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Enfermagem em Centro Cirúrgico Aula 02 Prof: Andrezza Raposo Equipamentos Os equipamentos da unidade de centro cirúrgico podem ser classificados em móveis, fixos e especiais ou adicionais. Vejamos a descrição de alguns desses equipamentos. Na sala cirúrgica podem ser encontrados os seguintes equipamentos fixos: Foco Central NEGATOSCÓPIOS COLUNAS RETRÁTEIS. SISTEMA DE GASES CANALIZADOS Equipamentos Móveis: Mesa Cirúrgica Monitores Multiparamétricos Escada De Dois Degraus Carro De Anestesia Hampers Equipamentos Especiais Lipoaspirador Foco Auxiliar Microscópio Balança RECURSOS HUMANOS E O PAPEL DO ENFERMEIRO NO CENTRO CIRÚRGICO O setor deve ser organizado e gerenciado por um profissional enfermeiro, que deve ter como referencial: manuais operacionais, gerenciais e técnicos; regulamentos da instituição e do setor; e instrumentos administrativos que norteiem as diversas atividades desenvolvidas. Equipes e profissionais atuantes na unidade: • Equipe cirúrgica: Cirurgião, cirurgião assistente (primeiro assistente, segundo assistente) e instrumentador cirúrgico. Ao cirurgião compete planejar e executar o ato cirúrgico, mantendo a ordem e o controle do tratamento. Os assistentes auxiliam o cirurgião durante todo o ato cirúrgico, podendo vir a substituí‑lo caso seja preciso. O instrumentador organiza, verifica, solicita os materiais necessários para a cirurgia, prepara a mesa com os instrumentais necessários e auxilia o cirurgião e seus assistentes durante todo o procedimento. Equipes e profissionais atuantes na unidade: Equipe de anestesia Composta de médicos anestesistas, que devem avaliar o paciente no pré‑operatório, conduzir todo o ato anestésico, planejar e executar a anestesia, monitorar e zelar pela integridade física e pelas condições clínicas do paciente durante todo o intraoperatório e o pós‑operatório. Equipes e profissionais atuantes na unidade: Equipe de enfermagem: Enfermeiros (assistencial e coordenador), técnicos e auxiliares de enfermagem. Atribuições do enfermeiro coordenador: Coordenar a elaboração de normas, rotinas e procedimentos diversos do setor; Realizar o planejamento das atividades de enfermagem; Participar de reuniões pertinentes às atividades do setor (ou sempre que solicitado), promovendo, quando necessário, encontros com os colaboradores; Executar e fazer cumprir rotinas e procedimentos pertinentes à sua função; Atribuições do enfermeiro coordenador: Realizar a avaliação de desempenho da equipe conforme norma da instituição; Orientar, supervisionar e avaliar o emprego adequado de materiais e equipamentos, garantindo o uso correto deles; Colaborar com a comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH), notificando ocorrência. Atribuições do enfermeiro assistencial Realizar o planejamento de cuidados de enfermagem e supervisionar a assistência prestada aos pacientes cirúrgicos; Supervisionar e acompanhar as ações dos profissionais da equipe de enfermagem Checar e avaliar previamente a programação cirúrgica; Realizar escala diária, semanal e mensal de atividades dos colaboradores; Zelar por um ambiente cirúrgico seguro para pacientes, colaboradores e equipes usuárias do setor; Atribuições do enfermeiro assistencial Realizar avaliação pré‑operatória dos pacientes do setor conforme os protocolos preestabelecidos pela instituição; Recepcionar o paciente no centro cirúrgico, avaliando seu preparo pré‑operatório, o correto preenchimento dos impressos próprios da unidade, seu prontuário, a presença da pulseira de identificação e dos exames pertinentes ao ato cirúrgico; Acompanhar o paciente à sala cirúrgica; Realizar exame físico no paciente na entrada da sala de operações; Realizar, quando necessário, a sondagem vesical do paciente cirúrgico; Classificação das fases cirúrgicas Fase pré‑operatória mediata e imediata Na fase de pré‑operatório mediato o paciente é orientado quanto a exames e avaliações clínicas que devem ser feitos antes da internação para o procedimento cirúrgico. O pré‑operatório imediato é o período que antecede a internação, nessa fase que será efetuado todo o preparo necessário para o paciente ser encaminhado ao centro cirúrgico de forma segura (orientação e manutenção de jejum, controle dos sinais vitais, retirada de próteses e adornos, entre outros cuidados). Para uma adequada preparação cirúrgica, é necessário ter conhecimento: Sequência de eventos a que o cliente será submetido; Tipo de incisão prevista; Hora da cirurgia; Medicação pré‑anestésica; Expectativas quanto à participação do cliente; Função dos vários membros da equipe hospitalar. Classificação das fases cirúrgicas Fase intraoperatória ou transoperatória A fase intraoperatória tem início quando o cliente entra na unidade de centro cirúrgico e termina quando é transferido para a sala de recuperação anestésica (SRA). É nessa fase que ocorrem o ato cirúrgico e a execução de toda a preparação efetuada nas fases anteriores, ou seja, pré‑operatório mediato e imediato. Classificação das fases cirúrgicas Fase pós‑operatória imediata, mediato e tardio Imediato: até 24 horas posteriores à cirurgia; Mediato: 24 horas até a alta do paciente; Tardio: após 7 dias do recebimento da alta. Classificação quanto ao momento operatório Emergência: É a situação que, pela gravidade do quadro clínico apresentado pelo paciente, exige intervenção cirúrgica imediata, isto é, o paciente precisa ser operado imediatamente. Exemplos: hemorragia, perfuração de vísceras (por trauma, por arma branca ou de fogo) e lesões hemorrágicas em órgãos vitais. Classificação quanto ao momento operatório Urgência: nesse caso a intervenção cirúrgica é mediata; o estado clínico do paciente é grave e exige a intervenção cirúrgica, mas podem‑se aguardar algumas horas. É importante destacar que o procedimento deverá ser realizado num intervalo de 24 a 72 horas, no máximo. Exemplo: abdome agudo inflamatório. Classificação quanto ao momento operatório Eletiva: é o tratamento cirúrgico que pode ser agendado para um momento conveniente para cirurgião, paciente e instituição. O quadro clínico do paciente é estável e controlado. Classificação quanto ao potencial de contaminação Pesquisar: Cirurgias limpas; Cirurgias potencialmente contaminada; Cirurgias contaminadas; Cirurgias infectadas. Tempos cirúrgicos ou operatórios Primeiro tempo: Diérese significa dividir, separar, cortar. Pode ser mecânica (instrumentos cortantes) ou física (recursos especiais). A diérese mecânica: punção: drenar coleções de líquidos ou coletar fragmentos de tecidos; curetagem: raspagem da superfície do órgão (com uma cureta). A diérese física, por sua vez, é realizada por meio de temperatura ou radiação. São exemplos: • térmica: calor cuja fonte é a energia elétrica (bisturi). Tempos cirúrgicos ou operatórios Segundo tempo cirúrgico (hemostasia) Dá‑se o nome de hemostasia (hemo = sangue; stasis = deter) ao processo pelo qual se previne, detém ou impede o sangramento. Pode ser feito por meio de: pinçamento de vasos; compressão. Tempos cirúrgicos ou operatórios Exérese O tempo cirúrgico fundamental corresponde à etapa em que efetivamente é realizado o ato cirúrgico. Nesse momento o cirurgião realiza o procedimento proposto para o tratamento do paciente, utilizando materiais e instrumentais comuns (como pinças, tesouras e cânulas). Tempos cirúrgicos ou operatórios Quarto tempo cirúrgico síntese: Consiste em aproximar ou coaptar as bordas de uma lesão, com a finalidade de estabelecer a contiguidade do processo de cicatrização. Sistematização de Assistência de Enfermagem É um processo sistematizado, individual e planejado de assistência ao paciente que irá se submeter a um procedimento cirúrgico. São finalidades do pré‑operatório imediato: Conhecer o paciente e seus familiares (cuidadores); Minimizar dúvidas, esclarecer rotinas e explicar o procedimento; Proporcionar ao paciente condições de colaboração, participação e autocuidado. Sistematização de Assistênciade Enfermagem Transoperatório ou intraoperatório: Envolve recepção, avaliação do paciente, breve exame físico na admissão no centro cirúrgico e execução dos cuidados de enfermagem. Sistematização de Assistência de Enfermagem Recuperação anestésica: Avaliar o paciente de forma intensiva e constante; Sinais vitais; Nível de consciência; Posicionamento do paciente; Condições respiratórias e de perfusão; Condições do(s) curativo(s); Drenos, cateteres e sondas; Dores. Sistematização de Assistência de Enfermagem Sistematização de Assistência de Enfermagem Pós‑operatório imediato: envolve as primeiras 24 horas após a cirurgia; Avaliar o grau de satisfação do cliente e da família; Evoluir as condições da pós‑cirurgia; Entrevista com o paciente e a família; Exame físico Anotação de enfermagem. Posicionamento cirúrgico • Posição decúbito dorsal Posicionamento cirúrgico Posição decúbito ventral Posicionamento cirúrgico Posição lateral Posicionamento cirúrgico • Posição de Trendelenburg Posição litotômica ou ginecológica Infecção hospitalar Segundo a portaria nº 2.616 do MS, a infecção hospitalar pode ser definida como “qualquer infecção adquirida após a internação do paciente e que se manifeste durante a internação ou mesmo após a alta, quando puder ser relacionada com a internação ou procedimentos hospitalares” Considera-se infecção hospitalar toda manifestação clínica de infecção que se apresentar a partir de 72 horas após a admissão. A infecção hospitalar pode ser: Exógena: microrganismos que normalmente não habitam a microbiota humana. Endógenas são causadas por fatores internos ao organismo, ou seja, é causada por organismos que vivem no corpo da pessoa. No caso das infecções urinárias, deve‑se prestar atenção aos seguintes pontos: • Evitar sondagem vesical (SV) desnecessária; • Coletores de drenagem; • Evitar manipulação inadequada do sistema; • Observar o local de inserção da sonda e atentar para o posicionamento correto. Infecções da corrente sanguínea Uso correto de cateteres superficiais e profundos; • Coleta de materiais para exames; • Aplicação correta de drogas; • Manipulação dos dispositivos de infusão venosa; • Observação contínua dos locais de inserção dos cateteres. Para evitar as infecções do sítio cirúrgico, deve‑se atentar aos seguintes procedimentos: Preparo correto do campo operatório; Uso de material estéril durante procedimentos cirúrgicos; Cuidados com drenos e outros dispositivos de drenagem; Outros procedimentos relacionados à assistência de enfermagem. Quanto às infecções do sistema tegumentar, são elementos a serem analisados: Uso de dispositivo correto para o tratamento de feridas; Prevenção de úlceras de pressão; Prática de movimentação precoce do paciente para evitar complicações. ANESTESIA Atualmente, a anestesia é um procedimento bastante seguro e, dados os variados tipos existentes, há uma escolha adequada para cada paciente, em cada tipo de ato cirúrgico a ser realizado. O ato cirúrgico só poderá ser efetuado se o paciente estiver devidamente anestesiado. O procedimento anestésico, que antecede a cirurgia, é feito pelo anestesista. Princípios básicos A anestesia deve proporcionar analgesia (insensibilidade à dor), relaxamento (ausência de tensão muscular) e bloqueio (perda dos reflexos); além disso, ela também pode acarretar narcose (sono artificial). Com relação aos tipos de anestesia, a classificação se baseia na perda de sensibilidade total ou parcial do paciente: na anestesia geral há perda da sensibilidade em todo o corpo; já na locorregional ocorre apenas a perda parcial da sensibilidade no corpo. A técnica anestésica escolhida deve reunir algumas características essenciais Produzir o menor número de efeitos indesejáveis; Ser de iniciação rápida e de fácil reversibilidade; Proporcionar segurança ao paciente; Possibilitar as melhores condições cirúrgicas; Promover bem‑estar ao paciente; Permitir analgesia eficaz e extensiva ao pós‑operatório; Ocasionar amnésia e relaxamento muscular adequado. Fases de aplicação da anestesia geral A fase pré‑operatória é aquela em que o paciente recebe a visita do anestesista, que deve avaliá‑lo de forma objetiva, centrando‑se nas suas necessidades e condições clínicas. Essa fase compreende principalmente realizar a compensação das alterações clínicas e/ou controlar a ansiedade pré‑operatória. Fases de aplicação da anestesia geral Já a fase intraoperatória envolve mais fatores: Monitoração do paciente: monitorar todos os sinais vitais a fim de acompanhar a evolução anestésica do paciente. Acesso vascular: após monitorar o paciente, deve‑se providenciar um acesso venoso que, além de constituir uma via para a administração das drogas anestésicas e adjuvantes, permita a manutenção da hidratação e da transfusão sanguínea, bem como o uso de drogas para a reanimação cardiorrespiratória (caso seja necessária). Fases de aplicação da anestesia geral Indução da anestesia: depois da monitoração satisfatória e da obtenção de uma boa via de infusão endovenosa, induz‑se a anestesia geral. É o início do processo anestésico, o paciente passará de um estado de consciência para um de inconsciência total, perdendo reflexos e reações espontâneas. Manutenção da anestesia: o anestesista deve acompanhar ininterruptamente os graus de analgesia, relaxamento muscular, indiferença neuromotora e hipnose do paciente para mantê‑lo anestesiado (e, dessa forma, sem interferir no ato cirúrgico). O nível de analgesia deve ser controlado de forma a não superficializar nem rebaixar excessivamente a condição do paciente. Tipos de anestesia As anestesias podem ser classificadas em geral (endovenosa ou inalatória) ou parcial (como a anestesia local, de bloqueio regional. Anestesia geral endovenosa Induz ou complementa a anestesia geral inalatória; Complementa anestesias regionais; Pode ser usada como agente único em procedimentos de curta duração ou pouco dolorosos. São vantagens do uso desse tipo de anestesia: Simplicidade do material utilizado; Indução rápida e menos desagradável que a inalatória; Não existem riscos ambientais; Baixa incidência de náuseas e vômitos no pós‑operatório. Entre os inconvenientes da anestesia geral endovenosa, temos: Riscos de flebite; Trombose; Laringo/broncoespasmo. A opção pela anestesia geral endovenosa está relacionada a certos fármacos: Opioides – morfina, fentanil, sufentanil, alfentanil, meperidina; Não opioides – propofol, diprivan, cetamina, etomidato; Hipnóticos – thionembutal (tiopental); Benzodiazepínicos – diazepam, midazolam; Relaxantes musculares – pavulon, norcuron, tracrium, suxametônio. Anestesia geral inalatória Trata‑se da administração de anestésicos líquidos voláteis, oxigênio e indutor, os quais se transformam em vapor e são inalados por meio de máscara ou tubo orotraqueal, promovendo a anestesia. Após inalados, os anestésicos passam para o sangue e para os capilares pulmonares, atingindo os centros cerebrais e ocasionando a perda de consciência e de sensibilidade. A interrupção da administração favorece a imediata eliminação do vapor (ou gás) por meio da respiração. São vantagens desse tipo de anestesia: Grande variedade de fármacos; Controle fácil; Segurança na administração. Os anestésicos inalatórios dividem‑se em gasosos e líquidos voláteis Óxido nitroso; Fluotano = halotano (hidrocarboneto halogenado); Enflurano = etrane (éter halogenado); Isoflurano = forane (éter halogenado); Sevoflurano/desflurano = sevorane (éter fluorado) Estágios da anestesia geral Analgesia: com o comprometimento da consciência e a diminuição da resposta aos estímulos dolorosos, o paciente pode experimentar sensações de calor, tontura e formigamento, embora ainda consiga se movimentar. Excitação: caracterizado por agitação psicomotora, falas sem sentido, riso ou choro. Estágios da anestesia geral Período cirúrgico/cessação dos movimentos espontâneos: O estado anestésico vai se aprofundando – ocorremo relaxamento muscular e a recuperação da respiração regular e superficial, cessam os movimentos involuntários e o paciente entra em estado de inconsciência. Anestesia parcial Anestesia locorregional (ou local): A anestesia locorregional bloqueia reversivelmente a condução dos impulsos ao nível do axônio, inibindo a sensação de dor em áreas específicas e superficialmente. São fatores que modificam a absorção sistêmica do anestésico local no sítio de aplicação. Dosagem; Local da injeção; Ligação da droga ao tecido. A seguir estão alguns fármacos empregados em sua composição: Lidocaína; Bupivacaína; Procaína; Benzocaína. São fatores que alteram o grau de absorção sistêmica do anestésico local no ponto de aplicação: Dosagem do fármaco; Local de aplicação do anestésico; Ligação da droga ao tecido que recebe o anestésico (tecidos inflamados não fazem uma ligação eficaz com a droga).
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