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LIVRO - UNIDADE 03

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FORMAÇÃO 
SOCIAL, 
ECONÔMICA E 
POLÍTICA DO 
BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar os fatores que colaboraram para a industrialização e a urbanização 
no Brasil a partir do governo de Eurico Gaspar Dutra.
 > Avaliar os efeitos da urbanização e os impactos no quadro econômico bra-
sileiro.
 > Relacionar as mudanças ocorridas no âmbito social a partir do governo de 
Juscelino Kubitschek.
Introdução
O processo de urbanização no Brasil entre 1945 e 1964 implementou importantes 
centros urbanos, principalmente na região Sudeste do país, visando a ampliar a 
diversificação da economia e o desenvolvimento da indústria e do comércio. A 
sociedade brasileira se modernizava rapidamente, apresentando um crescimento 
urbano e populacional que trazia consigo muitos problemas e desigualdades 
sociais. Estas suscitaram insatisfações e oposição ao governo. 
Nesse contexto, o populismo se desenvolveu e consolidou a política de massas, 
que buscava conduzir o trabalhador, manipulando suas aspirações e atendendo 
aos interesses das classes dominantes. O projeto desenvolvimentista com base 
na industrialização avançou. Porém, o endividamento externo cresceu e implicou 
em uma grande dependência econômica do capital estrangeiro, impactando o 
O desenvolvimento 
urbano no Brasil 
entre 1945 e 1964
Simone da Silva Viana
quadro econômico brasileiro e o modo de vida dos indivíduos. Apesar do quadro 
de modernização e urbanização, o país não conseguia resolver os problemas 
sociais latentes, como a pauperização e a desigualdade social.
Neste capítulo, você vai compreender o processo de desenvolvimento industrial 
atrelado à urbanização. Esse processo foi lento e gradual, com implementações 
de políticas liberais e neoliberais aliadas aos interesses norte-americanos, que 
acentuaram o vínculo de dependência econômica e profundas crises políticas e 
sociais latentes até os dias atuais. A indústria passou a ser a atividade econômica 
mais dinâmica. Porém, a urbanização não alcançou todas as regiões do país, que 
ainda hoje apresentam enormes desigualdades e sofrem com a destituição de 
direitos, a precarização do trabalho e a carência de uma política urbana eficaz. 
A partir dessa perspectiva, você vai apreender o contexto histórico em que se 
desenvolveram a industrialização e a urbanização do Brasil nos governos de Eurico 
Gaspar Dutra (1946-1951), Getúlio Vargas (1951-1954), Juscelino Kubitschek (1956-
1961), Jânio Quadros (1961) e João Goulart (1961-1964). Sob essa ótica, você vai poder 
analisar e pensar sobre a capacidade da sociedade brasileira de se reinventar e 
se reorganizar na luta pela cidadania e pela sobrevivência diante do caos.
A industrialização e a urbanização no Brasil 
a partir do governo de Eurico Gaspar Dutra
O período de 1945 a 1964 foi denominado pelos historiadores como período 
republicano populista. Nesse momento, o que estava em pauta era a demo-
cracia, o avanço industrial e urbano, a modernização, a consolidação das 
indústrias e das massas populares nas grandes cidades e a pressão externa 
do capital monopolista na economia capitalista nacional.
No processo de industrialização brasileira nesse período, nota-se uma 
grande influência da corrente de pensamento nacionalista, com base em 
uma industrialização comandada pela burguesia e pelo capital nacionais, 
oportunizando também o apoio do capital estrangeiro para impulsionar a 
modernização tão sonhada pela sociedade brasileira. Assim sendo, é impor-
tante ressaltar a análise de Bauman (2001) acerca da modernidade:
A modernidade começa quando o espaço e o tempo são separados da prática 
da vida e entre si, e assim podem ser teorizados como categorias distintas e 
mutuamente independentes da estratégia e da ação; quando deixam de ser, como 
eram ao longo dos séculos pré-modernos, aspectos entrelaçados e dificilmente 
distinguíveis da experiência vivida, presos numa estável e aparentemente invul-
nerável correspondência biunívoca. Na modernidade, o tempo tem história, tem 
história por causa de sua ‘capacidade de carga’, perpetuamente em expansão — o 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 19642
alongamento dos trechos do espaço que unidades de tempo permitem ‘passar’, 
‘atravessar’, ‘cobrir’ — ou conquistar (BAUMAN, 2001, p. 16).
Diante dessa reflexão, os estudiosos acerca do assunto compreenderam 
que a década de 1950 foi a consolidação dos avanços tecnológicos. Tais avan-
ços intensificaram a produção e a exploração do trabalho, as resistências e 
as mobilizações sociais, a expansão dos mercados e do consumo, a criação 
artística e o engajamento político, a transformação das paisagens e das 
relações humanas, perpetuamente em expansão.
Segundo os historiadores Cardoso e Vainfas (1997), ao longo da história 
da sociedade brasileira, a economia se deslocou do setor agrícola para o 
setor industrial, em um processo lento e gradual. Atualmente, nota-se que 
esses dois setores da economia ainda possuem uma grande relevância para a 
economia brasileira, apesar de várias transformações tecnológicas. O avanço 
das indústrias e do trabalho fabril e urbano não findou o trabalho rural — este 
caminhou lado a lado com o desenvolvimento industrial.
O desenvolvimento urbano foi consolidado no Brasil a partir de 1945, 
atrelado a uma política industrial que não estava preocupada com a realidade 
nacional. A preocupação era implementar políticas que garantissem o aumento 
da produção em curto espaço de tempo, além de maior poder de compra dos 
indivíduos, com estratégias de linha de crédito e abertura de crediários nas 
atividades comerciais, leis trabalhistas e organização sindical, e abertura da 
economia aos investidores estrangeiros.
No governo de Eurico Gaspar Dutra (1946-1951), houve uma oscilação en-
tre os que defendiam um projeto nacionalista e aqueles que defendiam 
uma abertura ao capital estrangeiro. Várias medidas políticas e econômicas 
foram tomadas para facilitar a entrada dos produtos industrializados norte-
-americanos, fazendo parte da política de alinhamento entre o Brasil e os 
Estados Unidos no contexto da Guerra Fria. 
A Constituição de 18 de setembro de 1946 apresentou inúmeras medidas 
importantes na consolidação da democracia no país. Dentre tantas medidas, 
algumas favoreceram diretamente o desenvolvimento industrial e urbano 
do país (Figura 1), como: aumento de poder dos estados e autonomia dos 
municípios, defesa da propriedade privada, sustentação de uma política 
econômica liberal e não intervenção do Estado na economia. Foram medidas 
que favoreceram diretamente a ação do capital estrangeiro, porém, não sig-
nificaram grande repercussão no desenvolvimento industrial do país, apesar 
da entrada de diversas empresas estrangeiras, que passaram a concorrer 
com a produção nacional.
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 3
Figura 1. Desenvolvimento industrial e urbano no governo Dutra: inauguração da Via Dutra, 
em 1951, retrato da política desenvolvimentista e populista do Brasil a favor do avanço 
industrial e urbano.
Fonte: Stoodi (2020, documento on-line).
Getúlio Vargas continuava sendo uma figura política importante para o 
Brasil. Nas eleições para presidente em 1950, foi eleito novamente. Iniciava 
no país a Nova Era Vargas (1951-1954). A sociedade brasileira esperava, com 
isso, a retomada do crescimento industrial e o controle das massas urbanas. 
Procurando retomar o nacionalismo e o intervencionismo no Estado brasi-
leiro, Vargas incentivou indústrias petroquímicas, siderúrgicas, de energia e 
técnicas agrícolas. Liderou a campanha “O petróleo é nosso”, criando a estatal 
Petrobrás na exploração e refino do petróleo no Brasil e implementando uma 
política populista, que se intensificava devido ao seu caráter nacionalista 
de governar.
O nacionalismo de Vargas e a sua aproximação com o operariado geravam 
insatisfações dos empresários nacionais e estrangeiros, aumentando a opo-
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 19644
sição ao seu governo.Sua política protecionista entrava em conflito com os 
interesses do capital estrangeiro, que encontrou na burguesia nacional um 
forte apoio contra as medidas políticas e econômicas elaboradas por Vargas, 
principalmente no que se referia ao apoio dado aos trabalhadores, como a 
elevação do salário mínimo.
À medida que perdia o apoio dos setores dominantes, Vargas buscava o 
apoio dos trabalhadores, adotando políticas trabalhistas. Mesmo assim não 
conseguiu o apoio total dos trabalhadores, que reivindicavam, por meio de 
greves e movimentos, melhores condições de trabalho e aumento do salário. 
Em agosto de 1954, com tantas oposições e manifestações de vários setores 
da sociedade contra o seu governo, e se recusando a aceitar a renúncia ou 
o afastamento do cargo de Presidente da República, Vargas se suicidou. A 
partir daí, ocorreram rearranjos políticos e econômicos nas eleições para 
presidente da República. 
No ano de 1956, o Brasil nomeava um novo presidente: Juscelino Kubitschek 
(1956-1961), também conhecido como JK. Seu programa de governo, denomi-
nado de Plano de Metas, priorizava investimentos em energia, transporte, 
alimentação, indústria de base e educação. JK consolidou o desenvolvimento 
do capitalismo nacional associado ao capital estrangeiro, baseado na indus-
trialização acelerada de bens duráveis e semiduráveis, na expansão de obras 
públicas e na construção da nova capital brasileira: Brasília.
Segundo os historiadores contemporâneos Cardoso e Vainfas (1997), o 
governo populista se mostrava em desajuste com os interesses capitalistas 
associados ao capital estrangeiro, o País se endividava, e as multinacionais 
levavam seus lucros exorbitantes para o seu país de origem. As cidades cres-
ciam, juntamente com os problemas sociais e urbanos nas áreas de moradia, 
mobilidade urbana, emprego, saúde e educação. Foi um período de largo 
crescimento industrial, que ocasionou a migração de nordestinos para as 
regiões Sudeste e Centro-Oeste em grande número, aumentando ainda mais 
a pobreza, a exclusão social e as vulnerabilidades sociais no espaço urbano. 
Em contrapartida, houve o fortalecimento da camada média no país, 
criando na sociedade uma mentalidade desenvolvimentista, despertando as 
potencialidades que o país poderia oferecer e incentivando o alto nível de 
consumo. Os bons resultados do Plano de Metas não impediram, nos espaços 
urbanos, principalmente, a existência de muitos focos de conflitos sociais, 
manifestações e greves realizadas por trabalhadores.
Os “50 anos em 5” promovidos por JK foram possíveis devido aos inves-
timentos do capital estrangeiro, gerando altas dívidas e dependência eco-
nômica, principalmente com os Estados Unidos. Tratava-se de uma situação 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 5
em que o grande capital monopolista, em escala internacional, acelerava 
as economias periféricas ao grande capital mundial, no contexto da Guerra 
Fria. Houve a promoção de um intenso crescimento industrial, que não solu-
cionava os problemas sociais no campo e na cidade, e a miserabilidade era 
favorável para o oferecimento de mão de obra barata e a grande reserva 
dela em território nacional. 
Segundo Prado Jr. (2000), acerca da política desenvolvimentista no Brasil, 
na década de 1950, o governo de JK terminou e deixou o país submetido a uma 
grave crise econômica, sendo cenário para a campanha partidária de Jânio 
Quadros. Este se presentava com um discurso agressivo, que prometia varrer 
a corrupção e as mazelas da sociedade brasileira, prometendo justiça social 
e moralização nacional. Assim, obteve uma vitória histórica no país. Jânio 
Quadros precisava de um programa político eficaz para resolver os proble-
mas deixados por JK, como inflação, dívida externa, pobreza e instabilidade 
social. Ao longo do seu governo, ele se utilizou de uma política autoritária, 
que interferia diretamente no modo de vida das pessoas, com reformas de 
princípios e fundamentos morais. 
Jânio Quadros comandou o país por pouco tempo, devido às medidas 
tomadas por ele, como restrição ao crédito e congelamento parcial dos sa-
lários, aproximação econômica com a Argentina e intenção de criar um bloco 
independente na América Latina. Acabou gerando muitas oposições ao seu 
governo, tanto pelos brasileiros como pelos norte-americanos. Buscando 
aproximação com os países socialistas, no contexto da Guerra Fria, acabou 
sendo acusado de inimigo do país e comunista, intensificando as pressões 
internas e externas ao seu governo, o que o levou a renunciar. 
Após a renúncia de Jânio Quadros, os militares não aceitaram a posse 
do vice-presidente, João Goulart (conhecido como Jango) — acusavam-no 
de comunista. Daí, a solução encontrada pelas forças conservadoras foi 
implementar o parlamentarismo, para diminuir o poder de Jango. De 1961 
até janeiro de 1963, o país foi governado de forma parlamentar. Porém, Jango 
realizou um plebiscito, que fazia retornar o regime presidencialista. Era o 
último e mais conturbado dos governos presidenciais da democracia popu-
lista, dominado pelos interesses das oligarquias, das elites financeiras e do 
capitalismo internacional.
Jango elaborou uma Reforma de Base, que daria condições para o país 
ter uma reforma agrária, universitária, eleitoral e urbana. Esse projeto era 
audacioso e era contra os interesses burgueses aliados ao capital estrangeiro. 
Em um cenário de profundas crises sociais, urbanas, rurais e econômicas, 
o país diminuía os investimentos e se afundava em dívidas. Nas cidades, o 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 19646
aprofundamento da política de massas ameaçava o populismo, a burguesia 
e a camada média, que viam com pavor o aprofundamento de tendências de 
esquerda e comunistas no país.
Enfim, controlar a inflação e a crise econômica e política e garantir o de-
senvolvimento industrial era algo impossível de se resolver na década de 1960. 
Em 31 de março de 1964, o cenário para a intervenção militar se consolidava. 
Terminava o período populista da história do Brasil e se instalava o regime 
ditatorial, encerrando, assim, o projeto nacionalista do desenvolvimento 
industrial brasileiro.
A história da industrialização e da urbanização está atrelada à injus-
tiça e à vivência nas camadas populares. Nesse sentido, é importante 
ressaltar que, no contexto de 1945 a 1964, a cultura e a política se interligavam. 
A cultura era vista como um instrumento de transformação, uma visão ambígua 
da sociedade que lutava pela politização dos indivíduos e pelo exercício da 
cidadania por meio da arte, do cinema, da música, da poesia e da literatura. O 
objetivo era revelar ao indivíduo a sua realidade, por meio da desconstrução das 
ideologias impostas pelo grande capital. O resultado foi um clima de conflitos 
e confrontos, mesmo diante de uma política autoritária e de um nacionalismo 
exacerbado. Tratava-se da contestação à prosperidade que só beneficiava uma 
minoria, do inconformismo com as relações comerciais e a dependência ao 
capital estrangeiro, da crítica à sociedade de consumo, da busca pela liberdade 
contra a alienação.
Para saber mais sobre esse assunto, leia o artigo “O Brasil de JK > Sociedade 
e cultura nos anos 1950”, de Mônica Almeida Kornis, disponível no site do Centro 
de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, da Fundação 
Getúlio Vargas.
Os efeitos da urbanização e os impactos no 
quadro econômico brasileiro
O mundo se modifica diariamente. Espaços geográficos, populações, costumes 
e sistemas socioeconômicos são continuamente alterados, em um movi-
mento constante causado pela modernização e pela renovação. É importante 
ressaltar que o desenvolvimento industrial provoca efeitos e impactos na 
sociedade, nas relações de trabalho, na integração cultural e social e nos 
espaços urbanos e rurais. Sob essa ótica, é importante compreender que a 
urbanização e a industrialização, no contexto de 1945 a 1964, mudaram hábitos 
cotidianos, comportamentos evalores e transformaram o espaço urbano em 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 7
todos os aspectos — político, econômico, cultural e social —, impactando o 
desenvolvimento e a construção do homem contemporâneo.
Durante a década de 1950, com o avanço da industrialização, as grandes 
cidades, principalmente da região Sudeste, receberam a implantação de 
multinacionais responsáveis pela produção de diversos bens de consumo e 
de veículos, que consolidaram transformações importantes nos processos 
de urbanização e política econômica do país. A sociedade e a economia se 
reinventavam, reproduzindo as características mais evidentes dessas orga-
nizações, como a divisão social e a exploração do trabalho. As conquistas 
de direitos políticos e, ao mesmo tempo, as restrições de direitos sociais, a 
heterogeneidade e a desigualdade social foram marcantes no processo de 
industrialização ocorrido no Brasil de 1945 a 1964. 
Segundo Prado Jr. (2000), nas grandes cidades, observou-se a amplia-
ção da pobreza, a deterioração das condições ocupacionais e o aumento 
das vulnerabilidades sociais, do desemprego e da instabilidade econômica. 
Tais fatores causaram efeitos devastadores na política urbana brasileira. A 
estrutura industrial com base nos interesses do capital estrangeiro não pos-
sibilitou o enfrentamento de problemas internos, como a pobreza nas áreas 
rurais, o que levou à migração de milhares de trabalhadores para os grandes 
centros urbanos em busca de emprego e renda. Essa migração resultou em 
uma grande reserva de mão de obra barata que se amontoou nas cidades, 
aprofundando as desigualdades sociais no país. A precariedade e a incerteza 
se tornaram elementos cotidianos na vida dos migrantes e trabalhadores 
das grandes cidades.
O progresso trazido com a industrialização não resolvia os problemas 
sociais, como a miséria, a violência, o desemprego, as migrações e a criminali-
dade. O homem pobre urbano estava fortemente marcado pelas condições do 
sistema econômico instituído. Por mais que as cidades oferecessem maiores 
possibilidades de emprego, isso não era suficiente para atender a toda a 
demanda. Ao mesmo tempo que se propagava a ideia de uma vida melhor nos 
centros urbanos, a realidade era bastante perversa. Os postos de trabalho 
eram muito volúveis, com pagamento de salários muito baixos, e a cidade 
não oportunizava para a maioria dos trabalhadores serviços básicos como 
saúde, educação e saneamento básico. 
As condições de vida da maioria dos trabalhadores nos grandes centros 
urbanos desde 1945, estendendo-se até os dias atuais, são precárias, sub-
-humanas, miseráveis. De fato, trabalho e dinheiro não são acessíveis a todos. 
A exclusão dos direitos e a política econômica direcionada ao longo da história 
para beneficiar a elite nacional e estrangeira favoreceram a consolidação 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 19648
de uma urbanização ineficaz, com sérios problemas na infraestrutura e na 
conjuntura das cidades.
Assim, entre 1945 e 1964, as cidades se transformaram para assegurar o 
desenvolvimento econômico. O espaço físico se descaracterizou, e as an-
tigas moradias deram lugar a habitações coletivas e centros comerciais. 
As favelas e a periferia cresceram na mesma intensidade (Figura 2); novos 
bairros distinguiam os moradores de acordo com sua renda e seu status. 
Nesse contexto, o planejamento urbano se fazia necessário e urgente para 
reorganizar o espaço público e o privado, além de oportunizar uma melhor 
infraestrutura para atender à instalação de inúmeras fábricas e indústrias. As 
cidades adquiriram um ritmo cada vez mais acelerado de produção e de vida.
Figura 2. Efeitos e impactos da urbanização: registro de favelas que compunham o cenário 
do Rio de Janeiro na década de 1960.
Fonte: Museu da Vida (2018, documento on-line). 
Segundo Ianni (1996), as cidades são complexos laboratórios das relações 
sociais. Ao mesmo tempo que são o lugar privilegiado das indústrias, são 
também o lugar da tirania e da opressão. Para o autor,
A ‘cidade’ pode ser realidade e metáfora, significando simultaneamente mercado, 
comércio, indústria, banco, capital produtivo, capital especulativo, tecnologia, 
força de trabalho, divisão do trabalho social, planejamento, competição, lucro, 
qualidade total; compreendendo grupos e classes sociais, sindicatos e partidos 
políticos, movimentos sociais e correntes de opinião pública, tensões sociais e 
lutas políticas, assembleias, greves, revoltas, revoluções, pode significar liberdade, 
igualdade e contrato, tanto quanto alienação e emancipação, tirania e democracia. 
Na cidade desenvolvem-se as mais diversas formas de sociabilidade e múltiplas 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 9
criações culturais, inclusive artísticas, científicas e filosóficas. E tudo isso pode 
irradiar-se pelo mundo agrário, tanto impregnando-se de suas criações como 
fertilizando-as (IANNI, 1996, p. 54–55).
É importante ressaltar a análise realizada por Ianni (1996), quando este 
se refere ao desenvolvimento das cidades e às contradições que elas de-
senvolveram. Isso porque, paralelamente ao desenvolvimento econômico e 
urbano do país, acelerado na década de 1950, surgiram inúmeros contrastes 
e confrontos a serem resolvidos nas estruturas urbanas, verificados ainda 
hoje. Muitos deles só serão solucionados a partir da tomada de consciência 
política por parte dos indivíduos, de uma ação organizada de mobilização 
social que se posicione contra a ordem estabelecida, em prol de mudanças 
nas implementações políticas espaciais, econômicas e sociais urbanas. 
Outro efeito do desenvolvimento industrial urbano, apontado por Prado 
Jr. (2000), foi a substituição de vagões e ferrovias por carros e rodovias. A 
rede ferroviária foi abandonada, porém, seu custo era muito mais baixo do 
que o da rede rodoviária, tanto para o cidadão quanto para o Estado. Foram 
medidas tomadas para atender ao capital estrangeiro, abrindo totalmente 
a economia e o mercado para as indústrias automobilísticas e petrolíferas, 
estimulando, assim, diversas atividades afins, como das indústrias mecânica, 
eletrônica, química e outras. 
É evidente que a indústria automobilística criou inúmeros postos de empre-
gos. Porém, o país não tinha infraestrutura para atender a esse investimento. 
Para construir rodovias, por exemplo, deixou de financiar hospitais, escolas 
e rede de saneamento para a população. O governo priorizou políticas de 
transporte individual em vez do coletivo, para, assim, aumentar as vendas 
de carros no território nacional.
Constatou-se também, com a industrialização, a facilidade de acesso aos 
bens de consumo, principalmente nas cidades. Nos governos de JK, Jânio 
Quadros e Jango, apesar dos problemas ocasionados pela dependência ao 
capital estrangeiro, foi notável o aumento de consumo de bens duráveis e 
semiduráveis por parte da população, acarretando mudanças no seu modo 
de vida. Por exemplo: ao adquirir uma televisão, obtinha-se acesso a um novo 
meio de comunicação, que informava, oferecia lazer, influenciava e direcionava 
o cidadão em suas escolhas e seus comportamentos.
Segundo Fausto (1985), é importante acentuar que nenhum dos gover-
nantes, nesse contexto de 1945 a 1964, tinha interesse em desenvolver uma 
industrialização e urbanização que acarretasse a modificação da estrutura 
socioeconômica do país. Isso porque o lucro e a modernidade faziam parte 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 196410
de um interesse nacional que consolidava as desigualdades da economia 
brasileira. O Estado assumiu a liderança no processo de industrialização, 
associou-se à iniciativa privada e proporcionou ampla liberdade para a im-
plantação de investimentos estrangeiros no país, principalmente na região 
Sudeste, no eixo São Paulo-Rio de Janeiro-Belo Horizonte. Ainda, estabeleceu 
políticas educacionais, principalmente nos grandes centros urbanos, obje-
tivando a formação de mão de obra semiqualificadapor meio dos cursos 
técnicos, para garantir mão de obra barata que atendesse ao grande capital.
Na verdade, a desigualdade, a dominação e as injustiças sociais não foram 
oriundas do desenvolvimento industrial e urbano do país — elas sempre 
estiveram presentes na história da sociedade brasileira. Muitos de nossos 
problemas sociais são oriundos de sistemas políticos excludentes, negligentes 
e autoritários, que destituíram, ao longo do processo histórico, o cidadão de 
seus direitos.
As grandes cidades brasileiras, no contexto de 1945 a 1964, apresentaram 
grandes contrastes sociais, efeitos da desproporção e das injustiças na 
distribuição de riquezas socialmente produzidas, da violação dos direitos 
e dos impactos causados pelo desenvolvimento econômico brasileiro. As 
camadas altas e médias da cidade definiram a padronização do consumo, de 
acordo com as propagandas e os comerciais divulgados pela imprensa. Novos 
produtos criavam novos hábitos no cotidiano das famílias, despertando uma 
extrema necessidade de consumo de tais produtos.
Pode-se dizer que a apropriação capitalista no espaço urbano e a utilização 
deste como mercadoria delimita o lugar de cada indivíduo na cidade. Aqueles 
que não possuem poder aquisitivo habitam áreas marginais, excludentes, 
periféricas. Dessa forma, as cidades se expandem de forma desigual, gerando, 
a partir daí, muitas contradições, ambiguidades e miserabilidades que o 
grande capital não consegue reverter. O grande entrave à urbanização por 
meio de um modelo sustentável é a ausência de implementação de políticas 
públicas eficazes, que garantam seguridade e melhores condições de vida 
para os habitantes dos grandes centros urbanos. São inúmeras as questões 
não resolvidas na governabilidade do espaço urbano, relacionadas a aspec-
tos como moradia, transporte coletivo, saúde, educação, lazer, entre tantos 
outros aspectos que se deterioram a cada dia, causando prejuízos enormes 
na vida urbana.
O desenvolvimento econômico e urbano gerou frustrações e carências para 
a sociedade brasileira, que ainda luta contra as segregações e as precariedades 
causadas por ele. O modelo de urbanização acelerada, desordenada e exclu-
dente viabilizado desde 1945 resultou em fortes indicadores de destituição 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 11
de direitos sociais, dependência do capital estrangeiro, exploração de mão 
de obra e matéria-prima barata e precarização do trabalho e da vida humana. 
Porém, é imprescindível reconhecer também os avanços obtidos no espaço 
urbano com as implementações tecnológicas, que transformaram o modo de 
vida das pessoas, e a inserção ao mundo moderno e pós-moderno. Dentre 
esses avanços, destacam-se a luta pelo exercício da cidadania, o papel da 
mulher no mercado de trabalho e na organização espacial urbana, as políticas 
sociais e públicas, que intensificaram a organização de movimentos sociais, 
e a democratização da educação. Enfim, são diversos avanços que entram 
em confronto com os retrocessos da realidade social brasileira.
A Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, um plano de ação 
da Organização das Nações Unidas que aponta 17 objetivos para o 
desenvolvimento sustentável, sugere muitas transformações no espaço urbano. 
Por exemplo, o Objetivo 11, intitulado “Cidades e Comunidades Sustentáveis”, 
objetiva tornar as cidades e os assentamentos humanos inclusivos, seguros, 
resilientes e sustentáveis. Para saber mais, acesse o site da Agenda 2030 e 
consulte o Objetivo 11. 
As mudanças ocorridas no âmbito social a 
partir do governo de Juscelino Kubitschek
No contexto do governo de JK (Figura 3), de 1956 a 1961, vários aspectos da 
questão social acentuaram a gravidade das demandas oriundas do sistema 
econômico capitalista. O desenvolvimento era a ideologia da época, e o 
Estado cada vez mais ampliava a sua participação na economia e reforçava 
as alianças nacionais e internacionais, propagando as ideias do patriotismo e 
da cooperação internacional. Outro aspecto importante do desenvolvimento 
urbano nesse contexto foi a formação de uma grande reserva de mão de 
obra nas cidades, acelerando o processo de empobrecimento das classes 
populares e a marginalização da população desempregada.
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 196412
Figura 3. O presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira se dirige para o palanque do Palácio 
da Alvorada, em 1960, em Brasília, no Distrito Federal. Ao mesmo tempo que ocorria a política 
desenvolvimentista no país, evidenciava-se um aumento da miséria e da desigualdade social.
Fonte: Paraná (2020, documento on-line).
Durante o governo JK, a sociedade brasileira presenciou a estabilidade 
da política desenvolvimentista. Simultaneamente, a população assistiu a 
várias manifestações e rebeliões realizadas por trabalhadores e desempre-
gados em busca de melhorias e direitos e contra a abertura desenfreada ao 
capital estrangeiro e a exploração da mão de obra. Decorreram daí inúmeras 
mudanças no âmbito social do país.
Segundo Guimarães (2005, p. 48–49), acerca da política desenvolvimentista:
A estratégia desenvolvimentista inicia sua argumentação afirmando que a demanda 
e o consumo de produtos primários nos centros mais desenvolvidos não acompa-
nham proporcionalmente o crescimento da renda, enquanto aqueles bens estão 
sujeitos a flutuações de preços súbitas e amplas, o que afeta a capacidade nacional 
de importar e portanto de investir, inclusive na infra-estrutura, com graves reper-
cussões sobre o nível interno de emprego e renda e a estabilidade social do país.
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 13
O Plano de Metas elaborado no governo de JK significou uma maior diver-
sificação de bens de consumo duráveis, o que acarretou mudanças sociais 
e culturais significativas no cotidiano da sociedade brasileira, consolidando 
uma realidade política, social, econômica e cultural baseada nas influências 
estrangeiras. Dessa forma, desenraizaram-se progressivamente as manifes-
tações culturais e peculiares da nação, ao mesmo tempo que se propagou a 
estratégia desenvolvimentista no sistema econômico brasileiro. 
Durante o governo JK, o Congresso assegurava a legitimação das políticas 
públicas elaboradas pelo Presidente, funcionando como um canal de circu-
lação de demandas setoriais dos grupos sociais, principalmente de apoio ao 
governo. Foram utilizados o clientelismo e o empreguismo como moeda de 
troca com os sindicatos. Dessa maneira, neutralizavam-se as resistências 
populares contra o alto custo de vida e a presença do capital estrangeiro.
Nota-se um caráter liberal democrático nas ações políticas consolidadas 
no contexto da década de 1950, que determinava as bases e as propostas do 
Plano de Metas, dinamizando o processo de industrialização e transformação 
capitalista. Isso ocorria diante de um cenário de desemprego e pauperização, 
um acelerado processo migratório e um aumento da violência, das tensões 
e das fragmentações no âmbito social, que contradiziam o discurso desen-
volvimentista na prática. É importante destacar a ressalva de Guimarães 
(2005, p. 168):
[...] é preciso notar que, em diversos momentos da história da formação indus-
trial brasileira, a ação do Estado, construindo as bases físicas para a atuação do 
capital privado nacional ou estrangeiro — tais como a infra-estrutura de energia 
e de comunicações —, ou implementando políticas regulatórias das atividades do 
capital , foi decisiva para superar estrangulamentos localizados, ou para dotar a 
economia daquela base indispensável ao seu desenvolvimento continuado e ao 
alcance de níveis mais elevados de sofisticação e competitividade.
Cabe acrescentar que o grande contingente de mão de obra barata foi 
fundamental para o país ser atraente para o capital estrangeiro. Pode-se 
dizer ainda que esse contingente foi fundamental no processo industrial 
urbano. Projetar no país “50 anos em 5” foi uma prática audaciosa, apoiada 
no grande capital monopolista.No âmbito social, o governo JK não promoveu 
alteração na correlação de forças entre as classes dominantes e manteve as 
contradições do desenvolvimento, em que a miséria permitia o fornecimento 
de mão de obra barata para a dinamização industrial.
O Programa de Metas do governo objetivava 31 metas, distribuídas em 
seis grandes grupos: Energia, Transporte, Alimentação, Indústrias de Base, 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 196414
Educação e Construção de Brasília. Com investimentos em obras públicas e 
entrada de indústrias estrangeiras, o Programa de Metas fazia aumentar o 
quantitativo de vagas de emprego. É importante ressaltar a análise de Lafer 
(2002, p. 47) acerca do Plano de Metas:
O Programa de Metas ia ao encontro do estilo conciliatório das elites. Nesse sentido, 
cumpre salientar a importância do plano como um conceito político, decorrente da 
visão que Kubitschek tinha — e defendia — do futuro, compatível com as condições 
vigentes de participação política e, portanto, com os interesses dos atores rele-
vantes no sistema político. Como conceito político, um plano representa, de fato, 
não apenas aspectos da experiência real de determinados grupos, mas também 
a visão e as expectativas de um futuro no qual acreditam. Portanto, a decisão de 
planejar, pela primeira vez proposta em uma campanha eleitoral, consistiu em 
uma tentativa de reduzir a incerteza sobre as novas políticas, na medida em que 
a visão do futuro não revelava, de antemão, incompatibilidade entre as aspirações 
das massas (expansão das oportunidades de emprego) e das elites (tradicional 
estilo conciliatório).
Porém, a acelerada entrada de migrantes na região Sudeste, em busca de 
melhorias de vida, fugindo da miséria e do atraso regional das demais regiões, 
em destaque o Nordeste, diminuía as oportunidades de geração de renda. 
Isso porque as cidades não conseguiam promover a quantidade necessária 
de ofertas de emprego. O sucesso do Programa de Metas não solucionou as 
contradições e ambiguidades do sistema capitalista liberal — por exemplo, 
não impediu o movimento operário e as greves, o aumento das disparidades 
regionais simultaneamente ao desenvolvimento industrial, a manutenção 
e o crescimento da miséria e as desigualdades sociais nos espaços rural e 
urbano. O governo não conseguia gerar tantos empregos nos setores secun-
dários e terciários para atender a toda a demanda. Assim, o desequilíbrio era 
evidente no espaço urbano, com a construção de favelas lado a lado com as 
mansões burguesas.
Segundo Ianni (1979), o governo JK marcou um período de transição, saindo 
de uma política prioritariamente nacionalista do governo Vargas para adotar 
o desenvolvimentismo pautado em uma relação de dependência e associação 
com o capital externo. Nesse sentido, o progresso econômico desejado por 
Kubitschek não defendia a ideia de autonomia. Ao contrário, previa que a 
industrialização só se efetivaria, de fato, com a entrada de investimento 
privado, principalmente estrangeiro. Partindo desse argumento, Ianni (1979) 
afirma que o vínculo com o nacionalismo “[...] era apenas e exclusivamente 
ideológico e tático. Era muito mais uma concessão às forças políticas com 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 15
as quais Kubitschek teve de jogar” (IANNI, 1979, p. 186). A Figura 4 mostra o 
planejamento dos investimentos do governo JK.
Figura 4. Previsão de "tempos" no plano de investimentos do governo Juscelino Kubitschek.
Fonte: Silva (2020, documento on-line). 
Ao longo dos anos seguintes, segundo Fausto (1985), a crise brasileira 
aumentou e afetou todas as esferas da sociedade — econômica, política, 
social e cultural. O discurso desenvolvimentista se desgastou e perdeu seu 
teor populista. As intensas mobilizações social, política e popular propaga-
ram ideias revolucionárias e um profundo descontentamento com a ordem 
estabelecida. Muitas foram as críticas ao governo JK e às políticas desen-
volvimentistas que propagaram um crescimento econômico vinculado ao 
capital estrangeiro. O golpe de 1964 esmagou as forças populares e manteve 
o modelo de desenvolvimento industrial instituído por JK, com algumas 
alterações, para a retomada do crescimento econômico no país frente a um 
cenário de crise e recessão. 
No que se refere ao âmbito social, as perdas salariais e trabalhistas foram 
altíssimas, aprofundando as disparidades sociais e aumentando os índices de 
mortalidade e miserabilidade, empobrecimento dos trabalhadores e privação 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 196416
de seus direitos básicos. Tais problemas percorreram todo o século XX e ainda 
perduram no século XXI. Houve o fortalecimento de uma segregação espacial e 
social nas cidades brasileiras, juntamente com a crise urbana, fomentada pelo 
desemprego, pela miserabilidade, pela violência e pela desregulamentação 
dos direitos e serviços básicos.
Para sanar essas problemáticas, faz-se necessário regulamentar políticas 
sociais eficazes que possam oportunizar melhores condições de vida para os 
cidadãos, seja no espaço urbano ou rural. Como afirma Faleiros (1991, p. 8):
As políticas sociais no Brasil estão relacionadas diretamente às condições viven-
ciadas pelo País em níveis econômico, político e social. São vistas como mecanis-
mos de manutenção da força de trabalho, em alguns momentos, em outros como 
conquistas dos trabalhadores, ou como doação das elites dominantes, e ainda 
como instrumento de garantia do aumento da riqueza ou dos direitos do cidadão.
O momento histórico é de reinvenção, reorganização, reestruturação da 
sociedade brasileira e de todo o seu sistema político-econômico. O enfren-
tamento à realidade perversa do capitalismo se fortalece juntamente com 
as ações de cidadania, a implementação de políticas públicas eficazes, as 
mobilizações e as tomadas de consciência política e social, em prol de um 
desenvolvimento sustentável e humano.
Segundo Faleiros (1991), as políticas sociais devem ser entendidas como 
produto histórico concreto a partir do contexto da estrutura capitalista.
As políticas sociais são formas de manutenção da força de trabalho econômica 
e politicamente articuladas para não afetar o processo de exploração capitalista 
e dentro do processo de hegemonia e contra hegemonia da luta de classes. (FA-
LEIROS, 1991, p. 45).
[...] as políticas sociais, apesar de aparecerem como compensações isoladas para 
cada caso, constituem um sistema político de mediações que visam à articulação 
de diferentes formas de reprodução das relações de exploração e dominação da 
força de trabalho entre si, com o processo de acumulação e com as forças políticas 
em presença (FALEIROS, 1991, p. 80).
Acerca desse assunto, pode-se ressaltar também a questão do desenvol-
vimento urbano industrial. No cenário brasileiro, ao longo da história, esse 
desenvolvimento foi desigual, com formas tipicamente capitalistas atuando 
juntamente com as formas tradicionais de expropriação e espoliação da 
acumulação primitiva, a partir de um modelo de modernização conservadora 
e de um desenvolvimento desigual, dependente e periférico do capitalismo. 
Visto que o crescimento econômico é uma das condições necessárias para a 
resolução dos problemas que se arrastam na história do país, tanto no espaço 
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 17
urbano quanto no rural, fazem-se necessárias inúmeras implementações de 
políticas sociais e públicas em todas as estruturas da sociedade, como na 
saúde, na educação, na habitação etc. É necessário ainda o investimento em 
novas perspectivas de retomada dos direitos sociais e trabalhistas.
Referências
BAUMAN, Z. Modernidade líquida. Rio de Janeiro: Zahar, 2001. 
CARDOSO, C. F.; VAINFAS, R. Domínios da história. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
FALEIROS, V. de P. A política social do Estado capitalista: as funções da previdência e 
da assistência sociais. São Paulo: Cortez, 1991. 
FAUSTO, B. (org.). História geral da civilização brasileira. 4.ed. São Paulo: Difel, 1985a. 
Tomo 3, v. 1.
FAUSTO, B. (org.). História geral da civilização brasileira. 3. ed. São Paulo: Difel, 1985b. 
Tomo 3, v. 2.
GUIMARÃES, S. P. Desafios brasileiros na era dos gigantes. Rio de Janeiro: Contraponto, 
2005.
IANNI, O. A era do globalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996.
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político no Brasil. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2002.
MUSEU DA VIDA. Exposição "O Rio que se queria negar", que reúne imagens de favelas 
cariocas captadas por Anthony Leeds, está em cartaz em Nilópolis. Rio de Janeiro: 
Fiocruz, 2018. Disponível em: http://www.museudavida.fiocruz.br/index.php/ultima-
-semana-para-conferir-exposicao-o-rio-que-se-queria-negar-que-reune-imagens-de-
-favelas-cariocas-captadas-por-anthony-leeds#.X8tW8GhKhPZ. Acesso em: 5 dez. 2020.
PARANÁ. Governo do Estado. Museu Oscar Niemeyer abre exposição sobre as origens 
do fotojornalismo no Brasil. Curitiba: Agência de Notícias do Paraná, 2020. Disponível 
em: http://www.aen.pr.gov.br/modules/galeria/detalhe.php?foto=224144&evento=39
893#menu-galeria. Acesso em: 5 dez. 2020.
PLATAFORMA AGENDA 2030. Objetivo 11: cidades e comunidades sustentáveis. Brasília: 
PNUD, IPEA, 2020. Disponível em: http://www.agenda2030.org.br/ods/11/. Acesso em: 
5 dez. 2020.
PRADO JR, C. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense, 2000.
SILVA, S. B. da. O governo de Juscelino Kubitschek. Rio de Janeiro: FGV, 2020. Disponí-
vel em: https://cpdoc.fgv.br/producao/dossies/JK/artigos/Economia/PlanodeMetas. 
Acesso em: 5 dez. 2020.
STOODI. Resumo de Governo Dutra: história. São Paulo: Stoodi, 2020. Disponível em: 
https://www.stoodi.com.br/resumos/historia/governo-dutra/. Acesso em: 5 dez. 2020.
O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 196418
Leituras recomendadas
HOBSBAWM, E. A era dos extremos: 1914-1991. São Paulo: Cia das Letras, 1993.
KOWARICK, L. A espoliação urbana. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1979.
KOWARICK, L. O preço do progresso: crescimento econômico, pauperização e espoliação 
urbana. In: MOISÉS, J. A. et al. Cidade, povo e poder. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1982. 
v. 5. (Coleção CEDEC/PAZ E TERRA). p. 30–48.
LE GOFF, J. História e memória. Campinas, SP: Editora Unicamp, 2012.
LEITE, C.; AWAD, J. di C. M. Cidades sustentáveis, cidades inteligentes: desenvolvimento 
sustentável num planeta urbano. Porto Alegre: Bookman, 2012. 
ROSE, J. F. P. A cidade em harmonia: o que a ciência moderna, civilizações antigas e a 
natureza humana nos ensinam sobre o futuro da vida urbana. Porto Alegre: Bookman, 
2019. 
SANTOS, W. G. dos. O cálculo do conflito: estabilidade e crise na política brasileira. 
Belo Horizonte: UFMG; Rio de Janeiro: IUPERJ, 2003.
SKIDMORE, T. E. Brasil: de Getúlio a Castello (1930-1964). São Paulo: Companhia das 
Letras, 2012. 
SOUZA, N. O planejamento econômico no Brasil: considerações críticas. Revista de Ad-
ministração Pública, v. 46, n. 6, p. 1671–1720, 2012. Disponível em: https://doi.org/10.1590/
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O desenvolvimento urbano no Brasil entre 1945 e 1964 19
FORMAÇÃO 
SOCIAL, 
ECONÔMICA E 
POLÍTICA DO 
BRASIL
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
 > Identificar os elementos históricos que levaram ao processo migratório 
no Brasil.
 > Analisar a influência da migração na dinâmica econômica e política do Brasil.
 > Reconhecer a importância da migração para a formação social e cultural 
do Brasil.
Introdução
Além de ser um país de imigrantes estrangeiros, o Brasil também é um país de 
relevante migração interna. A partir da segunda metade do século XX, o País 
experimentou grandes fluxos migratórios, que ocorreram sobretudo da região 
Nordeste em direção à Sudeste. Esse movimento de grandes contingentes teve 
as suas origens históricas na pobreza das regiões originárias dos migrantes, que 
funcionou como fator de expulsão destes de suas terras natais. Como fator de 
atração ao Sudeste, houve o grande desenvolvimento econômico pelo qual essa 
região passou, com a industrialização e a construção de rodovias, que facilitaram 
a migração.
O processo 
migratório como 
fator social e 
econômico
Eduardo Pacheco Freitas
Desse modo, o País teve diversas esferas de sua sociedade influenciadas 
pelos movimentos de migração. A política, a cultura e a economia brasileiras têm, 
em suas expressões atuais, a marca do trabalho e da presença dos migrantes. 
Portanto, pode-se afirmar que o Brasil, como o conhecemos, não seria o mesmo 
sem os fluxos migratórios que ocorreram no século passado.
Neste capítulo, você estudará sobre as origens históricas da migração no 
Brasil. Além disso, verá uma análise da migração sob o ponto de vista econômico e 
político. Por fim, você conhecerá o papel relevante dos migrantes para a formação 
sociocultural brasileira.
Origens do processo migratório brasileiro
Nos últimos 60 anos, o Brasil experimentou um grande fluxo migratório interno. 
Os movimentos migratórios estão profundamente conectados ao processo 
de urbanização crescente que o País viveu no período e à redistribuição da 
população brasileira no espaço do território nacional. Embora os fluxos mi-
gratórios ocorram no País desde o século XIX, é a partir da segunda metade 
do século XX que eles irão se intensificar e se tornar um fenômeno bastante 
considerável (BAENINGER, 2012).
A cada ciclo econômico verificado nos últimos dois séculos, houve formas 
migratórias diferentes: ao longo do século XIX, a migração esteve vinculada 
à produção cafeeira; da última década do século XIX até 1930, os migrantes 
buscavam inserção em um novo sistema cafeeiro e na industrialização inci-
piente; entre os anos de 1940 e 1950, houve a integração do mercado interno 
e um maior desenvolvimento regional, sobretudo na região Sudeste, que 
passou a atrair cada vez mais migrantes (BAENINGER, 2012).
De 1950 a 2000, ocorreu a internacionalização da economia brasileira, 
somada a um ritmo de urbanização jamais visto no País, sendo esse fenô-
meno diretamente relacionado aos fluxos migratórios da região Nordeste 
em direção à Sudeste. Na década de 1980, esse fluxo migratório diminuiu 
consideravelmente, ganhando novo fôlego apenas no século XXI. Neste ca-
pítulo, trataremos exclusivamente do período considerado mais relevante e 
com maiores impactos na sociedade brasileira, que corresponde justamente 
à segunda metade do século XX (BAENINGER, 2012).
A partir da década de 1950, a principal causa para a migração interna 
foram os desiquilíbrios na distribuição regional da riqueza. As regiões Norte e 
Nordeste apresentaram, historicamente, uma menor participação na riqueza 
do Brasil, além de serem regiões negligenciadas em amplo aspecto pelo poder 
central que se encontrava no sul do País. Além disso, a necessidade cada vez 
O processo migratório como fator social e econômico2
maior de mão de obra não qualificada para a indústria e para a construção 
civil contribuiu sobremaneira para a atração de migrantes das regiões Norte e, 
principalmente, Nordeste em direção às regiões Sudeste e Sul (SINGER, 1980).
Portanto, qualquer abordagem sobre os fenômenos migratórios deve 
ser realizada a partir da perspectiva histórico-estrutural, buscando-se 
compreender os fenômenos e processos que condicionaram as decisões 
dos migrantes de partirem em busca de novas oportunidades. Para melhor 
compreensão, deve-se considerar também a conjuntura internacional, em 
que asmassas se deslocam em função do capital. Nesse sentido, Singer 
(1980, p. 80) afirma que:
Como qualquer outro fenômeno social de grande significado na vida das nações, 
as migrações internas são sempre historicamente condicionadas, sendo o resul-
tado de um processo global de mudança, do qual elas não devem ser separadas. 
Encontrar, portanto, os limites da configuração histórica que dão sentido a um 
determinado fluxo migratório é o primeiro passo para o seu estudo.
No caso do Brasil, a origem das migrações está estreitamente relacionada 
com a economia, visto que, enquanto país inserido na periferia do sistema 
capitalista mundial, ele tem suas esferas econômicas, políticas e sociais 
profundamente afetadas pelo contexto internacional. O fenômeno migratório, 
como parte da sociedade, não poderia deixar de ser influenciado também 
pelas movimentações do capital mundial. Quando se inicia um grande fluxo 
de migrantes das regiões mais ao norte do País em direção às regiões ao 
sul, este se dá sobretudo pelas grandes transformações econômicas pelas 
quais o País passava, em um momento em que deixava de ser um país rural 
e passava a ser um país urbano (SINGER, 1980).
Na região Nordeste, a década de 1950 foi marcada por um processo 
constante de crescimento demográfico, que desencadeou graves 
problemas em termos sociais e políticos. Ao mesmo tempo, havia uma espécie 
de insatisfação popular com as condições de vida locais, ao passo que se vis-
lumbrava uma certa opulência (se comparada à vida miserável no Nordeste) 
no Sudeste, região mais desenvolvida do País. Houve tentativas de fixar os 
nordestinos em sua terra, por meio da criação de associações camponesas, 
que lutavam contra os latifúndios e buscavam promover o acesso à terra para 
os pobres. Contudo, a crise não foi solucionada, e políticas que incentivaram 
a migração foram implementadas, contribuindo para os fluxos migratórios em 
direção à região Sudeste e conformando uma situação dual no País, em que o 
campo é atrasado e o espaço urbano é desenvolvido (RUA, 2003).
O processo migratório como fator social e econômico 3
Nesse contexto, o Brasil mudava — embora em dimensão reduzida — a 
sua participação no cenário internacional, tornando-se exportador de pro-
dutos industrializados. Essa nova condição, ligada ao desenvolvimento das 
indústrias, sobretudo no estado de São Paulo, contribuiu de alguma forma 
para as migrações. Entretanto, o grande motor a colocar em marcha os fluxos 
migratórios da região Nordeste, sem sombra de dúvida, foi a criação de um 
mercado interno, no qual surgiram bens de consumo fabricados no próprio 
País, como uma linha variada de eletrodomésticos e, muito importante, um 
parque automobilístico, implantado durante o governo de Juscelino Kubitschek 
(1956–1961). Essa nova matriz industrial instalada no País exigia mão de obra de 
maneira crescente, funcionando como um fator de atração dos migrantes, que, 
em suas regiões de origem, enfrentavam fatores de expulsão (DRAIBE, 1985).
Um dos paradigmas explicativos dos movimentos migratórios é o 
modelo “repulsão/atração”, segundo o qual “no centro dos processos 
migratórios, se encontra a decisão de um agente racional que, na posse de 
informação sobre as características relativas das regiões A e B, e de dados 
contextuais respeitantes à sua situação individual e grupal, decide pela perma-
nência ou pela migração” (PEIXOTO, 2004, p. 5). Em outras palavras, a migração 
só pode ocorrer na convergência de processos complementares: as condições 
adversas na região de origem (dificuldades/repulsão) e o vislumbre de melhores 
condições em outro local (oportunidades/atração).
No entanto, outras transformações da sociedade brasileira serviram 
como atração para os migrantes a partir da década de 1950. Naquele período, 
sobretudo no governo de Juscelino Kubistchek (JK), uma nova doutrina eco-
nômica tomou conta do País: o nacional-desenvolvimentismo. A partir dessa 
doutrina, JK foi eleito, prometendo intervir fortemente na economia, com o 
objetivo de modernizar o País. A sua base foi o conhecido Plano de Metas, 
que propunha soluções para as áreas da indústria, do campo, da energia, da 
educação, entre outras. O slogan de JK foi “50 anos em 5”, afirmando que o 
Brasil experimentaria um avanço rápido como nunca visto em sua história. 
O maior símbolo da administração de JK foi a construção de Brasília, uma 
representação do novo país, industrializado e cosmopolita, que ele pretendia 
inaugurar (BIELSCHOWSKY, 2007).
A construção de Brasília, iniciada em 1956, exerceu uma forte atração 
sobre os migrantes do norte e, principalmente, do Nordeste e do estado de 
Goiás. Os candangos, como ficaram conhecidos os migrantes-operários que 
construíram Brasília, chegaram a somar mais de 60 mil indivíduos no auge das 
O processo migratório como fator social e econômico4
obras. Para acomodar esse enorme contingente de pessoas, as construtoras 
levantaram grandes acampamentos, que, na prática, funcionavam como 
pequenas cidades (REIS JÚNIOR, 2008).
Inicialmente, o maior número de migrantes veio de Goiás, segundo o censo 
realizado em 1957, que apontou como oriundos desse estado 3.152 migrantes. 
Entretanto, a partir de 1958, uma grande seca na região Nordeste promoveu o 
deslocamento de 4 mil flagelados em direção aos canteiros de obras da nova 
capital. Ainda assim, no ano de 1958, os operários goianos compunham 52% 
da população da Cidade Livre (Figura 1), acampamento que reunia a maior 
parte dos candangos. Portanto, tem-se dois fatores principais na formação 
do perfil do migrante que construiu Brasília: a proximidade geográfica (Goiás) 
e as dificuldades econômicos advindas das secas que assolavam a região 
Nordeste (REIS JÚNIOR, 2008).
Figura 1. Cidade Livre (1959), a maior cidade dos candangos, que abrigou dezenas de milhares 
de migrantes-operários durante a construção de Brasília.
Fonte: Núcleo... (2020, documento on-line).
O processo migratório como fator social e econômico 5
Influências da migração sobre a economia e 
a política brasileiras
A partir de 1930, as migrações internas brasileiras passaram a desempenhar um 
papel de destaque na recomposição espacial do Brasil. Como visto, os fluxos 
migratórios tinham relação com as atividades de produção mais expressivas 
de cada época histórica. Nas primeiras décadas do século XX, a atividade 
econômica primária brasileira estava no campo, contudo, ao longo do século, 
houve a transposição do centro da economia, que ficava no campo, para as 
cidades e suas indústrias, comércios e serviços (MATA, 1973).
Portanto, o fenômeno de migração desse período foi caracterizado, muitas 
vezes, como êxodo rural, já que houve um deslocamento massivo de cam-
poneses para as cidades em busca de trabalho e melhores oportunidades. 
Entre 1940 e 1970, por exemplo, enquanto a taxa da população rural crescia a 
1,8%, nas áreas urbanas, o crescimento populacional era de 4,8%. Em suma, 
um dos principais resultados da migração interna brasileira foi o inchaço das 
grandes cidades do País, sobretudo São Paulo e Rio de Janeiro (MATA, 1973).
No século XX, o Brasil modernizou a sua economia e, como não poderia 
deixar de ser, atrelada a essa nova dinâmica, a sociedade e a política se trans-
formaram. Em decorrência da demanda por mão de obra nas indústrias, que 
surgiam em velocidade cada vez mais acelerada, principalmente na década 
de 1950, em função do desenvolvimentismo de Juscelino Kubitschek, houve 
a atração de migrantes da região Nordeste.
Todavia, não foi somente para o trabalho na indústria que essas pessoas se 
deslocaram dentro do Brasil rumo à região Sudeste. À época, o Brasil passou 
a apostar fortemente no modelo de transporte estadunidense, deixando de 
lado as ferrovias e as hidrovias e investindo na construção de milhares de 
quilômetros de estradas, pontes e rodovias por todo o país (FREITAS, 2017). 
Desse modo, dois aspectos que se complementam podem ser destacados: 
primeiro, a transformação econômica nos camposda indústria e dos trans-
portes, que funcionou como elemento de atração para os migrantes; segundo, 
as próprias rodovias e pontes construídas pela mão de obra dos migrantes 
facilitaram ainda mais o deslocamento destes para as regiões Sul e Sudeste. 
Assim, o Brasil se tornava um país em que as distâncias eram diminuídas 
a cada dia, promovendo uma grande transformação social devido à nova 
infraestrutura de transportes (FREITAS, 2017).
Trata-se, pois, de uma relação dialética: à medida que a economia se 
desenvolvia, os migrantes desenvolviam a economia com sua força de tra-
balho. Daí a centralidade dos migrantes da região Nordeste no dinamismo da 
O processo migratório como fator social e econômico6
economia brasileira do século XX. Portanto, não é possível analisar aquele 
período sem que os trabalhadores oriundos de outras regiões do Brasil — e 
suas realizações no Sudeste — sejam levados em consideração.
É evidente que a maior parte dos trabalhadores migrados da região 
Nordeste para a Sudeste encontrou condições de vida tão ou mais 
adversas que aquelas existentes em seus estados de origem. Um importante 
fato econômico envolvendo os migrantes é chamado pela sociologia de cor-
reias transmissoras. Na prática, isso significa que os migrantes fogem de um 
contexto de subemprego/desemprego de suas regiões originárias para, na 
maioria das vezes, encontrar a mesma condição nas metrópoles para as quais 
se transplantaram (FERREIRA, 1986).
O campo político também foi significativamente influenciado pela presença 
dos migrantes. A sobreposição dos ambientes públicos urbanos, onde viviam 
a maior parte dos imigrantes, e o âmbito privado do trabalho forneceram todo 
tipo de combustível para a construção de identidades de classe, consciência 
da condição de migrante, bem como para a formação de movimentos sociais, 
sindicais e políticos característicos da periferia do capitalismo mundial. Aliás, 
os migrantes, como afirma o cientista social Nozaki (2009, p. 305), situam-se 
“nas periferias da periferia do capitalismo”.
No século XX, os migrantes, principalmente os nordestinos, ajudaram a 
criar a classe operária brasileira, que atuou nas indústrias de base, petro-
química, siderúrgica e automobilística. Em virtude de sofrerem com baixas 
remunerações, os trabalhadores se organizaram contra essas condições de 
trabalho, fundando alguns dos maiores sindicatos do País. Essas organizações, 
compostas em maior parte por migrantes ou filhos destes, foram respon-
sáveis por buscar, no campo político, o cumprimento das suas demandas. 
Instrumentos como a greve foram particularmente importantes para que as 
categorias de trabalhadores conseguissem impor a sua vontade e obter mais 
direitos e melhores salários.
O período que vai de 1964 até meados da década de 1980 foi muito compli-
cado para os grupos que exigiam direitos e democracia. No entanto, é nesse 
período que grupos políticos e sindicais despontam no cenário político do 
País, como o Partido dos Trabalhadores (PT), criado em 1982, tendo um dos 
seus maiores expoentes o ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, um migrante 
pernambucano que chegou a São Paulo vindo em um caminhão pau-de-arara 
(Figura 2). Lula ainda estaria no centro das atenções ao liderar o grande ciclo 
de greves dos metalúrgicos do ABC paulista, ocorrido entre 1978 e 1980 (Figura 
3), já no ocaso da ditadura civil-militar.
O processo migratório como fator social e econômico 7
Outra grande liderança política de origem migrante é Luiza Erundina, 
nascida no estado da Paraíba, que viria a se tornar a primeira prefeita de 
São Paulo, a maior cidade da América Latina. Desde a juventude, Erundina 
foi militante política, atuando na defesa da reforma agrária em seu estado 
Figura 2. O caminhão pau-de-arara é um meio de transporte irregular utilizado durante décadas 
no transporte de migrantes saídos da região Nordeste em direção a São Paulo. Como se vê 
na imagem, é um veículo sem qualquer tipo de conforto ou segurança para os passageiros. 
Fonte: Campanato (2006, documento on-line).
Figura 3. O futuro presidente Lula, migrante e então sindicalista, discursa para uma multidão 
de operários grevistas, em 1979.
Fonte: Piccino (1979, documento on-line).
O processo migratório como fator social e econômico8
natal, no interior de movimentos católicos. Formada em Serviço Social pela 
Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Erundina também se tornaria uma 
das fundadoras do PT, junto a Lula. O PT, no contexto da redemocratização, 
tornou-se um sinal de esperança para a democracia brasileira, que renascia 
(ERUNDINA; JINKINGS; PERICÁS, 2020).
Como visto, a migração no século XX, sobretudo em sua segunda metade, 
moldou a face do Brasil em diversos aspectos. Além da influência dos mi-
grantes sobre a economia, desenvolvida a partir da sua força de trabalho, 
houve o aparecimento de lideranças políticas importantes e que mudaram 
a história do Brasil nas últimas décadas. Desse modo, pode-se concluir que, 
sem o fenômeno migratório – em particular o nordestino –, o Brasil seria um 
país com uma versão bastante diversa da atual.
Migração e formação sociocultural 
brasileira
O Brasil é um país eminentemente urbano, porém essa nem sempre foi a reali-
dade nacional. Foi somente a partir da década de 1950 que ocorreu uma virada na 
composição da população brasileira no que se refere ao binômio rural/urbano. 
Naquele período, as cidades passaram a exercer uma forte atração sobre os 
migrantes, que incharam o uso do espaço urbano e contribuíram para a criação 
das regiões conturbadas e metropolitanas. Segundo o Censo de 2010, 84,35% 
da população brasileira vivia em cidades, e esse número não para de crescer, 
muitas vezes por conta dos fluxos migratórios, que continuam a enviar pessoas 
das regiões mais pobres do País — frequentemente rurais — para os grandes 
núcleos urbanos (INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA, 2010).
A migração interna brasileira foi um dos fenômenos mais importantes para 
a transformação do Brasil de um país rural para um país urbano. Portanto, 
esse fato está profundamente conectado à criação não somente de uma 
sociedade urbana, mas também de uma cultura urbana. Conforme Gonçalves 
(2001, p. 174):
De acordo com os censos do IBGE, na década de 1960, 13 milhões de pessoas 
trocaram o campo pela cidade; nos dez anos seguintes, esse número se elevou 
para 15,5 milhões. Tudo indica que desde 1970, quando a população rural passou 
a ser minoritária, até os dias de hoje, mais de 40 milhões de brasileiros migraram 
do campo para a zona urbana. Se levarmos em conta que a região Sudeste con-
centra, sozinha, 72.282.411 habitantes, ou seja, 42,6% da população do país, e tem 
um percentual de urbanização da ordem de 90,52%, fica ainda mais evidente o 
crescimento da cidade em detrimento do campo.
O processo migratório como fator social e econômico 9
Os números mencionados são impressionantes e dão a dimensão do tama-
nho da migração interna que ocorreu no Brasil na segunda metade do século 
XX. Esses movimentos foram tão expressivos, que se tornaram responsáveis 
por modificar amplamente as características socioculturais do País. De uma 
sociedade mais engessada e tradicional, fundada no campo, o Brasil passou 
a ser uma nação mais dinâmica e com acelerado ritmo de transformações 
culturais e sociais, frutos obtidos diretamente da transposição de populações 
inteiras das áreas rurais e do sertão para os perímetros urbanos brasileiros.
O caso do estado de São Paulo é particularmente interessante, pois esse 
estado concentra 1/5 da população brasileira, do qual 1/3 se encontra apenas 
na capital do estado. Ao lado do Rio de Janeiro, São Paulo é a região do País 
que mais recebeu migrantes nas últimas décadas, recebendo, assim, uma 
forte influência das culturas originais dos migrantes. Desde expressões 
linguísticas, passando por pratos típicos que caíram no gosto popular até a 
música, a contribuição dos migrantes se revela significativa, amalgamandoculturas diferentes, das mais diversas regiões do Brasil (em particular do 
Nordeste), formando um caldeirão cultural na megalópole paulista.
Para abordar corretamente o problema da formação sociocultural 
brasileira a partir das migrações, deve-se pensar sob a perspectiva 
das relações entre território e identidade cultural. Afinal, o território (no qual 
o migrante se estabelece) assume relevância para a formação e a afirmação de 
identidades e pertencimento. Para Jorge (2010, p. 240) a identidade é “resultado 
de um trabalho permanente de renovável construção social e política”, porém 
ela também tem origem “geográfica, que leva em conta a extrema mobilidade 
dos agentes sociais”. Dessa forma, o espaço físico onde o indivíduo vive é o elo 
comum que conduz à identificação dos sujeitos com o ambiente que ocupam. 
Assim, as identidades seriam fixadas no território naquilo que o autor qualifica 
de identidades socioespaciais, isto é, identificações individuais e culturais que 
integram um grupo em um determinado espaço.
Em contrapartida, em vez de influir com a sua própria cultura na nova terra, 
pode ocorrer o processo de desterritorialização do migrante. Esse processo 
pode ser descrito brevemente como uma quebra de vínculos com um território 
originário. Para as classes superiores e abastadas, a desterritorialização não 
costuma ser algo nocivo, tratando-se de uma multiterritorialidade segura 
e opcional. Contudo, para os mais pobres (maior parte dos migrantes), a 
desterritorialização se manifesta frequentemente de maneira coercitiva, 
oriunda de opções exíguas para a sobrevivência individual ou familiar, muito 
comum nos casos dos refugiados. Catástrofes climáticas, guerras, disputas 
O processo migratório como fator social e econômico10
de fronteira e questões étnicas são as causas mais comuns para a produção 
de populações refugiadas, que perdem o vínculo com o território original, 
sendo sempre estrangeiros mesmo onde têm a possibilidade de se assentar 
(HAESBAERT, 1995).
A migração também pode desencadear o processo de desterritorialização 
em dois aspectos principais. Em primeiro lugar, o migrante pode assumir — de 
maneira voluntária, como estratégia de sobrevivência em um novo meio — 
valores e práticas comuns ao novo território que habita. Em segundo lugar, 
a adoção dos novos costumes e o rechaço da sua cultura anterior podem ser 
constituídos por meio de elementos coercitivos, como o constrangimento 
social pela utilização de palavras ou expressões típicas de sua região de 
origem, que soam “exóticas” em sua nova realidade social (HAESBAERT, 1995).
Das produções culturais humanas, o cinema é uma das mais rele-
vantes para a compreensão da vida em sociedade e dos dilemas e 
sonhos dos seres humanos. Diversos filmes brasileiros já trataram da questão 
dos migrantes, mostrando as suas lutas e dificuldades na nova vida longe da 
sua terra natal. O filme O homem que virou suco, de 1981, roteirizado e dirigido 
por João Batista de Andrade, retrata a vida de Deraldo (interpretado por José 
Dumont), um poeta popular e migrante recém-chegado a São Paulo, onde tenta 
se adaptar a uma realidade muito diferente da que estava habituado e, ao 
mesmo tempo, tenta sobreviver da venda de folhetos com suas poesias. Em 
2015, o filme entrou para a lista dos 100 melhores filmes brasileiros de todos 
os tempos (DIB, 2015).
Outro impacto dos migrantes na sociedade, sobretudo nas grandes cidades 
brasileiras, foi o da “favelização”. As periferias das cidades se tornaram o des-
tino de grande parte dos migrantes, em sua grande maioria direcionados para 
trabalhos que exigem pouca escolaridade. Em geral, as mulheres ocuparam 
os empregos domésticos, como faxineiras, diaristas ou babás. Já os homens, 
em sua maioria, foram para a construção civil e para os serviços braçais. 
Portanto, o sonho do migrante de encontrar condições de vida melhores 
nas cidades da região Sudeste, na maioria dos casos, não se concretizou. O 
trabalho se mostrou árduo e mal remunerado, e a habitação se manifestou 
longe das áreas mais nobres das cidades e com falta de saneamento básico 
(GALHARDO, 2007).
Não é à toa que grande parte da cultura desenvolvida pelos migrantes a 
partir dessa realidade — principalmente no cancioneiro popular — manifeste 
a saudade e a intenção de retorno à terra de origem, como pode ser obser-
O processo migratório como fator social e econômico 11
vado na obra do conhecido cantor e compositor Luiz Gonzaga. Conforme o 
pesquisador José Cunha Lima:
Ao analisar a musicografia produzida por Luiz Gonzaga, logo observo que a saudade 
é um tema renitente e presente na vida do migrante e do sertanejo que fica espe-
rando a notícia do parente que se foi em busca de melhores condições de vida, ou 
esperando pelo retorno, mas até o regresso é obra da saudade (LIMA, 2011, p. 47).
Neste capítulo, você viu como o Brasil se formou econômica, política e 
culturalmente a partir da segunda metade do século XX com a presença e o 
trabalho dos migrantes. Os fluxos migratórios, originados principalmente na 
região Nordeste, tendo como destino o Sudeste brasileiro, estão relacionados 
à grande desigualdade entre as regiões. Enquanto o Nordeste, pobre, serviu 
como fator de expulsão de muitos de seus habitantes, o Sudeste, econo-
micamente mais desenvolvido, atraiu levas e levas de migrantes ao longo 
das décadas. Desse modo, diversos aspectos da sociedade brasileira foram 
moldados a partir desse processo migratório, tanto nas regiões de origem 
quanto nas regiões de chegada.
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Leitura recomendada
BRUMES, K. R.; SILVA, M. A migração sob diversos contextos. Boletim de Geografia, 
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