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PREMATURIDADE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO Prof. Juliana S. Fuzatti 29/08/2022 NÃO É PERMITIDA A GRAVAÇÃO DAS AULAS! OBJETIVO PREMATURIDADE - CONCEITO ETIOLOGIA TOCÓLISE ASSISTÊNCIA • CASO CLÍNICO: 1) Uma mulher saudável de 19 anos, G1 com 29 semanas de gestação apresenta-se na unidade de emergência com queixa de dor abdominal intermitente. Nega perda de líquido e de sangue pela vagina. A história pré-natal não tem nada digno de registro. Ela tem se alimentado e ingerido líquidos normalmente. Ao exame: PA 110x70 mmHg, FC 90 bpm e temperatura 37,2º C. O traçado da CTG revela uma FC basal de 120 bpm com padrão reativo. As contrações uterinas ocorrem a cada 3 a 5 minutos. Ao toque vaginal: colo com 4 cm de dilatação, 70 % de apagamento. Qual é o diagnóstico mais provável? Qual é o próximo passo no manejo? Qual teste do fluido vaginal antes do exame digital pode indicar risco de parto? Qual medicação pode ser administrada para reduzir o risco de comprometimento neurológico do feto? PREMATURIDADE • PREMATURIDADE: recém-nascido vivo com menos de 37 semanas completas de gestação ( < 259 dias) contadas a partir do primeiro dia do último período menstrual; • Incidência de partos prematuros no mundo: 5% a 18% → cerca de 15 milhões nascimentos por ano; • No Brasil: incidência de 6,4% a 15,2%. PREMATURIDADE • ESPONTÂNEA OU ELETIVA PREMATURIDADE • Prematuridade extrema: 20 ou 22 semanas a 27 semanas e 6 dias → maior morbidade e mortalidade neonatal; • Prematuridade precoce: antes de 33 semanas e 6 dias; • Prematuridade tardia: 34 semanas a 36 semanas e 6 dias → 70% dos nascimentos. PREMATURIDADE • FATORES DE RISCO PREMATURIDADE • Principais condições patológicas desencadeantes de parto pré-termo: - Gemelaridade; - Rotura prematura de membranas ovulares; - Insuficiência istmocervical; - Colo uterino curto; - Infecções do trato urinário; - Infecções do trato genital. PREMATURIDADE • FISIOPATOLOGIA PREMATURIDADE • MARCADORES DE PREDIÇÃO DE PREMATURIDADE → Etiologia infecciosa do trabalho de parto prematuro → atenção na atualidade, com realce para as infecções clínicas ou subclínicas dos sistemas genital e urinário → busca de marcadores laboratoriais capazes de predizer a prematuridade. PREMATURIDADE • TESTE DA FIBRONECTINA FETAL • Marcador inflamatório/infeccioso do trabalho de parto pré-termo; • Maior matriz proteica extracelular das membranas fetais; • Presença na secreção cervicovaginal → fator preditivo para o parto prematuro → selecionar gestantes que necessitam de medidas terapêuticas. PREMATURIDADE • TESTE DA FIBRONECTINA FETAL • Quando realizar? → Gestantes de alto risco para parto pré-termo; → Gestantes sintomáticas→ auxílio na indicação de tocólise e corticoprofilaxia. PREMATURIDADE • MEDIDAS PREVENTIVAS DE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO 1) Gestantes com fatores de risco: - Assistência pré-natal; - Ultrassonografia transvaginal e obstétrica: → 1º trimestre = datação precoce + fatores de risco (miomas, gestação gemelar); → 2º trimestre (20 a 24 sem) = morfológica + avaliação de COMPRIMENTO DE COLO UTERINO (TRANSVAGINAL)→ COLO CURTO. PREMATURIDADE • OUTROS SINAIS ULTRASSONOGRÁFICOS: • Ausência do eco glandular endocervical (EGE) → área hiperecoica ao redor do canal cervical; • Presença de sludge no líquido amniótico ou "barro amniótico“ → aglomerado de partículas hiperecoicas entre o orifício interno do colo e a apresentação fetal. PREMATURIDADE • MEDIDAS PREVENTIVAS DE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO - Progesterona natural: → Gestantes assintomáticas com antecedente de parto prematuro espontâneo; → 16 a 36 semanas; → Doses de 100 a 400 mg/ dia via vaginal; → No colo curto : 200 a 400 mg/ dia via vaginal. PREMATURIDADE • MEDIDAS PREVENTIVAS DE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO - Pessário: → Muda o ângulo do colo em relação ao corpo uterino → alivia a pressão do conteúdo uterino sobre o colo; → Fechamento do orifício interno do colo; → Indicação no colo curto. PREMATURIDADE • MEDIDAS PREVENTIVAS DE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO - Cerclagem cervical: → Casos confirmados de incompetência cervical; → 12 a 16 semanas de gestação; → Riscos: sangramentos, infecções e roturas de membranas. PREMATURIDADE • História clássica de incompetência cervical: - Antecedentes de abortamentos tardios; - Partos prematuros precoces (segundo trimestre) com dilatação cervical indolor; • A cerclagem não deve ser indicada para: - Tratamento do colo curto rastreado pela ultrassonografia transvaginal; - Rotina na gestação gemelar. PREMATURIDADE • COLO CURTO : < ou igual 25 mm PREMATURIDADE • COLO CURTO PREMATURIDADE • COLO CURTO PREMATURIDADE • MEDIDAS PREVENTIVAS DE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO 2) Eventos bioquímicos do TP pré-termo: - Contratilidade uterina é anormal; - Alterações cervicais podem ser pequenas ou mesmo estar ausentes; - Conduta? PREMATURIDADE • MEDIDAS PREVENTIVAS DE TRABALHO DE PARTO PRÉ-TERMO 3) Trabalho de parto pré-termo estabelecido: - Contrações uterinas regulares a cada 5 minutos; - Dilatação cervical de pelo menos 1 cm; - Esvaecimento cervical; - Progressão das alterações cervicais; - Idade gestacional entre 22 semanas e 36 semanas e 6 dias. PREMATURIDADE • TRABALHO DE PARTO PRÉ TERMO DIAGNOSTICADO– COMO REVERTER? É POSSÍVEL? • TOCÓLISE!!!! - Atentar às indicações e contraindicações; - Vitalidade fetal; - Exame bacterioscópico e cultura de conteúdo vaginal e anal para o estreptococo do grupo B; - Triagem infecciosa (hemograma, urina e urocultura). PREMATURIDADE • AGENTES TOCOLÍTICOS • Betamiméticos→ Beta-2-adrenérgicos: - Terbutalina; - Salbutamol; - Ritodrina; • Bloqueadores de canais de cálcio: Nifedipino; • Inibidores da síntese de prostaglandinas→ Inibidores da cicloxigenase: - Indometacina; • Sulfato de magnésio; • Antagonistas de receptores de ocitocina: Atosibana. PREMATURIDADE • Na prática: três opções tocolíticas de primeira linha: - Terbutalina - Nifedipino - Atosibana PREMATURIDADE • TERBUTALINA: - Atua em receptores-beta-1 (coração e intestinos); - Beta-2 (miométrio, vasos sanguíneos e bronquíolos) → relaxamento da fibra muscular uterina por diminuição do cálcio livre no interior das células; - Ativação da enzima adenilciclase → catalisa a conversão do trifosfato de adenosina (ATP) em monofosfato de adenosina cíclico (AMP cíclico)→ diminui o cálcio livre intracelular; - No sistema cardiovascular→medicação potencialmente perigosa; - Atravessa a placenta → efeitos colaterais no feto: taquicardia, hiperinsulinismo, hipoglicemia, hipocalemia e hipotensão arterial. PREMATURIDADE PREMATURIDADE • Cuidados devem ser tomados por ocasião do uso dos beta-agonistas: - Realizar eletrocardiograma materno prévio; - Controlar a frequência cardíaca e a pressão arterial, mantendo a FC materna < 120 bpm; - Auscultar periodicamente os pulmões e coração; - Monitorizar os batimentos cardíacos fetais. PREMATURIDADE • NIFEDIPINO: - Inibe a entrada do cálcio extracelular através da membrana citoplasmática; - Impede a liberação do cálcio intracelular do retículo sarcoplasmático; - Aumentam a saída do cálcio da célula miometrial; - Menos efeitos colaterais; - Não utilizar em gestantes cardiopatas ou em hipertensas. PREMATURIDADE • Esquema: - Ataque: 1 cápsula de 10 mg VO a cada 20 min, até ser observada a eficácia→máximo 3 cápsulas em 1 hora; - Manutenção: 1 comprimido de 20 mg a cada 8 horas, durante 48 horas; - Não utilizar em cardiopatas ou em hipertensas. PREMATURIDADE • ATOSIBANA: - Peptídeo sintético → age competindo com a ocitocina no receptor da célula miometrial; - Reduz efeitos fisiológicos desse hormônio; - Efeitos colaterais leves; - Custo elevado. PREMATURIDADE PREMATURIDADE • CORTICOTERAPIA (CORTICOPROFILAXIA) • Corticoides atuam nos pulmões fetais → pneumócitos do tipo II - acelera a maturidade pulmonar com produção de surfactante, favorecendo as trocas gasosas alveolares; • Redução nastaxas da síndrome do desconforto respiratório em RN prematuros. PREMATURIDADE • CORTICOTERAPIA • Outros efeitos benéficos: - Estabilidade circulatória; - Menor frequência de hemorragias cerebrais e de enterocolite necrosante. PREMATURIDADE • CORTICOTERAPIA • ESQUEMA – CICLO DE CORTICOIDE: - Betametasona 12 mg IM por dia, em dois dias consecutivos (intervalo de 24 h entre as doses); OU - Dexametasona 6 mg IM a cada 12 horas por dois dias; - Efeito ideal ocorre após 24 horas de completado o esquema terapêutico; - Resgate deve ficar restrito a casos excepcionais→ Intervalo de tempo superior a duas a três semanas; - Recomendação: 24 a 34 semanas (33 sem e 6 dias). PREMATURIDADE • PROFILAXIA DA INFECÇÃO NEONATAL PELO ESTREPTOCOCO DO GRUPO B • Estreptococo do grupo B (Streptococcus agalactiae) → vagina e região anal/retal da mulher grávida; • 10 a 30% dos casos; • Quando essa bactéria é transmitida da mãe para o feto → trabalho de parto e no parto→ sepse neonatal, principalmente no prematuro. PREMATURIDADE • Recomendação: - Pesquisa do estreptococo do grupo B na vagina e no reto; - Entre 35 e 37 semanas; PREMATURIDADE PREMATURIDADE • Suspeita ou diagnóstico de trabalho de parto pré termo sem resultado de Estreptococo do grupo B → Profilaxia com antibiótico. • Esquemas: 1- Penicilina G cristalina: - Ataque = 5 milhões UI EV - Manutenção = 2,5 milhões UI EV a cada 4 horas até o nascimento; 2- Ampicilina: - Ataque = 2 g EV - Manutenção = 1 g EV a cada 4 horas até o nascimento. PREMATURIDADE • NEUROPROTEÇÃO FETAL • Utilizado SULFATO DE MAGNÉSIO na mãe antes do parto prematuro → diminui a incidência e a gravidade da paralisia cerebral. PREMATURIDADE • Mecanismo de ação: - Efeitos antioxidantes; - Redução de citocinas pró- inflamatórias; - Bloqueio dos canais de cálcio → estabilização de membranas → aumenta o fluxo sanguíneo cerebral. PREMATURIDADE • Orientação: - Infusão na iminência do nascimento prematuro; - Idades gestacionais inferiores a 32 semanas. PREMATURIDADE • VIA DE PARTO PREMATURIDADE Tratado de obstetrícia Febrasgo / editores Cesar Eduardo Fernandes, Marcos Felipe Silva de Sá ; coordenação Corintio Mariani Neto. - 1. ed. - Rio de Janeiro : Elsevier, 2019. Zugaib obstetrícia / organização M arcelo Zugaib, Rossana Pulcineli Vieira Francisco. - 4. ed. - Barueri [SP] : Manole, 2020. REFERÊNCIAS OBRIGADA!!!
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