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APG 27 - HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA E CÂNCER DE PRÓSTATA

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1 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Objetivos 
1- Rever a morfofisiologia da próstata; 
2- Comparar a epidemiologia, etiologia, 
fisiopatologia, manifestações clínicas, diagnóstico 
e tratamento da hiperplasia prostática benigna e 
do câncer de próstata. 
Próstata 
↠ A próstata é uma glândula única em forma de rosca, 
aproximadamente do tamanho de uma bola de golfe. Ela 
mede cerca de 4 cm de um lado a outro, 
aproximadamente 3 cm de cima a baixo, e cerca de 2 
cm de anterior a posterior (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ A próstata é uma glândula do tamanho de uma noz, 
que envolve a uretra proximal; apresenta as seguintes 
características: (HANSEN, 2019) 
• Contribui com o fluido ejaculatório; produz cerca 
de 20% do volume da ejaculação. 
• Produz um fluido fino, leitoso e ligeiramente 
alcalino que ajuda a liquefazer o sêmen 
coagulado depois que este é depositado na 
vagina; contém ácido cítrico, enzimas 
proteolíticas, açúcares, fosfato e diversos íons. 
 Em cada ejaculação, cerca de 3 a 5 mL de sêmen e 100 milhões 
de espermatozoides/mL estão presentes. O pH é entre 7 e 8 
(HANSEN, 2019) 
ANATOMIA 
↠ Encontra-se inferiormente à bexiga urinária e circunda 
a parte prostática da uretra (TORTORA, 14ª ed.). 
 
↠ A próstata tem o formato de um cone arredondado 
invertido, com uma base maior, que é contínua, acima, 
com o colo da bexiga, e um ápice mais estreito, que fica 
abaixo do assoalho pélvico. As faces inferolaterais da 
próstata ficam em contato com os músculos levantadores 
do ânus, que, juntos, seguram a próstata (DRAKE et al., 
2021). 
 A próstata aumenta de tamanho lentamente desde o nascimento 
até a puberdade. Em seguida, se expande rapidamente até 
aproximadamente os 30 anos de idade; após esse período, seu 
tamanho normalmente permanece estável até os 45 anos, quando 
podem ocorrer novos aumentos (TORTORA, 14ª ed.). 
↠ A próstata tem três zonas distintas: (JUNQUEIRA, 2017). 
• a zona central (cerca de 25% do volume da 
glândula); 
• a zona de transição; 
• zona periférica (cerca de 70% da glândula); seus 
ductos desembocam na uretra prostática. 
 
 
↠ A divisão anatômica dessa glândula é importante, 
principalmente, para descrever a localização dos 
processos neoplásicos que ocorrem nesse órgão. A parte 
glandular representa cerca de dois terços da próstata, 
sendo composta pela zona periférica e uma pequena 
–
2 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
zona central que formam cerca de 95% da próstata; 
enquanto o outro terço é fibromuscular, composto por 
zona muscular anterior, zona de transição e glândulas 
periuretrais (SANARFLIX). 
• Zona periférica (ZP): localizado posterior à 
uretra, corresponde a uma zona glandular. 
• Zona de transição (ZT): por se tratar de uma 
área de transição apresenta tanto característica 
glandular quanto fibromuscular 
• Zona muscular anterior (AMZ): localizado 
anteriormente à uretra, é também chamada de 
istmo. Característica fibromuscular com pouco 
ou nenhum tecido glandular. Representa a 
continuação superior do músculo esfíncter 
externo da uretra para o colo da bexiga; 
• Zona Central (ZC): localizado ao redor da uretra, 
é uma zona glandular. 
 
 A zona periférica e de transição, apesar de anatomicamente 
distintas, apresentam uma origem embrionária comum (sino 
urogenital). As glândulas da zona central são morfologicamente distintas 
devido a origem embrionária diferente. Cerca de 60 a 70% dos 
tumores de próstata ocorrem na zona periférica e de 10 a 20% 
ocorrem na zona de transição. Apenas 5 a 10% dos tumores se 
originam na zona central. Já a Hiperplasia Prostática Benigna decorre 
de um aumento no número das células musculares, principalmente em 
região de AMZ, podendo ocorrer também em zona de transição 
(SANARFLIX). 
 
↠ A estrutura possui uma cápsula prostática fibrosa e 
densa, que incorpora os plexos prostáticos de nervos e 
veias. A cápsula é circundada pela fáscia visceral da pelve, 
formando uma bainha prostática fibrosa, que é fina 
anteriormente, contínua anterior e lateralmente com os 
ligamentos puboprostáticos e densa posteriormente, 
contínua com o septo retovesical (AGUR, 2021). 
HISTOLOGIA 
↠ A próstata é um conjunto de 30 a 50 glândulas 
tubuloalveolares ramificadas que envolvem uma porção 
da uretra chamada uretra prostática (JUNQUEIRA, 2017). 
↠ As glândulas tubuloalveolares da próstata são formadas 
por um epitélio cuboide alto ou pseudoestratificado 
colunar. Um estroma fibromuscular cerca as glândulas. A 
próstata é envolvida por uma cápsula fibroelástica rica em 
músculo liso. Septos dessa cápsula penetram a glândula e 
a dividem em lóbulos, que não são facilmente percebidos 
em um adulto (JUNQUEIRA, 2017). 
 
 
 
 
FISIOLOGIA 
↠ A próstata secreta um líquido leitoso e ligeiramente 
ácido (pH de aproximadamente 6,5) que contém diversas 
substâncias: (TORTORA, 14ª ed.). 
Porção da região central da próstata em secção 
transversal à uretra prostática. 
Epitélio das glândulas tubuloalveolares da próstata (setas) 
constituído de células cuboides ou colunares. 
3 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• O ácido cítrico do líquido prostático é usado 
pelos espermatozoides para a produção de ATP 
por meio do ciclo de Krebs. 
• Várias enzimas proteolíticas, como o antígeno 
prostático específico (PSA), pepsinogênios, 
lisozima, amilase e hialuronidase, que por fim 
quebram as proteínas de coagulação das 
glândulas seminais. 
• A função da fosfatase ácida secretada pela 
próstata é desconhecida. 
• A plasmina seminal do líquido prostático é um 
antibiótico que pode destruir as bactérias. 
 A plasmina seminal pode ajudar a diminuir a quantidade de 
bactérias que ocorrem naturalmente no sêmen e no sistema genital 
inferior da mulher. As secreções da próstata entram na parte 
prostática da uretra por meio de diversos canais prostáticos. As 
secreções prostáticas constituem aproximadamente 25% do volume 
do sêmen e contribuem para a motilidade e viabilidade dos 
espermatozoides (TORTORA, 14ª ed.). 
Hiperplasia prostática benigna 
↠ A hiperplasia prostática benigna (HPB) é um processo 
patológico que contribui para o desenvolvimento de 
sintomas do trato urinário inferior (STUI) nos homens 
(JAMESON, 2019). 
↠ A HPB é uma condição médica que se deve à 
proliferação excessiva das células epiteliais e estromais 
glandulares (MACHADO; LIMA, 2022). 
↠ Associada a sintomas do trato urinário inferior, tem sua 
origem na zona periuretral, sendo resultado de uma 
multiplicação celular, não neoplásica, mas sim das células 
estromais e o aumento da glândula prostática 
(MACHADO; LIMA, 2022). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ A HPB é o tumor benigno mais comum nos homens, 
e sua incidência está relacionada com a idade. A 
prevalência de HPB histológica em estudos de necropsia 
se eleva de aproximadamente 20% em homens na idade 
de 41 a 50 anos, para 50% naqueles com idade de 51 a 
60, e maior que 90% em homens com mais de 80 anos 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
FATORES DE RISCO 
↠ Os fatores de risco para o desenvolvimento de HPB 
são mal compreendidos. Alguns estudos têm sugerido 
uma predisposição genética, e alguns têm notado 
diferenças raciais. Aproximadamente 50% dos homens 
com menos de 60 anos que sofrem cirurgia para HPB 
podem ter uma forma hereditária da doença. Essa forma 
é mais provavelmente um traço autossômico dominante, 
e parentes masculinos em primeiro grau têm um risco 
relativo aumentado em aproximadamente quatro vezes 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE 
↠ A etiologia da HPB não é compreendida 
completamente, mas parece ser multifatorial e ter 
controle endócrino (MCANINCH.; LUE, 2014). 
 Pesquisas adicionais têm demonstrado uma correlação positiva 
entre níveis de testosterona livre e estrogênio e o volume da HPB. 
Isso pode sugerir que a associação entre envelhecimento e HPB 
resulte dos níveis aumentados de estrogênio no envelhecimento, 
causandoindução do receptor de androgênio, que, assim, sensibiliza a 
próstata à testosterona livre. Há evidência de que os estrogênios, 
atuando por meio de receptores de estrogênio do estroma e epiteliais, 
possam contribuir, em parte, para doenças da próstata. Fatores 
genéticos ou ambientais que influenciam a 5a-redutase também 
parecem ser importantes no desenvolvimento de HPB (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
↠ A di-hidrotestosterona (DHT) é o principal androgênio 
na próstata, onde é formado a partir da testosterona pela 
ação da 5α-redutase tipo 2. Essa enzima é expressa 
sobretudo nas células do estroma, mas não nas células 
epiteliais da próstata. A 5α-redutase tipo 1 é outra enzima 
que medeia a produção de DHT a partir da testosterona 
em locais extraprostáticos (p. ex., fígado e pele) e 
proporciona uma fonte adicional de DHT que alcança a 
próstata por meio do sangue (KUMAR et al., 2023). 
 
 
 
Esquema simplificado da patogênese da hiperplasia prostática. A. O papel 
central das células do estroma na produção de di-hidrotestosterona (DHT) é 
apresentado. A DHT também pode ser produzida na pele e no fígado pela 
5α-redutase tipos 1 e tipo 2. 
4 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ A DHT liga-se aos receptores de androgênios (AR) 
encontrados nas células prostáticas do estroma e 
epiteliais, ativando-os. A DHT é mais potente do que a 
testosterona, visto que tem maior afinidade pelos AR e 
forma um complexo mais estável com eles. A ligação da 
DHT aos AR os transloca do citoplasma para o núcleo e 
ativa a transcrição de genes dependentes de androgênio, 
que codificam vários fatores de crescimento e seus 
receptores. Entre os fatores suprarregulados, os mais 
importantes são membros da família do fator de 
crescimento dos fibroblastos (FGF) e o fator de 
crescimento transformador (TFG) β (KUMAR et al., 2023). 
↠ Os FGF, produzidos por células do estroma, são 
reguladores parácrinos do crescimento epitelial 
estimulado por androgênio durante o desenvolvimento 
embrionário da próstata, e algumas dessas vias podem 
ser “reativadas” na vida adulta para produzir o crescimento 
da próstata na HPB. O TGFβ serve como agente 
mitogênico para os fibroblastos e outras células 
mesenquimais, porém inibe a proliferação epitelial. Embora 
a causa final da HPB seja desconhecida, acredita-se que 
os fatores de crescimento induzidos pela DHT atuem 
aumentando a proliferação das células do estroma e 
diminuindo a morte das células epiteliais (KUMAR et al., 
2023). 
 
 
 
↠ Embora seja reconhecido que os androgênios 
desempenham um papel permissivo na patogênese da 
HPB, múltiplas linhas de evidências também sustentam um 
papel para os estrogênios. Duas formas diferentes de 
receptor de estrogênio (ER), o Erα e o Erβ, têm, 
respectivamente, efeitos proliferativos e antiproliferativos 
opostos sobre as células prostáticas. Os efeitos dos 
estrogênios sobre a próstata estão associados a múltiplos 
mecanismos, como apoptose, expressão da aromatase e 
regulação parácrina pela prostaglandina E2. Por 
conseguinte, os estrogênios contribuem para a 
patogênese da HPB ao inclinar a balança no sentido da 
proliferação celular (KUMAR et al., 2023). 
MORFOLOGIA 
Na HPB, o peso da próstata aumenta frequentemente de três a cinco 
vezes (60 a 100 g), e em alguns casos pode-se observar um aumento 
ainda maior. A HPB afeta a zona de transição e, portanto, pode invadir 
a uretra, comprimindo-a até formar um orifício semelhante a uma 
fenda. Em corte transversal, são observados nódulos hiperplásicos que 
variam de cor e consistência, dependendo de seu conteúdo celular. Os 
nódulos que contêm principalmente glândulas são rosa-amarelados e 
moles e exsudam um líquido prostático branco leitoso. Os nódulos 
compostos sobretudo de estroma fibromuscular são cinza pálidos e 
firmes (KUMAR et al., 2023). 
No exame microscópico, os nódulos individuais contêm glândulas de 
pequenas a grandes a cisticamente dilatadas, que são separadas por 
células fusiformes do estroma. As glândulas são revestidas por duas 
camadas de células, uma camada interna de células colunares 
secretoras e uma camada externa de epitélio basal cuboide ou plano, 
e a formação de dobras das glândulas pode produzir uma arquitetura 
papilar. Em glândulas com acentuado aumento, o comprometimento 
do suprimento vascular pode gerar infartos prostáticos, que podem 
apresentar áreas adjacentes de metaplasia escamosa (KUMAR et al., 
2023). 
 
 À medida que os nódulos de HPB na zona de transição 
aumentam, eles comprimem as zonas externas da próstata, resultando 
na formação de uma assim chamada cápsula cirúrgica (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
↠ Os sintomas de HPB podem ser correlacionados ou ao 
componente obstrutivo da próstata ou à resposta 
secundária da bexiga à resistência na via de saída. O 
componente obstrutivo pode ser subdividido em 
obstrução mecânica e dinâmica (MCANINCH.; LUE, 2014). 
B. A contribuição do estrogênio em inclinar o equilíbrio a favor da proliferação 
em relação à morte celular é ilustrada. EGF, fator de crescimento epidérmico; 
IGF, fatores de crescimento semelhantes à insulina; KGF, fator de crescimento 
do queratinócito; TGFβ, fator de crescimento transformador β. 
5 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• Quando ocorre o crescimento da próstata, a 
obstrução mecânica pode resultar de uma intrusão 
para o lúmen da uretra ou para o colo vesical, levando 
a uma resistência em nível mais alto na via de saída 
da bexiga. 
• O componente dinâmico da obstrução prostática 
explica a natureza variável dos sintomas 
experimentados pelos pacientes. O estroma da 
próstata, composto por musculatura lisa e colágeno, 
é rico em suprimento nervoso adrenérgico. Assim, o 
nível de estimulação autonômica estabelece um 
tônus para a uretra prostática. 
↠ As queixas miccionais irritativas da HPB resultam da 
resposta secundária da bexiga ao aumento da resistência 
na via de saída. A obstrução da via de saída da bexiga 
leva à hipertrofia e à hiperplasia do músculo detrusor, 
bem como à deposição de colágeno. Embora a última 
provavelmente seja mais responsável por uma diminuição 
da complacência vesical, a instabilidade do detrusor 
também é um fator (MCANINCH.; LUE, 2014). 
Os principais sintomas da HPB são resultantes da obstrução urinária 
causada pelo aumento da próstata e contração do estroma mediada 
pelo músculo liso. O aumento da resistência ao fluxo urinário leva à 
hipertrofia e distensão da bexiga, acompanhadas de retenção urinária 
(KUMAR et al., 2023). 
A incapacidade de esvaziar a bexiga por completo cria um volume 
residual de urina, que constitui uma fonte comum de infecção. Os 
pacientes apresentam aumento da frequência urinária, nictúria, 
dificuldade em iniciar e interromper o jato de urina, gotejamento por 
transbordamento e disúria (micção dolorosa) e correm risco 
aumentado de desenvolver infecções bacterianas da bexiga e dos rins. 
Em muitos casos, ocorre retenção urinária aguda e súbita, que exige 
cateterização de emergência para alívio (KUMAR et al., 2023). 
Os sintomas de HPB podem ser divididos em queixas obstrutivas e 
irritativas. Os sintomas obstrutivos incluem hesitação, diminuição da 
força e calibre do jato, sensação de esvaziamento incompleto da 
bexiga, micção dupla (urinar uma segunda vez dentro de 2 horas da 
micção prévia), esforço para urinar e gotejamento pós-micção. Os 
sintomas irritativos incluem urgência miccional, polaciúria e nictúria 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
DIAGNÓSTICO 
↠ Uma história detalhada enfocando o trato urinário exclui 
outras causas possíveis de sintomas que podem não 
resultar de hipertrofia da próstata, como infecção do trato 
urinário, bexiga neurogênica, estreitamento uretral ou 
câncer de próstata (MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ Exame físico, TR e exame neurológico focalizado são 
realizados em todos os pacientes. O tamanho e a 
consistência dapróstata são observados, embora o 
tamanho, como determinado pelo TR, não se 
correlacione com a gravidade dos sintomas ou com o 
grau de obstrução. A HPB geralmente resulta em uma 
próstata aumentada lisa, firme e elástica. O endurecimento, 
se detectado, deve alertar o médico para a possibilidade de câncer e 
a necessidade de avaliação adicional (i.e., antígeno prostático específico 
[PSA], ultrassonografia transretal [USTR] e biópsia) (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
ACHADOS LABOORATORIAIS 
↠ Um sumário de urina para excluir infecção ou 
hematúria e dosagem da creatinina sérica para avaliar a 
função renal são necessários. Insuficiência renal pode ser 
observada em 10% dos pacientes com prostatismo e é 
indicação para estudo de imagem do trato superior. 
Pacientes com insuficiência renal estão em risco aumentado de 
desenvolver complicações pós-operatórias após intervenção cirúrgica 
para HPB (MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ O PSA sérico é considerado opcional, mas a maioria 
dos médicos o incluirá na avaliação inicial (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
EXAMES DE IMAGEM 
↠ Um exame de imagem (ultrassonografia renal ou 
uretrografia por tomografia computadorizada [TC]) é 
recomendado somente na presença de doença do trato 
urinário concomitante ou de complicações da HPB (p. ex., 
hematúria, infecção do trato urinário, insuficiência renal, 
história de litíase) (MCANINCH.; LUE, 2014). 
QUESTIONÁRIO 
O questionário autoadministrado desenvolvido originalmente pela 
American Urological Association (AUA) é válido e confiável para 
identificar a necessidade de tratamento dos pacientes e monitorar sua 
resposta à terapia. O questionário de escore de sintomas da AUA tem 
sido validado e traduzido extensamente, sendo agora mais comumente 
chamado de International Prostate Symptom Score (IPSS). O IPSS 
talvez represente a ferramenta isolada mais importante usada na 
avaliação de pacientes com HPB, sendo recomendado para todos os 
pacientes antes do início da terapia. Essa avaliação focaliza 7 itens que 
pedem aos pacientes para quantificar a gravidade de suas queixas 
obstrutivas ou irritativas, numa escala de 0 a 5. Assim, o escore pode 
variar de 0 a 35. Um IPSS de 0 a 7 é considerado leve; 8 a 19 é 
considerado moderado; e 20 a 35, grave (MCANINCH.; LUE, 2014). 
 
 
6 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 
 
TRATAMENTO 
↠ Depois que os pacientes são avaliados, eles devem ser 
informados sobre as várias opções terapêuticas para HPB 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
Recomendações específicas de tratamento podem ser oferecidas a 
certos grupos de pacientes. Para aqueles com sintomas leves (escore 
IPSS de 0-7), geralmente se aconselha espera vigilante. Na outra ponta 
do espectro terapêutico, as indicações cirúrgicas absolutas incluem 
retenção urinária refratária ao tratamento clínico e tentativas de 
remoção de sonda, infecção recorrente do trato urinário, hematúria 
macroscópica recorrente, cálculos vesicais, insuficiência renal ou 
grandes divertículos da bexiga (MCANINCH.; LUE, 2014). 
TRATAMENTO CLÍNICO 
a-Bloqueadores 
↠ A próstata humana e a base da bexiga contém alfa 1-
adrenoceptores, e a próstata mostra uma resposta 
contrátil aos agonistas correspondentes. As propriedades 
contráteis da próstata e do colo vesical parecem ser 
mediadas primariamente pelo subtipo de receptores alfa 
1. Tem sido demonstrado que o bloqueio a resulta em 
graus de melhora tanto objetivos como subjetivos dos 
sintomas e sinais de HPB em alguns pacientes. Os a-
bloqueadores podem ser classificados de acordo com a 
seletividade de seu receptor, bem como com sua meia-
vida (MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠A fenoxibenzamina e a prazosina representam 
protótipos dos a-bloqueadores não seletivos e seletivos, 
mas, atualmente, eles são de interesse principalmente 
histórico. Os alfa 1-bloqueadores de ação prolongada 
tornam possível a dosagem uma vez por dia. Efeitos 
colaterais possíveis incluem hipotensão ortostática, 
tontura, cansaço, ejaculação retrógrada, rinite e cefaleia 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ O bloqueio seletivo dos alfa 1-receptores, que estão 
localizados na próstata e no colo vesical, resulta em 
menos efeitos colaterais sistêmicos (particularmente 
cardiovasculares), eliminando, assim, a necessidade de 
titulação de dose com esses agentes (tansulosina, 
alfuzosina e silodosina). Outros efeitos colaterais, como a 
ejaculação retrógrada, ainda podem ocorrer (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
 
Inibidores da a-redutase 
↠ A finasterida é um inibidor da 5 alfa-redutase que 
bloqueia a conversão de testosterona em di-
hidrotestosterona (DHT). Esse fármaco afeta o 
componente epitelial da próstata, resultando em uma 
redução do tamanho da glândula e melhora dos sintomas. 
Terapia por pelo menos 6 meses é necessária para 
verificar os efeitos máximos sobre o tamanho da próstata 
(redução de 20%) e melhora sintomática (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
↠ Efeitos colaterais são incomuns e incluem diminuição 
da libido, redução do volume ejaculado e impotência 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ A dutasterida difere da finasterida no fato de que ela 
inibe ambas as isoenzimas da 5a-redutase. De modo 
semelhante à finasterida, ela reduz o PSA sérico e o 
volume total da próstata (MCANINCH.; LUE, 2014). 
Terapia combinada 
↠ A redução de risco de progressão clínica geral 
associada com a terapia de combinação (66%) foi 
significativamente maior que a associada com doxazosina 
ou finasterida isoladamente. Os pacientes com maior 
probabilidade de se beneficiar da terapia de combinação 
são aqueles nos quais o risco de progressão na linha de 
base é muito alto, em geral pacientes com glândulas 
7 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
maiores e valores de PSA mais elevados (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
Fitoterapia 
↠ A fitoterapia refere-se ao uso de plantas ou extratos 
vegetais para fins medicinais. A utilização da fitoterapia na 
HPB tem sido popular na Europa há anos, e seu uso nos 
Estados Unidos (EUA) está crescendo em consequência 
do entusiasmo motivado por pacientes (MCANINCH.; LUE, 
2014). 
Terapia cirúrgica 
• Ressecção transuretral da próstata: A grande 
maioria das prostatectomias subtotais realizados 
para HPB pode ser feita por via endoscópica. A 
maioria desses procedimentos envolve o uso de 
um anestésico espinal ou geral, e geralmente 
requer uma permanência no hospital durante à 
noite. A magnitude e a durabilidade da melhora 
no IPSS e na velocidade de fluxo com a 
ressecção transuretral da próstata (RTUP) são 
superiores às de qualquer terapia minimamente 
invasiva. 
• Incisão transuretral da próstata: Homens com 
sintomas moderados a graves e uma próstata 
pequena muitas vezes têm hiperplasia da 
comissura posterior (colo vesical elevado). Esses 
pacientes frequentemente se beneficiam de 
uma incisão da próstata. 
Câncer de próstata 
↠ O câncer de próstata é a segunda causa de morte 
entre os cânceres em homens, ultrapassado apenas pelo 
câncer de pulmão. O comportamento biológico do câncer 
de próstata abrange desde cânceres “histológicos” (com 
diagnóstico histológico de câncer, mas clinicamente 
insignificantes) até tumores agressivos rapidamente fatais. 
Trata-se, em grande parte, de uma doença do 
envelhecimento (KUMAR et al., 2023). 
EPIDEMIOLOGIA 
↠ O câncer de próstata (CaP) é o câncer não cutâneo 
mais comum detectado entre homens nos EUA. Mais de 
200 mil casos são diagnosticados anualmente 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ No mundo, também é o segundo tipo de câncer mais 
comum, sendo estimado que 1 em cada 9 homens será 
diagnosticado com câncer de próstata durante sua vida. 
Já é registrado cerca de 1,2 milhão de casos e 358 mil 
mortes anualmente, segundo a Organização Mundial da 
Saúde (OMS) (SANARFLIX). 
↠ Com base em estudos de necropsia, a incidência do 
câncer de próstata aumenta de 20% em homens na 
quinta década de vida para até cerca de 70% em homens 
entre 70 e 80 anos (KUMARet al., 2023). 
↠ Os estudos epidemiológicos mostram que o risco de 
diagnóstico de câncer de próstata aumenta em 2,5 vezes 
quando um parente de primeiro grau é acometido e em 
cinco vezes quando dois ou mais forem acometidos. Na 
atualidade, estima-se que 40% dos cânceres de início 
precoce e 5 a 10% de todos os cânceres de próstata 
sejam hereditários (JAMESON et al., 2019). 
↠ O câncer de próstata acomete diferentemente os 
grupos étnicos. Quando pareados para a idade, os homens 
negros apresentam maior incidência e encontram-se em 
um estágio mais avançado, com tumores mais agressivos 
e de maior grau. Um alto risco em famílias foi associado 
ao locus de suscetibilidade HPC1 (câncer de próstata 
hereditário 1) no gene RNASEL (JAMESON et al., 2019). 
↠ O aumento das taxas de incidência no Brasil pode ser 
justificado pela evolução dos métodos diagnósticos, pela 
melhoria na qualidade dos sistemas de informação do país 
e pelo aumento da expectativa de vida (SANARFLIX). 
FATORES DE RISCO 
↠ Dos vários fatores de risco, os mais importantes são 
idade, etnia, fatores genéticos e, possivelmente, fatores 
alimentares (SANARFLIX). 
IDADE 
↠ Observa-se uma relação clara entre o aumento da 
idade e o aumento da incidência de câncer de próstata. 
Raramente o diagnóstico é feito antes dos 40 anos, mas 
a incidência aumenta rapidamente a partir dessa idade, 
atingindo pico entre 65 e 74 anos (SANARFLIX). 
 A probabilidade de diagnóstico de CaP em um homem com 
menos de 40 anos é de 1 em10mil; para homens de 40 a 59 anos de 
idade é de 1 em 103; e para homens de 60 a 79 é de 1 em 8 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
ETNIA 
↠ O câncer de próstata é mais comum em homens 
negros do que em brancos ou hispânicos, talvez 
relacionado a fatores genéticos combinado a fatores 
alimentares. Além das taxas de incidência mais altas, a 
8 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
idade de início nos homens afro-americanos é anterior ao 
dos outros grupos, ocorrendo em menos de 50 anos em 
8,3% dos negros e 3,3% dos brancos (SANARFLIX). 
FATORES GENÉTICOS HERDADOS 
↠ Entre as variantes relativamente comuns que 
conferem um aumento modesto do risco, destacam-se 
as variantes em regiões regulatórias que influenciam a 
expressão do MYC, um importante oncogene no câncer 
de próstata. Foram identificadas outras variantes raras, 
que estão associadas a um alto risco de doença agressiva 
de início precoce. Entre elas estão mutações que 
impedem a função de vários genes de reparo do DNA, 
como mutações de perda de função no BRCA2 
(necessário para o reparo por recombinação homóloga) 
e em genes de reparo de mau pareamento do DNA 
(KUMAR et al., 2023). 
FATORES AMBIENTAIS 
 A prevalência de cânceres detectados na necrópsia é 
semelhante em todo o mundo, ao passo que a incidência da doença 
clínica varia. Por conseguinte, os fatores ambientais e nutricionais 
podem desempenhar um papel no crescimento e na evolução do 
câncer de próstata (JAMESON et al., 2019). 
 Os fatores ambientais e nutricionais podem desempenhar um 
papel no crescimento e na evolução do câncer de próstata. Acredita-
se que o consumo elevado de gorduras da dieta, como o ácido α-
linoleico, ou dos hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, que se 
formam durante o cozimento de carnes vermelhas, aumente o risco 
(JAMESON et al., 2019). 
↠ Foi formulada a hipótese de que a exposição a 
carcinógenos, estrogênios e oxidantes provoca dano ao 
epitélio da próstata, preparando o terreno para a aquisição 
de alterações genéticas e epigenéticas que levam ao 
desenvolvimento do câncer (KUMAR et al., 2023). 
 De modo geral, a “dieta ocidental” é suspeita, tendo em vista a 
incidência relativamente alta do câncer de próstata nos EUA, na 
América do Sul, na Europa Ocidental e na Austrália. Um componente 
da dieta capaz de contribuir para o risco sugerido por estudos 
epidemiológicos e em modelos animais é o consumo de carnes 
vermelhas na brasa e gorduras animais, o que leva à formação de 
aminas aromáticas heterocíclicas e hidrocarbonetos aromáticos 
policíclicos carcinogênicos. Estas e outras exposições dietéticas podem 
criar estresse oxidativo no epitélio prostático, levando à lesão celular 
e à inflamação. Uma evidência que liga essas exposições ao 
desenvolvimento do câncer de próstata é a observação de que 
polimorfismos na glutationa-S-transferase (GSTP1), uma enzima 
envolvida na destoxificação de hidrocarbonetos policíclicos aromáticos, 
estão ligados ao risco de câncer de próstata (KUMAR et al., 2023). 
 
FATORES PROTETORES 
↠ Os fatores protetores incluem o consumo do 
isoflavonoide genisteína (que inibe a 5α-redutase), 
vegetais crucíferos que contêm isotiocianato sulforafano, 
licopeno encontrado em tomates e inibidores da 
biossíntese de colesterol (p. ex., estatinas) (JAMESON et 
al., 2019). 
ETIOLOGIA E PATOGÊNESE 
ANDROGÊNIOS 
↠ À semelhança de seus correspondentes normais, o 
crescimento e a sobrevida das células no câncer de 
próstata dependem de androgênios, que se ligam ao AR 
e induzem a expressão de genes pró-crescimento e pró-
sobrevida (KUMAR et al., 2023). 
 A importância dos androgênios na manutenção do crescimento 
e sobrevida das células do câncer de próstata pode ser observada no 
efeito terapêutico da castração ou do tratamento com 
antiandrogênios, que costumam induzir regressão da doença (KUMAR 
et al., 2023). 
↠ Infelizmente, a maioria das neoplasias finalmente torna-
se resistente ao bloqueio androgênico. As neoplasias 
escapam por meio de uma variedade de mecanismos, 
como aquisição de hipersensibilidade a baixos níveis de 
9 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
androgênio (p. ex., por meio de amplificação do gene do 
AR); ativação do AR independente do ligante (p. ex., por 
meio de variantes splice que carecem do domínio de 
ligação do ligante); mutações em AR que possibilitam sua 
ativação por ligantes não androgênicos; e outras 
mutações ou alterações epigenéticas que ativam vias de 
sinalização alternativas e escapam da necessidade do AR 
(KUMAR et al., 2023). 
ALTERAÇÕES GENÉTICAS E EPIGENÉTICAS ADQUIRIDAS 
↠ À semelhança de outros tipos de câncer, o câncer de 
próstata é causado por alterações genéticas e 
epigenéticas que modificam a expressão dos genes 
supressores de tumor e oncogenes, levando, em última 
análise, à aquisição das características essenciais do 
câncer. A alteração genética mais comum na próstata 
consiste em um rearranjo cromossômico que se justapõe 
à sequência de codificação de um gene do fator de 
transcrição da família ETS (mais comumente ERG ou 
ETV1), próximo ao promotor TMPRSS2 regulado por 
androgênios. Esses rearranjos, que ocorrem em cerca da 
metade dos cânceres de próstata, colocam o oncogene 
ETS envolvido sob o controle do promotor TMPRSS2 
regulado por androgênio e levam à sua superexpressão 
de maneira dependente de androgênios (KUMAR et al., 
2023). 
LESÕES PRECURSORAS 
↠ As evidências a favor do desenvolvimento sequencial 
do câncer de próstata incluem a existência de uma 
suposta lesão precursora, a neoplasia intraepitelial 
prostática (NIP). O papel precursor da NIP, em pelo menos 
alguns casos de câncer de próstata, é respaldado por 
várias observações. Tanto a NIP quanto o câncer 
normalmente predominam na zona periférica e são 
relativamente incomuns em outras zonas, e as próstatas 
que contêm câncer apresentam maior frequência e 
maior extensão da NIP, que frequentemente é observada 
próxima ao câncer. De forma mais direta, muitas das 
alterações moleculares observadas em cânceres invasivos 
também estão presentes na NIP, sustentando fortemente 
o argumento de que a NIP é um precursor (KUMAR et 
al., 2023). 
PATOLOGIA 
Mais de 95% dos CaPs são adenocarcinomas. A histologia dos 
restantes 5% é heterogênea, originando-se de células do estroma, 
epiteliais ou ectópicas. As variantes não adenocarcinoma podem ser 
categorizadas em dois grupos,com base na origem celular: epiteliais e 
não epiteliais (MCANINCH.; LUE, 2014). 
• As variantes epiteliais compreendem carcinoma 
endometrioide, mucinoso, em anel de sinete, cístico 
adenoide, adenoescamoso, de células escamosas, de células 
transicionais, neuroendócrino e comedocarcinoma. 
• As variantes não epiteliais incluem rabdomiossarcoma, 
leiomiossarcoma, osteossarcoma, angiossarcoma, 
carcinossarcoma, linfoma maligno e neoplasias metastáticas, 
entre outras. 
↠ Em cerca de 70% dos casos, o carcinoma de próstata 
surge na zona periférica da glândula, normalmente em 
localização posterior e palpável ao exame retal. De 
maneira característica, em corte transversal, o tecido 
neoplásico é áspero e firme à palpação; entretanto, sua 
visualização é, algumas vezes, extremamente difícil 
(KUMAR et al., 2023). 
↠ No exame histológico, a maioria dos adenocarcinomas 
consiste em glândulas dispostas em padrões bem 
definidos e facilmente reconhecidos, que são utilizados 
para classificar essas neoplasias. As glândulas normalmente 
são menores do que as glândulas benignas e são 
revestidas por uma única camada uniforme de epitélio 
cuboide ou colunar baixo. Diferentemente das glândulas 
benignas, as glândulas malignas apresentam células 
densamente aglomeradas e caracterizam-se pela 
ausência de ramificações e dobras papilares. A camada 
externa de células basais típica das glândulas benignas 
está ausente (KUMAR et al., 2023). 
↠ O citoplasma das células neoplásicas varia de pálido 
claro até um aspecto anfofílico distinto. Os núcleos estão 
aumentados e, com frequência, contêm um ou mais 
nucléolos grandes. Observa-se alguma variação no 
tamanho e no formato dos núcleos, porém em geral o 
pleomorfismo não é acentuado. As figuras mitóticas são 
raras (KUMAR et al., 2023). 
↠ Quando ocorre invasão local, o câncer de próstata 
costuma afetar o tecido periprostático, as glândulas 
seminais e a base da bexiga urinária, o que, na doença 
avançada, pode provocar obstrução ureteral. As 
metástases disseminam-se por via linfática até os 
linfonodos obturatórios e, por fim, até os linfonodos 
paraórticos. A disseminação hematogênica ocorre 
sobretudo para os ossos, em particular para o esqueleto 
axial. Normalmente, as metástases ósseas são 
osteoblásticas, uma característica que, nos homens, indica 
fortemente uma origem prostática. Os ossos mais 
comumente afetados, por ordem decrescente de 
frequência, são a coluna lombar, a parte proximal do 
fêmur, a pelve, a coluna torácica e as costelas. As 
neoplasias também podem se disseminar para as vísceras, 
10 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
porém a disseminação visceral extensa representa mais 
a exceção do que a regra (KUMAR et al., 2023). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
MANIFESTAÇÕES CLÍNICAS 
↠ A grande maioria dos pacientes com CaP em estágio 
inicial é assintomática. A presença de sintomas 
frequentemente sugere doença avançada localmente ou 
metastática (MCANINCH.; LUE, 2014). 
 
↠ Queixas miccionais obstrutivas ou irritativas podem 
resultar de crescimento local do tumor para dentro da 
uretra ou do colo vesical, ou de sua extensão direta para 
o trígono da bexiga. É muito mais comum, entretanto, 
que esses sintomas sejam atribuíveis a HPB coexistente 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ A doença metastática para os ossos pode causar dor 
óssea. Doença metastática para a coluna vertebral com 
invasão para a medula espinal pode estar associada a 
sintomas de compressão medular, inclusive parestesias e 
fraqueza das extremidades inferiores, e incontinência 
urinária ou fecal (MCANINCH.; LUE, 2014). 
Adenocarcinoma de próstata. Observa-se uma área do câncer na face 
posterior (parte inferior à esquerda) com aparência branco-acinzentada 
sólida, diferentemente da aparência esponjosa da zona periférica 
benigna no lado contralateral. 
Carcinoma de próstata osteoblástico metastático dentro de corpos 
vertebrais. 
Adenocarcinoma de próstata. A. Fotomicrografia de pequeno aumento 
de adenocarcinoma de próstata mostrando pequenas glândulas 
aglomeradas entre glândulas benignas maiores. 
Adenocarcinoma de próstata. B. Aumento maior mostrando várias glândulas 
malignas pequenas com núcleos aumentados, nucléolos proeminentes e 
citoplasma escuro, em comparação com a glândula benigna maior (parte 
superior). 
11 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
↠ Os tumores localmente avançados também podem 
resultar em hematúria e hematospermia. O câncer de 
próstata que se disseminou para os linfonodos pélvicos 
regionais ocasionalmente causa edema de membros 
inferiores ou desconforto nas áreas pélvica e perineal 
(GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
DIAGNÓSTICO 
↠ Mais de 60% dos pacientes com câncer de próstata 
são assintomáticos, e o diagnóstico é feito apenas em 
razão da elevação do nível de PSA detectada no 
rastreamento. Um nódulo palpável no toque retal, que é 
a segunda manifestação clínica inicial mais comum, em 
geral motiva a biopsia (GOLDMAN; SCHAFER, 2022). 
↠ O toque retal pode detectar alguns carcinomas de 
próstata iniciais, devido à sua localização posterior, porém 
o exame apresenta baixa sensibilidade e especificidade. Os 
pacientes com câncer de próstata clinicamente avançado 
podem apresentar sintomas de obstrução urinária. 
Normalmente, é necessária uma biopsia transretal por 
agulha para confirmar o diagnóstico (GOLDMAN; 
SCHAFER, 2022). 
EXAME FÍSICO - TOQUE RETAL 
↠ O TR avalia o tamanho e a consistência da próstata, 
bem como anormalidades em seu interior ou fora dela. 
Muitos cânceres ocorrem na região periférica e podem 
ser palpados pelo TR. Em geral, os carcinomas são duros, 
nodulares e irregulares, mas o endurecimento também 
pode ser devido à hipertrofia prostática benigna (HPB) ou 
a cálculos. De modo geral, 20 a 25% dos homens com 
TR anormal apresentam câncer de próstata (JAMESON 
et al., 2019). 
 
ANTÍGENO PROSTÁTICO ESPECÍFICO 
↠ A medição dos níveis séricos de PSA é amplamente 
utilizada para auxiliar no diagnóstico e tratamento do 
câncer de próstata, embora seja controversa. O PSA é 
um produto do epitélio prostático que costuma ser 
secretado no sêmen (KUMAR et al., 2023). 
↠ Trata-se de uma serina protease regulada por 
androgênio, cuja função é clivar e liquefazer o coágulo 
seminal formado após a ejaculação. Em homens normais, 
apenas quantidades mínimas de PSA circulam no soro. 
Ocorrem níveis sanguíneos elevados de PSA em 
associação ao câncer localizado, bem como avançado. 
Entretanto, como rastreamento para o câncer de 
próstata, a medição do PSA apresenta sensibilidade e 
especificidade subótimas. O PSA é específico de órgão, 
porém não específico de câncer (KUMAR et al., 2023). 
 Outros fatores também aumentam os níveis séricos de PSA, 
como prostatite, infarto da próstata (p. ex., no contexto da HPB), 
instrumentação da próstata e ejaculação (KUMAR et al., 2023). 
↠ Um PSA “normal” tem sido definido tradicionalmente 
como menor ou igual a 4 ng/mL, e o valor preditivo 
positivo de um PSA sérico entre 4 e 10 ng/mL é de 
aproximadamente 20 a 30%. Para níveis acima de 10 
ng/mL, o valor preditivo positivo aumenta de 42 a 71,4% 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ Os valores médios de PSA por faixa etária estão 
descritos abaixo: (SANARFLIX) 
 
O teste de PSA pode identificar o câncer de próstata localizado. Porém 
existem limitações que dificultam a sua utilização como marcador 
desse câncer. Suas principais limitações são: (SANARFLIX) 
• O PSA ser tecido-específico, mas não tumor-específico; 
assim, condições como aumento benigno da próstata, 
prostatite e infecções do trato urinário inferior podem 
elevar o nível de PSA. Cerca de 2/3 dos homens com PSA 
elevado NÃO apresentam câncer de próstata detectado 
em biópsia. 
• Até 20% de todos os homens com câncer de próstata 
clinicamente significativo têm PSA normal; 
12 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
• O valor preditivopositivo desse teste está em torno de 
33%, o que significa que 67% dos homens com PSA 
positivo serão submetidos desnecessariamente à biópsia 
para confirmação do diagnóstico; 
• O teste de PSA leva à identificação de cânceres de 
próstata que não teriam se tornado clinicamente evidentes 
durante a vida do paciente. O teste de PSA não vai, por si 
só, distinguir entre tumores agressivos que estejam em 
fase inicial (e que se desenvolverão rapidamente) e aqueles 
que não são agressivos. 
 Acredita-se que a partir de 75 anos os pacientes não 
devem ser submetidos a detecção precoce, já que não se 
beneficiarão das intervenções. O exame de toque retal adiciona 
sensibilidade ao uso do PSA e deve ser oferecido aos pacientes acima 
de 40 anos. A biópsia transretal da próstata será solicita com base no 
valor do PSA, alterações nodulares de endurecimento no exame do 
toque retal ou alterações em ambos (SANARFLIX). 
↠ Outros métodos também são utilizados para aumentar 
o valor preditivo na investigação: (SANARFLIX) 
RELAÇÃO PSA LIVRE/TOTAL 
↠ Tem sido útil na diferenciação entre câncer de 
próstata e hiperplasia prostática benigna. Caso está 
relação esteja acima de 25%, o risco de câncer na biópsia 
é de apenas 8%, porém se a relação estiver abaixo de 
10% o risco poderá chegar em até 56%, especialmente 
em homens com PSA entre 4 e 10 ng/ml (SANARFLIX). 
Velocidade de aumento do PSA 
↠ O uso da velocidade de crescimento ou duplicação do 
PSA é mais utilizada para acompanhamento de um câncer 
já diagnosticado, do que para uma avaliação inicial. Essa 
velocidade é influenciada pelo crescimento benigno da 
próstata. Estudos apontam que sua utilização não 
aumenta o poder de detecção do PSA, apesar de 
apresentar algum valor na evolução após tratamento e 
na doença metastática (SANARFLIX). 
MARCADOR URINÁRIO PCA3 
↠ O PCA3 é um gene hiperexpresso no câncer de 
próstata e o RNA mensageiro (RNAm) desse gene pode 
ser dosado na urina após massagem prostática. A 
avaliação é feita por meio do resultado da relação do 
RNAm do PCA3 e do PSA encontrados na urina. Estudos 
vem mostrando uma superioridade desse exame para o 
diagnóstico em relação ao uso do PSA livre/total em 
pacientes com PSA elevado (SANARFLIX). 
 O antígeno 3 do câncer de próstata (PCA3) é um RNAm não 
codificador, específico da próstata, que está superexpresso na maioria 
dos CaPs, com uma expressão 66 vezes maior que o observado no 
tecido adjacente não canceroso (JAMESON et al., 2019). 
BIÓPSIA DA PRÓSTATA 
↠ A biópsia de próstata deve ser considerada em 
homens com um PSA sérico elevado, TR anormal ou uma 
combinação dos dois, a depender adicionalmente da 
saúde geral do paciente, comorbidades, expectativa de 
vida, níveis de ansiedade e de aversão ao risco, e 
preferências de informação. A biópsia de próstata é 
guiada pela USTR usando-se um dispositivo de biópsia 
carregado com mola acoplado à sonda de imagem 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ A visualização direta por ultrassonografia transretal 
(USTR), ressonância magnética (RM) ou fusão das 
imagens de ultrassonografia e RM assegura a obtenção 
de amostras de todas as áreas da glândula, incluindo as 
áreas suspeitas. Os esquemas atuais recomendam uma 
biópsia (core) de padrão estendido de 12 fragmentos, 
incluindo uma amostra da zona periférica, bem como 
biópsia dirigida a um nódulo palpável ou amostra suspeita 
guiada por imagem (JAMESON et al., 2019). 
 
↠ A biópsia de próstata geralmente é realizada usando-
se anestesia local e profilaxia antibiótica pré-procedimento 
(habitualmente uma fluoroquinolona). O uso de anestesia 
local, ou aplicada topicamente ao longo da parede retal 
anterior, ou injetada na próstata ou adjacente a ela, ou 
uma combinação das duas, diminui a dor associada ao 
procedimento (MCANINCH.; LUE, 2014). 
ACHADOS LABORATORIAIS GERAIS 
↠ Azotemia pode resultar de obstrução ureteral bilateral, 
ou por extensão direta para o trígono, ou por adenopatia 
retroperitoneal. Anemia pode estar presente na doença 
metastática. A fosfatase alcalina pode estar elevada na 
presença de metástases ósseas. A fosfatase ácida sérica 
pode estar elevada caso a doença se localize fora dos 
limites da próstata (MCANINCH.; LUE, 2014). 
 A diretriz de câncer de próstata de 2006, apesar 
de trazer o conflito em relação a realizar ou não o 
rastreamento, se apoia no American Cancer Society (ACS), 
definindo um rastreio anual dos indivíduos ou a cada 2 anos 
quando PSA inicial < 2 ng/ml. Quanto à idade de início do 
rastreamento, devido a essas questões entre risco e benefício, 
ainda não foi precisamente definida A maioria dos autores indica 
13 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
50 anos, apesar de haver referências a 45 anos e 55 anos. 
Homens de raça negra ou que tenham dois ou mais parentes 
de primeiro grau afetados devem ser avaliados a partir de 45 
anos (SANARFLIX). 
GRAU E ESTADIAMENTO 
↠ O grau e o estágio constituem os fatores prognósticos 
de maior importância no câncer de próstata (KUMAR et 
al., 2023). 
↠ A determinação do grau é realizada com o sistema de 
Gleason, que estratifica o câncer de próstata em cinco 
graus, com base nos padrões glandulares de crescimento 
(KUMAR et al., 2023). 
↠ O grau 1 corresponde às neoplasias bem diferenciadas, 
em que as glândulas neoplásicas apresentam aspecto 
uniforme e redondo e estão agrupadas em nódulos bem 
circunscritos. Em contrapartida, as neoplasias de grau 5 
não apresentam glândulas, e as células neoplásicas 
infiltram o estroma em cordões, lâminas e ninhos sólidos. 
Outros graus estão situados entre esses extremos 
(KUMAR et al., 2023). 
 
 
 
 
 
 
 
↠ A maioria das neoplasias contém mais de um padrão; 
nesses casos, atribui-se um grau primário ao padrão 
dominante, e estabelece-se um grau secundário para o 
segundo padrão mais frequente. Os dois graus numéricos 
são então adicionados para obter uma pontuação 
combinada de Gleason (KUMAR et al., 2023). 
 
 As neoplasias que apresentam apenas um padrão são tratadas 
como se seus graus primário e secundário fossem os mesmos, de 
modo que o número é duplicado para obter a pontuação. A maioria 
dos cânceres detectados em biopsia por agulha como resultado de 
rastreamento apresentam uma pontuação de Gleason de 6 ou 7. As 
neoplasias com pontuações de Gleason de 8 a 10 tendem a ser 
cânceres avançados, com menos probabilidade de cura. Embora haja 
algumas evidências de que os cânceres de próstata podem se tornar 
mais agressivos com o tempo, é comum que a pontuação de Gleason 
permaneça estável por um período de vários anos. Atualmente, as 
pontuações de Gleason são combinadas em cinco grupos de graus, 
cada uma com um prognóstico diferente (KUMAR et al., 2023). 
 
Escore de Gleason do câncer de próstata. A. Adenocarcinoma de 
próstata de baixo grau (pontuação de Gleason 1 + 1 = 2), que consiste 
em glândulas malignas consecutivas de tamanho uniforme, revestidas por 
uma única camada de células epiteliais. 
B. Biopsia por agulha da próstata com adenocarcinoma do grupo 1 
(pontuação de Gleason 3 + 3 = 6), composto de glândulas individuais 
bem formadas e de tamanho variável. 
C. Adenocarcinoma do grupo 5 (pontuação de Gleason 5 + 5 = 10), 
composto de lâminas de células malignas sem formação de glândulas 
identificáveis. 
14 
 
 
Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
 Tradicionalmente, os graus de Gleason variavam de 1 a 5, e, por 
consequência, os escores de Gleason variavam de 2 a 10. Escores de 
Gleason de 2 a 4, 5 a 7 e 8 a 10 correspondiam a tumores bem, 
moderadamente e fracamente diferenciados, respectivamente 
(MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ O estadiamento patológico do câncer de próstata é 
utilizado em combinação com o grau para estratificar o 
tratamento do câncer de próstata. Como mostra a Tabela 
abaixo, o estadiamento pTNM baseia-se na extensão do 
tumor (T) e na presença de metástases para linfonodos 
ou a distância (N e M).O grau é agora integrado com os 
dados do estágio patológico TNM para obter grupos de 
prognóstico combinados, resultando em 
“supraestadiamento” de algumas neoplasias (KUMAR et al., 
2023). 
 
 
 Note-se que, no que diz respeito à categorização do tumor 
primário (estágio T), o sistema de estadiamento clínico usa resultados 
de TR e USTR, mas não os resultados da biópsia (MCANINCH.; LUE, 
2014). 
 
 
 
 
 
EXAMES DE IMAGEM 
Imageamento axial (TC, RM) 
↠ O imageamento em corte transversal da pelve em 
pacientes com CaP é realizado seletivamente para excluir 
metástases em linfonodos de pacientes de alto risco que 
se pensa serem candidatos à terapia local definitiva, seja 
por cirurgia ou irradiação (MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ Tanto TC como RM baseada em bobina corporal são 
usadas para esse propósito. Nenhuma das modalidades é 
particularmente acurada para estadiamento T local. 
Pacientes identificados como tendo linfadenopatia ao 
exame de imagem podem, ocasionalmente, ser 
submetidos à aspiração com agulha fina guiada por TC 
se o diagnóstico for equívoco (MCANINCH.; LUE, 2014). 
 Vários critérios podem ser usados para identificar 
pacientes candidatos ao imageamento axial, inclusive cintilografias 
ósseas negativas e ou cânceres T3, ou um PSA 20 ng/mL, e cânceres 
primários grau 4 ou 5 de Gleason (MCANINCH.; LUE, 2014). 
CINTILOGRAFIA ÓSSEA 
↠ Quando o CaP dissemina metástases, ele mais 
comumente o faz para os ossos. Metástases para partes 
moles (p. ex., pulmão e fígado) são raras na apresentação 
inicial. Embora a cintilografia óssea tenha sido considerada 
uma parte rotineira da avaliação inicial de homens com 
CaP recém-diagnosticado, boas evidências têm se 
acumulado de que ela pode ser excluída na maioria 
desses homens com base no PSA sérico (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
 
TRATAMENTO 
↠ Os cânceres são os que aparecem sem metástases 
após a realização de estudos de estadiamento. Os 
pacientes com doença clinicamente localizada são 
tratados com prostatectomia radical, radioterapia ou 
observação ativa. A escolha do tratamento requer a 
consideração de vários fatores: a presença de sintomas, 
a probabilidade de que o tumor não tratado possa afetar 
adversamente a qualidade ou a duração da sobrevida do 
paciente e, portanto, exigir tratamento, e a probabilidade 
de que o tumor possa ser curado com tratamento de 
Estágios T do câncer de próstata. A. T1: tumor clinicamente inaparente, 
não palpável nem visível nos exames de imagem; B. T2: tumor confinado 
dentro da próstata; C. T3: tumor que se estende através da cápsula 
prostática e que pode invadir as glândulas seminais; D. T4: tumor fixo ou 
que invade estruturas adjacentes. Oitenta por cento dos pacientes 
apresentam doença local (T1 e T2), que está associada a uma taxa de 
sobrevida de até 100% após 5 anos. 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
modalidade única direcionado para a próstata ou exija 
tratamento tanto local quanto sistêmico para obter a cura 
(JAMESON et al., 2019). 
VIGILÂNCIA ATIVA 
↠ Um conceito mais moderno de espera vigilante é mais 
bem denominado como “vigilância ativa”. Na vigilância, 
homens com câncer muito bem caracterizado, em 
estágio inicial, e de grau baixo a intermediário, são 
acompanhados muito cuidadosamente com avaliações 
seriadas de TR e PSA, e biópsias de seguimento guiadas 
por USTR para garantir a estabilidade do tumor. Os 
cânceres geralmente são tratados ao primeiro sinal de 
progressão subclínica (MCANINCH.; LUE, 2014). 
↠ Embora entre 20 e 41% dos homens nesses regimes 
possam precisar de tratamento com 3 a 5 anos de 
seguimento, o tratamento na progressão parece ser tão 
efetivo como teria sido se administrado por ocasião do 
diagnóstico para a maioria dos pacientes (MCANINCH.; 
LUE, 2014). 
 
RADIOTERAPIA 
↠ A radioterapia é administrada com feixe externo, 
fontes radioativas implantadas na glândula ou combinação 
das duas técnicas (JAMESON et al., 2019). 
 A terapia hormonal neoadjuvante antes da radiação é utilizada 
para diminuir o tamanho da próstata e, consequentemente, reduzir a 
exposição dos tecidos normais a doses integrais de radiação, aumentar 
as taxas de controle local e diminuir a taxa de falha sistêmica. A terapia 
hormonal a curto prazo pode diminuir as toxicidades e melhorar as 
taxas de controle local, porém é necessário um tratamento em longo 
prazo (2-3 anos) para prolongar o momento de falha do PSA e reduzir 
o risco de doença metastática em homens com cânceres de alto risco. 
O impacto na sobrevida não está bem esclarecido (JAMESON et al., 
2019). 
↠ Radioterapia externa: A atual modalidade de 
radioterapia externa, a radioterapia de intensidade 
modulada (IMRT, de Intensity-Modulated Radiation 
Therapy), possibilita o ajuste da dose e o fornecimento 
de doses mais altas na próstata, permitindo, ao mesmo 
tempo, uma acentuada redução da exposição dos tecidos 
normais, em comparação com o tratamento 
conformacional tridimensional apenas. Essas vantagens 
possibilitaram a administração segura de doses > 80 Gy e 
resultaram em maiores taxas de controle local e menos 
efeitos colaterais (JAMESON et al., 2019). 
↠ Braquiterapia: A braquiterapia refere-se à implantação 
direta de fontes radioativas (sementes) na próstata. 
Baseia-se no princípio de que o depósito de energia 
radioativa nos tecidos diminui em função do quadrado da 
distância da fonte. O objetivo é fornecer uma irradiação 
intensa da próstata, minimizando a exposição dos tecidos 
adjacentes. A técnica-padrão atual obtém uma distribuição 
mais homogênea da dose, colocando as sementes de 
acordo com um modelo individualizado, com base na 
avaliação do câncer por exame de imagem e dosimetria 
computadorizada. O implante é realizado por via 
transperineal, como procedimento ambulatorial com 
obtenção de imagem em tempo real (JAMESON et al., 
2019). 
 
PROSTATECTOMIA RADICAL 
↠ A prostatectomia radical tem por objetivo remover o 
câncer por completo com uma margem livre de doença, 
a fim de manter a continência ao preservar o esfíncter 
externo, bem como manter a potência sexual ao poupar 
os nervos autonômicos no feixe neurovascular. O 
procedimento é aconselhado para pacientes com 
expectativa de vida de 10 anos ou mais e é realizado por 
via retropúbica ou perineal ou por abordagem 
laparoscópica manual ou robótica minimamente invasiva 
(JAMESON et al., 2019). 
 
• MUITO BAIXO RISCO: são os que podem experimentar 
“não tratar”. 
• BAIXO RISCO: têm indicação de prostatectomia ou de 
radioterapia. 
• RISCO INTERMEDIÁRIO: a terapia hormonal é uma das 
primeiras escolhas, no entanto, cirurgia e radioterapia 
também devem ser opções. 
• ALTO RISCO: a prostatectomia e radioterapia são a 
primeira escolha. 
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Júlia Morbeck – @med.morbeck 
 
Referências 
TORTORA, Gerard J. Princípios de anatomia e fisiologia / 
Gerard J. Tortora, Bryan Derrickson; tradução Ana 
Cavalcanti C. Botelho... [et al.]. – 14. ed. – Rio de Janeiro: 
Guanabara Koogan, 2016. 
HANSEN, John T. Netter Anatomia Clínica. Grupo GEN, 
2019. 
JUNQUEIRA, Luiz Carlos U.; CARNEIRO, José. Histologia 
Básica - Texto e Atlas. Grupo GEN, 2017. 
DRAKE, Richard L.; VOGL, A W.; MITCHELL, Adam W 
M. Gray - Anatomia Clínica para Estudantes. Grupo GEN, 
2021. 
AGUR, Anne M R. Fundamentos de Anatomia Clínica. 
Grupo GEN, 2021. 
MCANINCH, Jack W.; LUE, Tom F. Urologia geral de Smith 
e Tanagho. Grupo A, 2014. 
JAMESON, J L.; FAUCI, Anthony S.; KASPER, Dennis L.; 
et al. Medicina interna de Harrison - 2 volumes. Grupo A, 
2019. 
KUMAR, Vinay; ABBAS, Abul K.; ASTER, Jon C. Robbins & 
Cotran Patologia: Bases Patológicas das Doenças Grupo 
GEN, 2023. 
GOLDMAN, Lee; SCHAFER, Andrew I. Goldman-Cecil 
Medicina. Grupo GEN, 2022. 
MACHADO, F. C.; LIMA, R. N. Hiperplasia prostética 
benigna e suas complicações. Revista Ibero-Americana de 
Humanidades, Ciências e Educação, São Paulo, 2022. 
SARRISet al. Câncer de próstata: uma breve revisão 
atualizada. Visão Acadêmica, Curitiba, 2018.

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