumento do desmatamento desordenado associado à expansão das cidades para áreas rurais. O aumento de áreas destinadas para plantio também está associado ao de grande plantio. 63 Evitar o contato da população com reservatório e realizar o controle do reservatório, através de estratégias como saneamento e melhoria nas condições de moradia, tornando as habitações e os locais de trabalho impróprios à instalação e à proliferação de roedores (antirratização), com terrenos limpos, destino adequado a entulhos, alimentos devidamente estocados/fechados. Essas ações podem ser associadas às desratizações focais (no domicílio e/ou no peridomicílio), quando extremamente necessário. A utilização de produtos à base de compostos fenólicos, solução de hipoclorito de sódio a 2,5%, lisofórmio, detergentes e álcool etílico a 70%, ajudam na eliminação do vírus no ambiente. Veja mais informações no material complementar sobre a doença leptospirose. Clique aqui ou escaneie o QR Code. Seguindo as orientações repassadas pelo Guia de Vigilância em Saúde (2021), são medidas de prevenção e controle para Hantavirose: 64 qr code padronizado https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=18As pulgas são os vetores biológicos da peste bubônica e pertencem à ordem Siphonaptera. Os machos e as fêmeas são hematófagos, e possuem aparelho bucal do tipo picador-sugador, parasitando 94% mamíferos, 6% aves e 74% os roedores são os seus hospedeiros preferenciais. As pulgas são os vetores biológicos da peste bubônica e pertencem à ordem Siphonaptera. Os machos e as fêmeas são hematófagos, e possuem aparelho bucal do tipo picador-sugador, o artrópode ingere o sangue do hospedeiro bacterêmico e o bacilo multiplica-se no seu estômago, preenchendo a parte anterior do canal intestinal, o proventrículo, determinando o fenômeno de “bloqueio” (BRASIL, 2016). As pulgas “bloqueadas” são as que possuem maior capacidade de infectar, principalmente pela regurgitação que provocam ao tentarem se alimentar, infectando o hospedeiro. Os gêneros que apresentam maior relevância no Brasil, são: Pulex, Xenopsylla, Ctenocephalides, Polygenis, Craneopsylla, Tunga e Adoratopsylla (BRASIL, 2016). Peste 65 Veja mais informações no material complementar sobre a Peste. Clique aqui ou escaneie o QR Code. A peste é uma doença infecciosa aguda, causada pela bactéria Yersinia pestis, que é transmitida, principalmente, pela picada de pulga infectada a um mamífero, podendo se manifestar em três formas clínicas: bubônica, septicêmica e pneumônica. Na peste bubônica, a transmissão ocorre pela picada de pulgas infectadas e concentra-se em regiões específicas do Nordeste e do Rio de Janeiro. É uma doença de alta letalidade e tem o homem como hospedeiro acidental, sendo infectado ao invadir áreas com presença de roedores reservatório. 66 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=24 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=24 Parasitoses: Doença de Chagas, Leishmanioses, Malária, Filariose Linfática A doença de Chagas, também, conhecida como tripanossomiase americana, é uma doença parasitária, causada pelo Trypanosoma cruzi, protozoário flagelado da ordem Kinetoplastida, família Trypanosomatidae e transmitido ao homem através do inseto da subfamília Triatominae (Hemiptera, Reduviidae), popularmente conhecidos como: barbeiro, chupão, procoto ou bicudo (BRASIL, 2021). No Brasil, os três gêneros mais frequentes estão apresentados na figura 7. Fonte: MEIS; CASTRO, 2017 Figura 7 - Espécies de triatomíneos Doença de Chagas 68 Algumas dessas espécies são de importância regionaL, como Triatoma rubrovaria (Rio Grande do Sul), Rhodnius neglectus (Goiás), Triatoma vitticeps (Minas Gerais, Rio de Janeiro e Espírito Santo), Panstrongylus lutzi (Ceará e Pernambuco), Rhodnius nasutus (Ceará e Rio Grande do Norte) e Triatoma maculata (Amapá) (BRASIL, 2021, p. 772). A Doença de Chagas é considerada uma doença tropical negligenciada, de expressiva morbimortalidade, sua transmissão ocorre principalmente pela via vetorial, em que as fezes do barbeiro, que defeca após o repasto, entram na corrente sanguínea, após o indivíduo “coçar” a lesão da picada como pode ser visto na figura 8. Você sabe quais são as outras formas de transmissão além da vetorial? As outras formas de transmissão são vertical, oral e transfusional. Fonte: BRASIL, 2021, p. 774 Figura 8 - Ciclo de transmissão vetorial da doença de Chagas 69 Uma vez infectado pelo Trypanosoma cruzi, o ser humano albergará o parasito por toda a vida, podendo a doença manifestar-se clinicamente em duas fases distintas: a aguda (aparente ou não) e a crônica (indeterminada, cardíaca, digestiva ou cardiodigestiva). A transmissão pessoa/pessoa só ocorre através do sangue (transfusão ou placenta) (BRASIL, 2021). A fase aguda caracteriza-se basicamente por quadro de febre, mal estar, edema e falta de apetite, sendo o sinal de Romaña (edema bipalpebral unilateral, de coloração róseo-violácea) importante para suspeita diagnóstica. Mas, frequentemente, pode ser uma fase assintomática. A fase crônica pode também apresentar-se assintomática, mas os casos comprometem, principalmente, o coração e o aparelho digestivo, em que a cardiopatia chagásica crônica (CCC), que é a principal manifestação de morbimortalidade da doença, tem prevalência de 10% a 40% (BRASIL, 2021). ASSISTA AO VÍDEO Quer saber mais sobre as fases aguda e crônica da Doença de Chagas? Assista ao vídeo: TORRES, Rosália Morais. As fases aguda e crônica da doença de Chagas. Belo Horizonte: Nescon/UFMG. Disponível em: https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/REA/doenca_chagas/a s%20fases%20aguda%20e%20cronica%20da%20doen%C3%A7a%20de%20chagas_1 080p.mp4. Acesso em: 18 abr. 2023. 70 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/REA/doenca_chagas/as%20fases%20aguda%20e%20cronica%20da%20doen%C3%A7a%20de%20chagas_1080p.mp4 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/REA/doenca_chagas/as%20fases%20aguda%20e%20cronica%20da%20doen%C3%A7a%20de%20chagas_1080p.mp4 https://www.nescon.medicina.ufmg.br/biblioteca/imagem/REA/doenca_chagas/as%20fases%20aguda%20e%20cronica%20da%20doen%C3%A7a%20de%20chagas_1080p.mp4 O ambiente natural dos barbeiros é o ambiente silvestre (na mata), sendo encontrados em ninhos de pássaros, buracos de árvores e em palmeiras, mas quando o ambiente natural é alterado, esses insetos podem colonizar o ambiente peridomiciliar (galinheiros, currais, locais que sirvam de armazenamento de grãos) e domiciliar, desde que encontrem alimentos e o ambiente favorável ao seu desenvolvimento (MEIS, 2017). 71 As atividades de educação em saúde que se destacam como medidas de proteção são: ● melhoria da habitação (reboco e tamponamento de rachaduras); uso de telas (portas e janelas); ● redução de entulhos/lenha/madeira no peridomicílio; ● construção de galinheiro, armazéns, paiol, afastados das casas; ● retirada de ninhos de pássaros dos beirais das casas; ● limpeza periódica nas casas e em seus arredores; ● não confeccionar coberturas para as casas com folhas de palmeira; ● encaminhamento dos insetos suspeitos de serem “barbeiros” para o serviço de saúde mais próximo. Agora que você recordou as principais informações sobre a Doença de Chagas, que tal listar as principais formas de prevenção que devem ser reforçadas junto à população? 72 Os cuidados quando o morador encontrar triatomíneos no domicílio são: ● não esmagar, apertar, bater ou danificar o inseto. ● proteger a mão com luva ou saco plástico. ● acondicionar os insetos em recipientes plásticos, com tampa de rosca para evitar a fuga, preferencialmente vivos. ● acondicionar as amostras coletadas em diferentes ambientes (quarto, sala, cozinha, anexo ou silvestre), separadamente, em frascos rotulados, com as seguintes informações: data, nome do responsável pela coleta, local de captura e endereço. (BRASIL, 2021, p. 795). 73 A malária é uma doença infecciosa febril aguda causada por protozoários do gênero Plasmodium transmitidos pela picada da fêmea infectada do mosquito do gênero Anopheles (ordem Diptera, infraordem Culicomorpha, família Culicidae), comumente conhecido como mosquito-prego. Geralmente, ela apresenta quadro com presença de febre alta acompanhada de calafrios, suores e cefaleia, cansaço e mialgia, que podem evoluir para casos graves e óbito (10%), sendo considerada um importante problema de saúde pública global. São cinco espécies que podem causar a malária humana: Plasmodium falciparum, P. vivax, P. malariae, P. ovale e P. knowlesi (BRASIL, 2021). Malária Veja mais informações no material complementar sobre a classificação de Incidência Parasitária Anual. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 74 qr code padronizado https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=28As leishmanioses constituem importante e crescente problema de saúde pública que não é exclusivo do Brasil. Apesar de se relatar a sua importância, ressaltamos que tanto a leishmaniose tegumentar, quanto a leishmaniose visceral apresenta subnotificações que podem mascarar sua real magnitude. Leishmanioses 75 A leishmaniose tegumentar é uma doença de evolução crônica, infecciosa, não contagiosa que é causada pelo protozoário do gênero Leishmania. No Brasil, são encontradas as espécies: Leishmania (Leishmania) amazonensis; Leishmania (Viannia) guyanensis e Leishmania (Viannia) braziliensis. Sua transmissão é vetorial através da picada de fêmeas de flebotomineos (ordem Diptera, família Psychodidae, subfamilia Phlebotominae, gênero Lutzomyia), infectadas, conhecidos popularmente como mosquito palha, tatuquira, birigui (BRASIL, 2021). É uma doença que não apresenta transmissão de pessoa a pessoa. Ela ocorre em ambos os sexos e em todas as faixas etárias. Qual a diferença entre a Leishmaniose tegumentar e a visceral? Que tal ler mais sobre a Leishmaniose. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 76 https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=34 A leishmaniose visceral, devido a sua incidência e alta letalidade, principalmente em indivíduos não tratados e crianças desnutridas, é também considerada emergente em indivíduos portadores da infecção pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), tornando-se uma das doenças mais importantes da atualidade (BRASIL, 2014). É uma doença crônica e sistêmica em que 90% dos casos não tratados evoluem para óbito. É causada por Protozoários tripanossomatídeos do gênero Leishmania, sendo a Leishmania infantum a espécie mais comumente envolvida na transmissão da leishmaniose visceral (BRASIL, 2021). Assim como a Leishmaniose tegumentar, o vetor da leishmaniose visceral é o mosquito palha (Dípteros da família Psychodidae, subfamília Phlebotominae), principalmente, Lutzomyia longipalpisser. O cão é a principal fonte de infecção na área urbana, enquanto que no ambiente silvestre, destaca-se as raposas e os marsupiais. No Brasil, a forma de transmissão é através da picada das fêmeas dos vetores (L. longipalpis ou L. cruzi ) infectados pela Leishmania (L.) chagasi. (BRASIL, 2021). Seu ciclo de vida pode ser visto na figura 9. Fonte: BRASIL, 2014. Figura 9 - Ciclo de vida da Leishmania 77 A Filariose Linfática (Elefantíase) é uma doença parasitária crônica, causada por vermes nematoides das espécies Wuchereria bancrofti, Brugia malayi e Brugia timori, transmitida ao ser humano (único reservatório) pelos mosquitos da espécie Culex quinquefasciatus, também conhecidos como pernilongo, carapanã ou muriçoca. É uma doença que desencadeia incapacidades permanentes e duradouras, acometendo, principalmente, os membros inferiores e o trato urogenital, sendo as suas principais apresentações clínicas o linfedema e a hidrocele (BRASIL, 2021). Filariose Linfática Não há casos confirmados de Filariose Linfática no Brasil desde 2017, sendo sua área endêmica restrita em quatro municípios da Região Metropolitana do Recife/Pernambuco: Recife, Olinda, Jaboatão dos Guararapes e Paulista (BRASIL,2008). Ficou interessado(a) em saber mais? Acesse: BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Coleta de Amostras Biológicas para Diagnóstico de Filariose Linfática. Brasília, 2008. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 78 https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/f/elefantiase/publicacoes/manual-de-coleta-de-amostras-biologicas-para-diagnostico-de-filariose-linfatica.pdf/@@download/file/Manual%20de%20Coleta%20de%20Amostras%20Biol%C3%B3gicas%20para%20Diagn%C3%B3stico%20de%20Filariose%20Linf%C3%A1tica.pdf A transmissão da Filariose Linfática ocorre através da picada da fêmea do mosquito vetor com larvas infectantes do parasito. Após a penetração na pele, por meio da picada do mosquito, as larvas infectantes migram para a região dos linfonodos (gânglios), onde se desenvolvem até a fase adulta. Os sintomas crônicos da Filariose Linfática podem evoluir para: acúmulo anormal de líquido (edema) nos membros, seios e bolsa escrotal; aumento do testículo (hidrocele) e crescimento ou inchaço exagerado dos membros, seios e bolsa escrotal (BRASIL, 2021). É importante salientar que a Filariose Linfática está em fase de eliminação no Brasil. As propostas de prevenção e controle têm como objetivo diminuir a transmissão, a distribuição e a ocorrência da doença na população e eliminá-la como problema de saúde pública. (BRASIL, 2021). 79 A raiva é uma doença transmitida através da mordedura, principalmente, de cães e gatos infectados, que possuem em sua saliva o vírus RNA rábico (Rabies lyssavirus). Acomete tanto humanos quanto outros mamíferos, principalmente, animais de produção (bovinos, equinos), na zona rural. Possui uma taxa de letalidade muito alta (próxima a 100%), visto que sua progressão é rápida (2 a 7 dias) de encefalite aguda progressiva seguida de óbito. Por isso o significativo investimento em ações preventivas (soro e vacina) dos serviços de saúde. Além dos reservatórios urbanos/domésticos, a transmissão também ocorre na forma silvestre, no Brasil, sendo transmitida, principalmente, pelos morcegos (quirópteros). Mas há outros mamíferos que podem ser reservatórios: canídeos silvestres (raposas e cachorro-do-mato), felídeos silvestres (gatos-do-mato), outros carnívoros silvestres (jaritacas, mão-pelada), marsupiais (gambás e saruês) e primatas (saguis) (BRASIL, 2021, p. 989). Conforme apresentado no quadro 2, há cinco variantes rábicas circulantes no Brasil e reservatórios específicos. AgV1 e 2 AgV3 AgV4 e 6, isoladas de cães de morcego hematófago (Desmodus rotundus) isoladas de morcegos insetívoros (Tadarida brasiliensis e Lasiurus cinereus; respectivamente). Cerdocyon thous (cachorro-do-m ato) Callithrix jacchus (sagui-de-tufo- branco.) Quadro 2 - Variantes rábicas circulantes no Brasil e reservatórios específicos. Fonte: BRASIL, 2021. Raiva 80 A doença apresenta quatro ciclos de transmissão: urbano, rural, silvestre aéreo e silvestre terrestre, sendo o ciclo urbano passível de eliminação, devido às medidas efetivas de prevenção (homem e fonte de infecção). Fonte: BRASIL, 2021. É uma doença que não apresenta distribuição uniforme, visto que nos casos em que os cães são os reservatórios, a região Norte (27%) e Nordeste (53%) têm destaque no percentual de casos de raiva, enquanto a região Sul e alguns estados da região Sudeste (Rio de Janeiro e São Paulo) e o Distrito Federal, estão sob controle. Figura 10 - Ciclos epidemiológicos de transmissão da raiva. 81 A evolução da doença é muito rápida no reservatório urbano/doméstico, sendo o período de transmissibilidade do cão/gato para o ser humano, de dois a cinco dias antes do aparecimento dos sinais clínicos e durante toda a evolução da doença (a morte do animal acontece entre cinco e sete dias após o aparecimento dos sintomas). Já no reservatório silvestre não se tem a precisão, podendo permanecer por longos períodos. No ser humano, a progressão da doença oscila de 2 a 10 dias, após o período de incubação, com prognóstico negativo: óbito. Leia mais sobre as medidas de prevenção e controle para evitar casos de raiva em seres humanos. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 82 qr code padronizado https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=39 A toxoplasmose é mais uma doença que tem o gato como reservatório/hospedeiro definido. É causada por um protozoário (Toxoplasma gondii), com prevalência progressiva conforme idade e distribuição mundial. O ser humano, aparece como um hospedeiro intermediário, em que situações deimunocomprometimento podem reativar a doença em pessoas. A transmissão ocorre de forma indireta ou direta/vertical, através de consumo de alimentos/água contaminada (oral), inalação de aerossóis contaminados; inoculação acidental; transfusão sanguínea; transplante de órgãos (vias raras), via transplacentária para o feto (congênita), conforme figura 11. Figura 11 - Ciclo biológico do Toxoplasma gondii Fonte: BARBOSA, et al., 2014. Toxoplasmose 84 Leia mais informações no material complementar. Clique aqui ou escaneie o QR Code. A esporotricose é a micose de implantação mais prevalente no país, de distribuição global e causada, principalmente, por fungos do gênero Sporothrix (Sporothrix brasiliensis e S. Schenckii) que são encontrados amplamente no solo rico em matéria vegetal, sob condições ideais de temperatura e umidade. A infecção ocorre a partir do contato do fungo com a pele/mucosa do ser humano, que apresenta alguma lesão, trauma ou arranhadura decorrentes de acidentes com espinhos, palha ou lascas de madeira, contato com vegetais em decomposição, ou traumas relacionados a animais (gatos). A doença é conhecida também como “doença do jardineiro”, “doença da roseira” e “doença do gato”, pois o gato tornou-se fonte de infecção importante, através das arranhaduras, mordeduras e contato com secreções de lesões cutâneo-mucosas e respiratórias de animais infectados. É uma doença, geralmente, de curso benigno, com modificações restritas à pele e aos vasos (úlceras, nódulos e abscessos), conforme figura 12. Figura 12 - Apresentações clínicas de esporotricose humana Fonte: BRASIL, 2020. Esporotricose 84 qr code padronizado https://conasems-ava-prod.s3.sa-east-1.amazonaws.com/ava/aulas/material-complementar-disc-24-ace-1682426473.pdf#page=40 ANIMAIS PEÇONHENTOS Quando se fala de animais peçonhentos, automaticamente, vem à mente: escorpiões, aranhas, serpentes, abelhas, formigas, águas-vivas, lacraias, entre outros. É importante ressaltar que, apesar de aumentar, potencialmente, a gravidade dos acidentes causados, nem todo acidente com animais peçonhentos é de grande repercussão (BRASIL, 2016). , Animal peçonhento: animal silvestre que produz toxinas que são secretadas através de uma presa, um aguilhão, um ferrão ou cerdas urticantes. Quais são os grupos de animais peçonhentos com os quais precisamos ter atenção? No quadro 3, a seguir, vamos conhecer esse grupo de animais peçonhentos, por nomenclatura popular e tipo de acidente causado. 86 87 Fonte: BRASIL, 2009. Quadro 3 – Animais peçonhentos e acidentes causados As notificações de acidentes por animais peçonhentos vêm aumentando progressivamente nos últimos anos, chegando a quase 100 mil acidentes por ano. Você sabia que todos os acidentes com animais peçonhentos precisam ser notificados? ATIVIDADES DAS UNIDADES DE VIGILÂNCIA DE ZOONOSES O que compete às Unidades de Vigilância de Zoonoses? As Unidades de Vigilância de Zoonoses, anteriormente, denominadas Centros de Controle de Zoonoses, são estruturas físicas e técnicas, vinculadas ao Sistema Único de Saúde (SUS), responsáveis pela execução de parte ou da totalidade das atividades, das ações e das estratégias referentes à vigilância, à prevenção e ao controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública, previstas nos Planos de Saúde e Programações Anuais de Saúde, podendo estar organizadas de forma municipal, regional e/ou estadual (BRASIL, 2017, p.6). Elas atuam, exclusivamente, com controle de zoonoses e de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos, de relevância para a saúde pública, presentes na Portaria MS/GM nº 1.138, de 23 de maio de 2014 e têm como atividades: • o recolhimento de animais de relevância para a saúde pública; • a recepção de animais pela UVZ (entrega de animais vertebrados pela população); • a remoção de animais (apreensão e captura de animais vertebrados); • o alojamento e a manutenção dos animais vertebrados recolhidos e • a destinação dos animais vertebrados recolhidos. Atentando-se que tudo é feito de forma seletiva e, exclusivamente, para animais que apresentam risco iminente de transmissão de zoonoses/animal peçonhento ou venenos de relevância para a saúde pública. Quer saber mais, leia o Manual de Normas Técnicas para Estruturas Físicas de Unidades de Vigilância de Zoonoses. Clique aqui ou escaneie o QR Code. 89 https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/normas_tecnicas_estruturas_fisicas_unidades_vigilancia_zoonoses.pdf CONTROLE DE POPULAÇÕES DE ANIMAIS DE RELEVÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA, VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE ZOONOSES Atividades das Unidades de Vigilância de Zoonoses O controle da população de animais é realizado apenas em situações excepcionais, em áreas de risco iminente de transmissão de uma zoonose e por tempo determinado, pois pode implicar em risco de desequilíbrio ambiental. É importante ressaltar que as ações de vigilância e prevenção de zoonoses precisam ser executadas de forma permanente, pois possibilitam a identificação oportuna de risco iminente de ocorrência desses acidentes e de transmissão de doenças à população humana. Que tal ler mais sobre as ações de saúde para prevenção de zoonoses? Você sabe quais são os tipos de animais cujo controle de sua população é de relevância para a saúde pública? As ações de controle animal oscilam dependendo do tipo de animal, podendo ser desenvolvidas de forma temporária ou permanente. Assumem o caráter excepcional e só podem ser realizadas quando o foco é a promoção e a proteção da saúde humana, através da redução ou da extinção da doença. Sendo assim, seu propósito é reduzir ou eliminar a transmissão de doenças e/ou risco de acidentes causados por esses animais, através de medidas que podem ser classificadas como: de controle da população animal ou medidas de prevenção de doenças / acidentes causados aos seres humanos. 91 Animais domésticos e domesticados As ações de controle com relevância à saúde pública são divididas em três grupos: As ações de controle podem ser executadas de forma temporária ou permanente, numa área determinada (área-alvo). Participam do ciclo de transmissão de doença, a ratazana ou rato de esgoto (Rattus norvegicus), rato de telhado ou rato preto (Rattus rattus) e camundongo (Mus musculus) . Eles têm baixa relevância no controle animal, visto que, apesar de serem muitos, nem todo animal doméstico é de relevância para a saúde pública. A exceção são animais de áreas endêmicas e/ou epidêmicas para determinada zoonose. São realizadas apenas ações temporárias, assim como no grupo de outros animais sinantrópicos (pombos e morcegos). Animais peçonhentos e venenosos As estratégias de controle podem ser executadas de forma temporária ou permanente numa área determinada (área-alvo). Roedores sinantrópicos e vetores 92 Que tal saber um pouco mais sobre roedores sinantrópicos. Quais são as ações diretas de controle? Se a ação for numa área de risco (área determinada, a partir da análise da distribuição espacial e temporal de casos de leptospirose) ou área-programa (locais de ocorrência endêmica e epidêmica de leptospirose), devem ocorrer ações de controle de roedores em caráter permanente, pelo menos até que ações de manejo ambiental ou de infraestrutura urbana reduzam significativamente o risco de infecção da população humana, evitando assim o efeito bumerangue (aumento do número de roedores infestantes em determinada área onde foi praticada a desratização de maneira errada). As ações temporárias devem ocorrer nas áreas de ocorrência esporádica, visando prevenir a ocorrência de novos casos. 93 Mas o que é esse manejo integrado de roedores urbanos? Inspeção do local infestado; Identificação da espécie(s) infestante(s);
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