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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE RORAIMA BACHARELADO EM ENGENHARIA FLORESTAL CAMPUS RORAINÓPOLIS DISCIPLINA DE INCÊNDIOS FLORESTAIS ALDENIZA MIRANDA SANTOS BIANKA SANTOS PEDREIRA FRANCISCO BARROS NASCIMENTO OCORRÊNCIA DE QUEIMADAS EM ÁREA DE USO ANTRÓPICO NO SUL DO ESTADO DE RORAIMA RORAINÓPOLIS-RR 2023 ALDENIZA MIRANDA SANTOS BIANKA SANTOS PEDREIRA FRANCISCO BARROS NASCIMENTO OCORRÊNCIA DE QUEIMADAS EM ÁREA DE USO ANTRÓPICO NO SUL DO ESTADO DE RORAIMA Trabalho apresentado à disciplina de Incêndios Florestas, no curso de Engenharia Florestal-UERR, como requisito parcial para obtenção de nota. Pro Profº. DSc. Paulo Eduardo Barni RORAINÓPOLIS-RR 2023 INTRODUÇÃO Queimada é uma prática muito comum utilizada na zona rural, tal prática objetiva a limpeza e renovação da área, por ser um método de baixo custo ainda é bastante utilizado, entretanto tal prática possui grande perigosidade possuindo o risco deste fogo se propagar de maneira muito rápida e perdendo o controle causando assim um incêndio florestal. O fogo é utilizado tanto para eliminar os resíduos das derrubadas, como também para manejo das pastagens já implantadas (BARNI et al, 2015). A aplicação do fogo em áreas rurais na Amazônia, está associada a períodos secos, mais presentes em estações do verão, o fenômeno el ninõ caracterizado pelo aumento da temperatura das águas do oceano, juntamente com a extração seletiva de madeira potencializam a frequência dos incêndios nas áreas florestais (COCHRANE, 2000; GUITARRARA, 2015). As chamas ou cicatrizes dessas queimadas sensibilizam os sensores óticos e ou termais embarcados em satélites na orbita da terra gerando produtos capazes de serem utilizados para o monitoramento desses eventos antrópicos, geralmente esses produtos são traduzidos em forma de imagens como as da série Landsat (USGS,2015) ou em forma de pontos vetoriais (BRASIL -INPE, 2015) Deste modo, são utilizadas imagens de satélites que identificam focos de calor (é uma medida do satélite, que “vê” apenas um ponto de alta temperatura no solo e identifica como fogo, mas sem determinar qual é o tipo de queimada) podendo ser queimada em pastos, queimada para limpeza dentre outros, no qual podem acarretar em grandes incêndios florestais, como ocorreu em Roraima no ano de 1998 e como consequência deste incêndio florestal, Xaud e Silva (2004) relataram que no ano de 2001 (estação seca considerada normal), foi necessário realizar intensa campanha de monitoramento e controle de queimadas agrícolas, com utilização de dados orbitais e presença de helicópteros de combate, brigadas municipais e acionamento do exército, para evitar que se ocorre o mesmo grau de severidade do incêndio de 1998. Sendo assim, a monitoração ocorre diariamente por satélites e uma força tarefa do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), logo existe, um conjunto de sensores ópticos presentes em nove satélites fornece mais de 200 imagens por dia processadas pelo INPE. Essas imagens registram pixels (elementos de resolução) com “temperatura radiométrica” acima de limiares predefinidos. Esses são classificados como focos de calor. Desses, o INPE utiliza um como referência, o Modis a bordo do satélite Acqa, este satélite passa ao meio-dia, e ele não captura o fogo com menos de 30 metros. (TUDO, 2010) O estudo utilizando dados de satélite visam o monitoramento e o aprimoramento de políticas públicas para o combate ao desmatamento e as práticas de queimadas em uma região (XAUD et al., 2009), no município de Rorainópolis, estudos dessa temática ainda são escassos. Portanto o objetivo desse trabalho foi coletar pontos de gps em áreas que foram queimadas e comparam com os registros de focos de calor registrados via satélite no município de Rorainópolis-RR. MATERIAL E MÉTODOS Área de estudo O local de estudo se encontra no município de Rorainópolis no estado de Roraima. Foram coletados pontos ao longo da BR-174, iniciamos a coleta dos pontos em um percurso ao longo da BR, saindo de Rorainópolis até Martins Pereira, no decorrer do cominho coletamos pontos em áreas que tinham indícios de queimadas, as áreas observadas pertenciam principalmente a pastagens. Figura 1. Rorainópolis está localiza no Sul do estado de Roraima, na mesorregião Sul, microrregião sudeste, situado nas coordenadas geográficas 60º25’47’’ de longitude Oeste e 00º56’46’’ de latitude Norte. Limita-se ao norte com o município de Caracaraí; a Sul com o estado do Amazonas; a Leste com os municípios de São Luiz do Anauá e São João da Baliza e a Oeste com o município de Caracaraí (SEPLAN/RR, 2015).B Figura 1: Áreas de queimadas ligadas a pastagens até o acostamento da BR-174, ambiente já em regeneração (A), ambiente ainda com as cicatrizes do fogo (B). A Coleta de dados no campo Para a coleta das coordenadas geográficas de latitude e longitude foi utilizado o aplicativo GPS Waypoints, um aplicativo gratuito baixado no celular, de fácil manuseio. Figura 2. Após salvar o ponto de cada queimada identificada no trajeto, registramos uma fotografia pertencente a cada queimada observada, isso para melhor visualização dos danos e a dimensão da área atingido pelo fogo. Foram coletados ao longo do trajeto realizado, onze coordenadas geográficas, nomeados como queimada um à queimada onze respectivamente. Os pontos foram coletados do acostamento da BR sem se adentrar na propriedade. Para melhor analisar os pontos construiu-se uma tabela no programa office Excel para organizar as coordenadas, elas foram enumeradas com o “id” de um a onze com sua latitude norte e sua longitude oeste respectivamente (Tabela 1). A B Figura 2: Página inicial do aplicativo Way Points (A); Coleta do primeiro ponto de queimada (B). Tabela 1: Coordenadas geográficas de latitude Norte, e longitude Oeste de cada ponto de queimada coletada. ID LATITUDE LONGITUDE OBS: 1 0,988508 -60,404605 Próximo a BR 2 0,994386 -60,404016 Próximo a BR 3 1,007999 -60,403645 Próximo a BR 4 1,019564 -60,399297 Próximo a BR 5 1,022246 -60,395465 Próximo a BR 6 1,028546 -60,391132 Próximo a BR 7 1,033864 -60,387563 Próximo a BR 8 1,049423 -60,382678 Próximo a BR 9 1,053150 -60,382355 Próximo a BR 10 1,058491 -60,381931 Próximo a BR 11 0,967759 -60,412397 Próximo a BR Cada ponto coletado foi atribuído ao mesmo uma observação, como todos os pontos foram coletados ao longo da BR, a observação coloca foi próximo a BR. Esses dados coletados foram utilizados no programa ArcGis para observar se as coordenadas obtidas no campo estavam de acordo com os focos de calor registrados via satélite naquela localidade. As imagens produzidas com os pontos usaram informações disponíveis pelos satélites Santinel-2 de 21/03/2023 e Aqua. RESULTADOS E DISCUSSÕES As coordenadas geográficas coletadas estão distribuídas na imagem do satélite Santinel-2, (Figura 3), abaixo.Figura 3: Pontos coletados plotados na imagem do satélite Santinel-2 do dia 21/02/2023. Os triângulos em amarelo no mapa representam cada coordenada coletada no campo ao longo da BR-174, da sede de Rorainópolis ate a Vila de Martins Pereira. É possível observar que as queimadas se distribuem ao longo BR. Essas áreas pertencem à propriedades de fazendas, principalmente a pratica da pecuária. Os produtores para promoverem a rebrota da postagem ateiam fogo no capim, principalmente na estação seca, que na região de Rorainópolis compreende mais ao período de verão com longas dias sem precipitação, corroborando para possíveis incêndios na região e é nesse periodo que os agricultores utilizam mais o fogo para queimarem suas áreas de pastagens objetivando a limpeza e renovação do capim para o gado, respectivamente. Para Souza & Barni (2015), as áreas mais afetadas pelos incêndios florestais em Rorainópolis, são as áreas de vicinais. Esse fato pode estar associado a extração seletiva de madeira nessas áreas, o que contribui para abertura de clareiras nas florestas contribuindopara a perda de umidade do material combustível presente na serrapilheira, o que aumenta as chances de um incêndio naquela área. Isso corrobora com os dados publicados por Barni et al (2022), que conclui que a extração seletiva de madeira (ESM) potencializou os incêndios florestais em Rorainópolis entre os anos de 2015 à 2016. Os focos de calor utilizados correspondem aos dados monitorados pelo satélite aqua, quando realizamos o cruzamento dos pontos coletados com os focos de calor da região de Rorainópolis, observamos uma discrepância alta em relação as pontos de queimada coletada no campo em virtude dos focos de calor registrados pelo satélite Aqua, ou seja a maioria das pontos de queimada registradas com o aplicativo Way Points, não foram identificados como foco de calor. (Figura 4).Figura 4: Cruzamento dos pontos de queimada coletados em campo, com os focos de calor registrados pelo satélite Aqua. Nota-se que a grande parte dos focos de calor se encontrar nas vicinais que são essas ramificações expressas no mapa que partem de um eixo central (BR-174). Isso se assemelha ao trabalho de monitoramento de queimadas no sul de Roraima nos anos de 2024-2015, realizado por Souza (2016), onde observou que as áreas mais atingidas pelo fogo, foram as áreas de vicinais. Isso pode estar associado a alta ocorrência de matérias combustíveis inflamáveis nos períodos secos das florestas em consequência da exploração seletiva de madeira (BARNI, et al. 2022). Barbosa et al. (2003), afirma que áreas de florestas desmatadas criam condições microclimáticas que potencializam a perca de umidade do material sob o solo da floresta (material combustível), criando condições favoráveis a ignição e a propagação do fogo, principalmente em áreas de clareiras. Sousa & Barni (2016) também observaram grande discrepância nos dados encontrados no estudo que realizaram sobre “a quantificação de áreas queimadas em pastagens e roças no PAD Anauá na estação seja de 2014-2015, nesse estudo comparam pontos coletados no campo com uso de GPS e cruzaram com focos de calor registrados via satélite, e observaram que a grande maioria dos pontos de queimadas coletadas em campo não haviam sido registrado via satélite. A alta discrepância entre os pontos coletados em campo com os focos de calor registrado pelo satélite provavelmente estão relacionados com os limiares de temperatura emanada pelos alvos para a detecção do sensor e que é função da quantidade e do tipo de biomassa queimado no momento da passagem do satélite. Isso mostra que muitas das cicatrizes de fogo não são registradas pelo satélite Aqua. Sousa & Barni (2016), afirmam que queimadas em áreas de desmatamento são mais susceptíveis a serem detectadas pelo sensor e registrados como foco de calor do que áreas de queimadas em pastagens e capoeiras em função da biomassa queimada e calor emanado. Em Roraima no ano de 2023 de janeiro a abril ocorreram 1176 focos de incêndio (TERRA BRASILIS – INPE), sendo 29,9% em áreas de floresta e 4,8 em vegetação secundaria ou áreas de capoeira. Nota-se que o percentual de focos de calor registrados em áreas de Floresta é maior que o percentual de focos em área de capoeira, isso também pode estar associado ao fato de que grande parte dos incêndios nessa última são ignorados e não estão sendo registrados como focos de calor pelo satélite. CONCLUSÃO
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