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PEÇA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE

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EXCELENTÍSSIMO (A) SENHOR (A) DOUTOR (A) MINISTRO (A) PRESIDENTE DO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL 
 O PARTIDO POLÍTICO IGUALDADE, pessoa jurídica de direito privado, portadora do CNPJ XX.XXX.XXX/0001-XX com sede à Rua, Bairro, Cidade/UF, por meio de seu PRESIDENTE DA COMISSÃO DE EXECUTIVA NACIONAL, com endereço eletrônico…, vem, respeitosamente, perante a Egrégia Corte, com fulcro no art.102, I, "a" da Constituição Federal e na Lei n°9868/99, PROPOR a presente
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE COM PEDIDO DE LIMINAR
em face da Lei n. 0123/2020, pelos motivos de fato e de direito a seguir expostos: 
I. DA NORMA IMPUGNADA 
O Presidente da República do país Alfa, fazendo uso do poder que lhe atribuído, sancionou a Lei n° 0123/2020 que determina que, em caso de dissolução do convívio em união estável, separação ou divórcio, o imóvel adquirido através do programa Minha Casa Para Todos, será mantido pela mulher. De acordo com o presidente, essa medida tem como objetivo garantir a proteção habitacional das mulheres, que, em geral, ganham salários menores e têm menos chances de trabalhar. Mas há de destacar os evidentes prejuízos e consequências que essa discriminação vem a trazer a sociedade brasileira, um impacto que destoa do cerne constitucional. 
II. DA LIMINAR 
É necessária, dada à natureza da norma, a concessão de liminar para suspender a sua eficácia, diante da demonstração concomitante dos requisitos – fumaça do bom direito e perigo da demora. 
O fumus boni iuris caracterizado na clara menção da isonomia constitucional da qual a norma aqui questionada se mostra contrária, assim como a partilha e o regime de bens no casamento e na união estável da qual trata o Código Civil e o periculum in mora, demonstrado em risco iminente da concretização dos efeitos legais e da persistência de uma norma inconstitucional no mundo jurídico. Conforme, portanto, o artigo 300 do Código de Processo Civil. 
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do processo. 
Portanto, a probabilidade do direito pôde ser verificada nas violações da lei implantada pelo presidente e a partir da relevância dos fundamentos jurídicos, nesse sentido, a fim de manter a legislação vigente em sintonia com a Constituição da República, deve-se autorizar a concessão da medida liminar no presente caso, a fim de proceder-se à interpretação conforme a Carta Magna.
III. DO CABIMENTO DA AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE
De acordo com o art. 102, I, alínea “a” da CRFB/88 caberá Ação Direta de Inconstitucionalidade em face de lei ou ato normativo federal ou estadual que viole a Constituição Federal. 
A lei nº 0123/2020, elaborada pelo Congresso Nacional e Sancionada pelo Presidente da República, como se demonstrará ao longo da presente ação, viola a Constituição Federal em seus aspectos formais e materiais, por isso deverá ser declarada inconstitucional.
 
IV. DA COMPETÊNCIA
Compete ao Supremo Tribunal Federal processar e julgar, originariamente a Ação Direta de Inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual, nos termos do art. 102, I, alínea “a” da CRFB/88, sendo a lei nº 9.868/99 responsável por dispor sobre o seu processo e julgamento.
V. DA LEGITIMIDADE ATIVA
 
O Partido Político Igualdade é legitimado ativo para a propositura da ação, de acordo com o art. 2º, inciso VIII, da Lei n. 9.868/99 e art. 103, VIII da CF e, in verbis:
 
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
[...]
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
 
Consequentemente não é preciso comprovar a pertinência temática, visto que o STF firmou entendimento no sentido de que o Partido Político com representação no Congresso Nacional é legitimado universal.
Além disso, o Partido Político Igualdade possui representação no Congresso Nacional, que ainda segundo o STF, se aufere no momento da propositura da ação, sendo irrelevante a modificação desse estado no decorrer do processo, e foi criado de acordo com a Lei 9.096/95, estando plenamente habilitado para o ajuizamento da presente ação direta de inconstitucionalidade.
VI. DO DIREITO 
a) DA INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI nº 0123/2020 
 A Lei 0123/2020, que incorre em flagrante afronta a matéria constitucional, reverbera em seus efeitos prejudicando a segurança jurídica do ordenamento jurídico e intercorrendo em efeitos que promovem tratamento dispare que ferem o princípio da isonomia, em confronto direto ao Art. 5º, caput e inciso I, da Constituição da República que trata dos direitos e garantias fundamentais dos indivíduos. 
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição; 
 
Em evidente contradição ao texto constitucional, a norma sancionada traz tratamento diferenciado entre homens e mulheres, atribuindo somente à mulher o benefício da propriedade da casa adquirida através do programa de acesso a moradia MINHA CASA PARA TODOS após a dissolução da sociedade conjugal ou da separação de fato. Em seu cerne, é dado integralmente a mulher o pleno direito de propriedade do bem imóvel independentemente de regime de bens. 
Nesse plano, há de salientar a evidente situação de vulnerabilidade que o homem pode ser exposto em razão de eventual divórcio ou separação, causado pela distinção de tratamento trazida por essa norma. O artigo 3º, inciso IV, da Constituição Federal elenca como objetivo fundamental da República Federativa do Brasil a promoção do bem de todos, sem fazer distinções de sexo ou outros critérios discriminatórios.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil:
(...)
IV - promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação. 
Há de salientar que a noção de igualdade não se encerra em sua dimensão meramente formal, de igualdade perante a lei. Ela contempla ainda um caráter material, pelo qual se busca concretizar a justiça social e os outros objetivos fundamentais da República (art. 3º da CRFB/88), que é alegado como justificativa que fundamente o tratamento privilegiado, mas há de reconhecer também que o texto constitucional não admite que haja uma pessoa com menos direitos ou mais obrigações. 
Cosoante a essa convicção, tem decidido os Tribunais de Justiça, em julgar procedente o incidente de inconstitucionalidade. Sob ótica semelhante, vejamos: 
INCIDENTE DE INCONSTITUCIONALIDADE - JUÍZO DE PRELIBAÇÃO REALIZADO PELO ÓRGÃO FRACIONÁRIO - QUESTÃO CONSTITUCIONAL - PRELIMINAR SUSCITADA DE OFÍCIO DE NÃO CONHECIMENTO - REJEIÇÃO -PROSSEGUIMENTO DA AÇÃO. Reconhecida a argüição de inconstitucionalidade de determinada norma legal pela Turma Julgadora (órgão fracionário), que decidiu pela impossibilidade de prosseguir no julgamento da causa sob pena de desobediência do artigo 97, da CRFB, tem-se por atendida a segunda parte do artigo 481, do CPC, suficiente a ensejar a análise da questão constitucional pelo colendo Órgão Especial. v.v.p. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. NÃO CONHECIMENTO. AUSÊNCIA DO JUÍZO DE PRELIBAÇÃO PELO ÓRGÃO FRACIONÁRIO. O exame da questão constitucional pelo Órgão Especial impõe ao órgão fracionário a realização do juízo de prelibação, com prévio acolhimento da tese de inconstitucionalidade, nos termos do art. 481 do CPC. ARGUIÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 35-A DA LEI 11.977/09. OFENSA AO PRINCÍPIO CONSTITUCIONAL DA IGUALDADE. O art. 35-A, da lei 11.977/09, com redação dada pela Lei 12.693/12, viola o princípio constitucional da igualdade entre os homens e as mulheres e os objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil. (TJ-MG - ARG: 10702120542932002 MG,Relator: Wagner Wilson, Data de Julgamento: 11/03/2015, Órgão Especial / ÓRGÃO ESPECIAL, Data de Publicação: 15/05/2015). (Grifo Nosso)
O artigo 226, §5º, da Constituição Federal, prevê a isonomia especificamente no que se refere ao âmbito da sociedade conjugal. 
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
(...)
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher. 
 
Tomada ciência do conteúdo da norma impugnada, em contraponto ao texto constitucional, percebe-se que há violação do princípio da igualdade disfarçada de busca pela igualdade material e justiça social. Ademais, a atribuição do título de propriedade exclusivamente a um dos cônjuges ou companheiros, sem levar em conta o quinhão adquirido por cada um deles, baseado na proporção de suas efetivas contribuições para pagar o preço do imóvel, viola o direito à propriedade privada. Assim como completo desdém pela escolha do regime de bens adotado pelo casal. 
VII. DOS PEDIDOS
 
Diante do exposto, REQUER:
 
a) A concessão da medida liminar para SUSPENDER A EFICÁCIA da Lei n° 0123/2020 e suas possíveis consequências discriminatórias até a decisão final que julgar procedente a demanda, nos termos do art. 10 da Lei n° 9868/99; 
b) Que sejam solicitadas informações ao PRESIDENTE DA REPÚBLICA, conforme art. 6º, CAPUT, da Lei n° 9868/99;
c) A citação do Advogado Geral da União, para manifestação no feito no prazo de quinze dias, de acordo com o art. 8º da Lei 9.868/99; 
d) A oitiva prévia do Procurador-Geral da República, para manifestação no feito no prazo de quinze dias, na forma do art. 8º da Lei 9.868/99 e do art.103, §3º, CRFB/88;
e) A juntada dos documentos em anexo, de acordo com o art. 3º, parágrafo único da Lei 9.868/99; 
f) No mérito, que seja julgada PROCEDENTE a presente demanda e DECLARADA A INCONSTITUCIONALIDADE DA LEI N° 0123/2020, nos termos do art. 5º, I, da CRFB/88; 
 
g) Requer sejam solicitadas informações dos responsáveis pela edição da lei impugnada, a serem prestadas no prazo de trinta dias contados do recebimento do pedido, de acordo com art. 6º, caput e parágrafo único, da Lei. 9.868/99.
 
Dá-se a causa no valor de R$1.000,00 (mil reais) para efeitos ficais.
 
Nestes termos, pede e aguarda deferimento.
LOCAL, DATA 
ADVOGADO
OAB 
 
 
 
 
 
 
 EQUIPE-H 
1. Andrea de Cássia Aguiar Viana 
 R.A: 003449
2. Beatriz dos Reis Silva 
 R.A: 004069
3. Crislany Tavilis Rodrigues Cordeiro 
 R.A: 005005
4. Julyanne Maia Araújo 
 R.A: 002170
5. Márlya Thalya Pinheiro Rodrigues 
 R.A: 012203 
6. Nayra Silva Ramos  
 R.A: 013090 
7. Suzanne Cariolano Carvalho 
 R.A: 015133

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