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@LSTUDYMED 1 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico Estudo dos CARACTERÍSTICAS DOS VÍRUS Os vírus são estruturas subcelulares, com um ciclo de repli- cação exclusivamente intracelular, sem nenhum metabo- lismo ativo fora da célula hospedeira. Basicamente, uma partícula viral completa, ou vírion, é composta por uma mo- lécula de ácido nucleico circundado por uma capa de pro- teína, podendo conter lipídios e açúcares. A função básica do vírion é carrear o genoma viral para dentro da célula, a fim de ser replicado e amplificado. Suas principais carac- terísticas são: • Possuem morfologia variada: Grande variedade em es- trutura, organização e genoma • São organismos acelulares; • São parasitas intracelulares obrigatórios; • Não possuem metabolismo próprio, portanto não fazem síntese proteica nem respiração celular; • Possuem capacidade de reprodução dentro da célula hospedeira • Alta especificidade com a célula hospedeira • Possuem capacidade de mutação • Seu material genético pode ser DNA ou RNA; • São os menores agentes infecciosos: possuem dimensões ultramicroscópicas MORFOLOGIA VIRAL A morfologia do vírus inclui o tamanho e a forma do virion, número de capsômeros, simetria do capsídeo e presença ou ausência de envelope. Em geral, as formas dos vírus são classificadas em quatro grupos: filamentosas (helicoidal), isométricas (ou icosaédricas), envelopadas e cabeça e cauda. Os vírus filamentosos são longos e cilíndricos. Muitos vírus de plantas são filamentosos, incluindo o TMV (vírus do mosaico do tabaco). Os vírus isométricos têm formas aproximadamente esféricas, como poliovírus ou herpesví- rus. Vírus envelopados têm membranas envolvendo os capsídeos. Vírus de animais, como o HIV, são frequente- mente envelopados. Os vírus de cabeça e cauda infectam bactérias. Eles têm uma cabeça semelhante aos vírus ico- saédricos e uma forma de cauda semelhante aos vírus fi- lamentosos. Figura. Vírus Figura. Morfologia viral Figura. Morfologia viral ESTRUTURA VIRAL Um vírus mais simples consiste numa única molécula de ácido nucleico rodeada por uma capa proteica, a capsídio; o capsídeo e seu ácido nucleico encerrado constituem o @LSTUDYMED 2 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico nucleocapsídeo. Em alguns dos vírus mais complexos, o capsídeo é circundado por um envelope de lipoproteína. Envelope • Camada bilipídica proveniente da célula hospedeira, que envolve certas partículas virais (vírus envelopados), em que se en- contram inseridas as glicoproteínas conhe- cidas pelo nome de peplômeros ou espícu- las virais. • A aquisição do envelope é realizada por um processo denominado brotamento, e requer primeiramente o direcionamento de proteí- nas virais (espículas) para uma membrana celular (local de brotamento) e, posterior- mente, ocorre a interação entre proteínas virais intracitoplasmáticas com essas pro- teínas virais inseridas na membrana celular. Espícula ou peplômeros Muitos vírus também desenvolvem espiculas feitas de glicoproteína em seus envelopes que os ajudam a se fixar a superfícies celulares es- pecíficas Capsídio Capa de proteína que envolve diretamente o ácido nucleico. Determinam a simetria e forma do vírus. Na natureza, encontramos capsídeos com simetrias denominadas heli- coidal, icosaédrica ou complexa Ácido nucléico • Material genético do vírus, que pode ser de RNA ou DNA • A maioria dos genomas virais é composta de uma única cópia de cada gene (haplo- ide), com exceção do genoma dos retroví- rus, que apresentam duas cópias de cada gene (diploide). • Os genomas virais podem ser de fita dupla, fita simples, circular ou linear; além disso, podem apresentar genoma único (apenas uma fita) ou segmentado, em que a infor- mação genética é dividida em diferentes segmentos do ácido nucleico. • Os genomas do tipo DNA podem ser de fita dupla (herpesvírus) ou de fita simples (parvovírus). • Os genomas do tipo RNA de fita simples (RNAfs) podem ser de polaridade positiva (RNAfs+), isto é, apresentam a sequência genômica que corresponde a um RNA mensageiro (poliovírus), que é imediata- mente traduzido pela maquinaria celular, ou podem ser de polaridade negativa (RNAfs–), ou seja, complementar ao RNA mensageiro (paramixovírus). O genoma de RNA também pode ser de fita dupla Vírion Partícula viral completa e infecciosa Vírus defeituoso Partícula viral com defeitos Figura. Estrutura viral MATERIAL GENÉTICO O genoma dos vírus é constituído de DNA ou RNA DNA • Fita simples (parvovírus e circovírus) • Fita dupla (poliomavírus, adenovírus, herpesví- rus) • Fita dupla parcial (hepadnavírus) RNA • Os genomas virais de RNA são lineares • O genoma dos vírus RNA é menor do que o dos de DNA. Hipótese explicativa: polimerases virais de RNA são menos eficientes do que as polime- rases de DNA no processo de replicação do ge- noma. • A maioria deles é RNA de fita simples, poucos possuem RNA de fita dupla RNA fita simples de sentido positivo (RNA +) • O RNA genômico serve de RNA mensageiro → tra- duzido pelos ribossomos da célula hospedeira RNA fita simples de sentido negativo (RNA -) • O RNA genômico é complementar ao RNA que é traduzido → não é traduzido diretamente por ri- bossomos Figura. RNA viral @LSTUDYMED 3 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico Figura. DNA viral. O genoma pode ter as suas extremidades cova- lentemente ligadas entre si (genoma circular) ou possuir as extre- midades livres (linear) PROTEÍNAS O genoma dos vírus codifica proteínas estruturais e não- estruturais Proteínas estruturais • As proteínas estruturais fazem parte da es- trutura física da partícula viral (capsídeo, envelope) • Participam na fixação da partícula viral a uma célula suscetível • Principal objetivo: facilitar a transferência do ácido nucleico viral de uma célula hospe- deira para outra • Protegem o genoma viral contra a inativa- ção por nucleases • Determinam as características antigênicas do vírus • Atividades específicas: hemaglutininas (Adesão) e Neuroaminidases (penetra- ção) do vírus influenza) Proteínas não-estruturais • As proteínas não-estruturais são principal- mente enzimas • Envolvidas no processo de transcrição do genoma, replicação e processamento de proteínas, p.e • RNA polimerase transportada por vírus de RNA (ortomixovírus e rabdovírus, p.e): Repli- cação e Reparo • Transcriptase reversa dos retrovírus: produz DNA a partir de um molde RNA (Retrovirus e Hepadnavirus) • Outras proteínas não-estruturais: papeis acessórios na regulação da expressão gê- nica, do ciclo replicativo e neutralização dos mecanismos de defesa do hospedeiro, p.e Figura. Proteínas virais Figura. Proteínas ENVELOPE VIRAL • Consiste em uma camada lipídica derivada das mem- branas celulares + proteínas codificadas pelo vírus (espí- culas) • Se forma durante o processo de brotamento • Composto por fosfolipídeos (50-60%) e colesterol • O envelope representa aproximadamente 25 a 30% do peso seco do vírus • Os vírus envelopados são sensíveis ao éter e outros sol- ventes orgânicos, bem como à temperatura: geram a ruptura/perda dos lipídeos resulta em redução da infec- ciosidade Figura. Envelope: forma-se durante a saída dos vírions maduros da célula hospedeira CICLO REPLICATIVO A produção de vírions a partir de uma única partícula ape- nas pode ocorrer se essa partícula viral encontrar uma cé- lula que possa fazer o processo de replicação. após a libe- ração do genoma viral na célula (RNA ou DNA), as primei- ras proteínas produzidas são aquelas que asseguram a re- plicação do genoma (não estruturais); as proteínas que @LSTUDYMED 4 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico integram a novapartícula viral sintetizada são produzidas em uma fase mais tardia e são chamadas proteínas estru- turais. A replicação varia entre os diferentes vírus - depende do ácido nucléico e da organização do genoma, mas exis- tem etapas em comum. As etapas são: Adsorção (ou ligação) É a primeira etapa. Ocorre a ligação espe- cífica de uma ou mais proteínas virais com proteínas na superfície celular. As estrutu- ras formadas por proteínas celulares que são reconhecidas pelas espículas virais são denominadas receptores. A existência de receptores na superfície celular, que são reconhecidos pelas proteínas virais, torna essa célula suscetível à infecção. A ligação à célula hospedeira geralmente é irreversível. Penetração A penetração ou internalização é um evento que depende de energia e envolve a etapa de transferência do vírus para dentro da célula. Durante a adsorção, mudanças conformacionais nas proteí- nas virais e receptores celulares possibili- tam a entrada do genoma viral ou do nu- cleocapsídeo na célula. Isso pode acon- tecer por mecanismos distintos: • Fusão entre o envelope viral e a mem- brana plasmática, liberando o genoma para dentro do citoplasma • Endocitose do vírus pela célula • Formação de poros na membrana plasmática e translocação do genoma viral pelo poro • Passagem do vírus inteiro através da membrana (penetração direta) Desnudamento (se necessário) • É o processo em que o ácido nucleico de um vírus é liberado e fica exposto no interior de uma célula hospedeira. Quando o genoma viral está desnudo, ele está pronto agora para começar a produzir as proteínas que vão fazer parte do vírus. • Uma vez dentro das células, o material genético do vírus pode seguir vários caminhos: pode codificar a expressão de proteínas do vírus ou ser replicado para formar novas partículas virais (ex- pressão e replicação de ácidos nucléi- cos). . Síntese protéica (ou expressão gênica) A síntese viral compreende a formação das proteínas estruturais e não estruturais a partir dos processos de transcrição e tradução. Os vírus foram agrupados em sete classes propostas por Baltimore em 1971, de acordo com as características do ácido nucleico e as estratégias de repli- cação • Nos vírus inseridos nas classes I, III, IV e V, o processo de tradução do RNA mensageiro ocorre no citoplasma da célula hospedeira. • Já nos vírus da classe II, este processo ocorre no núcleo. Em todas estas clas- ses, o RNA mensageiro sintetizado vai se ligar aos ribossomos, codificando a síntese das proteínas virais • Na classe VI, os vírus de RNA realizam a transcrição reversa formando o DNA complementar (RNA → DNA → RNA), devido a presença da enzima transcri- ptase reversa (famÌlia Retroviridae). • Os vírus da classe VII apresentam um RNA intermediário de fita simples, maior do que o DNA de cadeia dupla que o originou (DNA → RNA → DNA). Replicação do genoma A replicação da maioria dos vírus com genoma de DNA ocorre no núcleo, pois é nesse local que a célula tem a maquina- ria necessária para a replicação do DNA. Do mesmo modo, a replicação de vírus de RNA costuma ocorrer no citoplasma, pois é nesse ambiente que uma molécula de RNA pode ser traduzida. Maturação (ou montagem) • Processo de montagem das partículas virais que ocorre no final do ciclo repli- cativo. Ocorre a aquisição da capaci- dade infectiva pelo vírus • Enzimas são necessárias para a repli- cação viral e, caso não existem na cé- lula, devem ser codificadas pelo ge- noma viral; e, para dar início à infecção, muitas delas precisam estar presentes na partícula viral infecciosa. Por exem- plo, os retrovírus trazem na partícula vi- ral a enzima transcriptase reversa, já pronta para dar início ao processo in- feccioso. Caso isso não aconteça, não existe na célula uma enzima capaz de transformar RNA em DNA. Egresso (liberação) dos vírions • A saída do vírus da célula pode ocorrer por lise celular ou brotamento • Na lise celular (ciclo lítico), a quanti- dade de vírus produzida no interior da célula é tão grande que a célula se rompe, liberando novas partículas virais que vão entrar em outras células. Ge- ralmente, os vírus não envelopados re- alizam este ciclo, ao passo que os en- velopados saem da célula por brota- mento • Alguns vírus de DNA conseguem inte- grar seu genoma no genoma do hos- pedeiro, e seguir sendo multiplicado junto com as divisões celulares normais @LSTUDYMED 5 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico da célula, sem causar-lhe maiores da- nos. Isso é chamado de ciclo lisogê- nico. • Vírus que iniciam de pronto sua repli- cação ou que saíram do ciclo lisogê- nico realizam o chamado ciclo lítico, que envolvem a morte da célula hos- pedeira para a liberação dos vírus • O ciclo lisogênico permite a reprodução o vírus quando a célula entra em mi- tose: Células novas já terão em seu có- digo genético o do vírus • Radiações UV, Raios X , agentes quími- cos fazem com o ciclo passe de de li- sogênica para uma ciclo lítico Classificação de Baltimore Classes Tipo de vírus Replicação I DNA de fita dupla (Adenovírus) Citoplasma II DNA de fita simples + (Parvovírus) Núcleo III RNA de fita dupla (Reovírus) Citoplasma IV RNA de fita simples + (Picornavírus) Citoplasma V RNA de fita simples – (Orthomixovírus) RNA molde forma ge- noma viral e RNA mensageiro viral VI RNA de fita simples + com DNA intermediário no ciclo biológico (Retrovírus) Transcriptase reversa sintetiza DNA a partir de RNA VII DNA de fita dupla com RNA intermediário (Hepadnavírus) Formação de um RNA intermediário Figura. Ciclo reprodutivo Figura. Ciclo lítico e lisogênico MODOS DE TRANSMISSÃO Os vírus somente são mantidos na natureza se puderem ser transmitidos de um hospedeiro para outro, da mesma es- pécie ou não. A transmissão dos vírus na natureza pode ocorrer de maneira horizontal, de um indivíduo para outro da mesma espécie ou não; ou vertical, da mãe para o em- brião/feto. A transmissão horizontal pode ocorrer por diver- sos meios. São eles: Contato Pode ocorrer diretamente de um indivíduo in- fectado para um hospedeiro suscetível por meio de contato sexual, saliva, contato direto com pele infectada, ou indiretamente por fô- mites (objetos) ou perdigotos (aerossóis de secreções respiratórias ou saliva) Veículo Água ou alimentos contaminados Vetores Os vírus podem ser transmitidos por meio de animais vertebrados ou invertebrados, sendo possível classificar os últimos em vetores bio- lógicos (o vírus é replicado no vetor) ou me- cânicos (o vetor apenas carreia o vírus). @LSTUDYMED 6 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico • Transmissão direta pessoa-pessoa: Por perdigotos/ae- rossóis, contato sexual, sangue contaminado e mão- boca, mão- olhos e boca-boca. Perdigotos ou aerossóis (p. ex., influenza, sarampo, varíola); Por contato sexual (p. ex., papilomavírus, hepatite B, herpes simples tipo 2, vírus da imunodeficiência humana); Por contato mão-boca, mão-olhos ou boca-boca (p. ex., herpes simples, rinoví- rus, virus Epstein-Barr); ou por sangue contaminado (p. ex., hepatite B, vírus da imunodeficiência humana). • Transmissão indireta: Via orofecal (p.e., enterovirus, rota- virus, vírus da hepatite A) ou por fômites (p.e., vírus Nor- walk, rinovírus) • Transmissão de um animal para outro (nesse caso o ho- mem é hospedeiro acidental): Por mordida (raiva) ou por perdigotos e aerossóis contaminados por roedores (an- tavírus, p.e.) • Transmissão por vetor artrópode: P.e., arbovírus → togaví- rus, flavivírus e buniavirus IDENTIFICAÇÃO DE VÍRUS Existem algumas técnicas utilizadas em virologia que são auxiliares na identificação e classificação de amostras des- conhecidas de vírus Sensibilidade a solventes lipídicos A sensibilidade de alguns vírus aos solventeslipídicos, como clorofórmio e éter, auxilia na taxonomia de alguns vírus. Todos os vírus que possuem envelope como a membrana ex- terna são susceptíveis aos solventes lipidícos. Todos os vírus animais envelopados, com ex- ceção de alguns poxvírus, são sensíveis ao éter. Identificação do ácido nucléico A identificação é realizada através da síntese do ácido nucleico na presença de inibidores da síntese do DNA, tais como 5-bromo-2- deoxyuridine (BrdU). Se a síntese viral for ini- bida, a multiplicação do vírus estará diminu- ída então do mesmo modo. Caso a multipli- cação viral não for inibida, presume-se que o vírus contenha RNA como material genético. Análise por enzimas de restrição Enzimas de restrição são endonucleases (RE) que cortam o DNA de fita dupla em regiões específicas, variando de quatro a oito se- qüências de bases palindrômicas. O método baseia-se no tratamento do DNA viral com uma ou mais enzimas de restrição, seguido da separação dos fragmentos de acordo com o tamanho através de eletroforese em gel de poliacrilamida ou agarose. Os vírus RNA também podem ser analisados através desta técnica, porém primeiro deve ser sinte- tizado o DNA complementar (cDNA) a partir de RNA usando a enzima transcriptase re- versa, Hemadsorção • A Hemadsorção ocorre na presença de proteínas virais específicas (hemagluti- nina) na membrana plasmática de hemá- cias infectadas. Os vírus usam essa prote- ína para aderir a células que vão infectar. • Os ortomixovírus e paramixovírus obtêm a camada externa do envelope através do brotamento nas membranas celulares. • Anteriormente ao brotamento, proteínas codificadas pelos vírus (hemaglutininas) são incorporadas na membrana celular. Isso fará com as os eritrócitos adsorvam na superfície celular viral, e resultando na formação de um foco de hemadsorção que poderá ser detectado microscopica- mente. Métodos imunológicos Animais infectados com vírus respondem através da produção de anticorpos específi- cos. A detecção e avaliação desses anticor- pos, os quais refletem o estado da doença, são utilizados para o planejamento de pro- gramas sanitários em rebanhos e em estu- dos epidemiológicos de surtos Figura. Hemadsorção Figura. Métodos imunológicos DOENÇAS VIRAIS EMERGENTES Doenças emergentes são doenças infecciosas novas ou identificadas recentemente que têm impacto no ser hu- mano por sua gravidade e cuja incidência aumentou nas últimas décadas ou tende a aumentar em um futuro pró- ximo. Como exemplo de doenças emergentes conhecidas, @LSTUDYMED 7 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico podemos citar o ebola e a covid-19. Surgem após a ocor- rência de um dos três padrões gerais: • Aumento abrupto de doenças causadas por um agente endêmico • Invasão de uma nova população de hospedeiros • Reconhecimento de um novo agente Principais fatores relacionados ao seu aparecimento: • Assistência à saúde • Alterações ambientais • Produção de alimentos • Comportamento humano • Viagens e comércio • Fenômenos socioeconômicos e demográficos • Adaptação microbiana • Medidas de saúde pública ANTIVIRAIS A toxicidade das drogas antivirais provém do fato de que os vírus, embora possuam toda a informação para a cons- trução de novas partículas virais contida em seu genoma, não apresentam a capacidade de autorreplicação, neces- sitando de parte do aparato bioquímico celular para que ocorra a síntese de seus componentes. Além disso, existem alguns processos do ciclo de biossíntese viral que são pe- culiares aos vírus e podem servir de alvos específicos para as substâncias antivirais. É importante salientar que: Os an- tibióticos antibacteriano não exercem efeito algum sobre os vírus. Entretanto, alguns antivirais estão disponíveis, entre eles Viricidas • Inativam vírus intactos • Podem danificar células hospedei- ras assim como os vírus. Por isso não costumam ser usados • Podem ser usados na prevenção da transmissão de infecções virais • Ex: detergentes, solventes orgâni- cos e radiação UV Antivirais diretos • Bloqueiam a replicação viral Antivirais indiretos (imunomoduladores) • Melhoram a defesa do hospedeiro ALVOS PARA A TERAPIA ANTIVIRAL • Ciclo de replicação viral • Adsorcão do vírus na célula • Penetracão do virus e desnudamento • Replicação dos componentes virais • Maturação, montagem e liberação do vírus TIPOS DE ANTIVIRAIS Análogos de nucleosídeos • Podem inibir as enzimas celulares e virais • Ex: ribavirina, aciclovir, lamivudina. Inibidores da transcriptase reversa (RT) • Se liga diretamente à RT, rompendo o sítio catalítico da enzima • Ex: nevirapina, efavirenz, azidotimidina (AZT). Inibidores da protease • Impedem a clivagem em proteínas funcio- nais • Ex: saquinavir, nelfanir, ritonavir. Outros antivirais • Fuzeon (fusão) • Foscarnete (análogo ác. fosfonofórmico) • Amantadina e rimantadina (conta Influ- enza A) BIOTERRORISMO Consiste no uso intencional de microorganismos ou toxinas derivadas de organismos vivos, vírus ou príons causando morte ou doença em pessoas, animais ou plantas. O bio- terrorismo pode ocorrer por meio de fômites, vetores, ani- mais infectados, produtos de origem animal, vegetal ou do- enças emergentes. Agentes de bioterrorismo: • Microrganismos (ou toxinas) que podem ser usados para causar morte e doenças, com finalidades de terrorismo • Os vírus podem passar por mudanças genéticas, como o aumento da virulência, resistência a fármacos/vacinas e capacidade de disseminação • Os agentes podem ser classificados de acordo com a fa- cilidade de disseminação e taxas de mortalidade: A (maior perigo) – Anthrax, B - Salmonella e C (Danos po- tenciais) – influenza e HAIV VETORES VIRAIS Os vetores virais são desenvolvidos a partir da inserção de uma molécula de DNA, que expressa os genes virais de in- teresse, em um vírus não patogênico. Modelos experimen- tais de vacinação utilizando vetores virais estão sendo de- senvolvidos • Genomas virais vêm sendo manipulados → vetores de re- plicação e de expressão para genes virais e celulares • Praticamente qualquer vírus pode ser convertido em vetor • Atual tecnologia → baseada em vírus de DNA (p.e., par- vovírus, adenovírus, herpesvírus, vírus da vaccínia) e de RNA (p.e., poliovírus e retrovírus) @LSTUDYMED 8 Letícia Cavalcante - UFDPar Aula 8 Técnicas básicas do exame físico Figura. Vetores virais REFERÊNCIAS SANTOS, Norma Suely de O.; ROMANOS, Maria Teresa V.; WIGG, Márcia Dutra. Introdução à virologia humana . Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, [c2002]. 254
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